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ANÁLISE DE ALGUNS EXERCÍCIOS DE COMPREENSÃO AUDITIVA DA COLEÇÃO AMERICAN HEADWAY NA PERSPECTIVA DA SOCIOLINGUÍSTICA

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X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis

X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação SEPesq – 20 a 24 de outubro de 2014

ANÁLISE DE ALGUNS EXERCÍCIOS DE COMPREENSÃO AUDITIVA DA

COLEÇÃO AMERICAN HEADWAY NA PERSPECTIVA DA

SOCIOLINGUÍSTICA

Cristiane Toffanello Mestranda

UniRitter/Laureate International Universities Cristoffi@hotmail.com

Resumo: Variação Linguística refere-se às inúmeras manifestações e possibilidades da fala. Sua

percepção é essencial para a conscientização linguística do aluno, permitindo que ele construa uma postura não-preconceituosa em relação aos usos linguísticos distintos dos seus. É importante além da percepção, as razões dos diferentes usos, e também o contexto quando é utilizada a linguagem formal, a informal, a técnica ou as linguagens relacionadas aos falantes, como por exemplo, a linguagem dos adolescentes, das pessoas mais velhas. É necessário transmitirmos ao aluno a noção do valor social que é atribuído a essas variações, sem, no entanto, permitir que ele desvalorize sua realidade ou de outras pessoas. Os tipos de variação linguística são: diferenças de lugar ou região, escolaridade e classe social, diferenças históricas, oralidade e escrita, formalidade e informalidade e as gírias. Essa discussão é fundamental nesse contexto de sociolinguística. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é analisar, à luz da perspectiva sociolinguística, aspectos que envolvem alguns exercícios de compreensão auditiva da coleção American Headway, proporcionando ao aprendiz da língua inglesa ter contato com as diversas variações linguísticas de um único idioma.

1 Introdução

As formas em variação recebem o nome de "variantes linguísticas". Tarallo (1986) afirma que: "variantes linguísticas são diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto e com o mesmo valor de verdade”. A um conjunto de variantes dá-se o nome de variável linguística.

Nesse sentido, a Teoria da Variação considera a língua em seu contexto sociocultural, uma vez que, parte da explicação que a heterogeneidade e a diversificação que emerge nos usos linguísticos concretos podem ser encontradas nos fatores externos ao sistema linguístico e não somente nos fatores internos à língua. Portanto, como observou Mollica (2003,p.63) "ela parte do pressuposto de que toda variação é motivada”, isto é, controlada por fatores (sociais, culturais, regionais, políticos, econômicos entre outros) de maneira tal que a heterogeneidade se delineia sistemática e dialógica, tornando assim língua e variação inseparáveis.

A variação linguística vai além da gramaticalidade de uma língua, ou seja, devemos considerar o efeito da sociedade sobre a mesma levando em conta todas as formas de manifestações linguísticas e suas múltiplas identidades. A identidade de um indivíduo se constrói na língua e através dela (SIGNORINI, 1998); pode-se afirmar portanto que o

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indivíduo não tem uma identidade fixa anterior e fora da língua; e sim uma relação multifacetada. Entre sociedade e língua não há uma relação de neutralidade.

Esta pluralidade no que diz respeito ao uso da língua deve ser levada em conta na hora, por exemplo, da adoção do livro didático, uma vez que, aprender uma língua estrangeira não é somente ser capaz de expressar oralmente o idioma, mas sobre tudo apropriar-se de traços culturais que engloba o ensino – aprendizagem de uma língua estrangeira.

2 Fundamentação Teórica

A língua inglesa está cada vez mais em ascensão tanto por questões culturais, tecnológicas quanto por questões políticas, sociais e econômicas. Até o fim da Segunda Guerra Mundial, era o francês que detinha o poder absoluto, porém ao longo dos anos esta tendência do uso do inglês incorporado às nossas vidas penetrou de modo que o ensino e a aprendizagem significativa da língua inglesa se faz , mais do que nunca, necessária na atual conjuntura mundial.

