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I CONGRESSO DE ARQUEOLOGIA DO CENTRO-OESTE EM TEMPOS DE CRISES E INCERTEZAS

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Academic year: 2021

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I CONGRESSO DE ARQUEOLOGIA DO CENTRO-OESTE

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SUMÁRIO CONFERÊNCIAS

A crise dos acervos: curadoria arqueológica como pesquisa

Michael Heckenberger 2

Arqueologia histórica, colonialismo e capitalismo

Marcos André Torres de Souza 4

Por arqueologias vivas

Bruna Cigaran da Rocha 5

SIMPÓSIO TEMÁTICO 1 - MATERIALIDADES, MUSEUS E PATRIMÔNIOS A crise dos acervos: curadoria arqueológica como pesquisa

Daiane Pereira 7

Mas afinal, o que é descarte?

Marjori Pacheco Dias & Vagner Carvalheiro Porto 8 O museu ciberarqueológico e a visibilização de um elemento da cultura material do povo Guarani na Terra Indígena Porto Lindo/Jakarey,Japorã/MS

Thaiane Coral Fernandes Lima & Beatriz dos Santos Landa 9 Entre Coleções, Lugares e Instituições: Primeiros apontamentos sobre uma Cartografia do Patrimônio Arqueológico e Indígena no Estado de Goiás

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Museu Histórico de Jataí Francisco Honório de Campos: uma instituição de guarda em construção

Weylla Bento de Oliveira 13

Repatriamento e ressignificação das “coisas dos antepassados” como identificação e resistência cultural

Patrícia Hackbart 15

SIMPÓSIO TEMÁTICO 2 – ARQUEOLOGIA HISTÓRICA

Arqueologia da paisagem no sítio histórico Mercado Municipal da Cidade de Goiás

Marcelo Iury de Oliveira 18

Uma nova metodologia para o estudo dos vidros reciclados

Anna Flora Noronha Moni e Marcos André Torres de Souza 19 Uma arqueologia da paisagem dos prostíbulos novecentistas da cidade de Pelotas (RS)

Vanessa Avila Costa & Louise Prado Alfonso 20 Túmulos de crianças do século XIX no cemitério São Miguel da Cidade de Goiás: representações sociais e significados simbólicos

Natália Silva Fé & Ludimília Justino de Melo Vaz 22 Os remediados da Rua “Nova São Bento”

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Arqueologia da Diáspora Africana no Brasil Central: Entre Lugares, Coisas e Enquadramentos da Memória

Luciana Bozzo Alves & Genilson Nolasco 27

Arqueologia urbana em Mato Grosso do Sul: explorando potencialidades.

Rafael Lemos de Souza, Luan Sancho Ouverney e Marcos André

Torres de Souza 29

SIMPÓSIO TEMÁTICO 3 – ETNOARQUEOLOGIA E PRÁTICAS COLABORATIVAS

As tradições tecnológicas ceramistas na Terra Indígena Lalima, Miranda/MS, Pantanal.

Eduardo Bespalez 31

Depósitos tecnogênicos construídos na comunidade Ikpeng, no Parque Indígena do Xingu.

Damiane Santos Cerqueira e Julio Cezar Rubin de Rubin 33 Etnoarqueologia com os Karajá/Iny da Ilha do Bananal: aproximações iniciais.

Diego Teixeira Mendes 35

Arqueologia, povos indígenas e mudanças climáticas no estado de Mato Grosso: desafios e perspectivas.

Luciano Pereira da Silva 36

Etnoarqueologia de dois aterros na Terra Indígena Baía dos Guató, região do Pantanal Mato-Grossense.

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Grafismos e Inter-Historicidades

Rosiclér Theodoro da Silva e Kamariwé Waurá 40

Dinâmica fluvial e o “conhecimento empírico” na aldeia Waura no Parque Nacional do Xingu.

Leonardo Tomé de Souza 41

O licenciamento arqueológico em territórios indígenas: Patrimônio arqueológico ou despojos de guerra?

Francisco Forte Stuchi 42

Arqueologia Social Inclusiva e conservação da arte rupestre dos sítios Barro I e Templo dos Pilares – Alcinópolis – MS.

Maria Conceição Soares Meneses Lage, Benedito Batista Farias

Filho e Igor Linhares de Araújo 43

Trajetórias Negras: etnoarqueologia e colaboração em Vila Bela e seus quilombos.

Patrícia Marinho de Carvalho 45

SIMPÓSIO TEMÁTICO 4 – ARQUEOLOGIA PRÉ-COLONIAL

A coleção arqueológica do Sítio Cachoeirinha: alguns aspectos tecnológicos.

Edilson Teixeira de Souza 48

O enfoque tecno-genético aplicado à classificação de núcleos: possibilidades, estado atual e limites para a arqueologia brasileira.

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Explorando os planos de escavação do corte 4 do sítio GO-CP-16, resultados preliminares

José Lucas Otero da F. C. Couto 54

Arqueologia em Palestina de Goiás: o trabalho para que o sutil se manifeste.

Sibeli Aparecida Viana 56

Prospecção arqueológica com GPR no sítio arqueológico GO-JA-02: Serranópolis, Goiás

Eloah Vargas Ribeiro, Julio Cezar Rubin de Rubin e Welitom

Rodrigues Borges 58

Os grafismos no Abrigo do Índio em Palestina de Goiás: visibilidade e comunicação.

Grazieli Pacelli Procópio 60

Análise arqueométrica de pigmentos rupestres dos sítios arqueológicos Barro Branco I e Templo dos Pilares (Alcinópolis – MS) Benedito Batista Farias Filho, Welington Lage e Danyel Douglas

Miranda de Almeida 62

Registros de sambaquis no território do Brasil

Jasiel Neves e Rita Scheel-Ybert 64

Arqueologia no Distrito Federal e a importância das pesquisas de arqueologia preventiva

Edilson Teixeira de Souza e Rosângela Azevedo Corrêa 66 O sítio VAU 1 e suas possíveis correlações com as aldeias Aratu com

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Hook, line, or sinker? Um caso de diálogo pan-americano em uma interpretação de artefato.

John Gabriel O’Donnell 70

Panorama quantitativo dos sítios arqueológicos pré-coloniais do estado de Mato Grosso

Elisa Maria da Silva 71

Perspectiva geoarqueológica na implantação da PCH Rio Claro, MT, Brasil.

Jordana Batista Barbosa, Márcio Antônio Telles e Joanne Ester

Ribeiro Freitas 72

Estudo de caso de Anthrosoils no Vale do rio Araguaia, Goiás.

Jordana Batista Barbosa 74

As ocupações pré-coloniais na Cidade de Pedra durante o Holoceno Recente: diversidade cultural, sucessões temporais e possíveis trocas

Juliana de Resende Machado 76

Pesquisa arqueológica no Parque Nacional Chapada dos Guimarães/MT: resultados iniciais.

Levy Figuti, Caroline Bachelet e Veronica Wesolowski Aguiar 78 Arqueologia ao longo da linha de transmissão 500 kV Paranaíta-Ribeirãozinho.

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Entre o nômade e o ancestral: perspectivas arqueopoéticas de liberdade de escrita

Matheus Mota e Lara de Paula Passos 83

A virada espacial na arqueologia.

Danielle Gomes Samia 84

Prospecta Empresa Júnior e a importância da vivência empreendedora na graduação de Arqueologia.

Beatriz Araújo Medeiros, Juliane Carla Guedes Lima da Silva e Pétala

Quaresma Zeferino Nascimento 85

Quem somos nós? Perfis da comunidade profissional arqueológica no Centro-Oeste.

