AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO. ITCD. BASE DE CÁLCULO PARA AVALIAÇÃO DE COTAS SOCIAIS. AVALIAÇÃO PELA FAZENDA NACIONAL COM BASE EM BALANÇO CONTÁBIL EMPRESARIAL MAIS PRÓXIMO À DATA DA ABERTURA DA SUCESSÃO. 1. O valor de cotas sociais, objeto de transmissão
causa mortis, deve ser apurado por avaliação da “fazenda
estadual” ou avaliação “judicial”, sendo que o fato gerador será verificado na data da abertura da sucessão legítima ou testamentária. Inteligência do artigo 12 da Lei Estadual n. 8.821/2009 e dos artigos 3º, inc. I. alínea “a” e 14, caput e § 5º, do Decreto nº 33.156/89. 2. A avaliação mais condizente com as cotas sociais corresponde ao balanço contábil encerrado no mesmo ano de abertura da sucessão, motivo pelo qual deve ser efetiva a avaliação da Fazenda Estadual utilizando o referido parâmetro e não o valor nominal das cotas e, havendo discordância dos herdeiros, poderá ser nomeado perito. Recurso desprovido.
AGRAVO DE INSTRUMENTO SÉTIMA CÂMARA CÍVEL
Nº 70 074 446 527
(Nº CNJ: 0208767-43.2017.8.21.7000)
COMARCA DE PORTO ALEGRE
ESTELA CHINI MAGRI AGRAVANTES
RODRIGO CHINI MAGRI
ESPOLIO DE HUMBERTO MAGRI EDUARDO CHINI MAGRI
THIAGO CHINI MAGRI
A JUSTICA AGRAVADO
MINISTERIO PUBLICO INTERESSADO
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Acordam os Desembargadores integrantes da Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, negar provimento ao recurso.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. JORGE LUÍS DALL'AGNOL (PRESIDENTE) E DES.ª LISELENA SCHIFINO ROBLES RIBEIRO.
Porto Alegre, 24 de outubro de 2017.
DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES, Relator.
R E L A T Ó R I O DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES (RELATOR)
Trata-se da irresignação de ESTELA C. M. e OUTROS com a r. decisão que determinou que as quotas sociais que pertenciam ao falecido devem ser avaliadas considerando o seu valor na data da abertura da sucessão, tendo em vista que o valor nominal não reflete a valoração no período de gestão pelo de cujus e demais sócios, nos autos do inventário dos bens deixados por morte de HUMBERTO M..
Sustentam os recorrentes que devem ser eximidos da apresentação de documentos requeridos pela Fazenda Estadual para a avaliação dos bens da sociedade empresária da qual o de cujus era quotista, a fim de que o ITCD das quotas inventariadas seja calculado com base no valor nominal e não no valor de mercado. Alegam que prestaram todas as informações de praxe à Fazenda Estadual através da competente “DIT” para o cálculo do ITCD. Argumentam que as exigências da Fazenda Estadual não se justificam e são ilegítimas, pois conforme expressa previsão do contrato social, continuarão na administração da sociedade, sem que haja liquidação e indenização das quotas. Dizem
Pretendem seja determinado à Fazenda Estadual que avalie as quotas sociais objeto da “DIT” de acordo com o valor nominal delas. Pedem o provimento do recurso.
O recurso foi recebido no efeito meramente devolutivo.
É o relatório.
V O T O S
DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES (RELATOR)
Estou confirmando a r. decisão recorrida.
Com efeito, observo que o art. 4º da Lei nº 8.821/1989, que continua em vigor, prevê que ocorre o fato gerador:
I - na transmissão causa mortis:
...
a) na data da abertura da sucessão legítima ou testamentária, mesmo nos casos de sucessão provisória e na instituição de fideicomisso e de usufruto;
E a Súmula n.º 112 do STF, refere que “o imposto de transmissão causa
mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão”.
Sendo assim, mostra-se correta a decisão recorrida quando determina que a base do cálculo do tributo deve ser fixada na data da abertura da sucessão, “tendo em vista que o valor nominal não reflete a valoração ocorrida no período de gestão pelo falecido e demais sócios.”.
Art. 12 - A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens, dos títulos ou dos créditos transmitidos, apurado mediante avaliação procedida pela Fazenda
Pública Estadual ou avaliação judicial, expresso em moeda corrente nacional e o
seu equivalente em quantidade de UPF-RS, obedecidos os critérios fixados em regulamento. (Redação dada pelo art. 1º, III, da Lei 10.800, de 12/06/97, (DOE 13/06/97) e pelo art. 6º da Lei 11.561, de 27/12/00, (DOE 28/12/00) - Efeitos a partir de 01/01/01)
E o art. 14, caput e §5º, do Decreto nº 33.156/89 estabelece:
Art. 14. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens, títulos, créditos, ações, quotas e valores, de qualquer natureza, bem como dos direitos a eles relativos, transmitidos, apurado mediante avaliação procedida pela Receita Estadual ou avaliação judicial, expresso em moeda corrente nacional e o seu equivalente em quantidade de UPF-RS, observando-se as normas técnicas de avaliação. (Redação do caput dada pelo Decreto Nº 52824 DE 22/12/2015).
...
§ 5º O valor dos títulos da dívida pública, o das ações das sociedades e o dos títulos de crédito negociáveis em bolsa de valores serão o da cotação oficial de abertura no dia da avaliação. (Redação do parágrafo dada pelo Decreto Nº 51597 DE 23/06/2014). (destaques não originais)
Portanto, a lei estadual incidente permite que o valor das cotas sociais objeto de transmissão deve ser apurado por avaliação da “Fazenda” estadual ou avaliação “judicial”.
No caso, a Fazenda Estadual exigiu a apresentação pelos recorrentes de uma série de documentos para a avaliação das quotas, dentre eles os balanços patrimoniais, que demonstram a efetiva a efetiva participação e valoração decorrente da gestão empresarial empreendida pela falecido, sendo o mais relevante o balanço contábil encerrado no mesmo ano de abertura da sucessão
recorrida que determinou a avaliação pela Fazenda Estadual e, havendo discordância, admite a possibilidade de nomeação de perito judicial.
ISTO POSTO, nego provimento ao recurso.
DES.ª LISELENA SCHIFINO ROBLES RIBEIRO - De acordo com o(a) Relator(a).
DES. JORGE LUÍS DALL'AGNOL (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a).
DES. JORGE LUÍS DALL'AGNOL - Presidente - Agravo de Instrumento nº 70074446527, Comarca de Porto Alegre: