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CONCEPÇÃO DE ESTÁGIO: TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO DOCENTE

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Academic year: 2021

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O ESTÁGIO COMO CAMPO DE CONHECIMENTO: EDUCAÇÃO SOCIOCONSTRUTIVISTA E RESPONSABILIDADE SÓCIO–AMBIENTAL E

CULTURAL.

Autora: Bruna Dayane Xavier de Araújo Graduanda em Geografia - Universidade Federal do Ceará- UFC brunageoufc@yahoo.com.br; Co-autora: Lorene Gomes da Silva Graduanda em Geografia - Universidade Federal do Ceará - UFC lorenegomesdasilva@hotmail.com, Orientadora: Profª Ms. Maria Edivani Silva Barbosa Universidade Federal do Ceará - UFC edivanisb@yahoo.com.br

Resumo:

O presente trabalho é resultado de uma pesquisa realizada durante o Estágio Curricular Supervisionado I, do curso de Geografia, da Universidade Federal do Ceará. Compreende-se o Estágio Curricular como um campo de conhecimento que se produz na interação entre os cursos de formação e o campo social no qual de se desenvolvem as práticas educativas. Assim, o estágio pode se constituir em atividade de pesquisa. A escola particular Vila onde foi realizado o Estágio possui uma metodologia socioconstrutivista, portanto, considera o reconhecimento do espaço, a identificação cultural, a valorização do patrimônio cultural e a responsabilidade sócio-ambiental dentro de sua metodologia de ensino. A pesquisa focaliza o espaço escolar, seus atores sociais e as propostas pedagógicas na qual a escola se baseia. A metodologia para o desenvolvimento deste trabalho se traduz na observação do espaço escolar, na análise das propostas pedagógicas da escola e o embasamento teórico a partir de textos que trabalham com a temática. O objetivo principal é a experiência do estágio curricular na formação dos licenciandos, futuros profissionais da área de educação, enfatizando o estágio como componente curricular e eixo central nos cursos de formação de professores. Assim, salientado que a escola em questão possui uma metodologia diferenciada, que instigará a buscar métodos inovadores para as aulas de Geografia. Compreende-se neste trabalho que a educação pode ser um instrumento tanto de dominação e manutenção da ideologia predominante como também pode ser um instrumento de transformação social. Portanto, é preciso estar atento que educação os futuros docentes estarão difundindo.

Palavras - chave: Estágio curricular, Educação socioconstrutivista, Relatos de experiências

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O presente trabalho é um esforço de síntese de relato e reflexão acerca da disciplina Estágio Curricular Supervisionado I, realizado durante o semestre 2010.1, no curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará - UFC. Sendo o resultado de uma pesquisa do estágio já citado, tendo como obetivo analisar o espaço escolar, seus atores sociais e as propostas pedagógicas na qual a escola se baseia.

Salienta-se que o estágio curricular tem como objetivo a integração do processo de formação do aluno, futuro profissional, considerando o campo de atuação como objeto de análise e interpretação crítica, a partir dos vínculos com as disciplinas do curso. Dessa forma o estágio curricular é campo de conhecimento. Trata-se de uma área de conhecimento que permite a interação entre as várias disciplinas cursadas durante a formação do professor, é o momento do estagiário avaliar os saberes docentes adquiridos ao longo de sua formação inicial, momento de reflexão de aproximação entre o campo de trabalho no qual vai atuar.

Sendo assim, Pimenta & Lima (2009, p. 43) “afirmam que é o estágio possibilita os futuros profissionais aproximarem-se da escola ajudando-os a compreenderem a complexidade das práticas institucionais e das ações aí praticadas por seus profissionais como alternativa no preparo para sua inserção profissional”.

O Estágio ao longo da história da formação docente sempre foi identificado como a parte prática do curso e os currículos construídos como um conjunto de disciplinas isoladas entre si, sem estabelecer a conexão entre as disciplinas e a realidade social vivida pelo aluno, nem tão pouco evidenciando o campo de atuação profissional dos estagiários, chegando a gerar práticas fragmentadas sem a percepção da totalidade do processo educativo. Em relação à prática como instrumentalização técnica:

“A perspectiva técnica no estágio gera um distanciamento da vida e do trabalho concreto que ocorre nas escolas, uma vez que as disciplinas que compõem os cursos de formação não estabelecem os nexos entre os conteúdos (teorias?) que desenvolvem e a realidade nas quais o ensino ocorre”. (PIMENTA & LIMA, 2009).

Importante expor que o estágio como campo de conhecimento significa atribuir-lhe um estatuto epistemológico que supere sua tradicional redução a atividade prática instrumental. Dessa forma é válido ressaltar o estágio como atividade de pesquisa, onde os futuros docentes desenvolvem postura e habilidades de pesquisador a partir das situações de

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estágio, elaborando projetos que torne possível simultaneamente compreender e problematizar as situações que observam.

