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Prescrição da atividade física em indivíduos hipertensos: atividade desenvolvida como personal trainer

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Este relatório foi expressamente elaborado com

vista à obtenção do grau de Mestre em Ciências do

Desporto, ao abrigo das recomendações do CRUP,

previsto no artigo 20.º do Decreto-lei n.º 74/2006,

de 24 de Março, alterado e republicado pelo

Decreto-lei n.º 107/2008, de 25 de Junho, e

alterado pelo Decreto-lei n.º 230/2009, de 14 de

setembro, na área de especialização em Avaliação e

Prescrição na Atividade Física.

(3)

A elaboração deste trabalho não se deve somente ao meu esforço individual, mas sim ao de várias pessoas e que sem elas se tornaria impossível a concretização do mesmo.

Deste modo, manifesto a minha sincera gratidão às seguintes pessoas:

À minha orientadora, Professora Doutora Graça Sofia Monteiro Pinto, pela orientação e dedicação, assim como pela exigência e sabedoria demonstradas ao longo de todo o processo.

À minha família pela compreensão e apoio nas constantes ausências.

À minha querida irmã Carla que sempre foi a força motriz de apoio incondicional, ajuda e motivação na realização da minha carreira académica e profissional. As suas constantes preocupações e suporte são impagáveis. Sem ela, pouco da minha vida académica e profissional seria possível.

Aos meus amigos pela força e apoio incondicional.

(4)

      

Licenciado em Educação Física em Desporto com a opção de Condição e Aptidão Física, dividiu o seu trabalho entre a escola e ginásios como monitor de musculação e cardiofitness e também com especial enfoque no trabalho como ”personal trainner”. É sobre a sua intervenção de planeamento, prescrição e atividade nestas últimas, e nas condicionantes da especificidade da sua população alvo, que se centra o seu relatório de intervenção profissional, realizado com dois clientes durante um período de aproximadamente dois anos. Ambos padeciam de uma hipertensão arterial ligeira medicamente controlada.

A hipertensão arterial é a doença cardiovascular mais comum no ser humano. Na maior parte dos países ocidentais industrializados estima-se que a sua prevalência é de 15 a 20% (ACSM, 2004).

Atualmente é consensual que a prática de exercício regular consiste na principal intervenção (não medicamentosa) determinante do sucesso na prevenção da hipertensão arterial em adultos com níveis de pressão arterial normais e na redução desta em hipertensos.). A prática regular de atividade física nos indivíduos está associada sobretudo à redução de fatores de risco de doenças cardiovasculares, nomeadamente a hipertensão, a presença de lipoproteínas de baixa densidade e a obesidade (Simons-Morton, 1990).

Com base no estudo efetuado foi prescrito um programa de treino a dois indivíduos hipertensos por um período aproximado de dois anos com uma frequência inicial de duas sessões semanais e posteriormente com uma frequência de três sessões semanais.

Com base no acompanhamento, avaliação e readaptação dos programas prescritos, podemos afirmar que o exercício físico regular reduz os valores da pressão arterial em indivíduos hipertensos e melhora a sua qualidade de vida.

Palavras-chave:

Atividade Física; Exercício Físico; Hipertensão Arterial; Personal Trainer.

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The candidate has a University degree in Physical education and sports activities with a specialization on physical condition assessment and aptitude and divided his professional activities, among others as a teacher, in private Gymnastic facilities, as a monitor of bodybuilding and cardio fitness and also as a personal trainer. It is focusing on the planning, building an individual working plan and the general activities of this last activity, being always aware of the limitations of its target population, that this report of professional intervention is based on. This project involved two clients and took approximately two years to completion. Both subjects suffered from mild high blood pressure controlled with medication.

High blood pressure is the most common risk factor that leads to cardiovascular disease in humans. A prevalence of 15 to 20% is estimated for this risk factor in most of the western industrialized countries (ACSM, 2004).

