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Cultivo de diferentes genótipos de cártamo em campo e papel da mulher na agricultura familiar do semiárido nordestino

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE - PRODEMA

CULTIVO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE CÁRTAMO EM CAMPO E PAPEL DA MULHER NA AGRICULTURA FAMILIAR DO SEMIÁRIDO NORDESTINO

Raimunda Adlany Dias da Silva

2020 Natal – RN

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Raimunda Adlany Dias da Silva

CULTIVO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE CÁRTAMO EM CAMPO E PAPEL DA MULHER NA AGRICULTURA FAMILIAR DO SEMIÁRIDO NORDESTINO

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre.

Orientador: Profa. Dra. Juliana Espada Lichston

2020 Natal – RN

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Silva, Raimunda Adlany Dias da.

Cultivo de diferentes genótipos de cártamo em campo e papel da mulher na agricultura familiar do semiárido nordestino / Raimunda Adlany Dias da Silva. - Natal, 2020.

101 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa Regional de

Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA.

Orientadora: Profa. Dra. Juliana Espada Lichston.

1. Carthamus tinctorius Dissertação. 2. Biodiesel

-Dissertação. 3. Campesinato - -Dissertação. 4. Trabalho agrícola - Dissertação. I. Lichston, Juliana Espada. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSCB CDU 633.863 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - -Centro de Biociências - CB

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Raimunda Adlany Dias da Silva

Dissertação submetida ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Aprovada em:

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Dedico À minha mãe, por investir sua vida no cuidado e educação dos seus filhos, por me ensinar o sentido das palavras: força, perseverança, coragem e dedicação.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter me sustentado até aqui;

À UFRN e ao IFRN pela disponibilidade da infraestrutura, a Capes pelo apoio financeiro da pesquisa;

Ao meu esposo, por todo amor, compreensão, parceria, dedicação e cuidado e a minha mãe por ter me preparado para a vida;

Em especial agradeço à professora Juliana por toda disponibilidade e paciência, por ter acreditado no meu potencial e contribuído substancialmente para o meu crescimento pessoal e profissional;

Aos ex e atuais limvianos, em especial a Allyne e Elaine por enfrentarem as altas temperaturas e radiação solar no campo em Apodi. Por terem me proporcionado tantos momentos de aprendizado, meninas essa conquista é nossa;

À Émile por ter me proporcionado momentos incríveis de aprendizado;

Às professoras Priscila e Ângela do IFRN-campus Apodi pelo auxílio no campo. Aos trabalhadores terceirizados do IFRN-campus Apodi,

À COOPAPI – Apode pelo apoio e parceria;

Às agricultoras filiadas a COOPAPI, vocês foram essenciais para o desenvolvimento desta pesquisa. Ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações pelo apoio financeiro ao projeto.

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RESUMO

CULTIVO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE CÁRTAMO EM CAMPO E PAPEL DA MULHER NA AGRICULTURA FAMILIAR DO SEMIÁRIDO NORDESTINO

O processo de industrialização potencializou o consumo de matrizes energéticas de origem fóssil, não renovável, como consequência desse uso desenfreado, tem-se o incremento dos problemas ambientais, como a poluição atmosférica e aumento do efeito estufa. Esses problemas afetam, diretamente, o homem e todo o ecossistema em que vivemos. Dessarte, é necessária a ampliação de pesquisas que busquem matrizes energéticas menos poluentes, renováveis e que possuam alto valor agregado e que sejam ferramentas para inclusão de agricultores (as) familiar na cadeia produtiva energética. Dentre as culturas potenciais para fins energéticos, o cártamo tem se despontado por possuir alto valor agregado e apresentar tolerância às condições ambientais do semiárido, marcado por altas temperaturas, baixa umidade e baixos índices pluviométricos. Considerando que o Rio Grande do Norte é um dos Estados brasileiros que fazem parte do polígono da seca, com o interior do Estado marcado pela produção agrícola familiar, trabalhos com a investigação do cultivo de cártamo na região tornam-se socioeconomicamente relevantes. A agricultura no RN é um setor produtivo que tem como destaque a participação feminina, no plantio, no cultivo, na colheita e na comercialização em feiras que ocorrem em muitos municípios do Estado. Contudo, essa participação, muitas vezes, não tem tido visibilidade adequada, sendo vista apenas como ―ajuda‖ mesmo a mulher trabalhando no lar, dedicando-se a família, no cuidado com pequenos animais para consumo e comercialização, além de trabalharem na agricultura. O objetivo dessa pesquisa é avaliar três variedades de cártamo cultivadas no semiárido do Rio Grande do Norte, quanto à germinação, desenvolvimento e produtividade. Pretende-se ainda, compreender a dinâmica e participação de um grupo de mulheres agricultoras do interior do Rio Grande do Norte, no contexto da agricultura familiar, além de verificar a aceitação do grupo ao cultivo de oleaginosas potenciais para a região. Dentre as cultivares de cártamo em condições de semiárido a que apresentou, em geral, o melhor desempenho fisiológico foi a cultivar IMAMT 894. As cultivares apresentaram bom rendimento em sementes e teor de óleo, ainda boa composição química do óleo para aplicação na indústria de biocombustíveis, com destaque para a cultivar IMAMT 894, a qual apresentou ainda maior produtividade em quantidade de sementes. A torta de suas sementes mantem a composição mesmo pós-extração do óleo, pode ser utilizada como alimentação animal por permanecer com elevado valor proteico, dado importante para melhor e mais eficiente aproveitamento da cultura. Mediante o citado é evidente a necessidade da ampliação dos estudos para mapeamento dos mecanismos fisiológicos, da germinação a produtividade, ainda da qualidade do óleo produzido das diferentes variedades de cártamo em busca da combinação do maior número de características de desenvolvimento, produtividade e fisicoquímica do óleo buscando uma maior eficiência e rendimento do cultivo no campo em condições edafoclimáticas semiáridas. As agricultoras do Sítio Córrego se mostram receptíveis ao cultivo do cártamo mediante ao alto valor agregado da cultura. Estas participam ativamente no trabalho agrícola e detêm o pensamento reflexivo sobre a necessidade do conhecimento de toda cadeia produtiva da cultura para inserção na região, visando o desenvolvimento local, podendo contribuir de forma expressiva na construção de uma história de sucesso dessa oleaginosa no Sertão.

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ABSTRACT

CROPPING OF DIFFERENT FIELD CROP AND GENOTYPES OF WOMEN IN FAMILY FARMING IN THE NORTHEAST SEMIARID

The industrialization process boosted the consumption of energy sources of fossil, non-renewable origin, as a result of this unbridled use, there is an increase in environmental problems, such as atmospheric pollution and an increase in the greenhouse effect. These problems directly affect man and the entire ecosystem in which we live. Therefore, it is necessary to expand research that seeks less polluting, renewable energy matrices that have high added value and that are tools for the inclusion of family farmers in the energy production chain. Among the potential crops for energy purposes, safflower has emerged for having high added value and presenting tolerance to the semiarid environmental conditions, marked by high temperatures, low humidity and low rainfall. Considering that Rio Grande do Norte is one of the Brazilian states that are part of the drought polygon, with the interior of the state marked by family agricultural production, work with the investigation of safflower cultivation in the region has become socioeconomically relevant. Agriculture in RN is a productive sector that highlights women's participation in planting, cultivating, harvesting and marketing at fairs that take place in many municipalities in the state. However, this participation, many times, has not had adequate visibility, being seen only as "help" even the woman working in the home, dedicating herself to the family, caring for small animals for consumption and commercialization, in addition to working in agriculture. The objective of this research is to evaluate three varieties of safflower cultivated in the semi-arid region of Rio Grande do Norte, regarding germination, development and productivity. It is also intended to understand the dynamics and participation of a group of women farmers in the interior of Rio Grande do Norte, in the context of family farming, in addition to verifying the group's acceptance of the cultivation of potential oilseeds for the region. Among the safflower cultivars in semi-arid conditions, the one that showed, in general, the best physiological performance was the cultivar IMAMT 894. The cultivars showed good seed yield and oil content, still good chemical composition of the oil for application in the biofuel industry. , with emphasis on the cultivar IMAMT 894, which showed even greater productivity in terms of seeds. The cake of its seeds maintains the composition even after oil extraction, can be used as animal feed because it remains with high protein value, an important data for better and more efficient use of the culture. Through the aforementioned, it is evident the need to expand studies to map physiological mechanisms, from germination to productivity, as well as the quality of the oil produced from the different safflower varieties in search of the combination of the greatest number of development, productivity and physicochemical characteristics of the oil. seeking greater efficiency and yield of cultivation in the field in semi-arid edaphoclimatic conditions. The Sítio Córrego farmers are receptive to the cultivation of safflower due to the high added value of the crop. They actively participate in agricultural work and have reflective thinking about the need for knowledge of the entire productive chain of culture for insertion in the region, aiming at local development, being able to contribute significantly to the construction of a success story of this oilseed in the Sertão.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Consumo anual total por tipo de combustível fóssil, representado em milhões de m3...16