Camila Azevedo de Moraes Wichers, Meliam Viganó Gaspar e Kelly

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ARQUEOLOGIA DE ESPERANÇA

Prof. Dr. Michael Heckenberger University of Florida mheck@ufl.edu Nesta apresentação eu reflito sobre três décadas de trabalhos arqueológicos e história indígena no Xingu, em Mato Grosso, e outras áreas da Amazônia. Tento explicar, primeiro, por que eu acredito que a floresta tropical permeia uma relação tanto com a cultura – história – quanto com a natureza. E, então, discuto o porquê em algumas regiões, como no Centro-Oeste do Brasil, humanos eram o principal condutor de mudanças na floresta às vésperas do período colonial, e porque sugiro que a biodiversidade funcional nestas regiões, como o Alto Xingu, foi uma criação dos povos ancestrais de grupos indígenas atuais. Ao final, considero também que a melhor maneira de “salvar a Amazônia” – até o ponto possível neste momento único – é a inclusão de grupos indígenas, quilombolas e de outras minorias culturais diretamente na pesquisa, do início ao fim. No Centro-Oeste, em particular, as poucas ilhas de floresta correspondem às terras indígenas, que já não são mais capazes de absorver os efeitos das mudanças climáticas. Não mais um “tipping point”, mas um “tipping event”. A mesma conflagração que ameaça a vida cotidiana tradicional, com a ocorrência de pandemias, incêndios e mais, ameaça também os sítios arqueológicos e suas histórias, e o conhecimento indígena. Ameaça ainda os vestígios de estratégias e práticas ancestrais de grande escala, uma erosão tanto de tecnologias e oportunidades urbanas como força centrípetas de desenvolvimento urbano da sociedade nacional moderna, um conhecimento que representa válidas alternativas à coexistência de humanos com as florestas e as águas Amazônicas. É necessário usar-se disso para manter e revitalizar o conhecimento indígena, uma vez que o passado oferece caminhos para o presente. Entender e

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parceria com grupos de locais diversos oferecem a melhor e, talvez, a última esperança para o futuro da floresta Amazônica e seus habitantes originais.

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ARQUEOLOGIA HISTÓRICA, COLONIALISMO E CAPITALISMO Prof. Dr. Marcos André Torres de Souza

Universidade Federal do Rio de Janeiro torresdesouza@yahoo.com A Arqueologia histórica tem condições de operar por meio de uma perspectiva multiescalar de altíssima amplitude, contemplado, ao mesmo tempo, o nível do local, que inclui a dimensão do sítio, da comunidade e das atividades cotidianas, e o nível do global, que se refere de modo mais amplo ao contexto atlântico, compreendendo no seu cerne fenômenos de grande alcance, como o colonialismo, capitalismo, modernidade, movimentos diaspóricos, entre outros. A análise dessas injunções – cujas configurações foram ao mesmo tempo diversas e heterogêneas – dá a arqueologia histórica condições de contribuir de modo relevante para a compreensão de fenômenos que deram forma à constituição moderna e suas inúmeras variantes, expressas em nível local e regional. Tendo essa percepção como pano de fundo, o objetivo dessa apresentação é identificar alguns elementos teóricos e analíticos que podem contribuir para novos olhares envolvendo o Centro-Oeste brasileiro a partir da arqueologia histórica. Para iluminar essas discussões, utilizarei exemplos de pesquisas por mim desenvolvidas em sítios urbanos e rurais da região e que contemplam uma grande diversidade de sujeitos, incluindo euro-descendentes, escravizados e indígenas.

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POR ARQUEOLOGIAS VIVAS

Profa. Dra. Bruna Cigaran da Rocha Universidade Federal do Oeste do Pará b.c.rocha@gmail.com Com um leque de ferramentas cada vez mais diversificado, a arqueologia possui o potencial ímpar de trazer à tona a história de povos indígenas e comunidades tradicionais e de seus territórios. Pode, ainda, revelar fios de continuidade significativos entre o passado e o presente, mostrando como, longe de estarmos diante de patrimônios estáticos e estanques, o passado materializado em artefatos, lugares e plantas segue pulsando hoje. Esta fala buscará refletir sobre os nossos papéis e responsabilidades como “especialistas do passado” diante de crescentes e urgentes demandas, em um contexto de emergência climática e de erosão do Estado Democrático de Direito".

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A CRISE DOS ACERVOS: CURADORIA ARQUEOLÓGICA COMO PESQUISA

Daiane Pereira

UFMG e IEPA daianepereira.dp@gmail.com

Profissionais da arqueologia estão enfrentando a crise dos acervos, movimento mundial, resultante do desequilíbrio entre a geração irrefletida e contínua de coleções arqueológicas e o escasso investimento e incentivo à gestão e pesquisa das coleções. A situação é agravada pela desvalorização da curadoria arqueológica como uma linha de pesquisa da arqueologia, consequência de cisões epistêmicas ainda mal resolvidas dentro da própria disciplina. Os sintomas cada vez mais latentes dessa crise, juntamente com as exigências da legislação patrimonial, tem despertado o interesse dos arqueólogos brasileiros pelo tema da curadoria arqueológica, mas ainda de um modo bastante instrumental. Nesta comunicação, proponho realizar uma discussão sobre a crise dos acervos no contexto brasileiro, ao indicar suas origens e permanências, e problematizar possibilidades de superação da crise através do reordenamento conceitual das epistemologias arqueológicas, em que os processos curatoriais são reconhecidos como fontes de conhecimento sobre a cultura material e sua ampla rede relacional.

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MAS AFINAL, O QUE É DESCARTE?

Marjori Pacheco Dias Universidade de São Paulo mpdias@usp.br Vagner Carvalheiro Porto Universidade de São Paulo vagnerporto@usp.br Este trabalho tem por objetivo apresentar as reflexões iniciais do projeto de doutorado em Arqueologia intitulado “Política de Descarte em Pauta: desafios para a Arqueologia Pública no Brasil” que visa, dentre outras coisas, contribuir para a recente discussão sobre política de descarte em instituições que salvaguardam acervos arqueológicos, um tema que vem se projetando com urgência dado o crescimento do quantitativo de acervos e a consequente saturação das reservas técnicas, que muitas vezes não dispõem de recursos e infraestrutura adequada para oferecer as condições necessárias de guarda, acelerando, assim, os processos de degradação das peças. Neste sentido, acredita-se aqui que é chegado o momento das Instituições de Guarda e Pesquisa incluírem em suas políticas de acervos também uma política de descarte, buscando uma interlocução com o IPHAN e o IBRAM, adotando um posicionamento que efetivamente o discuta: porque se tornou necessário, em quais situações ele é pertinente e quais os caminhos para executá-lo. Pretende-se nessa apresentação, portanto, fomentar o debate sobre o conceito de descarte, suas diferentes definições ao redor do mundo e implicações do seu uso, e também instigar, o quanto possível, a comunidade que trata desta importante parcela do patrimônio cultural do país a pensar e executar um planejamento voltado para uma política de descarte ética, acadêmica e compromissada com o meio social.

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O MUSEU CIBERARQUEOLÓGICO E A VISIBILIZAÇÃO DE UM ELEMENTO DA CULTURA MATERIAL DO POVO GUARANI NA TERRA

INDÍGENA PORTO LINDO/JAKAREY, JAPORÃ/MS

Thaiane Coral Fernandes Lima Universidade de São Paulo thaianecoral@hotmail.com Beatriz dos Santos Landa Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul beatrizlanda20@gmail.com A cultura material dos povos indígenas contemporâneos apresenta uma grande variedade e está relacionada às construções sociais, cosmológicas, ambientais e culturais de cada etnia, que no Brasil são 305 pelos dados do IBGE de 2010. Os povos Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul desenvolveram ao longo do tempo objetos para uso no processamento de alimentação, e entre eles destaca-se o pilão. Os pilões são encontrados nas habitações familiares destes povos e são utilizados pelas mulheres no processamento de alimentos para moer, triturar ou amassar produtos como milho, arroz, mandioca, permitindo uma ampliação no repertório alimentar por resultarem em farinhas e grãos de variados tamanhos. Também são maceradas folhas, sementes, frutos e outras partes de plantas medicinais para utilização para o tratamento de sintomas e doenças variadas. Visando divulgar este item da cultura material foi criado um museu ciberarqueológico por meio de modelagem 3D e com interatividade em tempo real, em que este elemento é um dos destaques, e os pilões encontrados no cibermuseu foram identificados nos trabalhos de campo realizados entre os anos de 2002 a 2004entre o povo Guarani que habita a

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produzidos a partir de árvores nativas do local. Este cibermuseu objetiva dar visibilidade a segmentos que em geral estão pouco presentes na produção arqueológica compartilhando com o maior número de pessoas elementos pouco conhecidos como os pilões, e que por meio do 3D podem ser visualizados de diversos ângulos, além de possibilitar que sua descrição seja apresentada como se o visitante estivesse próximo de cada objeto. Com tecnologias cada vez mais inovadoras, a criação de um museu ciberarqueológico reafirma a importância em colocar em evidência elementos do cotidiano de povos indígenas que foram subalternizados durante seu contato com a população não indígena. Visa-se uma compreensão tanto do passado quanto da atualidade ao relacionar organização social, distribuição de tarefas, aspectos culturais, questões ambientais e o desenvolvimento das tecnologias.

