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AS DIFERENTES LINGUAGENS NO ENSINO DE GEOGRAFIA: DESAFIOS E PRÁTICAS COM A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

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AS DIFERENTES LINGUAGENS NO ENSINO DE GEOGRAFIA:

DESAFIOS E PRÁTICAS COM A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Marta Bertin 1 Jacks Richard de Paulo 2 Maria Antonia Tavares de Oliveira Endo 3

RESUMO

Buscou-se por meio desta investigação analisar as contribuições da inserção de diferentes linguagens para o processo de ensino e de aprendizagem de Geografia na modalidade a distância na percepção de futuros docentes. Para tal, foi aplicado um questionário aos alunos de um curso de Licenciatura em Geografia ofertado por uma Instituição pública na modalidade a distância, localizada no interior do estado de Minas Gerais. Os dados desta pesquisa demonstraram que na percepção dos futuros professores, a inserção de diferentes linguagens nas aulas de Geografia pode contribuir tanto a motivação para o ensino quanto para a aprendizagem acerca dos fatos e fenômenos geográficos.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino. Linguagens. Modalidade à Distância.

EIXTO TEMÁTICO: Tecnologias e EAD.

1 Marta Bertin

E-mail: marta.bertin@cead.ufop.br

Universidade Federal de Ouro Preto – Brasil Doutorado em Geografia/UFRGS

2 Jacks Richard de Paulo

E-mail: richard@ichs.ufop.br

Universidade Federal de Ouro Preto – Brasil Doutorado em Educação/UNIMEP

3 Maria Antonia Tavares de Oliveira Endo

E-mail: mariantonia@cead.ufop.br

Universidade Federal de Ouro Preto – Brasil Mestrado em Educação/ ISPETP-UFOP

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INTRODUÇÃO

Na atualidade, grande parte dos educadores vem enfrentando sérios problemas com a falta de interesse e motivação por parte dos alunos no que se refere aos conteúdos que estão sendo abordados nas salas de aula da Educação Básica.

Apesar da ciência geográfica apresentar um leque de possibilidades teóricas e práticas para trabalhar os conteúdos de forma relacionada com as transformações e mudanças que ocorrem em diferentes escalas no planeta em que vivemos, na maioria das vezes, os conteúdos não são abordados de forma a motivar os alunos.

Segundo Moreira e Masini (2006), dentre os principais problemas vivenciados em sala de aula, em todos os níveis de ensino, destaca-se o distanciamento entre os conteúdos que estão sendo desenvolvidos e sua relação com a realidade cotidiana dos sujeitos.

De acordo com Paulo (2013), os resquícios do ensino tradicional ainda se encontram dentro do contexto das salas de aula, tanto na Educação Básica quanto no Ensino Superior. Ainda conforme o autor em questão, as práticas que contemplam esse viés do ensino tradicional tendem a privilegiar a memorização e a descrição exaustiva dos fatos e fenômenos geográficos, sobretudo, de forma acrítica. Nesta mesma linha de raciocínio, Santos (2010), destaca que:

[...] na escola o ensino da Geografia tem sido descontextualizado da vida do aluno, de sua realidade social, tornando-se uma disciplina reprodutora de conteúdos [...] Nesse sentido, conduz a uma formação desestimulante, fragmentada no que se refere ao entendimento dos conceitos geográficos [...]. (SANTOS, 2010, p. 5).

O crescente uso das tecnologias impulsionou a oferta de ensino na modalidade a distância a qual tem instrumentos que podem favorecer a interação professor-aluno e a construção de conhecimento. No entanto, o fato de se mencionar a modalidade de ensino a distância não quer dizer que haja, necessariamente, o rompimento com aspectos do ensino tradicional, pois, conforme ressalta Valente (2003):

[...] na maioria das vezes, a interação professor-aluno resume-se em verificar se o aprendiz memorizou a informação fornecida, por meio de uma avaliação do tipo teste ou ainda de uma aplicação direta da informação fornecida em um domínio muito restrito. Nesta abordagem, a existência da interação professor-aluno pode não ser ainda suficiente para criar condições para o aluno construir conhecimento. Nesse sentido, esta solução tem os mesmos problemas que a situação do ensino nas escolas tradicionais. É por essa razão que a

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caracterizamos como sendo a virtualização do ensino tradicional [...] (VALENTE, 2003, p. 141).

