BIOLOGIA DE SISTEMAS
Diego do Prado Ventorim Fernanda Mariano Garcia
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA Bioinformática
Biologia de Sistemas
Introdução Biologia de Sistemas Estrutura de redes Propriedades de rede Tipos de redes Perturbação de conectores“Pensar em complexidade – esse é o maior desafio do pensamento
contemporâneo, que necessita de uma reforma no nosso modo de pensar.”
Edgar Morin & Jean-Louis Le Molgne
Introdução
René Descartes – séc XVII
Dividir o problema para resolvê-lo.
Divisão matérias Divisão por áreas
Introdução
Necessidade de abordagem incluindo a complexidade de forma sistêmica.
Interligação das áreas.
Biologia de Sistemas
Conjunto de partes ou elementos que possuem relações entre si, que diferem de relações com outros elementos fora do sistema.
Sistema complexo: composto de partes interconectadas cuja propriedades em conjunto, não são observadas individualmente.
Logo, Biologia de sistemas busca contribuir no entendimento de como as interações influenciam a função e o comportamento do sistema.
Histórico
Norbert Wiener (1948) – Biocibernética
Consolidada com estudos do neurologista Willian Ross Ashby
Robert Rosen (1959) – propôs “Biologia Relacional”
Sob orientação do professor Nicolas Rashevsky
Ludwig Von Bertalanffy (1901 – 1972) – precursor da BS.
Teoria geral dos sistemas
Mihajlo Mesarovic (1966) – formalizado o estudo da BS.
Biologia de Sistemas
Área que estuda a organização abstrata de fenômenos, investigando todos os princípios comuns a todas as entidades complexas e os modelos que podem ser utilizados para a sua descrição.
Avanços da biologia molecular – muitos dados – ferramentas de análise tem que se adaptar ao volume de informações.
Biologia de Sistemas
Nós (V) – indivíduos, proteínas...
Conectores (E) – Conexão entre os nós.
Exemplos de redes: cadeia alimentar, rede neural, interação proteica.
Teoria de grafos
Leonard Euler (1736):
Problema das 7 pontes de Konigsberg
Transformou as margens e ilhas em V e as pontes em E Submeteu a análises matemáticas
Sem solução!!
Conceitos básicos de grafos
Rede ou grafo G=(V,E)
Conjunto de nós = V(G) – número Total = n;
Conjunto de conectores = E(G) - número total = m.
Rede direcionada
Rede não direcionada
Conectores orientados em ambas as direções. Reação de fosforilação e desfosforilação de adenosina difosfato.Multidígrafo
Rede ponderada
Hipergrafos
Cores: diferentes propriedades ou atividades bioquímicas Nós : Componentes das vias.
Sub-redes
Rede biológica extensas, grande número de nós. Maior conectividade entre si.
Estrutura de Redes
Uma das características de uma rede é sua conectividade. Nó inicial: que originou o caminho.
Nó final: Último nó do caminho.
Onde não há repetições de caminho e o Nó inicial é = ao nó final é chamado de circuito.
O comprimento de um circuito consiste no número de conectores do caminho ou soma dos pesos (rede ponderada).
Análise de rede: caracterizá-la conforme sua distribuição de caminhos geodésicos (via mais curta entre dois nós).
Stanley Milgram – Teoria dos 6 graus.
Experimento com envio de cartas a pessoas aleatórias, com instruções para chegar a um destinatário.
Existe aproximadamente 6 graus de separação entre 2 indivíduos quaisquer no mundo.
Estabelece que as redes apresentam nós conectados entre si, formando um caminho mais curto entre todos os nós.
Avaliar a densidade de uma rede = avaliar o nível de conectividade.
Rede de interação de doença contagiosa:
Possibilidade de doença controlada tornar um epidemia> depende de duas variáveis:
Tipo de agente infeccioso Alta densidade de conexões
A quarentena é exatamente para reduzir a conectividade da rede de transmissão.
Clusterização
Alguns modelos de rede apresenta clusterização;
Clusterização
Alguns modelos de rede apresenta clusterização;
A
B C
Clusterização
Alguns modelos de rede apresenta clusterização;
A
B C
Clusterização
Resiliência
Resiliência
Resiliência
Resiliência
Albert-Làszló Barabási et al (2000);
A internet pode ser altamente resiliente na remoção de nós aleatórios. Mas com remoção de nós com mais alto grau a alteração será brusca.
Aumento de distância entre nós;
Remoção de poucos nós de alto grau para destruir a comunicação da rede. Vulnerável a ataques de hackers.
Interação proteína-proteína:
Muitas proteínas com pouca interação e algumas muitas interações (hubs) Vulnerável a remoção de hubs e resilientes em nós aleatórios.
Assortatividade e Desassortatividade
Tendência de conexão das redes;
Assortatividade: tendência de interagirem com outros nós semelhantes;
Dessassortatividade: tendência de interagirem com nós diferentes.
Teoria da Percolação
Objetivo: estudar a conectividade da rede pela avaliação de sua arquitetura, caracterizando a distribuição do tamanho dos clusters e descrevendo como ocorre a transferência de informações entre dois nós.