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ENTRE COLEÇÕES, LUGARES E INSTITUIÇÕES: PRIMEIROS APONTAMENTOS SOBRE UMA CARTOGRAFIA DO PATRIMÔNIO

ARQUEOLÓGICO E INDÍGENA NO ESTADO DE GOIÁS

Camila A. de Moraes Wichers Universidade Federal de Goiás camilamoraes@ufg.br Michiel Wichers Universidade Federal de Alfenas michiel.wichers@gmail.com Este trabalho sumariza os primeiros resultados do levantamento de coleções, museus, sítios arqueológicos, entre outros elementos do que está sendo provisoriamente denominado como patrimônio arqueológico e indígena no estado de Goiás. Pelo menos duas ressalvas devem ser mencionadas. Primeiramente, o fato de que o estado de Goiás é uma invenção recente, sendo utilizado apenas como referência aproximativa da região cartografada. Em segundo lugar, o próprio conceito de patrimônio é uma marca da colonialidade. Dessa feita, sua utilização é inspirada na ideia de patrimônio cultural indígena, enquanto categoria que, mesmo sendo estranha às culturas indígenas, afirma a autoria e o pertencimento dessas coleções a esses povos (VAN VELTHEM et al., 2017). Assume-se, assim, a ligação entre sítios e objetos arqueológicos, recorrentemente classificados como pré-coloniais ou de contato, a uma história indígena de longa duração (WUST, 2001). Especial atenção tem sido dada às fronteiras fluídas entre o que se convencionou chamar de coleção arqueológica e de coleção etnográfica. Assim, cerca de 20 instituições que salvaguardam objetos arqueológicos e etnográficos foram mapeadas no estado. Por sua

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empreendimentos minerários, como Alto Horizonte, no norte goiano, também se sobressaem. A associação entre patrimônio arqueológico cadastrado e empreendimentos expõe os fios da colonialidade, que não cessa de operar, afetando os povos indígenas e demais comunidades tradicionais. Por sua vez, no sudoeste goiano, na região de Caiapônia e Palestina de Goiás, pesquisas acadêmicas de longo termo têm somado um patrimônio significativo. Outra camada analítica tem sido a integração das informações acerca de coleções e sítios com mapas históricos, como por exemplo, o Mapa geral da Capitania de Goiás, de 1753, que indica pelo menos uma dezena de aldeamentos nesse território (DIAS, 2017). O mesmo mapa assinala a presença de indígenas “Xavante”, “Caiapó”, “Acroá”, “Aricá” e “Curumaré”, (COSTA; RATTS 2014). Regiões como a do Aldeamento São José de Mossâmedes, por exemplo, possuem informações arqueológicas – Fase Mossâmedes – e etnohistóricas que estabelecem um cenário profícuo para as discussões propostas. Essas informações arqueológicas, históricas e etnográficas estão sendo integradas num banco de dados e em mapas em ambiente SIG - Sistema de Informações Geográficas, resultando em uma cartografia etnoarqueológica preliminar para o estado de Goiás. Palavras-chave: Coleções. Etnologia. Arqueologia. Análise Espacial. Patrimônio cultural indígena.

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MUSEU HISTÓRICO DE JATAÍ FRANCISCO HONÓRIO DE CAMPOS: UMA INSTITUIÇÃO DE GUARDA EM CONSTRUÇÃO

Weylla Bento de Oliveira Museu Histórico de Jataí Francisco Honório de Campos weyllarqueologia@gmail.com O Museu Histórico de Jataí Francisco Honório de Campos (MHJ) é uma instituição sem fins lucrativos, caracterizada como museu histórico. Ocupa um sobrado construído em 1883. No contexto histórico, em 1927, Francisco Honório de Campos adquiriu o sobrado que, após sua morte, foi doado por sua viúva, Dona Mariquinha, para a construção de um centro educacional. Em 1970, a escola passou a ser gerida pela prefeitura da cidade e, após 10 anos fechado em razão do processo de desapropriação e restauração, em 1994 foi oficialmente inaugurado como museu.

No Museu encontra-se resguardado um significativo acervo arqueológico da região Centro-Oeste, identificado na Serra do Cafezal, no município de Serranópolis/GO. Esse acervo resulta de estudos realizados a partir de 1996 pelos pesquisadores Altair Sales Barbosa e Pedro Ignácio Schmitz.

Foi a partir de 2013 que o MHJ iniciou seu processo como instituição de guarda. Primeiramente consultaram o IPHAN, e a partir das tratativas entre uma empresa de arqueologia e a Secretaria de Cultura do município, deram andamento às recomendações do órgão fiscalizador. E graças às parcerias estabelecidas entre o MHJ e os grupos interessados para que o mesmo emitisse endossos institucionais, a instituição vem se consolidando desde então sob gestão da AAMuHJ – Associação de Amigos do Museu Histórico de Jatai. Essa atividade tem gerado um crescimento significativo de demandas ao MHJ pelos setores que atuam em áreas que exigem os

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ativamente na preservação do patrimônio arqueológico, emitindo endossos institucionais.

O caminho ainda é longo, tendo sido iniciado em um espaço de 13,58 m² utilizado como reserva técnica a qual em 2019 foi reinstalada em um espaço mais amplo, com 31,12 m², abrigando aproximadamente 96.000 testemunhos arqueológicos de diferentes municípios goianos.

Os primeiros resultados foram focados na gestão da guarda do acervo, mini cursos, oficinas, bem como ações de extroversão com a revitalização da exposição de arqueologia permanente e novas exposições de curta duração.

É nesse contexto que o museu está sempre em construção, em busca de qualificação, ensino, pesquisa e extensão. A sua atuação perpassa pelos diferentes atores dos campos da museologia, arqueologia, antropologia, pedagogia, história, geografia, entre outros que juntos buscam não só preservar, mas divulgar e despertar o interesse da sociedade pelo patrimônio cultural.

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REPATRIAMENTOERESSIGNIFICAÇÃODAS“COISASDOS

ANTEPASSADOS”COMOIDENTIFICAÇÃOERESISTÊNCIACULTURAL Patrícia Hackbart Scientia Consultoria Científica patricia.hackbart@scientiaconsultoria.com.br A pesquisa teve como objetivo o entendimento sobre o significado de uma solicitação de repatriamento de material arqueológico, exumado no contexto de licenciamento ambiental para a construção da AHE Dardanelos (Aproveitamento Hidrelétrico de Dardanelos), pelas comunidades indígenas Cinta Larga e Arara do Rio Branco, projetos desenvolvidos pela Scientia Consultoria Cientifica e, também, a concepção de um Centro de Memória a ser criado no município de Aripuanã, noroeste do estado do Mato Grosso. A solicitação deste Centro, feita pelos órgãos FUNAI e IPHAN para atender as reivindicações dessas comunidades indígenas e não indígena que tomou conhecimento sobre as pesquisas a partir do Programa de Educação Patrimonial do Projeto Dardanelos. Assim, a pesquisa também teve a pretensão de realizar um experimento de inclusão social dos estudos realizados, viabilizando o pedido de repatriação dos vestígios arqueológicos.

Inserido neste contexto o estudo apresenta questões das ciências sociais e humanas, sobre concepções de herança, patrimônio e patrimonialização de bens culturais, suas ressignificações e suas agências, bem como políticas de gestão do patrimônio arqueológico e musealização da arqueologia. Possibilita uma revisão sobre o papel das pesquisas desenvolvidas no âmbito dos licenciamentos ambientais e em contextos de comunidades indígenas e tradicionais com histórico de conflitos e que,

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A partir do que foi possível observar e investigar, por meio de entrevistas, realização de oficinas, vivência entre os grupos e pesquisas em publicações, entende-se que o retorno dos vestígios arqueológicos dos sítios Dardanelos – as coisas dos antepassados - para Aripuanã significa para Cintas Larga e Araras, acima de tudo, valorização e reconhecimento. Significa legitimar a história da vida dessas comunidades a partir do seu ponto de vista, a partir da sua interpretação e vivência dos acontecimentos. Significa visibilidade e respeito frente à comunidade não indígena próxima a eles (e não tão próxima).