Para Moran (2013), a sociedade também tem incorporado ao seu cotidiano diferentes recursos tecnológicos, os quais ainda estão muito distantes de serem trabalhados nas Instituições de ensino de forma a contribuir para o processo de mediação pedagógica em toda sua plenitude.

Diante das considerações anteriores, o objetivo principal desta investigação consistiu em analisar as contribuições da inserção de diferentes linguagens para o processo de ensino e de aprendizagem de Geografia na modalidade a distância na percepção de futuros docentes.

Referencial Teórico

Atualmente, intensas mudanças são impostas aos diversos setores da sociedade pelas tecnologias. No entanto, as Instituições de ensino vêm enfrentando dificuldades referentes à motivação e participação dos alunos durante as aulas, principalmente, devido ao fato de que tais Instituições se modificam lentamente em relação à realidade cotidiana da sociedade.

Callai (2013) menciona que por muito tempo perdurou em relação aos cursos de formação de professores de Geografia a necessidade de se privilegiar tanto a descrição dos fatos e fenômenos espaciais quanto a necessidade de se proceder à análise destes de forma compartimentada, sem nenhuma relação com a realidade das pessoas.

Segundo Paulo (2013), os resquícios do ensino tradicional de Geografia pautado na memorização de informações e sem levar em consideração as experiências que os alunos trazem consigo, ainda são encontradas em muitas salas de aula, o que demanda promover reflexões sobre a formação de professores com vistas a atender às novas demandas da contemporaneidade.

O ensino de Geografia necessita envolver a realidade dos indivíduos, visto que o espaço geográfico é dinâmico e os desdobramentos de suas inter-relações e alterações com o meio vivenciado historicamente precisa ser alvo de compreensão por estes sujeitos, enquanto atores ativos e agentes de mudança neste ambiente de vivência, o mundo (CAVALCANTI, 2012).

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Com base nos preceitos da perspectiva histórica e cultural, o ser humano é constituído social, histórica e culturalmente, o que pode criar um movimento de tendência em reproduzir relações. Nesse sentido, ao pensar sobre o processo de ensino e de aprendizagem de Geografia na contemporaneidade evidencia-se a necessidade de contemplar os conhecimentos adquiridos por meio de nossa vivência que articulados com os conhecimentos acadêmicos possibilitam resolver os problemas que nos afetam, principalmente, de forma crítica. Reis (2004, p. 16) corrobora tais apontamentos sobre distanciamento de tal tendência de reproduzir relações, pois, espera-se que a partir do ensino de Geografia os sujeitos “[...] se encontrem aptos a explicar e pensar geograficamente (para atuar e agir no meio) e não apenas para descrever o espaço”.

A prática pedagógica pode contribuir para que os alunos consigam introjetar o que está sendo abordado em consonância com as múltiplas possibilidades de inter-relações entre os conceitos que estão sendo abordados e, ao mesmo tempo, superar as possíveis dificuldades. Nesta mesma linha de raciocínio, a superação das dificuldades de compreensão acerca dos fatos e fenômenos geográficos pode ser visualizada por meio dos apontamentos de Vygotsky (1989), ao destacar que:

a zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real, constituído por funções já consolidadas pelo sujeito, que lhe permitem realizar tarefas com autonomia, e o nível de desenvolvimento potencial, caracterizado pelas funções que estariam em estágio embrionário e não amadurecidas (VYGOTSKY, 1989, p. 97).

Diante das considerações anteriores e conforme Santos (2010), por meio da inserção de diferentes linguagens no ensino de Geografia amplia-se a possibilidade de se estabelecer relações entre os conteúdos que estão sendo abordados e a realidade cotidiana, ou seja, amplia-se a possibilidade de rompimento com práticas tradicionais de forma acrítica e tidas como desmotivadoras.

