Resiliência, Felicidade e Funcionalidade em idosos participantes num
programa de intervenção psicomotora
Dissertação de Mestrado em Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso
Andreia Patrícia Sousa Freitas
Orientadora:
Professora Doutora Ana Rita Silvestre Bodas
III
Resiliência, Felicidade e Funcionalidade em idosos participantes num
programa de intervenção psicomotora
Dissertação de Mestrado em Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso
Andreia Patrícia Sousa Freitas
Orientadora:
Professora Doutora Ana Rita Silvestre Bodas
Composição do Júri:
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V
Esta dissertação foi expressamente elaborada com vista à obtenção do grau de Mestre em Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob a orientação da Professora Doutora Ana Rita Silvestre Bodas.
VII
"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós, Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery)
IX
Aos meus avós, Que partiram cedo demais, Que levaram amor e deixaram saudade, Para sempre no meu coração.
XI
A finalização deste trabalho deve-se a todos que de forma direta ou indireta acompanharam este percurso e demonstraram o seu apoio.
À minha orientadora, Professora Doutora Ana Rita Silvestre Bodas pela sua orientação crítica e construtiva. Pelo encorajamento, disponibilidade e compreensão. Pela transmissão de conhecimentos, que enriqueceram inquestionavelmente o meu percurso a nível académico e pessoal. O meu reconhecimento pelo seu exemplo. Todas as palavras seriam poucas para agradecer!
À Fisioterapeuta Maria Paulina de Ornelas Oliveira por todo o apoio incondicional, conhecimentos transmitidos, disponibilidade e incentivo. Aqui fica o meu reconhecimento pelo seu trabalho!
Ao Instituto de Segurança Social da Madeira, IP-RAM, ao Estabelecimento Bela vista, em especial à direção, e a toda a equipa multidisciplinar que proporcionou esta experiência. Aos fisioterapeutas: Vânia, Sara, Marta, e Paulo, pela simpatia, carinho e disponibilidade com que me receberam e integraram na equipa.
A todos os participantes que de forma voluntária colaboraram no estudo e tornarem este percurso mais especial. Obrigada por contribuírem no meu enriquecimento pessoal e profissional!
A todos os docentes que lecionaram a Licenciatura de Reabilitação Psicomotora e o Mestrado de Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso, obrigada por transmitirem e orientarem a procura de conhecimentos a nível académico e pessoal.
Aos colegas do Mestrado pela amizade, incentivo, motivação e suporte. Em especial ao Diogo Nóbrega, companheiro deste percurso, pelos momentos que nos encorajámos um ao outro, pela ajuda e paciência, por ser um amigo de todas as horas! À Rita companheira e amiga, obrigada pela tua ternura e por seres quem és.
À família de Vila Real, aos amigos que acompanharam todo o processo, pelo carinho com que me acolheram e tornaram desta cidade um pouco minha. Em especial à Andresa, por estar sempre presente e fazer da sua casa, minha. À Typhanie e à Marilyne por serem as irmãs que escolhi, e estarem sempre para mim.
À professora Carla e restantes docentes da Oficina de Pitágoras pela ajuda, paciência e incentivo. À Catarina por ser amiga e companheira em todos os momentos.
XII
ajudar. À Sofia por me motivar e acreditar em mim. Obrigada pela confiança que sempre depositaram em mim.
À minha querida madrinha e prima Liliana, pela paciência, ajuda e carinho. Por nunca perder a fé em mim e dedicar dias para me apoiar e motivar. Obrigada por estares sempre à distância de um telefonema.
Aos meus pais, por todos os conhecimentos e valores transmitidos ao longo da vida, por estarem sempre presentes em todos os meus passos, por fazerem os possíveis e impossíveis por mim, e por fazerem parte de todas as minhas conquistas. Eternamente grata.
A todos, que embora aqui não citados, de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho, aqui deixo a minha profunda gratidão.
XIII
Freitas, A. S. & Oliveira, M. P. O. & Bodas, A.R. (In Press). Resilience, Happiness and Functionality in a group of institutionalized elderly people: Psychomotricity as an answer. In International Congress of Health and Well-Being Intervention (ICHWBI), Viseu, Portugal May 31- June 01, 2019. Work: A Journal of Prevention, Assessment and Rehabilitation.
XV
Agradecimentos ... XI Publicações realizadas no âmbito da dissertação de mestrado ... XII Índice ... XV Índice de Figuras ... XVII Índice de Tabelas ... XIX Índice de Anexos ... XXI Lista de Abreviaturas, Siglas e Acrónimos ... XXIII Resumo ... XXV Abstract ... XXVII
Capítulo 1 Introdução Geral ... 1
Capítulo 2 Revisão de Literatura ... 3
1.1. Introdução ... 9
1.2. Envelhecimento ... 9
1.3. Funcionalidade na terceira idade ... 11
1.4. Idoso Institucionalizado ... 12
1.5. Resiliência no idoso ... 12
1.5. Felicidade na terceira idade ... 15
1.6. Intervenção psicomotora ... 16
1.7. Intervenção psicomotora como ferramenta mediadora da Resiliência, Felicidade e Funcionalidade de Idosos Institucionalizados ... 18
Capítulo 3 Contribuição Empírica ... 31
Estudo I - Resiliência, Felicidade e Funcionalidade num grupo de idosos institucionalizados: a Psicomotricidade como resposta ... 33
Estudo II - A intervenção psicomotora como mediador de Resiliência e Felicidade num grupo de idosos institucionalizados: Frequência e Evolução ... 63
Estudo III – Relação entre o perfil psicomotor e a funcionalidade num grupo de idosos institucionalizados ... 93
Capítulo 4 Conclusão Final ... 94
XVII
ÍNDICE DE FIGURAS
Estudo I
Figura 1. Organograma do processo de seleção da amostra
Estudo II
Figura 1. Fluxograma da frequência ao programa
Figura 2. Progressão da resiliência, nos momentos de avaliação
Figura 3. Progressão da felicidade subjetiva, nos momentos de avaliação
Estudo III
XIX
ÍNDICE DE TABELAS
