• Nenhum resultado encontrado

Tribunal de Contas da União

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Tribunal de Contas da União"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

Tribunal de Contas da União Dados Materiais:

Decisão 75/97 - Plenário - Ata 06/97

Processo nº TC 003.575/96-9 (SIGILOSO).

Interessado: identidade preservada por intermédio do art. 215 do RI/TCU.

Órgão: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio Grande do Sul - CREA/RS.

Relator: Auditor Lincoln Magalhães da Rocha. Representante do Ministério Público: não atuou. Unidade Instrutiva: SECEX/RS.

Especificação do "quorum":

Ministros presentes: Homero dos Santos (Presidente), Fernando Gonçalves, Adhemar Paladini Ghisi, Carlos Átila Álvares da Silva, Iram Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Bento José Bugarin e o Ministro-Substituto José Antonio Barreto de Macedo.

Assunto:

Denúncia sobre irregularidade praticada no âmbito do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio Grande do Sul - CREA/RS, relativamente ao pagamento de diárias a Conselheiros titulares e suplentes, simultaneamente.

Ementa:

Denúncia contra o CREA RS. Pagamento de diárias a Conselheiros titulares e suplentes, simultaneamente. Conhecimento. Procedência. Determinação. Juntada às contas.

Data DOU: 11/03/1997 Página DOU: 4757 Data da Sessão: 26/02/1997

Relatório do Ministro Relator: Grupo I - Classe VII - PLENÁRIO -TC 003.575/96-9 (SIGILOSO).

(2)

-Natureza: Denúncia.

-Órgão: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio Grande do Sul - CREA/RS.

-Ementa: Denúncia contra o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio Grande do Sul - CREA/RS. Pagamento de diárias a Conselheiros titulares e suplentes, simultaneamente.

Realização de diligências saneadoras e de audiência prévia.

Conhecimento. Procedência da denúncia. Determinação de sustação do procedimento. Juntada do processo às contas ordinárias.

Cancelamento da chancela de sigiloso e ciência ao interessado. Versam os autos sobre denúncia encaminhada a esta Corte contra o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio Grande do Sul - CREA/RS, relativamente ao pagamento de diárias a Conselheiros titulares e suplentes, simultaneamente.

2. O documento em questão (fl. 01) foi protocolado na

SECEX/RS, havendo o signatário adotado idêntica providência junto à Procuradoria da República naquele Estado (cópia à fl. 02), tendo o mencionado órgão, de plano, encaminhado a denúncia ao Tribunal, com vistas à adoção das "providências que julgar cabíveis" (fls. 06/10).

3. Ao examinar os elementos, determinei sua autuação como denúncia, de caráter sigiloso, encaminhando os autos à referida SECEX, para efeito de análise (fl. 11).

4. A primeira instrução, levada a termo às fls. 12/3,

consignou que o respectivo documento preenche os requisitos legais e regulamentares de admissibilidade. Informou a Sra. Analista que, segundo o denunciante, a irregularidade consiste na convocação de Conselheiros suplentes para atuação em Comissões, realizadas concomitantemente às reuniões camerais, atendidas pelos Conselheiros titulares. Em razão da convocação, ambas as categorias de Conselheiros estariam sendo contempladas com a percepção de diárias.

5. Assinalou que, conforme os termos denunciados, "apenas nominalmente as comissões tratam de assuntos diversos dos afetos às reuniões camerais". Tal solução - acrescentou - infringe os

regulamentos pertinentes, os quais só permitem a convocação de suplentes durante a ausência ou impedimento dos titulares.

6. Ressaltou a instrução que o documento de fl. 03, que

acompanha a peça acusatória, evidencia o acúmulo de atividades a serem desenvolvidas por aquela Câmara e sua disposição de formar 04 (quatro) Comissões constituídas, cada uma, por 03 (três)

(3)

Conselheiros suplentes, para agilização no relato dos processos. 7. Após discorrer sobre os despachos/pareceres que redundaram na constituição das referidas Comissões, sugeriu a Sra. Analista diligência preliminar, com vistas à solicitação dos elementos enumerados às fls. 13, de forma a permitir o exame da procedência da denúncia.