Figura 2: Reação de transesterificação de triacilgliceról com um álcool e produção de glicerina e biodiesel como coprodutos...19

Figura 3: Mapa - do Semiárido Brasileiro...25 Figura 4: Mapa do Estado do Rio Grande do Norte com destaque ao Município de Apodi...29 Figura 5: Cultivo do cártamo em campo; Semeadura; (A) Pré-floração; (B)Floração; (C) Início da senescência. Seta: sistema de irrigação...30

Figura 6: Delineamento experimental para cultivo de cártamo em campo: Lotes 1 – Cultivar IMAMT1750; Lotes 2 – Cultivar IMAMT946; Lotes 3 – Cultivar IMAMT 894...32

Figura 7: Etapas da extração do óleo de cártamo: sistema soxhlet, rotaevaporador e óleo bruto...32

Capítulo 2

Figura 1: Porcentagem de germinação entre as cultivares de cártamo (A); índice de velocidade de germinação (B); Porcentagem de germinação entre as cultivares de cártamo durante os 7 dias de duração do experimento de germinação (C)... 64

Figura 2: Assimilação líquida de CO2 (A), transpiração (B) e eficiência no uso da água

(WUE) (C) nas cultivares de cártamo IMAMT 1750, IMAMT 894 e IMAMT 946 durante os estágios vegetativo, de floração e de senescência...64

Figura 3: Espessura do parênquima paliçádico em folhas (A) e área do xilema no caule (B) das cultivares de cártamo IMAMT 1750, IMAMT 894 e IMAMT 946 no estágio vegetativo...65

Figura 4: Massa Seca (MS) (A); Número de Sementes por Fruto (NSF) (B); Número de fruto por planta (NFP) (C) das cultivares de Carthamus tinctorius IMAMT 1750, IMAMT 894 e IMAMT 946...66

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Capítulo 3

Figura 1: Delineamento experimental para cultivo de Cártamo em campo: Lotes 1 – Cultivar IMAMT 1750; Lotes 2 – Cultivar IMAMT 946; Lotes 3 – Cultivar IMAMT 894...76

Figura 2: Espectroscopia de absorção na região de infravermelho do óleo bruto das diferentes cultivares do cártamo. No eixo Y, Transmitância em ºC e X, número de ondas em cm-1...81

Figura 3: Análise térmica da torta das cultivares de Cathamus tincturius L . pré e pós extração do óleo; DTG: cultivar IMAMT 894 (A); cultivar IMAMT 946 (C); cultivar IMAMT 1750(E), e TG: cultivar IMAMT 894 (B); cultivar IMAMT 946 (D); cultivar IMAMT 1750(F)...83

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LISTA DE GRÁFICO Capítulo 1

Gráfico 1: Grau de escolaridade das mulheres agricultoras do Sítio Córrego Município de Apodi-RN. F.I: fundamental incompleto; F.C: fundamental completo; M.I: médio incompleto; M.C: médio completo; S.I: superior incompleto; S.C: superior completo...43 Gráfico 2: Atividades de maior contribuição para a complementação da renda familiar no Sítio Córrego, Município de Apodi-RN...48

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LISTA DE QUADRO

Quadro 1: Países produtores de sementes de cártamo em toneladas/hectares no período entre 2014 à 2017...21

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LISTA DE TABELA

INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA

Tabela1: Principais matérias-primas utilizadas entre os anos de 2008 a 2017 na produção de biodiesel (B100) (m3) no Brasil...18

Capítulo 2

Tabela 1: Teste de médias para percentual de germinação e índice de velocidade de germinação (GSI) das cultivares de cártamo...63

Capítulo 3

Tabela 1: Produtividade de sementes e óleo (Kg.ha-1) e rendimento de óleo na semente das

cultivares IMAMT 1750, IMAMT 946, IMAMT

894...77

Tabela 2: Índice de acidez IA em (mg/g); Índice de saponificação IS em (mg/g) das cultivares de cártamo IMAMT 1750, IMAMT 946, IMAMT 894...79

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA...16

1. Ambiente e o Uso de Combustíveis ...16

1.1 O Biodiesel ...17

1.2 Óleo vegetal: Composição e caracterização para biodiesel...18

2. Cártamo, Potencial Matriz Vegetal para Produção de Biodiesel...21

2.1 Cultivo do cártamo e coprodutos...21

3. Agricultura Familiar: Participação e Contribuição das Mulheres no Semiárido Brasileiro...24

3.1 A contribuição feminina em diferentes sociedades...26

3.2 A participação das mulheres nas diversas esferas da agricultura familiar no semiárido...27

METODOLOGIA GERAL 1 Caracterização da área de estudo...28

1.1Cultivo em campo de diferentes cultivares de Carthamus tinctorius L...29

1.2 Coleta de amostras...30

2. Desenvolvimento vegetal...20

2.1 Germinação em laboratório...30

3. Análises Morfofisiológicas...31

3.1 Aferição da trocas gasosas...31

3.2 Análise da área do xilema no caule e espessura do parênquima paliçádico...31

3.3 Análise de biomassa vegetal...32

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4.1 Delineamento experimental do cultivo em campo...32

4.2 Análise e delineamento estatística empregada...32

5. Produtividade de sementes e teor de óleo ...33

5.1 Extração do óleo...33

6. Análises fisicoquímicas do óleo ...34

6.1 Índice de acidez (IA)... 34

6.2 Índice de saponificação (IS)... 34

6.3 Análise de Infravermelho...35

6.4 Análise de Biomassa Residual pós-extração do óleo...35

7. Pesquisa de aceitação do cártamo e participação de mulheres agricultoras nas diversas esferas da agricultura familiar...36

Capítulo 1: A mulher no contexto da agricultura familiar no sertão do Rio Grande do Norte...37

Capítulo 2: Desenvolvimento e produtividade de três cultivares de cártamo no semiárido brasileiro...59

Capítulo 3: QUALIDADE E RENDIMENTO EM ÓLEO DE DIFERENTES CULTIVARES CARTHAMUS TINCTORIUS - OLEAGINOSA PROMISSORA PARA BIODIESEL NO SEMIÁRIDO...73

CONSIDERAÇÕES FINAIS...89

REFERÊNCIAS...90

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INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA

1. O ambiente e o Uso de Combustíveis

Com o processo de industrialização, o consumo de energia teve aumento exponencial exercendo pressão sobre as matrizes fósseis. Tal fato trouxe efeitos não benéficos para a natureza, como as mudanças climáticas, a poluição ambiental, a degradação dos recursos naturais e a promoção de ameaça ao habitat de espécies endêmicas (LEFF, 2000; POMPELLI et al., 2011; LIMA, 2015, p. 12). Henrique Leff dedicou-se a estudos na área ambiental e fez duras críticas ao modelo de produção e consumo. Destaca que o ritmo de extração de recursos naturais, para atender às demandas de consumo da sociedade, propiciou um processo de degradação ambiental e esgotamento dos recursos naturais (LEFF, 2000). Pode-se perceber que o criticado por Leff se materializa na produção de energia tendo as matrizes fósseis como principal fonte. A produção brasileira anual de petróleo em bilhões de barris, no ano de 2000, foi de 4,6; em 2018, foi de 9,7 (ANP, 2019).

