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Logística de distribuição do biodiesel da mamona: Prováveis canais de distribuição e a integração dos prestadores de serviços logísticos

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Logística de distribuição do biodiesel da mamona: Prováveis canais de

distribuição e a integração dos prestadores de serviços logísticos

Luiz Alberto Alencar de Freitas (NUPELTD/UFC) beto@nupeltd.ufc.br Ernesto Ferreira Nobre Júnior (NUPELTD/UFC) nobre@nupeltd.ufc.br

Resumo

A produção do biodiesel da mamona no Brasil, em especial no semi-árido nordestino, tem se evidenciado como um potencial propulsor do desenvolvimento social e econômico das regiões produtoras. Contudo, observa-se que o sistema de produção deste biocombustível ainda é dispersa e sem uma integração e coordenação entre os agentes envolvidos, prejudicando assim a competitividade dos produtos no mercado. Neste contexto, o estudo do Sistema Logístico do Biodiesel da Mamona – SISLOG BDM, que envolve as operações de suprimento, apoio à produção e logística de distribuição, é de grande valia. Este artigo busca mostrar os prováveis canais de distribuição para o biodiesel da mamona, como também, a necessidade de sincronizar os prestadores de serviços logísticos que atuarão nestes canais. Desta forma, contribui-se para estruturar, desde do inicio, uma cadeia que vise à obtenção de um combustível com preço mais competitivo no mercado nacional e internacional.

Palavras chave: Logística, Canais de distribuição, Biodiesel da Mamona

1. Introdução

Há mais de 100 anos, o petróleo, por ter um elevado poder energético, passou a ser utilizado pela humanidade, não só como fonte para todos os combustíveis líquidos, mas também como matéria prima para uma grande parte dos produtos da sociedade moderna. Contudo, a partir de 1973, o mundo presenciou acelerados e constantes aumentos dos preços do petróleo. Os países se viram forcados a refletir sobre a maneira como produziam e consumiam energia de fontes não renováveis.

A complexidade do problema energético, em decorrência do processo de globalização, tem adquirido proporções que a sociedade global nunca antes passou. Atualmente, as nações buscam otimizar suas matrizes energéticas com a utilização de fontes renováveis que possibilitem o desenvolvimento sustentável.

Uma opção emergente para substituir os combustíveis fósseis é a utilização de biocombustíveis obtidos da biomassa. Existem diversas alternativas para produzi-los, contudo, na região nordeste do Brasil, o biodiesel proveniente da mamona tem se configurado como uma das melhores, que além da produção energética, possibilitará desenvolvimento sócio-econômico para a região.

Antigamente, a mamona era considerada uma planta que não servia para nada e ainda intoxicava o gado. Atualmente, essa oleaginosa gera mais de 400 produtos em vários setores da economia tais como energético, químico, farmacêutico e têxtil.

A cadeia do biodiesel da mamona ainda não atingiu uma larga escala de produção no Brasil, contudo, percebe-se por partes dos governos, a nível estadual e federal, várias iniciativas para fomentar a expansão desta atividade produtiva. Neste contexto, é importante que, mesmo em fase de implantação, a macrologística da produção seja organizada de forma a permitir que a cadeia possa se expandir com êxito e que os seus produtos e subprodutos sejam competitivos no mercado.

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Atualmente, observa-se que o sistema logístico de produção do biodiesel da mamona, desde a produção de insumos até a sua distribuição e comercialização constitui-se ainda, num sistema disperso, formado por agentes que na maioria das vezes apresentam baixa capacidade gerencial e produtiva, sem contar, a escassa literatura sobre estudos logísticos para a distribuição de biocombustíveis no Brasil.

Neste contexto, no presente trabalho procurar-se-á mostrar como os canais de comercialização do óleo diesel e os prováveis canais de distribuição do biodiesel da mamona deverão ser integrados para que se possa obter um preço de combustível mais competitivo no mercado nacional e internacional.