8. Promovida a requisição em causa, providenciou o responsável a elaboração das informações de fls. 16/20, acompanhadas dos documentos inseridos às fls. 21/163, cujas peças processuais mereceram apreciação às fls. 164/5 no âmbito da referida Secretaria Técnica.

9. Segundo a Instrução, informou o Sr. Presidente do Conselho que o pagamento de diárias a Conselheiros titulares e suplentes, em concomitância, constitui procedimento há muito exercido pelo CREA/RS. Destacou o Sr. Analista a existência, entre os documentos então carreados aos autos, de projeto de novo Regimento Interno do CREA/RS, cujo art. 15, "caput", consigna que "o suplente de Conselheiro poderá ser convocado juntamente com o titular". Acentuou, entretanto, que não consta do processo nenhuma informação sobre os valores relativos ao pagamento de diárias aos suplentes.

10. Asseverou que "é assente que houve transgressão, por parte do responsável, do Regimento Interno do CREA/RS (fls. 48 a 58) atualmente em vigor, mormente no tocante ao art. 16 (fl. 50-v.), que assim dispõe: 'os suplentes substituirão os conselheiros efetivos, em caráter eventual ou definitivo, e, quando em exercício, terão todos os direitos e deveres destes.' Do mesmo modo, desrespeita o responsável o Parecer nº 117/95 do CREA/RS (fl. 121), tendo em vista o pagamento de diárias a Conselheiros efetivos ou suplentes, convocados simultaneamente, quando esses exercem a mesma atividade". Informou o Sr. Analista que o projeto de

Regimento Interno, em seu art. 15, não faculta o pagamento de diárias a suplentes quando no exercício da mesma atividade dos Conselheiros efetivos, uma vez que o novo dispositivo regimental prevê a possibilidade de substituição, em caráter transitório, do respectivo titular que estiver exercendo função diretiva no CREA/RS. 11. Conclusivamente, propôs o Sr. Analista que se conhecesse da denúncia, para, no mérito, considerá-la procedente, sugerindo, também, o cancelamento da chancela de sigilo aposta nos autos e audiência prévia do responsável, cujas providências foram endossadas pela Sra. Diretora e pelo Titular da SECEX/RS (fl. 165).

(4)

12. Autorizada por este Relator a audiência do responsável, preliminarmente, apresentou o interessado as razões de justificativa acostadas às fls. 170/2, ensejando a análise de fls. 175/6, seguida do posicionamento uniforme da Unidade Técnica competente.

13. Segundo a Instrução, argumenta o responsável -escudando-se na obra "Direito Administrativo Brasileiro" (págs. 165, 17ª Edição), do eminente e saudoso Administrativista Hely Lopes Meirelles, "que o regimento é a 'lei da casa' e que sua violação dá ensejo a invalidação do ato, desde que lesivo ao direito individual ou à prerrogativa da função". Ressalta, o

interessado, que o ato contestado resultou do consenso das próprias Câmaras Especializadas e "que a prática de tal ato, apesar de vedada pelo Regimento Interno da entidade, 'não fere a lei', nem resoluções do CONFEA".

14. Acentua o Sr. Analista que se deve considerar, consoante os ensinamentos do mencionado autor expostos na obra citada, "que o regimento é um ato administrativo normativo". Tal ato tem "como objetivo imediato o de esclarecer a norma legal a ser observada pela Administração e pelos administrados, expressando, em minúcia, o mandamento abstrato da lei, fazendo-o com a mesma normatividade da regra legislativa. Desse modo, sendo o regimento a própria 'lei da casa' e, como ato administrativo normativo (inclui também as resoluções), traz a lume o regramento a ser observado pelos administrados, tendo a mesma normatividade das regras legislativas, não vemos como possa ser desrespeitado, sem que nenhuma conseqüência traga aos infratores".