Nowadays it is widely acknowledged that exercise, practiced on a regular basis, is the most effective non pharmaceutical measure, for the prevention of hypertension in adults with normal values of blood pressure, and on decreasing these values in those with hypertension. Regular practice of physical exercise by individuals is mainly associated to a reduction of the risk factors of cardiovascular disease, in particular hypertension, high levels of low density lipoproteins and obesity (Simons-Morton, 1990).

Based on this research, a two year training program was devised and carried out on two hypertensive individuals; initially with two sessions per week and later three.

Based on the data of the evaluations and measures taken to adapt the program to the patients, we can infer that physical exercise practiced regularly by hypertensive patients, reduces their levels of blood pressure and improves their quality of life.

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  Agradecimentos ... III  Resumo ... IV  Abstract ... V  ÍNDICE GERAL ... VI  ÍNDICE DE FIGURAS ... IX  LISTA DE ABREVIATURAS ... X   I.  INTRODUÇÃO ... 1 

II.  REVISÃO DA LITERATURA ... 4 

2.1.  QUALIDADE DE VIDA ... 4 

2.2.  DOENÇAS CARDIOVASCULARES ... 7 

2.2.1.  Fatores de Risco da Doença das Artérias Coronárias ... 7 

2.2.2.  Hipertensão Arterial ... 8 

2.2.3.  Inatividade Física e as Doenças das artérias Coronárias ... 10 

2.3.  ATIVIDADE FÍSICA ... 11 

2.3.1.  Benefícios da Atividade Física ... 13 

2.3.2.  Atividade Física e a Doença das Artérias Coronárias ... 14 

2.4.  EXERCÍCIO FÍSICO ... 15 

2.5.  APTIDÃO FÍSICA ... 17 

(7)

2.4.1.  Conceito ... 21 

2.4.2.  Personal Trainer. Quem é? ... 21 

2.4.3.  Material necessário ... 21 

III.  METODOLOGIA ... 24 

3.1.  ENQUADRAMENTO DO PROCESSO DE TREINO ... 24 

3.2.  MATERIAIS E INSTRUMENTOS ... 24 

3.3.  CARATERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ALVO ... 25 

3.4.  CARATERIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ... 25 

3.5.  ESTRUTURA DA SESSÃO DE EXERCÍCIOS ... 27 

3.5.1.  Primeiro macrociclo (2meses) ... 27 

3.5.2.  Terceiro macrociclo (2meses) ... 30 

3.5.3.  Quarto macrociclo (3meses) ... 30 

IV.  ANÁLISE DO PROCESSO ... 34 

V.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 37

  VI. ANEXOS ... 48 

ANEXO 1 - FICHA DE AVALIAÇÃO FÍSICA E ANAMNESE ... 48 

ANEXO 2 – CURRICULUM VITAE ... 52 

(8)

 

Tabela 1 - Classificação da PA segundo os valores da pressão arterial sistólica e da pressão

diastólica. ... 9 

Tabela 2: Recomendações para indivíduos hipertensos. ... 20 

Tabela 3 - Programa de treino I ... 28 

Tabela 4 - Programa de treino II ... 29 

Tabela 5 - Programa de treino III ... 30 

(9)

Figura 1 - Imagem do parque da cidade (Porto) ... 26 

Figura 2 – Imagem da Praia de Matosinhos ... 26 

Figura 3 - Imagens do Solinca Porto Palácio ... 27 

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AF – Atividade Física

CRUP – Conselho de Reitores da Universidade Portuguesa DAC – Doenças das Artérias Coronárias

DCV – Doenças cardiovasculares HA – Hipertensão Arterial

OMS – Organização Mundial de Saúde PA – Pressão Arterial

PAD – Pressão Arterial Diastólica PAS – Pressão Arterial Sistólica PT - "Personal Trainner” QDV – Qualidade de Vida

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I.

