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UDC CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS

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Academic year: 2021

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“Missão: Formar profissionais capacitados, socialmente responsáveis e aptos a promoverem as transformações futuras”.

UDC – CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS

A RUA É FOZ – Um Vídeo documentário sobre o significado do hip

hop na vida de uma parcela de jovens da cidade de Foz do Iguaçu.

JONATHAN GUEDES DE MENEZES LUIZ OTAVIO SOARES DE SOUZA

FOZ DO IGUAÇU - PR 2017

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“Missão: Formar profissionais capacitados, socialmente responsáveis e aptos a promoverem as transformações futuras”.

A RUA É FOZ – Um Vídeo documentário sobre o significado do hip

hop na vida de uma parcela de jovens da cidade de Foz do Iguaçu.

JONATHAN GUEDES DE MENEZES LUIZ OTAVIO SOARES DE SOUZA

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à banca examinadora do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (UDC) como requisito para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Publicidade e Propaganda.

Orientadora: Prof.ª Me. Maria Isabel da Silva Teles.

FOZ DO IGUAÇU – PR 2017

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TERMO DE APROVAÇÃO

JONATHAN GUEDES DE MENEZES E LUIZ OTAVIO SOARES DE SOUZA

A RUA É FOZ – Um Vídeo documentário sobre o significado do hip

hop na vida de uma parcela de jovens da cidade de Foz do Iguaçu.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado às 21 horas do dia 04 de dezembro de 2017, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, Publicidade e Propaganda, do Centro Universitário União Dinâmica das Cataratas (UDC). O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após a deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho:_______________________________________

________________________________________ Acadêmico: Jonathan Guedes de Menezes ________________________________________

Acadêmico: Luiz Otavio Soares de Souza ________________________________________ Orientadora: Prof.ª Me. Maria Isabel da Silva Teles

Banca Examinadora:

________________________________________ Prof.ª Cleuza Kuhn

________________________________________ Prof. Mac Donald Fernandes Bernal

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus que tem nos protegido e abençoado desde o dia em que nascemos até os dias atuais, à nossa orientadora professora Mestre Maria Isabel da Silva Teles pela ajuda e paciência depositadas em nós. Ao corpo docente da UDC que tanto nos ensinou e aconselhou durante o tempo em que estudamos nessa instituição. Agradecemos em especial à comunidade do hip hop em Foz do Iguaçu que nos acolheu e nos forneceu sem reservas as informações necessárias para a execução deste trabalho e aos nossos amigos pessoais que se empenharam junto conosco para que este trabalho fosse realizado.

Queremos agradecer de forma especial aos nossos familiares que desde o inicio de nossa vida acadêmica têm nos ajudados e nos incentivado a alçar objetivos cada vez mais altos. Aos pais de Jonathan: Roseli Guedes Menezes e Claudio de Menezes e à sua irmã Jennifer os nossos agradecimentos. Aos pais de Luiz Otavio: Marli de Fatima Soares e Antônio Dias de Souza e aos seus irmãos Willian e Tânia nossa gratidão.

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RESUMO

O hip hop é um movimento cultural surgido no meio do século XX dentro das comunidades afro e latino americanas em Nova Iorque, através dos quatro elementos elencados pela associação Zulu Nation. O hip hop tem sido um movimento contra cultural que tem servido no mundo todo como um movimento de contestação e manifestação de descontentamento. Este trabalho tem como objetivo descobrir e demonstrar através da produção do vídeo documentário “A Rua é Foz” como o hip hop tem servido como forma de expressão para uma parcela da juventude iguaçuense. Para a realização deste trabalho utilizou-se dois tipos de pesquisa, a bibliográfica e a qualitativa. A bibliográfica contribuiu com o embasamento teórico e a qualitativa buscou identificar como como a sociedade iguaçuense vê o hip hop, como o movimento hip hop pode servir como forma de expressão da juventude iguaçuense, que tipo de relação existe entre o hip hop e seus praticantes, entre outros objetivos. A pesquisa qualitativa demonstrou que dentro de Foz do Iguaçu o movimento hip hop é não somente um movimento de contestação, mas de acolhimento e que o movimento possui um grande apelo emocional entre a amostra pesquisada., Também foi possível através identificar que a sociedade iguaçuense vê com bons olhos o movimento hip hop e que o mesmo é visto como uma forma legitima de expressão para os não praticantes do movimento em Foz do Iguaçu.

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ABSTRACT

Hip hop is a cultural movement that emerged in the middle of the twentieth century within Afro and Latin American communities in New York through the four elements listed by the Zulu Nation association hip hop has been a major counterculture movement that has served the world as one movement of protest and manifestation of discontent. This work aims to discover and demonstrate through the production of the video documentary "A Rua é Foz" as hip hop has served as a form of expression for a portion of the youth of Foz do Iguaçu. Two types of research (Bibliographic and Qualitative) were used to give theoretical background and to answer previously open questions, such as the society of Foz do Iguaçu see hip hop, as the hip hop movement can serve as a form of expression of the youth, what kind of relationship exists between hip hop and its practitioners, etc. Through the bibliographic research it was possible to develop the documentary A Rua é Foz knowing what the documentary should demonstrate. The qualitative research showed that within the city of Foz do Iguaçu the hip hop movement is not only a protest movement, but a welcoming movement and that the movement has a great emotional appeal within the Iguassu youth, it was also possible through the research to discover that the society equaçuense sees with good eyes the hip hop movement and that hip hop is seen as a legitimate form of expression for the non-practitioners of the movement in Foz do Iguaçu.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: DJ Grandmaster Flash, Afrika Bambataa e Kool Herc, conhecidos como os pais do hip hop ... 15 Figura 2: Capa do álbum Sobrevivendo no Inferno de Racionais MCs de 1997 ... 17 Figura 3: Funk Cia e Nelson Triunfo, o primeiro grupo de Break do Brasil ... 18 Figura 4: Mural grafitado por Eduardo Kobra em homenagem aos rappers Tupac e Notorious B.I.G ... 19

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 10 1.1. ESTRUTURA ... 11 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 12 2.1 O Hip Hop ... 12 2.1.1 Os Cinco Elementos ... 14

2.1.2 Identificação Visual dos Praticantes do Movimento ... 20

2.1.3 O Hip Hop no Brasil ... 22

2.2 A ARTE COMO MEIO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL ... 22

2.3 DOCUMENTÁRIO ... 23 2.3.1 História do documentário ... 23 2.3.2 O que é documentário ... 24 2.4 Roteiro ... 25 3. METODOLOGIA ... 28 3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA ... 28 3.2 DELINEAMENTO DE PESQUISA ... 28 3.2.1 Pesquisa ... 28 3.2.2 População e Amostra ... 29

3.2.3 Instrumentos de Coleta de Dados ... 29

3.2.4 Análise dos dados ... 29

3.3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ... 30

3.3.1. Primeira Parte da Pesquisa ... 30

3.3.1.1 Perfil dos entrevistados ... 30

3.3.1.2 Entrevistas ... 30

3.3.1.3. Síntese das Informações Obtidas ... 33

3.3.2 Segunda Parte da Pesquisa ... 34

3.3.2.1 Perfil dos entrevistados ... 34

3.3.2.2 Entrevistas ... 34

3.3.2.3. Síntese das Informações Obtidas ... 36

4. O PRODUTO: VIDEO DOCUMENTÁRIO A RUA É FOZ ... 37

4.1 DEFESA DO PRODUTO ... 37

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4.1.2 Escolha dos Cenários ... 37 4.1.3 Tempo ... 37 4.2 PROCESSO DE PRÉ-PRODUÇÃO ... 37 4.2.1 A Pesquisa ... 37 4.2.2 O Argumento ... 38 4.2.2.1 O que? ... 38 4.2.2.2 Quem? ... 38 4.2.2.3 Quando? ... 39 4.2.2.4 Onde? ... 39 4.2.2.5 Como? ... 39 4.2.2.6 Por que? ... 39 4.2.3 O Tratamento ... 39 4.3 Produção ... 41

4.3.1 Gravação das Entrevistas ... 41

4.3.2 Realização das Gravações ... 41

4.3.3 Questões técnicas ... 41

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 42

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 44

6.1 Referências em Meio Impresso ... 44

6.2 Referências em Meio Eletrônico ... 46

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1. INTRODUÇÃO

Segundo Feijó (2009) cultura é um termo polissêmico, flexível e complexo, podendo ser visto tanto como regra, exceção ou civilização. Em todo caso, cultura tem relação com identidade – de um povo, de uma etnia, de uma tribo, de uma classe.

