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Relatório de Estágio Profissional - De Estudante a Professor: A formação Profissional em contexto Real de Ensino

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Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, nos termos do Decreto-Lei n.º 43/2007 de 22 de Fevereiro.

De Estudante a Professor: A Formação Profissional em

Contexto Real de Ensino

Relatório de Estágio Profissional

Professor Orientador: Mestre Mariana de Sena Amaral da Cunha

Marta Maria da Silva Guimarães

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Ficha de Catalogação

Guimarães, M. (2013). De Estudante a Professor: A Formação Profissional em Contexto Real de Ensino – Relatório de Estágio Profissional. Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, ao abrigo do Decreto – Lei n.º 43/2007 de 22 de Fevereiro

Palavras-Chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL; FORMAÇÃO INICIAL; ENSINO; PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA; REFLEXÃO.

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Agradecimentos

Tenho de agradecer a todo o apoio que me foi dado este ano, em especial:

À Professora Orientadora Mestre Mariana Cunha, pelos seus aconselhamentos e pelo apoio dado, acima de tudo, na elaboração deste Relatório;

À Professora Cooperante Paula Águas, pela estimulação constante e por fornecer o seu conhecimento em prol do meu;

Ao núcleo de estágio, Luísa, Marco e Miguel, pelos momentos de trabalho e também de descontração, pelo apoio e pelos conselhos. Fizeram sem dúvida parte do meu crescimento;

Ao Filipe, o meu pilar que, durante este ano, demonstrou muita paciência para meus momentos impacientes;

Aos meus pais, avós e ao Marco, que sem necessitarem de uma palavra estiveram lá sempre, com uma mão de confiança no meu ombro;

Aos restantes estagiários do meu ano de curso. A partilha das suas experiências foi uma mais-valia para mim;

Às minhas “famílias da dança”, a APDV e os LTW, que além de compreenderem o meu distanciamento este ano, me deram a descontração que sempre precisei;

Aos meus amigos, que me ajudaram e estiveram a meu lado;

Às minhas turmas, que me viram não como uma estudante estagiária, mas como uma professora;

E por último, mas não menos importante, à FADEUP, por me aceitar como estudante e pela formação fornecida ao longo destes dois anos de Mestrado.

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Índice Geral

Agradecimentos III

Índice Geral V

Índice de Anexos VII

Resumo IX

Abstract XI

I – Introdução 1

Estrutura do Relatório de Estágio Profissional 4

II – Dimensão Pessoal 9

Expetativas em relação ao Estágio em contraste com a

Realidade encontrada 13

III – Contextualização da Prática Profissional 19

Enquadramento Institucional 21

Enquadramento Funcional 21

IV – Realização da Prática Profissional 25 Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem 27

Primeiras Impressões 27

Conceção e Planeamento do Ensino 29

Realização do Ensino 33

Avaliação no Ensino 37

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VI

Desporto Escolar 40

Corta – Mato 44

Torneio Mega (Fase Escola) 44

Dia da Escola 45

Cicloturismo 46

Olimpíadas da Saúde 47

Evento Culminante do 5ºB 48

Reuniões de Grupo de Educação Física e de Departamento 48

Área 4 – Desenvolvimento Profissional 50

Observação de Aulas 51 Reflexão 52 Seminários 54 V – E agora… O Futuro? 55 Referências Bibliográficas 61 Documentação Eletrónica 62 Anexos 63

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VII

Índice de Anexos

Anexo I: Unidade Didática de Ginástica 67

Anexo II: Plano de Aula 69

Anexo III: Grelha de Avaliação de Ginástica 71

Anexo IV: Fotos do Desporto Escolar 73

Anexo V: Fotos do Corta-Mato 77

Anexo VI: Fotos do Cicloturismo 81

Anexo VII: Ficha de Observação dos Estudantes-Estagiários - – momento 4 – Controlo da Turma 83

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IX

Resumo

O presente Relatório Final de Estágio Profissional relata as experiências passadas no ano letivo 2012/2013, incluídas no Estágio Profissional, unidade curricular inserida no 2º Ano do 2º Ciclo em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Schön (1987) defende que as aprendizagens do professor em formação que mais persistem na nossa memória decorrem de determinadas experiências, onde o estagiário se insere no contexto de trabalho. Este documento vem, deste modo, narrar estas aprendizagens em contexto da prática de ensino supervisionada, algumas positivas e mais significativas, outras menos positivas e com necessidade de serem solucionadas, decorridas numa escola cooperante do concelho de Matosinhos, a Escola EB 2,3 Senhora da Hora, e num núcleo de estágio de quatro elementos. As diferentes experiências ganhas, a mobilização e aquisição de conhecimentos, autonomia e a concretização do sonho de há muitos anos, são retratados ao longo deste relatório em cinco capítulos. O primeiro capítulo, intitulado de Introdução, apresenta a caracterização do Estágio Profissional e o objetivo do Relatório de Estágio. O segundo, Dimensão Pessoal, mostra o percurso trilhado até ao ingresso no estágio profissional. No terceiro capítulo é apresentada e caracterizada a escola cooperante, bem como o objetivo do Estágio Profissional, tanto a nível institucional, como funcional. O quarto capítulo procura representar o desenrolar do ano de prática de ensino supervisionada, com todas as atividades realizadas e experiências marcantes vividas como professora em formação. Por último, no quinto capítulo, designado de E agora… O Futuro?, é realizado um balanço sobre a experiência vivenciada em contexto real de ensino durante o ano 2012/2013 e uma reflexão acerca das perspetivas profissionais para o futuro.

PALAVRAS-CHAVE: Estágio Profissional; Formação Inicial; Ensino; Professor de Educação Física; Reflexão.

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XI

Abstract

The following Final Report of the Practicum Training presents the experiences occurred in the school year of 2012/2013, included in the Practicum Training, curricular unit inserted on the 2nd year of the 2nd Cycle in Physical Education Teacher Education Program in the Middle and High School, in the Faculty of Sports in Oporto University. Schön (1987) says that the learning processes of teachers training that longer persist in our memory occur in certain experiences, where pre-service Physical-Education teachers are inserted in a work context. This document talks about these processes in the practices of supervised teaching context, some more positive and others less significant but that needed a solution, occurred in a cooperative school in Matosinhos’ municipality, more precisely at E.B. 2,3 Senhora da Hora’s and in a group of practicum of four elements. The different experiences earned, the mobilization and acquisition of a professional knowledge, the independence and fulfilling of a long time dream, are portrayed in five chapters. The first chapter, untitled Introduction, presents the characteristics of the Practicum Training and the purpose of the Final Report of the Practicum Training. The second, Personal Dimension, shows my path until the admission in the Practicum Training. In the third chapter the cooperating school is presented and characterized, as well as the aim of the Practicum Training, as in institutional and functional level. The fourth chapter tries to unfold the supervised teaching practice, with all the activities made and the most important experiences lived as a pre-service Physical-Education teacher. At last, in the fifth chapter, called “And now… What about the Future?” a balance is made about the experience lived in 2012/2013 school year in a real context and a reflection provided about my professional perspectives for the future.

KEYWORDS: Practicum Training; Initial Training; Teaching; Physical Education Teacher; Reflection.

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O Estágio Profissional tem como finalidade colocar-nos a nós, estudantes, no papel de professores num contexto real de ensino, a escola, em contato com uma turma, a propósito da formação inicial de estudantes candidatos a professores da disciplina de Educação Física.