Atualmente, há diferentes realidades no ensino da língua inglesa na Educação Básica em Porto Alegre . A grande maioria das escolas ainda mantém turmas entre 30 – 35 alunos em que os preceitos da gramática normativa se destacam, bem como a aplicabilidade da norma culta e a ênfase na modalidade escrita. Sendo assim, são raras as oportunidades que os alunos têm para ouvir e falar a língua estrangeira.

Porém, há escolas que priorizam o ensino efetivo da língua inglesa, dividindo e nivelando as turmas, a fim de que, se estabeleça um ambiente propício de inspiração, motivação e produção por parte dos alunos. Felizmente, trabalho em uma dessas escolas privadas da Educação Básica de Porto Alegre onde os alunos são estimulados a terem os diferentes contatos linguísticos nas mais variadas formas (textos, exercícios de compreensão auditiva, exercícios de produção oral entre outros). Segundo Hymes (1972) não há como ser encontrada homogeneidade em uma língua falada em grandes comunidades.

Conforme Harmer (1991) os estudantes têm diferentes tipos de motivação na hora de aprender a Língua Inglesa e o professor, como mediador, deve considerar isto na hora de ministrar suas aulas.

A partir desta realidade de trabalho, decidi desenvolver meu objeto de estudo na análise de exercícios de compreensão auditiva do material adotado na escola onde trabalho por acreditar que, a diversidade de diferentes sotaques encontrados nas atividades de compreensão auditiva possibilitam que o aluno desenvolva uma atitude mais crítica e atenta às questões culturais e, principalmente, sociolinguísticas no que se refere ao ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira. Com isso, o aluno passa a adquirir uma identidade de usuário da língua em questão, a partir de seus múltiplos interesses e ideologias.

Partindo da premissa de que quanto maior a exposição do aluno às mais variadas situações de comunicação, melhor será seu desempenho na compreensão da língua como um todo, os exercícios de compreensão auditiva também podem ser contemplados por esta

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ideia, pois o estudo da língua estrangeira perpassa as variações linguísticas inerentes ao processo.

Além do papel do professor em sala de aula, o uso do livro didático tem uma função primordial, uma vez que, o mesmo pode aproximar ou afastar o aluno do seu foco inicial: aprender, no caso, a língua inglesa.

Aprender uma língua estrangeira implica em desenvolver as 4 habilidades (ler, ouvir, escutar e escrever) de maneira efetiva. Dessa forma, o foco de análise do meu trabalho contemplará o desenvolvimento da habilidade de compreensão da habilidade oral dos alunos durante o uso da coleção American Headway.

3 Metodologia

A metodologia utilizada neste trabalho foi empírica através da observação e análise dos livros, adotados em aula, da coleção American Headway da editora Oxford do volume 1 com diferentes níveis de conhecimento. A coleção é utilizada há 4 anos para alunos do Ensino Médio.

A faixa etária dos alunos está entre 14 anos (1o ano do Ensino Médio) e 17 anos (3o ano do Ensino Médio) que estudam no Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho pertencente à congregação das irmãs franciscanas. A escola está situada no Moinhos de Vento (bairro de classe média) que também oferece, anualmente, intercâmbio para países falantes de língua inglesa. Além disso, muitos educandos viajam para o exterior nas férias escolares.

4 Análise dos dados

Os autores da coleção American Headway Liz e John Soars depois de terem trabalhado nas mais renomadas escolas e faculdades tanto como professores quanto trainees criaram seu próprio método em 1980 com base nos pressupostos da abordagem comunicativa elucidado por Hymes (1972). Hymes se opunha às ideias de Chomsky que defendia a gramática universal, de características inatistas em que o sujeito não interagia com o meio. Já Hymes defendia a ideia que o indivíduo compreende a língua através do seu uso, ou seja, o mesmo precisa entender o objetivo comunicativo da língua em um determinado contexto social.

O conceito de competência linguística proposto por Hymes, portanto, transcende o limite do estrutural formal. O autor explica sua posição afirmando que “ há vários setores de competência, um dos quais é o gramatical” (HYMES,1972). Assim sendo, a proposta do autor é de uma teoria linguística que seja integrada com uma teoria de comunicação e cultura, abrangendo atinentes ao uso da língua.

