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O envolvimento do Brasil na II Guerra Mundial através das páginas da revista Cultura Política

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Academic year: 2021

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IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação

PUCRS

O envolvimento do Brasil na II Guerra Mundial

através das páginas da revista “Cultura Política”

Fernanda dos Santos Bonet, Luciano Aronne de Abreu (orientador)

Programa de Pós – Graduação em História, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, PUCRS,

Resumo

O Estado Novo, através do Departamento de Imprensa e Propaganda, desenvolveu inúmeros instrumentos de comunicação visando propagar os valores e os ideais do regime. A revista “Cultura Política” foi uma dessas ferramentas, sendo seu objetivo a produção do discurso, servindo como ponto de referência para intelectuais incumbidos de divulgar o regime e para o corpo burocrático do Governo, pois nela encontrava-se as justificativas dos planos e das ações do Estado nos diversos setores. Este periódico foi publicado entre os anos de 1941 e 1945, período que corresponde ao envolvimento gradual do Brasil na II Guerra Mundial. Assim, o presente trabalho tem por objetivo analisar o discurso oficial, presente nesta revista, sobre o envolvimento do Brasil no conflito mundial

.

Introdução

A pesquisa terá como foco o estudo da história política brasileira entre os anos de 1941 e 1945 visando verificar como a participação do Brasil na II Guerra Mundial foi documentada nas páginas da revista “Cultura Política”.

O período conhecido na história nacional como Estado Novo teve seu início no dia 10 de novembro de 1937, quando o Congresso Nacional foi fechado e uma nova Constituição foi promulgada. Sob o comando de Getúlio Vargas, essa nova forma de governo foi imposta e justificada como a mais adequada para a realidade e para as necessidades do país (Vianna, 1939), além de proteger a unidade e a segurança nacional do perigo representado pela liberdade política (FARIAS; BARROS, 2001). A nova Constituição centralizava o poder nas mãos do presidente, fortalecia a intervenção estatal na economia e estimulava a organização sindical em moldes corporativistas.

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Dois anos depois os conflitos e tensões que ocorriam na Europa durante toda a década de 1930 se intensificam e, no dia 1° de setembro de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha, tem início oficialmente a II Guerra Mundial.

Esse conflito teve um papel importante nessa fase da história do Brasil, tanto por questões econômicas, quanto por questões políticas e culturais. Estados Unidos e Alemanha lutavam por um posicionamento do Brasil. Enquanto isso, Vargas negociava vantagens comerciais com os dois países.

A criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), em 1939, demonstra a preocupação do governo em se comunicar com a população, transmitindo as idéias e os valores do regime (OLIVEIRA, 1982). O Departamento era dividido em diversos setores e seus objetivos visavam difundir a imagem do Estado Novo e combater a veiculação de todas as mensagens contrárias ao novo regime. “[. . .]o órgão deveria ser um grande mecanismo de promoção da figura do chefe do Estado, das autoridades que o cercavam e das iniciativas políticas então implementadas, produzindo e divulgando o noticiário oficial e supervisionado todos os instrumentos de comunicação de massa” (GOMES, 1999, p. 126). O DIP, assim, coordena a comunicação social do Governo, propagando os valores do novo regime, censurando e eliminando as idéias indesejáveis, buscando realizar a uniformidade da mensagem. Realiza, ainda, a promoção do sentimento nacionalista, a transformação da imagem do brasileiro “malandro” em homem trabalhador e valoriza a imagem de Getúlio Vargas.

Eram responsabilidades do DIP, também, algumas publicações oficiais, dentre elas a revista “Cultura Política” - fonte para a realização da presente pesquisa. Este periódico foi editado na seção Imprensa, de acordo com a proposta desse departamento de editar materiais que transmitissem as idéias e os valores do Estado Novo. Conforme coloca Gomes (1999, p.127), “a revista nascia como a voz oficial da proposta estado-novista”.

Publicada mensalmente, entre os anos de 1941 e 1945, era vendida nas bancas de revistas do Rio de Janeiro e de São Paulo (VELLOSO, 1982), estando disponível também para assinatura, conforme informação contida na folha de rosto da revista. Durante todo seu período de existência, Almir de Andrade foi quem a dirigiu, tendo sido escolhido diretamente pelo presidente para essa atribuição. A publicação trazia estudos de diversos intelectuais, tendo como objetivo explicar as mudanças que estavam ocorrendo no país, além

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A revista “Cultura Política”, portanto, foi “a de maior fôlego, reunindo em número significativo a nata da intelectualidade oficial” (GOULART, 1990 p.89), voltada diretamente para a produção do discurso, visava informar a elite intelectualizada, que a estudava sistematicamente

.