Schön (1987) defende que as aprendizagens do professor em formação que mais persistem na nossa memória decorrem de determinadas experiências, onde o estagiário se insere no contexto de trabalho. Este documento vem, deste modo, narrar estas aprendizagens em contexto da prática de ensino supervisionada, algumas positivas e mais significativas, outras menos positivas e com necessidade de serem solucionadas, decorridas numa escola cooperante do concelho de Matosinhos, a Escola EB 2,3 Senhora da Hora, e num núcleo de estágio de quatro elementos. De acordo com Alarcão (1996), o Estágio Profissional estabelece um processo de descoberta onde nos conhecemos como professores e conhecemos as condições em que exercemos a profissão para podermos assumir-nos como profissionais de ensino. É palco de um dos processos mais ricos e decisivos da capacitação e da integração do jovem professor no mundo da docência.

Durante o ano letivo 2012/2013 e através da passagem da teoria para a prática, desenvolvemos uma forma própria de ser, conhecendo a ética e a conduta da profissão docente. Experienciamos o papel do professor no seu expoente máximo, tornando o Estágio Profissional o mais adequado para a formação integral de docentes.

Todos os momentos do Estágio Profissional estão interligados à pessoa que o realizou, logo não é possível falarmos do Estágio sem falarmos do estudante-estagiário e das suas perceções e reflexões sobre o mesmo. “Muito do que o professor faz depende da forma como concebe, como pensa e como decide” (Januário, 1996, p. 27). Logo, é necessário conhecer a perspetiva do formando em relação à experiência da qual participou. Para isso, recorre-se a este documento para entendermos o seu passado, incorporarmos as suas vivências de realização da prática e ainda refletir sobre as perspetivas profissionais futuras. Aprender a ensinar requer tempo e requer a

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predisposição para sermos moldados ao longo do processo, tornando-nos pessoas preparadas para a docência. Este relato sobre a prática de ensino supervisionada vivenciada num contexto real de ensino, designadamente na Escola EB 2,3 Senhora da Hora, num núcleo de estágio de estágio de quatro elementos, para além da sua função descritiva, representa uma nova fonte de aprendizagem e um último nível de reflexão – a reflexão sobre a reflexão na ação, isto é uma reconstrução mental das experiências vividas em estágio em retrospectiva (Schön, 1987).

No decorrer deste documento, será descrito e interpretado todo o processo que me levou no final a tornar-me professora, com uma identidade única. Os momentos positivos e menos positivos, as estratégias utilizadas para superar os problemas que surgiam, as reflexões constantes sobre a prática e a transformação interna por mim percecionada pelo confronto com o papel de professor de duas turmas no contexto escola, no decurso do ano letivo 2012/2013.

Estrutura do Relatório de Estágio Profissional

O Relatório aqui presente vem relatar as experiências vivenciadas no Estágio Profissional, desenvolvendo-as dentro de cinco capítulos distintos, mas interligados entre si.

O primeiro capítulo é este onde nos encontramos, onde é apresentado o Estágio Profissional e a sua relevância na formação de futuros professores, através da prática de ensino supervisionada, durante um ano letivo. É também apresentado o propósito deste Relatório.

Na segunda parte temos um enquadramento pessoal, onde são retratados todos os passos que me levaram a eleger a docência e a Educação Física como profissão para o meu futuro mundo de trabalho. São apresentadas também as minhas expetativas em relação ao Estágio, contrastando depois com a realidade que encontrei quando iniciei a minha prática profissional. Anos

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após ter iniciado os estudos, primeiramente como aluna do ensino obrigatório e, mais tarde, do ensino especializado, neste caso para a docência, o Estágio Profissional surge como a unidade curricular onde são postas em prática todas as aprendizagens adquiridas durante os quatro anos anteriores de formação. É deixada a faculdade a tempo inteiro, passando este tempo a ser despendido na escola, com a prática de ensino supervisionada. O que aprendemos nestes últimos anos foi a nossa “bagagem” para esta fase culminante da nossa formação. E aí entra o próximo capítulo.

No terceiro capítulo, temos descrito o enquadramento institucional e funcional do Estágio Profissional, através da apresentação da escola cooperante e das turmas que fizeram parte do meu desenvolvimento enquanto professora. Esta unidade curricular insere-se no 2º Ano do 2º Ciclo de Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP, regido de acordo com o Decreto-Lei nº43/2007 de 22 de Fevereiro. Nele, são desenvolvidas várias atividades e práticas existentes no contexto escolar, em quatro áreas de desempenho, importantes para o desenvolvimento das competências profissionais de um bom professor de Educação Física: Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem; Participação na Escola; Relações com a Comunidade; Desenvolvimento Profissional. É concebida uma evolução no formando, de acordo com as experiências e com o seu investimento no Estágio Profissional, tornando-o um professor eficaz e preparado para exercer a sua profissão de forma autónoma. O futuro professor torna-se, no Estágio Profissional, capaz de reagir ao inesperado, adaptando-se às situações que se atravessam no seu percurso. O meu processo decorreu desta forma; fui, ao longo do Estágio, tentando ultrapassar os obstáculos que se interpunham no meu caminho, utilizando a minha criatividade para tal; tornei-me autónoma aos poucos, desenvolvendo as capacidades de gestão, controlo e instrução necessárias à carreira de docente. A formação anterior, embora adequada, não é suficiente para conseguirmos ser eficazes a todo o momento; no entanto, as experiências em prática pedagógica servem para aprendermos e melhorarmos a nossa atuação. Perrenoud (2002) defende que a formação deve surgir, primordialmente, com o intuito de familiarizar os

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formandos com o papel do ensino. Ninguém aprende a ensinar apenas pelos livros, mas é um bom início para poder reconhecer o processo de ensino. O ensino superior fornece-nos, então, o suporte teórico necessário para o ensino; o Estágio Profissional, juntamente com a escola cooperante, fornecem-nos a possibilidade de mobilizar a teoria para a prática. É importante, então, refletirmos sobre o processo e sobre todas as ações realizadas, de forma a conseguirmos desenvolver-nos, obtendo a eficácia que refiro anteriormente. Este capítulo reporta também às modalidades a lecionar durante o ano letivo, de acordo com o programa nacional de Educação Física para o nível de escolaridade que tinha à frente.

O capítulo número quatro reporta à realização da prática, o desenrolar do ano de prática de ensino supervisionada, estando dividida em três pontos. O primeiro ponto trata sobre a organização e gestão do ensino e aprendizagem, nomeadamente a planificação, as avaliações e a realização das aulas que lecionei. O segundo tópico remonta à participação na escola e relações com a comunidade escolar, referindo as atividades das quais fiz parte o que foi retirado destas experiências. O maior destaque vai para o Desporto Escolar, atividade fora das aulas em que o meu contato foi maior, mas também reporta a reuniões dos Conselhos de Turma e as atividades organizadas pela escola. Por último, o quarto ponto trata do desenvolvimento profissional permitido pelo Estágio Profissional, reportando essencialmente às ilações retiradas das reflexões, das reuniões e das observações realizadas ao longo do ano letivo.

O quinto capítulo apresenta as minhas perspetivas em relação ao meu futuro como professora de Educação Física e ao papel que o Estágio Profissional teve na profissão. É um capítulo mais reflexivo, um balanço sobre a experiência vivenciada em contexto real de ensino, reportando para o meu desenvolvimento enquanto pessoa e professora e as dúvidas em relação ao futuro que se aproxima. É a conclusão sobre o ano em que fomos estudantes, evoluindo gradualmente para professores e profissionais da disciplina de Educação Física. O tempo em que decorre o Estágio Profissional é único para

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o formando; não existe ou existirá outro momento como este, tanto a nível pessoal como profissional, sendo importante refletir sobre o mesmo.