Também elucida sobre a agência do patrimônio como objeto, com suas teias vitais entrelaçadas e, sujeito (ente) de luta política: os objetos dos antigos estariam auxiliando as gerações atuais na relação com outras gerações e com outros “entes” mito-históricos, favorecendo o resgate cultural.

O pedido de repatriamento também exemplifica como uma Arqueologia pode se tornar Pública, fora da disciplina, sendo reivindicada pelos públicos exigindo a responsabilidade dos arqueólogos para a socialização do seu objeto de estudo e de seus resultados.

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ARQUEOLOGIA DA PAISAGEM NO SÍTIO HISTÓRICO MERCADO MUNICIPAL DA CIDADE DE GOIÁS

Marcelo Iury de Oliveira Ambientec Soluções Sustentáveis marceloiury.oliveira@gmail.com Este trabalho apresenta algumas reflexões competentes às transformações paisagísticas ocorridas no Mercado Municipal da Cidade de Goiás ao longo dos séculos XIX e XX. Assim, além dos contextos históricos conferidos à sua implantação no plano urbanístico, destacam-se as análises que se concentraram sobre os registros arqueológicos e estratigráficos, documentos textuais, iconografias e informações orais. Por meio deste conjunto de fontes e a partir de inferências teórico-metodológicas interdisciplinares, especialmente no plano da arqueologia, geoarqueologia, antropologia e história, pôde-se compreender como as transformações ocorridas no Mercado Municipal estiveram associadas às dinâmicas do Rio Vermelho, bem como às ações transcorridas pelos vilaboenses. Entremeio a essas articulações, que contribuíram para a formação da paisagem do lugar social-mercadológico, tais ações estiveram concatenadas à formação do registro arqueológico, ou seja, aos testemunhos materiais que representam as mudanças no decorrer do tempo histórico-social, e, consequentemente, às configurações dos depósitos sedimentares que foram arquitetados para elevação do piso de ocupação, como se observa a partir dos dados obtidos e discorridos neste trabalho.

Palavras-chave: Mercado Municipal da Cidade de Goiás. Arqueologia Histórica. Arqueologia da Paisagem.

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UMA NOVA METODOLOGIA PARA O ESTUDO DOS VIDROS RECICLADOS

Anna Flora Noronha Moni Universidade Federal do Rio de Janeiro

annafloranm@gmail.com Marcos André Torres de Souza Universidade Federal do Rio de Janeiro torresdesouza@yahoo.com Objetos de vidro estão entre os mais estudados na arqueologia histórica, possuindo um claro potencial interpretativo. A partir desse tipo de materialidade torna-se possível o entendimento de importantes aspectos sociais, culturais e econômicos ligados aos grupos do passado. No conjunto desses estudos estão aqueles voltados ao exame dos vidros reciclados e que foram utilizados pela população escravizada para os mais diversos fins. Embora possuam um grande potencial informativo, são ainda poucos explorados na disciplina. O que pretendemos com essa comunicação é apresentar uma metodologia que foi desenvolvida para a análise desse tipo de artefato e que está sendo aplicada para o estudo de sítios históricos de diferentes regiões brasileiras. Além de apresentá-la, pretendemos também identificar algumas possibilidades analíticas e interpretativas que existem no estudo dos vidros reciclados, tomando como exemplo casos de sítios históricos goianos.

Palavras-chave: Arqueologia Histórica. Vidros Reciclados. Diáspora Africana.

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UMA ARQUEOLOGIA DA PAISAGEM DOS PROSTÍBULOS NOVECENTISTAS DA CIDADE DE PELOTAS (RS)

Vanessa Avila Costa Universidade Federal de Pelotas (UFPel) vanessaavilacosta@hotmail.com Louise Prado Alfonso Universidade Federal de Pelotas (UFPel) louiseturismo@yahoo.com.br Este trabalho busca trazer alguns dos resultados da minha dissertação de mestrado intitulada “As Manifestações das Paisagens Ocultadas: Arqueologia da Pelotas de Trabalhadoras Sexuais”, onde investigo as estratégias de resistência das trabalhadoras sexuais da cidade de Pelotas (RS) aos processos de exclusão no passado, fazendo reflexões sobre o trabalho sexual no contemporâneo. Para isso, estudei a paisagem em que os prostíbulos destinados à classe trabalhadora do começo do século XX – mais precisamente entre os anos de 1914 e 1917 – estavam situados, seguindo a abordagem da Arqueologia da Paisagem. Os prostíbulos novecentistas foram encontrados nas notícias policiais do jornal O Rebate, que circulou na cidade entre os anos de 1914 e 1923. Estas notícias constituíram-se enquanto fontes fundamentais de acesso indireto à materialidade, uma vez que as casas de prostituição não foram preservadas. Além disso, as narrativas de pessoas moradoras da cidade também contribuíram para o mapeamento dos prostíbulos do século XX. A pesquisa mostrou que a maioria dos prostíbulos se situava, durante o recorte temporal estabelecido, na área mais central da cidade. Estes concentravam-se, principalmente, na rua Tiradentes, entre as ruas Padre Anchieta e Quinze de Novembro, nas proximidades do Mercado Público, que era retratada nos jornais, tendo como base o discurso médico-sanitário, como “Bairro Sujo”, por conta da presença marcante de prostíbulos e de

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Tiradentes feitas pela elite local que morava nas proximidades do que chamavam de “antros de imoralidade e desordem”, ancoradas pelo jornal, e também da repressão policial, a quadra seguiu sendo um local importante para a execução do trabalho sexual até meados do final do século XX e início do XXI, antes da revitalização do Mercado Público. Assim, entendo que este constituía um ponto estratégico para as trabalhadoras sexuais por conta da localização próxima ao mercado, local com uma constante presença de comerciantes que procuravam seus serviços. Com a sua revitalização e reabertura em 2012, trabalhadoras sexuais passaram por processos de remoções da rua Tiradentes. O banheiro do mercado, local de trabalho de muitas trabalhadoras sexuais, foi fechado. Entretanto, algumas insistem em permanecer na quadra. Nesse sentido, pude compreender, através da pesquisa, os processos de exclusão de trabalhadoras sexuais a partir das políticas higienistas, que causaram suas remoções para outros pontos da cidade, bem como suas resistências frente a estes processos, voltando para o local que outrora se configurava enquanto uma área onde ocorria o trabalho sexual.

Palavras-chave: Arqueologia da Paisagem. Prostíbulos. Trabalhadoras Sexuais. Pelotas.

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Túmulos de crianças do século XIX no cemitério São Miguel da Cidade de Goiás: representações sociais e significados simbólicos

Natália Silva Fé Pontifícia Universidade Católica de Goiás natalia32silva5@gmail.com Ludimília Justino de Melo Vaz Pontifícia Universidade Católica de Goiás ludimilia@hotmail.com A proposta dessa pesquisa é compreender como a cultura material do cemitério reflete as representações sociais e os significados simbólicos dos túmulos de crianças no século XIX. Por meio dos métodos da arqueologia os túmulos de crianças foram registrados. As formas tumulares, as inscrições textuais das lápides, imagens e iconografias são elementos da cultura material que veiculam os significados culturais relacionados a seu tempo histórico. No século XIX, as condições da saúde pública eram bastante deficitárias, as doenças e a disseminação da mesma, atingia diferentes faixa da sociedade. A necessidade de melhorar a estrutura sanitária dos centros urbanos era uma preocupação médica, que caminha ao lado do discurso higienista. Estas informações foram fundamentais para a compreensão das representações simbólicas que foram identificadas nos túmulos de crianças, contribuindo para a proposta de interpretação da cultura material em sua materialidade e imaterialidade. Assim, o objetivou da pesquisa foi identificar as representações sociais e os significados simbólicos que estão por trás das relações com a morte das crianças e suas causas. Para alcançar os objetivos propostos foi realizada pesquisa arqueológica de campo, levantamento em fontes secundárias para contextualização histórica da área e análise dos dados. Inicialmente foi realizada pesquisa de campo para identificação dos túmulos de crianças do século XIX no cemitério. A metodologia de campo abarca duas etapas,

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túmulos de criança do século XIX. As fontes históricas relativas ao cemitério estão fundadas em pesquisas anteriormente feitas por historiadores com base em fontes primárias sobre o cemitério, a morte e a saúde na cidade de Goiás no século XIX. O levantamento histórico apontou problemas sanitários e de saúde que atingiam as crianças e elevavam as taxas de mortalidade infantil na segunda metade do século XIX. Doenças como diarreias e infecções que na atualidade são tratáveis, podiam levar à morte. Quanto as representações simbólicas dos túmulos, as inscrições das lápides e a forma dos túmulos demonstraram afetividades, lembranças e ausência das pessoas que se foram.

