OS IMPACTOS DO BENEFÍCIO BOLSA FAMÍLIA NA VIDA ESCOLAR DAS CRIANÇAS DO BAIRRO AEROPORTO: A INTERFERÊNCIA DA
CONDICIONALIDADE FREQUENCIA ESCOLAR NA VIDA DAS CRIANÇAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
Nadja Sant ‘Ana Bispo De Souza Resumo: O objetivo desta pesquisa consiste na identificação dos beneficiários do programa bolsa família e o seu cumprimento das regras estabelecidas pelo programa no que tange a frequência escolar das crianças residentes no bairro Aeroporto da cidade de Corumbá MS, assim como, quais são as dificuldades para se cumprir a condicionalidade e que ações podem ser realizadas a fim de minimizar a situação de risco e vulnerabilidade que se encontram. O trabalho intersetorial neste processo é fundamental e o encaminhamento dessas famílias para à rede de Assistência Social colaboram para que elas possam superar a vulnerabilidade e voltem a cumprir os compromissos; e dessa forma contribuam para o desenvolvimento saudável das crianças, garantindo que concluam a educação básica, interrompendo assim o ciclo intergeracional da pobreza.
Palavras-chave: Condicionalidade. Frequência escolar. Bolsa Família.
INTRODUÇÃO
Grande parte das famílias brasileiras vive em situação de pobreza devido ao elevado índice de concentração de renda apenas a um pequeno percentual de pessoas.
Sendo assim, objetivando contemplar essas famílias de forma a garantir uma renda mínima o governo federal criou o Programa Bolsa Família, que tem como proposta a promoção da articulação com outros programas e políticas sociais promovendo e facilitando ações intersetoriais.
Essas ações estão inseridas no cumprimento das condicionalidades para recebimento do benefício e seu objetivo não é punir as famílias, mas sim responsabilizar juntamente ao poder público a garantia dos direitos básicos: educação, saúde e assistência social.
Segundo a folha de pagamentos de abril de 2016, o Município de Corumbá MS tem 7.395 famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família (26,69% da população do município),
representando 103,20% do total estimado de famílias com perfil de renda do programa (dados do MDS/Plano Brasil Sem Miséria no seu Município).
No que tange a condicionalidade da Educação no município 96% das crianças e jovens de 06 a 17 anos vêm sendo acompanhadas pela frequência escolar – Projeto Presença. Esses dados confirmam que o município se encontra acima da média (Média Nacional 86,7%). Importante se faz a continua articulação da Secretaria de Educação e Secretaria de Assistência Social para aumentar o número de famílias cujos filhos têm frequência escolar verificada.
Para o Programa Bolsa Família a Educação é um dos eixos de emancipação das crianças e jovens beneficiárias, pois visa a obtenção de uma aprendizagem qualitativa e que, portanto, assegura o seu direito educação embasadas legalmente na CF/1988, Art.205, que preconiza a educação como um direito de todos e dever do Estado e da família; Art. 206, que estabelece a igualdade para o acesso e a permanência na escola; e no Art. 208 que versa sobre a garantia do ensino fundamental obrigatório e gratuito.
Sendo assim, a exigência da frequência escolar mínima das crianças e jovens beneficiárias do programa bolsa família está pautada à interrupção do chamado ciclo intergeracional da pobreza, ou seja, a promoção de melhores condições para os mesmos que, quando adultas, possam ter acesso ao mercado de trabalho.
Trabalho a seis anos no setor do Cadastro Único / Bolsa Família atendendo diretamente as famílias beneficiárias do programa. Tenho observado essa temática com certos questionamentos. Diante dessa perspectiva indaga-se: qual o impacto da condicionalidade frequência escolar na vida das crianças beneficiárias? Que ações complementares ao programa poderiam ser realizadas de forma a suprir as necessidades da família?
Sendo assim o objetivo deste trabalho é analisar o impacto do programa de transferência de renda do governo federal Bolsa Família sobre a evasão escolar. A justificativa desta proposta relaciona-se à constatação de que, apesar da frequência escolar ser uma condição para o recebimento da Bolsa Família, não há evidências de redução da evasão escolar entre as crianças das famílias pertencentes ao programa, o que sugeriria a necessidade do aprimoramento do programa. Compreendermos o impacto do programa na vida escolar das famílias beneficiárias e direcionar ações complementares para a superação das vulnerabilidades àquelas que apresentam dificuldades para o cumprimento das condicionalidades, identificando as crianças
beneficiárias do Programa Bolsa Família residentes no Bairro Aeroporto; quantas estão em situação de descumprimento da condicionalidade frequência escolar? Quais os motivos? e se estão sendo acompanhadas pela rede socioassistencial.