A realização do Relatório fornece-nos a reflexão sobre a reflexão na ação. Permite-nos discorrer sobre as dificuldades e exigências existentes na profissão de docente, assim como na nossa evolução de estudantes a professores, referindo as dificuldades, as limitações e as qualidades existentes. O Estágio Profissional e as suas experiências têm uma grande relevância na nossa formação, assim como a reflexão sobre as mesmas. Ao redigir este relatório, confronto as minhas ações durante o ano letivo e reflito sobre as mesmas. Os meus padrões de funcionamento são confrontados, exigindo uma auto-avaliação e/ou gerando situações potencialmente promotoras de crise e conflito ao nível cognitivo, afetivo e/ou comportamental (Alarcão, 1996). Refletir sobre o que defendo ajuda a refletir sobre a minha prática.

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Chamo-me Marta Guimarães e nasci na cidade do Porto, a 30 de Maio de 1987. Creio que, desde que me lembro, o Desporto sempre fez parte da minha vida; desde criança que a minha família me incutiu o hábito e a “dependência” do exercício físico, e este se manteve até ao presente e seguramente se manterá no futuro.

Sendo assim, quando tinha quatro anos comecei a praticar Ginástica no Académico Futebol Clube, tornando-se este o meu desporto olímpico de eleição. Não foi necessário ingressar na Competição para me sentir preenchida nesta modalidade. Ainda hoje, e já não praticando com a mesma regularidade de outrora, o sentimento pela modalidade se mantém igual aos oito anos passados na prática. Por várias vezes, fomos a vários encontros pelo país, conhecendo vários ginásios e clubes. O gosto e a paixão pela modalidade e pelo Desporto sentia-se no ar; era contagiante e agradável.

Tomei a opção de deixar a Ginástica não só pela escassez de colegas de grupo, mas também pelas influências das amizades. Sendo assim, aos doze anos, ingressei na Natação nas Piscinas da Constituição do Porto, levando-me a experimentar um desporto num elemento diferente. Muito benéfica para a minha saúde e condição física, apenas me mantive por três anos, sendo que continuo ocasionalmente a frequentar a piscina. Gosto imenso da modalidade, mas não me proporciona o mesmo entusiasmo que a Ginástica.

De seguida, ingressei pela primeira vez num ginásio. Com uma ideia bem definida, realizei lá a minha primeira aula de dança, mais concretamente de Hip-Hop. Apaixonei-me. Embora a Ginástica tenha um lugar muito importante no meu coração, não era tão natural, como foi aquela primeira aula de dança. A facilidade com que os movimentos fluíam do meu corpo fez-me nunca mais largar a dança, sendo agora a minha principal ocupação profissional, ministrando aulas e atuando várias vezes por mês.

Esta ligação constante a algum tipo de modalidade desportiva sempre me fez ver a Educação Física de uma forma diferente que as restantes disciplinas. Desde que ingressei no 5º Ano na Escola Básica de Paranhos, que

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mostrei um maior entusiasmo pela Educação Física do que pelas restantes disciplinas. Era bem-sucedida na mesma, esperava ansiosamente pelas aulas de Educação Física, sentindo mesmo necessidade de ter essas aulas. Era um vício e um prazer. No 3º Ciclo, a professora que acompanhou a minha turma nesses três anos foi quem me fez ponderar em seguir Desporto já no Ensino Secundário. Mostrava um entusiasmo nas aulas que me era familiar, o mesmo sentimento que a Educação Física me proporcionava. No entanto, a Escola onde eu desejava ingressar não continha o plano de estudos de Desporto, pelo que optei pelo curso de Artes, a minha segunda paixão. Desta experiência posso retirar duas ilações: o curso permitiu-me apurar a minha sensibilidade estética para ver o Desporto de outra forma e permitiu-me também conhecer e interagir com as restantes duas pessoas que me deram a certeza de seguir o ensino superior ligado ao Desporto: os professores do 10º e 12º Ano de Educação Física. Talvez por serem ambos estagiários, o entusiasmo que mostravam nas aulas era o mesmo da minha professora do 3º Ciclo; lembro-me de estar nas aulas completalembro-mente compenetrada na forma como dirigiam a aula e como transmitiam o conhecimento e tive aí a certeza que era este o curso que pretendia seguir profissionalmente. Queria ser como eles e motivar os meus alunos à prática regular de Desporto, dentro e fora da Escola. O “Ser Professor”, parte integrante de vários grupos que estão interligados entre si.

Vejo agora que o papel de professor não é só ensinar os alunos; “a relação pedagógica já não pode ser encarada apenas ao nível de comunicação dentro da aula, (…) mas também as relações da turma com a escola e sociedade” (Arfwedson; Malpique; Lima; Haglund, 1983, p. 15). Gadotti (1997) refere que educação é muito mais do que instrução, do que treinamento ou a simples repetição. A educação é eminentemente transformadora, deve se enraizar na cultura dos povos. A modernidade se caracteriza pela superficialidade das relações e pelo consumo imediato. Mas, a educação é um processo em longo prazo e precisa combater o imediatismo, o consumismo, se quiser contribuir para a transformação de uma sociedade. A educação para ser transformadora e libertadora, precisa construir entre educadores e educando uma verdadeira consciência histórica. E isso demanda

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tempo (cit. por Capitanio, Ana Maria, 2003, in http://www.efdeportes.com/efd58/esport.htm).

Tentei primeiramente ingressar na FADEUP, em 2007, mas a minha classificação final do ensino secundário não o permitiu. Não querendo cessar os estudos por um ano, ingressei no ISMAI onde concluí a minha licenciatura no ano de 2010. Com o objetivo de voltar a tentar uma candidatura na FADEUP, concorri em 2011 ao Mestrado em Ensino de Educação Física dos Ensinos Básico e Secundário, sendo bem-sucedida. Dentro do Mestrado que concorri está inserido o Estágio Profissional, razão pela qual redijo este relatório.

Expetativas em relação ao Estágio em contraste com a Realidade encontrada

As semanas prévias ao início do Estágio foram de alguma ansiedade para mim. Não conhecer a escola onde iria passar o ano letivo, nem saber qual o nível de escolaridade da turma, faziam-me pensar constantemente no meu papel na escola e como seria a minha abordagem inicial. Sabia que, embora quisesse que os alunos gostassem de mim desde o início, não lhes podia dar total liberdade; seria necessário impor alguns limites nessa relação com os mesmos. A minha personalidade também poderia ser um entrave no bom relacionamento com os alunos, pois tendo a ser um pouco “fechada” e não muito recetiva no início. E, com o atual ensino em Portugal, onde as turmas são bastante extensas, a forma de agir na aula teria de ser diferente das utilizadas no ano anterior, nas unidades curriculares das várias didáticas específicas, experiência consubstanciada numa prática pedagógica simulada. Se anteriormente estavam no comando da aula cinco professores para vinte e cinco alunos, agora seria apenas um professor para uma turma com o mesmo volume. No entanto, acreditava que a lecionação seria algo que não me traria problemas, pois a experiência das aulas de dança seriam um fator que me

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ajudaria na instrução; o à-vontade à frente de jovens já estava desenvolvido previamente, levando-me a acreditar que essa característica iria transpor para a aula de Educação Física. Foi afinal o que mais dificuldade me trouxe. Pensava que, pelas aulas e pela minha experiência em aulas de dança fora da escola, este aspeto não fosse onde eu demonstrasse as minhas dificuldades, mas isso foi visível em especial nos desportos coletivos. Creio que nunca ter pertencido a um desporto coletivo, como os meus restantes colegas, me levou a ter falhas na compreensão dos desportos coletivos. Um dos objetivos a que me propus a nível pessoal foi o de terminar o ano letivo com a sensação de ter incutido aos alunos o prazer do Desporto e do exercício físico e também ver que consegui que os alunos evoluíssem ao longo do ano, não só no empenhamento motor, mas também nas atitudes e no comportamento. Creio que esse objetivo foi cumprido, em parte dos alunos. Alguns que, no questionário entregue na primeira aula do ano letivo, disseram não gostar da disciplina e mostravam isso mesmo na aula, no final já mostravam mais entusiasmo e empenho nas aulas. No entanto, temos também o oposto, alunos que continuam sem mostrar gosto pelo Desporto, o que me deixa um pouco pesarosa.