Palavras-chave: Cultura material. Cemitério. Crianças. Representações. Significados simbólicos.

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OS REMEDIADOS DA RUA “NOVA SÃO BENTO”

Marie-Chantal Hernández Universidade Federal do Rio de Janeiro marie.chantal2@outlook.com

A presente comunicação abordará um resultado parcial de uma pesquisa em andamento, referente ao contexto doméstico urbano na cidade do Rio de Janeiro, dos tempos da Colônia. O objeto de estudo são as faianças do sítio São Bento, localizado entre as ruas Dom Gerardo e São Bento, área próxima ao mosteiro dos beneditinos. Este sítio foi registrado por ocasião de uma construção de um prédio comercial, em 2011, onde havia antigos sobrados. Tanto as edificações antigas e a atual são propriedades dos religiosos beneditinos. Porém, os religiosos serão os personagens secundários desta comunicação, porque a intenção da pesquisa será apresentar o “gosto” e a ressignificação cultural revelados nos fragmentos de faianças, pertencentes aos moradores das antigas “Cazas” de aluguéis beneditinas, justamente daqueles sobrados demolidos. Para conhecer o universo cotidiano dos antigos inquilinos, propõe-se uma interpretação arqueológica dos artefatos pela perspectiva da micro-história, uma contribuição do pensamento de Carlo Ginzburg, e um ensaio da aplicação da Teoria do Gosto de Bourdieu ao consumo das faianças de olaria e fabril, identificadas e correlacionadas às produções portuguesas do século XVIII. Tal interpretação foi possível a partir da análise e registro fotográfico de 600 fragmentos de faianças. Até o momento, a pesquisa constatou alguns fragmentos que corroboram com o perfil dos moradores, oriundos de um grupo intermediário da sociedade escravagista da época. Documentos revelaram personagens pouco explorados na arqueologia histórica, sobretudo, no Rio de Janeiro, como a figura de negros forros convivendo no mesmo espaço de pessoas livres e brancas. Uma abordagem que permite novas discussões sobre o tema faianças na arqueologia carioca.

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CEMITÉRIO SÃO MIGUEL DA CIDADE DE GOIÁS: INTERPRETAÇÕES DA CULTURA MATERIAL DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

Ludimília Justino de Melo Vaz Pontifícia Universidade Católica de Goiás ludimilia@hotmail.com Esta comunicação apresenta resultados preliminares do projeto Cemitério São Miguel da cidade de Goiás da segunda metade do século XIX: Delimitação espacial e categoria social a partir dos testemunhos funerários, que está vinculado à Pró-reitora de Pesquisa da PUC Goiás. A análise desenvolvida nesse trabalho está focada na cultura material do cemitério fundado em 1858, e que apesar de muitas alterações, tem sepulturas remanescentes da segunda metade do século XIX. Para o momento, buscamos realizar uma leitura da cultura material, que abrange túmulos edificados, lápides, símbolos, estatuário, adornos tumulares. Partimos da expectativa de que um cemitério do século XIX que se mantém em uso, refletiria as mudanças de sentido que são construídas histórica e socialmente. A edificação das estruturas tumulares muitas vezes composta por uma torre que sustentava a cruz, era o repertório recorrente desse período, não havendo grandes e suntuosos mausoléus familiares, as características locais reportam a um contexto histórico-cultural moldado pela marcante presença da Igreja, a falência econômica decorrente do declínio do ouro, o distanciamento geográfico, já amplamente analisados por historiadores. Sendo possível identificar no cemitério mudanças em período posterior, marcado pelo fim do Império e início da República, com a emergência de uma elite social e política no início do século XX. Estes e outros desenvolvimentos foram observados nas estruturas tumulares com

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predominância da religiosidade, especialmente se comparada à cultura material do século XX, neste mesmo cemitério.

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ARQUEOLOGIA DA DIÁSPORA AFRICANA NO BRASIL CENTRAL: ENTRE LUGARES, COISAS E ENQUADRAMENTOS DA MEMÓRIA

Luciana Bozzo Alves Universidade de São Paulo luciana.b.alves@uol.com.br Genilson Rosa Severino Nolasco

Universidade Federal de Goiás genilson.rs@unitins.br O Brasil se utilizou da mão de obra africana por mais de três séculos, e evidências da presença histórica e cultural africana encontram-se espalhadas por todo o território. A Arqueologia da diáspora africana se preocupa com o estudo dos vestígios identificados no interior das senzalas e de suas áreas de descartes nos limites de fazendas, com os antigos quilombos, comunidade quilombolas contemporâneas, locais de trabalho escravo e de negras/os livres, além de locais de práticas religiosas (Alves, 2016). O Brasil Central tem sido alvo de estudos arqueológicos voltados a essa temática, como exemplo, citamos os trabalhos de Souza (2000, 2007, 2011), Souza e Symanski (2009), Symanski (2007, 2010) e Melo (2010). A dissertação de mestrado de Souza (2000), buscou compreender como se estruturaram as relações sociais no contexto minerador do século XVIII, tomando como estudo o arraial de Ouro Fino. Symanski, por sua vez, abordou os engenhos da Chapada dos Guimarães sob a mesma ótica da Arqueologia da diáspora africana. Assim, a Arqueologia voltada às materialidades de pessoas africanas em diáspora já identificou caminhos profícuos de pesquisa no Brasil Central, como é o caso também da Chapada dos Negros, que será mais detalhada nessa apresentação. Buscamos com esse trabalho, integrar a discussão de lugares da memória (Pollak, 1989; Nora, 1993) de africanas/os escravizados/as (Mattos et al, 2013) com os lugares arqueológicos, visando também apresentar

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escravizados no Brasil (LABHOI/UFF) em parceria com o Projeto da UNESCO “Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade”. Entre os 100 locais indicados no inventário estão as ruínas da Chapada dos Negros, localizadas no município de Arraias, atual sudeste tocantinense, um complexo de estruturas de mineração do século XVIII. Este local está cadastrado como sítio arqueológico, e apenas uma das ruínas (casa do feitor) é reconhecida como bem patrimonial no âmbito estadual, envolvendo processos complexos de enquadramento, silenciamento e ativação de memórias. Dessa forma, essa apresentação visa discutir o potencial dos lugares estudados pela Arqueologia enquanto lugares de memórias da diáspora africana, enfatizando os desafios e as potencialidades a partir de uma perspectiva afrocentrada.

Palavras-chave: Arqueologia da Diáspora Africana. Memória. Chapada dos

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ARQUEOLOGIA URBANA EM MATO GROSSO DO SUL: EXPLORANDO POTENCIALIDADES

Rafael Lemos de Souza Universidade Federal de Goiás rafaellemos@ufg.br Luan Sancho Ouverney Universidade Federal do Rio de Janeiro sancho.uerj@gmail.com Marcos André Torres de Souza Universidade Federal do Rio de Janeiro torresdesouza@yahoo.com A arqueologia urbana é um campo que tem oferecido contribuições relevantes à disciplina em diferentes partes do mundo. Na Arqueologia histórica ela tem tido importância central, sobretudo porque o fenômeno da urbanização estabeleceu-se, desde sua origem, como um componente relevante da constituição moderna. Todavia, e a despeito da sua importância, a arqueologia urbana segue subaproveitada em algumas regiões brasileiras. Esse é o caso de Mato Grosso do Sul, onde são ainda poucos os estudos em arqueologia histórica e, mais especialmente, envolvendo fenômenos urbanos. O objetivo desta comunicação é, então, chamar a atenção para a contribuição potencial da Arqueologia urbana para a compreensão da trajetória histórica de Mato Grosso do Sul. Com o objetivo de ilustrar nosso argumento, usaremos como estudo de caso o Porto Geral da cidade de Corumbá (MS), que foi investigado por uma equipe de arqueologia no âmbito do Projeto Monumenta.

