• Nenhum resultado encontrado

SUBSISTEMAS AGROINDUSTRIAIS ESTRITAMENTE COORDENADOS: UMA CONTRIBUIÇÃO METODOLÓGICA. Antonio Carlos Lima Nogueira

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "SUBSISTEMAS AGROINDUSTRIAIS ESTRITAMENTE COORDENADOS: UMA CONTRIBUIÇÃO METODOLÓGICA. Antonio Carlos Lima Nogueira"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

SUBSISTEMAS AGROINDUSTRIAIS ESTRITAMENTE COORDENADOS: UMA CONTRIBUIÇÃO METODOLÓGICA

Antonio Carlos Lima Nogueira

Mestre e Graduado em Engenharia Agrícola pela Universidade de Campinas, Mestrando em Administração pela Universidade de São Paulo, atuou como analista de Marketing do Banco do Estado de São Paulo, atualmente Professor Assistente da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado e da Universidade Bandeirante de São Paulo, Pesquisador do Programa de

Estudos dos Negócios dos Sistemas Agroindustriais da Universidade de São Paulo. R Capote Valente 1307, apto 96, CEP 05409-003, São Paulo, SP.

Fones: (11) 3873-9592 (res) e 9699-2792 (cel). E-mail: aclimano@usp.br

Palavras-chave: coordenação vertical, cadeias produtivas agroindustriais, estruturas de governança, análise institucional.

RESUMO

A motivação do estudo é traduzir o conhecimento teórico e empírico sobre coordenação de sistemas produtivos em um conjunto de recomendações para tomadores de decisão nos setores público ou privado. O objetivo geral é apresentar um método de elaboração e implementação de subsistema agroindustrial estritamente coordenado, com os seguintes objetivos específicos: (1) definir etapas de análise e implementação; (2) identificar aspectos organizacionais e institucionais relevantes; (3) definir mecanismos de monitoramento e (3) aplicação preliminar do método para a produção de embalagens biodegradáveis de fécula de mandioca. A metodologia envolve revisão bibliográfica sobre coordenação vertical no âmbito das Teorias de Custos de Transação e Organização Industrial e coleta de dados primários e secundários sobre o subsistema em questão. O método obtido envolve identificação de oportunidades, análise dos ambientes competitivo, organizacional e institucional, análise das transações, definição das estruturas de governança e mecanismos de monitoramento. A aplicação do método na produção de embalagens biodegradáveis de fécula de mandioca permitiu gerar alternativas de estruturas de governança entre cada etapa produtiva e a identificação de suas limitações.

INTRODUÇÃO

O tema deste trabalho é a criação de um método de elaboração e implementação de um subsistema agroindustrial estritamente coordenado, usualmente visando a agregação de valor para determinado produto agropecuário. Para ZYLBERSZTAJN E FARINA (1999), expandindo-se a definição de firma como um nexo de contratos (proposta por Ronald Coase) para uma cadeia produtiva, ela pode ser tratada como uma entidade independente, desde que haja controle suficiente por algum agente. Assim, subsistemas podem ser construídos e diferentes mecanismos de motivação e controle podem ser implementados de forma a possibilitar a gestão do sistema.

O subsistema em questão é o de embalagens biodegradáveis produzidas a partir da fécula da mandioca. Os produtos são bandejas rígidas semelhantes às de isopor e filmes

(2)

Inserem-se na tendência de preservação ambiental evidente nos mercados e nas políticas públicas em escala global, que se reflete no uso de materiais reciclados ou biodegradáveis.

Tradicionalmente associada à subsistência de pequenos produtores e uso de áreas marginais, nas últimas décadas a localização e as dimensões do cultivo da mandioca têm sido influenciados pela demanda crescente para processamento industrial. Na produção de farinha as escalas e as barreiras de mobilidade são reduzidas e o no caso do polvilho azedo os processos são semi artesanais. Entretanto, na produção de fécula verificam-se níveis mais elevados de organização e tecnologia nas plantas industriais. Pela grande variedade de subprodutos e consumidores potenciais, a fécula é o mercado mais dinâmico e tem direcionado o crescimento do plantio da mandioca nas Regiões Sul e Centro-Oeste.

OBJETIVOS

Este trabalho tem por objetivo geral apresentar um método de elaboração e implementação de um subsistema agroindustrial estritamente coordenado, com os seguintes objetivos específicos:

1. definir etapas de análise e implementação;

2. identificar aspectos organizacionais e institucionais relevantes; 3. definir mecanismos de monitoramento periódico.

4. aplicação preliminar para a produção de embalagens descartáveis de fécula de mandioca

METODOLOGIA

O caráter normativo do presente trabalho implica na elaboração de uma seqüência de etapas a serem seguidas por empreendedores que pretendam criar ou aperfeiçoar um sub-sistema estritamente coordenado. Essa metodologia será elaborada a partir do conhecimento sobre coordenação vertical no âmbito da Economia dos Custos de Transação, assim como conceitos de Organização Industrial. Trata-se de utilizar estudos teóricos e empíricos de sistemas produtivos elaborados por diversos autores para gerar um conjunto de recomendações úteis para tomadores de decisão nas empresas ou em organizações de interesse privado.

O método elaborado será aplicado em caráter preliminar para um subsistema de produção de embalagens biodegradáveis de fécula de mandioca, utilizando-se dados secundários dos ambientes institucionais, organizacionais e competitivos da indústria em questão, de forma a oferecer uma ilustração da aplicabilidade do método.