As minhas expetativas em relação aos colegas de estágio eram bastante positivas. Apenas não conhecendo previamente a minha colega estagiária, esperava que a relação entre os quatro fosse simples e de fácil interação; sempre que necessário criticar algo ou alguém, o intuito dessa crítica teria o objetivo de auxiliar o colega e ajudá-lo na sua progressão como professor. O núcleo de estágio foi exatamente o que esperava. Fomos um grupo unido, onde discutíamos os problemas e as dúvidas de cada um dos elementos, onde nos entreajudamos e aconselhamos constantemente. O facto de ter estado inserida num grupo como este permitiu que toda a minha experiência do Estágio Profissional fosse melhor; os elementos de um núcleo influenciam a forma como agimos e o nosso empenho e motivação para o longo percurso que é um estágio como este.

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No que toca à Professora Cooperante, esperava que esta se tornasse não só a pessoa que guiaria as nossas práticas pedagógicas na escola durante este ano, mas também uma conselheira que nos fizesse sentir à vontade a seu lado, dentro e fora da sala de aula. A Professora Cooperante mostrou ser a pessoa que eu esperava que fosse: extremamente observadora, capaz de denotar nas nossas aulas aspetos que, embora parecessem indiferentes, poderiam modificar por completo o decorrer das aulas seguintes. Tentei sempre absorver o máximo de informação disponibilizado pela Professora, para poder mobilizar nas minhas aulas. A nossa relação foi sempre boa, melhorando exponencialmente a partir da segunda metade do segundo período, onde a minha personalidade se transformou.

A passagem de aluno a professor passa por tomar em consideração a mudança de papéis; se outrora éramos a audiência, agora somos o ator, o líder. De acordo com Arfwedson et al. (1983, p. 28), “Ser professor significa ter de tomar iniciativas, ter de orientar, ter de supervisionar e levar a cabo a aprendizagem dos alunos. Mas, ser professor é também fazer com que haja uma boa relação social na turma, atenuando as diferenças entre subordinado e subordinante”. Tentei sempre que a aprendizagem dos alunos fosse o ponto fulcral das aulas, desenvolvendo as suas capacidades motoras, que muitos não sabiam sequer possuir. Fazê-los perceber que “afinal sou capaz” era um passo bastante importante para o sucesso do aluno. Também importante para o professor é a capacidade de improvisação, caso algo não corra como o esperado; ter a iniciativa e a capacidade de adaptação para contornar uma situação menos adequada, tornando-a fácil para a turma, no geral e individual. Após as primeiras semanas, percebi que é uma luta, pois gerir tantas crianças não é fácil e também porque a nossa primeira atitude em contacto com os alunos deve ser ponderada: não podemos ser nem demasiado benevolentes, nem demasiado autoritários; há que encontrar um meio-termo que nos permita criar empatia com os alunos, mas que estes reconheçam a autoridade do professor. A turma tem de perceber quem lidera (o professor) e que há que respeitar tanto este como os colegas, de forma a permitir que exista um constante bom clima de aula. No entanto, há que ter em consideração que as

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características pessoais de cada professor/estudante-estagiário influenciam as ações que temos com os alunos e com a formação que temos, o que pode levar a discordância nos atos que realizamos durante o ano letivo de formação prática (Lawson, 1986, 1988, 1991, cit. por Costa, Carvalho, Onofre, Diniz, Pestana, 1996).

Nem tudo corre como desejamos e, como defende Arends (1995), a preparação inicial não é suficiente para os problemas que nos surgirão nesta fase inicial da nossa carreira profissional. A turma C teve, durante todo o ano letivo, um comportamento com altos e baixos; tanto mostravam um comportamento adequado à aula, como na aula seguinte, as chamadas de atenção eram constantes, devido aos comportamentos de desvio. Com muita preserverância e constante atenção ao comportamento da turma, esta mostrou-se, no final, um pouco mais controlada e com melhor rendimento no domínio socioafetivo.

Felizmente que, desde o início do ano, a turma D interiorizou qual o seu papel e como se comportar no espaço de aula. Sempre com alguns comportamentos de desvio, pois não nos podemos esquecer que são crianças, em quase todos os momentos fui capaz de conduzir a aula sem problemas, pois o empenho e a motivação dos mesmos o permitiram. De toda a turma, apenas dois alunos mostraram uma maior relutância nas aulas, em especial no que toca ao comportamento e pontualidade; no entanto, aos poucos essa barreira quebrou-se e, a meu ver, o interesse pela disciplina cresceu. Temos também o caso de uma aluna que, desde o início, mostrou falta de à-vontade na relação com os colegas e vice-versa. Com o decorrer das aulas, e através de conversas com a referida aluna, a sua predisposição para a prática foi crescendo aos poucos.

Se bem que, por vezes, não o mostrava, desde cedo a turma D me despertou um carinho por eles. Apenas mais no final do 2º Período, aprendi como alterar um pouco a minha postura nas aulas, de forma a demonstrar um pouco mais de afetividade aos alunos e não manter uma atitude tão rígida nas

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aulas. Com a turma C, a relação foi mais distante, mas acabaram por marcar o meu estágio também de forma especial.

Tenho a noção da minha mudança ao longo deste processo de formação; tornei-me mais consciente, mais observadora e com maior capacidade de adaptação a problemas que possam aparecer.

Não posso então afirmar que o fenómeno conhecido como “choque com a realidade” (Esteves, 1995, Veenman, 1984) tenha sido tão intenso na minha experiência na escola como referem vários autores. Arends (1995, p.485) diz mesmo que “um tema comum ao longo da investigação é o de que o choque da realidade é mais grave para os professores do que para os principiantes noutras profissões”. A formação prévia que temos não nos prepara para a realidade escolar atual, mas graças aos relatos de anteriores estudantes-estagiários, consegui ponderar previamente sobre o que esperar. As expetativas que eu própria criei antes de iniciar o ano letivo, os receios, a preparação das atitudes a ter, serviram de escudo para esse suposto “choque”.

Não obstante, sei que o estágio e o contacto com os alunos me levaram a crescer e a tornar-me melhor profissional, tanto na Educação Física, como na minha restante vida profissional. Aprendi a controlar impulsos inadequados, a ser mais tolerante e mais dinâmica, no sentido de dinamizar as minhas ações e as pessoas com quem interajo. Sempre soube que queria ser professora, e o estágio veio confirmar ainda mais esse meu desejo.

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III – Contextualização da

Prática Profissional

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21 Enquadramento Institucional

O Estágio Profissional é uma unidade curricular inserida no 2º Ano do Ciclo de Estudos do Mestrado de Ensino em Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, de acordo com o Decreto-lei n.º 43/2007 de 22 de Fevereiro. É o culminar dos vários anos de formação e experiência prática das teorias às quais fomos apresentados, em especial no ano anterior ao do estágio, sendo um dos elementos cruciais da formação de professores. No seu término, o 2º Ciclo de Estudos fornece-nos a habilitação à docência “nos ensinos público, particular e cooperativo, e nas áreas curriculares ou disciplinas abrangidas por esse domínio” (DL 43/2007). O Estágio Profissional permite-nos então um contato com a escola ao nível das aulas de Educação Física, assim como ao tempo dedicado ao Desporto Escolar, à Direção de Turma e Departamentos Curriculares.