Estudo I
Tabela 1. Caracterização sociodemográfica da amostra
Tabela 2. Caracterização sociodemográfica dos grupos
Tabela 3. Avaliação da resiliência
Tabela 4. Índice global de felicidade subjetiva
Tabela 5. Avaliação da independência nas atividades de vida diária, por grupos
Tabela 6. Nível de independência nas atividades básicas de vida diária, por grupos
Tabela 7. Perfil psicomotor dos idosos, por grupos
Tabela 8. Programa de intervenção psicomotora
Estudo II
Tabela 1. Caracterização sociodemográfica da amostra
Tabela 2. Avaliação da resiliência
Tabela 3. Avaliação da felicidade subjetiva
Tabela 4. Correlação entre a Escala de Resiliência e Escala de Felicidade subjetiva,
após 6 meses de intervenção psicomotora
Tabela 5. Avaliação das competências psicomotoras
Tabela 6. Perfil psicomotor dos idosos
Tabela 7. Correlação entre as competências psicomotoras e os fatores de resiliência e
felicidade, após 6 meses de intervenção psicomotora
Tabela 8. Correlação entre os resultados totais da aplicação do Exame
Geronto-Psicomotor com a Escala de Resiliência e a Escala de Felicidade Subjetiva e a Escala de Resiliência com a Escala de Felicidade Subjetiva
XX
Estudo III
Tabela 1. Caracterização sociodemográfica da amostra
Tabela 2. Nível de independência nas atividades básicas de vida diária
Tabela 3. Avaliação da independência nas atividades básicas de vida diária nos grupos
por itens
Tabela 4. Avaliação das competências psicomotoras, por grupos
Tabela 5. Perfil psicomotor dos idosos, por grupos
Tabela 6. Correlação entre as competências psicomotoras analisadas pelo Exame
Geronto-Psicomotor e o nível de independência nas atividades de vida diária obtidas pelo Índice de Barthel, após 6 meses de intervenção psicomotora
Tabela 7. Correlação dos resultados totais finais da aplicação do Exame
XXI
ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo 1. Consentimento Informado da Instituição
Anexo 2. Autorização da detentora de direitos de autor do Exame Geronto-Psicomotor
Anexo 3. Autorização da detentora de direitos de autor da Escala de Resiliência
Anexo 4. Autorização do detentor de direitos de autor da Escala de Felicidade Subjetiva
Anexo 5. Gráficos Radar da Aplicação do Exame Geronto-Psicomotor, por grupos
Anexo 6. Exemplo de plano de sessão do grupo A
Anexo 7. Exemplo de plano de sessão do grupo B
XXIII
LISTA DE ABREVIATURAS,SIGLAS E ACRÓNIMOS
ABVD Atividade Básica de Vida Diária
AVD Atividade de Vida Diária
EBV Estabelecimento Bela Vista
EFS Escala de Felicidade Subjetiva
EGP Exame Geronto-Psicomotor
ER Escala de Resiliência
DC Defeito Cognitivo
DSM-5 Manual de diagnóstico e Estatística das perturbações mentais, 5º Edição
IB Índice de Barthel
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
INE Instituto Nacional de Estatística
ISSM Instituto de Segurança Social da Madeira
IP-RAM Instituto Público da Região Autónoma da Madeira
MI Membros inferiores
MMSE Mini-Mental State Examination
MS Membros superiores
OMS Organização Mundial de Saúde
XXV
As modificações biopsicossociais diárias resultantes do processo de envelhecimento são responsáveis pela diminuição da funcionalidade do idoso e, consequentemente, das suas emoções positivas. É, assim, fundamental que o idoso detenha capacidades para superar as adversidades associadas a esta fase de vida. A intervenção psicomotora, como abordagem terapêutica que intervém no indivíduo de forma holística, compreendendo os seus aspetos corporais e motores, cognitivos e sócio-afetivos, pode constituir uma resposta a este processo. Numa primeira fase foi realizada uma revisão de literatura que permitiu fundamentar os constructos em estudo. Definiu-se como objetivo principal analisar de que forma um programa de intervenção psicomotora (PIP) pode influenciar a resiliência, felicidade e funcionalidade de idosos institucionalizados. A amostra foi recolhida no Estabelecimento Bela Vista (EBV), no Funchal. Foram realizados três estudos. No primeiro estudo foram analisadas as características da amostra e apresentado o desenho de um PIP com base na avaliação inicial. O primeiro estudo permitiu dividir a amostra em dois grupos: o grupo A, composto por 43 utentes que não demonstravam defeito cognitivo (DC) e o grupo B, composto por 18 utentes com critérios de DC. O segundo estudo, incluiu os sujeitos do grupo A e analisou-se o efeito do PIP na resiliência e felicidade dos idosos. No terceiro estudo, avaliou-se o efeito do PIP na capacidade funcional e no perfil psicomotor de ambos os grupos. Foram utilizados, na presente investigação, os seguintes instrumentos de recolha de dados: o Mini-Mental State Examination (MMSE) para seleção e divisão da amostra quanto à presença ou não de DC, o Índice de Barthel (IB) e o Exame Geronto-Psicomotor (EGP) para avaliação da capacidade funcional e do perfil psicomotor respetivamente e, para a avaliação psico-emocional, a Escala de Resiliência (ER) e a Escala de Felicidade Subjetiva (EFS). Os resultados da investigação indicaram melhorias significativas na resiliência (p<0,05), felicidade (p<0,05) e capacidade funcional (p<0,05) do Grupo A. Observaram-se diferenças entre o grupo com DC e sem DC a nível psicomotor e funcional. Os resultados suportam a intervenção psicomotora como uma ferramenta mediadora de resiliência (r=0,493, p=0,003), felicidade (r=0,667, p<0,05) e funcionalidade (r=0,701, p<0,05) para a população idosa. Em ambos os estudos realizados, verificou-se que a intervenção psicomotora teve um impacto positivo no perfil psicomotor total dos idosos. Os dados da investigação permitem concluir que a intervenção psicomotora poderá ter um papel fulcral no envelhecimento, atuando positivamente na resiliência, felicidade e funcionalidade dos idosos.
Palavras-chave: Envelhecimento, resiliência, felicidade, funcionalidade e Psicomotricidade.