2. Sistema Logístico do Biodiesel da Mamona – SISLOG BDM

O sistema logístico no qual uma empresa está inserida é composto por várias operações logísticas, sendo estas dividas basicamente em três grandes áreas: suprimento (aquisição de materiais), apoio à produção e distribuição física. O suprimento, ou logística de entrada (inbound logistics), corresponde aos processos de obtenção de matérias primas necessárias à produção. O processo de apoio à produção refere-se ao controle sobre a capacidade produtiva e de estoque operacional entre as etapas de produção. Nesta área, encontram-se atividades como armazenagem, manuseio de materiais, embalagens, compras e programação, planejamento e controle da produção. A área de distribuição física, ou logística de saída (outbound logistics) desenvolve as atividades relacionadas à manipulação dos produtos, armazenagem e transporte externo pelos operadores logísticos dos canais de distribuição. Os componentes do sistema logístico que contribuem com a maior parcela dos custos logísticos são: o transporte, a gestão do estoque e o processamento de pedidos. O transporte desempenha as atividades de movimentação interna e externa das matérias primas e dos produtos acabados. A Gestão de estoques trabalha com a manutenção da quantidade de matérias primas, produtos em processo e produtos acabados necessários no sistema. O processamento de pedidos encarrega-se de definir o tempo exato de suprimento de insumos como também o tempo certo para entregar os produtos acabados aos clientes.

BATALHA (2001), afirma que a cada transformação que o produto passa, seja física, temporal e/ou espacial lhe é agregado valor, incorporando as condições de melhor atendimento ao consumo. Esse valor adicionado é apropriado na transferência de propriedade entre agentes que entre si estabelecem uma relação de troca destes bens e serviços. Menciona ainda que a logística tem como objetivo principal evitar as interrupções de fornecimento de diferentes produtos nos diversos pontos de venda e o acúmulo de materiais/produtos nos agentes de toda a cadeia de suprimento.

Desta forma, a integração dos fluxos físicos e de informações é necessária desde os fornecedores de insumos agrícolas até os consumidores finais da cadeia do biodiesel da mamona. Na cadeia, o SISLOG BDM envolve inúmeros agentes: os fornecedores de insumos (bagas de sementes ou óleo de mamona, metanol ou etanol, catalisadores, etc.), os transportadores internos e externos, as distribuidoras de combustíveis, os postos revendedores e os clientes finais. As operações logísticas devem ser sincronizadas entre todos os agentes de forma a reduzir os custos do sistema e aumentar a competitividade global da cadeia.

A figura 1 mostra o funcionamento do SISLOG BDM, tendo a usina de produção de biodiesel como a empresa central do sistema, destacando os elementos que compõem a logística de distribuição, tema principal deste trabalho.

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Fonte: Adaptado de BATALHA (2001).

Figura 1 – Sistema Logístico do Biodiesel da Mamona – SISLOG BDM 3. Logística de distribuição do biodiesel da mamona

3.1 Canais de distribuição ou canais de marketing

Estudos envolvendo canais de distribuição são freqüentes na literatura para diversos setores da economia. Este tema relaciona as questões da logística de distribuição e suas peculiaridades, envolvendo os atores (players) desde a manufatura até os clientes finais. No Brasil e no exterior, muitos pesquisadores vêm publicando trabalhos acerca desde tópico. Dentre os estudos no país podem-se destacar: NEVES (1999), CASTRO (2003) e ALCÂNTARA (1997). Vale ressaltar que NEVES (1999) realizou um levantamento dos principais trabalhos desenvolvidos no mundo no que tange a canais de distribuição.

A definição de canal de distribuição pode ser entendida segundo a American Marketing Association (1990) apud BOWERSOX e CLOSS (2001) como sendo a estrutura de unidades organizacionais dentro da empresa, e agentes e firmas comerciais fora dela, atacadistas e varejistas, por meio dos quais uma mercadoria, um produto ou um serviço é comercializado. NEVES (1999) definiu canal de distribuição como: uma rede orquestrada que cria valor aos usuários finais, através da geração das utilidades de forma, posse, tempo e lugar, principalmente. Neves, ainda afirma que é só através da distribuição que produtos e serviços públicos e privados se tornam disponíveis aos consumidores, já que o produto precisa ser transportado para aonde os consumidores têm acesso, ser estocado e trocado por outro tipo de recurso para que se possa ter acesso a ele.