ECONOMIA DOS CUSTOS DE TRANSAÇÃO Fundamentos

Para SAUVÉE (1995) a coordenação vertical em cadeias produtivas tem sido um campo importante da pesquisa econômica, tanto teórica quanto empírica. Para ele, a teoria de Organização Industrial tem enfocado a integração vertical e as decisões do tipo “fazer ou comprar”, baseada em uma abordagem tecnológica e de competição imperfeita. A Economia dos Custos de Transação (ECT) tem desenvolvido uma visão contratual das firmas e dos mercados, abrindo novas perspectivas para o estudo da coordenação vertical.

(3)

A origem da ECT está em COASE (1937), artigo clássico no qual o autor argumenta que os custos das transações, da coordenação e da contratação deveriam ser considerados explicitamente para se entender a extensão da integração vertical. Desse ponto de vista, na busca da maximização de lucros as firmas passariam a realizar a atividade cuja administração interna fosse mais barata do que a contratação no mercado.

Os custos de transação foram definidos por Williamson, citado por ZYLBERSZTAJN (1995), como “os custos ex-ante de preparar, negociar e salvaguardar um acordo, bem como os custos ex-post dos ajustamentos e adaptações quando a execução de um contrato é afetada por falhas, erros, omissões e alterações inesperadas. Em suma, são os custos de conduzir o sistema econômico”.

Ainda segundo Zylbersztajn, o objetivo dessa teoria é “estudar o custo das transações como o indutor dos modos alternativos de organização da produção (governança) dentro de um arcabouço analítico institucional. Assim a unidade de análise fundamental passa a ser a transação, onde são negociados direitos de propriedade”.

Esse autor relaciona os pressupostos da Economia dos Custos de Transação:

Custos de transação: aparecem tanto na utilização do sistema de preços como em

transações regidas por contratos internos à firma, o que implica que todos os tipos de contratos (externos ou internos à firma) são importantes para o funcionamento da economia;

Ambiente institucional: as transações ocorrem em ambientes institucionais

estruturados (regulamentos formais ou informais nos diversos agrupamentos sociais) e as instituições interferem nos custos de transação, por afetarem o processo de transferência dos direitos de propriedade (uso, controle e apropriação de resultados dos ativos).

Racionalidade limitada: considera-se que o agente econômico busque um

comportamento otimizador e racional, mas que não consiga satisfazer esse desejo, dada sua limitação na capacidade cognitiva de receber, armazenar, recuperar e processar informações, fazendo com que não seja totalmente racional em suas decisões.

Oportunismo: conceito que resulta da ação dos indivíduos na busca de seu

auto-interesse, mas com uma conotação não cooperativa. Ele pode ocorrer, por exemplo, quando um agente tem uma informação sobre a realidade não disponível a outro agente, e que ela seja utilizada de modo a permitir que o primeiro desfrute de algum benefício do tipo monopolístico.

Com essas ferramentas, a teoria tem como objeto principal de análise as transações entre os agentes econômicos, em determinado ambiente institucional (externo e interno às firmas). Busca-se explicar e se possível prever a dinâmica dessas transações, tendo como premissa que os agentes têm como objetivo final minimizar os custos de transação, em busca de maior eficiência econômica.

A hipótese central do trabalho de Williamson é que as transações estão relacionadas a estruturas de governança, que diferem entre si principalmente quanto à eficiência em custos de transação. Portanto, conhecendo as dimensões significativas das transações é possível prever as estruturas de governança. De acordo com o autor, as dimensões são a freqüência com que ocorrem, o grau e o tipo de incerteza à qual estão sujeitas e a condição de especificidade de ativos (WILLIAMSON, 1979). Foram classificados cinco tipos de especificidades de ativos: especificidade locacional, especificidade de ativos físicos, especificidade de ativos humanos, ativos dedicados e capital de marca.

Fronteiras da Firma e Relações Contratuais

Uma das principais questões que têm sido tratadas pela ECT é a definição das fronteiras da firma. Trata-se de discutir as razões para o surgimento das firmas e para a sua

(4)

evolução em termos de integração vertical, definindo quais atividades serão realizadas internamente e quais serão contratadas no mercado.

Ao analisar as decisões sobre integração vertical, KLEIN, CRAWFORD & ALCHIAN (1978) tratam da ameaça de rompimento de contratos quando existem quase rendas apropriáveis. Quando um investimento específico (há perda de valor para o uso alternativo dos ativos) é realizado e com isso criam-se quase rendas, existe a possibilidade de oportunismo. Seguindo o referencial de Coase, esse problema pode ser resolvido por integração vertical ou contratos. O pressuposto adotado pelos autores é de que à medida que os investimentos se tornam mais específicos, aumentando as quase rendas, os custos da contratação geralmente crescem mais do que os custos da integração vertical.

WILLIAMSON (1985) discute aspectos teóricos e prescritivos sobre a integração vertical, situando a evolução da compreensão sobre o tema. O debate sobre esse tema iniciou-se no campo de estudo dos monopólios, quando iniciou-se debatia iniciou-se a função principal da integração era a discriminação de preços, a sucessiva marginalização dos concorrentes ou a criação de barreiras de entrada. Mais recentemente percebe-se que a discussão no campo da eficiência tem avançado significativamente, apesar da objeção dos que consideram as razões de monopólio e de tecnologia como predominantes.

Assim, para esse autor, nas organizações mais complexas a integração vertical atende a muitos propósitos, mas o principal seria a eficiência através da minimização dos custos de transação, e o fator predominante para a tomada de decisão em integrar é a condição de especificidade de ativo – perda de valor na melhor utilização alternativa.

Se a especificidade de ativo não existir, a contratação via mercado das sucessivas etapas de produção pode ser eficiente, visto que os fornecedores podem agregar a demanda de diversos clientes e a busca de novos fornecedores teria custos desprezíveis, visto que nenhuma das partes teria um interesse específico na continuidade do relacionamento. À medida que a especificidade aumenta, torna-se mais vantajoso incorporar a atividade para dentro da organização.