15. Quanto à possibilidade de invalidação do ato regimental, verifica-se que, "na verdade, houve desrespeito a todo o direito da categoria, bem como criou-se privilégio contrário à prerrogativa de função ao propiciar para aqueles que são substitutos a atuação junto aos efetivos do cargo, descaracterizando a própria natureza da interinidade, percebendo remuneração como 'verdadeiros titulares'".

16. Lembra a Instrução que, quando da apreciação do TC 004.786/96-3, ponderou o Sr. Relator que "o regimento é lei no sentido material, equiparando-se, na sistemática das normas jurídicas, à própria lei editada pelo Legislativo" (Decisão nº 507/96, Ata nº 32/96-Plenário).

(5)

do responsável, por vulnerar o art. 16 do Regimento Interno do

CREA/RS, bem como o Parecer nº 117/95 do Departamento Jurídico da entidade e Decisão nº 507/96-TCU-Plenário, aplicando-se ao mesmo a multa prevista no art. 220, inciso III, do Regimento Interno do

TCU".

19. Sugere, ainda, com a aquiescência do escalão dirigente, a juntada dos autos às contas da autarquia para exame em conjunto e em confronto, determinando-se a imediata sustação do procedimento em apreço (fl. 176).

Voto do Ministro Relator: PROPOSTA DE DECISÃO

Tendo-se procedida às apurações pertinentes, ficou comprovada a veracidade dos fatos denunciados, tendo sido assegurado ao Sr. Presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio Grande do Sul - CREA/RS, ampla oportunidade de defesa, conforme prescrevem a Lei nº 8.443/92, em seu art. 53, § 4º, e o art. 212, § 2º, do Regimento Interno/TCU (fls. 167/72).

2. Especificamente, o dispositivo do Regimento Interno do CREA/RS, então violado dispõe, "verbis":

"Art. 16 - Os suplentes substituirão os conselheiros, em caráter eventual ou definitivo, e, quando em exercício, terão todos os direitos e deveres destes" (grifos acrescidos).

3. Outrossim, o preceito regimental inscrito no art. 13, assim prescreve:

"Art. 13 - Se houver vacância de Conselheiro e ou de seu suplente, durante o mandato, será solicitada pelo Conselheiro a indicação de novo titular e ou suplente, para complementar o mandato".

4. Ressalte-se que, mesmo no âmbito interno, o procedimento em questão foi expressamente censurado, uma vez que, ao responder a consulta formulada pelo Departamento Administrativo do CREA/RS sobre a legalidade do referido procedimento, o Departamento Jurídico da instituição, por intermédio do Parecer nº 117, de 10.05.95, entendeu que "é preciso deixar claro que a matéria encontra regulamentação nos arts. 13 usque 16 do Regimento Interno, cuja exegese, s.m.j., não permite concluir pela possibilidade de atuação simultânea de titulares e suplentes, mas, ao invés, estes só substituem os titulares se ausentes estes" (fl. 121).

(6)

"orientação, forçoso concluir, é no sentido de que o pagamento aos suplentes é indevido se os respectivos titulares também se acham em exercício" (grifo do original, fl. 121). Portanto, de igual modo,

penso que o pagamento de diárias aos Conselheiros titulares e suplentes, concomitantemente, constitui flagrante infringência aos preceitos regimentais, mormente o art. 16, cujo dispositivo, ao assegurar "todos os direitos" aos suplentes, o faz, textualmente, apenas nas hipóteses de "substituição" dos membros efetivos. 6. Assim sendo, a despeito de ter o dirigente juntado aos

autos vasta documentação em cumprimento às diligências saneadoras (fls. 14/163), acompanhadas, posteriormente, das respectivas razões de justificativa (fls. 170/2), entendo que os fatos examinados não oferecem elementos de convicção capazes de desfazer o juízo de irregularidade, relativamente aos aspectos constantes da peça vestibular.