Pimenta e Gonçalves (1990) afirmam ter o Estágio a finalidade de propiciar ao aluno a aproximação à realidade na qual atuará o que requer a adoção de novos procedimentos, uma vez que a realização do estágio como uma atividade de conhecimento, requer fundamentação, diálogo e intervenção na realidade, pois é no contexto da sala de aula, da escola, do sistema de ensino e da sociedade que a práxis se efetiva.

Portanto, a experiência pelo primeiro contato com as diversas e contraditórias realidades escolares traz, aos alunos do curso de graduação em geografia, a expectativa da construção de sua identidade como professor, de como ser um bom docente e certa preocupação acerca da realidade social de seus alunos.

Deste modo, é importante ressaltar que a prática não pode ser inventada pela teoria, os saberes adquiridos durante a formação acadêmica são apenas os alicerces para a construção desta prática. A formação docente é um eterno fazer-se. A cada dia no exercício da docência há momentos de contínua aprendizagem, de trocas de saberes entre seus colegas de profissão e entre seus alunos, isso porque como seres humanos estamos em constante processo de construção, portanto:

[...] “o estágio é teoria e prática (e não teoria ou prática). De acordo com o conceito de ação docente, a profissão de educador é uma prática social. Como tantas outras, é uma forma de se intervir na realidade social, no caso por meio da educação que ocorre não só, mas essencialmente, nas instituições de ensino. Isso porque a atividade docente é ao mesmo tempo

prática e ação” (PIMENTA & LIMA, 2009).

Contudo, pode-se dizer que o estágio não é atividade prática, mas teórica, instrumentalizadora da práxis docente, entendida como atividade de transformação da sociedade. A prática docente é uma atividade imprescindível na construção de saberes. Como uma atividade social, a expectativa dos estagiários, também, circula em torno de questionamentos, comuns, acerca da realidade social de seus futuros alunos. Os mesmos se questionam se estarão preparados para lidar com situações como a deficiência física, a fome, a violência doméstica, entre outros problemas reais que possam vir a dificultar o processo de aprendizagem de seus discentes.

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As atividades desenvolvidas neste estágio têm a dimensão do conhecimento presente nos momentos em que se trabalha a reflexão sobre a realidade profissional, vendo a prática, como instrumento de inserção do aluno na realidade social, econômica, a compreensão de sua área ou curso, possibilitando a interlocução com os referenciais teóricos do currículo e assim,

“o estágio prepara para um trabalho docente coletivo, uma vez que o ensino não é um assunto individual do professor, pois a tarefa escolar é resultado das ações coletivas dos professores e das práticas institucionais, situadas em contextos sociais, históricos e culturais”. (PIMENTA & LIMA, 2009 p. 56)

O Estágio Curricular Supervisionado em Geografia I da Universidade Federal do Ceará – UFC é o primeiro contato dos licenciandos em geografia com a escola. É o estágio de boas vindas à este universo no qual futuramente estarão inseridos e o espaço escolar é o seu objeto de estudo.

A EXPERIÊNCIA DE ESTAGIAR EM UMA ESCOLA

SOCIOCONSTRUTIVISTA

O Estágio foi realizado na escola particular de Ensino Fundamental I e II Vila, que se localiza no bairro de Fátima na zona central da cidade de Fortaleza - Ceará. Esta possui como proposta didático-pedagógica influências do socioconstrutivsimo. Libâneo explana a definição deste conceito.

“É socio porque compreende a situação de ensino – aprendizagem como uma atividade conjunta, compartilhada, do professor e dos alunos, como uma relação social entre professor e aluno ante o saber escolar. É construtivista porque o aluno constrói, elabora, seus conhecimentos, seus métodos de estudo, sua afetividade, com a juda da cultura socialmente elaborada, com a ajuda do professor”. (LIBÂNEO, 1995 apud CAVALCANTI, 1998, p.139)

Deste modo, comprende-se este método como um instrumento de construção do conhecimento a partir da interação dos educandos com a sua realidade, valorizando e aprofundando o que os alunos tem como bagagem de conhecimento. O conhecimento e a inteligência vão se desenvolvendo passo a passo, num processo de construção que é tão importante quanto o próprio conhecimento. Cavalcanti (1998, p. 145) explica que o socioconstrutivismo:

“é um ensino baseado em atividades que promovam interação do homem (aluno) com o mundo dos objetos (saber escolar), que provoca

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desenvolvimento intelectual. Trata-se assim de buscar no ensino atividades que propiciem o desenvolvimento de instrumentais cognitivos nos alunos.”

Diante do exposto, analisando o projeto político pedagógico desta instituição educacional percebe-se que está colocado que o processo ensino–aprendizagem deve conter os conteúdos do currículo da educação básica que é exigido pelo MEC, porém também relacioná-los com o contexto social, cultural e ambiental. Com o objetivo de formar cidadãos conscientes e comprometidos com o social e com o meio ambiente.

A idéia principal da escola é a formação de uma pessoa completa, conhecedora de que faz parte de uma teia, chamada sociedade, e de que é preciso existir um espírito de cooperatividade, sinergia e pro - atividade.

A partir das visitas à escola foi percebido também que a arquitetura escolar interfere na forma da circulação das pessoas, na definição das funções para cada local.

