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PROGRAMA MULHERES MIL A experiência do IFC câmpus Luzerna

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Academic year: 2021

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PROGRAMA MULHERES MIL A experiência do IFC câmpus Luzerna Isabel Cristina Hentz1; Soyara Carolina Biazotto2

RESUMO

O presente artigo resumido tem por objetivo relatar a experiência do Câmpus Luzerna do Instituto Federal Catarinense com o Programa Mulheres Mil. Para isso, descrever-se-á a forma como o Programa foi organizado na instituição, as principais ações, a importância das parcerias firmadas com outras instituições e os resultados obtidos. Como principais resultados foi percebido a aceitação das alunas com o curso, o comprometimento com a formatura e o crescimento pessoal das alunas como mulheres.

Palavras-chave: Programa Mulheres Mil. Equidade de Gênero. Socialização de experiência.

1 INTRODUÇÃO

Criado em 2007, em cooperação com o governo do Canadá, o "Mulheres Mil" é um programa do Governo Federal cujo objetivo é a qualificação profissional de mulheres em situação de vulnerabilidade social. Implantado inicialmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, o programa "Mulheres Mil" chegou recentemente ao Sul do país.

A metodologia do programa3 procura valorizar os conhecimentos prévios das alunas, instruí-las para o desenvolvimento sustentável e promover a equidade de gênero e a autonomia das mulheres. Para isso, além dos conteúdos ligados aos módulos profissionalizantes, as participantes do curso aprendem sobre sustentabili-dade, saúde e direitos das mulheres, empreendedorismo, cooperativismo, informáti-ca, entre outros assuntos.

Apesar de o Programa Mulheres Mil ter uma metodologia própria, a ideia dos criadores do programa é que cada instituição que o adote o construa de uma forma específica, vinculada à realidade regional e do público-alvo a ser atingido. Nesse sentido, o objetivo deste artigo resumido é relatar brevemente a experiência do câmpus Luzerna do Instituto Federal Catarinense com o Programa Mulheres Mil, destacando a importante desse programa para a promoção da igualdade de gênero na região em que o câmpus está instalado.

1 Mestre em História, Docente do Instituto Federal Catarinense – Câmpus Luzerna. ichentz@luzerna.ifc.edu.br.

2 Mestre em Matemática e Computação Científica, Docente do Instituto Federal Catarinense – Câmpus Luzerna. soyara.biazotto@luzerna.ifc.edu.br.

3 BRASIL. Mulheres Mil: guia metodológico do sistema de acesso, permanência e êxito. S/D.

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2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O Programa Mulheres Mil chegou ao IFC Luzerna em 2013 como parte das atividades de extensão do câmpus. Sua primeira turma – e única, até o momen-to – cursou o segundo semestre de 2013, se formando ao final daquele ano. A pro-posta do curso elaborado para o câmpus Luzerna foi de profissionalizar as alunas, além de despertar nelas o interesse pelo retorno aos estudos formais. Dessa forma, o curso, denominado “Mulheres aprimorando conhecimentos: ênfase em produção caseira de pães e biscoitos, confeitaria e artesanato de bordado”, possuiu dois núc-leos curriculares: o dos componentes curriculares básicos, que tinham por objetivo retomar conteúdos do ensino formal e educar para a cidadania e a sustentabilidade, e os componentes curriculares profissionalizantes, cujo objetivo era ensinar técnicas voltadas ao perfil profissionalizante do curso, além de dar noções de empreendedo-rismo. Os componentes curriculares totalizaram 192 horas-aula de curso, conforme listado abaixo:

Componentes Curriculares Básicos (112 horas-aula)

Aula Inaugural Empreendedorismo

Palestra sobre Direitos da Mulher Mapa da Vida Palestra sobre Ética e Cidadania Informática Básica

Palestra com Nutricionista Habilidades Lógico Matemáticas

Palestra com Psicóloga Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

Palestra sobre Saúde da Mulher Sustentabilidade e Meio Ambiente Visita Turística Ensaio e preparativos para a formatura

Visita Técnica Formatura

Componentes Curriculares Profissionalizantes (80 horas-aula)

Confeitaria (Doce de Leite)

Produção caseira de pães e biscoitos Artesanato

- Patchcolagem

- Artesanato em couro

Diferente do PRONATEC, Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técni-co e Emprego, também um programa do governo federal, o Programa Mulheres Mil da forma como foi oferecido no IFC Luzerna não possuía verba para contratação de profissionais para ministrar o curso. Dessa forma, o câmpus Luzerna desenvolveu um sistema de parceria vital para a realização do Programa Mulheres Mil em 2013: em primeiro lugar, parceria com os próprios docentes e técnico-administrativos do câmpus, que trabalharam como docentes dos componentes curriculares básicos e no apoio ao curso, com as matrículas, pagamentos de bolsas, etc; em segundo lu-gar, parceria com profissionais de diversas áreas, não vinculados ao câmpus, que ministraram algumas palestras; em terceiro lugar, parceria com outras instituições __________________________________________________________________________________________

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que foram de crucial importância para a realização dos componentes curriculares profissionalizantes.

