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Rancho Kalunga no Vão de Almas

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Academic year: 2021

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Rancho Kalunga no Vão de Almas

Magalhães, Nancy Alessio; Koyanagi, Raquel

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Zeitschriftenartikel / journal article

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Magalhães, N. A., & Koyanagi, R. (2013). Rancho Kalunga no Vão de Almas. Revista Perspectivas do Desenvolvimento: um enfoque multidimensional, 1(1), 198-201. https://nbn-resolving.org/urn:nbn:de:0168-ssoar-398476

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ENSAIO FOTOGRÁFICO

Rancho Kalunga no Vão de Almas

Nancy Alessio Magalhães1

Raquel Koyanagi2

Os quilombolas Kalunga3, que vivem nos municípios de Cavalcante, Teresina de

Goiás e Monte Alegre no estado de Goiás, podem se dividir em cinco sub-áreas: Vão do

1Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação

Internacional do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares, do Programa de Pós-Graduação em História e do NECOIM/CEAM da UnB.

2Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional

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Moleque, Ribeirão dos Bois, Vão de Almas, Contenda e Vão do Kalunga. Cada sub-área pode estar, por sua vez, dividida em inúmeras outras localidades, como Riachão, Ema, Engenho II etc. (Baiochi, 1995).

Estima-se que são cerca de 4.000 habitantes Kalunga no norte de Goiás e 1.000 moradias. Muitas delas são construídas com tijolo adobe e forradas com folhas de buritis. O território Kalunga apresenta os índices mais baixos de desenvolvimento humano - IDH do estado de Goiás4.

Por estarem dispersos em diversas localidades, depreende-se que os que estão mais próximos das áreas urbanas acabam por ter mais acesso às políticas públicas do que os demais. Um exemplo disso está na comunidade do Engenho II, onde a energia chegou com o Programa Luz para Todos5, enquanto outras comunidades, como a de Vão de

Almas, ainda não foram atendidas por esse Programa.

A foto aqui considerada faz parte de um conjunto registrado por dois pesquisadores e estagiárias da equipe do projeto "Memórias de quilombolas Kalunga em romaria no Vão de Almas" (2012) coordenado pela Professora Nancy Alessio Magalhães, no qual esta doutoranda participa. Essa foto integra o conteúdo de um livro, no prelo, que será publicado no segundo semestre de 2013 e difundido entre os Kalunga, principalmente nas escolas públicas municipais e estaduais, em Cavalcante6.

Comunidade Kalunga no Vão De Almas

A Comunidade Kalunga no Vão de Almas fica a 35 quilômetros de Cavalcante. De acordo com Carvalho (2010), em boas condições de tempo, transporte e estrada, o trecho poderia ser feito em menos de uma hora, mas se gasta cerca de três horas para fazer o percurso, tendo em vista que a estrada é de terra, há muitas serras e pequenos trechos de rios para atravessar. Somente um veículo com tração consegue fazer a ligação entre a sede do Município e o Vão de Almas. Segundo moradores, em época de chuva, por vezes, é possível chegar a Cavalcante só com barco. E no período de estiagem, quase sempre a pé ou no lombo de burro, pois apenas um pequeno caminhão circula como transporte particular pago.

O Engenho II fica a 27 quilômetros de Cavalcante, mas o acesso por estrada de

3Decreto 019, de 20 de novembro de 2009; Decreto 4887/2003.

4 Portal de Convênios do Governo Federal. Proposta 1462611.Proposta 1462611.Proposta 1462611. (s/d). Disponível no site: Proposta 1462611.

http://api.convenios.gov.br/siconv/dados/proposta/1462611.html

5 Programa Luz para todos, Ministério das Minas e Energia, disponível no site:

luzparatodos.mme.gov.br/luzparatodos/Asp/o_programa.asp

6A referida foto foi também apresentada na Mostra Fotográfica para a disciplina de Teoria do

Desenvolvimento I/PPGDSCI/CEAM, ministrada pelas professoras Leides Barroso de Azevedo Moura e Maria de Fátima Souza e Silva, no 1º semestre de 2013.

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terra é bem menos acidentado. É possível ir de carro sem tração nas quatro rodas, embora também não circule transporte público.

Esta foto de um rancho - assim denominado pela maioria dos moradores - traduz um pouco da experiência diária dos que vivem no Vão de Almas. Foi registrada num local onde se realiza no mês de agosto, todos os anos, a Romaria de Nossa Senhora da Abadia. Em 2012, a festa ocorreu nos dias 11 a 17.

Neste local não mora ninguém. Ele é habitado somente no período dessa Romaria, não há energia elétrica e nem água canalizada e tratada. Todos os anos, dias antes da Romaria, os moradores limpam seus ranchos e/ou armam barracas. Levam utensílios domésticos, roupas, alguns alimentos, instrumentos musicais e assim permanecem neste local em média sete dias.

De acordo com Brandão (2004, p. 26):

Essas atividades festivas religiosas são circulares, demarcam a passagem do tempo, o cultivo da terra, as respectivas colheitas, e se tornam, também, uma oportunidade para que as pessoas de toda a comunidade congreguem fé, alegria, política e “matem a saudade”.