Cantina, corredores, pátio, salas, cada um desses espaços tem uma função definida a priori e cada um deles tem um significado e um papel na aprendizagem dos alunos.

Como afirma Kimura (2008) “a escola é uma teia de relações e por isso possui diversos aspectos articulados entre si como materiais voltados para o ensinar - aprender, pensar-fazer como fonte do ensinar-aprender, organização dos tempos e espaços escolares e sistemas de ensino e políticas públicas”.

Na visita observamos os diversos espaços além das salas de aula que a escola possui, como o ‘quintal’ que é um espaço de lazer das crianças, e os distintos laboratórios temáticos que a instituição possui.

Os laboratórios do pomar, de horta e de farmácia viva estimulam o contato com a natureza, e constrói uma sensibilização e conscientização ambiental. Nestes laboratórios são realizadas aulas extras da disciplina de geografia, mostrando que a Ciência Geográfica faz parte do cotidiano dos discentes, algo tão discutido na contemporaneidade. Ocorre, também, a questão da interdisciplinaridade com a Biologia, História e etc.

Um ambiente muito utilizado e que está ligado a uma prática muito desenvolvida é o “canto” dos resíduos sólidos, onde se trabalha a reutilização de materiais como garrafas pet, caixas de leite, pneus velhos, garrafas de vidro, papel, papelão e etc. Esta é uma boa iniciativa para com os alunos. Neste local se desenvolve a formação de educação ambiental nos estudantes, tema intrinsecamente ligado com o ensino geográfico.

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Além dos laboratórios, existem atividades complementares como música artes plásticas, artesanato e teatro, estimulando, assim, as potencialidades que os estudantes possuem latentes ou evidentes. Desta forma, a escola Vila busca também desenvolver e valorizar a identidade cultural de seus alunos.

ANALISANDO A SALA DE AULA

A sala de aula possui muitos recursos didáticos, o que possibilita um nível de pesquisa e conhecimento maior, pois eles estão ao acesso dos estudantes. A aula de geografia é realizada com bastante interatividade, participação dos alunos, e utilização de diversos recursos didáticos, como globos e mapas.

A utilização de utensílios que estimulem o desenvolvimento cognitivo dos alunos, “os instrumentais cognitivos particularmente importantes para a aprendizagem de geografia são: observação, localização, relação, compreensão, descrição, expressão e representação”. (GOULART, 1993, apud, CAVALCANTI, 1998, p.53).

Nota-se que em cada sala possui um número relativamente pequeno de alunos, cerca de quinze estudantes, o que possibilita relação mais próxima entre professor e aluno.

Em nossas análises percebemos que o espaço da Escola Vila possui uma infra-estrutura adequada para o desenvolvimento cognitivo dos estudantes e também para o seu desenvolvimento físico. Todas essas influências que a Escola Vila aspirou tornaram-na diferenciada e com práticas que têm dado certo

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreende-se que um dos objetivos do Estágio Curricular Supervisionado em Geografia I da UFC é ser uma oportunidade de edificação de aprendizagens significativas no processo de formação dos futuros docentes. Aliando a isso ao diálogo com as disciplinas teóricas desenvolvidas no curso de licenciatura em Geografia.

Afirma-se que foi bastante importante estagiar nesta escola diferenciada, porque ela mostrou que o método da educação tem que possuir criatividade, tem que ser multicolorido, tem que ser um processo divertido, movimentado, lúdico e envolvente aos alunos.

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Entende-se também que é preciso trabalhar a responsabilidade cultural e ambiental nos estudantes, só acresentariamos a isso uma metodologia reflexiva no que correspondem a trabalhar com as questões sociais, políticas e econômicas de forma que possibilite o senso critico do aluno.

Diante desses percalços, os futuros professores são confrontados com a necessidade de definirem novos saberes e práticas. O estágio como um campo de conhecimento por parte do futuro docente abre aos alunos a possibilidade de se confrontarem com tais realidades, de modo que possam desde então edificar percepções que num futuro próximo lhes proporcionem o exercício de uma prática docente que seja, de fato, humana e justa.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Ana Maria Bezerra de; LIMA, Maria Socorro Lucena; SILVA, Silvina Pimentel. Dialogando com a Escola. 1ª Fortaleza: Edições Democrito Rocha, 2002

ATITUDE, Escola. O que é sócio construtivismo. Disponível em: <http://www.escola-atitude.com/o-que-e-socio-construtivismo.html>. Acesso em: 20 maio 2010.

Escola Vila. Disponível em: <http://www.escolavila.com.br>. Acesso em: 20 maio 2010. PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência: questões e propostas. 4ª São Paulo: Cortez, 2009.

PIMENTA, Selma Garrido; GONÇALVES, C. L. Revendo o ensino de 2º grau,

propondo a formação do professor. São Paulo: Cortez, 1990.

CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, Escola e construção de conhecimentos. 1ª ed. São Paulo: Papirus Editora, 1998.

KIMURA, Shoko. Geografia no ensino básico: questões e propostas. 1ª São Paulo: Contexto, 2008.

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