XXVII
The daily biopsychosocial changes resulting from the aging process are responsible for the decrease in the elderly's functionality and, consequently, their positive emotions. Therefore, it is essential that the elderly have the ability to overcome the adversities associated with this phase of life. Psychomotor intervention, as a therapeutic approach that intervenes in the individual in a holistic manner, understanding their body, motor, cognitive and socio-affective aspects, may be a response to this process. In a first phase, a literature review was realized to substantiate the constructs under study. The main objective was to analyze how a psychomotor intervention program (PIP) can influence the resilience, happiness and functionality of institutionalized older people. The sample was collected at Estabelecimento Bela Vista (EBV), in Funchal. Three studies were conducted. In the first study, the characteristics of the sample were analyzed, and the design of a PIP was presented based on the initial evaluation. The first study made it possible to separate the sample into two groups: group A, composed by 43 users who didn’t demonstrate cognitive defect (DC), and group B, composed by 18 users with DC criteria. The second study included subjects from group A and analyzed the effect of PIP on resilience and happiness. In the third study, the effect of PIP on the functional capacity and on psychomotor profile of both groups was assessed. The instruments used to collect the data were: the Mini-Mental State Examination (MMSE) for the selection and partition of the sample regarding the presence or absence of CD, the Barthel Index (IB) and the Geronto-Psychomotor Examination (EGP) for the evaluation of functional capacity and psychomotor profile, respectively, and, for the psycho-emotional assessment, was applied the Resilience Scale (ER) and the Subjective Happiness Scale (EFS). The research results indicated significant improvements in Group A, namely in, resilience (p<0,05), happiness (p<0,05) and functional capacity (p<0,05). There were differences between the group with and without CD at the psychomotor and functional levels. The results support the psychomotor intervention as a mediating tool of resilience (r=0,493, p=0,003), happiness (r=0,667, p<0,05) and functionality (r=0,701, p<0,05) for the older people. In both studies, was found that the psychomotor intervention had a positive impact on the psychomotor profile of the elderly. The research data allow us to conclude that the psychomotor intervention may play a key role in aging, acting positively on the resilience, happiness and functionality of the elderly.
CAPÍTULO 1
3 O envelhecimento é uma realidade inevitável comum a todos os seres humanos, que ocorre desde o nascimento até à morte, e que está associado a diversas alterações biopsicossociais irreversíveis que podem afetar a vida do idoso (Freitas, Queiroz, & Sousa, 2010; Xia, Chen, McDermott, & Han, 2017). Este processo provoca uma alteração na capacidade funcional do idoso, resultante da interação entre as variáveis individuais que incluem a saúde física e mental, as capacidades cognitivas, a afetividade, a autoeficácia, a qualidade de vida e o ambiente social (Sumngern, Azeredo, Subgranon, Sungvorawongphana, & Matos, 2010).
Assim, envelhecer pressupõe modificações irreversíveis (Ciosak et al., 2011; Freitas
et al., 2010; Kirkwood, 2008; Xia et al., 2017) que, consequentemente, comprometem a
resiliência, a felicidade, a funcionalidade, e o perfil psicomotor do idoso. É importante que o indivíduo possua competências internas que lhe permitam superar e enfrentar as adversidades (Afonso, 2012), de forma a potenciar as emoções positivas no seu quotidiano e, assim, garantir um sentido de vida (Barros-Oliveira, 2010) alcançado por sentimentos de prazer e satisfação (Sumngern et al., 2010).
A Psicomotricidade estuda as relações e influências recíprocas e sistemáticas entre o psiquismo e a motricidade (Fonseca, 2004), tendo como finalidade associar o corpo, o cérebro e todos os ecossistemas envolventes (Fonseca, 2010a, 2010b). A intervenção psicomotora pode ser utilizada de modo a promover os mecanismos de proteção e de resolução de problemas que potencializem emoções positivas, através da promoção das competências biopsicossociais (Fonseca, 2010a).
O desenvolvimento de estratégias internas com o intuito de enfrentar e superar os obstáculos, alcançando maior frequência de emoções positivas beneficia de uma mediação externa, pelo que a intervenção psicomotora pode constituir uma resposta válida.
A literatura sobre resiliência, felicidade e funcionalidade relacionadas com o processo de envelhecimento é escassa. Assim, foram encontradas várias lacunas na relação dos constructos de resiliência (Gooding, Hurst, Johnson, & Tarrier, 2012; Lavretsky & Irwin, 2007; Pinheiro, 2004; Windle, Markland, & Woods, 2008), e de felicidade (Pais-ribeiro, 2014; Sumngern et al., 2010; Veenhoven, 2009) com o envelhecimento, bem como quando relacionamos qualquer um destes conceitos à Psicomotricidade. Procurámos perceber se existia na literatura alguma intervenção capaz de melhorar e/ou promover os construtos mencionados (Calitz, 2017; Leppin et al., 2014; Resnick & Inguito, 2011; Resnick, Gwyther, & Roberto, 2011; Windle, Bennett,
4
& Noyes, 2012), no entanto, não encontrámos estudos que explorem a ligação entre estes conceitos.
Neste sentido, o objetivo principal deste estudo foi analisar de que forma a resiliência, felicidade e funcionalidade do idoso institucionalizado, poderão ser influenciadas por um programa de intervenção psicomotora (PIP) desenhado com base nas características específicas da amostra.
Os objetivos específicos da presente investigação foram: i) caracterizar o perfil da amostra e desenvolver/implementar um PIP desenhado para os idosos participantes; ii) perceber de que modo a adesão e participação num PIP pode influenciar a resiliência e felicidade no idoso; iii) analisar o efeito de um PIP na funcionalidade de idosos institucionalizados, com e sem defeito cognitivo (DC).
Para dar resposta aos objetivos propostos, a dissertação foi dividida em quatro capítulos. Depois do capítulo 1, a introdução, o segundo capítulo é dedicado à revisão de literatura, foi realizado no sentido de enquadrar o papel da intervenção psicomotora na manutenção e/ou melhoria da resiliência, felicidade e funcionalidade dos idosos institucionalizados, e visou apresentar uma revisão da literatura com base na evidência de publicações dos últimos 10 anos, incluindo ainda, alguns artigos anteriores de particular relevância. O terceiro capítulo, intitulado contribuição empírica, inclui 3 estudos:
• O Estudo 1 caracteriza a amostra em estudo, nas suas variáveis biológicas e sociodemográficas e apresenta um PIP desenvolvido para responder às características da amostra;
• O Estudo 2 é um estudo longitudinal quasi-experimental, que tem como objetivos analisar os níveis de frequência e influência de um PIP na resiliência e felicidade de idosos institucionalizados;
• O Estudo 3 tem um desenho longitudinal quasi-experimental e tem como objetivo analisar e comparar a evolução e influência do perfil psicomotor na funcionalidade de dois grupos de idosos institucionalizados participantes num PIP.
Por fim, o quarto capítulo apresenta as principais conclusões do presente trabalho.
5
Referências
Afonso, M. (2012). Stress, coping e resiliência em pessoas idosas. In Lidel (Ed.), Manual de Gerontologia (pp. 163–178). Lisboa.