Nesse aspecto, este estudo centra atenção à interferência da transferência de renda direta com a vida escolar dos beneficiários do programa. E para um estudo direcionado e focalizado, foram escolhidos os alunos beneficiários residentes no bairro Aeroporto, em Corumbá MS.
A reflexão aqui proposta será feita em quatro partes, além desta Introdução e das Considerações Finais. Na primeira, descreve a evolução do principal programa de transferência de renda no Brasil; na segunda, serão apresentadas algumas reflexões sobre a condicionalidade em educação do PBF. Em seguida, a terceira seção apresenta a metodologia e a base de dados utilizadas neste trabalho, enquanto os resultados são apresentados na quarta seção. Por fim, tecemos as considerações finais.
1 BOLSA FAMÍLIA - EVOLUÇÃO
O maior programa de transferência de renda condicionada mostra-se de forma relevante no cenário nacional como veículo de inclusão social e erradicação da pobreza. Conforme pesquisas realizadas nos países os quais possuem o programa implantado, notam-se os impactos positivo relacionado à redução da pobreza e linha da miséria, bem como a diminuição da desigualdade e consequentemente, maior distribuição de renda, tal fato possibilitou sensível melhora na saúde materno infantil, assim como, a frequência escolar. Ações voltadas à saúde e educação são condições necessárias para recebimento do benefício, tendo como pena a suspensão do mesmo em caso não cumprimento dos requisitos. O programa Bolsa Família teve sua implementação no Brasil no ano de 2003 e, por conseguinte, trouxe sensível melhoria nas áreas de saúde materna e infantil, bem como, diminuição da evasão escolar.
O programa Bolsa família nasceu da junção de outros importantes benefícios de transferência de renda custeado pelo governo federal, sendo eles (Auxílio Gás, Bolsa alimentação, Bolsa Escola e cartão Alimentação). Tal junção destes programas teve seu início no ano de 2003 e mantém em atividade até os dias de hoje. Desta união de benefícios houve-se a necessidade da atuação conjunta entres todos os níveis governamentais, onde, Governo
Federal, Estados e Municípios unissem forças no sentido de que o alcance do novo programa de assistência social obtivesse o maior número de contemplados possíveis. A criação deste novo programa sanou uma deficiência que anteriormente pairava na aplicação fiel dos recursos destinados a quem realmente precisava, pois, a falta de uma coordenação efetiva dos recursos findava por vezes em famílias sendo agraciadas por mais de um beneficio, deixando outras famílias a própria sorte. Tal situação acabava por expor a ineficiência dos programas assistências, até mesmo pela diversidade de programas e suas respectivas condicionalidades para o recebimento do benefício.
2 PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA NO BRASIL
2.1 Programa Auxílio-Gás
Garantia o acesso ao gás doméstico para as famílias carentes. Foi criado em 2001, pela Lei nº 10.453/2001, não exigia condicionalidades para o recebimento do benefício, sendo assim, não havia importância do beneficiado estar ou não cadastrado em outro programa assistencial, ou ainda, que seu recurso chegasse a até ½ salário mínimo estaria elegível para o recebimento bimestral do benefício (Brasil,2001).
2.2 Programa Bolsa Alimentação
Implementado também no ano de 2001, tinha como finalidade diminuir deficiências nutricionais e mortalidade infantil junto às famílias carentes. Atingia as futuras mães, lactantes e mães com filhos até a idade de 6 anos. O valor concedido era de R$ 15,00 a cada beneficiário, tendo acompanhamento de agentes comunitários de saúde. Tinha como condição para o recebimento a obrigação de realizar consultas pré-natais, continuidade na amamentação, bem como, acompanhamento do peso das crianças e vacinação atualizada (Brasil, 2001)
2.3 Programa Bolsa Escola
Criado através da Lei nº 10.2019 em 2001 tinha como finalidade diminuir a evasão escolar e permitir o acesso e continuidade das crianças em ambiente escolar, assim como,
envolver a família no processo evolução educacional do seu filho. O valor do benefício para cada família era de R$ 15,00 por filho, sendo três crianças e/ou adolescente o número máximo de beneficiários. Condição para recebimento consistia na frequência escolar acima de 85% (Brasil, 2001).