Já de acordo com Bordieau (2007), a cultura faz parte do meio em que o indivíduo se insere, sendo assim, as classes dominantes1 serão submetidas à cultura burguesa e a replicará enquanto as classes populares o farão através de sua própria linguagem.

A partir do início do século XX, o mundo ocidental conheceu uma nova forma de produção cultural. O método de produção em larga escala, difundido por Henry Ford, começou a se estender para a produção cultural e um fenômeno chamado indústria cultural é iniciado. A indústria cultural, ou cultura de massa, significa a produção de arte com a finalidade do lucro. A partir de então, toda a produção cultural é submetida às classes dominantes detentoras do capital.

Opondo-se então à cultura padronizada, surgem por volta dos anos 50 movimentos de contracultura. Maciel (1973) afirma que a contracultura pode ser uma postura de crítica radical em face da cultura convencional.

Segundo Capellari (2007), ao se opor à cultura entendida sempre como dominante, a contracultura, foi na sua versão dos anos 60-70 do século XX, a manifestação de repúdio especificamente em relação ao espírito do capitalismo: de acumulação, de previsão e de controle.

Entre os movimentos contra culturais do século XX, alguns mereceram papel de destaque por seu papel social, pela repressão sofrida ou por sua influência, iguais a, por exemplo, o movimento hippie, o rock n’ roll, o tropicalismo e o hip hop.

O Hip Hop nasce como contracultura na periferia da cidade de Nova York, entre as comunidades caribenhas, afro-americanas e latino-americanas na década de 1970. Eles encontraram na música, poesia, dança e na pintura uma forma de manifestação de sua vida e contestação da realidade.

1 Nesse trabalho se utilizará o termo “classe dominante” para referir-se especificamente à classe social detentora dos meios e da capacidade de organizar a produção capitalista

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O primeiro elemento do hip hop a ser introduzido no Brasil foi a dança, conhecida como break2. Os primeiros grupos de dançarinos de break se formaram em São Paulo e no Rio de Janeiro e tinham como objetivo a diversão e a busca da autoestima. Segundo Rocha, Domeninich e Casseano (2001) com o passar dos anos os breakers foram adquirindo conhecimento sobre a cultura hip hop, e seus ideais e o movimento hip hop foi se aproximando dos ideais de libertação das raízes do hip hop americano.

Rose (1997) afirma que a cultura Hip Hop emerge como fonte de formação de identidade alternativa e de status social para jovens. Já Abramo (2001) diz que o hip hop é um fenômeno sociocultural dos mais importantes surgidos nas últimas décadas. Ora classificado como um movimento social, ora como uma cultura de rua, o fato é que o hip hop hoje mobiliza milhares de jovens das periferias das grandes cidades brasileiras.

O movimento hip hop busca por meio dos elementos artísticos a conscientização coletiva de jovens da periferia. Assim, o objetivo deste trabalho é desenvolver um documentário sobre este movimento cultural e apresentar o significado do hip hop na vida dos integrantes e seguidores do movimento na cidade de Foz do Iguaçu.

Outros objetivos do trabalho visam conhecer a história do movimento hip hop no mundo e no Brasil, verificar como a juventude3 iguaçuense se utiliza desse elemento como forma de expressão, entender como a parcela não praticante do movimento enxerga o hip hop e identificar se há algum tipo de preconceito da juventude não praticante do movimento hip hop para com os praticantes4 desse movimento.

1.1 ESTRUTURA

Para melhor acompanhamento do conteúdo este trabalho está dividido em cinco capítulos.

2

O break é a dança típica do movimento hip hop e leva este nome devido o movimento do corpo dos dançarinos que parecem estar quebrando os ossos.

3

Neste trabalho o conceito de juventude não se refere a condição biológica, mas, conforme descreve Melucci (1997) : “A juventude deixa de ser uma condição biológica e se torna uma definição simbólica. As pessoas não são jovens apenas pela idade, mas porque assumem culturalmente a característica juvenil através da mudança e da transitoriedade”

4 Neste trabalho será tratado como praticante do movimento o sujeito envolvido ativamente com o movimento hip hop, sendo DJ, MC, B-boy, grafiteiro ou fã que siga com frequência os eventos do movimento hip hop.

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O primeiro capítulo apresenta o tema, a problemática e os objetivos do documentário.

O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica sobre o qual se alicerçou o trabalho, apresentando a história do movimento Hip Hop, suas divisões e como a arte pode ser um meio de transformação social, também é nesse capítulo que se apresenta o gênero cinematográfico documentário e sua importância para a apresentação deste tema.

No terceiro capítulo demonstram-se as pesquisas feitas antes da produção do documentário que buscava compreender a visão dos praticantes do movimento hip hop dentro de Foz do Iguaçu e como o movimento é compreendido pela população geral da cidade.

O quarto capítulo destina-se a falar do documentário em si, dos entrevistados e da produção.

No quinto apresentam-se as considerações finais e no sexto a referência bibliográfica utilizada para a elaboração do trabalho.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O Hip Hop

Segundo Pimentel (1999) o movimento Hip Hop surge nos Estados Unidos em meio a uma grande agitação social negra existente no país entre as décadas de 1960 e 1970.

Devido às grandes tensões raciais da época e as transformações conseguidas por lideres civis como Malcolm X5 e Martin Luther King6 os negros americanos buscavam resgatar sua identidade cultural. Foi nessa época que o soul e o funk emergiram como referências culturais da periferia nova iorquina.

De acordo com Rose (1997) a década de 1960 foi de imensa agitação política nos Estados Unidos, a guerra fria, o acirramento das tensões de raça, e a guerra do Vietnã criaram por todo o país uma onda de protestos.

Estes protestos, conforme explica Rose (1997) se davam quase sempre de forma pacífica, entretanto, o pacifismo foi abandonado pelo movimento negro após diversas tentativas falhas do reconhecimento dos direitos civis.

Em meio a toda essa tensão e revolta, artistas negros como James Brown criam movimentos de contracultura que buscam se opor ao sistema político e cultural da época, através da mescla de vários estilos conhecidos e do resgate da musicalidade africana, surge o soul.

A música soul7 fez grande sucesso dentro das comunidades negras dos anos de 1960, no entanto, alguns artistas sentindo que conforme o Soul ia se popularizando comercialmente ia perdendo seu caráter revolucionário criaram o Funk8, um estilo

5

Al Hajj Malik Al-Shabazz, mais conhecido como Malcolm X (1925-1965) foi um dos maiores defensores do nacionalismo nos Estados Unidos.

6

Martin Luther King Jr. (1929-1968), ganhador do prêmio Nobel da Paz de 1964 por ser um dos mais importantes lideres pacíficos do movimento negro dos EUA.

7

Soul é um gênero musical afro-americano que nasceu do rhythm and blues e do gospel durante o final da década de 1950.

8 Funk é um gênero musical afro-americano originado na segunda metade da década de 1960, derivado do soul, jazz e rhythm and blues.

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musical dançante com fortes influências da complexidade rítmica de músicas africanas e que resgatava o caráter contra cultural perdido pelo soul.