Pretendo, portanto, com a presente pesquisa, analisar o discurso oficial sobre o envolvimento do Brasil nesta guerra publicados em “Cultura Política”, tendo como hipótese que a II Guerra foi utilizada pelo governo para sustentar sua relação de dominação. Assim, entendo que há na revista a tentativa de explicar, a partir dos textos sobre o envolvimento do Brasil na Guerra, a relevância do Estado Novo e de seus princípios fundamentais (centralização, autoritarismo e nacionalismo) bem como a justificativa sobre sua política externa de apoio aos países democráticos no conflito, principalmente aos EUA.

Metodologia

O primeiro passo da pesquisa foi selecionar de forma ampla, através do sumários das revistas, os textos que apresentavam, em seu titulo, alguma relação com questões do envolvimento do Brasil na II Guerra Mundial, como política externa, crise moderna, defesa nacional, mobilização, forças armadas, imigração, economia, industrialização brasileira, e sobre a guerra propriamente dita; além dos discursos de Vargas publicados como editorial.

Após essa seleção, realizei o que em análise de conteúdo se denomina leitura flutuante do material de forma a identificar os principais temas abordados. Considerando a hipótese de trabalho que o discurso oficial sobre o envolvimento do Brasil na II Guerra Mundial foi utilizado para sustentar o regime político vigente – o Estado Novo, selecionei os textos que apresentavam um discurso político, ou seja, artigos que, fazendo relação com o envolvimento do Brasil na II Guerra Mundial: definissem, explicassem ou justificassem a política externa e interna do Estado Novo, os princípios e os pressupostos que fundamentam as ações políticas do regime; definissem e explicassem o que o governo esperava da sociedade; mostrassem o que estava sendo feito ou como deveria ser a organização militar e social.

Em seguida esses textos forma agrupados em categorias e estão sendo analisados de acordo com o método da analise de conteúdo.

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A partir da seleção geral dos artigos da revista obtive 263 artigos. Através da leitura flutuante desse material verifiquei que 04 textos haviam sido publicados duas vezes e que 42 não faziam relação direta com o envolvimento do Brasil na II Guerra Mundial.

Os 217 artigos restantes abordavam assuntos referentes a questões políticas (sobre a política interna e externa do governo); questões militares (sobre estratégia, equipamento, função e organização das Forças Armadas, defesa nacional); questões sócio-econômicas (explicavam a economia do Brasil na guerra; diziam como a sociedade deveria se organizar ou qual seu papel no conflito); questões sobre a guerra propriamente dita (narravam ou analisavam o conflito mundial).

De acordo com meus objetivos e hipóteses selecionei 126 textos que apresentavam um discurso político. Dessa forma, não me interessaram, para o presente trabalho, 91 artigos que abordavam assuntos técnicos – militares (sobre equipamentos, estratégia e conceitos de guerra); sobre historia, literatura e bibliografia militar; sobre a Guerra propriamente dita; sobre a guerra e o papel do cinema, ou sobre como proteger as obras de arte durante o conflito; artigos que apresentavam as obras de assistência social (L.B.A.; Cruz Vermelha e Banco de Sangue) e o papel da mulher; que abordavam tecnicamente questões sobre a economia brasileira; que reproduziam leis e resoluções; ou que abordavam assuntos de nutrição e saneamento.

Os 126 artigos selecionados, que continham um discurso político, foram divididos nas seguintes categorias:

• Política interna: abrangendo 46 textos que definem e explicam as ações internas do governo; a entrada do Brasil na Guerra; e o que o governo quer da sociedade;

• Política externa: reúne 26 artigos sobre as relações externas do Brasil;

• Política militar: contém 20 textos sobre a função e a organização das Forças Armadas; • Esforço de guerra: reúne 34 artigos que mostram as ações do governo e da sociedade

para o período da guerra ou que explicam como a sociedade deveria se organizar e qual seria seu papel neste momento de conflito.

Conclusão

Na atual etapa da pesquisa estou realizando a análise deste material selecionado de acordo com o método de análise de conteúdo, conforme dito anteriormente.

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FARIA Antonio A. da Costa; BARROS, Luiz Edgarg. Getúlio Vargas e sua época. 9 ed. São Paulo: Global, 2001.

GOMES, A. M. C. . História e historiadores: a política cultural do Estado Novo. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1999.

GOULART, Silvana. Sob a Verdade Oficial: Ideologia, propaganda e censura no Estado Novo. São Paulo: Marco Zero, 1990. 175p.

OLIVEIRA, Lúcia Lippi. Apresentação e Introdução. In OLIVEIRA, Lúcia Lippi (org.). Estado Novo: Ideologia e Poder. Rio de Janeiro: Zahar, p.7-31,1982

VELLOSO, Mônica Pimenta. Cultura e poder político. In OLIVEIRA, Lúcia Lippi (org.). Estado Novo: Ideologia e Poder. Rio de Janeiro: Zahar, p. 72-108,1982.

Referências

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