Enquadramento Funcional

O meu Estágio Profissional foi realizado na Escola Básica da Senhora da Hora, inserida no Agrupamento de Escolas da Senhora da Hora, constituído pela escola já referida, a Escola Secundária da Senhora da Hora (escola sede), a Escola EB 1/JI de S. Gens, a Escola EB/JI da Barranha e a Escola EB1/JI dos 4 caminhos. A escola e todo o Agrupamento estão localizados na cidade da Senhora da Hora, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.

Na nossa escola temos turmas do 5º ao 9º Ano de Escolaridade. A Educação Física é uma disciplina de caráter obrigatório, sendo que na escola onde realizei o Estágio Profissional a carga horária para o 2º Ciclo é de um bloco horário de 100 minutos e um de 50 minutos, e no 3º Ciclo de dois blocos horários de 50 minutos. O espaço dedicado às aulas de Educação Física está dividido em três partes, onde existe um roulement pelo qual os professores se regem e distribuem: o Ginásio 1, dedicado aos desportos coletivos; o Ginásio 2, dedicado à ginástica e ao salto em altura e o espaço Exterior, onde é possível

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realizar diversas modalidades que se realizam também no interior. Em cada tempo letivo estão no máximo três turmas em aula, de forma que cada uma tenha o seu espaço. Em caso de condições climatéricas desadequadas à prática da Educação Física, a turma que se encontra no exterior partilha o Ginásio 1 com a turma que lá se encontra. Ao dispor dos professores e alunos, encontra-se na entrada do pavilhão pelo menos um funcionário pronto a ajudar nas questões do material ou mesmo nos primeiros socorros assistidos aos alunos. O material existente na escola para as aulas de Educação Física é bastante abundante; possibilita aos professores abordarem nas aulas várias modalidades diferentes, fornecendo aos alunos uma grande variedade e conhecimento desportivo. As condições de alguns dos materiais não são as melhores, mas permitem ao professor e alunos exercitarem as várias modalidades inseridas no Plano Anual de Educação Física da escola.

Iniciando o ano letivo, foram-me destinadas duas turmas de 6º Ano, a turma C e a turma D, com 28 alunos cada. Embora duas turmas signifiquem o dobro do trabalho, foi também uma vantagem, pois dessa forma a minha experiência como professora foi beneficiada. Foram duas turmas bastante distintas, tanto a nível motor, como a nível de comportamento. Dessa forma, pude reagir e agir adequadamente a episódios diversos, relevantes para a minha evolução. Na turma D, que elegi como turma principal, um dos alunos foi transferido para a Madeira no início do 2ºPeríodo, reduzindo a turma para 27 alunos.

Esta turma tem bastantes alunos com hábitos de prática desportiva fora da escola, em especial a Natação. E isso refletiu-se nas aulas, sendo que foram raros os momentos em que a turma no geral apresentou uma atitude passiva nas aulas. Ao longo do ano letivo, foram abordadas várias modalidades realizadas de acordo com o espaço em que a turma estava destacada. Sendo assim, no 1º Período foram realizados testes de Condição Física e abordadas as modalidades de Voleibol, Ginástica de Solo e Atletismo – Corrida de Resistência. No 2º Período, foram ensinadas as modalidades de Basquetebol, Ginástica de Solo e Aparelhos e Atletismo – Salto em Comprimento, Corrida de

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Velocidade e Corrida de Estafetas. Para terminar, o 3º Período iniciou-se com os testes de Condição Física, para comparação com os realizados no início do ano letivo, sendo de seguida abordadas as modalidades de Futsal, Ginástica – Mini-Trampolim e Acrobática e Atletismo – Lançamento do Peso, Corrida de Barreiras e Salto em Altura. Estas foram as modalidades a ensinar aos alunos, por estarem inseridas no planeamento anual de Educação Física redigido pela escola de estágio.

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Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem

Primeiras Impressões

A minha prática profissional iniciou-se bem antes do início do ano letivo, isto é, antes da aula de apresentação aos alunos. A preparação pré-aulas levou a que o meu Estágio Profissional se iniciasse no momento em que me apresentei na Escola Básica da Senhora da Hora, no início do mês de agosto. Foi também o primeiro encontro e contato com a escola que me receberia durante o ano letivo 2012/2013 como professora estagiária.

Iniciando-se o mês de setembro, e após conhecer a Professora Cooperante, foram realizadas as reuniões de grupo de Educação Física de Agrupamento na escola-sede, a Escola Secundária da Senhora da Hora, e na Escola EB1/JI de S. Gens. Estes corresponderam aos primeiros momentos onde conhecemos os restantes colegas, pois já senti desde logo à vontade para chamar de “colegas”, os professores da disciplina de Educação Física. O nosso papel seria igual; o de estar à frente de uma turma e lecionar Educação Física. Foram os primeiros instantes em que me senti dentro da realidade da escola, falando dos assuntos que dariam início ao ano letivo. Recordo o momento em que fomos informados, na primeira reunião, da carga horária para cada ciclo e que achamos desapropriado para a disciplina de Educação Física. Na reflexão dessa reunião, o nosso núcleo escreveu:

“O nosso núcleo acredita que esta nova carga horária não é a mais adequada para as aulas de Educação Física; o tempo de aula, que já não era muito, agora é mais escasso ainda”. (Relatório de reunião de grupo de Educação Física do Agrupamento de 10 de Setembro de 2012)

E o certo é que, como descreverei mais adiante, a carga horária tem grande influência no ensino das modalidades constantes no planeamento anual de Educação Física.

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Justamente no dia em que o ano letivo se iniciou na escola cooperante, tivemos a nossa primeira reunião de núcleo, onde conhecemos o pavilhão de Educação Física. Lembro-me de pensar para mim própria que o fato de termos três espaços distintos seria bastante vantajoso para a lecionação das aulas, pois não permitia tantas distrações como num pavilhão partilhado, nem tanto ruído. E os materiais, mais diversos do que quando eu própria era aluna, possibilitar-nos-ia abordar vários conteúdos pelos quais eu não pude passar, como aluna do Ensino Básico ou Secundário, tais como o Salto em Altura, Corrida de Barreiras ou Lançamento do Peso. Começamos de seguida a preparar o início do ano letivo e a aula de apresentação às turmas.

Estava bastante ansiosa antes da aula de apresentação; o momento em que iria estar frente a frente com os alunos que me acompanhariam nesta jornada de setembro a junho estava a aproximar-se e deixava-me nervosa: Como seriam eles? Quais seriam as suas reações a mim, uma professora que ainda estava a aprender a sê-lo? Como iriam agir durante as aulas? Eram as questões que me inquietavam.

Creio que consegui ser firme o suficiente para não demonstrar os nervos. Fiz por ser o mais sucinta e clara possível, mostrando desde já qual iria ser a minha postura durante as aulas, com o objetivo de conseguir iniciar as rotinas de aula já nessa mesma aula. Não foi na aula de apresentação que fiquei a conhecer as turmas; a primeira impressão que tive sobre as turmas foi bastante positiva. Mas pude constatar durante as aulas iniciais que não seria bem assim. Enquanto uma das turmas, a minha turma principal, continuava a mostrar empenho e um saber-estar na aula adequado, sempre atenta aos meus comandos, o outro grupo turma mostrou uma atitude totalmente diferente. Com vários comportamentos de desvio, muitas conversas e falta de atenção para com o professor, percebi desde cedo que a postura que tinha com uma turma não seria igual à apresentada na outra, com o risco de não conseguir controlar nunca a turma:

“Há muitos anos que os professores sabem que aquilo que fazem tem influência no comportamento dos seus alunos. De fato, ensinar é (…) uma

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tentativa de influenciar o comportamento e a aprendizagem dos alunos.” (Arends, 1995, p.117)

Daí a importância de adaptar a minha postura à turma que tinha à minha frente.