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AS TRADIÇÕES TECNOLÓGICAS CERAMISTAS NA TERRA INDÍGENA LALIMA, MIRANDA/MS, PANTANAL

Eduardo Bespalez Universidade Federal de Rondônia eduardo.bespalez@unir.br A Terra Indígena Lalima, mais conhecida como Aldeia Lalima, situa-se na margem direita do rio Miranda, município de Miranda, estado de Mato Grosso do Sul. A área está inserida no contexto histórico-cultural e ecológico do Pantanal, o qual, ao seu turno, integra a região do Gran Chaco, localizado no centro das terras baixas da América do Sul, entre Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina. Atualmente, a Aldeia é constituída, sobretudo, por indígenas Guaikuru, Terena, Kinikinao e Layana. Os primeiros, historicamente conhecidos como Cavaleiros, da família linguística Mbaya-Guaikuru, e os Terena, Kinikinao e Laiana, igualmente referidos como Guaná, de língua Chané, da família Arawak, se estabeleceram na região entre os séculos XVII e XVIII. Até então, a área era ocupada por índios Itatim, falantes de línguas Guarani, da família linguística Tupi-Guarani, e por povos denominados genericamente como Gualachos, principalmente Gualachos-Labradores. As pesquisas arqueológicas na TI Lalima – efetuadas por meio de atividades de levantamento arqueológico, busca de informações etnográficas de caráter etno-histórico, coleta de materiais arqueológicos em superfície e subsuperfície, datações radiocarbônicas e análises dos materiais cerâmicos e líticos – resultaram na identificação de quatro tradições tecnológicas ceramistas distintas, classificadas como Jacadigo, Guarani, Guaikuru e Terena, interpretadas como registros da dinâmica histórica e cultural de longa duração da ocupação indígena regional. Por

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Palavras-chave: Arqueologia. Tecnologias Ceramistas. Terra Indígena Lalima; Miranda/MS. Pantanal.

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DEPÓSITOS TECNOGÊNICOS CONSTRUÍDOS NA COMUNIDADE IKPENG NO PARQUE INDÍGENA DO XINGU: AMBIENTE E SAÚDE

Damiane Santos Cerqueira Pontifícia Universidade Católica de Goiás damiane.xingu@hotmail.com Julio Cezar Rubin de Rubin Pontifícia Universidade Católica de Goiás rubinderubin@gmail.com No Brasil, os povos indígenas representam 0,4% da população nacional, apresentando indicadores de saúde duas a três vezes piores quando comparados aqueles da sociedade brasileira, com altas taxas de doenças endêmicas, carência de assistência médica e doenças crônicas (IBGE, 2010). A pesquisa analisou cinco Depósitos Tecnogênicos Construídos (DT) na comunidade indígena Ikpeng, localizada no Parque Indígena do Xingu (PIX), nordeste Estado do Mato Grosso, Brasil e que apresenta uma área de 2.797.491 hectares, onde vivem 6.301 indígenas de 16 etnias em 90 aldeias. Os depósitos foram caracterizados quanto ao comprimento, largura e altura, sendo que os constituintes foram identificados por amostragem. Foram realizadas coletas de amostras de solos para análises químicas e microbiológicas. Os resultados obtidos indicam que os DT são formados principalmente por resíduos resultante do estilo de vida da comunidade, destacando-se pilhas, embalagens de plástico, vidro e metal. Destaca-se também a rotatividade em relação a distribuição espacial dos DT, que pode estar associada ao modo de vida dos indígenas, sempre se deslocando e pelo fato de que as crianças também manipulam esses resíduos. Os

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fósforo e zinco estão acima da média em todas as amostras. A variação dos teores de zinco nas amostras se destaca pela associação com áreas de descarte de pilhas e baterias, sendo identificado também a presença de elementos como chumbo, cádmio, cromo e níquel. Os DT também são vetores de doenças como dengue, zika virus e chikungunya, servindo também de atrativo para escorpiões e cobras, o que pode se agravar, uma vez que ainda que não existe uma logística reversa ou estratégia para a destinação dos resíduos. A curto prazo, é necessário monitorar os teores dos metais mencionados nos solos próximos aos DT e no lençol freático, visando a saúde da comunidade indígena Ikpeng, bem como sua cultura. Palavras-chave: Resíduos sólidos; Terras indígenas; Saúde humana; Gestão Ambiental.

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ETNOARQUEOLOGIA COM OS KARAJÁ/INỸ DA ILHA DO BANANAL: APROXIMAÇÕES INICIAIS

Diego Teixeira Mendes Universidade Federal de Goiás diegotmendes@ufg.br O presente trabalho visa apresentar e discutir os dados iniciais da pesquisa Uma proposta de Arqueologia Colaborativa com o povo Inỹ/Karajá da Ilha do Bananal, Tocantins/Brasil, iniciada em 2019. As observações abordadas derivam de duas etapas de campo realizadas na Aldeia Hawalò (Santa Isabel do Morro), em 2019 e 2020, e em quatro sítios arqueológicos e lugares significativos. A partir dos dados e do levantamento da literatura buscarei discutir a possibilidade de construção de modelos etnoarqueológicos para a interpretação da materialidade da Ilha do Bananal. Ainda mais, iniciar um diálogo com o ponto de vista karajá sobre essas “materialidades”.

Palavras-chave: Etnoarqueologia. Karajá/Inỹ. Ilha do Bananal. Colaboração. Modelos.

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ARQUEOLOGIA, POVOS INDÍGENAS E MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO ESTADO DE MATO GROSSO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Luciano Pereira da Silva Universidade do Estado de Mato Grosso lucianopatrimoniomt@gmail.com As fontes deste trabalho são conhecimentos produzidos por professores/estudantes universitários indígenas da Faculdade Indígena Intercultural da Universidade do Estado de Mato Grosso. Os dados em forma de textos, desenhos e tabelas procedem de dois cursos, Arqueologia e Habitação Indígena e Arqueologia em janeiro e julho de 2006 que totalizaram 120 horas. As turmas foram compostas por 100 professores indígenas de 22 etnias de Mato Grosso, pertencentes a aproximadamente 70 aldeias. Os cursos dialogaram sobre relações sociais da cultura material pretérita e presente, ecofatos e biofatos e organização espacial. Resultados de pesquisa anteriore mostrou ação social, cultural e intelectual do ser humano na transformação do mundo, que fundamentam processos adaptativos e formação de sítios arqueológicos. Professores indígenas pesquisaram também em suas aldeias e produziram. Em 2014, com outra turma, foi realizado na Faculdade Indígena o curso “Patrimônio cultural e criança indígena”, em síntese se inventariou processos intergeracionais de formação do conhecimento e produziram-se materiais. O objetivo dessa pesquisa em andamento é identificar impactos das mudanças climáticas no patrimônio cultural; sistematizar conhecimentos indígenas; mapear agências; informar e subsidiar o movimento indígena; constituir uma governança científica. Metodologicamente o estudo se dispõe em seis etapas: a) classificação e sistematização do não humano; b) identificação do patrimônio cultural, manejo ambiental e composição de paisagens híbridas; c) inventario de lugares de memória e cosmológicos, sítios arqueológicos, matérias-primas, manejo e usos de objetos; d) levantamento

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e descontinuidades, processos intergeracionais; e) acompanhar os pedidos da sociedade civil em espaços de regulamentação e consultivos para elaboração de um Plano de Gestão de Riscos de Desastres referente ao patrimônio cultural; f) apresentar os dados para o movimento indígena. A pesquisa tem como referenciais três documentos internacionais do ICOMOS, Outline of Climate Change and Cultural Heritage; Guidance on Impact Assessments for World Heritage Properties e o Patrimonio Cultural en la planificación sobre Cambio Climático. Tais protocolos foram revisados em 2019 e 2020, com a contribuição do Comitê Científico sobre Mudanças Climáticas e Patrimônio Cultural do ICOMOS-BR. A expectativa é que a pesquisa auxilie para um método; paute políticas públicas, fortaleça e fundamente a necessária e urgente presença de povos indígenas em estruturas de governança. Resultados preliminares analisam as pautas da sociedade civil de patrimônio cultural material e imaterial em conselhos de regulamentação, comitês e comissões desde 2018 e as articulações científicas empreendidas.

Palavras-chave: Protagonismo Indígena. Decolonial. Movimento Indígena. Políticas Públicas.

