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DISCURSO DE POSSE - CONSELHEIROS ELEITOS DO EGRÉGIO CONSELHO SUPERIOR DA DEFENSORIA PÚBLICA MANDATO 2012/ /03/2012

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DISCURSO DE POSSE - CONSELHEIROS ELEITOS DO EGRÉGIO CONSELHO SUPERIOR DA DEFENSORIA PÚBLICA – MANDATO 2012/2014 – 12/03/2012

Excelentíssima Senhora Presidente do Conselho Superior da Defensoria Pública do Estado do Ceará, Andrea Maria Alves Coelho; Excelentíssima Senhora Secretária de Justiça e Cidadania no Estado do Ceará, Defensora Pública Mariana Lobo Botelho de Albuquerque; Excelentíssimo Senhor Presidente da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Ceará – ADPEC, Adriano Leitinho Campos; Excelentíssima Senhora Ana Virginia Ferreira, Ouvidora Geral da Defensoria Pública, através de quem cumprimento todos os presentes. A Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF 132, assinalou que " (...) a conquista de direitos é tão difícil quanto curiosa. A luta pelos direitos é árdua para a geração que cuida de batalhar pela sua aquisição. E parece uma obviedade, quase uma banalidade, para as gerações que os vivem como realidades conquistadas e consolidadas. (...) ainda há uma longa trilha, que é permanente na história humana, para a conquista de novos direitos. A violência continua, minorias são violentadas, discriminações persistem. Veredas há a serem palmilhadas, picadas novas há a serem abertas para o caminhar mais confortável do ser humano."

O processo de fortalecimento das instituições necessárias à concretização dos ideários de paz e justiça – tal qual a Defensoria Pública - não é diferente, sendo a consciência de onde se veio imprescindível à sinalização profícua do caminho para onde se NECESSITA ir.

Partindo desta premissa é que, neste momento em que Aline Miranda, Ricardo Batista, Carolina Gondim e eu tomamos posse como

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Conselheiros eleitos do Egrégio Conselho Superior da nossa Defensoria Pública cearense, o nosso pronunciamento divide-se em três breves partes distintas mas convergentes a um mesmo objetivo: a) relevância da compreensão do direito à Defensoria Pública como direito humano a ser exigido nacional e internacionalmente; b) o acerto da fórmula constitucional brasileira de acesso à Justiça e a importância do Conselho Superior Defensorial c) e, por último, nossos principais compromissos para o mandato 2012/2014.

Em 1883, Joaquim Nabuco, no prefácio de o seu clássico “O abolicionismo” já advertia da “necessidade de eliminar a escravidão da constituição de nosso povo, isto é, o Abolicionismo, devia ter precedência às demais reformas. De fato, todas as outras dependem dessa, que é propriamente a substituição dos alicerces de nossa pátria”. Ocorre que a verdadeira abolição é o verdadeiro acesso à Justiça de modo que em 1888 tivemos a lei aurea, mas a escravidão rebatizada perdura até hoje pois não se pode considerar livre quem não tem onde morar ou sequer teve o direito ao registro de nascimento ou não pode se expressar livremente ou não teve um julgamento justo ou não tem direito de acesso à educação, entre tantos outros e variados exemplos. Assim se a escravidão foi rebatizada os seus meios de alforia também o foram e a Defensoria é um dos principais deles, tendo de igual forma um papel importante na “substituição dos alicerces de nossa pátria”, como há muito lutou Nabuco e NECESSITA o nosso povo ainda hoje na realidade hi tech contemporânea.

Tivemos duas grandes guerras e após o final da segunda - não por amor, poesia ou romantismo - , mas por NECESSIDADE, foi reconhecida a existência de direitos inerentes a cada ser humano em várias esferas da vida - civil, politica, economica, social, cultural e ambiental – através da Declaração Universal de Direitos Humanos. Inspirados nela, tivemos, em 66, o Pacto de Direitos Economicos Sociais

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e Culturais e o Pacto de Direitos Civis e Politicos; e em 69 a Convenção Americana - o nosso Pacto de San Jose da Costa Rica, aos quais o nosso Brasil, que vivia em ditadura, só veio ratificar em 1992. Tais documentos internacionais previam a obrigação de o Estado garantir o direito de acesso à Justiça, mas não diziam “o como fazer”. Cappelletti e Boaventura constatavam a ineficácia de convênios e apontavam diretrizes para outras soluções traçando, ainda que de forma involuntária, muito da base normativa defensorial de hoje; mas apenas em junho de 2011 através da Resolução 2656-OEA é que o Direito Internacional dos Direitos Humanos passa a identificar na Defensoria Pública o instrumento estatal necessário à consolidação do acesso à Justiça às pessoas em condição de vulnerabilidade. Afinal, já dizia Vivante, os raios já delimitavam o círculo antes de serem chamados de raios. A Defensoria não é opção, é NECESSIDADE.

E este resgate histórico na cerimônia de posse dos Conselheiros Eleitos do CONSUP faz-se oportuno e necessário para que possamos nos lembrar de onde viemos, que a Defensoria é uma NECESSIDADE da efetivação de direitos e não uma deliberalidade do Governante, da imprescindibilidade do constante amadurecimento institucional e porque não temos o direito de nos equivocar e atrasar ainda mais um resultado há muito ansiado e plantado: muitos lutaram e morreram para que os direitos humanos fossem reconhecidos e para que, como se vê nos anais da Assembleia Nacional Constituinte – ANC se pudesse “inserir na Justiça brasileira um dispositivo até aqui inexistente, a não ser em letras bisonhas e às vezes até inexpressivas, mas que represente a democratização e, por que não dizer, a socialização da própria Justiça” que é a Defensoria Pública. Como lembrou o Deputado Constituinte Silvio Abreu, “Não fosse assim, estaríamos construindo uma Justiça para atender apenas a 20% da população, àquela capaz de movimentar a máquina do Judiciário com seus próprios meios e com seus próprios recursos.”.