Nós ocupados e desocupados
Ocupados (Funcionais) – Formam os componentes gigantes;
Desocupados (Falhos) - Não participa da transferência de informação nem do componente gigante;
Modelo de dispersão de uma doença
Nó: hospedeiro
Conectores: capacidade de transmissão
Nó ocupado: se o hospedeiro está susceptível à doença e se tem possibilidade de transmissão; Nó desocupado: tomou vacina
Início de uma epidemia representa a transição de percolação.
Propriedades de Rede
Modularidade/Clusterização
Princípio de união entre diferentes tipos de elementos e conexões naturalmente formadas no meio biológico
Propriedades de Rede
Modularidade/Clusterização
Princípio de união entre diferentes tipos de elementos e conexões naturalmente formadas no meio biológico
Visto em diversos ambientes formar sociedade, organizar objetos por sua cor, função....
Propriedades de Rede
Modularidade/Clusterização
Dois tipos distintos de módulos:
Módulo Variacional Características que variam entre seus componentes.
Relativamente independente de outros módulos. Possui um número considerável de ligações com outros módulos.
Módulo Funcional Possui elementos que normalmente atuam juntos em alguma função fisiológica. Maioria dos módulos vistos em redes biológicas
Propriedades de Rede
Modularidade/Clusterização
Módulo Variacional
Ex: Mandíbula de rato diferentes proteínas e genes são responsáveis pela formação de uma unidade estrutural única
Propriedades de Rede
Modularidade/Clusterização
Propriedades de Rede
Modularidade/Clusterização
Módulo Funcional
Ex: Módulos de genes de desenvolvimento embrionário São praticamente independentes, haja visto que erros na sua expressão ou atuação podem ser letais para o embrião
Esse tipo de módulo tende a depender de elementos do próprio grupo para sua expressão
Propriedades de Rede
Modularidade/Clusterização
Propriedades de Rede
Modularidade/Clusterização
Party hubs
proteínas altamente ligadas no mesmo tempo/espaço dentro do seu próprio móduloDate hubs
hubs que se ligam a diferentes proteínas em diferentes módulos. Diferentes tempo/espaço, apresentando um papel global na redePropriedades de Rede
Propriedades de Rede
Modularidade/Clusterização
Party hubs são componentes clássicos de módulos funcionais Date hubs são componentes clássicos de módulos variacionais
Mutação em party hubs afeta principalmente proteínas referente ao seu módulo, enquanto mutações em date hubs podem afetas vários módulos
Propriedades de Rede
Ontologias Gênicas
Propriedades de Rede
Ontologias Gênicas
Propriedades de Rede
Grau de nó
Refere-se à quantidade de nós adjacentes (diretamente conectados) a outro determinado nó
Nó com grande quantidade de conexões hub. Por sua vez se conecta a outros hubs ou nós com menos conexões
Hub proteína que se liga a várias outras e acaba possuindo uma função regulatória importante na rede
Propriedades de Rede
Betweennes
Número de caminhos mais curtos que passam por um único nó
↑ valor de betweennes elevada capacidade de interação e/ou sinalização com outras proteínas, processos biológicos ou clusters
Propriedades de Rede
Betweennes
Número de caminhos mais curtos que passam por um único nó
↑ valor de betweennes elevada capacidade de interação e/ou sinalização com outras proteínas, processos biológicos ou clusters
Propriedades de Rede
Closeness
Caminho mais curto entre um nó n e todos os outros nós da rede, uma tendência de aproximação ou isolamento de um nó
↑ closeness todos os outros nós estão próximos ao nó n ↓ closeness outros nós encontram-se distantes
Propriedades de Rede
Closeness
Caminho mais curto entre um nó n e todos os outros nós da rede, uma tendência de aproximação ou isolamento de um nó
↑ closeness todos os outros nós estão próximos ao nó n ↓ closeness outros nós encontram-se distantes
Propriedades de Rede
Closeness
Uma proteína com alto valor de closeness poderia ser considerada relevante para muitas proteínas, mas irrelevante para outras
Uma rede com média de closeness alta é mais provável de estar organizada em um modelo funcional
Propriedades de Rede
Diâmetro
Indica a distância entre os dois nós mais afastados entre sí de uma rede.
Uma rede com baixo diâmetro é considerada mais completa, uma vez que suas proteínas estão mais interligadas entre sí maior facilidade de comunicação, relação funcional co-evolutiva
Tipos de redes
- Rede Aleatória
Um dos primeiros modelos de rede descobertos; Modelo mais simples que uma rede pode assumir; Não captura a realidade de um sistema biológico;
Nós não direcionadas são adicionadas aleatoriamente entre um número fixo de N nós.
<k> = p(N − 1)
Esse modelo gera grafos aleatórios com N vértices e k arestas, denominados grafo aleatório
Tipos de redes
- Rede de livre escala
Distribuição de grau segue uma lei de potência.
É de livre escala pois a lei de potência não permite uma escala característica;
Permite a adição de novos nós.