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ETNOARQUEOLOGIA DE DOIS ATERROS NA TERRA INDÍGENA BAÍA DOS GUATÓ, REGIÃO DO PANTANAL MATO-GROSSENSE

Jorge Eremites de Oliveira Universidade Federal de Pelotas jorge.eremites@ufpel.edu.br Rafael Guedes Milheira Universidade Federal de Pelotas rafael.milheira@ufpel.edu.br Neste trabalho são apresentados os resultados das pesquisas etnoarqueológicas realizadas em 2017 sobre dois aterros, aterrados, aterradinhos ou marabohó existentes na Terra Indígena Baía dos Guató, localizada na região do Pantanal, município de Barão de Melgaço, estado de Mato Grosso: Aterradinho do Bananal, o mais antigo, de origem anterior ao contato com os invasores europeus, e Aterro da Sandra, o mais recente, construído a partir da década de 2000, ambos situados na margem esquerda do rio Cuiabá. De um modo geral, o nome dado aos aterros acompanha o do morador mais conhecido ou mesmo de algo ou algum evento que marca a localidade. No caso do Aterradinho do Bananal, o nome é associado à quantidade de bananeiras ali plantadas e conhecidas desde a primeira metade do século XVIII, quando os bandeirantes paulistas intensificaram a exploração de ouro na região de Cuiabá́. O Aterro do Sandra, por sua vez, erguido recentemente, leva o nome de uma liderança e matriarca de uma parentela da comunidade. Nos dois aterros foram observadas e analisadas estruturas negativas adjacentes, áreas de atividade, uso do solo e estruturas arquitetônicas, bem como registrados elementos da memória social a respeito dos assentamentos e seus moradores. Diversos locais observados in loco foram identificados, medidos, descritos e analisados com auxílio de trena, bússola, GPS de navegação, fotografias digitais, cadernos de campo e fotografias aéreas

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dezenas de entrevistas, todas autorizadas pelos interlocutores para fins de divulgação. A observação direta sobre antigos e recentes assentamentos, associada às narrativas de indígenas sobre os lugares, permitiu compreender o significado social e funcional das estruturas arqueológicas. Constatou-se que os Guató percebem os montículos como herança cultural e dão continuidade à tradição milenar de construir e ocupar os famosos marabohó.

Palavras-chave: Aterros. Arqueologia do Pantanal. Arqueologia Indígena.

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DINÂMICA FLUVIAL E O “CONHECIMENTO EMPÍRICO” NA ALDEIA WAURA NO PARQUE NACIONAL DO XINGU

Rosiclér Theodoro da Silva Pontifícia Universidade Católica de Goiás silva.rosicler@gmail.com Kamariwé Waurá Ex-acadêmico do curso de arqueologia PUC Goiás

O presente trabalho é resultado das informações orais transmitidas pelo ex-acadêmico do curso de Arqueologia da PUC Goiás Kamariwé Waurá da Aldeia Waura do Parque Indígena do Xingu, durante as Disciplinas de Geoarqueologia e Pré-História Brasileira II. De acordo com relatos, no ano de 2000 a aldeia teve que se desmembrar devido ao esgotamento dos recursos em relação ao número de integrantes. Com base no conhecimento da área, incluindo o rio Xingu, foi escolhido um novo e seguro local. Porém, em 2010, uma enchente destruiu a Aldeia. Este fato coloca frente a frente o conhecimento empírico e os saberes tradicionais do grupo com a dinâmica dos sistemas fluviais, podendo ser incluído neste contexto o “desconhecimento” dos períodos de recorrência das cheias dos rios da região, ou mesmo de eventos relacionados ao “El Ninõ”. Contudo, a escolha do local para a nova seguiu os conhecimentos empíricos e os saberes tradicionais de moradores mais antigos, mas o resultado adverso foi interpretado como uma vingança em decorrência de desavenças no grupo.

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GRAFISMOS E INTER-HISTORICIDADES

Leonardo Tomé de Souza Universidade Federal de Goiás leo.tome.souza@gmail.com O fenômeno gráfico no território Akwê possui referências únicas, que perpassam por diferentes suportes, ou seja: paisagens, rochas, memórias, troncos, artefatos e corpos. Nesse ponto, compreender as relações entre o povo Akwê, suas materialidades gráficas, e os fenômenos entendidos enquanto patrimônios arqueológicos e suas materialidades, pode ampliar o entendimento desta expressão material, sob diferentes aspectos.

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O LICENCIAMENTO AMBIENTAL EM TERRITÓRIOS INDÍGENAS NO ESTADO DE MATO GROSSO: PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO OU

DESPOJOS DE GUERRA?

Francisco Forte Stuchi Universidade de São Paulo francisco.fortestuchi@gmail.com É cada vez mais evidente que desde cinco séculos atrás até o presente, e considerando o processo de formação da sociedade nacional, as relações entre colonizadores e povos nativos das Américas foram marcadas por genocídios, esbulhos de territórios e outras formas de violência. A trajetória histórica do Brasil foi marcada por inúmeras perdas humanas, ambientais e pela resistência e agência indígena. Tais eventos e conjunturas desencadearam pressões sociais e políticas que resultaram, entre meados do século XX e início do XXI, na criação de um conjunto de leis voltadas às questões socioculturais e ambientais. Contudo, conflitos envolvendo tais temas persistem até os dias de hoje, apresentando-se em diferentes formas e mecanismos para continuar atendendo os interesses colonialistas.Dentro desse contexto, este projeto tem como objetivo analisar quanti-qualitativamente processos de licenciamento ambiental com ênfase no componente arqueológico em territórios indígenas no Estado de Mato Grosso; e a partir de diferentes estudos de caso examinar nos procedimentos administrativos e na legislação elementos colonialistas que subsidiem a leitura da noção de Patrimônio Arqueológico enquanto despojos de guerra contemporâneos.

Palavras-chave: Licenciamento ambiental. Territórios indígenas. Patrimônio arqueológico. Despojos de guerra.

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ARQUEOLOGIA SOCIAL INCLUSIVA E CONSERVAÇÃO DA ARTE RUPESTRE DOS SÍTIOS BARRO BRANCO I E TEMPLO DOS PILARES –

ALCINÓPOLIS – MS

Maria Conceição Soares Meneses Lage Universidade Federal do Piauí meneses.lage@gmail.com Benedito Batista Farias Filho Universidade Federal do Piauí beneditofarias@ufpi.edu.br Igor Linhares de Araújo Universidade Federal do Piauí

igorlinhares@ufpi.edu.br Os sítios de arte rupestre são obras de arte expostas ao tempo, sujeitas a ações naturais e/ou antrópicas, e por isso precisam ser estudadas a fim de preservá-los (JACQUES BRUNET, 1996). É recomendável que se efetue periodicamente avaliação sobre o estado geral de conservação dos sítios, buscando desacelerar a degradação. O ideal é efetuar trabalhos envolvendo o poder público local e a população atual a fim de garantir melhores resultados. Tais ações devem acontecer nas diferentes etapas da investigação, desde a apresentação da proposta, sua realização, apresentação dos resultados obtidos e das ações futuras. Foi com esse propósito que o IPHAN do Mato Grosso do Sul apresentou um edital e fomos selecionados para executá-lo, o que aconteceu no período de novembro de 2019 à fevereiro de 2020. O trabalho teve o objetivo de realizar um diagnóstico técnico sobre o estado geral de conservação dos sítios

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apresentar uma proposta de monitoramento para os sítios buscando evitar a reincidência dos problemas e treinar uma equipe local para dar continuidade à manutenção e limpeza no entorno dos sítios. Por meio do arqueólogo do IPHAN-MS, a Prefeitura Municipal de Alcinópolis foi acionada e participou ativamente do projeto, por meio da Secretaria de Desenvolvimento, Agricultura, Pecuária, Turismo e Meio Ambiente (SEMUDES), em especial da sua Secretária e equipe. Foram realizados vários momentos com a comunidade, um apresentando o projeto, pesquisadores e equipamentos utilizados para elaboração do diagnóstico técnico: instrumentos usados para medidas de temperatura da rocha e do ambiente, umidade relativa do ar, velocidade do vento, luminosidade, identificação colorimétrica segundo Código Munsel, exames microscópicos, análises arqueométricas de Fluorescência X portátil dos pigmentos rupestres, depósitos de alteração e suporte rochoso. Os pigmentos vermelhos são óxido de ferro na forma de hematita, o preto é óxido de manganês e o amarelo é goetita. Os depósitos de alteração são à base de alumino silicatos. Outros momentos aconteceram nos sítios, quando membros da comunidade e da SEMUDES participaram das intervenções e discussões sobre as ações futuras. Uma equipe desta Secretaria foi treinada e encontra-se apta a executar os trabalhos básicos de manutenção.

