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Mobilidade laboral nas grandes regiões brasileiras: influências sobre a pendularidade

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Academic year: 2021

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MOBILIDADE LABORAL NAS GRANDES REGIÕES BRASILEIRAS: INFLUÊNCIAS SOBRE A PENDULARIDADE

João Gomes da Silva1

Ricardo Ojima2

Resumo

Os deslocamentos cotidianos se apresentam cada vez mais intensos, desde quando houve a descentralização econômica no país. Com isso, a pendularidade tem se intensificado consideravelmente, sobretudo, nas áreas com uma concentração de recurso maior. Diante disso, busca-se analisar e comparar quais os elementos sociodemográficos que influenciam a pendularidade por questões de trabalho. Sendo essa, a principal abordagem deste estudo. Para o alcance do objetivo proposto, tomou-se como fonte de informação, os microdados da amostra do Censo Demográfico de 2010. Os principais resultados têm apontando uma maior participação dessa dinâmica populacional, nas regiões Sudeste e Nordeste, seguido pela Sul, Centro Oeste e Norte. Portanto, constata-se que a dinâmica cotidiana da população brasileira, tem mostrado um comportamento cada vez mais diferenciado ao longo dos anos que condiciona a reconfiguração dos espaços, em âmbito regional, mediante os deslocamentos diários sejam nesses locais de moradia ou de trabalho.

Palavras-chave: Brasil; Pendularidade; Trabalho

1 Mestrando em Demografia pelo Programa de Pós-Graduação em Demografia (PPGDEM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e pesquisador do Observatório das Migrações do Estado do Ceará 2 Doutor em Demografia pelo NEPO da Unicamp e professor adjunto do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais (DDCA) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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1. Introdução

No contexto dos fluxos populacionais, sejam cotidianos ou permanentes, de curta ou longa distância, observa-se que os mesmos vêm ganhando diferentes dimensões, reordenando a estrutura dos espaços, onde os deslocamentos de curta distância, sobretudo os diários, se intensificaram acentuadamente, do ponto de vista da expansão da malha urbana (BAENINGER, 2002). O que nos permite verificar, mediante a dinâmica populacional, se os movimentos cotidianos nas cidades brasileiras por motivo de trabalho, estão tendo um comportamento com caráter específico dessa mobilidade por tal condição.

A prática da mobilidade populacional motivada por trabalho, aponta que esse movimento tem sido caracterizado como uma ferramenta do uso do capital. Onde tal dinâmica, tem refletido a condição de comportamento do homem na sociedade frente ao avanço do capitalismo. Sendo assim, nota-se que a mobilidade por questões de trabalho, surge em meio as condições históricas da migração influenciada pelo capitalismo, como também, a mobilidade cotidiana é influenciada pela demanda do capital por mão de obra. Em contrapartida, essa força de trabalho que atende a necessidade do capitalismo, também possui interesses financeiros. Condicionando uma harmonização de interesses entre indivíduo e o capital, tendo como reflexo o ‘ir’ e ‘vir’ das pessoas entre diferentes localidades com mais frequência (GAUDEMAR, 1977).

Diante disso, a dinâmica dos fluxos populacionais tem gerado constantes questionamentos, no que diz respeito as definições conceituais sobre a mobilidade espacial. A partir disso, temáticas que versam sobre esse assunto tem despertado interesse para novas pesquisas. Com isso, o referido estudo aponta uma discussão que orienta a reflexão pretendida por este trabalho: A pendularidade para trabalho, tem alguma influência específica?

2. Procedimentos metodológicos

As cinco grandes espacialidades regionais do Brasil (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste), são consideradas a principal área de análise deste trabalho. Para o alcance proposto, utilizou-se os microdados da amostra do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi a principal fonte de informações. Contudo, foram trabalhados os dados referentes aos deslocamentos diários por motivo de trabalho (pendularidade).

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Abaixo seguem as definições adotadas no estudo, a saber:

Pendular - indivíduo com dez anos ou mais de idade, que realiza deslocamentos

diários entre municípios diferentes.

3. Retrato da pendularidade por trabalho nos espaços das grandes regiões brasileiras

Nas ilustrações da figura 1, constata-se a distribuição por faixas de idades das pessoas que pendulam, por questões de trabalho nas respectivas áreas. As regiões NE e SE se diferenciam das demais, dado ao maior peso populacional existente em ambas, isso em termos relativos apresenta um maior fluxo pendular. No entanto, desconsiderando esse fato, nota-se que em quatro regiões apontam semelhanças, no que diz respeito a distribuição por sexo nos grupos etários, exceto o Centro Oeste.