2.4 Programa Cartão Alimentação
Criado em 2003 tinha como finalidade proporcionar as famílias em estado de insegurança alimentar meios financeiros ou acesso a alimentação necessária para a manutenção da saúde. O valor deste benefício era de R$ 50,00 por família, por tempo de 6 meses, com possibilidade de prorrogação até 18 meses. Condição para recebimento era a família apresentar renda per capita de até meio salário mínimo (Brasil, 2003).
Segundo Sant´Ana (2007) três pontos no Programa Bolsa Família são essenciais para seu desempenho: Junção dos quatro programas de transferência de renda existente até o ano de 2002; condições e cumprimentos das mesmas pelas famílias beneficiárias e; o trabalho conjunto dos Governos (Federal, Estadual e Municipal).
Programas Legislação Elegibilidade Benefícios
Financeiros
Bolsa Escola Lei nº 10.219 de 11/04/2001, e Decreto nº 4.313, de 24/07/2002 Renda familiar mensal de até R$ 90,00 por pessoa, com crianças de 6 a 15 anos R$ 15,00 – benefício mensal por criança, até o limite de R$ 45,00 Bolsa Alimentação MP nº 2.206-1, de 6/09/2011, e Decreto nº 3.934, de 20/09/2001 Gestantes, nutrizes e crianças de 6 meses a 6 anos e 11 meses em risco nutricional R$15,00 – benefício mensal até o limite de R$ 45,00
Auxílio-Gás MP nº 18, de 28/12/2001, e
Renda famílias mensal de até meio
R$7,50 – benefício
Decreto nº 4.102, de 24/01/2002
salário mínimo por pessoa
bimestralmente (R$ 15,00 a cada dois meses
Cartão Alimentação Lei nº 10.689, de 13/06/2003 e Decreto
Renda famílias mensal de até meio salário mínimo por pessoa
R$50,00 – benefício mensal pago à família
Quadro 1. Benefícios financeiros dos programas remanescentes Fonte: MDS/SENARC (2008)
Com o novo programa implementado, O Brasil vem sendo destaque internacional, chamando o interesse de daqueles que participam das políticas sociais, isso por inúmeros motivos. O ponto que mais se destaca são os impressionantes números, uma vez que o benefício alcança por volta de 13,9 milhões de famílias mensalmente, onde, houve a possibilidade da retirada de 36 milhões de pessoas da linha da extrema pobreza, dando acesso a direitos como saúde e educação básica, tendo como contrapartida, obrigatoriedade por parte dos beneficiários do programa, conforme orientação da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (MDS,2008a).
Tendo os programas de assistência social remanescentes migrados a um único programa, permitiu-se a criação de um molde que mais se aproximasse da realidade vivenciadas por inúmeras famílias brasileiras. São critérios para elegibilidade do recebimento famílias com renda per capita de até R$ 85,00, sendo estas consideradas extremamente pobres. Famílias com renda de até R$ 170,00 são classificadas na situação de pobreza, fazendo parte também das pessoas elegíveis ao recebimento do benefício.
Em sua composição, o Programa Bolsa Família possui diferentes configurações de acordo com a família atendida, segundo informações do MDS (2016) os valores se configuram como:
• Um primeiro valor pago é o rendimento de R$ 85,00 para famílias que tenha renda
mensal inferior a R$ 85,00 por pessoa. Esse benefício serve para ajudar aquelas famílias que se encontram em situação de pobreza extrema.
• Outra variável no valor do benefício é o número de filhos de 0 a 15 matriculados na
escola – a cada filho cadastrado, a família recebe um auxílio de R$ 39,00, sendo possível cadastrar no programa até 5 filhos ou dependentes.
• Além disso, as famílias recebem mais R$ 46,00 por cada adolescente entre 16 e 17 que
esteja em dia com os estudos. Nesse caso, é permitido cadastrar até 2 jovens no programa para receber o auxílio.
