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Academic year: 2021

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14/12/2020

Número: 0601010-52.2020.6.21.0158

Classe: REPRESENTAÇÃO

Órgão julgador: 158ª ZONA ELEITORAL DE PORTO ALEGRE RS Última distribuição : 28/11/2020

Valor da causa: R$ 0,00

Assuntos: Pesquisa Eleitoral Divulgação de Pesquisa Eleitoral Fraudulenta, Pesquisa Eleitoral

-Divulgação de Pesquisa Eleitoral Sem Prévio Registro

Objeto do processo: Impugnação à pesquisa eleitoral. Segredo de justiça? NÃO

Justiça gratuita? NÃO

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM Justiça Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

Partes Procurador/Terceiro vinculado

MANUELA PINTO VIEIRA D AVILA (REPRESENTANTE) LUIZ EDUARDO PECCININ (ADVOGADO) LUCAS COUTO LAZARI (ADVOGADO) MOVIMENTO MUDA PORTO ALEGRE 65-PC do B / 13-PT

(REPRESENTANTE)

LUIZ EDUARDO PECCININ (ADVOGADO) LUCAS COUTO LAZARI (ADVOGADO) SEBASTIAO DE ARAUJO MELO (REPRESENTADO) JOSE LUIS BLASZAK (ADVOGADO)

ANDRE LUIS DOS SANTOS BARBOSA (ADVOGADO) ESTAMOS JUNTOS PORTO ALEGRE 15-MDB / 25-DEM /

23-CIDADANIA / 77-SOLIDARIEDADE / 27-DC / 28-PRTB (REPRESENTADO)

JOSE LUIS BLASZAK (ADVOGADO)

ANDRE LUIS DOS SANTOS BARBOSA (ADVOGADO)

PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (FISCAL DA LEI)

Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 56606 357 12/12/2020 18:50 Sentença Sentença

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JUSTIÇA ELEITORAL

158ª ZONA ELEITORAL DE PORTO ALEGRE RS

REPRESENTAÇÃO (11541) Nº 0601010-52.2020.6.21.0158

REPRESENTANTES: MANUELA PINTO VIEIRA D AVILA, MOVIMENTO MUDA PORTO ALEGRE 65-PC DO B / 13-PT

REPRESENTADOS: SEBASTIAO DE ARAUJO MELO, ESTAMOS JUNTOS PORTO ALEGRE 15-MDB / 25-DEM / 23-CIDADANIA / 77-SOLIDARIEDADE / 27-DC / 28-PRTB

MANUELA PINTO VIEIRA D’ÁVILA e COLIGAÇÃO MOVIMENTO MUDA PORTO ALEGRE (PC DO B E PT), ajuizaram representação com pedido liminar em face de SEBASTIÃO DE ARAÚJO MELO e COLIGAÇÃO ESTAMOS JUNTOS PORTO ALEGRE por divulgação de pesquisa falsa.

Afirmaram que os representados estariam promovendo, na véspera do segundo turno das eleições, a divulgação de pesquisa fraudulenta e desinformação nas suas páginas oficiais - https://www.facebook.com/MeloSebastiao/posts/3607206442673394 e https://www.instagram.com/p/CIJ33muAgTF/?igshid=1ms2attxzoeu0 - uma vez que o número informado, RS 03118/2020, atribuído à pesquisa pretensamente realizada nos dias 27 e 28 de novembro pelo Datafolha referia-se à pesquisa diversa, realizada por aquele instituto no período de 18 a 24 de novembro, levando o eleitor a crer que se tratava de pesquisa nova.

Invocaram os artigos 10, 14, 17 e 18 da Resolução TSE 23.600/19 e 33 da Lei n. 9.504/97 e sustentaram que a conduta configuraria o crime previsto no art. 18 da citada resolução - divulgação de pesquisa fraudulenta e o disposto no art. 9º da Res. TSE n. 23.610/19.

Requereram tutela de urgência para determinar que os representados excluíssem as publicações objeto da representação das suas redes sociais, bem como se abstivessem de veiculá-la novamente, sob pena de multa de R$ 100.000,00 por hora de descumprimento, bem como fosse concedida tutela específica determinando aos Representados a publicação, nas mesmas páginas, de que a pesquisa era falsa.