3.2 O mercado do óleo diesel no Brasil e a entrada do biodiesel da mamona

Dois conceitos terminológicos necessitam serem definidos: biodiesel e ecodiesel. PARENTE, (2003) afirma que o biodiesel é um combustível renovável, biodegradável e ambientalmente correto, sucedâneo ao óleo diesel mineral, constituído de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos, obtidos da reação de transesterificação de qualquer triglicerídeo com um álcool de cadeia curta, metanol ou etanol, respectivamente. Enquanto, o ecodiesel é o combustível obtido da mistura de biodiesel e óleo diesel mineral, em proporções ajustadas. Parente, ainda salienta que a diferenciação conceitual entre biodiesel e ecodiesel advém das vantagens ecológicas que o biodiesel, como coadjuvante em misturas, induz ao diesel mineral. Ou seja, são três produtos que devem ser estudados em termos de logística de distribuição, o biodiesel, o ecodiesel e o óleo diesel.

Transações comerciais Fluxo de informações

Fluxo de materiais

Usina de biodiesel da mamona

Fornecedores Suprimento

Aquisição de materiais produçãoApoio à Distribuição física DistribuiçãoCanais de Clientes

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Atualmente, os atores da cadeia de produção do óleo diesel no Brasil já têm o domínio da logística de distribuição, utilizando modernas técnicas de otimização e gestão da cadeia de suprimentos. O que deve ser estudado é como sincronizar a cadeia de produção do biodiesel da mamona com a atual cadeia do óleo diesel. Tal situação pode ser observada nas cadeias de comercialização da gasolina e do Álcool Etílico Anidro Combustível - AEAC obtido da fermentação da cana-de-açúcar. Contudo, a grande diferença é que o AEAC já é produzido a muito tempo no Brasil em larga escala, enquanto a produção do biodiesel da mamona ainda é tímida e em fase de implantação em muitas regiões do Brasil.

Desta maneira, observa-se que, para se propor algo em relação à distribuição do biodiesel e do ecodiesel no país, deve-se ter como base o conhecimento dos canais de distribuição do óleo diesel e como se procede a mistura do AEAC na gasolina. Nos itens seguintes, serão apresentadas as infra-estruturas existentes no mercado de óleo diesel no Brasil e os prováveis canais de distribuição do biodiesel da mamona.

3.2.1 O mercado de óleo diesel no Brasil com enfoque na distribuição

Em termos de produção e importação de óleo diesel no país, a Agência Nacional do Petróleo – ANP (2003), registrou um montante movimentado deste derivado de petróleo na ordem de 39,7 bilhões de litros em 2002. As 13 refinarias nacionais produziram 33,3 bilhões de litros de óleo diesel (83,87%), enquanto as importações registraram um volume de 6,4 bilhões de litros (16,13%). Contudo, foi registrado um consumo interno de óleo diesel de somente 37,6 bilhões de litros, tendo ainda sido exportado 16,3 milhões de litros.

No mercado das distribuidoras em 2002, a ANP (2003) afirma que o país foi atendido por 166 distribuidoras, sendo a venda das dez líderes de 82,9% do mercado de diesel. As 156 outras distribuidoras (93,9% do total) ficaram com os 17,1% restantes do mercado de diesel conforme mostra a figura 2.