O desenvolvimento dos mercados e das estruturas organizacionais levou ao aprofundamento da questão das fronteiras da firma. JOSKOW (1993) considera que esse limite oferece uma distinção bastante grosseira entre os dois mecanismos institucionais básicos para a alocação de recursos (firma e mercados), representando apenas o início e não o fim da questão. Isto porque as firmas podem adotar diversas estruturas organizacionais, assim como as transações de mercado podem adotar muitas formas, desde transações simples em mercados spot até contratos complexos de longo prazo.

Ao discutir evidências empíricas que relacionem a especificidade de ativos com as relações verticais, o autor considera essas últimas como uma variável dependente limitada a três situações: integração vertical, contratos de longo prazo e transações em mercado spot. Assim, espera-se que os agentes escolham com mais freqüência a integração vertical ou contratos de longo prazo à medida que as quase-rendas associadas a investimentos específicos se tornem mais importantes e os benefícios associados aos acordos prévios aumentem. Para a análise empírica necessita-se de alguma medida da especificidade de ativos a ser tomada como variável independente.

O autor afirma ainda que existem diversos custos de transação e organizacionais associados à integração vertical e aos contratos de longo prazo que não aparecem em operações em mercados spot. As dificuldades em elaborar, monitorar e exigir o cumprimento de contratos de longo prazo que possam responder eficientemente a mudanças no mercado podem provocar uma tendência a se adotar a integração vertical. Por outro lado, os custos organizacionais, economias de escala, experiência e outros aspectos podem reverter a tendência no sentido de contratos de longo prazo ou operações no mercado spot.

(5)

Uma das alternativas de configuração das fronteiras da firma é a subcontratação, também conhecida como terceirização, que consiste em firmar contratos de prestação de serviços para determinadas atividades da empresa, geralmente como forma de reduzir custos fixos. GONZÁLEZ et al. (2000) apresentam um estudo empírico sobre as causas da subcontratação na indústria da construção. Os resultados indicaram que as empresas tendem a subcontratar menos tarefas quando o risco de hold-up (comportamento oportunista do agente contratado) do aumenta, medido por índices de especificidade elaborados pelos autores. Outro resultado foi que a incerteza não parece exercer qualquer efeito significativo na subcontratação, sendo esse resultado tomado com ressalva pelos autores, que consideraram que esse efeito foi parcialmente anulado por outros fatores em sentido contrário. Em terceiro lugar, descobriu-se que a subcontratação aumenta quando o número de produtos diferentes, a especialização em design e o controle técnico aumentam.

Analisando o tema do ponto de vista oposto, ou seja, das vantagens e desvantagens da integração vertical, D’AVENI & RAVENSCRAFT (1994) estudaram o balanço entre as economias provenientes da integração e os custos burocráticos incorridos. O estudo testou as relações entre a integração vertical, os custos da estrutura e a performance ao nível da linha de negócios. Os resultados indicaram que a integração vertical resulta em economia mesmo depois que as economias provenientes dos efeitos da indústria, economias de escopo e de escala são controlados. Linhas de negócios integradas verticalmente economizaram em custos de publicidade, pesquisa e desenvolvimento, mas tiveram maiores custos de produção tendo por isso lucratividades ligeiramente superiores às linhas independentes. Outro resultado foi que a elevação dos custos de produção esteve relacionada à integração para trás, sugerindo um isolamento das pressões do mercado e falta de incentivo para que se produza com custos menores. Assim, os autores concluem que os efeitos de eficiência e de custos burocráticos apareceram, com os benefícios da integração superando ligeiramente suas desvantagens.

WILLIAMSON (1991) oferece uma análise detalhada de três arranjos contratuais básicos, cada um representando uma estrutura de governança. Ele considera cada contrato como uma função de p (preços), k (especificidade de ativos) e s (salvaguardas).

Para o contrato clássico, característico das relações de mercado, o preço é determinante, enquanto k e s são baixos, se não nulos. Nesses contratos, cláusulas formais especificam a maioria das características da transação em questão, sendo irrelevante a identidade dos participantes e as transações são altamente monetizadas.

No outro extremo das estruturas, o contrato de forbearance (controle) pode ser o contrato implícito das organizações formais, nos quais p tem pequena influência, enquanto k e s têm valores elevados. Nesse arranjo, é crucial a existência de adaptabilidade às mudanças do ambiente e os ativos altamente específicos criam a possibilidade de oportunismo, que é reduzida com a construção de salvaguardas. Neste caso a hierarquia é o principal instrumento de adaptabilidade, através do poder de fiat.

Entre os dois arranjos citados, estão os contratos neoclássicos, que são característicos das formas híbridas, com os preços tendo um papel importante de ajustamento, mas com restrições pela presença de ativos específicos (k é positivo) e as salvaguardas são de difícil implementação. O contrato neoclássico é tipicamente um arranjo de longo prazo, com o objetivo de desenvolver um relacionamento continuado, no qual a identidade dos agentes é importante pela existência de dependência bilateral, enquanto os mecanismos de ajustamento devem ser flexíveis o suficiente para permitir que as partes se adaptem a distúrbios de impacto moderado.

(6)

COORDENAÇÃO VERTICAL EM SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS Estratégia e Estruturas de Governança

Para o agronegócio, a coordenação vertical apresenta especial interesse pela tendência das últimas décadas de estreitamento das relações entre as diversas etapas produtivas, visando atender os requisitos crescentes de tecnologia, padronização e uniformidade de oferta para se adequarem a processos industriais e às exigências de variedade, qualidade e segurança do alimento dos mercados consumidores domésticos e internacionais. Um dos principais desafios nesse processo é conciliar o aumento da coordenação com os aspectos intrínsecos de sazonalidade, incerteza e perecibilidade da produção agropecuária.