Por fim, postularam a procedência com aplicação da multa prevista no art. 17 da Resolução TSE 23.600/2019 em patamar máximo, e o encaminhamento do feito ao MPE para apuração do crime previsto no art. 18 da Resolução TSE n. 23.600/19.

Foi concedida em parte a tutela de urgência, determinando-se aos Representados a imediata exclusão das publicações em todas as suas redes sociais, bem como se abstivessem de veiculá-la por quaisquer meios, sob pena de multa (id 47858451).

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Intimado na pessoa do seu advogado (id 47858506), sobreveio petição do primeiro representado, Sebastião Melo, manifestando ciência da decisão e informando que, tão logo tomou conhecimento de que a origem da pesquisa não era fonte confiável, tomou todas as providências visando à respectiva exclusão das mídia sociais.

Notificados para apresentar defesa (id 52511852), apenas o representado Sebastião Melo compareceu aos autos.

Disse que apenas replicaram divulgação dos veículos de comunicação da BAND, que goza de alto prestígio por exercer jornalismo de credibilidade; que diante da confirmação da referida empresa de que a pesquisa não era verdadeira, promoveu a imediata exclusão das mídias de propaganda eleitoral, fato informado nos autos logo após serem intimados da concessão da liminar (id 53935678).

O Ministério Publico Eleitoral requereu seja requisitado investigação perante a autoridade policial federal para apuração de eventual crime eleitoral e manifestou-se pela procedência da representação (id 54716080).

É o relatório. Decido.

Consigno, por primeiro, a revelia da Coligação, que embora tenha juntado procuração no Id 53938691, não apresentou defesa, a qual foi apresentada apenas em nome do representado Sebastião de Araújo Mello.

A revelia, como se sabe, acarreta a presunção de serem verdadeiros os fatos apontados na inicial.

De qualquer maneira, a alegação da inicial de que os representados

publicaram pesquisa não registrada, com dados falsos, um dia antes da votação do 2º

turno, além de ter ficado provada, não foi contestada. Ao contrário, tão logo concedida a

liminar aportou petição aos autos informando que logo tiveram conhecimento de que a

"origem da pesquisa não era de fonte confiável", foram tomadas as providências para

exclusão das veiculações nas mídias.

Sustentam a defesa no fato de terem

replicado divulgação dos veículos de

comunicação da BAND, a qual goza de alto prestígio por exercer jornalismo de credibilidade, bem como na boa fé.

Como referido na decisão inicial:

Pelo que consta nas publicações, a pesquisa divulgada teria sido realizada

pelo Instituto Datafolha, nos dias 27 e 28 de novembro, sob nº de Registro RS

03118/2020. No entanto, referido registro pertence a outra pesquisa realizada pelo

IBOPE, em que a coleta de dados ocorreu em dias anteriores 18 a 24 de novembro,

cujos resultados já foram publicados.

De outro lado, não se localiza pesquisa do Instituto Datafolha, junto às

informações do TSE,

https://pesqele.tse.jus.br/pesqele-publico/app/pesquisa/listar.xhtml

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Em razão da veiculação de resultado de pesquisa a um registro que

corresponde à pesquisa anterior, realizada por instituto diverso, está-se diante de

publicação de pesquisa não registrada.

I n c l u s i v e h o u v e n o t í c i a n e s s e s e n t i d o , p u b l i c a d a

em

https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/kellymatos/noticia/2020/11/,datafolhan e g a t e r r e a l i z a d o p e s q u i s a d e i https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/kellymatos/noticia/2020/11/,datafolhan t e https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/kellymatos/noticia/2020/11/,datafolhan c a o d e v o t o e m p o r t o a l e g r e

-cki2g8tll003m014lbxb8jnu7.html, na qual o Instituto Datafolha negou no dia anterior ter

realizado pesquisa de intenção de votos para a prefeitura de Porto Alegre na eleição

deste ano.

Pois bem, não é caso de perquirição de boa fé, mas de exigir-se responsabilidade na divulgação de dados tão importantes, especialmente para o dia em que foram publicadas, e mínima preocupação com as informações prestadas nas mídias sociais.