No final da década de 1960 surgem os primeiros elementos do Hip Hop, se desenvolvendo de forma separada, mas complementares, DJs9 negros e latinos se juntam a rappers10 começam a animar as festas no bairro do Bronx (Nova Iorque), em paralelo a isso apareciam os primeiros pichadores, ou grafiteiros, que assinavam seus nomes pela cidade e criavam disputas para conseguir assinar mais paredes que os outros, além disso, se formavam "gangues de break" que duelavam nas ruas e tiravam centenas de jovens da criminalidade.

Pimentel (1999) diz que a década de 1970 foi tumultuada nos Estados Unidos, porém, muito estimulante para a criatividade. Grafiteiros, breakers e rappers não tardaram a realizar as primeiras atividades conjuntas. Vianna (1997) relata que as festas em praça pública ou em edifícios abandonados reuniam em torno de 500 pessoas.

O termo Hip Hop, surge em 1978, estabelecido pelo DJ Afrika Bambaataa inspirado em duas motivações distintas. A primeira delas estava na forma cíclica pela qual se transmitia a cultura do gueto. A segunda estava na forma de dança mais popular na época, saltar (hip), movimentando os quadris (hop). Segundo Andrade (1999) A expressão Hip-Hop Cultura de rua surgiu gravada pela primeira vez em 1979 na música Rappers Delight, do grupo de rap Sugarhill Gangs. O termo fazia referência ao movimento social de ocupação dos espaços pelos povos marginalizados na cultura das cidades, o termo foi usado no Brasil para designar a primeira coletânea de rap nacional.

2.1.1 Os Cinco Elementos

O primeiro elemento do Hip Hop se refere ao disk jockey, ou DJ, que é o músico responsável pela batida característica do movimento hip hop e dá o suporte rítmico

para que o Mc possa cantar ou os B-boys possam dançar.

Segundo CHANG (2005) um dos DJs pioneiros de hip hop de Nova Iorque foi o

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Disc jockey (DJ) é o músico que seleciona e reproduz as mais diferentes composições, previamente gravadas ou produzidas na hora dentro do movimento hip hop.

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músico jamaicano Clive Campbell conhecido como DJ Kool Herc que influenciado por festas populares da Jamaica resolve mixar dois discos simultaneamente em uma picape, criando assim um dos mais característicos elementos do movimento Hip Hop.

Atualmente outros movimentos utilizam-se da musicalidade e de técnicas do DJ como Techno, Trance e Funk. Dentro do Hip Hop, no entanto, o DJ assume um papel importantíssimo na criação do movimento e na expressão de culturas esquecidas nas periferias.

Figura 1 – “DJ Grandmaster Flash, Afrika Bambataa e Kool Herc, conhecidos como os pais do hip

hop

Fonte: Site do Museu Grammy de Los Angeles (2017)

Junto do DJ existe o Mc (mestre de cerimônia), ou rapper, que é o artista responsável por cantar e escrever as letras características do hip hop e que consiste no segundo elemento do movimento hip hop.

O Mc através do rap é considerado o elemento do Movimento Hip Hop que tem maior poder de contestação segundo Santos (2014),

Posto que o Mc (mestre de cerimônia) e/ou o rapper (cantor de rap), denuncia através das suas rimas a condição precária da vida na

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periferia, a discriminação, a violência, além de mandar mensagens de incentivo de união de negros, de paz e diversão. (SANTOS, 2014 p 30).

De acordo com Silva (1998) existe na narrativa do rapper uma série de influências de personagens herdados da cultura africana e que serve para os objetivos do movimento do hip hop, entre eles citam-se os pastores negros (prayers), os contadores de história (historytellers) e os poetas de rua.

O rap, representado pela figura do Mc, assim como os demais elementos do hip hop surge como uma forma de contestação da realidade, no entanto, de acordo com Fialho e Araldi (2009) existem outros tipos de rap que não podem ser ignorados, como o gangsta rap, que ao contrario do que prega o movimento hip hop incentiva a violência e que é o principal causador do preconceito contra o estilo musical rap, o rap político que tem por objetivo criticar e tomar posições políticas por meio da música, o rap gospel que trata de temáticas religiosas, o rap romântico ou o rap for fun que visa diversão, com temas descontraídos e descomprometidos da realidade social.

O Mc é também o mais difundido dentre os quatro elementos do hip hop, o rapper tem grande importância para a popularização do movimento hip hop. Angariando grande público para sua música e chegando a marcas de estrelas da música, como o rapper Eminem que já vendeu mais de 45 milhões de álbuns somente nos Estados Unidos, ou o grupo brasileiro Racionais MCs que em 1997 alcançou a marca de mais de um milhão de cópias vendidas com o álbum “Sobrevivendo no Inferno” mesmo sem estar ligado a nenhuma gravadora convencional.

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Figura 2 – Capa do álbum Sobrevivendo no Inferno de Racionais MCs de 1997. Fonte Site oficial do Racionais MCs (2017)

O terceiro elemento do Hip Hop é o Break, ou b-boying, e representa a expressão cultural e social através do corpo. A dança é a forma de expressão do B-Boy, termo cunhado pelo DJ Kool Herc por volta de 1969 quando gritava em suas apresentações: “b-boys go down”. O Break surge nas periferias de Nova Iorque através de "batalhas de gangues" que trocaram os embates violentos entre os guetos nova iorquinos por desafios de dança.

Esse elemento é utilizado, sobretudo, para contestar a estética homogeneizada criada para definir a dança, criando uma estética própria com movimentos que lembram ossos quebrados e movimentos robóticos, o Break influenciou toda a dança nas décadas seguintes a que foi lançada.

Segundo Santos (2014) o Break tem fundamental importância na construção da história do Hip Hop no Brasil, sendo a dança o primeiro dos elementos a conseguir espaço no país através de apresentações no centro da cidade de São Paulo e pela chegada ao Brasil de videoclipes de Michel Jackson e de filmes como Flashdance Os primeiros grupos de dançarinos de break se formaram em São Paulo e no Rio de Janeiro e tinham como objetivo diversão e a busca da autoestima. Segundo Rocha, Domeninich e Casseano (2001) com o passar dos anos os breakers foram

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adquirindo conhecimento sobre a cultura hip hop e o movimento hip hop foi se aproximando dos ideais de libertação das raízes do hip hop americano.

Figura 3 - Funk Cia e Nelson Triunfo, o primeiro grupo de Break do Brasil

Fonte: Landing Page do Livro Nelson Triunfo – do sertão ao Hip Hop de Gilberto Yoshinaga (2017) O quarto elemento do movimento hip hop se refere ao grafite, arte gráfica característica das ruas em que o artista cria uma linguagem intencional geralmente com tinta em spray nas paredes e muros do espaço urbano para interferir na cidade, aproveitando os espaços públicos da mesma para a crítica social.

Conforme Schultz (2010) grafite deriva do termo latino graphium que servia para designar um tipo de estilete usado para escrita sobre placas de cera. Grafite é um termo que se usa também para nomear inscrições gravadas em cavernas na pré-história e pichação designa textos de protesto pintados nas paredes durante o império romano.

De acordo com Lopes (2012) apesar das raízes semelhantes, o grafite difere-se da pichação pela agressividade da pichação, a autora explica que atualmente a pichação encontra-se envolvida com grupos de gangues que se utilizam de violência para demarcar territórios de controle de áreas menos protegidas, enquanto o grafite busca a conscientização das massas através do trabalho artístico, sendo o primeiro tipo de manifestação crime ambiental e o segundo não, uma das formas de

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diferenciação do grafite para a pichação está na autorização prévia para a execução da arte.

Segundo Knauss (2001) o grafite contemporâneo tem como base as tags (pichações urbanas que serviam como uma forma de assinatura das gangues nova iorquinas). De acordo com Torres (2001, p 335) “as tags evoluíram de soluções alfanuméricas para logo típicas das letras emboladas, com detalhes figurativos tridimensionais.”. A linguagem artística do grafite possui características conceituais e estéticas, como explica Gitahy (1999) entre as que se pode citar estão: a natureza pictórica, a subversividade, espontaneidade, gratuidade e efemeridade.