As relações entre as estratégias das empresas e a evolução das estruturas de governança são tratadas em estudo sobre a organização da distribuição na indústria de refrigerantes norte-americana (MURIS, T.J., SCHEFFMAN, D.T., SPILLER, 1992). Os autores analisam, sob a ótica da Teoria dos Custos de Transação, a mudança nos canais de distribuição da Coca-Cola e da Pepsi-Cola, passando de engarrafadores independentes para a integração vertical com subsidiárias. A hipótese formulada é que as mudanças no ambiente e nas estratégias das empresas aumentaram os custos de transação com os engarrafadores independentes O estudo envolve uma primeira etapa qualitativa para o levantamento da hipótese, seguida pela etapa quantitativa, com dois testes empíricos. O primeiro explora as diferenças na distribuição entre a Coca-Cola e a Pepsi-Cola para as máquinas de refrigerante. O segundo envolve análises estatísticas dos efeitos competitivos da maior integração vertical nos canais. Os testes suportaram a hipótese considerada.

O sistema agroindustrial LABEL, da indústria avícola francesa, caracteriza-se por diferenciar o produto final pelo manejo com maior espaço para as aves e alimentação de melhor qualidade em relação ao frango padrão. Ao analisar esse sistema, MENARD (1996) apresenta uma abordagem bastante abrangente da influência do ambiente institucional sobre as estruturas de governança vigentes, que constituem formas híbridas (intermediárias entre as transações de mercado e a integração vertical). Utilizando conceitos da Teoria dos Custos de Transação, o autor levanta questões sobre o processo de coordenação existente, sua eficiência e a coexistência de diferentes estruturas organizacionais. Assim, identifica-se o papel das organizações certificadoras privadas, que estabelecem os padrões de processo e produto para o uso da marca LABEL, com o suporte de organismos e regulamentos federais, o que reforça o conceito de autoridade para a coordenação das cadeias. Para o autor, trata-se de um tipo de poder concedido e limitado pelos agentes envolvidos, diferente da hierarquia dentro das firmas, que é resultado dos direitos de propriedade.

O autor conclui que nessas estruturas, nem a tecnologia nem a propriedade são os principais determinantes da forma híbrida analisada. Trata-se de um arranjo institucional específico, desenvolvido deliberadamente pelos participantes através de uma rede de contratos e profundamente enraizado no ambiente institucional. Assim, para esse autor as estruturas de governança são mais amplas do que os arranjos contratuais específicos, abrangendo-os.

Ao tratar da competição entre as diversas estruturas de governança com extensa revisão bibliográfica, MAHONEY et al. (1994) cita como principais motivos para a coordenação vertical a busca de poder monopolístico, compartilhamento de riscos e eficiência. Os autores identificam que a abordagem de eficiência apresenta aceitação generalizada na literatura de custos de transação, que considera a ameaça de ações oportunistas quando existe especificidade de ativos (física, humana ou locacional), assim como destaca o papel da incerteza (de demanda ou tecnológica).

Entretanto, para os autores a Economia dos Custos de Transação negligencia os efeitos interativos dos problemas de mensuração apontados pela Teoria da Agência. Essa teoria

(7)

enfatiza questões de assimetria informacional entre o principal e os agentes, como os problemas da inseparabilidade e da programabilidade da tarefa. O problema da

inseparabilidade representa a dificuldade de identificar a ação individual dentro de um grupo.

Se a recompensa não pode ser baseada no resultado, é necessário inserir um gerente para monitorar o comportamento dos agentes. O problema da programabilidade da tarefa refere-se ao conhecimento sobre o processo de transformação. Baixo nível de programabilidade de tarefas reduz a efetividade do esforço de monitoramento.

A integração das abordagens de Custos de Transação e de Agência fornece a programabilidade de tarefas, inseparabilidade, incerteza de demanda, incerteza tecnológica e especificidade de ativos como os cinco determinantes da forma organizacional. Ainda que as incertezas de demanda e tecnológica possam influir, os autores sugerem que seu efeito ainda é indeterminado e optaram por não considerá-las no modelo, que adota uma abordagem dicotômica (alto e baixo) das quatro restantes, conforme o Quadro 1.

Quadro 1 - Previsão da Forma Organizacional da Coordenação Vertical

Baixa programabilidade de tarefas Alta programabilidade de tarefas Baixa especificidade Alta Especificidade Baixa especificidade Alta especificidade Baixa inseparabilidade 1. Mercados spot 2. Contrato de longo prazo 5. Mercados spot 6. Joint ventures Alta

inseparabilidade 3. Contratos relacionais (hierarquia) 4. Clã 7. Contrato interno 8. Hierarquia Fonte: MAHONEY et al. (1994)

SAUVÉE (1995) realiza um esforço de compilar e comparar abordagens de economia institucional, organizacional e de gestão estratégica para analisar a questão da coordenação vertical. Para ele, o uso de novos conceitos e pressupostos permitem uma visão mais realista e completa da coordenação e pode ampliar consideravelmente o escopo da análise. O autor reconhece que as escolas de pensamento são divergentes e estão longe da unificação, identificando grande oposição metodológica entre as áreas de gestão estratégica e de economia das organizações.