A primeira parceria importante foi a firmada com a paróquia de Herval d’Oeste. Os veículos de comunicação da paróquia foram importantes para o primeiro contato do IFC Luzerna com o público-alvo. Além disso, a paróquia de Herval d’Oes-te possibilitou o uso de alguns de seus salões paroquiais para a realização dos cur-sos profissionalizantes da área de culinária.

Outra parceria institucional extremamente importante foi a do SENAR, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Foram profissionais do SENAR que minis-traram os componentes curriculares profissionalizantes, de forma concentrada. Alguns componentes, como é o caso dos da área de culinária, como já foi dito, não fo -ram oferecidos no espaço do câmpus. Já os da área de artesanato, fo-ram realizados em salas e laboratórios do IFC Luzerna.

Para ministrar o componente curricular básico sobre empreendedorismo, foi firmada a parceria com o SEBRAE, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe-quenas Empresas, da cidade de Joaçaba. Essa também foi uma parceria enriquece-dora, uma vez que o SEBRAE trouxe para as alunas do Programa Mulheres Mil do IFC Luzerna o modelo de curso voltado especificamente para abertura de pequenos negócios, que era um possibilidade aberta para as alunas.

Como se pode perceber a partir desse breve relato, o Programa Mulheres Mil do IFC Luzerna tem em seu fundamento as parcerias. Sem elas, o curso não po-deria ter sido realizado.

Apesar de estar localizado no município de Luzerna, um dos objetivos do Programa no IFC Luzerna era atingir a região e não só ao município em que o câm-pus do IFC se encontra. Dessa forma, as inscrições foram oferecidas para os muni-cípios de Joaçaba e Herval d’Oeste, que, juntamente com Luzerna, formam uma re-gião com fortes laços sociais e históricas. Outro motivo para estender as inscrições para além dos limites municipais luzernenses é a situação socioeconômica do muni-cípio. Conforme descrito no plano de trabalho do Programa Mulheres Mil do IFC Lu-zerna4, este município possui baixo índice de pobreza. Dessa maneira, para atingir sua função de promoção social, o câmpus Luzerna ampliou sua área de atuação para os outros municípios já citados. Para atingir o público-alvo pretendido, o câm-pus Luzerna teve o apoio dos CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) dos municípios da região, que divulgou o curso entre as mulheres cujas famílias es-tavam nos cadastros socioeconômicos das instituições.

Foram abertos dois editais para inscrição no Programa Mulheres Mil do câmpus Luzerna. O primeiro tinha por objetivo atingir a população com menor renda e em situação de maior vulnerabilidade social. Como não foram completadas as va-gas oferecidas (100 vava-gas, inicialmente), foi aberto um segundo edital, que não leva-va em conta a categoria renda. Ao final dos dois editais, foram formadas quatro tur-mas, totalizando 90 alunas.

Dessa maneira, constituiu-se um público-alvo bastante heterogêneo: mu-lheres de diversas faixas etárias, diversos níveis de escolaridade e de diferentes condições sociais. Mesmo que isso possa ter dificultado um pouco o cotidiano das 4 Plano de Trabalho Programa Mulheres Mil IFC Campus Luzerna. Luzerna: 2013.

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aulas, uma vez que é sempre difícil lidar com turmas muito díspares, essa diferença entre as alunas foi enriquecedora, pois proporcionou muitas trocas de experiências interessantes.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao final do curso, em dezembro de 2013, formaram-se 46 alunas com frequência suficiente (75% ou mais de presença) e 7 alunas com frequência insuficiente, totalizando aproximadamente 59% de conclusão.

Infelizmente, não foram todas as alunas que iniciaram que puderam concluir o curso. Diversos foram os motivos que levaram pouco mais de 40% das alunas a desistirem no andamento do curso: motivos financeiros (apesar de receberem uma bolsa mensal de R$ 120,00, nem todas tinham recursos para frequentar o curso), incompatibilidade de horário com o trabalho, motivos familiares (ou para cuidar dos filhos, ou por proibição do cônjuge), entre outros.

No entanto, mais importante do que as desistências, devemos considerar os sucessos obtidos com as alunas que concluíram o curso. Das experiências dessas alunas, podemos refletir sobre alguns resultados importantes, que vamos dividir entre resultados objetivos e subjetivos.