BR; 26,4% Ipiranga¹; 19,7% Shell; 9,8% Texaco; 9,4% Outras; 17,1% Total; 1,3% Agip; 3,4% Petrosul; 1,6% Sabbá; 1,5% Ale; 1,7% Esso; 8,3%

Fonte: ANP/SAB, conforme a Portaria CNP nº 221/81

1Inclui as distribuidoras do Grupo

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Para o mercado de revenda de combustíveis no final de 2002, a ANP (2003) verificou que existiam 29.804 postos revendedores de combustíveis autorizados no Brasil e que 17.717, 59,5% do total, estavam nas mãos de cinco das 138 bandeiras atuantes. Os postos de bandeira branca são aqueles estabelecimentos que podem ser abastecidos por qualquer distribuidora e foram registrados 7.895, ou 26,5% dos postos autorizados em 2002. Observa-se que outras 131 bandeiras, 94,93 % do total, operavam 4.102, ou seja, 13,8% dos postos restantes. A figura 3 mostra como era a distribuição dos postos por bandeira em 2002.

Fonte: ANP/SAB, conforme a Portaria ANP nº 116/00 e nº 032/01

1Inclui outras 131 bandeiras

Figura 3 – Postos revendedores de combustíveis por bandeiras em 2002 no Brasil. Ainda em termos de revenda de óleo diesel, tem-se o registro de 561 Transportadores-Revendedores-Retalhistas - TRRs em 2002, conforme ANP (2003). Os TRRs são agentes cuja atividade caracteriza-se pela aquisição de produtos a granel e sua revenda a retalho, com entrega no domicílio do consumidor. As atividades de um TRR são: aquisição, armazenamento, transporte, comercialização e o controle de qualidade dos combustíveis, exceto gás liquefeito de petróleo (GLP), gasolina e álcool combustível. Eles desempenham um papel importante na distribuição do óleo diesel no Brasil.

Por fim, os consumidores finais de óleo diesel encontram-se divididos em dois grupos, são eles:

(i) Pequenos consumidores: compreendendo os automobilistas e os caminhoneiros; e

(ii) Grandes consumidores: empresas públicas e privadas de grande porte que

demandam grandes volumes de óleo diesel. Neste grupo estão transportadores de cargas, órgãos públicos, fazendas, indústrias, termoelétricas, etc.

Neste item, procurou-se apresentar uma visão do mercado de óleo diesel, tanto em nível da produção como da sua distribuição.

A figura 4 mostra os canais de comercialização do óleo diesel empregados atualmente no Brasil. BR; 18,0% Grupo Ipiranga; 13,9% Texaco; 8,9%

Esso; 7,6% Shell ; 7,5% Agip; 3,6%

Bandeira Branca; 26,8% Outras1; 13,8% M E R C A D O E X T E R N O Postos Revendedores (29.804) T.R.R.s (561) REVENDA Refinarias (13) Importadores Exportadores PRODUÇÃO Pequenos consumidores: Automobilistas Caminhoneiros Grandes consumidores: Transportadoras de cargas Órgãos públicos Fazendas Indústrias etc. CONSUMIDORES Bases de Distribuição de Combustíveis (166) DISTRIBUIDORAS

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XI SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004.

Figura 4 – Cadeia de comercialização do diesel. Adaptado de PETROBRAS (2004)

3.2.2 Prováveis canais de distribuição do biodiesel e do ecodiesel da mamona

Tendo como base os dados supracitados da ANP (2003) e da PETROBRAS (2004), sobre o mercado do óleo diesel na sua cadeia de comercialização no Brasil, foram feitas proposições de canais de distribuição para o biodiesel da mamona. Na cadeia de comercialização da gasolina, o AEAC entra na composição entre 20% e 25,0%. Na cadeia do diesel será observado a mesma situação, mas com percentuais de biodiesel entre 2,0% e 5,0%.

A distribuição e comercialização do biodiesel e do ecodiesel da mamona serão inseridas no mercado do óleo diesel, utilizando basicamente a estrutura física já existente. No que se refere a produção, entrará no sistema mais um agente, as usinas de biodiesel da mamona, as quais, deverão estar localizadas nas diversas regiões produtoras desta oleaginosa no país, produzindo o biodiesel chamado biodiesel puro, ou simplesmente B100, cuja parte da produção deverá ser encaminhada às bases de distribuição de combustíveis, espalhadas nos diversos estados da federação. Nas distribuidoras, será realizada a mistura deste biodiesel com o óleo diesel para a produção do ecodiesel da mamona, obedecendo-se aos percentuais estabelecidos pelos órgãos reguladores. A partir deste estágio o ecodiesel será chamado de BX, representando X o percentual de biodiesel a ser misturado ao óleo diesel, repetindo o mesmo processo que ocorre com a gasolina e o Álcool Etílico Anidro Combustível.