Ao elaborar um quadro de referência descritivo para a coordenação vertical, o autor inicia destacando a diferença entre os conceitos de ambiente institucional e arranjo institucional. Para isso ele cita Williamson, que afirma que o ambiente institucional é o conjunto de regras políticas, sociais e legais que estabelecem as bases para a produção, as trocas e a distribuição, dando como exemplos as regras de eleições, os direitos de propriedade e o direitos dos contratos. Um arranjo institucional é um acordo entre unidades econômicas que governa o modo pelo qual essas unidades podem cooperar ou competir. Ele fornece uma estrutura dentro da qual seus membros podem cooperar ou um mecanismo que pode influir em mudanças das leis e dos direitos de propriedade.

Como conclusão, o autor observa que a habilidade de explicar porque as relações verticais heterogêneas surgem, permanecem e competem está longe de ser atingida. As decisões sobre coordenação vertical são o resultado de procedimentos complexos. Apesar dos conceitos promissores e resultados significativos, um entendimento completo desse fenômeno desafia a pesquisa futura. A progressiva construção de uma análise institucional, combinando economia das organizações com gestão estratégica poderia contribuir para essas futuras pesquisas.

(8)

Subsistemas Estritamente Coordenados

O conceito de subsistema estritamente coordenado, proposto por ZYLBERSZTAJN & FARINA (1999), representa a aplicação para uma cadeia produtiva da definição de firma como um nexo de contratos, proposta por Ronald Coase. As proposições dos autores são: (1) uma cadeia de suprimento pode ser encarada com um nexo de contratos ampliado, cuja arquitetura resulta do alinhamento com as características das transações e o ambiente institucional; (2) existem arranjos contratuais que reproduzem a arquitetura contratual no nível da firma e a motivação para a elaboração de um subsistema parte das estratégias de mercado e busca de eficiência em custos de transação, geralmente adotada por algum agente dentro da cadeia. Assim, uma cadeia produtiva pode ser considerada uma entidade independente se existir um grau suficiente de controle puder ser aplicado.

Segundo os autores, um subsistema apresenta maior probabilidade de ocorrência em cadeias de suprimento individuais do que em sistemas mais agregados. Além disso, diversos mecanismos de motivação e controle podem ser implementados, dando suporte à idéia de gestão de uma cadeia de suprimento. São sugeridas as seguintes etapas de ação: (1) identificação de choques externos ou oportunidades estratégicas, (2) renegociação de arranjos contratuais (3) implementação e (4) monitoramento posterior.

Na construção de um método de elaboração e implementação de sistemas agroindustriais estritamente coordenados, os conceitos apresentados, relativos a uma abordagem microanalítica, podem ser combinados com uma análise mais agregada para orientar a escolha das estruturas de governanca. Trata-se de avaliar os ambientes competitivo, organizacional, tecnológico e institucional, conforme adotado em IPEA (1998), onde realiza-se uma análirealiza-se de competitividade de cadeias produtivas agroindustriais. Para tanto, são considerados elementos de Organização Industrial, como estrutura da indústria, mercados relevantes e padrão de concorrência,

RESULTADOS

Etapas de Análise e Implementação

Considerando os elementos obtidos nos referenciais teóricos do item anterior, o método proposto compõe-se das seguintes etapas:

1. Identificação de oportunidades estratégicas: avaliação do ambiente externo, considerando variáveis demográficas, naturais, socioculturais e econômicas dos mercados alvo escolhidos;

2. Delimitação do sistema: identificação dos agentes e fluxos de produtos e serviços, recursos monetários, informações relevantes para o subsistema em questão;

3. Análise das transações: avaliação de frequência, especificidade de ativos e incerteza;

4. Análise do ambientes competitivo, tecnológico, organizacional e institucional: avaliar a estrutura da indústria e padrões de concorrência, principais tendências tecnológicas e possíveis impactos nos arranjos contratuais, organizações horizontais ou verticais de direito privado e o papel que desempenham na coordenação das cadeias produtivas, regulamentos públicos e privados, formais e informais, mecanismos de resolução de conflitos disponíveis para a indústria. 5. Definição de estruturas de governança: elaboração de arranjos que apresentem

(9)

6. Implementação dos arranjos contratuais: identificação dos agentes, negociação e elaboração dos arranjos, prevendo mecanismos de incentivo, punição para quebras contratuais e foros para resolução de conflitos;

7. Definição e aplicação de monitoramento;

Subsistema de Embalagens de Fécula de Mandioca Oportunidades Estratégicas

Oportunidades representam situações ou perspectivas favoráveis para o aumento da demanda pelo produto, seja por mudanças econômicas, sociais, tecnológicas ou institucionais. Segundo o IBGE (2001), a mandioca foi a oitava cultura em área colhida na safra agrícola brasileira de 2000, com 1,7 milhões de hectares e a quinta em volume de produção, com 23,3 milhões de toneladas. Em agosto de 2001 as estimativas eram de crescimento de 2,6% na área colhida e de 4,1% na produção total do corrente ano.

A fécula de mandioca é a terceira fonte mundial de amido (abaixo do milho e da batata), podendo ser utilizada no estado natural ou modificada por processos físicos e químicos nas indústrias de panificação, frigoríficos (embutidos), alimentos (doces e geléias), têxteis, papel e celulose, produtos químicos e farmacêuticos, construção civil (formas para concreto armado), mineração e petróleo (injeção nos poços para extração).

A utilização da fécula para embalagens é bastante recente, envolvendo a produção de bandejas ou caixas rígidas para fast-food ou alimentos congelados, tubetes ou sacos para mudas, filme flexível para cobrir alimentos frescos ou congelados, embalagens para produtos de confeitaria. A entrada nessa indústria no Brasil pode representar uma vantagem competitiva pelo pioneirismo, aproveitando grande parte do crescimento esperado da demanda. Outra alternativa é iniciar a produção buscando mercados externos já estabelecidos, considerando a tendência global de preservação ambiental e uso de materiais reciclados e biodegradáveis.