Um dos principais combustíveis utilizados no Brasil é o óleo diesel, cujo consumo total entre os anos de 2013 e 2018, foi de 58,57 e 55,62 milhões de metros cúbicos, respectivamente. O diesel se destaca por ser o principal combustível da frota de caminhões, principal meio de transporte de mercadorias no Brasil, seguido da gasolina comum e do etanol, (Figura 1).

Figura 1: Consumo anual total por tipo de combustível fóssil, representado em milhões de m3.

Fonte: CNT (2019)

A queima desses combustíveis de origem fóssil fomenta a liberação de poluentes no ambiente, como o monóxido de carbono, considerado o principal composto poluente dos gases de efeito estufa, dentre os quais estão dióxido de carbono, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre, hidrocarbonetos, além de material particulado e ozônio Contribuindo de

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forma expressiva para com os efeitos negativos ao ambiente, não apenas em escala local, mas também em regiões mais afastadas (CARVALHO, 2011). Guarieiro, Vasconcellos e Solci (2011) apontam a existência de uma correlação entre desenvolvimento econômico, crescimento populacional e poluição atmosférica. Os autores destacam que, na medida em que há o incremento dos meios de transporte e potencialização do uso de veículos automotores, que demandam maior consumo de combustível, há o aumento da liberação de gases de efeito estufa, prejudiciais ao ambiente e ao homem.

Na esfera ambiental, observam-se efeitos diretamente relacionados a prejuízos da saúde da população, tais como a chuva ácida, o efeito smog – definido como cortina de fumaça na atmosfera próxima à superfície – e efeito estufa (DRUMM et al., 2014). É possível observar essa relação, na proporção em que há o aumento do número de doenças do trato respiratório, como a asma, e também do sistema circulatório. Esses efeitos ambientais podem ainda ser fator propulsor para outros problemas, como baixo peso de recém-nascidos e partos prematuros (BUENO et al., 2010; DAPPER; SPOHR; ZANINI, 2016; AMÂNCIO; NASCIMENTO, 2012).

Relativamente à poluição, o que se vive atualmente já era denunciado por Thomas (1988) ao observar a cidade de Londres no processo de industrialização. O crescente uso do carvão para fins industriais e as consequências negativas para a população destacam-se por tornarem praticamente impossível morar na cidade, devido ao alto nível de poluentes do ar (THOMAS, 1988). Nesse contexto, a utilização de combustíveis que agridam menos o meio ambiente e a redução da dependência dos combustíveis fósseis são estratégias que visam alcançar o desenvolvimento sustentável, proporcionando a inclusão social, além do bem-estar econômico e da preservação dos recursos da natureza, como destaca Sachs (2008).

1.1 O Biodiesel

O Biodiesel foi definido pelo decreto lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, como biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão. Ou ainda, conforme regulamento para geração de outro tipo de energia que possa substituir parcial ou totalmente combustível de origem fóssil. O início da introdução efetiva do biodiesel na matriz energética brasileira foi fixado inicialmente pelo mesmo decreto que o define, como percentuais mínimos em volume obrigatório de biodiesel a ser acrescentado ao óleo diesel na proporção de 5%. Em 2016, passou a vigorar a lei nº 13.263, que regulamenta o percentual mínimo de 10% de adição de biodiesel ao óleo diesel, (BRASIL, 2016), meta superada em 2019 com percentual mínimo obrigatório de 11% e 12 % em 1 de março de 2020 como disposto no 17º leilão de biodiesel. Já em 2021, o percentual

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mínimo será de 13% com incremento anual de 1% até atingir o percentual mínimo de 15% no ano de 2023 como instituído pela resolução CNPE nº 16 de 29 de novembro de 2018 (Brasil, 2018).

Mediante a inserção do biodiesel na cadeia energética brasileira foi necessária a criação de programas de incentivo ao biodiesel, sendo o principal deles o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), criado em 2004 pelo Governo Federal. Esse Programa apresenta como uma de suas diretrizes a produção de biodiesel a partir de diferentes fontes oleaginosas. Tem ainda o compromisso de tornar viável a produção o uso do biodiesel e, prioritariamente, a inclusão social de agricultores familiares cuja capacitação técnica representa uma oportunidade de inserção na cadeia de produção (BRASIL, 2005; MATTEI, 2010).

Um dos critérios para o atendimento do percentual mínimo de biodiesel é a participação da agricultura familiar na oferta de matérias-primas (BRASIL, 2005). Entende-se como agricultor familiar o setor em que a gestão da propriedade seja compartilhada pela família e a atividade produtiva agropecuária seja a principal fonte geradora de renda. Além de ter relação particular com a terra, seu local de trabalho e a moradia, o setor tem como marca a diversidade produtiva (BRASIL, 2016).

Durante os anos de 2017 e 2018 observou-se um incremento da produção anual de biodiesel B100 (100% biodiesel, sem misturas com diesel) sendo a soja a matéria-prima de maior contribuição (Tabela 1).

Tabela1: Principais matérias-primas utilizadas entre os anos de 2008 a 2017 na produção de biodiesel (B100) (m3) no Brasil. Mateiras -primas 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Total 1.177.638 1.614.834 2.387.639 2.672.771 2.719.897 2.921.006 3.415.467 3.938.873 3.817.055 4.289.351 Óleo de soja 967.326 1.250.590 1.980.346 2.171.113 2.105.334 2.231.464 2.625.558 3.061.027 3.020.819 3.072.446 Óleo de algodão 24.109 70.616 57.054 98.230 116.736 64.359 76.792 78.840 39.628 12.426 Gordura animal 154.548 255.766 302.459 358.686 458.022 578.427 675.861 738.920 622.311 720.935 Outros materiais graxos 31.655 37.863 47.781 44.742 39.805 46.756 37.255 60.086 134.297 483.544 Fonte: ANP( 2018)

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Atualmente, potencializaram-se as pesquisas em busca de fontes energéticas renováveis e com menor emissão de gases de efeito estufa, como o biodiesel. A produção do biodiesel é resultado de uma reação de transesterificação de triacilgliceróis, assim denominado por possuir o grupo funcional – ésteres do glicerol– gerando como coproduto glicerol (glicerina) e o biodiesel, como se observa em sua forma estrutural (Figura 2).

Figura 2: Reação de transesterificação de triacilglicerol com um álcool e produção de glicerina e biodiesel como coprodutos.

Fonte: (LOBO; FERREIRA; CRUZ, 2009)

A Resolução nº 07 de 2008 (RANP 07/08), em seu Artigo 2º, define a) o Biodiesel B100 como combustível composto por álquil ésteres de ácidos graxos de cadeia longa, derivado de óleos vegetais ou gorduras animais e b) a Agência Nacional de Petróleo como a fixadora de padrões de qualidade do biodiesel Em seu Artigo 4º, estipula alguns parâmetros de verificação da qualidade do biodiesel como análise de massa específica a 20ºC, teor de água, índice de acidez e estabilidade de oxidação a 110°C, para produtos não comercializados no prazo de um mês.

O Artigo 4º instrui a necessidade de análise de massa específica do biodiesel a 20ºC, caso se observe diferença em relação à massa específica inferior a 3,0 kg/m3 com reavaliação do teor de água, índice de acidez e estabilidade à oxidação a 110ºC, no prazo máximo de um mês para produto que não foi comercializado.

Para que um óleo bruto, oriundo de matrizes vegetais, seja viável para a produção de biodiesel, é necessário averiguar alguns parâmetros tais como a composição do óleo, para identificação da presença e quantidade de ácidos graxos do tipo oleico e linoleico; acidez e

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índice de saponificação. Lobo, Ferreira e Cruz (2009) ressaltam que a fixação de teores limites aceitáveis de contaminantes no biodiesel, por exemplo, é essencial para evitar prejuízos no desempenho de queima do combustível e integridade do motor. São ainda importantes os testes qualitativos como a análise de infravermelho, indicativo da composição do óleo, em termos de grupos funcionais. Ruschel et al. (2014) ressaltam que são importantes os estudos de espectros em infravermelho dos óleos para a classificação dos ésteres de ácido graxo presentes nesses óleos e, além desses, nas misturas de óleos diesel e biodiesel.