Sendo as aulas iniciais dedicadas aos testes de condição física, a motivação dos alunos era elevada e o comportamento da turma foi, de certo modo, camuflado; queriam mostrar as suas capacidades. Com o começo das modalidades, esse empenho decresceu um pouco. Mas, no geral, nada que me levasse a pensar que os alunos estavam desmotivados; continuavam a querer executar o melhor possível tudo o que era realizado nas aulas. Essa motivação tinha de ser mantida durante todo o ano, para possibilitar um alto rendimento da turma na disciplina. Aí, não só a influência do professor era relevante, mas também a dos alunos. Arends (1995, p. 117) defende que a forma como os alunos agem influencia os colegas e mesmo a postura do professor.

Conceção e Planeamento do Ensino

Se analisarmos o Programa Nacional de Educação Física para o 2º Ciclo redigido pelo Ministério da Educação, vemos que existem três níveis especificados para as modalidades: Introdução, Elementar e Avançado. Face a este nível de ensino, consultei os programas nacionais, onde está estipulado que no 6º Nível de Escolaridade ainda não é abordado o nível Avançado das modalidades. Sendo assim, o Ministério da Educação define para o 6º Ano:

 Introdução – Basquetebol, Ginástica Rítmica (novo aparelho);

 Elementar – Voleibol, Futebol, Ginástica de Solo, Ginástica de Aparelhos, Atletismo;

 Continuação – Luta, Patinagem e Dança.

Dentro deste Planeamento, cada escola tem a opção de eleger as modalidades que pretende que os docentes lecionem nas aulas de Educação

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Física. Desta forma, a Escola Básica da Senhora da Hora realizou o seu Planeamento Anual de Educação Física, incluindo as seguintes modalidades: Voleibol, Basquetebol, Futebol, Ginástica de Solo, Ginástica de Aparelhos (Boque e Mini-Trampolim), Atletismo, Ginástica Acrobática (opcional), Corrida de Orientação (Opcional) e Badminton (Opcional). Os Testes de Condição Física da Bateria de Testes Fitnessgram também fizeram parte deste plano de área disciplinar. Dentro da Ginástica e do Atletismo temos várias vertentes, distribuídas pelos três períodos:

 Ginástica de Solo – Rolamentos, Apoio Facial Invertido, Roda e Destrezas;

 Ginástica de Aparelhos – Saltos de Boque e Mini-Trampolim;

 Atletismo – Corrida de Resistência, Corrida de Velocidade, Corrida de Estafetas, Corrida de Barreiras; Salto em Comprimento, Salto em Altura e Lançamento do Peso.

A análise dos planeamentos centrais e locais permitiram-me tomar conhecimento de quais modalidades a lecionar durante o ano letivo, quando as lecionar e quais os objetivos a atingir em cada modalidade. No entanto, existiu para mim uma necessidade de adaptação das modalidades ao nível de escolaridade dos alunos, pois não considero os objetivos adequados à realidade escolar. Muitos dos objetivos definidos para a modalidade apenas são passíveis de se abordar no 3º Ciclo e, por vezes, no Ensino Secundário. E, após avaliar as capacidades iniciais dos alunos nas Avaliações Iniciais, não me foi possível manter completamente fiel ao Plano homologado pelo Ministério da Educação.

Bento (2003), define que no planeamento existem três níveis pelos quais nos devemos reger. O planeamento anual, “plano de perspetiva global que procura situar e concretizar o programa de ensino” (p.59); o planeamento das unidades didáticas, que dependem do volume das modalidades a ensinar (p. 60) e, por último, o planeamento da aula, que “conduz as reflexões anteriores à

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realização metodológica do ensino e ao balanço das atividades concretas do professor e dos alunos” (p.63).

Após a análise do Programa Nacional e do Planeamento Anual do grupo de Educação Física pude realizar, para cada período, o planeamento das aulas por turma, de acordo com o seu horário e com o roulement instituído. O roulement veio, de certa forma, definir o número de aulas destinadas a cada modalidade em todos os períodos. Não é benéfico quando temos poucas aulas por modalidade, mas permite que cada espaço esteja “reservado” para só uma turma, à exceção dos momentos em que as más condições climatéricas não permitem as aulas no exterior. Tem também como desvantagem o fato de serem lecionadas, na mesma semana, três modalidades distintas; pode não ser adequado para o sucesso e evolução do aluno mas, como vantagem, evita a monotonia de aulas constantes da mesma modalidade. O roulement torna-se então um fator influente para a criação das Unidades Didáticas. Pessoalmente, a estruturação criada na Escola Básica da Senhora durante as semanas de estágio.

As Unidades Didáticas, onde apresentamos os conteúdos a lecionar dentro de cada modalidade, foram-me mais difíceis de criar no primeiro período. Com o desenrolar do estágio, foi-se tornando mais fácil, mas as modalidades coletivas foram as que mais tempo me tomaram. A falta de à-vontade com os desportos coletivos, em comparação com a Ginástica, foi um pequeno entrave ao qual consegui passar com relativa facilidade. No final, sei que a forma como estruturei as Unidades estavam de acordo com as minhas perceções sobre o mais adequado para o número de sessões e o tempo disponível para cada uma delas; fiz por organizar as aulas de forma que todos os alunos tivessem o mesmo tempo de exercitação em cada conteúdo. Mas, antes de por em prática nas aulas cada uma das Unidades Didáticas, as aulas iniciaram-se com os testes de Condição Física.

Os testes de Condição Física foram realizados em todas as turmas de todos os níveis de escolaridade, de acordo com a bateria de testes Fitnessgram. O Fitnessgram é uma bateria de testes avaliadores da aptidão

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física desenvolvidos pelo Instituto Cooper, em resposta à necessidade de um protocolo compreensivo pelos programas de Educação Física (Welk, Morrow Jr e Falls, 2007).

Como o Fitnessgram não foi concebido para os níveis do 2º Ciclo, foi necessária uma adaptação das tabelas de referência e dos próprios protocolos de alguns testes. Os testes foram realizados no início do 1º Período e no início do 3º Período, de forma a comparar os resultados e a evolução ou não dos alunos. Os testes revelaram-se uma boa experiência para mim; foi a primeira vez que estive em contato com os testes, pois quando era aluna apenas fiz testes de resistência aeróbia, e pude aplicá-los nos alunos. Seriam, no entanto, mais adequados se tivéssemos mais aulas destinadas à disciplina; foram necessárias três aulas para realizar os testes, aulas onde já poderiam ser aplicadas as Avaliações Iniciais das modalidades, o que permitia mais uma aula para cada Unidade Didática. Retiro, no entanto, uma experiência positiva dos testes. Permitiram-me conhecer melhor os testes e a forma de gestão mais adequada para os aplicar na aula.

Após estruturar inicialmente cada período, com as planificações e Unidades Temáticas, comecei aos poucos a criar os Modelos de Estrutura de Conhecimento (MECs). Dividimos os vários MECs a realizar por todos os elementos do núcleo de estágio, adaptando de seguida às minhas turmas. Por ser necessário realizar um para cada modalidade, requerem bastante trabalho mas, com o decorrer dos vários MECs, tornou-se mais simples de ser realizado. A partir daí, criei os planos de aula.