Palavras-chave: Conservação de arte rupestre. Arqueometria. Sítio arqueológico Barro Branco I. Sítio arqueológico Templo dos Pilares. Alcinópolis-MS.

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TRAJETORIAS NEGRAS: ETNOARQUEOLOGIA E COLABORAÇÃO EM VILA BELA E SEUS QUILOMBOS

Patrícia Marinho de Carvalho Negrarqueo – Rede de Arqueologia Negra patymarinho@yahoo.com.br Durante 10 anos desenvolvi estudos em comunidades quilombolas de Vila Bela da Santíssima Trindade/MT. Em 2008, cheguei em Vila Bela com a proposta de realizar pesquisa de doutorado afim de observar a relação das pessoas do quilombo com a paisagem, em especial aqueles aspectos simbólicos atribuídos às plantas. O objetivo era verificar quais arranjos socioculturais foram promovidos na diáspora africana e como esses arranjos podem ser percebidos através da materialidade. Entendendo esses arranjos como estratégias de sobrevivência física e cultural diante das adversidades impostas às populações africanas e afrodescendentes. Os saberes ancestrais também se manifestam simbolicamente na relação das pessoas com a paisagem, compondo a materialidade afrodiaspórica e as árvores, por seus atributos mnemônicos, foram o foco do estudo. A pesquisa teve continuidade no doutoramento, já partindo das relações estabelecidas com a comunidade, pudemos realizar um projeto colaborativo. Ao retornar à comunidade para a apresentação do projeto de pesquisa em 2015, as famílias de Lino e de seu irmão Ádio Frazão de Almeida, haviam abandonado as antigas casas tradicionais de pau-a-pique pois finalmente haviam conseguido construir suas casas de alvenaria. As casas tradicionais abandonadas rapidamente se deterioravam sem a manutenção necessária, como a troca da cobertura de palmas de babaçu, ou o barreamento das paredes. A comunidade concordou com o

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quilombola dos ancestrais da família Frazão de Almeida, os sítios de abandono recente, das antigas casas de pau-a-pique e os sítios onde foram construídas as casas de alvenaria, habitados pelas famílias de Lino e Ádio. Esses três contextos são representativos de pelo menos duas gerações do território quilombola e ao longo desses dez anos de pesquisa os registros fotográficos, possibilitaram além de material para entender a transformação da paisagem e a formação do registro arqueológico da comunidade, também são um registro da história da comunidade, em momentos de trabalho, de diversão, de alegrias e de tristeza. Os registros fotográficos reunidos na tese, também ter por objetivo proporcionais que qualquer morador da comunidade, que se reconhecer e reconhecer o território e as transformações pelas quais ambos passaram.

Palavras-chave: Etnoarqueologia. Arqueologia do abandono. Remanescente de quilombo. Diáspora Africana.

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A COLEÇÃO ARQUEOLÓGICA DO SÍTIO CACHOEIRINHA: ALGUNS ASPECTOS TECNOLÓGICOS

Edilson Teixeira de Souza AL Consultoria em Arqueologia alconsultoria@ymail.com O sítio arqueológico Cachoeirinha, localizado no Distrito Federal, representa um importante Complexo Arqueológico, formado por diferentes áreas de captação de recursos líticos e oficinas de lascamento. A coleção arqueológica recuperada durante as escavações desse sítio é composta por uma diversidade de categorias que remetem à exploração da matéria-prima local, por meio da produção, manutenção dos artefatos e até mesmo seu possível uso no local. Composta por núcleos, lascas, instrumentos lascados, percutores e outros detritos de lascamento, a coleção arqueológica estava associada aos afloramentos rochosos que ocorrem no local e que também foram utilizados recentemente para a obtenção de matéria-prima para a construção civil. Como poucos outros no Distrito Federal, esse sítio apresenta horizonte arqueológico em condições tafonômicas favoráveis ao estudo dos registros, o que possibilitou obter informações sobre sua espacialidade, com cronologia relativa e absoluta. Esse advento contribui para o enriquecimento das pesquisas arqueológicas no Distrito Federal, inclusive promovendo a primeira datação absoluta de sítio arqueológico para a região. Entre os objetivos da pesquisa, foi possível caracterizar a distribuição espacial do sítio, cruzando essas informações com a presença de afloramentos rochosos, identificar distintos momentos de ocupação/presença humana nessa área. A análise da coleção ainda possibilitou observar padrões ou diversidade tecnológica nos processos envolvidos na aquisição, produção e funcionalidade da coleção. Os vestígios foram analisados sob a perspectiva da análise tecnológica, buscando compreender a coleção dentro de um contexto sistêmico, onde os aspectos tecnológicos e naturais estariam relacionados. Para isso, foram levantados atributos associados à tecnologia e técnica empregadas nos processos de lascamento, assim como aspectos naturais que pudessem estar associados à predeterminação de ações de lascamento ou mesmo o aproveitamento de fragmentos ou superfícies naturais. A análise da coleção

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matéria-prima, inclusive apontando para a distinta utilização dos afloramentos na sua espacialidade. A datação absoluta obtida a partir de restos orgânicos representa apenas um horizonte arqueológico dos registros. As demais áreas dentro do Complexo Arqueológico, apesar de ainda não apresentarem datações absolutas, carregam elementos tecnológicos distintos, sugerindo que área foi objeto de inúmeras incursões para a captação de recursos em tempos pretéritos. No sítio observa-se um complexo mosaico, formado por vestígios pré-coloniais (vestígios líticos) e detritos resultantes da exploração recente dos afloramentos rochosos no local. O implemento da análise tecnológica na coleção possibilitou identificar os diferentes produtos gerados pela exploração e transformação dos afloramentos em distintos períodos.

Palavras-chave: Complexo Arqueológico Cachoeirinha. Tecnologia Lítica.

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O ENFOQUE TECNO-GENÉTICO APLICADO À CLASSIFICAÇÃO DE NÚCLEOS: POSSIBILIDADES, ESTADO ATUAL E LIMITES PARA A

ARQUEOLOGIA BRASILEIRA

Marcos Paulo de Melo Ramos Museu Nacional/UFRJ argonauta128@gmail.com Antonio Pérez Balarezo Université Paris Nanterre antonioperezbalarezo@hotmail.com O enfoque tecno-genético foi desenvolvido no contexto da abordagem tecno-funcional que, por sua vez, deriva da introdução das investigações sobre o modo de existência dos objetos técnicos ao escopo da subdisciplina tecnologia lítica. O enfoque tecno-genético postula a existência de seis conceitos para os sistemas de debitagem: A, B, C, D, E e F.Esses conceitos são a expressão geral de estruturações particulares no processo de obtenção dos critérios técnicos julgados suficientes e

necessários no âmbito de uma cultura

técnica cronogeograficamente identificável. Os critérios técnicos poderiam ser buscados tanto sobre os volumes úteis a ser debitados (composição de ao menos um plano de percussão e uma superfície de debitagem) quanto sobre as lascas-ferramenta e/ou lascas-suporte objetivadas ao final da debitagem. A estrutura geral de um conceito de debitagem se desdobra em uma ampla gama de métodos particulares (de pré-configuração e/ou inicialização dos volumes úteis), hierarquicamente submetidos ao espectro de possibilidades de um conceito específico. Considera-se que a individualização dos objetos técnicos se cumpre no desdobramento de sistemas abstratos (A, B, C, D) – nos quais não há uma necessária identidade entre volume útil e totalidade do volume do bloco – em direção aos sistemas concretos (E e F) – nos quais o volume útil se confunde com

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através dos sistemas de debitagem nos permite avaliar o poder heurístico que este enfoque possui para fornecer meios classificatórios propriamente tecnológicos para as indústrias líticas. Nesta comunicação vamos discutir a pertinência deste enfoque e realizar um levantamento não exaustivo do estado da arte a partir de indústrias líticas nas quais tenham sido identificados os conceitos de debitagem (e métodos relativos) para o território brasileiro nos últimos quinze anos. Iremos tecer algumas considerações sobre os cenários tecnográficos que começam a emergir. Palavras-chave: Tecnologia Lítica. Debitagem. Abordagem Tecno-Funcional. Enfoque Tecno-Genético.

Referências

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