Vale ressaltar que em alguns países, como na Alemanha, o biodiesel já é vendido em postos de revenda, tanto misturado com óleo diesel (BX), como na forma pura (B100). A parte restante da produção de B100 deverá ser destinada à demanda internacional por biodiesel e também à demanda dos grandes consumidores de combustíveis no mercado interno.

Em relação ao mercado de revenda de combustíveis, os postos não terão a princípio mudanças em suas bombas de fornecimento, já que o biodiesel será incorporado ao óleo diesel. Somente, quando da regulamentação da venda do B100 é que deverá ocorrer a necessidade de mudanças na infra-estrutura dos postos autorizados de revenda, onde estes demandarão bombas exclusivas de biodiesel para abastecimentos dos veículos.

Caberá aos TRRs, a necessidade de criarem soluções logísticas para atenderem as demandas por biodiesel e ecodiesel. As infra-estruturas físicas para estocagem, transporte e manuseio destes combustíveis terão que ser planejadas a fim de acompanhar o crescimento projetado para os novos produtos. Os TRRs deverão trabalhar tanto com BX como com B100, atendendo aos grandes consumidores de combustíveis do país.

Na figura 5, são apresentados em forma de fluxograma os prováveis canais de distribuição do biodiesel e do ecodiesel da mamona no Brasil, conforme explanado nos parágrafos anteriores. Observe-se que os canais de comercialização do óleo diesel em nada foram alterados, contudo estão esquematizados para funcionarem juntamente com os novos combustíveis.

Transportadoras de cargas Órgãos públicos Fazendas Indústrias etc. M E R C A D O E X T E R N O Refinarias (13) Postos Revendedores (29.804) Pequenos consumidores: Automobilistas Caminhoneiros Diesel BX REVENDA PRODUÇÃO CONSUMIDORES BX DISTRIBUIDORAS

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XI SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004.

Figura 5 – Prováveis canais de distribuição do biodiesel e ecodiesel da mamona. 4. Prestadores de serviços logísticos ou operadores logísticos

Na literatura, existem diversas definições de Prestadores de Serviços Logísticos – PSLs, ou operadores logísticos. NOVAES (2001) definiu operador logístico como sendo o prestador de serviço logístico que tem competência reconhecida em atividades logísticas, desempenhando funções que podem englobar todo o processo logístico de uma empresa-cliente, ou somente parte dele.

Para a Associação Brasileira de Movimentação e Logística – ABML, operador logístico é o fornecedor de serviços logísticos, especializado em gerenciar todas as atividades logísticas ou parte delas, nas várias fases da cadeia de abastecimento de seus clientes, agregando valor ao produto dos mesmos, e que tenha competência para, no mínimo, prestar simultaneamente serviços nas três atividades básicas: controle de estoques, armazenagem e gestão de transportes.

Desta forma, observa-se que mesmo um conjunto restrito de serviços logísticos como transporte e armazenagem, por mais simples que pareçam, devem ser oferecidos pelo operador de maneira integrada e coordenada. Os PSLs devem sempre que necessário fazer adaptações a seus ativos e nos sistemas de informações, permitindo maior eficiência ao sistema no qual estão inseridos.

COLIN e FABBE-COSTES (1995) apud NOVAES (2001) classificam as atividades dos PSLs, como:

 Transporte: envolve os diferentes modos e serviços auxiliares, no caso do transporte internacional;

 Armazenagem; envolve a armazenagem dos produtos;

 Manipulação de produtos: inclui embalagens, identificação, composição de kits;  Operações industriais: incluem intervenções intrínsecas no produto, como montagem

final, testes de qualidade, etc;

 Operações comerciais: envolve recebimento, tratamento de pedidos, pagamentos, realização de propaganda, etc;

 Serviços de cunho informacional: envolve a administração de estoques, rastreamento de veículos, etc;

 Consultoria: incluem serviços de consultoria em engenharia e administração logística.