Barros-Oliveira, J. (2010). Felicidade, optimismo, esperança e perdão em jovens, adultos e idosos. Psychologica, 1, 123–148.
Calitz, C. (2017). Are resilience programs effective? American Journal of Health Promotion, 32(3), 822–827.
Ciosak, S. I., Braz, E., Costa, M. F. B. N., Nakano, N. G. R., Rodrigues, J., Alencar, R. A., & Rocha, A. C. A. L. (2011). Senectud y senilidad: nuevo paradigma en la atención básica de salud. Revista Escuela de Enfermería, 45, 1761–1765.
Fonseca, V. (2004). Psicomotricidade: Uma abordagem multidisciplinar. A Psicomotricidade, 3, 15–31.
Fonseca, V. (2010a). Manual de observação psicomotora: Significação psiconeurológica dos seus fatores (3a). Âncora.
Fonseca, V. (2010b). Psicomotricidade: uma visão pessoal. Construção Psicopedagógica, 18(17), 42–52.
Freitas, M. C., Queiroz, T., & Sousa, J. (2010). The meaning of old age and the aging experience of in the elderly. Revista Da Escola De Enfermagem Da USP, 44(2), 407–412. https://doi.org/10.1590/S0080-62342010000200024
Gooding, P. A., Hurst, A., Johnson, J., & Tarrier, N. (2012). Psychological resilience in young and older adults. International Journal of Geriatric Psychiatry, 27(3), 262– 270. https://doi.org/10.1002/gps.2712
Kirkwood, T. B. L. (2008). A systematic look at an old problem. Nature, 451, 644–647. https://doi.org/10.1038/451644a
Lavretsky, H., & Irwin, M. R. (2007). Resilience and aging. Aging Health, 3(3), 309–323. https://doi.org/10.2217/1745509X.3.3.309
Leppin, A., Bora, P., Tilburt, J., Gionfriddo, M., Zeballos-Palacios, C., Dulohery, M., … Montori, V. (2014). The efficacy of resiliency training programs: a systematic review and meta-analysis of randomized trials. PLoS ONE, 9(10). https://doi.org/10.1371/journal.pone.0111420
Pais-ribeiro, J. (2014). Felicidade , bem-estar , qualidade de vida e saúde, (January 2012).
Pinheiro, N. (2004). A resiliência em discussão. Psicologia Em Estudo, 9(1), 67–75. Resnick, B. A., & Inguito, P. L. (2011). The Resilience Scale: psychometric properties
6 20. https://doi.org/10.1016/j.apnu.2010.05.001
Resnick, B., Gwyther, L. P., & Roberto, K. A. (2011). Resilience in aging: concepts, research, and outcomes. Resilience in Aging: Concepts, Research, and Outcomes. https://doi.org/10.1007/978-1-4419-0232-0
Sumngern, C., Azeredo, Z., Subgranon, R., Sungvorawongphana, N., & Matos, E. (2010). Happiness among the elderly in communities : A study in senior clubs of Chonburi Province , Thailand, 47–54. https://doi.org/10.1111/j.1742-7924.2010.00139.x
Veenhoven, S. (2009). Two concepts of Happiness. World Database of Happiness, (May), 4–17.
Windle, G., Bennett, K. M., & Noyes, J. (2012). The contribution of resilience to healthy ageing. Perspectives in Public Health, 132(4), 159–160. https://doi.org/10.1186/1477-7525-9-8
Windle, G., Markland, D. A., & Woods, R. T. (2008). Examination of a theoretical model of psychological resilience in older age. Aging and Mental Health, 12(3), 285–292. https://doi.org/10.1080/13607860802120763
Xia, X., Chen, W., McDermott, J., & Han, J.-D. J. (2017). Molecular and phenotypic
biomarkers of aging. F1000Research, 6(0), 860.
CAPÍTULO 2
9
1.1. Introdução
A população idosa ocupa atualmente um papel fundamental na estrutura da sociedade, dado que a população mundial é composta maioritariamente por indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos (Carneiro, 2012; Fuente, Santiago, Román, Dumitrache, & Casasanto, 2014).
A diminuição da taxa de mortalidade, o aumento da longevidade (Carneiro, 2012;
Kirkwood, 2008)e o declínio da fecundidade (INE, 2017), originaram uma inversão da
pirâmide das idades, levando a uma redução relativa da população e um aumento relativo de idosos (Carneiro, 2012).
A nível global, a percentagem de indivíduos com mais de 60 anos subiu de apenas 8% do total da população mundial em 1950, para cerca de 11% em 2011, sendo expectável um aumento drástico de pessoas idosas em 2050 que deverá atingir 22% da população mundial (Beard, Biggs,Bloom, Fried, Hogan, Kalache, 2012). De acordo com as projeções nacionais, prevê-se que, em 2030, os idosos representem cerca de 26% da população e, em 2060, cresçam para 29% (Ministério do Trabalho, Social, &
Planeamento, 2017).Atualmente, Portugal apresenta um índice de envelhecimento de
147 pessoas idosas por cada 100 jovens (Lima, 2018).
Este aumento demográfico obriga à compreensão do processo de envelhecimento nas suas diferentes variáveis físicas e psico-emocionais e cria a necessidade de respostas sociais, com condições que contribuam para um envelhecimento ativo, autónomo e digno (Sousa & Oliveira, 2015).
1.2. Envelhecimento
O envelhecimento está associado a um conjunto de alterações biológicas (Freitas,
Queiroz, Sousa, 2010; Xia, Chen,McDermott, Han, 2017), psicológicas e sociais (Freitas
et al., 2010; Kirkwood, 2008), complexas e progressivas (Kirkwood, 2005), que se processam ao longo do ciclo de vida de todos os organismos vivos, sustentadas por alterações moleculares (Kirkwood, 2008; Xia et al., 2017) que conduzem a um aumento da fragilidade (Kirkwood, 2005), incapacidade, doença e, eventualmente, à morte
(Kirkwood, 2005, 2008). É um processo que resulta de mudanças fisiológicas subtis que
ocorrem ao longo do tempo e que estão associadas à idade cronológica (Agich, 2016; Fuente et al., 2015). A forma como o indivíduo envelhece resulta de uma complexa interação de fatores genéticos e ambientais (Perls,Kunkel,Puca,2006; Ferreira, Maciel, Costa, Silva, & Moreira, 2012), assim, indivíduos da mesma idade podem não
10 envelhecer na mesma proporção (Xia et al., 2017). Não obstante a sua universalidade, existem, todavia, várias formas de envelhecer, associadas tanto à variabilidade das características dos indivíduos como ao seu contexto sociocultural (Miguel, 2014; Nunes, 2015).