Delimitação do Sistema

Essa etapa envolve identificar o fluxos de produtos, recursos financeiros e informações ao longo do sistema agroindustrial, conforme indicado na Figura 1.

Figura 1 – Sistema agroindustrial de embalagens à base de fécula de mandioca T1 T2 T3 T4 T5

Neste trabalho considera-se que o agente coordenador do subsistema seja da indústria de embalagem. Portanto, será necessário elaborar estruturas de governança para as transações a montante (fecularias) e a jusante (distribuição). Um exemplo de possível aplicação da metodologia é a empresa Empresa de Materiais Biodegradáveis Ind. Com. Ltda, de Botucatu, que está desenvolvendo a tecnologia de filmes biodegradáveis de fécula de mandioca.

Insumos Produção

agrícola Indústria Fécula

Indústria

(10)

Análise das transações

A análise envolve caracterizar as transações em freqüência, incerteza e especificidade de ativos, visando analisar a adequação das estruturas de governança atuais e orientar eventuais adaptações.

T1: o fornecimento de insumos agrícolas não é significativo por que, geralmente as

manivas (ramas para plantio) são obtidas na propriedade, o uso de fertilizantes é inexpressivo, defensivos são praticamente desnecessários e a mão de obra é familiar. Ainda que o uso de manivas selecionadas e fertilizantes aumentem, com reflexos na produtividade, as transações teriam baixos níveis de freqüência (ciclo de 18 meses), incerteza (fornecimento estável) e especificidade de ativos (fertilizantes e defensivos convencionais), sugerindo o mercado como estrutura de governança.

T2: verifica-se elevada variabilidade histórica nos preços da mandioca posto fábrica.

De 1979 a 2001 o valor médio por tonelada foi de US$ 28, com variações sazonais entre 15 e 55 e máximo de 110 (ABAM ,2001). Um dos fatores contribuintes para essa situação é a inexistência de barreiras de mobilidade no setor de produção de farinha. Se ocorrem quebras na produção de raiz do Nordeste, muitas farinheiras paralisadas do Sudeste-Sul voltam a operar, pressionando para cima os preços da raiz. Com isso as fecularias, firmas de maior porte e mais organizadas, ficam com dificuldades de adquirir o produto e muitas vezes sofrem quebras oportunistas de contratos de fornecimento por parte dos produtores. As transações apresentam alta freqüência (diária), alta incerteza (fornecimento instavel) e baixa especificidade (pequena diferença entre variedades), sugerindo algum tipo de coordenação contratual ou até integração vertical.

T3: o fornecimento de fécula para as diversas indústrias consumidoras (alimentícia,

têxtil e de papel e celulose) exige regularidade de quantidade e qualidade. Com os problemas de fornecimento da raiz, essa condição fica prejudicada. Na verdade, o estabelecimento de contratos de fornecimento de fécula aos consumidores industriais tem favorecido a adoção do mesmo mecanismo na etapa anterior da cadeia. A indústria de embalagem entraria nessa mesma condição, mas como está em fase de introdução, a demanda pode ser pequena no início, mas existe a possibilidade de aumento drástico se ela for bem sucedida. Assim, existe o risco de desabastecimento futuro de fécula. As transações caracterizam-se por alta freqüência, média incerteza e baixa especificidade de ativos (fécula padrão), sugerindo o uso de mecanismos contratuais de coordenação.

T4 e T5: a distribuição das embalagens depende do tipo de clientes (empresarial ou

consumidor final), e produtos (bandejas ou filme) e localização (externo ou interno) para cada mercado. Atualmente o maior potencial parece estar em clientes empresariais (redes de fast-food, hipermercados) no mercado externo, pela maior exigência ambiental dos consumidores em países desenvolvidos. Neste caso eliminam-se os canais de distribuição com a adoção de contratos de fornecimento, o que implica em grande padronização de qualidade, regularidade de entregas e escalas mínimas para atender a demanda. Assim, torna-se fundamental coordenar a cadeia de suprimento a montante com estruturas de governança baseadas em contratos.

Ambiente Competitivo

Nessa etapa deve-se analisa-se a estrutura da indústria em cada etapa do sistema agroindustrial, considerando a concentração, barreiras de mobilidade e padrão de concorrência.

No caso das fecularias, existe baixa concentração e barreiras de mobilidade reduzidas, visto que a tecnologia é conhecida e disponível. O padrão de concorrência predominante se dá

(11)

por preço, influenciado pela extrema volatilidade de fornecimento e preços de raiz. Com isso os preços e a produção da fécula oscilam fortemente, o que se torna um obstáculo para o aumento da demanda. As empresas potenciais consumidoras preferem utilizar o amido de milho, produzido por grandes firmas multinacionais, apesar da pequena diferença de preços e das vantagens da fécula em aplicações na indústria alimentícia.

No setor de embalagens existe forte concorrência entre os produtos de papel, plástico, compostos com alumínio (longa vida) e vidro, que apresentam graus variados de viabilidade de reciclagem, sendo portanto substitutos potenciais. Uma alternativa é reforçar as vantagens econômicas e ecológicas da embalagem biodegradável, buscando criar uma diferenciação para esse produto. Aparentemente esse apelo pode ter maior impacto em países desenvolvidos, onde a reciclagem já está incorporada à economia e aos hábitos da população, porque os materiais biodegradáveis podem reduzir diretamente os danos ambientais causados pela disposição do lixo, ou reduzir os custos do seu processamento. Nesse caso a concorrência se dá pela busca de diferenciação entre os diversos tipos de embalagem, enfatizando as vantagens para o consumidor e para o meio ambiente.