Os resultados objetivos foram concluídos a partir de um questionário em que alunas avaliaram o curso, cujos dados completos se encontram no relatório da equipe gestora do Programa Mulheres Mil do IFC Luzerna5. As alunas avaliaram bem os componentes curriculares básicos e as palestras, fazendo poucas ressalvas. Já em relação aos componentes curriculares profissionalizantes, as alunas avaliaram muito bem, demonstrando interesse pelas aulas práticas. A equipe envolvida com o Programa, tanto professores, quanto palestrantes e técnico-administrativos, foi bem avaliada. Isso mostra tanto um comprometimento por parte dos servidores envolvidos, quanto um reconhecimento desse trabalho por parte das alunas.

Os resultados que neste artigo resumido denominamos de subjetivos não foram obtidos a partir de questionários, mas das impressões das autoras a partir de suas vivências no Programa, uma vez que ambas foram professoras do curso e uma delas gestora local.

O primeiro resultado que se destacou foi o empoderamento das alunas como mulheres, ou seja, o fato de essas mulheres se colocarem em suas relações familiares em uma posição não mais de subalternidade, mas como pessoas que têm opinião e poder de decisão. Esse é um resultado bastante sutil, muito difícil de ser mensurado, mas que pudemos perceber a partir dos relatos de algumas alunas e de mudanças em suas relações com seus maridos, por exemplo. Um resultado como esse é bastante inspirador, uma vez que a equidade de gênero é um dos principais objetivos do Programa Mulheres Mil, ou seja, homens e mulheres, mesmo em suas diferenças, serem tratados e se tratarem como iguais.

5 HENTZ, Isabel Cristina; WERLICH, Samuel Henrique. Relatório da Equipe Gestora do Programa

Mulheres Mil 2013/2 IFC Câmpus Luzerna. Luzerna: 2014.

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Outro resultado bastante positivo foi a participação das alunas na II SECITEC, Semana de Ciência e Tecnologia, do IFC Luzerna. A participação das alunas se deu de duas formas: primeiro como expositoras, falando sobre o trabalho desenvolvido no curso e expondo as produções resultantes dos componentes curriculares profissionalizantes. As alunas também participaram como visitantes, conhecendo todos os espaços do câmpus e os projetos dos alunos dos cursos técnicos e superiores da instituição. Pudemos notar um retorno muito rico da participação das alunas na II SECITEC, pois elas divulgaram nas suas famílias e nas suas comunidades os trabalhos desenvolvidos e os cursos oferecidos no IFC Luzerna.

As viagens de estudo que as alunas realizaram também trouxeram resultados importantes. Ambas as viagens proporcionaram momentos de integração entre as alunas, além de possibilitar a elas conhecerem a região próxima aos municípios onde residem. A primeira viagem teve um cunho principalmente técnico, com a visitação da Vinícola Kranz em Treze Tílias, onde as alunas puderam conhecer o processo industrial de fabricação de alguns produtos dos quais elas dominavam as técnicas de produção artesanal. Além disso, puderam conhecer uma inspiradora história de sucesso empreendedor.

A segunda viagem que as alunas realizaram foi para o município de Irani, para o Museu da História Viva do Contestado. Essa visita foi muito interessante, pois as alunas puderam conhecer melhor a história da região onde residem, a região do Contestado. A maior parte das alunas não conhecia a história do Contestado, nem o impacto que esse movimento teve na história regional do Meio-Oeste catarinense. Pudemos perceber que muitas delas passaram a ter orgulho de suas origens “caboclas”, além de ressignificarem a importância do movimento para suas vidas.

Como último resultado, destacamos a formatura. Cerca de um mês antes da formatura, as alunas foram mobilizadas para a organização do evento. Percebemos um grande comprometimento das alunas com a realização da formatura, tanto nos preparativos, quanto no próprio evento. Foi muito gratificante ver a felicidade e o orgulho das alunas na formatura, ainda mais porque muitas delas nunca tinham sido protagonistas de um evento como esse.

4 CONCLUSÃO ou CONSIDERAÇÕES

O que foi relatado neste artigo resumido foram as experiências do IFC câmpus Luzerna com o Programa Mulheres Mil. Até agora, foi realizado apenas um curso nessa modalidade. Muitas foram as dificuldades, mas os acertos e as conquistas tiveram grande valor para a equipe e, principalmente, para as alunas envolvidas. Nosso objetivo com esse artigo foi dividir nossas experiências, especialmente as que tiveram sucesso, para destacar a importância do Programa Mulheres Mil e para incentivar outras câmpus do IFC e outras instituições a participarem dessa história.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Mulheres Mil: guia metodológico do sistema de acesso, permanência e êxito. S/D.

HENTZ, Isabel Cristina; WERLICH, Samuel Henrique. Relatório da Equipe Gestora do Programa Mulheres Mil 2013/2 IFC Câmpus Luzerna. Luzerna: 2014.

Plano de Trabalho Programa Mulheres Mil IFC Campus Luzerna. Luzerna: 2013.

Referências

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