Biologicamente, o envelhecimento é caracterizado por um declínio funcional celular
(Kirkwood, 2008; Xia et al., 2017) relacionado a um aumento da probabilidade de morbilidade (Höhn, Weber, Jung, Ott, Kochlik, Kehm, Kong, Grune, Castro, 2017), resultante de um declínio molecular (Kirkwood, 2005, 2008).
Está também associado ao declínio cognitivo, da memória, linguagem, funções visuoespaciais, funções executivas (Harada, Love, & Triebel, 2013; Morrison & Baxter,
2013; Nyberg, Lövdén, Riklund, Lindenberger, & Bäckman, 2012) e a uma redução dos
recursos cognitivos fundamentais para processar, armazenar, recuperar e transformar informações (Daniel, 2015; Harada et al., 2013; Kraft, 2012).ÉCaracterizado pela perda sináptica e morte celular neural, ou seja, atrofia cerebral (Morrison & Baxter, 2013). Embora a ocorrência de alterações cognitivas seja esperada como parte do processo de envelhecimento normal, pode surgir devido ao aparecimento de diversas patologias
(Ciosak et al., 2011; Daniel, 2015).
Ao nível psicossocial, ocorre um enfraquecimento das relações interpessoais, resultado de uma menor interação com o meio envolvente (Cudjoe et al., 2018; Miguel, 2014). O idoso tende a retirar-se das atividades habituais do quotidiano e ficar mais isolado (Charles, Piazza, Luong, & Almeida, 2010; Hébert, 1997).
Envelhecer é, portanto, um processo físico marcado por alterações corporais
(Harada et al., 2013), mas também por limitações físicas e sociais (Menezes, Lopes, & Azevedo, 2009).
É o período da vida com mais predisposição para doenças, pois os idosos encontram-se mais suscetíveis às vulnerabilidades que provém da sociedade em que estão inseridos, encontrando-se frágeis (Kirkwood, 2008).
Ao nível psicomotor, o efeito inevitável da idade inverte a sequência dos fatores transicionais do desenvolvimento, e assim, introduz a noção de retrogénese, processo no qual as mudanças das habilidades psicomotoras ocorrem de forma inversa à aquisição no desenvolvimento motor normal (Borges, Aprahamian, Radanovic, &
Forlenza, 2010; Borges et al., 2009). Por outras palavras, há uma involução
11 cerebral, do mais complexo ao mais simples, do mais programado ao mais reflexo, do mais fino ao mais global, do mais seletivo ao mais difuso, pressupondo uma desintegração da hierarquia estrutural e consequentemente uma desorganização vertical descendente (Fonseca, 2009). É caracterizado por uma lentificação psicomotora, traduzida num aumento do tempo de aprendizagem, da correção e reajuste de resposta (Pereira, 2004).
1.3. Funcionalidade na terceira idade
O envelhecimento é caracterizado por um declínio funcional (Ferreira et al., 2012; Freitas et al., 2010; Hébert, 1997) que incapacita o idoso de satisfazer as suas necessidades básicas, carecendo de apoio de terceiros para sobreviver (Luppi, 2010;
Sequeira, 2010; World Health Organization, 2007).
O comprometimento da funcionalidade pode ser provocado pela senescência do percurso típico do envelhecimento, ou pela senilidade, provocada por um desviante patológico (Sequeira, 2010) e resulta da interação entre as variáveis individuais que incluem a saúde física e mental, as capacidades cognitivas, a afetividade, a autoeficácia, a qualidade de vida e o ambiente social (Sumngern et al., 2010).Implica modificações que alteram a vida dos idosos e a capacidade para realizar determinadas atividades de vida diária (AVD’s) (Ferreira et al., 2012), exigindo que executem novos ajustes pessoais, físicos, corporais, sociais e culturais de modo a dar sentido à sua vida (Lima, Valença, & Reis, 2016).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) (2015), a capacidade funcional está relacionada com o estado de saúde, constituído pela capacidade intrínseca do indivíduo, pelos défices estruturais e funcionais, pelas características ambientais e pelas interações entre o indivíduo e essas características.
Os diversos domínios da capacidade funcional são considerados cruciais na vida do idoso (Hébert, 1997; World Health Organization, 2015), nomeadamente: movimentar-se, construir e manter relacionamentos, realizar as suas necessidades básicas, aprender, crescer e tomar decisões (Harada et al., 2013; Hébert, 1997; Rowe, Kahn,
1997; WHO, 2015). A vulnerabilidade resultante das mudanças, diminui a funcionalidade
do indivíduo ao afetar a força interna necessária para realizar as AVD’S (Ferreira et al., 2018).
A dependência é o resultado habitual do declínio funcional do idoso, em consequência do aparecimento de complicações patológicas (Ferreira et al., 2012;
12
Sequeira, 2010). Embora a função física diminuía com a idade e a dificuldade em realizar as AVD’s aumente gradualmente (Demura, Sato, Minami, & Kasuga, 2003), a funcionalidade é superior nos idosos independentes, que se demonstram mais capazes de realizar as suas AVD’s (Demura et al., 2003).
A redução da capacidade funcional e cognitiva de idosos institucionalizados parece ocorrer após o período de um ano, o que torna crucial o desenvolvimento de estratégias para estimular os idosos de modo a manter/promover a sua independência (Oliveira, Konzen, Fleig, & Signori, 2019).
1.4. Idoso Institucionalizado
A reestruturação dos sistemas de apoio é um indicador de preocupação e adaptação social nesta fase da vida (Carvalho & Dias, 2011). Em Portugal, existem diversas entidades responsáveis pela organização de programas de apoio a idosos. A Segurança Social é uma dessas entidades, oferecendo respostas de apoio social que objetivam promover a autonomia, a integração social e a saúde (Instituto de Segurança
Social da Madeira IP-RAM, 2018).
As estruturas residenciais para idosos são uma resposta de apoio à institucionalização, temporária ou permanente. Estas estruturas devem ser dotadas de ambientes estimulantes e acolhedores, permitindo ao idoso manter-se ativo, capaz e com uma boa qualidade de vida (Almeida & Rodrigues, 2008).