Ambiente Organizacional

Os aspectos a serem considerados são as organizações de interesse privado em cada etapa do subsistema, que podem ser importantes na busca de padrões e certificação que eliminem custos de transação, em ações promocionais para a divulgação dos produtos, nas pressões sobre os poderes públicos com relação a leis e regulamentos que favoreçam o sistema.

As principais organizações são a ABAM – Associação dos Produtores de Amido de Mandioca, que reúne cerca de 70 fecularias, responsáveis por quase a totalidade da produção nacional e a SBPM – Sociedade Brasileira dos Produtores de Mandioca, mais tradicional e ligada aos setores de farinha e com maior influência política. No setor de embalagens existe a ABRE – Associação Brasileira de Embalagens.

Ambiente Institucional

A análise macro institucional envolve todos os regulamentos e instituições, formais ou informais relevantes para o subsistema. Devem ser analisadas leis, portarias e regulamentos para as indústrias envolvidas, os direitos de propriedade, regulamentos sobre impostos, comercio exterior, relações de trabalho.

Para o mercado externo, deve-se verificar toda a regulamentação sobre materiais biodegradáveis, segurança do alimento, comércio exterior, atuação de empresas estrangeiras, no caso de atuação com marca própria, e relações comerciais com empresas locais, no caso de contratos de outsourcing, licenciamento ou joint-ventures.

Com relação ao ambiente organizacional, o ambiente institucional tem como principal diferença o caráter de lentidão das mudanças e a maior abrangência das regras vigentes, com grande influência nas decisões de todos os agentes econômicos. No caso do ambiente organizacional, as mudanças podem ser mais rápidas e focalizadas, assim como a participação dos agentes é opcional, visto que as empresas sempre podem se desligar das organizações que não estejam provendo os bens coletivos necessários com custos considerados elevados. Estruturas de Governança

(12)

propriedade, os limites da firma, os direitos sobre os resíduos, os arranjos contratuais, os incentivos, os mecanismos de aplicação de punições e as formas de resolução de conflitos.

VILPOUX (1998), analisando os setores de fécula, farinha e polvilho azedo, considerou que a instabilidade de produção e utilização ineficiente da capacidade instalada têm grande influência em todos os setores. Esse autor encontrou os seguintes mecanismos de coordenação com fornecedores de raiz: mercado, mercado com garantias informais, acordos contratuais com três níveis de garantias (baixo, intermediário e elevado) e integração vertical. Avaliando esses arranjos com relação à taxa de utilização da capacidade instalada, o período de trabalho e a evolução da produção industrial, ele concluiu que as melhores formas de coordenação para a época eram os contratos com garantias intermediárias e elevadas.

Assim, para o subsistema em questão, a estrutura de governança poderia incluir: 1. contratos de fornecimento com redes de fast-food ou hipermercados localizadas

em países desenvolvidos;

2. participação acionária cruzada ou acordos de joint-ventures com algumas fecularias, para garantir fornecimento de fécula e influência nas processo produtivo da fécula, assim como oferecer incentivos de alto poder para que as fecularias atendam à demanda,

3. contratos de fornecimento de raiz com produtores de pequenos e médios portes, com garantia de preço indexado em dólares, prêmios por produtividade e abertura dos dados contábeis. Com isso pretende-se evitar quebras oportunísticas de contratos pela flutuação do preço da raiz no mercado e promover a saúde financeira dos fornecedores pela redução de custos.

4. parcerias com institutos de pesquisa para aprimoramento do processo produtivo e dos produtos finais.

Mecanismos de Monitoramento

Esta etapa prevê a elaboração de instrumentos que permitam avaliar a performance econômica e a estabilidade do subsistema ao final de um período de cinco anos.

Para a performance econômica, pode-se avaliar a evolução da participação anual dos produtos nos mercados de materiais reciclados e de embalagens. Também deve-se avaliar a performance das fecularias e produtores integrantes do subsistema em relação aos concorrentes que operam em transações via mercado. Como a maioria dessas firmas no Brasil são Limitadas, o acesso aos dados torna-se difícil, o que poderia ser contornado com a busca de apoio das associações de interesse privado, no sentido de compartilhar informações entre os membros. Um exemplo desse tipo de ação encontra-se na APA - Associação Paulista de Avicultura, que divulga parâmetros de custos de produção de aves.

Quanto à estabilidade do subsistema, deve-se avaliar a evolução anual dos conflitos ocorridos e o índice de desistências entre os participantes, no sentido de verificar se as atitudes tomadas em cada ocasião contribuíram ou não para a estabilidade do sistema. Deve-se buscar uma distribuição equilibrada dos resultados de acordo com o valor agregado em cada etapa, assim como os investimentos realizados no aperfeiçoamento dos processos, ainda que os conflitos sejam inevitáveis.

CONCLUSÕES

Neste trabalho apresentou-se um método de elaboração e implementação de um subsistema estritamente coordenado, considerando que seja possível a sua gestão como entidade independente a partir de estruturas de governança para a coordenação vertical.

(13)

Esse método foi aplicado de forma preliminar para a elaboração de um subsistema de produção de embalagens biodegradáveis de fécula de mandioca. Com isso foi possível identificar os principais aspectos a serem considerados, assim como as limitações do método. Trata-se de um esforço que pode orientar empreendedores na formulação de estratégicas levando em conta os conhecimentos adquiridos em um conjunto extenso de estudos sobre coordenação vertical no âmbito da Economia dos Custos de Transação.