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A nossa Defensoria foi criada em 88 e nossa Lei Orgânica Federal em 94 (no plano estadual, nossa Lei Orgânica é de 97 e ainda carece de atualização). Em 2004 passamos a ter reconhecida constitucionalmente a nossa autonomia – autonomia esta ratificada por UNANIMIDADE em pronunciamentos recentes do Supremo Tribunal Federal - e em 2009 a nossa Lei Orgânica Federal foi atualizada e a nossa identidade, ainda em construção, já se delineia mais um tanto através destes marcos normativos e jurisprudenciais. É que como nos lembra o samba de Jorge Aragão “nós somos do tempo do samba sem grana, sem glória; (...);Respeite a camisa que a gente suou; respeite quem pode chegar onde a gente chegou; e a gente chegou muito bem, sem desmerecer a ninguém; enfrentando no peito um certo preconceito e muito desdém”.

Mas muitas outras batalhas estão por vir. Nada começou nem acaba agora, “ainda há uma longa trilha, que é permanente na história humana”, como já nos advertiu Dra. Cármen no inicio deste discurso. Esta compreensão de que a Defensoria interessa ao cumprimento das obrigações internacionais de Direitos Humanos é essencial para que possamos amadurecer cada vez mais o debate da RESPONSABILIDADE e da NECESSIDADE institucional e o Conselho Superior da Defensoria - CONSUP, dentre os nossos órgãos de Administração Superior e na organicidade institucional, tem um papel diferenciado, peculiar e importante para trazer tal normatividade à vida vivida no nosso cotidiano: por meio de representantes natos e eleitos, com a voz da Ouvidoria Geral e da nossa Associação, é o nosso órgão normativo responsável por nos propiciar o diálogo orgânico necessário à nossa consolidação enquanto instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, expressão e instrumento do regime democrático.

O papel do CONSUP que já era importante torna-se nuclear para a consolidação dos princípios institucionais defensoriais da UNIDADE,

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INDIVISIBILIDADE e INDEPENDENCIA FUNCIONAL, premissas fundamentais para que a Defensoria possa, com IMPESSOALIDADE e CREDIBILIDADE alcançar seus objetivos institucionais.

Não é o CONSUP apenas órgão normativo, mas também fiscalizatório, comportando-se como “poder legislativo defensorial” imprescindível à concretização da Defensoria como INSTITUIÇÃO DE ESTADO e não de Governo, instituição verdadeiramente autônoma; e como bem lembrou a Ministra Rosa Weber no histórico julgamento de 07 de março de 2012 precisamos ter consciência e compreensão de qual é o sentido da nossa autonomia: temos AUTONOMIA é para que possamos ter a força, a competência e a independência necessárias à verdadeira defesa das pessoas em condição de vulnerabilidade e não para que possamos ter status ou vaidade: o nosso patrão é o ser humano com sede de Justiça e o CONSUP tem a obrigação de bem sinalizar este caminho, afastando-nos de disputas estéreis ou debates infrutíferos. Temos que aprender, sim, é a cada vez mais levar as percepções, as vozes, das pessoas em condição de vulnerabilidade às instancias de poder e a saber voltar, fazer este caminho permanente de ponte, encurtando a distancia entre normatividade e realidade, mostrando que Justiça não é privilégio de rico mas Direito de todos. É por isso que aos Conselheiros Eleitos que hoje tomam posse não faltarão DOÇURA, HUMILDADE e GENTILEZA mas igualmente não faltarão INDEPENDENCIA, COERENCIA, FIRMEZA, CORAGEM e ALTIVEZ. E para tanto, antes mesmo da posse, já estamos nos reunindo, consolidando as nossas propostas de campanha e nos preparando para prestar contas de todos os nossos compromissos eleitorais: afinal, somos todos de um mesmo partido e temos o mesmo propósito e com ATOS não mediremos esforços para coibir o que nos afaste da nossa UNIDADE, INDIVISIBILIDADE e INDEPENDENCIA FUNCIONAL.

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É a construção coletiva a metodologia básica que nos acompanhará por todo o mandato. Assim é que teremos reuniões periódicas, na capital e no interior, com os colegas não apenas para melhor fundamentarmos os nossos posicionamentos nos processos em pauta mas igualmente para identificarmos o que devemos levar para a pauta; procuraremos sistematizar e atualizar as resoluções; providenciaremos a compilação, por assuntos, dos votos aprovados no CONSUP desde a sua criação; lutarmos cada vez mais para o aprimoramento dos critérios de promoção por merecimento e das designações; lutarmos pela sessões itinerantes do CONSUP no interior do Estado e acima de tudo pela adequada e eficiente IDENTIDADE DEFENSORIAL com todas as suas dimensões, características, peculiaridades e prerrogativas daí decorrentes.

Convocamos todos os colegas, a nossa importantíssima Ouvidoria Geral, a imprescindível ADPEC e toda a sociedade para que NOS COBREM E NOS AJUDEM a bem exercer o nosso mandato, contribuindo para que vire realidade o desejo de nosso Patativa, humanista do sertão, de “Que do campo até a rua o povo todo possua o direito de viver. Quero paz e liberdade, sossego e fraternidade, na nossa pátria Natal. Quero ver do sul ao norte o nosso caboclo forte trocar a casa de palha Por confortável guarida. Quero ver o meu país rico, ditoso e feliz., Finalmente, meus senhores, quero ouvir entre os primores debaixo do céu de anil, As mais sonorosas notas dos cantos dos patriotas CANTANDO A PAZ DO BRASIL.”

Referências

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