Veja-se que há preocupação do sistema eleitoral com a divulgação de dados

publicados na propaganda eleitoral, através do artigo 9º da Resolução 23.610, prevendo a

verificação da fidedignidade da informação, com razoável segurança para sua utilização:

Art. 9º A utilização, na propaganda eleitoral, de qualquer modalidade de conteúdo, inclusive veiculado por terceiros, pressupõe que o candidato, o partido ou a coligação tenha verificado a presença de elementos que permitam concluir, com razoável segurança, pela fidedignidade da informação, sujeitando-se os responsáveis ao disposto no art. 58 da Lei nº 9.504/1997, sem prejuízo de eventual responsabilidade penal.

O objetivo da lei é o de prevenir a desinformação na propaganda eleitoral. E no caso concreto, a pesquisa sem registro e com dados não verdadeiros foi alardeada nas mídias sociais do candidato eleito e de sua Coligação.

Cada candidato ou coligação possui um departamento jurídico, como se sabe, até mesmo pela propositura de ações ou defesas apresentadas à Justiça Eleitoral nesse pleito municipal, sendo inadmissível que uma pesquisa inexistente, usando de dados falsos, tenha sido publicada sem a prévia conferência ao sistema Pesquele do TSE.

Também não se pode escudar a defesa na alegada credibilidade da empresa de comunicação Bandeirantes, que teria publicado o resultado da falsa pesquisa, porque esta também responde pelas consequências da infringência legal, nos termos do artigo 21 da Resolução 23.600/2019 do TSE:

Art. 21. Os responsáveis pela publicação da pesquisa não registrada ou em desacordo com as determinações legais, inclusive o veículo de comunicação social, poderão arcar com as consequências da publicação, mesmo que estejam reproduzindo matéria veiculada em outro órgão de imprensa.

Indubitável, portanto, a ocorrência do fato e a responsabilidade dos representados que agiram com falta de precaução e cuidado. A eventual existência de crime deverá ser apurada na seara adequada.

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Art. 17. A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações constantes do art. 2º desta Resolução sujeita os responsáveis à multa no valor de R$ 53.205,00 (cinquenta e três mil, duzentos e cinco reais) a R$ 106.410,00 (cento e seis mil,

quatrocentos e dez reais) (Lei nº 9.504/1997, arts. 33, § 3º, e 105, §

2º).

E, ainda, o artigo 33, § 3º da Lei 9504/97:

Art. 33. As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, junto à Justiça Eleitoral, até cinco dias antes da divulgação, as seguintes informações:

§ 3º A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações de que trata este artigo sujeita os responsáveis a multa no valor de cinqüenta mil a cem mil UFIR.

O ocorrido, além de grave, é inusitado no RS, porque não se localizou caso

semelhante na jurisprudência do Tribunal deste Estado. Os casos localizados sempre apontaram um diferencial, seja de ilegitimidade do candidato, da coligação, do Partido, ou a publicação não caracterizava uma pesquisa eleitoral, ou a publicação fora feita em página de eleitor, etc.

De todo modo, analisando as referidas ementas que seguem verifica-se a formação de entendimento no sentido de interpretação restritiva do art. 33, § 3º, da Lei n. 9.504/97, para que o sancionamento previsto seja limitado ao responsável pela divulgação da pesquisa (o caso discutiu a responsabilidade da Coligação).

COLIGAÇÃO. LEI N. 12.891/13. ART. 241 DO CÓDIGO ELEITORAL E § 5º DO ART. 6º DA LEI N. 9.504/97. SOLIDARIEDADE RESTRITA A CANDIDATO E RESPECTIVO PARTIDO. ART. 96, § 11, DA LEI N. 9.504/97. EXIGÊNCIA. COMPROVAÇÃO DO PARTIDO NO ILÍCITO. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. ART. 33, § 3º DA N. LEI 9.504/97. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. MÉRITO. ART. 33 DA LEI N. 9.504/97. REQUISITOS LEGAIS. AUSÊNCIA. SITUAÇÃO QUE POSSA LEVAR O ELEITOR A ERRO. INEXISTÊNCIA. ENQUETE OU S O N D A G E M . C A R A C T E R I Z A D A . M U L T A . A U S Ê N C I A D E PREVISÃO LEGAL. PROVIMENTO. ELEIÇÕES 2016.