O grafite chega ao Brasil na década de 1970 na cidade de São Paulo com artistas como Alex Vallauri que se simpatizou por pinturas murais e produções anônimas urbanas nova iorquinas, ajudando então a criar o estilo brasileiro de grafite através da mescla de elementos franceses e americanos utilizando-se simultaneamente frases e ilustrações, que resultaram em “palavras sofisticadas graficamente” conforme explica DE Souza (2012).

Figura 4 – “Mural grafitado por Eduardo Kobra em homenagem aos rappers Tupac e Notorious B.I.G”

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Afrika Bambaataa, com o intuito de organizar o hip hop, estabelece os quatro elementos/pilares essenciais para o movimento: DJ, MC, Break e Grafite. Em meados dos anos 1980, a Zulu Nation11 acrescentou um quinto elemento aos quatro existentes: o conhecimento, isto é, conhecimento crítico do mundo, da cultura, dos valores da sociedade para formar uma identidade e uma consciência étnica e de cidadania nas pessoas, especialmente naquele contingente populacional negro e pobre.

Bezerra (2009) afirma que o conhecimento representa o viés social, a consciência e a ideia de cidadania presentes na atuação do hip hop. O viés político e social do hip-hop é uma forma de praticar a luta pela cidadania e reconhecimento reivindicando melhorias de sua realidade.

De acordo com Castro (2014) levando-se em conta o contexto em que o movimento hip hop foi criado, em que a maioria dos integrantes eram pessoas pobres e que não tinham acesso à informação sobre seus direitos e deveres como cidadãos, o conhecimento no movimento hip hop se forma, sobretudo através da procura de inserção sociopolítica e cultural, formando assim uma identidade étnica e cidadã. 2.1.2 Identificação Visual dos Praticantes do Movimento

De acordo com Guimarães (2007) é recorrente a ideia de usar a moda como forma de comunicação e como forma de expressar descontentamento ou revolta em relação a situações sociais, culturais ou políticas.

Mendonça afirma que foi pela forma de se vestir dos praticantes do movimento hip hop que se criou um estereótipo que liga o rap à criminalidade, mas, que atualmente é a exibição deste tipo de vestuário aliado à maneira própria de gesticulação dos praticantes do movimento que o movimento hip hop alcança seu reconhecimento na sociedade.

Crane (2006) explica que para adolescentes e jovens o vestuário é um aspecto que se pode controlar com relativa facilidade e que pode ser utilizado para uma autoafirmação identitária. Bollon (1993) denomina a busca de se expressar através da moda como “revolta pelo estilo”. Enquanto Hebdige explica que estilo refere-se a

11 Zulu Nation - ONG Fundada pelo DJ Afrika Bambaataa que tem como princípio as bases do hip hop: paz, amor, união e diversão. Tem como objetivo a disseminação do hip hop pelo mundo.

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uma série de atributos que, quando em conjunto, definem uma determinada identidade, entre eles está o vestuário.

Guimarães (2007) aduz que assim como outros grupos que buscavam rebelar-se contra a cultura dominante do século XX o hip hop desenvolveu através da mescla de estilos de vestuário uma identidade própria que acompanhou os praticantes dessa cultura.

De acordo com Fonseca e Possari (2010) a moda hip hop é composta por roupas “despojadas, esportivas e confortáveis” com calças largas, bermudões. Bonés e camisetas geralmente de nylon que se assemelham a jogadores de basquete, devido seu baixo custo nos primórdios do movimento, da praticidade e do efeito visual causado nos praticantes durante a dança do Break.

Algumas músicas do rap evidenciam a identificação do movimento hip hop com a moda e exemplificam elementos que são usados para dar identidade ao estilo. Como exemplo cita-se a canção A Bactéria FC do grupo de rap Facção Central (2006) “Touca preta, camisão xadrez, calça larga/ é medalha de honra ao mérito da quebrada”.

Fonseca e Possari (2010) corroboram afirmando que as roupas e acessórios, não só no hip hop, como em qualquer outro grupo servem tanto para diferenciação como para identificação.

“moda e indumentária não são usadas apenas para indicar ou fazer referência a posições sociais e culturais, mas para construir e marcar, em primeiro lugar, aquela realidade social e cultura”. (BARNARD, 2003, p. 64)

Romero (2012) conta que, antes da popularização do hip hop a moda girava em torno da população branca, sem espaço para outros grupos se expressarem, mas, que esse cenário começa a ser modificado e os negros e latinos começam a serem notados como potenciais consumidores através da popularização do vestuário hip hop.

O estilo de vestimenta do hip hop, assim como o rap e o break popularizou-se e hoje é encontrado em passarelas do mundo todo, Simmel (2008) explica este movimento dizendo que a moda agora não mais escorre de cima para baixo, mas, é um movimento de baixo para cima, com a apropriação de uma maneira contestatória de se vestir.

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2.1.3 O Hip Hop no Brasil

Segundo SANTOS (2014) Movimento Hip Hop chega ao Brasil por volta de 1980 em função das suas características contra ideológicas, assumindo um caráter de luta. O berço do Movimento Hip Hop no Brasil é São Paulo, onde eram marcados encontros em praças públicas, como explica Focci (2007).

No início, os praticantes do break não eram bem vistos, chegando a sofrer preconceito e perseguição. Todavia, com o passar do tempo, a dança foi se disseminando, tornando-se conhecida e apreciada não só pelos negros, mas também por moradores e frequentadores de regiões nobres da cidade de São Paulo. (FOCCI, 2007 p 63)

Após algum tempo o Rap tomou o protagonismo do movimento hip hop no Brasil, devido suas letras de protesto e seu discurso contra hegemônico que retratavam as realidades dentro das periferias brasileiras e a forte identificação dos jovens periféricos com os problemas retratados.

2.2 A ARTE COMO MEIO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

O Hip Hop é um movimento contra cultural marcado por suas manifestações artísticas, sobretudo na música, dentre os cinco elementos elencados por Afrika Bambataa e a Zulu Nation, três (Dj, Mc e Consciência) são encontradas no estilo musical rap o que torna esse estilo musical uma importante ferramenta para a disseminação dos ideais do Hip Hop.

A palavra "rap" é uma expressão que vem do inglês e significa rhythm and poetry (em português: ritmo e poesia), é um estilo marcado, sobretudo pelas linhas de contrabaixo e bateria e por suas letras ácidas que, segundo Oliveira (2010), procuram mostrar a real situação que os habitantes das periferias, especialmente negros e mestiços.

Diversos autores já falaram da importância da musica como parte da formação intelectual, social e cultural dos indivíduos, como exemplo, Scherer (2010) relata que práticas sociais e tradições culturais musicais, são trazidas por cada indivíduo desde a infância, sendo assim a música uma importante ferramenta para a reprodução da cultura.

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Pereira (2007) coloca a música como ferramenta de comunicação ao enxergá-la como uma linguagem com signos e expressões com a possibilidade de ser proposta pelo compositor ou sentida e interpretada pelo ouvinte conforme sua própria subjetividade.

2.3 DOCUMENTÁRIO

2.3.1 História do documentário

Para que se compreenda a história do vídeo documentário é importante que se compreenda a história do cinema e como era feita a narrativa através da produção audiovisual em seus primórdios.

Segundo Azevedo (2011), o cinema surgiu como uma forma de estudo de aspectos naturais e sociais, pois o homem precisava da imagem para melhor entender e estudar o mundo em que vivia.