O plano de aula, o que queremos lecionar, é o culminar do processo dividido pelos três níveis: Planeamento, Unidade Didática, Plano de Aula. É algo que eu já conhecia bem pois desde cedo (já na licenciatura) o apliquei. Assim, utilizá-lo para a aula não foi nada de novo; foi relativamente fácil. O maior problema residia no cumprimento do planeado e no tempo de cada exercício; tinha receio de não conseguir cumprir corretamente o que planeava, o que significava que não refletia bem no planeamento da aula. No entanto, percebi que a minha gestão de aula era adequada e correta; onde se

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poderia notar maior dificuldade em cumprir o planeado seria nas modalidades coletivas, onde o meu tempo de instrução era demasiado prolongado. Para este problema procurei ter mais atenção à forma como transmitia a informação aos alunos, simplificando-a ao máximo e sendo o mais sucinta possível. Com o decorrer do ano letivo, a minha instrução foi-se tornando mais clara e o tempo dedicado à transmissão dos exercícios menor, uma evolução progressiva, mas notória. Observar os meus colegas e a sua instrução foi também uma mais-valia para o meu problema; ajudou-me a descobrir a forma de instrução mais adequada para o meu papel de professora.

Para garantir a evolução dos alunos, foi necessário por vezes a adaptação do planeamento. Preferi garantir sempre a compreensão de todos os alunos no exercício que estava a ser realizado antes de passar a um exercício mais complexo; assim, era obtida uma progressão mais contínua e homogénea.

Realização do Ensino

Nas aulas foram avaliados vários critérios que no final resultavam na classificação final do aluno. Um desses critérios era a disciplina dos alunos. A disciplina dos alunos era influenciada pela forma como o professor dirigia a aula e as rotinas de aula que criava para melhorar o clima de aula.

Na turma principal, as rotinas foram facilmente criadas. Em especial, foi utilizada a rotina do “5, 4, 3, 2, 1”, tempo que os alunos tinham para se juntar. Esta rotina foi facilmente aceite talvez por ser de simples compreensão. Temos também rotinas mais comuns como o estar em silêncio enquanto o professor fala, mais difícil de ser conseguida, pois por muitas vezes os alunos não conseguiam cumprir essa rotina. No entanto, a turma sempre se mostrou muito disciplinada e cumpridora das rotinas de aula. O fato de serem bastante motivados para a disciplina de Educação Física facilitou a criação de rotinas de aula, assim como a instrução das várias modalidades. Para o início e final da

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aula, em especial nas aulas onde era necessária a utilização de maior número de material, optei pela rotina de eleger alguns alunos, aleatoriamente, para a montagem e arrumação do material. Os restantes ficavam sentados em espera. No final do ano letivo, esta rotina era facilitada pois os alunos rapidamente se ofereciam para auxiliar nas tarefas, ou mantinham-se em espera calmamente sentados. As rotinas de aula, vejo agora, são bastante importantes para um bom funcionamento da aula. Os alunos compreendem dessa forma como se devem comportar na aula e que o bom comportamento é valorizado no final.

Uma sugestão realizada pelas Professoras Orientadora e Cooperante no final do 2º Período foi a da realização de uma grelha de comportamentos, afixada no quadro da entrada do pavilhão, onde no final de todas as aulas era registado o comportamento dos alunos com a cor verde (Bom), amarelo (Médio) e vermelho (Mau). Não pensei que fosse ter um efeito tão positivo no comportamento dos alunos. Nenhum aluno gostava de ter um vermelho no seu registo, e isso fez com que a atitude dentro da aula fosse melhorando. É uma excelente estratégia para ganhar o controlo da turma e melhorar o clima da aula.

A instrução teve os seus altos e baixos, durante o estágio profissional. Inicialmente, o vocabulário era bastante restrito (Siedentop, 1991, p. 16) e o conforto em estar à frente de mais de duas dezenas de crianças era escasso, o que se revelava na instrução. Enquanto mostrei sempre à-vontade na Ginástica e em todos os seus conteúdos, sabendo bem qual a melhor forma de exercitar e evoluir nos mesmos, o mesmo não aconteceu sempre nas restantes modalidades. Tive sempre receio no Atletismo; o meu contato com a modalidade não era tanto como nas restantes, logo não sabia se a forma como refletia na planificação das aulas era a mais adequada à modalidade. Com o decorrer das aulas, percebi que o meu receio era dispensável; não me sentia tão à-vontade como numa aula de Ginástica, mas sentia-me segura e confiante no que dizia e instruía. Foram aulas bastante positivas, em que a minha abordagem à modalidade mostrou-se adequada; foi possível ver na evolução dos alunos.

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Os Desportos Coletivos foram a maior entrave deste ano. Conhecia bem as modalidades que foram abordadas, mas tinha muita dificuldade em transmitir aos alunos os objetivos do exercício e a forma como os executar corretamente. Fui ao longo do ano tentando modificar a minha estratégia de instrução e ultrapassei gradualmente esse erro. Utilizei também para facilitar o meu processo de instrução o jogo como forma de exercitação, baseando-me no Modelo de Ensino dos Jogos para a Sua Compreensão. Este modelo “propõe uma porta de entrada diferente da tradicional via da técnica, a porta da compreensão do jogo, da apreciação dos elementos que fazem dele o jogo que é” (Mesquita e Graça, 2006). Era-me mais fácil transmitir aos alunos o meu objetivo através do jogo, ao invés dos exercícios analíticos, que também experimentei realizar, mas sem ser tão bem-sucedida nos mesmos. O apoio dos meus colegas estagiários e da Professora Cooperante foi essencial; fiz por aplicar os conselhos que me haviam fornecido no que refere à instrução e feedbacks, tanto que na fase final do estágio a minha capacidade de observação nas aulas encontrava-se mais apurada. Já me era mais fácil identificar as falhas dos alunos, para de seguida corrigi-los. O feedback era constante, muitas vezes repetido, mas tinha de ser se queria que os alunos interiorizassem o movimento. Assim, consegui que, apenas chamando o nome do aluno, esse fosse capaz de se autocorrigir no próprio momento. Fiz por utilizar os vários tipos de feedback, de acordo com o que pretendia e com o aluno que estava a tentar corrigir. O feedback não foi utilizado apenas individualmente, mas também para toda a turma, em especial no final da aula; utilizei-o em jeito de resumo do que havia acontecido na aula, corrigindo as falhas existentes com exemplos de momentos que ocorreram nessa mesma aula, pois considero esses momentos um bom exemplo do que se deve ou não fazer. Rosado e Mesquita (2009, p.82) referem mesmo na sua obra que “é lugar-comum referenciar o feedback como uma mais-valia do professor no processo de interação pedagógica”. Fiz por utilizar todos os tipos de feedbacks existentes, adequando-os aos alunos e à sua capacidade de compreensão em relação ao exercício. Maggil, 1994, cit. por Rosado e Mesquita (2009, p.87), defende que o conhecimento do aluno interfere com o resultado do feedback

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no mesmo. Inicialmente, foquei-me demasiado no feedback prescritivo e essencialmente apreciativo, mas de forma negativa, o que não provinha em resultados satisfatórios para o aluno. Com o desenrolar do ano, aprendi a prescrever não só feedbacks positivos, mas também descritivos, interrogativos e auto-avaliativos. Sempre em prol da evolução do aluno. A poucos era possível o uso do feedback interrogativo, mas foi utilizado e com sucesso, visível na execução técnica dos alunos em questão. Se, inicialmente, negligenciei o ciclo de feedback pedagógico, passei depois a focar a minha atenção no mesmo, pois o feedback não seria relevante se não tivesse o seu ciclo em atenção. Os alunos com capacidades mais elevadas foram fulcrais no auxílio aos seus colegas de turma, corrigindo elementos técnicos onde se sentiam confiantes:

“Tenho, no entanto, a fortuna de me deparar com esta turma que, embora possa não ser a modalidade que mais lhes agrada, a maior parte dos seus constituintes esforça-se por fazer e querer ser bem-sucedido. Mesmo os alunos

com maiores capacidades, neste caso no Basquetebol, a aula lecionada hoje, ajudam-me de forma inconsciente ao aconselhar e corrigir eventuais erros aos

alunos menos dotados.” (Reflexão da aula de 22 de Fevereiro de 2013)