Conexão preferencial – novos nós são adicionados aos nós com grande número de conexões.
Nós laranjas – proteínas hubs – papel essencial na manutenção da integridade da rede
Tipos de redes
- Rede Hierárquica
Redes formadas por subredes funcionalmente separáveis;
Não significa que um módulo (ou subrede) é independente da outra, apenas tem funções diferentes.
É necessário combinar a propriedade de livre escala, o auto grau de
agrupamento e a modularidade de uma forma interativa, gerando a rede hierárquica
Perturbação e Conectores
Interação proteína-proteína
Comum e crucial em vários processos celulares
Obrigatório as proteínas não conseguem funcionar separadamente
Não obrigatório proteínas associam-se e dissociam-se dependendo de fatores externos, podendo exercer funções fora do complexo
Perturbação e Conectores
Interação proteína-proteína
Interações permanentes x Interações temporárias
-Interfaces proteicas pequenas
-Baixo grau de mudança conformacional - Pouco estáveis
-Interfaces proteicas grandes
-Alto grau de mudança
conformacional após ligação -Co-expressos e mais estáveis
Perturbação e Conectores
Interação proteína-proteína
Proteínas com conectores permanentes existem somente em sua forma complexada e são muito estáveis
Aquelas com conectores transitórios possuem capacidade de associação e de dissociação in vivo
Interações temporárias fracas ↓
Conexão de baixa afinidade Porem constante
Interações temporárias fortes ↓
Ocasionada por um processo ativo (ex: ocorrida em consequência de
Perturbação e Conectores
Interação proteína-proteína
Proteínas com interações permanentes tendem a evoluir em uma velocidade menor comparada a proteínas com interações temporárias, apresentando também menor plasticidade na sequência e pressão seletiva
A rede de interação proteica não é um processo estático, mas sim corresponde a um constante fluxo de informações
Perturbação e Conectores
Interação proteína-ácidos nucleicos
Proteínas que interagem com ácidos nucleicos apresentam um papel central em todos os processos regulatórios que controlam o fluxo de informação genética
Ex: inibição/ativação transcrição do DNA; empacotamento do DNA; processamento de RNA; reparo DNA...
Perturbação e Conectores
Interação proteína-ácidos nucleicos
3 grupos de acordo com a função
i) enzimas, funçãomodificar a organização do ácido nucleico. Endonucleases, helicases, ligases, metiltransferase...
ii) fatores de transcrição, funçãoregular a transcrição e a expressão gênica como por exemplo, TFIIA, TFIIB, TFB, entre outros
iii) proteínas estruturais que ligam-se ao DNA, função suportar a estrutura e a flexibilidade do DNA ou agregar outras proteínas, por exemplo, proteínas centroméricas, proteínas envolvidas no empacotamento, proteínas de reparo, proteínas teloméricas, entre outras.
Perturbação e Conectores
Interação proteína-ácidos nucleicos
Motivo região da proteína que reconhece a sequência do ácido nucleico. Principais motivo hélice-volta-hélice, dedo de zinco e zíper de leucina
Diversas proteínas são flexíveis ao ponto de alterar sua formação quando se ligam ao DNA, outras são conhecidas por alterar a conformação do DNA após a ligação
Perturbação e Conectores
Interação proteína e pequenos compostos
Estas pequenas moléculas tendem a apresentar muitas vantagens terapêuticas, estabilidade metabólica e também grande biodisponibilidade
Perturbação e Conectores
Interação proteína e pequenos compostos
Para que essas pequenas moléculas modulem a interação proteica, , dois mecanismos tem sido utilizadas.
Inibição
Ortostérica ligação direta de uma pq Molécula impedindo a ligação da ptn.
Alostérica pq compostos ligam-se a sítios specificos mudando a conformação da ptn Impedindo a ligação da ptn original
Perturbação e Conectores
Interação proteína e pequenos compostos
Para que essas pequenas moléculas modulem a interação proteica, , dois mecanismos tem sido utilizadas.
Estabilização
Alostérica estabilizador se liga a uma única Ptn, aumentando a afinidade de ligação entre
mbas
Direta estabilizador liga-se à superfície o complexo proteico fazendo contato com mbas as ptns ligantes e ↑ a afinidade de igação entre elas
Perturbação e Conectores
Perturbação dos conectores
Perturbações podem variar desde a remoção de um nó ou mais nós até a remoção dos conectores
Dependendo do tipo de perturbação a função e estrutura do sistema pode ser comprometida
Perturbação e Conectores
Perturbação dos conectores
Perturbações podem variar desde a remoção de um nó ou mais nós até a remoção dos conectores
Dependendo do tipo de perturbação a função e estruta do sistema pode ser comprometida
Perturbação e Conectores
Perturbação dos conectores
Genes envolvidos em diversas doenças apresentam distintas perturbações que acarretam em diferentes fenótipos, cada um relacionado à doença em questão
Uma perturbação de um conector pode ser mais provável que a remoção de um nó Uma perturbação de conectores com elevado valor betweennes é mais danosa, pois normalmente eles ligam distintos módulos, podendo causar fragmentação da rede.