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ASSEMBLEIA NACIONAL GABINETE DO PRESIDENTE

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Academic year: 2021

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ASSEMBLEIA NACIONAL GABINETE DO PRESIDENTE

Discurso de S.E o Presidente da Assembleia Nacional na abertura do Atelier sobre a Preservação do Meio Ambiente

Excelentíssima Senhora Presidente da Rede de Parlamentares para o Ambiente, Luta Contra a Desertificação e Pobreza,

Senhoras e Senhores Deputados,

Senhoras e Senhores Representantes do Corpo Diplomático e das Organizações Internacionais,

Senhor Presidente da ADAD, Senhora Presidente da RAMAO,

Senhor Representante da Plataforma das ONG,

Senhor(a) Representante do Programa Regional para a Protecção da Zona Costeira e Marinha da Costa Ocidental Africana, PCRM,

Senhora Representante do Fundo Mundial para a Natureza, WWF,

Senhores Representantes do Ministério do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território,

Ilustres Convidados,

Minhas Senhoras e meus Senhores:

Em primeiro lugar, saúdo todos os presentes e felicito de forma particular os promotores desta louvável iniciativa: a Rede de Parlamentares para o Ambiente, a ADAD e a RAMAO. Face às mudanças climáticas, é o envolvimento de todas as Organizações da Sociedade Civil que faz acalentar a esperança de que é com exemplos desta natureza que se pode salvar o Planeta.

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Quero aqui expressar os meus parabéns aos Senhores Deputados da Rede de Parlamentares para o Ambiente pela organização deste Atelier. Em Cabo Verde, há evidências históricas de que com “djunta mó”, consegue-se alcançar grandes objectivos. Basta ver o resultado espectacular das campanhas de reflorestação, iniciadas com a Independência, e com a participação entusiástica de todos, conseguiu-se aumentar a área florestal de cinco mil para os cerca de 80 mil hectares actuais.

O nosso devir colectivo é obra de todos. Impõe-se um dever de solidariedade para com as gerações futuras a fim de lhes legar um mundo ainda melhor para se viver. Estamos convocados e desafiados a assumir novos comportamentos e novas atitudes, que cuidem dos interesses das gerações dos nossos filhos.

É um desafio suficientemente grande para que seja deixado apenas na responsabilidade de políticos e governos: tem que haver uma co-responsabilização e uma mobilização geral dos indivíduos, das famílias, das escolas, das organizações profissionais e não-governamentais. Este é o lugar das Organizações da Sociedade Civil que, em princípio, estão mais próximos destes problemas concretos do que os governos!

Cada um deverá assumir o seu papel de defensor do ambiente, através de uma postura proactiva, e esforçando-se numa atitude reivindicativa para que esta problemática continue a estar presente e de forma clara e inequívoca, na agenda de preocupações e prioridade do Governo. Felizmente, essa consciência cidadã existe entre nós.

Todas as iniciativas que contribuam para a resolução dos problemas concretos das pessoas – e que sejam ao mesmo tempo amigas do ambiente –, serão bem-vindas. Os nossos Parlamentares, assumindo estes desafios, para além das suas funções tradicionais, estarão e enriquecer o cargo para que foram eleitos.

Em Cabo Verde, é com simpatia e interesse que acompanho a iniciativa que tem em vista a escolha das sete maravilhas do Arquipélago. Este empreendimento propicia a interacção com a sociedade, realça a importância dos lugares e sítios e contribui para a sua divulgação e valorização.

Felizmente, existe entre nós a consciência de defesa do meio ambiente. Esta Nação tem lutado, ao longo da sua história, contra a adversidade do clima, empenhando-se na tarefa de reabilitação do meio ambiente. As secas cíclicas moldaram o homem cabo-verdiano e fortaleceram a sua consciência nesta matéria. Isto explica o facto de o nosso país ter

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sido dos primeiros a assinar a Convenção de Luta contra a Desertificação.

Minhas Senhoras e meus Senhores:

Neste momento decorre a Cimeira Rio+20. Duas décadas depois da histórica Cimeira da Terra, o panorama não é muito animador. Hoje, os olhos do mundo estão de novo concentrados no Rio de Janeiro. Espera-se que todos tenham consciência da gravidade da situação a ponto de provocar uma mudança de atitude face ao meio ambiente.

Neste Atelier, saudamos a Cimeira que acontece no Rio, até ao dia 22 deste mês, e afirmamos que chegou a hora de passar das intenções à prática. Desde há pelo menos vinte anos que os problemas estão identificados, bem como as medidas necessárias para a sua resolução. De facto, o que tem faltado ao longo destes anos é a vontade política para alcançar as soluções.

Estamos numa corrida em contra relógio para salvar o Planeta. A Cimeira Rio+20 não deve perder de vista a gravidade da situação e a responsabilidade que impende sobre os ombros dos participantes, particularmente dos decisores políticos. Aos governos cumpre adoptar metas universais de desenvolvimento sustentável. Será que não se deveria implementar um “Plano Marshall ecológico” para os países em desenvolvimento mais severamente atingidos pelas consequências da degradação ambiental?