Em 1895 os irmãos franceses Louis e Augusté Lumiére registram a patente do cinematógrafo, uma evolução do cinetoscópio inventado em 1889 por William Dickson, assistente de Thomas Edison. O novo invento possuía a capacidade de passar imagens em sequência a certa velocidade que dava a impressão que as imagens estavam em movimento, assim como o cinetoscópio, no entanto, o cinematógrafo possuía ainda a capacidade de projetar tais imagens em tela.

Os irmãos Lumiére, tentaram a partir de então testar todas as possibilidades de produção possíveis. O primeiro registro que se tem de uma produção cinematográfica é La sortie de l'usine Lumière à Lyon (A saída da fábrica Lumiére em Lion) e se trata de um registro documental de aproximadamente 40 segundos de operários saindo de uma fábrica.

De acordo com Mascarello (2006) a partir do cinema inicia-se uma era de predominância das imagens. No entanto, em seus primórdios esse tipo de produção não possuía um código próprio e estava misturado a outras formas culturais.

Os aparelhos que projetavam filmes apareceram como mais uma curiosidade entre as várias invenções que surgiram no final do século XIX. Esses aparelhos eram exibidos como novidade em demonstrações nos círculos de cientistas, em palestras ilustradas e nas exposições universais, ou misturados a outras formas de

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diversão popular, tais como circos, parques de diversões, gabinetes de curiosidades e espetáculos de variedades. (MASCARELLO, 2006, p. 17).

Os primeiros cineastas foram grandes experimentadores, buscando alcançar os limites do cinema, criando roteiros e cenários ficcionais o cinema tornou-se uma ferramenta de produção de massa, característica do cinema até a atualidade. O cinema documental, no entanto, só pôde amadurecer a partir da década de 1920 a partir das obras dos cineastas Dziga Vertov e Robert Flaherty.

Nichols (2005) afirma que a história do vídeo documentário se apoia em dois pilares do cinema para sua existência, sendo o primeiro a capacidade, até então incomuns, de exibir uma cópia física do que era exibido pelas imagens em movimento e o segundo é a compulsão de explorar os limites desse novo modelo de produção gerado nos primeiros cineastas.

2.3.2 O que é documentário

Bernardet e Ramos (1988) apontam que é muito difícil dar um conceito especifico sobre documentário, mas, diferem o vídeo documentário dos filmes de ficção pelas estratégias e recursos utilizados pelos cineastas para dar sentido às suas obras. De acordo com Machado (2011) a palavra “documentário” foi utilizada pela primeira vez por John Grierson, para designar o tipo de cinema feito por Robert Flaherty, mas ela já aparece em alguns dicionários desde o século XIX para designar tudo aquilo que tem o caráter de documento.

Carvalho (2006) define o documentário como o formato de produção audiovisual que lida com a verdade, mostra fatos reais ou não imaginários. Aborda um tema ou assunto em profundidade a partir da seleção de alguns aspectos e representações auditivas e visuais. O documentário pode reconstituir ou analisar assuntos contemporâneos de nosso mundo histórico visto por uma perspectiva crítica.

O vídeo documentário tem como característica a imprevisibilidade, embora possa ser dotado de roteiro, em muitos casos, não é possível prever o que irá ser registrado e essa coleta de informações dependerá, em grande medida da oportunidade, ou seja, o roteiro do documentário deve ser escrito enquanto está sendo produzido.

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O gênero audiovisual é visto por Fonseca (1998) como um meio eficaz de comunicação

(...) comporta em sua composição vários elementos de linguagem que propiciam uma compreensão em vários níveis. Assim, podem facilmente desencadear associações que levam aos sentidos e aos significados. (FONSECA, 1998 p 37)

Sampaio (1997) reafirma a importância do documentário como ferramenta de comunicação e o define como um estágio evolutivo do telejornalismo. Essa definição também é compartilhada por Fagundes e Zandonade (2003) que corroboram afirmando que o vídeo documentário, assim como o jornalismo, se caracteriza por apresentar acontecimentos ou fatos, mas diferenciando-se por mostrar a realidade de maneira mais ampla e interpretativa.

Jespers (1998) ressalta, no entanto, diferenças entre o jornalismo convencional e o vídeo documentário, segundou ele a linguagem documental fala em primeira pessoa e confessa sua subjetividade, enquanto a tele reportagem não se revela assim, é destacado também o uso das imagens pelos dois segmentos, pois, na vídeo-reportagem, as imagens servem apenas para ilustrar o que está sendo falado, enquanto na produção de um documentário, as imagens contam histórias por si mesmas, não servindo apenas como ilustração.

Os documentários de representação social proporcionam novas visões de um mundo comum, para que as exploremos e compreendamos. Fagundes e Zanonade (2003) ressaltam a importância social do vídeo documentário afirmando que em sociedades com condições culturais, econômicas e sociais precárias, a televisão tem papel de importância na construção dos conceitos e hábitos de grande parte da população.

2.4 Roteiro

De acordo com Soares (2009) o gênero documentário encontra dificuldade em criar um roteiro fechado na fase de pré-produção devido sua estrutura e à flexibilidade necessária para a sua produção.

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Hampe (1997) alega que o principal motivo para que o realizador de uma produção apresente uma proposta de produção seja buscar convencer os investidores da importância daquela produção.

Soares (2009) apresenta então, 3 modelos de proposta que visam apresentar de forma clara e concisa o tipo de documentário que se pretende realizar baseadas nas propostas de Alan Rosenthal, Michael Rabiger e no edital Doc.Tv, de iniciativa da TV Cultura.

Na proposta de Alan Rosenthal o principal objetivo é o convencimento de que o realizador merece o suporte financeiro para a execução da obra e que sua equipe é a única capaz de realizar tal obra, portanto, deve-se estruturar o trabalho com essa finalidade, a ordem proposta por Rosenthal e explicada por Soares (2009) traz uma declaração inicial que traz o título e assunto da obra, seguido por uma breve explicação do assunto abordado no filme, as estratégias ou pontos de vista abordados no vídeo, cronograma, público alvo, currículo da equipe envolvida e anexos.

A proposta apresentada por Michael Rabiger busca apresentar como será a abordagem feita pelo documentarista e quais as expectativas quanto ao universo a ser explorado, sendo assim, a estrutura criada por Rabiger e demonstrada por Soares (2009) evidencia essas preocupações. Na proposta formulada por Michael Rabiger a primeira coisa a ser apresentada no roteiro é o argumento principal do vídeo, seguido das informações necessárias para que o espectador tenha acesso ao universo apresentado na obra, em terceiro lugar devem se apresentar as sequencias de ação e em seguida os personagens, deve-se apresentar na sequencia os conflitos do trabalho, o público alvo, uma lista descritiva dos entrevistados, a estrutura de como o trabalho é apresentado, o estilo de filmagem e a resolução do trabalho.

O formulário Doc.Tv. de iniciativa da TV Cultura e com o apoio do governo federal possui um modelo próprio para a apresentação dos projetos balizado por 7 tópicos que visam apresentar de forma simples como a obra deve ser realizada sendo elas: 1 - Proposta de Documentário; 2 - Eleição e Descrição do Objeto; 3 - Eleição e Justificativa para a Estratégia de Abordagem; 4 - Simulação da Estratégia de

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Abordagem; 5 - Sugestão de Estrutura; 6 - Plano de Produção e Cronograma Físico-financeiro; 7 - Orçamento (com previsão de impostos).

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3. METODOLOGIA

O presente capítulo tem por finalidade apresentar ao leitor os métodos utilizados na pesquisa, bem como os instrumentos de coleta e procedimentos necessários para que se atinjam os objetivos propostos.

3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Qual o significado do hip hop na vida dos integrantes e seguidores do movimento na cidade de Foz do Iguaçu?

3.2 DELINEAMENTO DE PESQUISA 3.2.1 Pesquisa

Lakatos e Marconi (2003) argumentam que a pesquisa bibliográfica pode abranger trabalhos científicos formais como monografias e teses até meios de comunicação como a televisão. Através desse tipo de pesquisa foram realizadas buscas sobre a história do movimento hip hop e suas bases, sobre os seus elementos formadores e seus objetivos.