Na comunidade Kalunga do Engenho II, a energia chegou com o Programa Luz para Todos em 2004. O que contribuiu para uma melhoria de parte das condições de vida daqueles moradores, o que não aconteceu no Vão de Almas, como alega a maioria dos que lá vivem. No Engenho II, restaurantes funcionam com alguma infraestrutura, decorrente da utilização da energia elétrica, o que possibilita a oferta da chamada cozinha caseira, que atrai turistas e outras pessoas de fora que demandam por conhecer esta região. Por outro lado, há escola com relativa estrutura, e um prédio com um laboratório de informática, que está abandonado e ocioso por falta de uso.

Observações finais

Compreende-se que o acesso ao uso da energia elétrica seja um fator pertinente na conquista de direitos por grupos excluídos, porém, desde que efetivamente seja utilizada de modo geral por esses grupos, no seu cotidiano prático concreto. Somente assim, pode proporcionar o resgate social das comunidades, ampliar chances de desenvolvimento, entre outras, nas áreas de saúde e educação.

É a partir desta perspectiva, que este contraste de atendimento pode gerar procedente questionamento: por que o Programa Luz para Todos não foi e não é estendido às demais comunidades Kalunga?

Contudo, ainda que esquecidos pelas instâncias federais, estaduais e municipais de governo, os Kalunga mantêm suas tradições, através da cultura e da memória, como

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acontece no festejo de Nossa Senhora da Abadia, em que lutam pelo uso coletivo de geradores necessários para a realização desta festa, como ritual de devoção, como encontro de experiências entre várias gerações.

Referências

BAIOCHI, MARI. Kalunga: Povo da Terra.Kalunga: Povo da Terra.Kalunga: Povo da Terra.Kalunga: Povo da Terra. Editora UFG: GO, 1995.

BRANDÃO, Carlos. Rodrigues. De tão longe eu venho vindo: símbolos, gestos e De tão longe eu venho vindo: símbolos, gestos e De tão longe eu venho vindo: símbolos, gestos e De tão longe eu venho vindo: símbolos, gestos e rituais do catolicismo popular em Goiás

rituais do catolicismo popular em Goiás rituais do catolicismo popular em Goiás

rituais do catolicismo popular em Goiás. Goiânia: Ed. UFG, 2004.

CARDOSO, J. A. Comunidade Kalunga do Norte de Comunidade Kalunga do Norte de Comunidade Kalunga do Norte de Comunidade Kalunga do Norte de Goiás recebe estudo com Goiás recebe estudo com Goiás recebe estudo com Goiás recebe estudo com ‘Identidade Visual e Manual de Uso’, com objetivo de transferir valor histórico e ‘Identidade Visual e Manual de Uso’, com objetivo de transferir valor histórico e ‘Identidade Visual e Manual de Uso’, com objetivo de transferir valor histórico e ‘Identidade Visual e Manual de Uso’, com objetivo de transferir valor histórico e cultural aos seus produtos e serviços.

cultural aos seus produtos e serviços. cultural aos seus produtos e serviços.

cultural aos seus produtos e serviços. Agência Sebrae de Notícias GO. 15.10.2010.

Disponível no site:

http://www.go.agenciasebrae.com.br/noticia.kmf?canal=784&cod=10813879. Acesso em

março de 2013.

CARVALHO, ANDRÉ. Cavalcante (GO) guarda parte do Brasil que poucos Cavalcante (GO) guarda parte do Brasil que poucos Cavalcante (GO) guarda parte do Brasil que poucos Cavalcante (GO) guarda parte do Brasil que poucos conhecem.

conhecem. conhecem.

conhecem. ASCOM/MDS. 16/04/2010. Disponível no site:

http://www.mds.gov.br/saladeimprensa/noticias/2010/abril/ministra-marcia-lopes-conhece-um-brasil-que-o-brasil-pouco-conhece. Acesso em 30/05/2013.

IPHAN////UnB/Finatec. Memórias de quilombolas Kalunga em romaria no Vão de Memórias de quilombolas Kalunga em romaria no Vão de Memórias de quilombolas Kalunga em romaria no Vão de Memórias de quilombolas Kalunga em romaria no Vão de Almas 2012/ 2013

Almas 2012/ 2013 Almas 2012/ 2013

Almas 2012/ 2013, Livro organizado pela Professora Nancy Alessio Magalhães (no prelo).

JUNIOR, AUGUSTO RODRIGUES DA SILVA. Festejo quFestejo quFestejo quFestejo quilombola: o Kalunga, ilombola: o Kalunga, ilombola: o Kalunga, ilombola: o Kalunga, o divino, o verso

o divino, o verso o divino, o verso

o divino, o verso. IV ENECULT - Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. 28 a 30 de maio de 2008. Faculdade de Comunicação/UFBa, Salvador-Bahia-Brasil. Disponível no site: http://www.cult.ufba.br/enecult2008/14640.pdf. Acesso em 30/05/2013.

PORTAL DE CONVÊNIOS DO GOVERNO FEDERAL. Proposta 1462611.Proposta 1462611.Proposta 1462611.Proposta 1462611. (s/d). Disponível no site: http://api.convenios.gov.br/siconv/dados/proposta/1462611.html. Acesso em março de 2013.

Recebido em: 26/08/2013

Aprovado em: 27/08/2013

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