Neste material didático, os alunos são motivados a usarem a língua de forma comunicativa, ou seja, através da contextualização da linguagem. O professor cria situações e oportunidades para que as interações entre alunos e professores sejam mais “reais” tanto nas atividades de escrita quanto nos exercícios de compreensão auditiva. Ao longo das lições, os alunos se deparam com diferentes sotaques da língua inglesa através

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de exercícios de listening sempre embasados em temáticas que apresentam a unidade a ser estudada.

5 Ilustrações

Na ilustração que segue, em anexo, no livro American Headway 1 (Student Book) na unidade 7 da página 49 os alunos são expostos à uma atividade de compreensão auditiva autêntica onde o foco gramatical é o Passado Simples (Simple Past). Contudo, podemos perceber, através da figura, que a atividade está inserida num contexto familiar, de diferentes gerações em que a narradora Mattie retrata sua trajetória de trabalhadora nos campos de algodão (prática comum nos estados do sul dos Estados Unidos como Alabama, Mississipi, Louisiana e Geórgia).

Além desses aspectos sócio - culturais e econômicos, há a questão da língua falada pela personagem que demonstra sua origem afrodescendente e o reflexo desta língua e o seu uso efetivo no discurso em questão.

Sendo assim, esta atividade é uma pequena amostra de como este material está integrado com os princípios da abordagem comunicativa.

Figura 1: Exercício de compreensão auditiva

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em:<www.americanheadway.pdf>.Acesso 15 de jul.

Naturalmente que, ao se depararem com este tipo de exercício de compreensão auditiva, os alunos são impactados pelo sentimento de estranheza com o sotaque apresentado pela narradora já que não são membros da mesma comunidade.

A tendência por parte do educando é criar um afastamento frente à língua por acreditar que essa variação linguística pode comprometer seu desempenho. Cabe ao professor gerenciar as questões de variação nas aulas de língua estrangeira, uma vez que, diversidade linguística é um elemento inerente quando se fala em aprendizagem de línguas estrangeiras.

A compreensão auditiva é somente uma das facetas da competência comunicativa. É preciso que, além disso, esse indivíduo saiba e use as regras do discurso específico da comunidade na qual se insere.

5 Conclusões

Como professora de escola da Educação Básica da rede particular de Porto Alegre há 20 anos, penso que a tarefa de escolher o material didático é uma das mais difíceis e desafiadoras porque, como se sabe, não existe o material perfeito no qual todas as habilidades que tangem o ensino e aprendizagem de língua estrangeira (ler, falar, escrever e escutar) são contempladas da mesma maneira.

Percebo, ao longo da minha caminhada, que há critérios na hora da escolha que devem ser levados em conta não somente por parte do professor mas sobretudo por parte da equipe diretiva da instituição de ensino.

No primeiro momento, ressaltaria a questão da estrutura curricular, ou seja, a disposição da carga horária da disciplina na grade escolar.

No segundo momento, sugeriria que se conhecesse de fato quem é o público-alvo, isto é, qual é o perfil sócio – econômico dos alunos envolvidos no processo, uma vez que, o valor do material didático difere bastante entre as editoras nacionais e internacionais.

Finalmente, a metodologia em que o aluno está inserido seria de extrema relevância já que o material didático depende do número de alunos em sala de aula, da proposta político – pedagógica da escola e do resultado que se quer alcançar.

Por fim, vejo que o cerne da questão é ter em mente o objetivo inicial: a exposição por parte dos alunos às diversidades linguísticas através dos exercícios de compreensão auditiva com o intuito de desenvolver a competência linguística e o senso crítico frente às diferenças fonéticas de um mesmo idioma.

Referências

HARMER, Jeremy. The practice of english language teaching: New York: Longman. 1991

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HYMES, D. On communicative competence. In PRIDE, J.B. e HOLMES, J. Sociolinguistics. England: Penguin Books, 1972.381 p.269 – 293

MOLLICA, Maria Cecília (Org.); BRAGA, Maria Luiza (Org.). Introdução à sociolinguística: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2003.

TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: ÁTICA, 1986

SIGNORINI, Inês (Org.). Lingua(gem) e identidade: elementos para discussão no campo aplicado. Campinas: Mercado das Letras, 1998.

SOARS, John. American Headway. Disponível

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