Os momentos inesperados das aulas são também marcantes neste processo. Momentos que ocorrem dentro da realidade escolar, mas que eu não havia previsto no planeamento. Foi o caso da aula de Avaliação Inicial de Atletismo do 3º Período:

“A primeira das duas sessões deste dia começou de forma diferente. Como as condições climatéricas não permitiam a prática no exterior, para onde estava programada a aula, foi necessária a partilha do pavilhão de desportos coletivos

com a turma que lá se encontrava. No entanto, a professora dessa mesma turma pediu-me se haveria a possibilidade de juntarmos as duas turmas e

realizarmos jogo de Futsal inter-turmas, à qual acedemos. (…) Para mim, mostra-me ainda mais a realidade da escola; muitas vezes me depararei com situações similares, onde a partilha de espaço será algo comum nas aulas de

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37 Avaliação do Ensino

Os critérios de avaliação do grupo de Educação Física são estruturados no início do ano letivo e são as diretrizes utilizadas pelos professores de Educação Física. Para o 2º Ciclo, os critérios de avaliação estão divididos em três domínios:

 Domínio Socioafetivo “Saber Estar” – Representa 40% da classificação final e refere-se à postura e conduta do aluno na aula; é, para mim, o elemento de avaliação mais difícil de avaliar pois não pode ser avaliado de uma forma quantitativa como o “Saber Fazer”. Os critérios do grupo de Educação Física estão estruturados de uma forma muito específica, o que levou a que a minha avaliação fosse mais simples de se realizar;  Domínio Cognitivo “Saber” – Representa 10% da classificação final. Este

domínio destina-se à teoria que o aluno conhece, a colocação de questões e a descrição das aulas quando realizam relatórios de aula;  Domínio Psicomotor “Saber Fazer” – Representa 50% da nota final e

remete para a prática na aula, as capacidades motoras do aluno nas diferentes modalidades a abordar durante o ano. É a fatia dos domínios com maior relevância, o que demonstra a importância da execução nesta disciplina.

Bento (2003) define a avaliação como um das tarefas primordiais do professor, em conjunto com o planeamento e a realização da prática. Posto isto, temos vários tipos de avaliação utilizados nas aulas:

 Avaliação Inicial – Avaliação realizada no início de cada Unidade Didática para determinar o grau inicial do aluno em determinada modalidade. Servirá como comparação com a Avaliação do final da mesma Unidade.

 Avaliação Sumativa – Avaliação onde são postos em prática todos os conteúdos da Unidade Didática, de forma a obter uma classificação a essa modalidade (Vickers, 1990, p. 135). É comparada com a Avaliação Inicial. Vickers (1990, p.135) defende ainda que a Avaliação Sumativa

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deve ser antecedida por uma Avaliação Formativa, mas no caso das Unidades Didáticas de ambas as turmas serem curtas, optei por não a realizar, utilizando apenas a Avaliação Sumativa.

 Avaliação Contínua – Esta forma de avaliação, como o próprio nome indica, é realizada em todas as sessões da Unidade Didática, de forma a avaliarmos regularmente os alunos mais pormenorizadamente. Apenas utilizei este tipo de avaliação no 3º Período, na modalidade de Ginástica – saltos de Mini-Trampolim, pois a Unidade era composta de apenas quatro sessões.

 Avaliação Intercalar – As avaliações intercalares foram realizadas para a Diretora de Turma entregar aos Encarregados de Educação, a meio de cada período, com uma avaliação qualitativa e uma descrição da prestação do aluno até ao momento.

O primeiro momento em que me deparei com uma Avaliação foi a Avaliação Inicial de Ginástica. Não sabendo ao certo qual seria a reação da turma à mesma, decidi realizar esta avaliação um a um, com os restantes alunos em espera. Não foi o mais adequado; os olhares dos colegas pressionavam o executante, que mostrava várias reticências à execução dos exercícios. No entanto, foi-me possível avaliar todos os alunos adequadamente.

A Avaliação Inicial onde mais dificuldades tive foi na de Voleibol, no 1º Período. Uma Avaliação à qual me habituei a realizar, no ano anterior, em conjunto com os meus colegas passava agora a ser apenas da minha responsabilidade. E isso levou a que a Avaliação, com turmas tão extensas, não fosse tão objetiva como eu desejaria. Consegui avaliar todos os alunos, mas não tão detalhadamente como na Ginástica havia sido. Assim, decidi mudar de estratégia para quando fosse o momento de realizar as Avaliações Sumativas, porque sabia que iria ter dificuldades em qualquer avaliação de modalidade coletiva. Para isso, passei a utilizar suporte audiovisual (câmara fotográfica) para filmar as aulas onde fosse realizada qualquer Avaliação, de

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forma a torná-la mais objetiva. Esta estratégia resultou pelo melhor, facilitou o meu processo de avaliação dos alunos.

Para todas as avaliações utilizei listas de verificação, sempre de forma quantitativa. Achei ser mais fácil para mim desta forma. No entanto, fui variando de escala; ou realizava com os níveis de 1 a 5, ou utilizava percentagens. No final, creio que a escala percentual foi a mais adequada para mim, pois é mais clara na distribuição dos níveis dos alunos.

Para auxiliar as Avaliações Iniciais e Sumativas, são necessárias Avaliações Intercalares, que cada disciplina entrega ao Diretor de Turma para este apresentar aos Encarregados de Educação. Estas Avaliações foram, para mim própria, um complemento para a classificação final dos alunos em cada período, pois permitia-me fazer uma avaliação provisória individual de cada aluno.

Chegado o término de cada período, no momento em que são definidas as classificações finais dos alunos, foi necessário uma ponderação cuidada nos domínios que apresentei acima. O domínio onde senti mais dificuldade em avaliar os alunos com exatidão foi o do “Saber Estar”, a componente Socioafetiva. Graças aos critérios definidos no início do ano letivo pelo Conselho Pedagógico do Agrupamento, a tarefa de avaliar tornou-se mais simples e mais objetiva na classificação individual do aluno, permitindo-me ser mais justa com todos os alunos.

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Áreas 2 e 3 – Participação na escola e Relações com a Comunidade

Com o desenrolar do ano letivo, a experiência do estágio profissional não se resumiu apenas ao lecionar e à relação professor/aluno dentro da sala de aula. O relacionamento com o pessoal docente e não-docente, as atividades ligadas à Educação Física e os eventos que ocorrem na escola são todos importantes para o nosso desenvolvimento enquanto professores e membros da micro-sociedade que é a escola. Sempre fiz por me envolver em todas as atividades organizadas na comunidade escola, tanto pelo grupo de Educação Física como pelos restantes departamentos.

Desporto Escolar

“A prática desportiva nas escolas, para além de um dever decorrente do quadro normativo vigente no sistema de ensino, constitui um instrumento de grande relevo e utilidade no combate ao insucesso escolar e de melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem. Complementarmente, o Desporto Escolar promove estilos de vida saudáveis que contribuem para a formação equilibrada dos alunos e permitem o desenvolvimento da prática desportiva em

Portugal. O Programa do Desporto Escolar para os próximos dois anos letivos reforça os mecanismos que contribuem para a aplicação do princípio da autonomia dos Agrupamentos de Escolas e das Escolas Não Integradas em Agrupamento (seguidamente designadas por escolas ou estabelecimentos de ensino) que tem vindo a nortear a acção do Ministério da Educação em todos

os diversos domínios da política educativa. Assim, o Projeto de Desporto Escolar deve integrar-se, de forma articulada e continuada, no conjunto dos objectivos gerais e específicos do Plano de Atividades das Escolas, fazendo

parte do seu Projeto Educativo." (in http://www.desportoescolar.min-edu.pt/institucional.aspx)

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