B100 M E R C A D O E X T E R N O USINAS DE BIODIESEL DA MAMONA Importadores Exportadores Bases de Distribuição de Combustíveis (166) Automobilistas Caminhoneiros T.R.R.s (561) Grandes consumidores: Transportadoras de cargas Órgãos públicos Fazendas Indústrias etc. B100 B100 BX BX BX

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À medida que a cadeia produtiva do biodiesel da mamona for se desenvolvendo no Brasil, as diversas atividades logísticas supracitadas passarão a demandar PSLs. Observou-se tal situação na evolução do plantio da cana-de-açúcar para produção do Álcool Etílico Anidro Combustível, que atualmente possui um sistema logístico eficiente. Os PSLs que atuarão na cadeia de suprimento do biodiesel da mamona deverão executar as suas atividades de forma integrada e coordenada com os demais agentes do sistema.

5. Integração dos PSLs na cadeia de produção do biodiesel da mamona

O presente trabalho mostrou até agora o sistema logístico e o macro ambiente aos quais a produção do biodiesel da mamona está inserida. Assim como, as atividades que devem ser desempenhadas pelos PSLs nesta cadeia de suprimento. Contudo, se faz necessário que essas operações logísticas sejam realizadas de forma integrada e sincronizadas para que se possa gerar uma maior eficiência dos fluxos de materiais e informações. Chama-se ainda, a atenção para a peculiar sincronização que deve existir entre os canais de distribuição do óleo diesel e do biodiesel da mamona, para atender ao consumidor final, numa cadeia de suprimentos em que seus atores estão direcionados às mesmas prioridades (HARRISON e HOEK, 2003). Segundo BATALHA (2001), a meta ideal é obter zero na previsão das necessidades de materiais e demanda por produtos finais, buscando a suavização do fluxo de materiais em toda a cadeia de suprimentos, tornando-o bastante aderente ao fluxo de produtos. Essa sincronização entre necessidades de materiais/peças/produtos e a demanda real depende, contudo, da coordenação na transferência de recursos entre os diferentes agentes da cadeia de suprimento, envolvendo decisões, estabelecimento de processos conjuntos e monitoramento de operações no dia-a-dia.

Conforme BOWERSOX e CLOSS (2001), para explorar eficazmente sua competência logística, uma empresa deve considerar uma ampla variedade de fatores operacionais que necessitam serem sincronizados a fim de se criar uma estratégia integrada.

O fluxograma da cadeia básica de valor, na figura 6, representa o conjunto de interesses a que uma empresa deve atender para ser capaz de sobreviver. O símbolo (C) representa os clientes, (FM) os fornecedores de matérias primas e (PSL) os prestadores de serviços logísticos.

Uma empresa necessita formular estratégias de integrações internas (suprimento, apoio à produção e distribuição física) e externas com FMs e PSLs suficientes para garantir a estabilidade do negócio.

Fonte: BOWERSOX e CLOSS (2001).

Figura 6 – Cadeia básica de valor

BOWERSOX e CLOSS (2001) enfatizam que a integração com FMs e PSLs é importante para que as vantagens plenas de uma empresa sejam alcançadas. Na figura 7 observa-se a integração de fornecedores em ciclos de atividades de produção e suprimento. O objetivo

Suprimento

Aquisição de materiais produçãoApoio à Distribuição física

Fluxo de estoque com agregação de valor

Fluxo de informações C C C C C C PSL PSL FM PSL FM PSL FM FM PSL PSL

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básico dessas relações é coordenar os recursos logísticos combinados de fornecedores para alcançar uma máxima sinergia.

Fonte: BOWERSOX e CLOSS (2001).