De acordo com Greggio e Bonini (2014), o índice de acidez indica o grau de degradação do óleo. Lucena, Silveira e Costa (2015), explicitam que quando o índice de acidez é maior, infere-se que está ocorrendo quebras nas cadeias de triacilgriceróis, propiciando a perda de principais constituintes. Estes autores ainda destacam que, quanto maior o índice de saponificação, proporcionalmente, será requerido um volume maior de base para saponificar a amostra. Assim é possível verificar se um tipo de óleo será viável ou não para a produção de biodiesel, uma vez que há relação direta entre a qualidade do óleo utilizado como matéria prima e a qualidade de biodiesel adquirido (MORAES et al., 2013), além do rendimento em óleo.

Dentre as matrizes, de origem vegetal, propensas à produção de biodiesel destacam-se: - Gossypium L. (algodão), com produção afetada pela salinidade (OLIVEIRA et al., 2012), pode ser cultivado em sistema de consórcio (SILVA et al., 2013). Apresenta teor de óleo 30,15%, para cultivares de maior rendimento e de 15,56%, para os de menor rendimento (CARVALHO et al., 2010; KHAN et al., 2010).

- Arachis hypogaea L. (amendoim) com produção anual mundial em torno de 38 milhões de toneladas (BERTIOLI et al., 2011). O óleo é comestível, com rendimento de 36% a 50% de óleo. O teor de óleo e de proteínas varia entre as cultivares (SANTOS, 2000; SILVEIRA et al., 2011). A adubação orgânica apresenta benefícios para o desenvolvimento do amendoim (LEITE et al., 2015).

- Elaeis guineensis Jacq. (dendezeiro) é uma opção para produção de biodiesel, origina o óleo (azeite de dendê), amplamente utilizado para fins alimentícios, na medicina e na indústria; apresenta cerca de 22% de óleo em relação ao peso do cacho e 3% para o óleo de palmiste (CHIA et al., 2009; BRAZILIO et al., 2012; BENTES; HOMMA, 2016).

- Helianthus annuus L. (girassol) é afetado pela salinidade (NOBRE et al., 2010),

possui entre 48% e 50,66 % de óleo bruto nos aquênios e apresenta 26,2 % de ácido graxo do tipo oleico e 62,3 % do tipo linoleico (RODRIGUES-SÁ-BRAZ; VIEIRA ROSSETTO, 2010; GAMA;GIL; LACHTER, 2010).

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- Ricinus communis L. (mamona) tem produtividade de 806 ha-1 de óleo, suas sementes são compostas por 45 e 50% óleo, possui ainda potencial para biodiesel e a torta é apta para alimentação animal. (CHECHETTO; SIQUEIRA; GAMERO, 2010; BELTRÃO, 2003; BELTRÃO, 2002; MENDES et al., 2009).

- Cnidoscolus quercifolius Pohl. (faveleira) apresenta utilização na medicina, na

serraria e na energia, (ARRIEL et al., 2006; DRUMOND; SALVIANO; CAVALCANTE, 2007) e possui bom rendimento em óleo sendo potencial para produção de biodiesel (NOBERTO, 2013; OLIVEIRA et al., 2000). Apresenta cerca de 60% de óleo, sendo este composto por 50 a 90% de ácido linoleico (CALVALCANTE et al., 2012).

- Jatropha curcas L. (pinhão manso) possui rendimento de 74,46% (SOUSA et al., 2011) e dele se extrai o látex utilizado na medicina doméstica. O peso da semente é entre 0,551 a 0,797 g, de 33,7 a 45% de casca e de 55 a 66% de amêndoa (ARRUDA et al., 2004).

- Moringa oleifera Lam. (moringa) apresenta importante fonte proteica, de Ca, Fe,

Vitamina C e carotenoides (FAHEY, 2005). As folhas possuem 30,3% de proteína, 3,65% de cálcio, 0,3% de fósforo, 0,5% de magnésio, 1,5% de potássio, 0,164% de sódio, além de 17 ácidos graxos, dentre eles o ácido α-linolênico (MOYO, 2011). Possui em média 40% de óleo, com baixa viscosidade e índice de acidez (OLIVEIRA et al., 2012).

- Sesamum indicum L. (gergelim) pode ser cultivado na agricultura familiar (GRILO; AZEVEDO, 2013), rende 50% de óleo (QUEIROGA et al., 2011), é rico em vitaminas E, B1 e B2, além de ácidos graxos nobres (ARRIEL; BELTRÃO; FIRMINO, 2009).

- Licania rigida Benth (oiticica) apresenta em torno de 60% de óleo, com bons

parâmetros de qualidade para biodiesel (GUIMARÃES, 2018).

- Glycine max L. (soja), em 2018, participou com cerca de 67,75 % na produção de óleo vegetal para biodiesel (ANP, 2018). A época de cultivo interfere na produção de óleo (LÉLIS et al., 2010), sendo que a cultivar de maior rendimento tem 16,75 % de óleo (CAVALCANTE; SOUSA; HAMAWAKI, 2011). A produtividade para a safra de 2017, foi de 3.120 kg/ha (CONAB, 2018).

2. Cártamo, Potencial Matriz Vegetal para Produção de Biodiesel

2.1 Cultivo do cártamo e coprodutos

Carthamus tinctorius L. (cártamo) é uma oleaginosa cultivada em várias regiões do mundo, principalmente para a indústria de pigmentos (FLEMMER; FRANCHINI; LIDSTRON, 2015). Atualmente é cultivada em 21 países, com destaque para o Cazaquistão, que produziu 224.809 de toneladas no ano de 2017, como demonstra o (Quadro 1) (FAO, 2019).

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Quadro 1: Países produtores de sementes de cártamo em toneladas/hectares no período entre 2014 a 2017. Países 2014 2015 2016 2017 Argentina 3090 28680 51550 17584 Austrália 3308 2811 2732 2735 China 32387 32573 32759 32945 Etiópia 6325 7420 7954 8710 Hungria 70 11 6 9 Índia 113000 90000 53000 47000 Iran 1523 5281 6090 5850 Israel 2 2 2 2 Cazaquistão 135430 148839 167243 224809 Queirgistão 10634 13608 11057 11819 México 144412 126395 121767 70387 Palestina 2 2 2 2 Paquistão 21 22 25 35 Federação Russa 81747 153710 286351 101585 Espanha 3728 3895 4456 4189 Tajiquistão 2550 1301 1917 1677 Peru 62000 70000 58000 50000 Ucrânia 100 107 111 108 República Unida da Tanzânia 13496 14379 14572 15096 Estados Unidos da América 94640 97180 99170 81600 Uzbequistão 21397 28880 22218 14701 Fonte: FAO (2019)

A cultura do cártamo se destaca por seu elevado teor de óleo nas sementes e ainda por possue amplo valor agregado: de suas flores pode ser retirado um corante amarelo, utilizado na culinária, e outro vermelho, utilizado para tintura e cosmético (PINTÃO; SILVA 2008). As sementes são utilizadas para a alimentação de aves e a torta da semente, resultante da extração do óleo, pode ser utilizada como alimentação animal por seu elevado valor proteico (OELKE

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et al., 1992). Pode ainda ser aplicado na medicina, com finalidade de redução de medidas e suplementação alimentícia (SCHULZE et al., 2014).

O óleo do cártamo é composto quimicamente por ésteres glicéridos insaturados (90%), do tipo ácido oleico (20-30%) e ácido linoleico (55-88), superior ao encontrado em milho, soja, semente de algodão, amendoim ou azeite de oliva, possuindo ainda propriedades antioxidantes (ZHOU et al., 2014).