Um fato relevante quando da junção dos programas sociais, bem como, o sistema de cadastro único possibilitou que a transferência de renda para as famílias cadastradas obtivesse maior alcance e eficácia. Outro aspecto relevante nesse processo foi ter os recursos liberados de forma direta ao beneficiário, evitando desvios de verba. (BRASIL, 2004).
3 CONDICIONALIDADE EM EDUCAÇÃO DO PBF
O Programa Bolsa Família desde sua criação e evolução trouxe outros aspectos tão relevantes quanto à melhora na condição de vida das famílias pobres e extremamente pobres, ou seja, condições exigidas para o recebimento do benefício acabaram por influenciar de maneira positiva principalmente no que tange a educação dos jovens em situação de vulnerabilidade escolar. De acordo com Soares e Sátyro (2010), houve maiores fiscalizações por parte dos órgãos governamentais a respeito das condições para o recebimento do benefício, uma vez que tal cobrança não eram implementadas.
Os programas anteriores ao PBF tinham diferentes administrações, desta forma, os programas sociais apresentavam caráter local, não havendo uma sintonia na eleição ou não das beneficiadas com os programas e consequentemente, a falta de fiscalização seria notória. Desta maneira, a junção dos programas permitiu acompanhar e fiscalizar o acesso de seus beneficiários aos programas de educação, saúde e assistência social, contribuindo no aumento da escolaridade bem como, a inserção destas famílias no contexto social e econômico.
A exigência no cumprimento de condições no que remete a frequência escolar dos beneficiados trouxe impactos de suma importância no processo de inclusão e permanência de crianças ora largadas a sua própria sorte no que se refere ao transcurso educacional.
3.1 Rendimento mensal e frequência escolar
É sabido de todos que muitos grupos familiares no Brasil passam por extrema dificuldade, em face disso, essa dificuldade é fator determinante no sentido de que os jovens deixem de frequentar o ambiente escolar, ou ainda, aqueles que estejam matriculados acabam entrando na estatística da evasão escolar, engrossando a fila de adultos desqualificados profissionalmente e excluídos socialmente.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2004), dados confirmam que quanto mais alto a renda mensal familiar, menor será o índice de crianças e adolescentes fora do ambiente escolar.
Desta forma, fica evidente a relevância da resposta através da educação por parte das famílias beneficiadas pelo PBF. Como mencionado anteriormente uma das condições do PBF a ser realizada pelos grupos familiares, está condicionada a frequência escolar mínima de 85% para crianças de 6 a 15 anos e 75% para adolescentes de 16 a 17 anos. O Ministério da Educação (MEC) é o responsável pela fiscalização e acompanhamento da frequência escolar dos assistidos pelo programa, cuja fiscalização é realizada através de um sistema criado em 2006 chamado Sistema Presença, substituindo o antigo sistema de operacionalidade da Caixa Econômica Federal.
Esse novo dispositivo de acompanhamento permitiu verificar através de relatórios a frequência escolar de todos os beneficiados cadastrados, possibilitando ainda, acompanhar com mais precisão os casos de baixa frequência escolar. Cabe salientar que o objetivo final deste novo dispositivo consiste no estimulo e
permanência aos contemplados pelo programa procurando superar falhas como baixa frequência ou evasão escolar (CURRALERO et. al., 2010).
Fica claro a importância na resposta ao condicionamento do recebimento do beneficio por parte das famílias torna-se uma via para minimizar a falta de frequência escolar, índice este encabeçado pelos grupos familiares de baixa renda. De acordo com números do MDS em torno de 15 milhões de jovens e crianças tinham acompanhamento e monitoramento durante seu período escolar, dados estes de 2010.
4 METODOLOGIA
A pesquisa foi estruturada sob dois componentes: pesquisa qualitativa (relacionada no levantamento de dados, em compreender e interpretar determinados comportamentos, a opinião e as expectativas dos indivíduos de uma determinada população) e quantitativa (aponta numericamente a frequência e a intensidade dos comportamentos dos indivíduos de um determinado grupo, ou população) onde foram adotadas as seguintes atividades: Foi realizada pesquisa através dos sistemas que gerem o Programa Bolsa Família a fim de identificar o público-alvo, mapeando assim o número de beneficiários do Bairro Aeroporto, os beneficiários em situação de descumprimento da condicionalidade frequência escolar; A identificação do número de Unidades Escolares do bairro e o levantamento das famílias que estão sendo acompanhadas pela rede socioassistencial.