Segundo Fonseca (2002) a pesquisa qualitativa tem por objetivo se preocupar com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, sendo, portanto, esse o tipo de pesquisa necessário para que se obtenha a primeira resposta. Gerhardt (2009) trata da pesquisa qualitativa como o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização etc.

As características da pesquisa qualitativa são: objetivação do fenômeno; hierarquização das ações de descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; busca de resultados os mais fidedignos possíveis; oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências. (GERHARDT, 2009).

Segundo Goldenberg (1999) o objetivo da pesquisa qualitativa é o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, entre outros. No presente trabalho aplicou-se a pesquisa qualitativa com o objetivo de se compreender a realidade do movimento hip hop de Foz do Iguaçu, aproximando o objeto de pesquisa .

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3.2.2 População e Amostra

Gil (2008) define população como um conjunto de elementos (pessoas) com determinadas características, dentro da pesquisa proposta a população será definida como todos os moradores de Foz do Iguaçu. Amostragem, por sua vez, se refere aos procedimentos utilizados para a escolha ou seleção de amostras em uma população.

Seguindo os modelos conhecidos de amostragem, foi feita uma amostragem aleatória de público para que se possa compreender como os praticantes da cultura hip hop em Foz do Iguaçu entendem o hip hop e como se utilizam dela para se expressar. Para tanto foram entrevistados integrantes ligados diretamente com a cultura Hip Hop.

Foram alvos da segunda parte da pesquisa desse trabalho moradores de Foz do Iguaçu, acima de 14 anos, sem ligação direta com o movimento Hip Hop.

3.2.3 Instrumentos de Coleta de Dados

Para a coleta de dados dos moradores de Foz do Iguaçu, tanto na primeira parte onde trata dos praticantes do hip hop, como na segunda parte onde os objetos da pesquisa foram os não praticantes do movimento foi utilizado o método de entrevista. De Britto Júnior e Júnior (2012) explicam que a entrevista é uma das técnicas mais utilizadas atualmente em trabalhos científicos, pois, permite ao pesquisador extrair uma quantidade muito grande de dados e informações que possibilitam um trabalho bastante rico.

3.2.4 Análise dos Dados

Alves e Silva (1992) ressaltam a importância da tecnologia, como câmeras e gravadores, além da transcrição das respostas de uma entrevista, afirmando ser fundamental para que o pesquisador consiga, posteriormente à entrevista, informações que não são possíveis captar no momento de sua realização.

A análise da pesquisa qualitativa foi realizada através da análise de prosa, descrita por Alves e Silva (1992).

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3.3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 3.3.1. Primeira Parte da pesquisa

3.3.1.1 Perfil dos entrevistados

Thiago Guedes é um rapper iguaçuense conhecido como TG Mc, tem 22 anos e está há 2 anos agindo diretamente no movimento hip hop.

Bruno Ricardo de Souza é MC no grupo de rap Acionários MDL, conhecido como Mano G, tem 28 anos de idade dos quais 10 anos foram dedicados ao hip hop. Felipe Aparecido de Souza tem 26 anos, é MC do grupo de rap iguaçuense Acionários MDL, conhecido como Bocão, está no movimento hip hop há 10 anos. Jonathan Guedes de Menezes é conhecido como Jonathan MDL, tem 26 anos e está no hip hop desde os 16, é MC no grupo de rap Acionários MDL.

Fernando Dias Gomes é grafiteiro, conhecido como Pigmeu, tem 31 anos e está no movimento hip hop há 13 anos.

3.3.1.2 Entrevistas

Quando perguntado “Você sabe o que é o movimento hip hop”?, obteve-se as seguintes observações.

Bocão responde com a definição literal do termo rap “ritmo e poesia” Mano G afirma ser o hip hop um estilo de vida a ser seguido e Jonathan MDL crê ser uma evolução de outros estilos americanos.

Tg MC destaca a importância política do movimento, introduzindo o movimento dentro de uma narrativa marxista “(...) o hip hop é isso, é luta contra discriminação, a luta contra as classes sociais que oprimem a classe trabalhadora, é toda essa luta que a gente passa, que a gente vive e essa revolta que a gente tem”.

Quando se questionou “Quando foi o seu primeiro contato com o movimento hip hop?”. Todos os entrevistados confirmaram terem tido seu primeiro contato com o movimento hip hop através do rap na infância. Enquanto Pigmeu afirma que seu primeiro contato se deu através das letras que possuem grande dose de conscientização. Bocão diz que seu primeiro contato foi através de fitas cassete de grupos de rap paulistanos, Tg MC afirma ter tido seu primeiro contato através do rap

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enquanto criança devido a seu longínquo contato com a poesia na escola. Já Jonathan MDL afirma que seu primeiro contato foi por volta dos sete anos influenciado por um tio e Mano G diz que foi atraído através de amigos por volta dos 11 anos.

Quando perguntado “O que o hip hop representa para você?” Mano G responde que para si o hip hop é energia e união entre os praticantes do movimento. Bocão ressalta que o hip hop é algo que influencia todas as áreas de sua vida. Já Tg MC diz que o hip hop representa revolta e luta e Pigmeu afirma ser uma forma de ser representado e representar seu povo. Já para Jonathan MDL o movimento hip hop representa uma forma de viver sem precisar se enquadrar em padrões sociais pré-estabelecidos “O hip hop pra mim representa uma forma de você viver sem precisar seguir os padrões que a sociedade exige, porque se a gente fosse seguir os padrões que a sociedade exige a gente não conseguiria sobreviver, então a gente usa o hip hop para sobreviver”.

Quando se perguntou “O que o hip hop influencia na sua vida?” Jonathan MDL afirmou que o hip hop influencia principalmente em sua educação, no seu trato interpessoal, opinião compartilhada por Mano G que afirma ter sido educado em parte por seus pais e em parte pelo movimento hip hop. Para Tg MC o hip hop influencia pessoalmente em sua forma de pensar e em seu pensamento critico “(...) acho que todo mundo que escreve hip hop tem que ter um pensamento crítico, uma visão do que é... Do que as coisas são, sempre perguntar o porquê ou pra quê das coisas, o por quê nós estamos aqui?”, “por que as leis são assim”, acho que o hip hop representa isso pra mim” enquanto Bocão diz que o hip hop influencia em tudo na sua vida, desde a forma de pensar até em sua alegria.

Quando se perguntou “Você acredita que o movimento hip hop influencia na política?”, Tg MC respondeu que acredita que o hip hop tem influencia principalmente na escolha de voto dos eleitores mais jovens, opinião corroborada por Pigmeu que diz ter no grafite uma forma de expressar seu descontentamento com o sistema politico vigente, Bocão afirmou que não crê que o hip hop influencie na política, mas, que a politica influencie na forma em que se apresenta o hip hop, Mano G disse acreditar que a politica e o hip hop influenciam um ao outro mutuamente e Jonathan MDL disse não crer que o movimento hip hop influencie

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diretamente na politica, mas, que o movimento hip hop leva informação às classes mais pobres o que influenciaria indiretamente na politica.

Ao se perguntar “Você já sofreu algum tipo de preconceito devido o seu envolvimento com o hip hop?” Mano G diz que acredita que todo praticante do hip hop já tenha sofrido preconceito alguma vez, mas, que atualmente devido à popularização do estilo o preconceito é menor que em tempos passados. Jonathan MDL afirma que já sofreu preconceito, principalmente por conta de sua vestimenta, por não se encaixar em padrões pré-estabelecidos. Pigmeu também afirma ter sofrido preconceito por sua forma de vestir, muitas vezes sendo considerado suspeito pela simples maneira de vestir, Tg MC afirma crer que o preconceito contra os praticantes do hip hop se deve às politicas antidrogas.