Independentemente da causa atribuída à institucionalização, é frequente verificar o seu impacto nos idosos, sendo evidentes sentimentos de perda, de tristeza, de medo e de ansiedade, sentimentos que representam a separação da família e perceção de estadia no seio de um local desconhecido (Oliveira, 2014). Contudo, importa salientar que, nos casos em que o idoso vive isolado, a institucionalização traz ganhos visíveis pois aumenta a rede social, a sensação de segurança e o acompanhamento e prestação de cuidados (Oliveira, 2014).
1.5. Resiliência no idoso
Envelhecer é um fator de stress para muitos indivíduos devido a múltiplas perdas interpessoais, financeiras, declínio de saúde e/ou da independência (Dog, 2012;
Lavretsky & Irwin, 2007).A manutenção do bem-estar da pessoa idosa e a recuperação
da doença ou de uma incapacidade podem ser influenciadas pela capacidade de resiliência individual (Dog, 2012; Hardy, Concato, & Gill, 2004).
13 A pesquisa sobre esta competência tem mais de duas décadas e tem sido desenvolvida em diferentes contextos e grupos etários (Gonçalves & Camarneiro,
2018). Atualmente, não existe uma definição pura de resiliência, mas existem inúmeras
conceptualizações (Kessel, 2013), em vários campos (Calitz, 2017).
A resiliência pode ser definida como a capacidade de recuperar das adversidades no decorrer de diferentes experiências (Kessel, 2013; Windle, Bennett, & Noyes, 2012), quer isto dizer, capacidade de resistência ao stress, ultrapassando a adversidade e evoluindo pessoalmente (Rutter, 2006; Windle et al., 2008). Este constructo pode também ser definido como a habilidade de manter a saúde funcional e psicológica durante a exposição a eventos de vida causadores de stress (O’Hara et al., 2012; Rutter,
2006), a habilidade para manter saúde física e emocional após uma perda (Resnick &
Inguito, 2011), e/ou a resistência para desordens psicológicas quando o indivíduo é exposto a um stress ou trauma (Bonanno, 2004; Rutter, 2006).Pode ser entendida como um processo que permite ao indivíduo afastar perturbações do equilíbrio fisiológico ou psicológico (Lavretsky & Irwin, 2007), adaptando a mente, o corpo e o espírito à sua situação de vida atual (Connor & Zhang, 2006) por meio de mudanças que facilitam o seu crescimento pessoal e o enfrentamento por meio do acesso aos seus recursos e pontos fortes pessoais (Calitz, 2017; Hardy et al., 2004; Lavretsky & Irwin, 2007).
É um conceito interativo (Rutter, 2006) queresulta da influência dinâmica de fatores internos e externos protetores da adversidade, que minimizam o risco de disrupção da estrutura do eu, mediante a criação de um sentido para vida e de um significado para as próprias circunstâncias desfavoráveis. Quando os fatores externos não estão disponíveis, é acionada a mobilização dos internos, tornando-se então o principal pilar para suportar e ultrapassar a adversidade (Ralha-Simões, 2017).
Esta competência influencia o envelhecimento bem-sucedido e pode ser associada a diferentes recursos pessoais, que levam a comportamentos adaptativos e que atuam como fatores protetores diante da adversidade (Rutter, 2012). Assim, o conceito de envelhecimento resiliente pode ser útil para perceber o processo de envelhecimento experienciado pelo idoso, e quais os aspetos que o influenciam perante as vulnerabilidades (Hicks & Conner, 2014).
Hicks & Conner (2014) sugeriram um modelo para o envelhecimento resiliente, onde a presença de risco e/ou adversidade é um antecedente necessário para o equilíbrio interno. A adversidade tem uma relação direta com os fatores de proteção.
14 Este modelo evidencia que todas as pessoas idosas podem modificar os atributos resilientes de modo a alterarem a sua qualidade de vida.
As características chave para um elevado nível de resiliência incluem fatores sociais, mentais e físicos (MacLeod, Musich, Hawkins, Alsgaard, & Wicker, 2016), estes incluem estilos de coping (Hamarat, Thompson, Steele, Matheny, & Simons, 2002; Hicks & Conner, 2014; Lavretsky & Irwin, 2007; MacLeod et al., 2016), auto-conceito (Hicks & Conner, 2014; Lavretsky & Irwin, 2007), auto-estima (Wagnild, 2009), saúde física e mental (Cho, 2014), satisfação com a vida (Cho, 2014; Wagnild, 2009), bem-estar, perceção de eventos de stress, senso de coerência, emoções positivas (Gooding et al., 2012; Lavretsky & Irwin, 2007; Resnick & Inguito, 2011; Smith & Hollinger-Smith, 2015), otimismo e esperança de vida (Gooding et al., 2012; Jeste et al., 2013; MacLeod et al., 2016; Resnick & Inguito, 2011), força interior (Hicks & Conner, 2014), qualidade de vida
(Cho, 2014; Hicks & Conner, 2014) crescimento espiritual, felicidade (Cho, 2014) e suporte social (Fortes, Portuguez, & Argimon, 2009; Hardy et al., 2004; Hicks & Conner, 2014; Kessel, 2013; Leppert, Gunzelmann, Thomas Schumacher, Straub, & Brahler, 2010; Netuveli, Wiggins, Montgomery, Hildon, & Blane, 2008; Nygren et al., 2005), bem como realizar AVD’s e estar fisicamente ativo (Resnick & Inguito, 2011).
O equilíbrio entre os fatores de risco - causadores de um resultado negativo e indesejado na vida do indivíduo e na sua saúde (Paula & Machado, 2010) que aumentam a probabilidade de comportamentos desajustados (Ralha-Simões, 2017) - e fatores de proteção – usualmente nomeados como mediadores pois são as características ambientais e/ou individuais que, num ambiente de risco, modificam o rumo da vida do sujeito para um final mais adaptado (Paula & Machado, 2010) e incluem fatores protetores de cariz interno e externo (Montpetit, Bergeman, Deboeck, Tiberio, & Boker, 2010) - é crucial para a edificação da resiliência (Ralha-Simões, 2017).
Uma elevada resiliência em idosos está associada a baixa depressão e mortalidade
(Gooding et al., 2012; Jeste et al., 2013; Smith & Hollinger-Smith, 2015), mas também à perceção pessoal de envelhecimento bem-sucedido e a um aumento da qualidade de vida e do estilo de vida (Jeste et al., 2013; Nygren et al., 2005; Smith & Hollinger-Smith, 2015).