Com a pesquisa cheguei a um quantitativo de 528 famílias recebendo o Programa Bolsa Família no Bairro Aeroporto sendo destes 377 alunos matriculados. No período de junho e julho nas duas escolas foram registrados 22 alunos com baixa frequência escolar do 1º ao 4º ano.
Foi utilizado também um questionário destinado aos professores regentes do 1º a 4º ano, composto por 10 perguntas abertas elaboradas previamente. A coleta de dados foi realizada nas escolas com a permissão da direção. A aplicação dos questionários foi feita pelo próprio pesquisador, que proporcionou as explicações no devido momento e recolhendo os questionários imediatamente após o seu preenchimento.
5 RESULTADOS E ANÁLISES
Com o objetivo de coletar dados e consequentemente obter informações a respeito da implementação do Programa Bolsa Família, foi realizada uma pesquisa junto às famílias assistidas pelo programa, tendo como proposta a contribuição na melhoria das políticas públicas no país.
Para viabilizar esta pesquisa foram aplicados dois questionários com finalidades distintas. O primeiro conjunto de questões foi destinado ao número de 22 famílias, as quais estavam enquadradas no descumprimento de condicionalidades. Foram abrangidos nesse
descumprimento alunos do 1º ao 4º ano do Ensino Fundamental, tendo respondido ao questionário, 17 das 22 famílias participantes da pesquisa.
Através das pesquisas realizadas tendo como base o primeiro conjunto de perguntas, foi possível afirmar através dos dados coletados que:
- Das mulheres em idade de 22 a 53 anos entrevistadas, 95% delas nasceram em Corumbá – MS;
- Desse número, 100% são beneficiárias do Programa Bolsa Família;
- 60% dessas mulheres moram com seus companheiros, tendo de dois a oito filhos; - 50% dos filhos em idade escolar incidiram na repetência de ano escolar;
- 60% dos entrevistados acreditam que a situação social econômica está em um nível melhor do que a de seus genitores, para 40% esta situação se encontra da mesma forma;
- 90% dos entrevistados possuem renda mensal de um salário mínimo;
- 70% dos entrevistados afirmam ter casa com dois quartos alugada ou cedida. Ainda dentro desta porcentagem, sua grande maioria não tem acesso aos serviços básicos, como esgoto, rua asfaltada e/ou serviço de correio;
- 90% dos entrevistados afirmam que seus pais lhes exigiam que estudassem, no entanto, apenas 3% concluíram o Ensino Médio;
- 95% dos entrevistados estudaram em escolas públicas, realizando o Ensino Fundamental no sistema regular de ensino. Os entrevistados que conseguiram atingir o Ensino Médio o fizeram através do Ensino de Jovens e Adultos (EJA);
- Em relação aos familiares, poucos entrevistados souberam responder sobre o quesito escolaridade;
- Relacionado ao trabalho, 80% das famílias são de trabalhadores informais, seguido de trabalhadores rurais;
- No total de entrevistados, apenas três famílias participam de atividade artística, onde, praticam o artesanato oferecido nos Centros de Referência de Assistência (CRAS);
- 100% dos entrevistados afirmam que assistem televisão e/ou escutam rádio. Destes, 50% tem acesso á internet;
- Dos entrevistados apenas 15% possuem condições econômicas para comprar livros, jornais, revistas, CDs ou DVDs originais, ou ainda, frequentar shows ou festivais.
O segundo questionário tinha como público alvo os professores regentes do 1º ao 4º ano do ensino fundamental, totalizando o número de 11 professores, onde, desse número, apenas 03 professores responderam efetivamente o questionário proposto para realização do trabalho. Diante do pequeno número de colaborados da pesquisa, o resultado não foi como esperado, pois, segundo Arroyo, todos os envolvidos no cumprimento das Políticas Públicas devem apoiar uns aos outros de maneira que a rede obtenha sucesso. Dentro deste contexto, a não participação efetiva dos professores na pesquisa proposta afetou de maneira considerável o resultado final.