7. Quanto ao encaminhamento sugerido, considero ser de todo pertinente a proposta de apenação do responsável, conforme alvitrado pela Unidade Técnica, contudo, impende lembrar que as questões apuradas nestes autos irão comprometer as contas relativas ao exercício de 1996, as quais, englobando os demais atos de gestão, serão submetidas à deliberação do Tribunal, oportunamente. 8. Desse modo, no que tange ao momento para a cominação em epígrafe, penso que a juntada deste processo ao das contas ordinárias, irá fornecer subsídios não só para o juízo de mérito

relativamente às mesmas, como também para a gradação da própria multa a ser aplicada, acaso verificadas outras irregularidades

quando do julgamento das contas correspondentes, ocasião em que, aí sim, entendo deva ser imposta a sanção pecuniária.

Ante o exposto, acolhendo, no essencial, a proposta formulada pela Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio Grande do Sul, proponho que o Tribunal adote a Decisão que ora submeto à deliberação deste Egrégio Plenário.

Decisão:

O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 1 - conhecer da presente denúncia, uma vez que foram observados os requisitos contidos nos arts. 74, § 2º, da Constituição Federal, 1º, inciso XVI, 53, ambos da Lei nº 8.443/92 e 213 do Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la procedente;

(7)

2 - dar conhecimento desta Decisão ao interessado, Sr. Hermes Vargas dos Santos;

3 - determinar:

I) ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio Grande do Sul - CREA/RS que adote providências no sentido de sustar o pagamento de diárias a Conselheiros titulares e suplentes, simultaneamente;

II) a juntada do presente processo às contas do CREA/RS, relativas ao exercício social de 1996, com vistas ao exame em conjunto e em confronto; e

III) o cancelamento da chancela de sigiloso que recai sobre estes autos, nos termos dos arts. 53, § 3º e 55, § 1º, da Lei nº 8.443/92, c/c os arts. 212, § 1º e 215, § 1º, do RI/TCU.

Indexação:

Denúncia; Entidade de Fiscalização Profissional; RS; Pagamento Indevido; Diárias; Conselheiro; Pessoal; Sustação; Pagamento; Importância Recebida Indevidamente; Procuradoria da República; Substituição;

Referências

Documentos relacionados

Este trabalho tem como objetivo contribuir para o estudo de espécies de Myrtaceae, com dados de anatomia e desenvolvimento floral, para fins taxonômicos, filogenéticos e

Neste panorama, o principal objetivo desse estudo é entender a importância da competitividade de destinos turísticos pontuando quais políticas tem sido adotadas

Dentre as principais conclusões tiradas deste trabalho, destacam-se: a seqüência de mobilidade obtida para os metais pesados estudados: Mn2+>Zn2+>Cd2+>Cu2+>Pb2+>Cr3+; apesar dos

Desse modo, tomando como base a estrutura organizacional implantada nas SREs do Estado de Minas Gerais, com a criação da Diretoria de Pessoal, esta pesquisa permitirá

Acrescenta que “a ‘fonte do direito’ é o próprio direito em sua passagem de um estado de fluidez e invisibilidade subterrânea ao estado de segurança e clareza” (Montoro, 2016,

Nesse mesmo período, foi feito um pedido (Processo do Conjunto da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro nº 860-T-72) pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil e pelo Clube de

F REQUÊNCIAS PRÓPRIAS E MODOS DE VIBRAÇÃO ( MÉTODO ANALÍTICO ) ... O RIENTAÇÃO PELAS EQUAÇÕES DE PROPAGAÇÃO DE VIBRAÇÕES ... P REVISÃO DOS VALORES MÁXIMOS DE PPV ...

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o