Já Bocão discorda e afirma crer que o preconceito sofrido se deve mais à classe social dos praticantes que ao movimento hip hop.

Quando se perguntou “Quais as características dos participantes do movimento hip hop que você identifica?” Para Pigmeu os praticantes do hip hop são identificados por sua forma de vestir e sua identidade visual. Tg MC diz que devido à popularização do movimento é difícil identificar um padrão entre os praticantes do hip hop, opinião compartilhada por Bocão que afirma que questões financeiras não são estereótipos para os praticantes do movimento hip hop, enquanto que para Mano G os praticantes do movimento hip hop ainda são predominantemente pobres. Para Jonathan MDL o movimento hip hop vai além de estereótipos financeiros, está mais na forma de agir “(...) acho que a coisa mais forte do hip hop, acho que é a união, que seria assim: todo mundo ajudar um ao outro, porque toda a produção praticamente do hip hop é independente, então, isso já gera uma parceria (...)”. Quando foi perguntado “Você indicaria o movimento hip hop para uma criança, um idoso ou uma mulher?” Mano G respondeu que indicaria, pois, os praticantes do movimento sempre demonstram respeito para qualquer pessoa. Para Pigmeu não existem barreiras dentro do movimento hip hop que impeçam a entrada de qualquer pessoa. Tg MC afirma que indicaria, pois o movimento hip hop estimula a pensar e isso não faria mal a ninguém. Bocão considera que o hip hop pode ser indicado a qualquer pessoa, pois dentro do hip hop existem vertentes que agradarão a todos os públicos e todas as pessoas teriam algo a aprender com o movimento “com o hip

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hop, eu acho todo mundo tem a aprender um pouco né? O movimento tá lá pra ajudar, pra agregar todo mundo e um movimento que é pra ajudar sempre é bem vindo né?”.

Já Jonathan MDL afirma que indicaria para adultos, mas, não para crianças, pois, crê que temas importantes politicamente não devem ser discutidos com crianças “(...) a partir de uma certa idade sim, porque criança tem que brincar, tem que correr, tem que ser inocente”.

Quando perguntados “Se você fosse resumir o hip hop em uma palavra qual seria?” Pigmeu afirma que o hip hop é resumido como “união” pela forma de agir de seus praticantes, Tg MC assim como Mano G afirmam que a palavra que resume o hip hop para eles é “luta” enquanto que para Jonathan MDL o hip hop seria resumido como “favela” ou “poder para os pobres”.

Já Bocão diz que para si a palavra que resume o hip hop é amor “(...) uma coisa que traz felicidade, que faz bem pra você acho que é amor”,

Quando se perguntou “Qual a identidade visual dos praticantes do movimento? Jonathan MDL remete aos primórdios do hip hop dizendo que a identidade dos praticantes é até hoje atrelado ao estilo usado no inicio do hip hop, com roupas largas e estilo parecido com os presidiários da época, opinião corroborada por Pigmeu que destaca a importância de marcas próprias do movimento, já Bocão diz que o hip hop está em evolução e o estilo de hoje é diferente de outros tempos estando cada vez mais refinado, opinião compartilhada por Tg MC que diz que o hip hop está em constante evolução e que não é possível se identificar um praticante do movimento hip hop somente pela aparência, Mano G também diz que já não é possível se identificar um praticante do movimento somente pelo visual, pois o hip hop atualmente está muito pulverizado na sociedade.

3.3.1.3. Síntese das Informações Obtidas

A partir dos resultados dessa pesquisa, pudemos observar alguns pontos em comum entre os entrevistados, que estão listados abaixo:

• O rap é a engrenagem principal do movimento Hip Hop na cidade;

• O primeiro contato dos participantes com o movimento ocorreu entre os 7 e os 12 anos;

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• Em Foz do Iguaçu o hip hop é utilizado como movimento de protesto, mas também carrega uma carga emotiva sobre si;

• Os praticantes não são mais somente das periferias, mas, o tema central do movimento ainda é a busca pela igualdade social e racial.

3.3.2. Segunda parte da pesquisa 3.3.2.1 Perfil dos entrevistados

Thalyta Miyaki tem 20 anos, é estudante de psicologia na faculdade Uniamerica, mora com os pais e vive na cidade há aproximadamente 15 anos.

Willian Simão de Souza tem 24 anos é formado em Direito pelo Centro Universitário UDC, trabalha como agente de cadeia pública pelo governo do estado do Paraná e vive na cidade desde que nasceu.

Matheus da Paz Serafim tem 20 anos, trabalha como atendente de farmácia e vive na cidade de Foz do Iguaçu há 3 anos.

Maísa Paz tem 14 anos, é estudante do ensino médio e vive na cidade há 3 anos. Silvana Cristina tem 25 anos, é estudante de administração no Centro Universitário UDC e vive na cidade de Foz do Iguaçu desde que nasceu.

3.3.2.2 Entrevistas

Quando perguntado o que você sabe sobre o movimento hip hop e sua história? Thalyta e Willian disseram não conhecer nada, enquanto Maísa e Matheus afirmaram saber apenas que sua origem foi nos Estados Unidos com o objetivo de lutar contra o racismo e que faz parte do movimento o break, o rap e o grafite. Silvana ressalta a importância do Soul na formação do movimento hip hop e sua origem de luta contra o preconceito “ele veio do Soul, da base do Soul, isso gerando o break, depois gerando a arte através do grafite, veio as rimas também, porque através das rimas eles falavam do que eles estavam passando no cotidiano, dentro de casa, dentro do que eles queriam defender”

Quando perguntou-se você conhece algum praticante do hip hop? Thalyta, Matheus e Maísa afirmaram não conhecer pessoalmente nenhum praticante do movimento hip hop, enquanto Willian afirma conhecer um MC, mas que não mantém fortes

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laços de amizade com ele, já Silvana afirma não conhecer ninguém de Foz do Iguaçu, mas, que mantém contato com praticantes do movimento de outras cidades do Brasil.

Quando perguntou-se o que você pensa a respeito dos praticantes do movimento hip hop? Willian preferiu não emitir opinião por não ter muito contato com os praticantes do movimento, Matheus e Maísa afirmaram ter uma boa impressão dos praticantes apesar de serem diferentes do tipo de pessoa que estão acostumados, Silvana disse que gosta do estilo hip hop pois permite aos praticantes expressarem seus anseios e descontentamentos livremente, enquanto Thalyta afirma admirar o talento dos artistas do hip hop.

Quando se perguntou: você acredita que o hip hop possa ser uma ferramenta eficaz de comunicação? Todos concordaram que sim. Matheus disse que através da diversidade propiciada pelo movimento é possível se comunicar com uma grande gama de pessoas, Maísa compartilha da opinião de Matheus, Silvana afirma que o movimento hip hop propicia liberdade para que seus praticantes se manifestem livremente, opinião corroborada por Thalyta enquanto Willian afirma que o rap e o grafite são as principais ferramentas do movimento para que um praticante do movimento hip hop se manifeste.

Quando perguntou-se qual seria sua reação se alguém de sua família aderisse ao movimento hip hop? Willian disse que reagiria com naturalidade como qualquer outro grupo cultural, Thalyta afirma que ficaria feliz em ter alguém com tal talento em sua família “iria achar que é um talento e iria ficar contente que tivesse isso na minha família”, Matheus afirma que acharia legal, Maísa afirma que respeitaria o direito de se expressar de seu familiar e tentaria conhecer o movimento hip hop, Silvana afirma que aceitaria bem, mas, que dentro de sua família existem pessoas que teriam receio disto por possuírem preconceitos com o movimento.