Por ocasião do Dia Internacional da Diversidade Biológica, celebrado no passado dia 22 de Maio, o secretário-geral das Nações Unidas proferiu uma mensagem alusiva à data e, permitam-me que cite uma passagem que, embora de abrangência planetária, julgo que deverá merecer a nossa atenção, pois, a nossa superfície marítima é cerca de cento e cinquenta vezes superior à área terrestre e é aí que se concentra a maior parte dos nossos recursos:

“A sobre-exploração comercial das reservas de peixe no mundo é grave. Muitas espécies têm sido pescadas até restarem pequenas fracções das populações originais. (...) Os detritos de plástico continuam a matar a vida marinha, e a poluição terrestre está a criar zonas de águas costeiras que estão quase totalmente desprovidas de oxigénio. A acrescentar a tudo isto, o aumento do uso dos combustíveis fósseis está a afectar o clima global, fazendo com que a superfície da água fique mais quente, causando a subida do nível das águas do mar e o aumento da acidez do oceano, com consequências que só agora começamos a compreender.” Minhas Senhoras e meus Senhores:

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Há uma semana comemoramos o Dia Mundial dos Oceanos. Face às notícias que às vezes vêm a público, a sociedade questiona se os diversos acordos de pescas assinados pelos nossos governos seriam vantajosos ou se, pelo menos, estariam preservados os interesses do país; se a fiscalização seria efectiva, de forma a se certificar que em todo o processo de captura, as normas estariam a ser respeitadas e que não estaríamos perante uma actividade meramente predatória, capaz de provocar o extermínio das várias espécies de peixes.

Por outro lado, devemos nos interpelar sobre as condições em que aqueles que se dedicam à pesca artesanal estariam a exercer essa actividade, pois trata-se de uma profissão geralmente associada à pobreza. Estes e outros questionamentos da sociedade civil, não podem ser ignorados e devem merecer a devida atenção dos poderes públicos. Temos igualmente consciência de que nem sempre a gestão dos recursos hídricos e agrários é a mais eficiente e criteriosa. Muitas vezes, a carência de recursos financeiros para investimentos condiciona o desenvolvimento. As soluções estão a ser construídas. Cabo Verde começa a colher os benefícios do esforço no sentido de se apetrechar o país com infra-estruturas hidroagrícolas, com destaque para as barragens.

De uma forma geral, um país pequeno e arquipelágico como é o nosso, apresenta um frágil equilíbrio ambiental e é vulnerável aos impactos negativos das alterações climáticas. Daí a urgência da protecção e preservação dos seus recursos naturais costeiros e marinhos, pois tem nos oceanos uma das principais fontes de recursos, particularmente no momento que tanto se fala no cluster do mar.

Só com uma gestão adequada dos recursos marinhos e a criação de mais áreas marinhas protegidas – à semelhança do que acontece em terra –, estaremos a trilhar os caminhos de um desenvolvimento sustentável. Para tal, serão necessários de entre outros requisitos – e não necessariamente por esta ordem –, vontade política e recursos financeiros.

Torna-se necessário um efectivo conhecimento dos recursos naturais, para facilitar os esforços de adaptação às alterações climáticas. Para isso, há que desenvolver, tanto a investigação como a formação, a diversos níveis. Neste aspecto, o desenvolvimento dos recursos humanos e a formação de investigadores, revela-se fundamental.

Há que repensar o mar e a pesca. Ao mesmo tempo em que se introduzem novas tecnologias, o reforço da capacidade de

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transformação/conservação, associado a um circuito eficaz de transporte e comercialização, provocaria uma autêntica revolução no sector.

Um programa consequente de defesa do meio ambiente passa igualmente pela adopção de padrões de consumo e de produção sustentáveis e pela racionalização do uso dos recursos naturais, evitando a exploração depredatória. A fragilidade do ecossistema recomenda uma política activa de protecção das espécies.

Em relação à pesca e face à evidente diminuição dos recursos existentes, uma das alternativas incontornáveis poderia ser a opção pelo cultivo, ou seja, a aquicultura. É com interesse e simpatia que registo o facto de que já existem projectos nesta área em Cabo Verde. Aqui, a promoção da investigação e a dinamização de projectos são bem-vindas.

Porque este Atelier tem, entre outros propósitos, a mobilização em torno da conservação das espécies marinhas e costeiras, julgo apropriado voltar a citar Ban Ki-moon, a propósito da Conferência das Nações Unidas de Desenvolvimento Sustentável, que teve início nesta quarta-feira:

“O Rio+20 deve galvanizar acção para melhorar a gestão e conservação dos oceanos através de iniciativas das Nações Unidas, governos, e outros parceiros para controlar a sobrepesca, expandir as zonas marinhas protegidas e reduzir a poluição dos oceanos e o impacto da mudança climática.”

Espero que este Fórum consiga congregar ideias e vontades, de todos os parceiros, à volta de uma iniciativa tão louvável, e que retoma a esperança de ver a humanidade a trabalhar e a caminhar para o progresso e para o desenvolvimento, mas de forma sustentável, para podermos deixar um Planeta ainda melhor para os nossos filhos. Nesta empreitada, todos somos poucos e, para fazer jus ao lema deste Atelier “Juntos na Preservação do Ambiente”, ninguém pode ficar na contramão.

Declaro aberto o Atelier da Sociedade Civil cabo-verdiana sobre o Ambiente.

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Praia, Salão de Banquetes da Assembleia Nacional, 15 de Junho de 2012

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