As limitações do método referem-se à sua incapacidade de indicar com maior precisão a escolha da estrutura de governança mais adequada, quando existem algumas alternativas possíveis. Isso ocorre porque a abordagem teórica baseia-se principalmente na comparação entre estruturas já existentes e não na criação de uma nova estrutura, o que sempre envolve riscos de avaliação durante a sua elaboração. Assim, no caso da participação acionária cruzada entre o produtor de embalagem e as fecularias fornecedoras, não existe garantia de que essa estrutura seja mais eficiente do que o estabelecimento de contratos de fornecimento, representando somente uma opção decorrente do nível de aversão ao risco do empreendedor.

BIBLIOGRAFIA

ABAM Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca. Evolução do Preço da Raiz de Mandioca (Posto Fábrica 1979-2001). Disponível em http://www.abam.com.br. 2001.

COASE, R.H. The Nature of the Firm. Economica, v. 4, pp. 386-405, 1937, reimpresso em WILLIAMSON, O.E. & WINTER, S.G. (eds.) The Nature of the Firm: Origins, Evolution

and Development, Oxford, Oxford University Press, 1991.

D’AVENI, R. A. & RAVENSCRAFT, D. J. Economies of Integration versus Bureaucracy Costs: Does Vertical Integration Improve Performance? Academy of Management Journal, v. 17, n. 5, pp. 1167-1206, 1994.

GONZÁLEZ-DIAZ, M.; ARRUÑADA, B. & FERNANDEZ, A. Causes of Subcontracting: Evidence from Panel Data on Construction Firms. Journal of Economic Behavior and

Organization, v. 42, n. 2, pp. 167-187, 2000.

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Área e Produção: Confronto das Safras de 2000 e das Estimativas para 2001, Brasil. Disponível em http://ibge.gov.br. 2001.

IPEA Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas. Competitividade no Agribusiness

Brasileiro. Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial, FEA-USP, São

Paulo, 1998.

JOSKOW, P.L. Asset Specificity and the Structure of Vertical Relationships: Empirical Evidence. In: The Nature of the Firm, Oxford Press, 1993. pp. 117-137.

KLEIN, B., CRAWFORD, R.G., ALCHIAN, A. Vertical Integration, Appropriable Rents, and the Competitive Contracting Process. Journal of Law and Economics, v. 21, n. 2, pp. 297-326, 1978.

MAHONEY, J.T.; CRANK, D.A.; LAJILI, K. Spot Markets, Vertical Contracting, and

Vertical Financial Ownership: Competition among Organizational Forms. Trabalho

apresentado na Conferência de Pesquisa NE-165/WRCC-72, “Interactions between Public Policies and Private Strategies in the Food Industries”. Montreal, Quebec, Delta Hotel, 1994.

MENARD, C. On Clusters, Hybrids and Other Strange Forms: The Case of the French Poultry Industry. Journal of Institutional and Theoretical Economics, v. 152, pp. 155-195, 1996.

(14)

MURIS, T.J., SCHEFFMAN, D.T., SPILLER, P.T. Strategy and Transaction Costs: The Organization of Distribution in the Carbonated Soft Drink Industry. Journal of Economics

& Management Strategy, v. 1, n. 1, pp. 83-128, 1992.

SAUVÉE, L. Toward an Institutional Analysis of Vertical Coordination in Agribusiness. Artigo apresentado na NE-165 Conference on Vertical Coordination in the Food System, Washington. 1995.

WILLIAMSON, O.E. Comparative Economic Organization: The Analysis of Discrete Structural Alternatives. Administrative Science Quarterly, v. 36, n. 2, pp. 269-296, 1991. _________________. Transaction Cost Economics: The Governance of Contractual

Relations. Journal of Law and Economics, v. 22, pp. 233-261, 1979.

____________. Vertical Integration: Theory and Policy, In: The Economic Institutions of

Capitalism, The Free Press, 1985, cap. 4.

VILPOUX, O. As Indústrias de Mandioca nos Estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Centro de Raízes Tropicais, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, 1998, 83p.

ZILBERSZTAJN, D.; FARINA, E.M.M.Q. Strictly Coordinated Food-Systems: Exploring the limits of the Coasian Firm. International Food and Agribusiness Review, v.2, n. 2, pp. 249-265. 1999.

_______________. Estruturas de Governança e Coordenação do Agribusiness: uma

Aplicação da Nova Economia das Instituições. Tese (Livre Docência), Faculdade de

Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1995, 238 p.

Referências

Documentos relacionados

Diferente da ideia de véu da ignorância de Rawls em que os participantes do debate para escolha dos princípios de justiça estão em uma condição onde não sabem qualquer

Guta-percha, IRM e Cavit G foram utilizados como materiais de selamento e não puderam prevenir a infiltração da saliva e dos microorganismos nos canais obturados acima

Collagen copolymer toric phakic intraocular lens for residual myopic astigmatism after intrastromal corneal ring segment implantation and corneal collagen crosslinking

outubro, o Batalhão da Guarda Pre- sidencial (BGP) realizou o 3º Exercício de Longa Duração do Núcleo de Preparação de Ofi ciais da Reserva (NPOR) da Unidade.. A atividade

Workshop: Interoperabilidade e compartilhamento de acervos em rede: os caminhos propostos pelo Projeto Tainacan.

Dentre os trabalhos que usaram o Índice de Orientação Regional, merecem destaque os de Yeats (1997), Waquil et al. Esses autores usaram o IOR no intuito de mensurar

O CRDHIR foi criado em novembro de 2013, fruto de cooperação entre UFFS e Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SNDH) e, desde então, tem contribuído para que violações a

7.3.1 A não participação do supervisor em pelo menos 01 (uma) banca de seleção de Mestrado e/ou Doutorado implicará no impedimento deste em participar do processo seletivo PNPD no