INTRODUÇÃO

Este relatório de intervenção profissional, através das recomendações do Conselho de Reitores da Universidade Portuguesa (CRUP), surge no âmbito do Mestrado em Ciências de Desporto na especialização em Avaliação e Prescrição na Atividade Física realizado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

O percurso académico do autor sempre foi pautado com especial enfoque na área da condição física e saúde, todas as disciplinas que mais abrangiam esta área eram sorvidas com muito entusiasmo. O treino personalizado sempre foi o seu objetivo. Para o alcançar, formou-se em Educação Física e Desporto no Instituto Superior da Maia, com especialização em Condição e Aptidão Física no ano de 2003. Já durante o ano da especialização (2002) que era anterior ao estágio pedagógico, iniciou a sua atividade como monitor de musculação e cardiofitness em dois “Health Clubs” do Porto. Continuou com esta atividade nos anos vindouros mas sempre com especial atenção ao seu objetivo. Uma vez que na sua formação académica não havia, na altura, muito enfoque nesta área, decidiu complementa-la com um curso de Instrutor Geral de Fitness, um curso de Instrutor de Treino Personalizado, um curso de Quiromassagem e também um curso de Primeiros Socorros e Suporte Básico de Vida. Após estas formações já se sentia com total confiança para trabalhar na área do treino personalizado. Área esta em que trabalhou durante aproximadamente cinco anos a par com a escola onde ia dando aulas de Educação Física. Por força de uma vária conjetura de fatores profissionais e pessoais acabou por deixar de trabalhar na área do treino personalizado, tendo mantido apenas a escola e começou a dedicar-se a outras áreas de trabalho.

A atividade profissional desenvolvida descrita neste relatório refere-se à prescrição de atividade física a dois indivíduos e seu acompanhamento durante cerca de dois anos, como personal trainer. Estes dois indivíduos, um casal com idades compreendidas entre os 45 e 55

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anos, apresentavam como características comuns, o sedentarismo e uma hipertensão arterial moderada medicamente controlada.

A existência desta condição clinica levou-nos a um estudo aprofundado sobre a hipertensão arterial como doença, as condicionantes da prescrição e da prática do exercício físico na sua presença assim como os benefícios da sua conjugação.

Foi possível verificar uma evolução na condição física dos indivíduos bem como uma melhoria significativa na sua qualidade de vida.

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II.

REVISÃO DA LITERATURA

2.1. QUALIDADE DE VIDA

Nas últimas décadas, tem-se observado uma crescente preocupação com a qualidade de vida do indivíduo, especialmente na área da saúde. Apesar da sua subjetividade, várias têm sido as tentativas de definir este conceito, sendo a inter-relação da qualidade de vida com a saúde e a doença uma das conclusões comuns à maioria dos autores.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade em Portugal e também uma importante causa de incapacidade, sofrimento e uso de recursos económicos, representando 39% das mortes totais (BHF, 2005; Dias C.M., 2007; ACS, 2007). Mais de 50% da morbilidade e mortalidade cardiovascular são responsáveis por mais de 12 milhões de mortes anuais (BHF, 2005; ACS, 2007). Estas podem eventualmente ser prevenidas pela aplicação de um conjunto efetivo de medidas gerais de prevenção e atos terapêuticos individuais, capazes de promover o controlo e o tratamento dos fatores de risco como a hipertensão arterial, as dislipidemias, a obesidade, a diabetes mellitius, os hábitos tabágicos e o sedentarismo.

Deparando-nos com estes dados, urge a necessidade de apelar para uma melhor qualidade de vida dos indivíduos. Numa perspetiva mais geral a qualidade de vida (QDV) é tudo aquilo que dá valor à vida e num sentido mais quantitativo é a estimativa da quantidade de vida livre de deficiências, incapacidades e desvantagens ou restrições (Last, J.M., 1998). Segundo Matos e Sardinha (1999), a QDV é o grau de coincidência entre aquilo que é real e as expectativas do indivíduo, onde o mais importante é a experiência vivida, traduzindo a satisfação de objetivos e sonhos inerente a cada indivíduo. Já Pascoal e Donato (2005), afirmam que a QDV está associada ao bem-estar do indivíduo e que o conceito de bem-estar liga-se ao nosso corpo.