As doenças mentais ou o défice funcional não fazem prever valores baixos de resiliência, no entanto, ter um forte apoio social, pode promover a resiliência (MacLeod
et al., 2016; Netuveli et al., 2008). No mesmo sentido o suporte social quer antes como
15
1.5. Felicidade na terceira idade
Com a inversão da pirâmide mundial (INE, 2017; World Health Organization, 2002, 2015), e consequentemente um maior número de idosos, a felicidade demonstra um papel importante para sustentar a vida, tornando-se assim um meio para uma variedade de fins, quer na própria saúde, quer sociais (Pérez-álvarez, 2016).
Não existe uma definição científica de felicidade (Dantas, Silva, & Almeida, 2011; Murray, 2018), uma vez que é considerada um constructo indescritível (Schiffer &
Roberts, 2018), sendo este o maior problema de considerar a felicidade como um objeto
científico (Pérez-álvarez, 2016).
O conceito de felicidade tornou-se, contudo, uma condição prévia para o cumprimento de necessidades individuais e por isso durante as duas últimas décadas, a felicidade foi estabelecida como uma das necessidades mais urgentes e primárias dos indivíduos nas sociedades atuais (Cabanas & Sánchez-González, 2016; Veenhoven, 2009).
A felicidade é um estado dinâmico e altera-se ao longo de toda a vida devido às circunstâncias, desafios e adversidades, à constituição genética, aos pensamentos e às ações do indivíduo (Manderscheid & Kobau, 2017),e parece ser determinada por fatores que poderão ser afetados por variáveis sociodemográficas e contextuais
(Barros-Oliveira, 2010), nível de escolaridade, género, e ocupação. É referida como o conjunto
de experiências prazerosas que permitem ao indivíduo perceber o sentido da sua vida ao longo do tempo (Dolan, 2017) e caracteriza-se por sentimentos de prazer e satisfação, sendo muitas vezes equiparada ao bem-estar, à satisfação com a vida, ao envelhecimento bem-sucedido e à qualidade de vida (Sumngern et al., 2010).
Na origem da felicidade encontramos as emoções positivas (Appolloni, 2015; Dolan,
2017; Murray, 2018; Pérez-álvarez, 2016). Porém, ser feliz não implica vivermos num
estado permanente de prazer e/ou euforia, nem requer a experiência constante de emoções positivas, pois as emoções negativas são inerentes à condição humana
(Appolloni, 2015).Tongeren & Burnette (2018) realçam que a felicidade está associada ao bem-estar, satisfação com a vida e em relacionamentos, sendo assim, um conceito complementar à saúde mental (Pais-Ribeiro, 2012).
A capacidade de ser feliz com a vida é então considerado um critério central de adaptação e saúde mental positiva (Lyubomirsky, Sheldon, & Schkade, 2005). Lyubomirsky, King, & Diener (2005) evidenciam que as pessoas felizes são capazes de
16 reagir eficazmente a emoções negativas, quando é apropriado fazê-lo. Pessoas felizes demonstram também sentimentos positivos mais frequentes e maior capacidade adaptativa (Chopra, 2017; Dantas, 2015; Dolan, 2017; Lyubomirsky, King, & Diener, 2005).
A perceção de felicidade é dependente de fatores intrínsecos e extrínsecos, como o nível de escolaridade, género, ocupação e comunidade envolvente (Sumngern et al., 2010;Schiffer & Roberts, 2018), e pode ser influenciada por atividades prazerosas que promovem o bem-estar (Schiffer & Roberts, 2018). Manderscheid & Kobau (2017) defendem que o bem-estar influencia o nível de felicidade e, consequentemente, a felicidade influencia o bem-estar.
Atualmente, sugere-se que as pessoas mais felizes têm maior longevidade
(Böckerman et al., 2017; Diener & Chan, 2011), pelo que a felicidade pode ser considerada como uma ferramenta poderosa para melhorar a saúde (Böckerman et al., 2017; Manderscheid & Kobau, 2017).
Um maior estado de felicidade terá uma influência positiva nos nossos sentimentos e promoverá melhorias a nível da capacidade funcional. Por outro lado, menores sentimentos de felicidade terão o efeito oposto (Luchesi et al., 2018).
Existem evidências que apoiam a promoção da felicidade através de múltiplos caminhos. Alguns dos fatores apontados como promotores de felicidade são: a meditação, viver em comunidade, esperança na vida, ter coragem, agradecer, aprender a perdoar, ter uma vida ativa, ter objetivos de vida desenvolver estratégias de coping, praticar religião e cuidar do corpo (Manderscheid & Kobau, 2017; Murray, 2018).
1.6. Intervenção psicomotora
Nos diferentes países europeus, desde há várias décadas, os psicomotricistas têm um papel na prevenção, reeducação, educação e investigação cientifica da saúde
(Fridmodt, 2010).
A Psicomotricidade é a ciência que estuda o corpo em movimento, analisando a parte cognitiva, motora e afetiva do ser humano (Fernandes & Garcia, 2010; Pinto & Cordeiro, 2015). Encontra-se inserida nas ciências médicas, psicológicas, neuropsicológicas e pedagógicas (Fridmodt, 2010) e considera o ser humano como um organismo complexo, que integra o corpo e o cérebro como entidades observáveis e compostas de matéria viva, mas também como um organismo com uma mente, entidade inobservável, interna
17 e íntima, de onde emergem funções psíquicas que representam os dois mundos: o externo (enquadramento social, dos objetos e dos ecossistemas) e o interno (das sensações, dos sentimentos, dos pensamentos e dos movimentos) (Fonseca, 2010b).
Pode ser definida como o campo transdisciplinar que estuda e investiga de forma total e holística (Probst, 2010) as relações e influências recíprocas e sistémicas entre o psiquismo e a motricidade emergentes da personalidade que caracteriza o ser humano nas suas múltiplas e complexas manifestações biopsicossociais (Fonseca, 2010b;
Fonseca, 2004). O psiquismo integra a totalidade dos processos cognitivos,
compreendendo as funções de atenção, processamento e integração multissensorial, planificação, regulação, controlo e execução motora. Enquanto que a motricidade é entendida como o conjunto de expressões mentais e corporais, que envolvem funções tónicas, posturais, somatognósicas e práxicas (Fonseca, 2004).
Como intervenção, a Psicomotricidade é uma mediatização corporal e expressiva, na qual o terapeuta investiga e compensa as perturbações psicomotoras geralmente relacionadas a problemas de desenvolvimento e maturação psicomotora, de aprendizagem, de comportamento ou de âmbito psicoafectivo (Fonseca, 2001).