1. Preliminar de ilegitimidade da coligação acolhida. As alterações promovidas pela Lei n. 12.891/13 ao parágrafo único do art. 241 do Código Eleitoral e ao § 5º do art. 6º da Lei das Eleições restringe o alcance da solidariedade "aos candidatos e aos respectivos partidos, não alcançando outros partidos, mesmo quando integrantes de uma mesma coligação". Da mesma forma, com o acréscimo do § 11 ao art. 96 da Lei 9.504/97, a legislação eleitoral passou a exigir a comprovação da participação do partido para sua responsabilização pelas condutas imputadas ao candidato. Em atenção ao princípio da legalidade, impõe-se uma interpretação restritiva do art. 33, § 3º, da Lei n. 9.504/97, de modo que o sancionamento previsto deve ser limitado ao responsável pela divulgação da pesquisa.

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2. Mérito. Inexiste nos autos elementos que possam inferir a contratação de entidade ou empresa profissional para a realização de pesquisa eleitoral dotada de um mínimo rigor metodológico, nos termos do art. 10 da Resolução TSE n. 23.453/15. A publicação deu-se na rede social Facebook, deu-sem menção aos critérios técnicos adotados a uma pesquisa técnica específica. Ao revés, partiu de eleitores como simples manifestação de apoio e de superioridade de seu candidato. Tal situação não pode ser equiparada àquela que o legislador visou coibir com a aplicação de severa penalidade pecuniária. Caracterizada a conduta como divulgação de enquete ou sondagem, prevista no art. 23, parágrafo único, da Resolução TSE n. 23.453/15. Embora consista em prática vedada, incabível a aplicação de multa, em razão da ausência de previsão legal.

Provimento.

Por unanimidade, acolheram a preliminar de ilegitimidade passiva com relação à coligação representada e deram provimento ao recurso, a fim de afastar a multa imposta.

ELEIÇÕES 2016. AGRAVOS REGIMENTAIS. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. PROCEDÊNCIA. REITERAÇÃO DE ARGUMENTOS. SÚMULA Nº 26/TSE. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO AFASTADO. CANDIDATOS. ÚNICOS RESPONSÁVEIS PELA CONDUTA ILÍCITA. SÚMULAS Nº 30 E 24/TSE. DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA. USO INDEVIDO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO. J O R N A L . D I V U L G A Ç Ã O M A C I Ç A . P E S Q U I S A E L E I T O R A L IRREGULAR. GRAVIDADE. REPERCUSSÃO. ELEITORADO. ELEMENTOS DE PROVA. ROBUSTEZ. ASPECTOS FÁTICOS. R E E X A M E . I M P O S S I B I L I D A D E . S Ú M U L A N º 2 4 / T S E . DESPROVIMENTO.

1. É inviável o agravo regimental que consiste, essencialmente, na reiteração literal das teses já enfrentadas de forma pormenorizada, sem impugnar, de forma específica, os fundamentos que sustentam a decisão agravada, o que atrai a incidência da Súmula nº 26/TSE. 2. A jurisprudência do TSE, firmada para o pleito de 2016, aponta para a formação do litisconsórcio passivo necessário entre o autor do ilícito e o beneficiário nos casos de abuso de poder econômico, político e de uso indevido dos meios de comunicação social, pois, a teor do art. 22, XIV, da LC nº 64/90, aplica-se a inelegibilidade também a quem praticou o ato (Leading Case: REspe nº 843-56/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe de 2.9.2016. No mesmo sentido: REspe nº 624-54/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 11.5.2018).

3. Não há falar em litisconsórcio passivo necessário no presente caso, porquanto a ilegalidade apurada nesta AIJE, qual seja, a ampla circulação da pesquisa fraudulenta em ato de campanha promovido na véspera da eleição com repercussão na consciência do eleitorado que teve a falsa impressão da vitória dos investigados, segundo a

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premissa firmada pelo TRE/SE, foi atribuída exclusivamente aos ora agravantes, não sendo possível, sem o reexame do acervo fático-probatório dos autos (Súmula nº 24/TSE), concluir que os editores do jornal e o instituto de pesquisa também seriam responsáveis pela prática abusiva. Grifei

4. O entendimento exposto no acórdão regional está em consonância com a jurisprudência do TSE, o que atrai a Súmula nº 30/TSE, óbice igualmente "[...] aplicável aos recursos manejados por afronta a lei" (AgR-AI nº 82-18/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 11.10.2018).