Percurso Metodológico

Para iniciarmos esta pesquisa, procedeu-se inicialmente a uma revisão bibliográfica junto à literatura específica com o intuito de angariar sólido referencial teórico sobre a temática em questão, visando analisar à luz desses referenciais o tema foco desta investigação.

Para o levantamento de dados, aplicou-se um questionário a 34 alunos regulamente matriculados na disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica de um curso de

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Licenciatura em Geografia, ofertado por uma Instituição pública na modalidade de ensino a distância.

Conforme Gadotti (1999), dentre os instrumentos mais utilizados em pesquisas educacionais para levantamento de dados e informações destaca-se o questionário, pois, além de garantir o anonimato, abrange aspectos pertinentes à proposta investigativa.

Diante do exposto, nesta pesquisa de cunho qualitativo, a proposta de tratar os dados desta maneira visa potencializar a análise sobre as possíveis contribuições das diferentes linguagens para o ensino e a aprendizagem de Geografia, principalmente, em prol de melhor contribuir para a prática de futuros docentes.

Resultados

Os dados do questionário demonstraram que a inserção de diferentes linguagens ocorre de forma bem diversificada em todas as disciplinas do curso de Licenciatura em Geografia. Na percepção dos futuros professores, o computador e as diferentes mídias estão entre as diversas linguagens que mais contribuíram para o processo de produção de conhecimento durante a disciplina (Figura 01). Moran (1995) menciona que garantir o acesso e a utilização adequada das tecnologias constituem demandas essenciais para o âmbito educacional sob o intuito de contribuir efetivamente para a produção de conhecimentos na sociedade da informação, a qual requer constantemente uma multiplicidade de conhecimentos para lidar com a nova realidade.

Figura 1. Linguagens que mais contribuíram para a formação inicial

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Outro aspecto observado se refere à forma como os futuros educadores percebem nas disciplinas da formação inicial a articulação entre os conteúdos que estão sendo abordados com a realidade cotidiana para ensinar Geografia (Figura 02).

Figura 2. Articulação entre conteúdos abordados nas disciplinas com a realidade cotidiana

Fonte: Dados do questionário/2017.

Conforme os futuros professores, na percepção deles, apenas a metade dos conteúdos desenvolvidos na formação inicial se relacionaram com a realidade cotidiana. Na formação de professores, apesar dos apontamentos na literatura específica sobre a necessidade de se promover o ensino de Geografia com base na realidade cotidiana, grande parte dos professores formadores, ainda tem receio de se aventurar em novas práticas e optam por permanecerem em práticas conservadoras, fato esse que vem perdurando reflexos de tais concepções na escola básica (SUETERGARAY, 2002).

No que se refere à identificação de informações detalhadas no planejamento das disciplinas sobre as práticas pedagógicas a serem desenvolvidas para abordar os conteúdos ao ensinar Geografia por meio das diferentes linguagens (Figura 03), os dados desta investigação demonstraram que há um consenso entre os futuros docentes sobre a importância de se contemplar tanto as possibilidades de inserção das diferentes linguagens no planejamento da disciplina pelo professor formador quanto às possibilidades de desenvolvimento das práticas pedagógicas como forma de garantir o sucesso do processo de aprendizagem. No entanto, os dados também revelaram que 70% dos programas de curso não apresentam tais informações no seu planejamento, constatam-se tais dados de forma clara em apenas 20% deles e, 10% dos futuros docentes não responderam, embora também aleguem que a grande maioria dos professores formadores contemplem-nas em suas disciplinas.

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Figura 3. Identificação no programa das disciplinas sobre os procedimentos com a inserção

das diferentes linguagens Fonte: Dados do questionário/2017.