O teor de óleo encontrado em suas sementes varia entre 24% a 30% dependendo do cultivar (JUNIOR et al., 2017; CORONADO, 2010), como ocorre em algumas oleaginosas, sendo importante testar diversas cultivares em campo, para alcançar sistemas com maior eficiência econômica e agronômica.

Mecanismos como acúmulo de massa (massa úmida e seca), transporte de seiva, fotossíntese, transpiração, estão intimamente relacionados, tanto, física, morfológica quanto quimicamente para garantir ao vegetal eficiência no desenvolvimento e produtividade. De acordo com Yang e Benning (2018) os triacilglicerois, presentes nas oleaginosas como o cártamo, estão intimamente relacionados com a geração de ATP para suprir a demanda energética requerida nos processos germinativos, estabelecimento da plântula e expansão cotiledonar.

A fotossíntese é afetada pela baixa disponibilidade hídrica, uma vez que cerca de 97% da água absorvida pelo sistema radicular é perdida por meio da transpiração foliar apenas 2% realmente permanece no tecido vegetal para suprir o crescimento ou reações bioquímicas e metabólicas, 1% (TAIZ et al. 2017, p.83). Assim, é relevante avaliar o desempenho germinativo da cultura e o desenvolvimento morfofisiológico – acúmulo de massa (massa fresca e seca), transporte de seiva, fotossíntese, transpiração, fatores necessários para alcançar cultivos com maior eficiência agronômica e lucratividade (MINUZZI et al., 2009; LENZ et al., 2017). O cártamo pode ser inserido na agricultura familiar como cultura extrativista promissora para a produção de biodiesel e cultivada em sistema de consórcio com culturas de subsistência (LIMA, 2015, p. 12). Mostra-se tolerante à alelopatia de culturas como capim napier (Pennisetum purpureum) e citronela (Cymbopogon), os quais não possuem efeito alelopático no desenvolvimento do cártamo (DE-ANDRADE-SCHAFFNER et al., 2017; DA-SILVEIRA. et al., 2016)

O cártamo é uma espécie altamente tolerante às condições de clima seco e solo salino que caracterizam o semiárido nordestino, mostrando-se insensível a tais adversidades do clima (BONAMIGO et al., 2013). Seu desenvolvimento é afetado quando cultivado em sistemas de sequeiro, ou seja, irrigação apenas no dia do plantio (BOTUCATU, 2015). Outro fator que pode influenciar no desenvolvimento e na produção de cártamo é a adubação

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nitrogenada, sendo a melhor dose entre 160 e 190 mg ∙ dm– 3, quando cultivado em latossolo (BONFIM-SILVA, et al., 2015). Porém, Silva (2019) observou que a cultivar IMAMT 894 cultivada em campo, nas condições de semiárido, com doses entre 100 a 200 kg/ha não teve sua fisiologia afetada, apenas o rendimento em sementes.

Segundo Bonamigo et al. (2013), as sementes do cártamo são compostas por altos teores de lipídios. Essas sementes, em ambiente não controlado, perdem sua viabilidade de forma gradual, porém o armazenamento a frio, em período de 5 a 7 dias, potencializa a germinação e ainda é eficiente na quebra da dormência fisiológica de suas sementes (OBA et al., 2017). Janmohammadi et al. (2016) acrescentam que a utilização de nanopartículas de sílica pode ser utilizada para aumentar a eficiência de sistemas produtivos da cultura. Galant, Santos e De-Almeida-Silva (2015) indicam que têm sido pouco utilizadas técnicas de beneficiamento no cártamo, porém devido a ampliação de estudos e expansão eda cultura fatores que podem impulsionar na maior aplicação da biotecnologia no melhoramento da cultura.

As cultivares de cártamo são tolerantes á altos índices de salinidade (ÇULHA-ERDAL; ÇAKIRLAR, 2014), seu rendimento é afetado negativamente por teores elevados de ácido bórico (ISIK; LEBLEBICI, 2016). Por ser uma herbácea de pequeno porte, tolerante à baixa pluviosidade e altas às temperaturas (DAJUE; MUNDEL, 1996), o cártamo, cuja germinação ideal é a 35ºC (TORABI; ADIBNIYA; RAHIMI, 2015), pode ser considerado como uma opção agrícola para o semiárido nordestino, onde a seca e a salinidade são os fatores de estresse predominantes para as culturas (LENZ et al., 2017).

O cultivo de cártamo em áreas mais áridas poderá atender à necessidade de óleo vegetal no Brasil para diversas finalidades, com possibilidade de ser cultivada no período de ―Safrinha‖ (SANTOS; SILVA, 2015). A cultura foi recentemente inserida na Agenda de Inovação para a Cadeia Produtiva do Biodiesel do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Governo Federal do Brasil, como indicação prioritária para cultivo no semiárido nordestino (MAPA, 2019).

3. Agricultura Familiar: Participação e Contribuição das Mulheres no Semiárido Brasileiro.

O Semiárido Brasileiro abarca os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais (Figura 3). Caracterizado pelo clima com precipitação pluviométrica anual igual ou inferior a 800 mm, alta evapotranspiração, índice de aridez igual ou inferior a 0,50 na escala de Aridez de Thornthwaite, o clima dominante é o de semiaridez, conforme apontado pelo Instituto

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Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. A região possui área territorial de 969.589,4 km², a população é de 27 milhões de pessoas, que sofrem com ocorrência de secas prolongadas, (MMA, 2018).

Figura 3: Mapa do Semiárido Brasileiro.

Fonte: SUDENE (2019).

O bioma da região é do tipo Caatinga, exclusivamente brasileiro. O clima do tipo semiárido, é restrito à região Nordeste e à pequena porção do estado de Minas Gerais, área que também faz parte do polígono das secas (GIULIETTE et al., 2004). Assim, algumas espécies vegetais nativas da região possuem acúleos e espinhos, para evitar a perda de água por transpiração.

As secas prolongadas afetam a produção agrícola familiar, causando perdas drásticas na produção de insumos, comprometendo, assim, a sobrevivência das famílias. Mesmo com essas dificuldades, as regiões interioranas do Estado do Rio Grande do Norte são responsáveis por grande parte da produção de alimentos que abastecem a população urbana (AZEVEDO, 2013).

A agricultura familiar participa dos quatro meios de produção: a economia solidária, a economia capitalista de mercado, a pequena produção pré e protocapitalista e a produção fora

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do mercado, ou seja, a produção para subsistência (SACHS, 2008). Além disso, desempenha papel de relevância ecossistêmica e agroecológica, a exemplo do cultivo de hortaliças.

Nas comunidades de agricultura familiar para a subsistência, as mulheres não têm participação nas esferas de tomada de decisão. Na maioria das vezes, sua participação se restringe ao aspecto doméstico de produção, ao trabalho cotidiano repetitivo e, acima de tudo, não remunerado (BRANDÃO; SANTOS, 2016). Nesse contexto, Brasileiro (2009 p.10) destaca que as mulheres têm, sim, papel importante nas práticas de tomada de decisão e de negociação, por preocuparem-se mais com as questões ambientais, culturais e sociais da região, principalmente em práticas que exijam cuidados com o meio ambiente. Dentre outras potencialidades intrínsecas às mulheres, essas são algumas que devem ser ressaltadas e valorizadas.

Silva e Scheider (2010) realçam que a inserção das mulheres no mercado e a valorização das atividades desenvolvidas por elas têm propiciado mudanças em relação à visão do seu papel social. A pluralidade de atividades ganha importância no meio agrícola, propicia maior autonomia e maior socialização no grupo social quando as mulheres têm oportunidade de transitar entre as propriedades.

As atividades desenvolvidas na agricultura familiar da região do semiárido são diversificadas, com participação, por exemplo, na agropecuária, citricultura, hortaliças e fruticultura. Uma questão que merece destaque é a predominância de homens nessas atividades, evidenciando a desigualdade de participação entre homens e mulheres no campo (SOMBRA et al., 2018).

3.1 A contribuição feminina em diferentes sociedades

As mulheres têm papel importante nas práticas de tomada de decisão e de negociação, por preocuparem-se mais com as questões ambientais, culturais e sociais da região, principalmente em práticas focadas no cuidado com o meio ambiente (BRASILEIRO, 2009).