O conceito de saúde está intimamente ligado à QDV, são ambos constructos sociais embora difiram na sua conceptualização: a QDV é um conceito mais abstrato sendo a saúde mais facilmente percebida e relacionada com coisas mais concretas, como o nível de atividade, a capacidade funcional, a ausência de doença e de dor (Brown, I. et al., 1996). Em termos de saúde, a prática clínica tem-se desenvolvido com intuitos mais ambiciosos do que apenas aliviar sintomas e prolongar a vida, considerando a melhoria da QDV e o bem-estar uma prioridade nos cuidados da saúde. O aumento da esperança de vida e os crescentes custos

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económicos implicaram uma maior preocupação nos cuidados de saúde a doentes crónicos, ou seja, reavaliar o valor da quantidade de vida para abraçar o valor da qualidade de vida (Devon, H.A. & Ferrans, C.E., 2003). O conceito de QDV tem um papel preponderante na avaliação do impacto dos cuidados médicos e terapêuticos na vida do doente, no planeamento das políticas de saúde podendo ser ainda um importante indicador no prognóstico de resultados de saúde futuros (Dixon et al., 2005). É particularmente importante em doentes que vivem sem expectativas de cura e em que a sua condição tem repercussões graves no seu bem-estar físico, psíquico e social (Addinton-Hall, J. & Kalra L., 2001).

O conceito de QDV surge em 1920, inserido no contexto das condições de trabalho e das suas consequências para os trabalhadores, não tendo impacto imediato. Volta a aparecer na década de sessenta, nos EUA, e a partir desta época são inúmeros os estudos sobre este tema (Wood-Dauphinee, S. & Kuchler T., 1992). A QDV é um conceito complexo, multifacetado que implica a forma como a vida do doente é afetada pela doença e seu tratamento. Envolve não só a componente física mas também manutenção das funções emocionais e intelectuais, a sensação de bem-estar e a satisfação de viver (DeVon, H.A. & Ferrans, C.E., 2003). É ainda fundamental que as percepções e expectativas do doente sejam tidas em conta (Gardener, J.K., et al., 2003). É um conceito limite que se preocupa com as limitações promovidas pela doença e a possibilidade de o doente usufruir de uma vida normal (Carr, A.J et al., 2001).

A promoção da QDV e a promoção da saúde são conceitos quase sinónimos que implicam uma mudança no estilo de vida em pessoas portadoras de doenças crónicas (Ribeiro, J.L., 1997). Torna-se importante identificar o modo como cada doença afeta as características de saúde destes doentes para poder desenhar estratégias de promoção de saúde visando a melhoria da QDV.

Wood-Dauphinee e Kuchler (1992) apresentam uma definição de QDV que engloba uma série de conceitos de outros investigadores, agrupando-se em três dimensões: 1) Temporal – A QDV é uma junção de experiências passadas, do presente e das expectativas e objetivos futuros; 2) Referencial – O sujeito no seu contexto familiar, social e organizacional; 3) Experimental – onde se inclui o estado físico, psicológico, socioeconómico e a espiritualidade. As três dimensões estão inter-relacionadas e traduzem a QDV de um indivíduo num determinado momento (Wood-Dauphinee, S. & Kuchler T., 1992).

Posteriormente, o conceito generalizou-se em contextos médicos instituindo-se a qualidade de vida relacionada com a saúde (QDVRS), ou seja, a QDV que está dependente da

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doença que a pessoa tem (Ribeiro, J.L., 1998). A saúde foi definida em 1984 como um “Estado de bem-estar físico, mental e social e, não apenas a ausência de doença”. Esta interligação de conceitos implica a caracterização do indivíduo de acordo com o seu estado de saúde. É a avaliação que cada pessoa faz acerca do grau em que estão satisfeitas as suas necessidades pessoais nestes domínios, num determinado período de tempo (Fallowfield, L., 1990).