O planejamento favorece a tomada de decisões, pois as informações disponíveis sobre os meios ou recursos com vistas a atingir objetivos no processo de ensino e de aprendizagem podem contribuir tanto para esclarecer sobre os procedimentos a serem adotados quanto para aumentar a responsabilidade de todos os envolvidos. A fala abaixo demonstra a percepção dos futuros professores alvo desta investigação a respeito do ensino de Geografia oferecido durante a formação inicial, o qual, na visão deles, apresentou-se de forma motivadora e com significado para a vida. “As aulas de Geografia hoje são muito interessantes. Há várias possibilidades de contribuir para a aprendizagem, por exemplo, por meio da linguagem cinematográfica, da música, do computador, dentre outras linguagens que colaboram efetivamente para o ensino e a aprendizagem dos conteúdos que estão sendo desenvolvidos em sala de aula”. Neila

No processo de ensino e de aprendizagem de Geografia, a adoção de atitudes em busca de novas possibilidades pedagógicas, podem potencializar o rompimento com práticas tradicionais, pois, conforme Tomita (2009) a inserção de diferentes linguagens no ensino de Geografia consiste em novas possibilidades tanto de representar quanto de interpretar o espaço geográfico, ou seja, uma nova forma de compreender a complexa dinâmica que envolve o espaço geográfico para nele melhor conviver.

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Considerações Finais

Conclui-se que há necessidade de se repensar a formação de professores, em destaque para a área de Geografia pois, fica nítido pela percepção de futuros docentes que a inserção das diferentes linguagens pode contribuir para a produção de conhecimento acerca dos fatos e fenômenos geográficos.

Outro aspecto observado se refere ao potencial dinamizador das diferentes linguagens tanto para o processo de ensino quanto para o processo de aprendizagem de Geografia, permitindo intensificar o diálogo entre discentes e docentes, o que também potencializa a capacidade crítica e criativa dos sujeitos.

A adoção de diferentes linguagens no ensino de Geografia cria caminho para múltiplas possibilidades de compartilhar e analisar informações, ou seja, favorecendo os processos de mediação pedagógica, sobretudo, relacionados com o cotidiano. Por fim, na modalidade a distância, os polos são em sua grande maioria, distantes da Instituição Superior e apresentam diferentes realidades e peculiaridades, fato que também precisa ser contemplado pelos docentes formadores ao elaborarem suas disciplinas de modo a contribuir para a aprendizagem significativa de futuros professores.

REFERÊNCIAS

CALLAI, Helena Copetti. A formação do profissional da Geografia: O professor. Ijuí: Unijuí, 2013.

CAVALCANTI, Lana de Souza. O ensino de geografia na escola. Campinas (SP): Papirus, 2012.

GADOTTI, Moacir. Prefácio. IN: Demo, Pedro. Avaliação Qualitativa: Polêmicas Do Nosso Tempo. 6.Ed. Campinas, Sp: Autores Associados, 1999.

MORAN, José Manuel. Novas tecnologias e o reencantamento do mundo. Revista Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro, vol. 23, nº 2.126, set. / out. 1995.

MORAN, José Manuel. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Papirus, 21ª ed, 2013.

MOREIRA, M. A. MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: teoria de David

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PAULO, Jacks Richard. Promovendo (re)significação de representações

cartográficas no ensino de mapas: a constituição de uma parceria colaborativa com professores de geografia na educação básica. Tese de Doutorado em Educação. UNIMEP. 191 f. Piracicaba. 2013.

REIS, João (Org.). Boas práticas na educação geográfica. Estudos de Geografia humana e regional, Lisboa, n. 46, p. 16-67, set. 2004.

SANTOS, Ricardo Menezes. O Ensino de Geografia: uma interação entre teoria e prática. In: IV Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade. São

Cristóvão: UFS, 2010.

SUERTEGARAY, D. M. A. Geografia física (?) ou geografia e ambiente(?); IN: MENDONÇA, Francisco; KOZEL, Salete. Elementos da epistemologia da Geografia contemporânea. Curitiba: Ed. da UFPR, 2002.

TOMITA, Luzia Mitiko Saito. Ensino de Geografia: aprendizagem significativa por meio de mapas conceituais. Tese de doutorado em Geografia/PPGG/USP. 183f. 2009.

VALENTE, José Armando. Educação a distância no ensino superior: soluções e flexibilizações. Interface-Comunic, Saúde, Educ, v7, n12, p.139-48, fev 2003. VYGOSTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Referências

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