O papel feminino na sociedade vai depender da organização social na qual ela está inserida bem como do contexto histórico e cultural, que contêm um misto de símbolos e simbolismo místicos ou não. Como exemplo, podemos observar a organização das sociedades esquimó, indígena, pesqueira e camponesa.

Na sociedade esquimó, costumes, ritos, tipo de caça, relação entre os indivíduos do grupo e alojamentos estão alinhados de acordo com a estação do ano, com alteração de práticas de convívio e aquisição de alimento. Também traz consigo a característica de sistema de adoção, pelo qual as viúvas que não se casaram novamente e seus filhos são adotados por outras famílias, uma vez que seu sustento fica comprometido quando a figura masculina

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(esposo) não está presente. Dessa forma, caracteriza-se como uma sociedade do tipo patriarcal, na qual o homem tem a responsabilidade de cuidar da família, seja o pai ou o filho homem que tenha idade suficiente para provisão alimentícia da família.

Ramos (1990), observando a sociedade Yanomami, destaca que as práticas de agricultura e da caça – fonte para aquisição de alimentação – e a derrubada das árvores para a realização das roças eram ações destinadas aos homens devido à força masculina a ser nelas empregada. No entanto, a colheita dos produtos oriundos da agricultura era destinada às mulheres.

As práticas agrícolas tradicionais também eram desenvolvidas por quilombolas, que auxiliavam também para com a conservação da agrobiodiversidade (SANTILLI, 2005). Já nas sociedades pesqueiras, além da pesca, as atividades como artesanato se destacavam; a utilização de vegetais como a palmeira para a confecção de colheres e esculturas concentrava a dedicação da população (CUNHA, 2003).

No universo camponês, a figura masculina é focada e valorizada como força de trabalho enquanto que o trabalho, realizado por mulheres nas residências, por exemplo, tem menos visibilidade. Ressalte-se a necessidade de não ignorar as relações de gênero, uma vez que o universo camponês feminino é tão importante quanto o masculino (WOORTMANN, 2009).

3.2 A participação das mulheres nas diversas esferas da agricultura familiar no semiárido

As atividades femininas são múltiplas e não se restringem a atividades domésticas, como cuidar da casa, dos filhos e da cozinha. No contexto da agricultura familiar, as mulheres são responsáveis ainda por desenvolver atividades ligadas à roça, seja no plantio, na retirada de plantas daninhas, na colheita e/ou na comercialização. Essa multiplicidade de atividades tem finalidade de complementação da renda familiar.

Rebouças e Lima (2013), em pesquisa desenvolvida na Agrovila de Canudos, no município de Ceará Mirim, no Rio Grande do Norte, observaram que as famílias têm que buscar fontes alternativas e complementares à renda. Esse fato nos leva a uma reflexão sobre a realidade agrícola familiar, principalmente na Região Nordestina, marcada por longos períodos de estiagens, que muitas vezes impossibilita a permanência e dificulta a vida essas famílias agricultoras, privando-as de ter o mínimo para viverem dignamente. Ainda conforme os autores, a diversificação de atividades com finalidade de melhor aproveitamento das áreas destinadas à produção, bem como a multiplicidade de tarefas com vistas à aquisição de dinheiro para garantir a alimentação e sanar as necessidades básicas das famílias, são observadas em práticas agrícolas familiares, como já foi discutido.

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A contribuição proporcionada pela diversificação de culturas corrobora o equilíbrio ambiental do semiárido e a manutenção da Caatinga (BRASILEIRO, 2009). Isso sem falar nas práticas de manejo e de conservação de plantas herbáceas, que são cultivadas nos quintais das casas no Rio Grande do Norte, de sorte que, conferem maior cuidado a elas com observado por Freitas (2012). O autor destaca ainda que ocorre a contribuição de todos os integrantes da família em práticas de manejo nos quintais produtivos.

As mulheres são as principais responsáveis pelo cuidado com as plantas, consequentemente, também o são pela preservação vegetal, uma vez que são elas que realizam maior parte das atividades de plantio e rega das plantas herbáceas deslocadas do seu habitat natural para os quintais. Elas se responsabilizam pela escolha da espécie a ser cultivada, principalmente para utilização na produção de remédios caseiros e na cultura de plantas ornamentais (FLORENTINO; ARAUJO; ALBUQUERQUE, 2007). As agricultoras também utilizam as cascas, folhas e raízes dos vegetais para fins medicinais (ROQUE; ROCHA; LOIOLA, 2010).

O processo de organização feminina se inicia no momento em que as mulheres passam a participar de movimentos sindicais rurais. Isso fortalece a agricultura de base familiar, propiciando a elas (mulheres) maior interação entre os grupos, reconhecimento e acesso a informações técnicas. Além disso, propicia a reflexão sobre a contribuição feminina na agricultura, capaz de suprir as demandas alimentícias e nutricionais das populações, como bem coloca Schmitt (2016).

Aquino, Freire e Carvalho (2017) analisaram a evolução na produção de alimentos entre os anos de 1996 e 2016, na pesquisa intitulada Importância, heterogeneidade e pobreza da agricultura familiar no estado do Rio Grande do Norte, na qual observaram que a agricultura familiar contribui com mais de um terço da produção agropecuária do Estado. Os autores apontam um melhor aproveitamento produtivo mesmo com uma heterogeneidade socioeconômica, refletida na diversificação dos padrões produtivos.

Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa é avaliar três cultivares de cártamo utilizadas no Semiárido Nordestino, quanto à germinação ao desenvolvimento e à produtividade. Pretende-se ainda, compreender a dinâmica e a participação de um grupo de mulheres agricultoras do interior do Rio Grande do Norte, no contexto da agricultura familiar, além de verificar a aceitação do grupo no cultivo de oleaginosas potenciais para a região.

METODOLOGIA GERAL

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O cultivo de cártamo foi realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN, campus Apodi/RN (Figura 4). O Município, possui 1.602,477 km² de extensão territorial e teve, em 2018, a população estimada em torno de 35.814 pessoas. Em 2010 apresentou um valor de 0,639 no índice de desenvolvimento humano. Em 2016, o PIB per capta foi de R$ 11.573,86, apresentando uma queda relacionada aos anos entre 2012 e 2014 (IBGE, 2018).

A região apresenta clima semiárido: temperatura média anual em torno 28,1ºC, podendo atingir máximas de 36°C e mínimas de 21°C; umidade relativa de 68%; 2.700 horas de insolação no ano e período chuvoso de março a maio.

Figura 4: Mapa do Estado do Rio Grande do Norte com destaque ao Município de Apodi.

Fonte: IBGE (2018)

1.1Cultivo em campo de diferentes cultivares de Carthamus tinctorius L.

O cultivo do cártamo teve início no dia 13 de junho de 2018, com delineamento experimental no sistema de blocos casualizados em que três variedades do cártamo (IMAMT 1750, IMAMT 946 e IMAMT 894) foram cultivadas em lotes intercaladas com 3 repetições e um sistema de adubação. Cada bloco apresenta 6 m de largura, 3 m de comprimento e 5 linhas de plantas com distância de 0,5 m entre si; cada linha com 30 covas e distância entre elas de 0,2 m e lotes com distância de 1,5 m entre si (Figura 5 e 6) espaçamento ideal para a cultura foi maior que o utilizado comercialmente. O sistema de irrigação foi do tipo gotejamento, as regas ocorreram diariamente, do plantio ao terceiro dia de emergência das plântulas e, posteriormente, em dias alternados.

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O solo apresentava as seguintes características nutricionais: pH 7,78; CE 0,04; Matéria orgânica 21, 55; P 16,3; k+ 187,0; Na+ 76,3 e Ca2+ 4,40. A correção do solo utilizada foi a padrão indicada para a família Asteraceae (CASTRO et al., 1996).

Figura 5: Cultivo do cártamo em campo; Semeadura (A), Pré-floração (B), Floração; (C) Início da senescência (D). Seta: sistema de irrigação.