Quando foi perguntado quanto ao modo de vestir dos praticantes do movimento hip hop? Willian disse que acha legal, opinião corroborada por Matheus, Silvana disse que gosta, mas, não usaria por não se identificar com este estilo “eu acho legal, mas particularmente eu não usaria porque não tem nada a ver com meu estilo, mas eu acho legal aqueles que usam porque eles lançam até moda assim”;

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3.3.2.3. Síntese das Informações Obtidas

A partir dos resultados dessa pesquisa, pudemos observar alguns pontos em comum entre os entrevistados, que estão listados abaixo:

Embora creiam que o hip hop sofra preconceitos, não possuem ressalvas quanto ao estilo ou às pessoas envolvidas.

O movimento hip hop em Foz do Iguaçu ainda é segregador e o público geral tem pouco contato com os praticantes do movimento.

O público vê na diversidade do movimento hip hop a principal ferramenta de comunicação dos praticantes.

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4. O PRODUTO: VIDEO DOCUMENTÁRIO A RUA É FOZ

4.1 DEFESA DO PRODUTO 4.1.1 Escolha dos Personagens

Os personagens do vídeo foram escolhidos por serem seguidores ativos do movimento hip hop dentro de Foz do Iguaçu. Entre os entrevistados mostrados no vídeo tentou-se escolher personagens que representem os três pilares fundamentais do hip hop (rap, break e grafite), portanto, foram escolhidos um DJ, um grafiteiro e um b-boy para que se pudesse expor como cada elemento do movimento enxerga o movimento hip hop dentro da cidade.

4.1.2 Escolha dos Cenários

Os cenários mostrados no vídeo documentário onde as entrevistas foram realizadas foram escolhidos por serem locais conhecidos da cidade e de acesso gratuito a todos os moradores da cidade de Foz do Iguaçu. Buscou-se gravar nestes lugares para que haja identificação do vídeo documentário com os moradores da cidade retratada.

4.1.3 Tempo

A Rua é Foz é um vídeo que tem duração de aproximadamente 5 minutos, pois,é um tempo razoável em que se pode passar uma ideia e se pode instigar a curiosidade do público para que se engaje em um determinado assunto, no caso, o hip hop.

4.2 PROCESSO DE PRÉ-PRODUÇÃO

Seguindo as recomendações de Puccini (2009) seguiu-se uma ordem lógica no processo de pré-produção começando pela pesquisa bibliográfica realizada em livros e artigos que tratam do tema a ser abordado no vídeo, pré-entrevistas e pesquisas de campo que foram realizadas com membros do movimento hip hop de Foz do Iguaçu, os quais alguns aparecem no filme e outros não.

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Para a execução do filme A Rua é Foz foram utilizados dois tipos de pesquisa (bibliográfica e qualitativa) que nortearam o trabalho.

Através da pesquisa bibliográfica foi possível compreender a historia do movimento hip hop pelo mundo e sua chegada no Brasil, foi possível compreender que o movimento teve um caráter contra cultural de protesto contra os preconceitos desde seu inicio e que a musica rap é o principal elemento para a disseminação dessa cultura pelo mundo.

Através da pesquisa qualitativa foi possível identificar a relação de identificação do movimento hip hop com seus praticantes, além de compreender como o movimento hip hop é visto pela parcela da juventude não praticante do hip hop.

4.2.2 O Argumento

De acordo com Soares (2009) o argumento é uma peça escrita antes da definição das cenas do roteiro de um documentário que tem por função apresentar a ideia principal do documentário e nortear o roteirista de como o projeto deve ser executado. Segundo Soares (2009) é essencial que o argumento de uma obra responda 6 perguntas principais (“O que?”; “Quem?”; “Quando?”; “Onde?”; “Como?” e “Por quê?”).

4.2.2.1 O que?

O vídeo documentário A Rua é Foz é um curta metragem de aproximadamente 5 minutos que busca apresentar ao público geral o movimento hip hop dentro de Foz do Iguaçu e explicar aos seus espectadores como os integrantes se relacionam com esse movimento cultural, demonstrando que além do caráter de luta característico do movimento hip hop, dentro dessa parcela da juventude iguaçuense o hip hop assume também uma característica emocional, dando uma sensação de pertencimento aos seus praticantes.

4.2.2.2 Quem?

Dentro da obra A Rua é Foz são apresentados, além do narrador, 3 personagens que são praticantes ativos do movimento hip hop em Foz do Iguaçu. Dentre os personagens entrevistados convencionou-se que sejam de áreas diferentes do

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movimento hip hop, sendo um DJ (João), um b-boy (Bianor) e um grafiteiro (Pigmeu).

4.2.2.3 Quando?

A obra se realiza durante o segundo semestre de 2017 e embora traga uma pequena introdução do que é o movimento hip hop e sua historia, a obra é contada no tempo presente.

4.2.2.4 Onde?

Como a obra se trata especificamente das relações de uma parcela da juventude iguaçuense com o movimento hip hop as filmagens são todas feitas dentro da cidade de Foz do Iguaçu. Os locais escolhidos para o filme A Rua é Foz são o Templo Budista de Foz do Iguaçu, o teatro Barracão de Foz do Iguaçu, o marco das Tres Fronteiras e a pista de skate Costa Cavalcanti. Convencionou-se que os locais de gravação sejam locais de acesso gratuito à população de Foz do Iguaçu e que tragam identificação com os moradores da cidade.

4.2.2.5 Como?

A sequencia narrativa do filme A Rua é Foz é feita intercalando narrações que explicam a história e definições do hip hop com entrevistas com personagens praticantes do movimento hip hop que explicam de acordo com sua vivência o significado do movimento hip hop em suas vidas.

4.2.2.6 Por que?

Durante muito tempo o movimento hip hop foi tratado como uma subcultura marginal sem que se desse a devida importância para os anseios de seus praticantes. Essa cultura, conforme foi identificado na pesquisa qualitativa deste trabalho, tem se expandindo na cidade de Foz do Iguaçu e é de fundamental importância que os pesquisadores acadêmicos, sobretudo os ligados à comunicação voltem suas atenções a esse movimento para que se possa compreender o movimento hip hop como um todo.

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De acordo com Soares (2009) “o tratamento serve como um exercício para testar a validade e pertinência dos recursos expressivos a serem empregados no filme” e deve ser escrito de um modo que através de sua leitura seja possível visualizar o filme produzido.

O filme A Rua é Foz começa com uma sequência de imagens colhidas em eventos de hip hop ocorridos no segundo semestre de 2017 que são acompanhadas de uma narração em off que explica brevemente o que é o movimento hip hop e sua história. Na segunda sequência aparecem imagens de uma batalha de rimas ocorrida entre MCs no Teatro Barracão e em off o narrador explica qual a função do MC no movimento hip hop, junto a isso é exposta uma entrevista com o grafiteiro Pigmeu que explica a necessidade humana de se expressar.

Na terceira sequência são mostradas imagens de equipamentos de DJs e em off é explicada a função do DJ dentro do movimento hip hop, junto a isso é exposta uma entrevista com o DJ João afirmando que o hip hop sempre foi carregado de estigmas sociais, mas, que segundo sua observação isso tem mudado e o movimento tem sido bem aceito pela sociedade geral.

Na quarta sequência é mostrada uma aula de break ocorrida no Teatro Barracão, em off o narrador explica o que é o break e o porquê de seu nome, em seguida é mostrada uma entrevista com o B-boy Bianor afirmando que o break tem servido na cidade como válvula de escape e um modo de formação de identidade de uma parcela da juventude iguaçuense.

Na quinta sequência aparecem imagens de grafites executados pela cidade de Foz do Iguaçu e em off o narrador explica o que é o grafite e como ele serve como forma de protesto, junto a isso aparece uma entrevista com o grafiteiro Pigmeu explicando que busca através do grafite embelezar e dar vida à cidade, Pigmeu também volta a explicar a necessidade humana de deixar sua marca..

Na sexta sequência novamente aparecem imagens de batalhas de rimas e eventos de rap ocorridos na cidade enquanto o narrador explica que na cidade o hip hop não tem servido apenas como movimento de protesto, mas, também de inclusão e aceitação.

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