Através do segundo grupo de perguntas direcionadas aos professores, foi possível realizar uma pequena síntese da pesquisa:
- 66% dos professores entrevistados afirmam que o Programa Bolsa Família (PBF) não se configura em um direito;
- 50% dos entrevistados afirmam que os assistidos pelos programas, realmente precisam de ajuda;
- 50% dos entrevistados responderam que conseguem ver mudanças na vida dos beneficiários, outros 50% não vem mudança alguma;
- 100% dos entrevistados acreditam que o valor do PBF é pouco utilizado para melhorar as condições de vida das famílias;
- 100% dos entrevistados não sabem informar se a escola desenvolve atividades para que as famílias tenham condições de não necessitar do PBF;
- 100% dos entrevistados não souberam informar o número de seus alunos que recebem o benefício;
- 100% dos entrevistados não conhecem o rendimento dos alunos assistidos pelo PBF ou aqueles que não recebem o benefício;
- 70% dos entrevistados afirmam que a evasão escolar deve-se ao fato da não participação dos pais junto à vida escolar de seus filhos;
- 70% dos entrevistados acreditam que o envolvimento dos pais no ambiente escolar diminui a evasão escolar.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O principal objetivo deste trabalho consistiu em descrever um breve panorama sobre as condicionalidades para o recebimento do Programa Bolsa Família, sendo este o mais relevante programa social de transferência de renda, abrangendo as camadas de renda mais baixa da população.
Desta forma, o conjunto de políticas sociais através do programa de transferência de renda sob condições exigidas para o recebimento do benefício, configura-se em um importante meio de inserção social e educacional. Pelo fato de o programa estar calcado sobre um conjunto de cumprimento de condicionalidades, onde o Estado proporciona a quebra na sequência da pobreza entre as gerações, e por sua vez, o beneficiário tem a possibilidade de elevar seu poder aquisitivo, melhorando sua qualidade de vida e de seus familiares.
Outro aspecto de suma importância alcançado pelo programa foi o aumento de frequência escolar por parte das crianças e adolescentes, pois, essa é uma das principais condicionalidades para o recebimento do benefício. Desta forma, as crianças e adolescentes são os maiores beneficiados, onde, terão acesso a educação, e, por conseguinte, terá uma melhora na sua condição de vida.
Ainda dentro deste contexto, é inegável que o programa contribuiu de maneira notória o acesso à saúde e educação, no entanto, vale ressaltar que o programa por si só não terá sucesso na igualdade social do país, pois, há a necessidade de que os programas de distribuição de renda estejam atrelados a outras políticas sociais. Embora o programa bolsa família trouxe outra realidade na vida de muitos beneficiários, ainda merece aprimoramento principalmente no que se refere as suas condicionalidades, uma vez que a carga maior está sobre os beneficiários
ficando o Estado apenas com a parte de oferecer serviços básicos que muitas vezes não atendem de maneira plena seus usuários.
Por fim, é incontestável que o Programa Bolsa Família é capaz de aumentar o poder de compra de seus beneficiários, movimentar o comércio fazendo com que gerem de certa forma empregos formais e informais, também, é uma forma do governo investir e visualizar na prática os resultados dos programas sociais, os quais trazem benefícios socioeconômicos para a população mais carente.
Além dos benefícios socioeconômicos citados anteriormente, o legado mais relevante do programa sem dúvida nenhuma se refere à condicionalidade dos menores assistidos de estarem matriculados e tendo sua frequência escolar monitorada pelos programas de acompanhamento familiar. Desta maneira, os menores beneficiados pelo programa inserido no ambiente escolar, tem a oportunidade de interação social e cultural, tendo acesso as mais variadas formas de expressão e aquisição do conhecimento. Ainda neste contexto, lembremos que o conhecimento é obtido com base também no progresso social, pois, o individuo busca dia a dia seu aperfeiçoamento pessoal e sócio econômico. Assim, mesmo sendo um programa de transferência de renda que possui suas condicionalidades para o recebimento, o Estado conseguiu mostrar a importância da educação para seus assistidos, tirando-os do caminho da violência, diminuindo a linha da pobreza, livrando-os do envolvimento com drogas, entre outros.
Por fim, nota-se que o valor do benefício pago é apenas um pequeno passo, o início de uma caminhada rumo à inclusão educacional de todos os jovens, educação esta que sem dúvida nenhuma é o único caminho para uma sociedade justa e igualitária.
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