Fonte: A autora

1.2 Coleta de amostras

A primeira coleta ocorreu 30 dias após a germinação das sementes e, posteriormente, ocorreram quinzenalmente até a finalização do ciclo de vida, que culminou na coleta dos capítulos para retirada das sementes.

2. Desenvolvimento vegetal

2.1 Germinação sob condições controladas

Após a colheita, as sementes das três variedades de cártamo foram acondicionadas sob temperatura ambiente, em garrafas Pet com capacidade de um litro, como apontado por Pereira (2013) como a melhor embalagem para o armazenamento das sementes. Em seguida, as sementes foram submetidas ao teste de germinação em laboratório pelo sistema de rolo de papel (BRASIL, 2009). As sementes foram selecionadas manualmente, desinfetadas com hipoclorito de sódio (NaClO) 0,5% (m/v) por 3 min. lavadas três vezes em água destilada durante 1 min, sob agitação constante. Na sequência, as sementes foram dispostas horizontalmente em duas fileiras, cada uma com 10 sementes dispostas no terço superior da

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folha de papel (Germitest® 280 x 380 mm), somando um total de 20 sementes por rolo. O papel foi previamente umedecido com água destilada na proporção de duas vez e meia a massa do papel.

Para cada rolo, foram utilizadas duas folhas de papel germitest em contato direto com as sementes, e uma terceira para envolver três rolos, contendo cada um, 20 sementes. O agrupamento de três rolos configurou-se, por conseguinte em um tubete, somando um total de 60 sementes por tubete. Cada um foi envolvido com dois sacos plásticos transparentes previamente desinfetados com etanol 70% (v/v), voltados em direções opostas e fixados com elástico. Posteriormente foram colocadas para germinar em câmara de germinação do tipo BOD modelo TE-4013, com fotoperíodo de 12 h claro 12 h escuro e temperatura de 35oC. Diariamente, os rolos que compunham o tubete foram abertos para verificação e contagem das sementes germinadas (radícula > 2 milímetros de comprimento) e foi computado o número de sementes germinadas no devido dia.

3. Análises Morfofisiológicas

3.1 Aferição das trocas gasosa

Para a mensuração da fotossíntese, transpiração e condutância estomática das plantas em campo, foram selecionadas de forma aleatória cinco plantas adultas em cada lote de cultivo e realizadas as medições na terceira folha totalmente expandida, partindo do ápice para a base planta. A primeira medição foi realizada quando as plantas atingiram trinta dias após germinação das sementes, em estágio inicial de desenvolvimento (vegetativo) e as duas subsequentes a cada 15 dias, sendo durante a floração e posteriormente na senescência, com um total de três medições para o ciclo de cultivo. As medições ocorreram entre as 8:00 e as 10:00h da manhã com finalidade de traçar o perfil fisiológico das três cultivares de cártamo, metodologia adaptada (FERRAZ, et al., 2012; LICHSTON, et al., 2016). Foi utilizado o analisador de gás infravermelho (IRGA) modelo LCpro-SD (ADC Bioscientific).

3.2 Análise da área do xilema no caule e espessura do parênquima paliçádico

Coletou-se, de forma aleatória, três plantas de cada cultivar do cártamo, que foram fixadas e acondicionadas em etanol70%(v/v) Em laboratório, foram realizadas secções histológicas transversais à mão livre das estruturas vegetativas aéreas (caule e folha) dos indivíduos. Posteriormente, as secções foram submetidas à coloração com Safranina e Azul de Alcian, seguindo a metodologia proposta por Kraus e Arduin (1997), em seguida o programa Digimizer foi usado para mensuração da área total do xilema do caule e da espessura dos parênquimas paliçádico e lacunoso da folha.

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3.3 Análise de biomassa vegetal

Após a finalização do ciclo de vida, pesou-se a massa úmida e seca da parte aérea de 10 plantas coletadas aleatoriamente dentro de cada lote de cultivo. As plantas foram coletadas por meio da secção na altura do solo; em seguida foram acondicionadas em sacos de papel e pesadas. Obteve-se então, a massa fresca da parte aérea da planta (MF). Para a massa seca, as mesmas plantas foram levadas à estufa (Med Clave modelo3) de temperatura constante, submetida a 80 ± 3 °C durante 24 h. Realizou-se a primeira pesagem das plantas em balança de precisão nas primeiras 24 h, e a subsequentes pesagens a cada 1 h, até a estabilização da massa; obteve-se, assim, a massa seca (MS). Os resultados foram expressos em grama por planta, metodologia adaptada de Brasil (2009) e Abud et al. (2010).

4 Delineamento experimental e Análise estatística

4.1 Delineamento experimental do cultivo em campo

O desenho experimental foi do tipo bloco, de modo que as cultivares ficaram em lotes intercalados.

Figura 6: Delineamento experimental para cultivo de Cártamo em campo: Lotes 1 – Cultivar IMAMT 1750; Lotes 2 – Cultivar IMAMT 946; Lotes 3 – Cultivar IMAMT 894.

Fonte: A autora

4.2 Análise e delineamento estatístico empregado

O delineamento experimental foi realizado em blocos casualizados e dispostos em esquema fatorial 3x3 representados por três cultivares (IMAMT 894, IMAMT 946 e IMAMT 1750) e três estágios de desenvolvimento (vegetativo, floração e senescência) com 5 repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey HSD (p<0,01).

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Para os caracteres físicos, massa fresca (MF), massa seca (MS) e número de sementes por fruto (NSF); caracteres anatômicos, área do xilema (%) e área do parênquima paliçádico (%) bem como para produtividade (número do de sementes por fruto) foi realizado teste de médias para cada cultivar. Para o processamento analítico dos dados foi utilizado o software JMP (SW-SAS) versão 13.0.

Calculou-se ainda a média do número de capítulo por planta e a umidade da biomassa vegetal por meio da fórmula: (MF-MS)/MF*100.

Onde:

MF: massa fresca MS: massa seca

Para o índice de velocidade de germinação pela fórmula (IVG):

Nesta:

G1 , G2 , Gn = número de plântulas

N1 , N2 , Nn = número de dias de semeadura à primeira

5. Produtividade de sementes e teor de óleo

A produtividade de sementes foi aferida pela contagem do número de capítulo de 10 plantas e o número de sementes de 10 capítulos, selecionados aleatoriamente, para a obtenção de dados sobre produção em número de sementes por capítulo e produção final pela pesagem do montante de sementes produzidas por cultivar de cártamo, com utilização de uma balança de precisão, metodologia adaptada à proposta nas regras para análise de sementes (BRASIL, 2009).

5.1 Extração do óleo

As extrações foram realizadas em triplicata, com duração de três horas por ciclo, no sistema Soxhlet em banho de óleo a temperatura de 95 oC. O solvente utilizado foi h exano e 10 g de massa da amostra previamente triturada. (Figura 7). Após a extração a solução com óleo de cártamo e solvente foi levada ao rotaevaporador para separar o óleo do solvente. Em sequência, o óleo obtido foi pesado e os dados expressos em porcentagem por grama (MORAIS, 2012). Os dados obtidos para o rendimento em óleo foram expressos em gramas.

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Figura 7: Etapas da extração do óleo de cártamo: sistema soxhlet, rotaevaporador e óleo bruto.

Fonte: A autora

6. Análises fisicoquímicas do óleo

6.1 Índice de acidez (IA)

Foram utilizadas 2,0 g do extrato lipídico recém-extraído, depositado em um Erlenmeyer de 125 mL. Em seguida, foram adicionados 25 mL da solução éter-álcool com a finalidade de dispersar as moléculas e cinco gotas do indicador fenolftaleína. Titulou-se com solução de hidróxido de sódio (NaOH) 0,1 mol/L até o surgimento da coloração rosa claro aferindo o ponto de viragem. Foi anotado o volume dispensado, seguindo metodologia utilizada para o mesmo gênero vegetal por Morais (2012). Os dados obtidos foram plotados na seguinte fórmula: IA = (VA-VB) x M x 5,61

m Onde:

IA: Índice de Acidez; VA: Volume da Amostra;

VB: Volume do branco;

M:concentração de NaOH;

m: é a massa da amostra e 5,61é o fator de correção.