Figura 7 – Cadeia de valor da empresa integrada

Por este motivo, devem-se utilizar as estratégias de Supply Chain Management - SCM, para a integração e coordenação dos PSLs da cadeia de produção do biodiesel da mamona, que envolvem o compartilhamento de fatores como custos, interesses, responsabilidades e informações de todos os agentes envolvidos. A integração plena destes fatores prevê a sincronização das atividades de logística de suprimento (inbound), de apoio à produção e da logística de saída (outbound).

6. Considerações Finais

De acordo com ANP (2003), o Brasil importou 6,4 bilhões de litros de óleo diesel em 2002 que representaram 1.088 milhões de dólares aos cofres públicos do país, podendo este montante de recursos ser reduzido com a produção em larga escala de biocombustíveis no país. O biodiesel da mamona é o caso que se apresenta como alternativa para substituição gradativa do óleo diesel na matriz energética brasileira. Tratando-se de uma cadeia agroindustrial que além da produção energética, poderá trazer desenvolvimento regional e geração de renda na zona rural.

A principal dificuldade encontrada para a realização deste trabalho foi a falta de dados referentes à logística de distribuição do biodiesel da mamona, por se tratar de uma cadeia de produção ainda em fase de implementação no país.

Especificamente neste trabalho, foram sugeridos o Sistema Logístico do Biodiesel da Mamona – SISLOG BDM com suas principais operações logísticas e os prováveis canais de distribuição para o biodiesel da mamona.

É importante ressaltar que devido a escassez de documentos na literatura sobre o tema, discussões sobre as proposições aqui apresentadas são necessárias e deverão ser feitas para que os modelos propostos possam ser aprimorados.

Observou-se como ponto crucial na logística de distribuição do biodiesel da mamona a integração e sincronização das cadeias de comercialização do óleo diesel e do biodiesel. Desta forma como ponto de partida procurou-se apresentar este trabalho, como elemento para a reflexão sobre pesquisas a serem desenvolvidas, visando aumentar a competitividade e a eficiência da cadeia de produção em pauta. Além disso, em importante destacar que o modelo de distribuição proposto para o biodiesel da mamona poderá também vir a ser aplicado a outras cadeias de oleaginosas.

Referências

Suprimento

Aquisição de materiais produçãoApoio à Distribuição física

Fluxo de estoque com agregação de valor

Fluxo de informações C C C PSL PSL PSL PSL FM PSL FM PSL FM FM

(10)

ALCÂNTARA, R. L. C. (1997), A Gestão Estratégica dos Canais de Distribuição: Um Exame da Evolução e do Atual Estágio do Relacionamento entre o Atacado de Entrega e a Indústria, (Tese de Doutorado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da EAESP/FGV, Área de Concentração: Mercadologia). São Paulo/SP.

Agência Nacional do Petróleo - ANP (2003), Anuário estatístico brasileiro do petróleo e do gás natural – 2003. ANP, Distrito Federal/DF. Disponível em (www.anp.gov.br).

BATALHA, M. O. et al. (2001), Gestão Agroindustrial, Volume 1. Ed. Atlas, São Paulo/SP. BOWERSOX, D. J., CLOSS, D. J. (2001), Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento, Ed. Atlas, São Paulo/SP.

CASTRO, L. T. et al (2003), Conflitos em canais de distribuição: o caso dos canais múltiplos no mercado de Insumos agrícolas no Brasil, Faculdade de Economia, Administração e

Contabilidade de Ribeirão Preto / USP, São Paulo/SP.

HARRISON, A., HOEK, R. V. (2003), Estratégia e gerenciamento de logística, Ed. Futura, São Paulo/SP.

NEVES, M. F. (1999), Um modelo para planejamento de canais de distribuição no setor de alimentos, Tese de Doutoramento – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo/SP.

NOVAES, A. G. (2001), Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia, operação e avaliação. Ed. Campus, Rio de Janeiro/RJ.

PARENTE, E. J. S. (2003) Biodiesel: uma aventura tecnológica num país engraçado. Tecbio/NUTEC, Fortaleza/CE.

PETROBRAS (2004). Acesso ao site da Petrobrás (www.petrobras.com.br) em agosto de 2004.

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