A prática psicomotora é unificadora, no sentido em que liga a expressão corporal e a atividade mental, o real e o imaginário, e o corpo no espaço e tempo, melhorando o potencial adaptativo do sujeito (Martins, 2010). Na Psicomotricidade não existe pensamento sem corpo, sem atitude ou sem movimento, porque o indivíduo é um ser “psicomotor” que através do movimento reflete as suas funções intelectuais, emocionais e motoras (Juhel, 2010). O corpo é concebido como teatro da ação e o movimento como palco da inteligência, onde efetivamente o cérebro pensa em movimentos planificados e antecipados nas funções psíquicas superiores (Fonseca, 2010a). Assim, tem como finalidade associar o corpo, o cérebro e os ecossistemas envolventes (Fonseca, 2010a,
2010b).Deste modo é uma terapia que permite a dialética permanente entre o corpo e
a mente (Juhel, 2010).
O Homem possui quatro dimensões fundamentais: a motricidade, a cognição, a linguagem e a relação tónica emocional (Fiúza, Morais, Santos, & Lebre, 2013).Assim as finalidades da intervenção psicomotora encontram-se em cinco pontos fundamentais:
(i) mobilizar e reorganizar as funções psíquicas emocionais e relacionais do indivíduo em toda a sua dimensão experiencial; (ii) aperfeiçoar a conduta consciente e o ato mental onde emerge a elaboração e execução do ato motor; (iii) elevar as sensações e as perceções a níveis de consciencialização, simbolização e concetualização; (iv)
18 harmonizar e maximizar o potencial motor, afetivo-relacional e cognitivo e (v) fazer do corpo síntese integradora da personalidade, reformulando a harmonia e o equilíbrio das relações entre a esfera do psíquico e a esfera do motor (Fonseca, 2001b).
Esta intervenção pode ainda ser utilizada com o intuito especifico de promover os mecanismos de proteção e resolução de problemas que potencializem emoções positivas (Fonseca, 2010a).
1.7. Intervenção psicomotora como ferramenta mediadora da Resiliência, Felicidade e Funcionalidade de Idosos Institucionalizados
O produto final da evolução é a involução. Enquanto que na criança há uma evolução e desenvolvimento dos fatores psicomotores no sentido da tonicidade, equilíbrio, lateralidade, noção do corpo, estruturação espácio-temporal, praxia global, praxia fina, no período final da vida ocorre uma deterioração, peça por peça, dos novos sistemas, propriedades e funções, seguindo agora uma sequência inversa (Borges,
Aprahamian, Radanovic, & Forlenza, 2009; Fonseca, 2009), que acontece no sentido
da praxia fina para tonicidade.
Associado às competências psicomotoras, o envelhecimento caracteriza-se por um conjunto de alterações comportamentais. O corpo de qualquer sujeito constitui um espaço que permite situar o indivíduo em relação ao meio envolvente. Esta dicotomia entre espaço interno e externo cuja fronteira é a pele, torna-se fundamental na estruturação da identidade corporal e do sentimento de si. No entanto, o idoso tem comprometida a sua identidade, na medida em que esta se operacionaliza a partir de um corpo real fragilizado. Estas alterações corporais acontecem ao longo do tempo, e influenciam negativamente a organização da personalidade e as relações que o idoso estabelece com os outros e o com o mundo (Fernandes, 2014).
O idoso procura, na sua desarmonia corporal, um novo equilíbrio. A necessidade de voltar a ver o corpo como instrumento de ligação ao mundo é cada vez mais exigente, e é uma das razões para uma intervenção meticulosa e planeada do profissional para com o idoso. A sensação de bem-estar e prazer é a meta a cumprir, para que o idoso possa gerar sentimentos de competência, de autonomia e de funcionalidade (Araújo, 2013a).
Assim, é objetivo da Psicomotricidade, dirigida ao idoso – Gerontopsicomotricidade
(Fonseca, 2001) - trabalhar o corpo envelhecido, de forma a que a pessoa idosa adquira
19 comunicação humana desenvolve-se através de gestos, posição espacial, distância interpessoal, postura, orientação e movimentação do corpo, contacto corporal, expressões faciais, tom de voz, sendo que todo este conjunto de caraterísticas corporais, irão melhorar a comunicação e, por sua vez, a relação interpessoal dos idosos (Fernandes & Garcia, 2010).
Em resposta às modificações regressivas nas competências motoras, cognitivas e sensoriais do envelhecimento (Fonseca, 2001a; Morais, Santos, & Lebre, 2016), surge a necessidade de auxiliar o idoso a adiar as suas perdas - no âmbito psicomotor, nomeadamente, alterações ao nível da seleção, programação e execução da resposta, do equilíbrio e postura (Juhel, 2010), modificações sensório-motoras, percetivas, cognitivas, sociais e emocionais (Probst, 2010), alterações da memória (Juhel, 2010), lentificação do tempo de reação e alterações a nível da força, resistência, flexibilidade, velocidade e amplitude de movimentos (Guitard, Basse, & ALbert, 2005; Pereira, 2004), bem como alterações a nível estruturação espácio-temporal (Juhel, 2010),entre outras - através do recurso a programas adequados às suas necessidades (Oliveira, Carvalho, & Cardoso, 2015).
Os domínios da intervenção psicomotora com esta população podem ser divididos em três grupos (i) preventivo, de forma a manter e estimular as funções que o idoso saudável ainda possui, preservando a sua autonomia (Fonseca, 2001); (ii) terapêutico, com o intuito de reeducar possíveis problemáticas existentes (alterações do esquema corporal, motricidade global, estruturação espacial e temporal, entre outras) (Fonseca,
2001a; Juhel, 2010); e (iii) paliativo, nos casos em que os idosos já se encontram numa
fase irreversível e em que a intervenção tem como finalidade o bem-estar e a qualidade de vida tanto quanto possível, até ao fim de vida (Fonseca, 2001).
A intervenção psicomotora não irá impedir que o envelhecimento aconteça, mas sim retardar a deteorização associada ao envelhecimento (Fonseca, 2001a).
A Gerontopsicomotricidade após uma avaliação do meio físico e social em que o idoso está inserido, e da recolha de informação sobre as suas origens e vivências (Juhel,
2010), tem como objetivos promover a manutenção das capacidades funcionais,
melhorar e aprimorar o conhecimento de si e a eficácia das ações, sobretudo das AVD’s
(Oliveira, 2017; Ovando & Couto, 2010), através de atividades lúdicas, prazerosas e estimulantes, em prol da promoção das competências do indivíduo (Arraes, Cordeiro,
Macedo, & Soares, 2017), de forma a responder às características individuais de cada
20
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