6.2 Índice de saponificação (IS)

Foi feita a titulação das alíquotas de 25 mL da solução de KOH 0,5 mol/L com ácido clorídrico HCl 1mol/L, com utilização de cinco gotas de fenolftaleína como indicador. Para a hidrólise, foram pesados 2,0g do extrato lipídico recém extraído, depositado em um

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Erlenmeyer de 125 ml com boca esmerilhada, adicionou-se 25 mL da solução alcoólica de hidróxido de potássio KOH e levou-se ao condensador; em agitação constante e aquecimento por 1 h. Com a solução ainda quente, foi adicionada a fenolftaleína e titulado o excesso de KOH 0,5 mol/L com HCl 1mol/L, registrado o volume gasto de HCl 1mol/L, seguindo metodologia utilizada por Morais (2012). Em seguida, para aferição do índice de saponificação usou-se a fórmula IS = (V0-V1) x c x 56,6

m

Onde:

V0 : Volume d e HCL gasto na titulação do ensaio em branco(mL)

V1: volume de HCL gasto na titulação do ensaio com a amostra de óleo (mL) C: concentração do HCL (mol/L)

M: massa da amostra de óleo (g) 56,1: massa molar do KOH (g/ mol)

6.3 Análise de Infravermelho

Foi realizada a espectroscopia de absorção na região de infravermelho com transformada de Fourrier (FT-IR). Os óleos dos diferentes cultivares de cártamo foram dispostos em solução de clorofórmio sobre uma pastilha de brometo de potássio em modo ATR – reflexão total atenuada. O espectrofotômetro utilizado foi o modelo IRAffinity-1, na faixa de 4000 a 400 cm-1 e sistema ATR horizontal, modelo MIRacle (MORAIS, 2012) adaptada. Os dados obtidos foram plotados e analisados no sistema OriginPro 9.0.

6.4 Análise de Biomassa Residual pós-extração do óleo

A biomassa residual foi analisada por termogravimetria (TG/DTG) também conhecida como termogravimétrica (TGA), técnica definida por Leiva, Crnkovic e Dos Santos (2006). Nessa técnica, a massa de uma substância é medida em função da temperatura, entre a substância e o material de referência, durante o tempo em que ambos estão sujeitos a um programa controlado de temperatura. Tal análise proporciona a obtenção de informações sobre a constituição e a estabilidade térmica das substâncias (MORAIS, 2012). Utilizou-se 7,5 mg da massa residual de cártamo pós-extração do óleo, as amostraras foram submetido à atmosfera inerte de nitrogênio com fluxo de 50 ml/m, com variação de temperatura de 20oC a 900oC. Os dados obtidos foram plotados e analisados no sistema OriginPro 9.0.

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7. Pesquisa de aceitação do cártamo e participação de mulheres agricultoras nas diversas esferas da agricultura familiar

Para a pesquisa de aceitação do cártamo e participação das mulheres na cadeia produtiva de oleaginosas, foi utilizado o método enquete, definido por Mekesenas (2002) como método em pesquisa empírica, que lida com grande número de informantes e faz uso de questionários organizado em partes, partindo das informações mais gerais para as mais específicas.

Foi realizada a caracterização das famílias, mediante o levantamento das seguintes informações: faixa etária, estado civil, quantidade de membros da família e grau de escolaridade, com finalidade de conhecer previamente o grupo. O questionário, que possui 15 questões de caráter discursivo e objetivo, foi realizado no dia 12 de fevereiro de 2019, com as mulheres agricultoras filiadas à Cooperativa Potiguar de Apicultores e Desenvolvimento Rural Sustentável – COOPAPI, situada no município de Apodi, no Estado do Rio Grande do Norte. O questionário foi previamente submetido e aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob o número 01422918.6.0000.5537.

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Capítulo 1

A mulher no contexto da agricultura familiar no sertão do Rio Grande do Norte Raimunda Adlany Dias da Silva

Francisca de Souza Miller Juliana Espada Lichston

ESTE ARTIGO FOI SUBMETIDO À REVISTA AMBIENTE & SOCIEDADE, PORTANTO, ESTÁ FORMATADO DE ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES DESTA REVISTA

(http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1414-753X&lng=en&nrm=iso) Resumo

A mulher agricultora participa das esferas social, econômica e política no contexto agrícola familiar, transcendendo ao cuidado com o lar e contribuindo no sustento familiar. Por meio de pesquisa empírica com aplicação de questionário semiestruturado, o presente estudo objetivou compreender a dinâmica e a participação de um grupo de mulheres agricultoras do Sítio Córrego, Município de Apodi, Estado do Rio Grande do Norte, no contexto da agricultura familiar, além de verificar a aceitação do grupo ao cultivo de oleaginosas, crescente na região. As agricultoras trabalham ativa e efetivamente na criação de animais de pequeno porte, no cuidado de plantas frutíferas e na comercialização de frutas e produção de bolos. Além do cuidado com o lar, desenvolvem ainda atividades administrativas e atividades múltiplas para garantir a complementação do sustento familiar, seja no setor doméstico, agrícola ou comercial. Tais tarefas são, muitas vezes, não remuneradas, vistas ainda apenas como “ajuda”, o que contribui para invisibilidade e não valorização do trabalho agrícola feminino.

Palavras-chave: Campesinato, Trabalho agrícola, Mulher no campo.

Abstract

The female farmer participates in the social, economic and political spheres in the context of family farming, transcending the housekeeping and childcare and contributing to family support. Through empirical research using a semi - structured questionnaire, the present study aimed to understand the dynamics and participation of a group of women farmers at Sítio Córrego, Apodi Municipality, Rio Grande do Norte, in the context of family farm. In addition to verifying the acceptance of the group about oilseed crop cultivation in the region. Women farmers work actively and

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effectively in raising small animals, taking care of fruit plants, fruit sale and cake production. They also carry out administrative activities, in addition to the care of home, multiple activities to ensure the complementation of family support, whether in the domestic, agricultural or commercial sector. These actions are often unpaid, seen as "help", thus contributing to the invisibility and non-appreciation of women's agricultural work.

Key-words: Peasantry, Farm Work, Woman on the Field.

Resumen

La agricultora participa en los ámbitos social, económico y político en el contexto de la agricultura familiar, trascendiendo el cuidado del hogar y contribuyendo al apoyo familiar. A través de la investigación empírica utilizando un cuestionario semiestructurado, el presente estudio tuvo como objetivo comprender la dinámica y la participación de un grupo de mujeres agricultoras en el sitio de Córrego, municipio de Apodi, estado de Rio Grande do Norte, en el contexto de la agricultura familiar. Además de verificar la aceptación del grupo el cultivo de semillas oleaginosas en crecimiento en la región. Las mujeres agricultoras trabajan activa y efectivamente en la crianza de animales pequeños, cuidando las plantas frutales, comercializando frutas y produciendo pasteles. También realizan actividades administrativas, además de cuidar el hogar, múltiples actividades para asegurar la complementación del apoyo familiar, ya sea en el sector doméstico, agrícola o comercial. Estas tareas a menudo no son remuneradas, se ven como "ayuda", lo que contribuye a la invisibilidad y no apreciación del trabajo agrícola de las mujeres.

Palabras-clave: Campesinado, Trabajo Agrícola, Mujer en el Campo.

Introdução e fundamentação teórica

Mesmo com várias conquistas adquiridas pelas mulheres, como a participação em diversas esferas, econômica, social e política, por exemplo, elas ainda sofrem com a sobrecarga de atividades e horas de trabalho (ARZABE; MARTINS, 2018).

Desde o período colonial, observou-se que a atuação da mulher não estava apenas ligada ao lar, mas também ao sustento deste, o que se fortaleceu nos períodos de guerras com a ausência dos companheiros em casa. Macedo et al. (2018, p.13) relatam que as contribuições da mulher para o sustento da família

Referências

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