A população masculina começa a pendular mais cedo do que a feminina em quatro das cinco regiões, no Centro Oeste a população feminina começa tão cedo quanto a masculina. Em contrapartida, as mulheres que pendulam por trabalho permanecem por mais tempo nas suas atividades. Isso deve-se pelo fato de que essas tenham uma maior longevidade comparada aos homens. Tanto por vantagens biológicas das mulheres, como também, pelo alto índice de mortalidade dos homens em idades mais jovens (VALLIN, 2015).

Essa alta inserção de pessoas entre 20 a 49 anos nas populações, notadamente masculina, em parte, pode estar associada as necessidades de o mercado demandar por pessoas com experiências adquiridas, bem como, são pessoas em que estão em maior vigor físico (DEDECA; CUNHA, 2004). O que também deve se ressaltar é o caso da baixa participação relativa das mulheres, nas idades mais jovem nos fluxos e uma maior participação nas mais avançadas. Tal fato, está associado ao processo tardio, tanto dos deslocamentos como da inserção laboral dessas, em relação aos homens (FUSCO, 2000). Por outro lado, o fluxo em idades mais avançadas ratifica o que é posto por Ravenstein (1985) que os deslocamentos de curta distância são predominados pelas mulheres.

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Figura 1. Pirâmides etárias das grandes regiões brasileira, comparando a população que pendula para trabalho com a residente em 2010

4. Conclusões

Em vista dos breves argumentos apontados, infere-se que os deslocamentos cotidianos por trabalho no Brasil têm se reconfigurado paulatinamente, com os

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População que trabalha - Masc População que trabalha - Fem População total - Masc População total - Fem

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População que trabalha - Masc População que trabalha - Fem População total - Masc População total - Fem

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População que trabalha - Masc População que trabalha - Fem População total - Masc População total - Fem

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População que trabalha - Masc População que trabalha - Fem População total - Masc População total - Fem

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População que trabalha - Masc População que trabalha - Fem População total - Masc População total - Fem

Norte Nordeste

Sudeste

Centro Oeste Sul

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avanços da urbanização e metropolização que propiciaram um desenvolvimento das atividades econômicas, bem como criaram várias oportunidades pelo país. Isso tem sido um dos principais diferenciais e influências sobre o aumento do fluxo pendular.

Sendo assim, é importante mencionar que é preciso analisar influências das condicionantes demográficas (mortalidade e fecundidade) sobre a pendularidade também e não se restringir ao olhar exclusivo dos aspectos econômicos. No entanto, os deslocamentos populacionais estão sendo estimulados cada vez mais por condicionantes específicos, seja pela demanda do mercado por força de trabalho, ou pela necessidade do indivíduo por capital. Tal relação tem transformado numa harmonização de interesses entre o trabalhador e o capital.

Diante de tais achados, tem-se que os deslocamentos diários nas regiões estudadas (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro Oeste), apresentam uma dinâmica onde a pendularidade possui várias influências, pois o indivíduo tem diversas motivações para realizar essa mobilidade entre o local de moradia e de trabalho. Com isso, evidencia-se que os movimentos por tais questões possuem particularidade próprias de cada área. Em linhas gerais, é constatado que a pendularidade em âmbito regional, apresenta um comportamento que merece ser mais explorado, de um ponto de vista mais específico, contemplando aspectos não abordados por esse estudo.

5. Referências

BAENINGER, R. A. Expansão, Redefinição ou Consolidação dos Espaços da

Migração em São Paulo? Análises a partir dos primeiros resultados do Censo 2000. Anais do XIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais – ABEP, Ouro Preto,

2002

DEDECA, C. S; CUNHA, J. M. P. Migração, trabalho e renda nos anos 90: o caso da RMSP, Revista Brasileira de Estudos Populacionais – REBEP, campinas, v. 21, n. 1, p 49-66, 2004.

FUSCO, W. Diferenciais por sexo nas migrações internacionais. In: Anais do XII Encontro Nacional de Estudos Populacionais – ABEP, caxambu – MG, 2000.

GAUDEMAR, J. P. Mobilidade do trabalho e acumulação do capital. Lisboa, Estampa 1997.

RAVENSTEIN. E. G, The laws of migration, jounal of the Royal statistical societv, v.48, p.167-235, 1885.

VALLIN, J. Expectativa de vida no Mercado de trabalho brasileiro. Texto para

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