5. Impossível reconhecer os vícios apontados, visto que, de acordo com a pacífica jurisprudência desta Corte, "o art. 275 do Código Eleitoral, c/c o art. 93, IX, da CRFB/88, é satisfeito sempre que a Corte de origem enfrenta a matéria supostamente omissa e todas as demais questões necessárias ao deslinde da causa" (REspe nº 196-50/SC, Rel. Min. Luiz Fux, PSESS de 13.12.2016).

6. A fundamentação desenvolvida ao longo do aresto regional foi pródiga na indicação das provas - 3 (três) declarantes, 2 (duas) testemunhas (os proprietários do Instituto França de Pesquisa e do jornal A Gazeta) e documentos, inclusive mídia - que comprovam, sem nenhuma dúvida, que os agravantes, às vésperas das eleições de 2016, em meio a fogos de artifício, por interpostas pessoas, distribuíram, a partir do comitê de campanha, no Município de Riachão d o D a n t a s / S E , u m a g r a n d e q u a n t i d a d e d e j o r n a i s com pesquisa eleitoral - quadro extremamente vantajoso - prática não permitida por esta Justiça especializada, a fim de influenciar o resultado do pleito.

7. Como anotado na decisão agravada, a gravidade do ilícito foi robustamente revelada pela distribuição maciça de exemplares de jornal contendo pesquisa eleitoral proibida, grande distorção entre os dados da pesquisa e o resultado das urnas - "[...] a conduta aqui analisada teve aptidão para influenciar no resultado das urnas" (fl. 799) -, pequena diferença entre a chapa vencedora e a segunda colocada e vasta repercussão dos fatos por se tratar de município de pequeno porte.

8. Desse modo, reafirma-se que, para acolher as teses recursais, seria necessária nova incursão no conjunto fático-probatório dos autos, providência vedada nesta instância especial, a teor da Súmula nº 24/TSE.

9. Agravos regimentais desprovidos.

Inegável que as pesquisas eleitorais têm grande poder de influência sobre os

eleitores, pois se caracterizam como uma prévia das intenções de voto, especialmente

pelos indecisos ou pelos defensores do voto útil. Ainda, pondere-se existir um grau de

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confiança no complexo trabalho realizado pelas empresas especializadas em pesquisas

eleitorais, pela opinião pública.

Considere-se que o instituto escolhido como responsável pela pesquisa

impugnada foi nada menos que o Datafolha, reconhecidamente idôneo.

A legislação obriga os interessados ao prévio registro da metodologia de

trabalho, para viabilizar o controle público e judicial das pesquisas, como se verifica do

art. 33 da Lei n. 9.504/97, estabelecendo elevada penalidade pecuniária para o caso de

divulgação sem prévio registro.

Considerando tudo quanto está fundamentado, gravidade da situação, dia da

ocorrência do fato impossibilidade de aceitação da alegada boa-fé, bem como a inegável

influência do resultado da pesquisa não verdadeira nos eleitores, fixo a pena de multa no

máximo previsto, ou seja, em R$ R$ 106.410,00 (cento e seis mil, quatrocentos e dez

reais).

Além disso, o fato deverá ser apurado criminalmente, pela Polícia Federal,

em relação ao candidato eleito, bem como à empresa de comunicação Grupo

Bandeirantes de Comunicação.

DIANTE DO EXPOSTO JULGO PROCEDENTE a presente representação

movida por

MANUELA PINTO VIEIRA D’ÁVILA e COLIGAÇÃO MOVIMENTO MUDA PORTO

ALEGRE

para o fim de CONDENAR os representados S

EBASTIÃO DE ARAÚJO MELO e COLIGAÇÃO ESTAMOS JUNTOS PORTO ALEGRE, solidariamente, ao pagamento de multa no valor de R$

106.410,00 (cento e seis mil, quatrocentos e dez reais), com base no artigo

33, § 3º da Lei n. 9.504/97 e artigo 17 da Resolução n. 23.600 do TSE.

Requisite-se apuração de eventuais crimes eleitorais à autoridade policial

Federal.

Considerando que a procuração juntada aos autos foi outorgada pela

Coligação, enquanto a defesa é apenas do representado Sebastião Melo, intime-se para

que regularize a representação processual no mesmo prazo de recurso, ou seja, de um

dia.

Publique-se.

Intimem-se.

Dil. Legais.

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Gladis de Fátima Canelles Piccini

Juíza Eleitoral da 158ª Zona.

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