As variáveis que determinam as alterações na QDV dependem das circunstâncias (Cay, E., 1993). No decurso desta patologia a QDV destes doentes pode ser afetada sob múltiplas formas, incluindo sintomas de angina e enfarte do miocárdio, limitada capacidade ao exercício, debilidade física e psicológica associada a stress crónico. A investigação da QDV pode ajudar a prever o curso da doença, processo de recuperação, a utilidade da intervenção terapêutica ou a necessidade de serviços específicos. Os modernos tratamentos de hoje centram a sua atenção não só no aumento da esperança de vida, sintomas e estado funcional, mas também na QDV (Addinton-Hall, J. & Kalra L., 2001; Thompson, D.R. & Yu C., 2003), contribuindo para o desenvolvimento de novas teorias da doença, comportamento da doença e sua resposta ao tratamento (Barreto, J., 1995). Para Dixon, Lim e Heller (2001), a QDV pode ainda ter um papel como indicador de prognóstico na identificação dos doentes cardíacos de maior risco pós-hospitalar.

Na avaliação dos resultados passou a ser imprescindível a utilização dos fatores provenientes do conceito de QDV. Passamos de uma preocupação com o alívio de sintomas, retorno ao trabalho e a ausência de mau estar emocional para a situação onde podemos mostrar que a doença cardíaca pode resultar em alterações positivas no estilo de vida e QDV (Cay, E., 1993). Este facto surge através do reconhecimento da importância das consequências sociais da doença e o conhecimento médico que se traduz no aumento do tempo de vida dos doentes. Assim, a qualidade e eficiência dos cuidados de saúde passaram muitas vezes a ser avaliados pelo impacto na QDV do doente (Addinton-Hall, J. & Kalra L., 2001). O crescimento da avaliação de QDV como um indicador de resultado de saúde em doentes com doença das artérias coronárias tem vindo a aumentar. Os tratamentos hoje disponíveis centram-se não só no aumento da esperança de vida, estado funcional, mas também na QDV (Thompson, D.R. & Yu C., 2003). É muito importante percebermos que não existe o certo e o errado absoluto no conceito de QDV, o que normalmente existe é a perceção individual dependendo da experiência de vida ao longo da sua história.

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2.2. DOENÇAS CARDIOVASCULARES

As doenças cardiovasculares (DCV) podem ser divididas em três diferentes categorias: doenças das artérias coronárias, doenças cérebro vasculares e doença das artérias periféricas (Kaplan et al., 1993). No entanto, não obstante a categoria em que se inserem as DCV apresentam uma manifestação semelhante, a aterosclerose. Esta é caracterizada por uma alteração degenerativa da parede arterial que reduz a sua elasticidade e limita o lúmen arterial. Este processo é o mais importante contributo para o desenvolvimento das DCV podendo, em função da zona em que ocorre, resultar numa série de lesões vasculares. Vários estudos epidemiológicos apontam para um aumento da probabilidade intercorrências cardiovasculares com base no desenvolvimento da aterosclerose (Berenson et al., 1998).

A evolução da aterosclerose e o aumento das lesões arteriais não dependem apenas da presença e dimensão dos fatores de risco cardiovasculares (Bouziotas et al., 2004; Berenson et al., 1998). A quantidade de tempo que estes e outros fatores de risco cardiovasculares estão presentes, representa um aspeto igualmente significativo e de difícil recuperação, à medida que a idade vai avançando.

2.2.1. Fatores de Risco da Doença das Artérias Coronárias

Vários estudos epidemiológicos indicam que existe uma forte relação entre vários fatores de risco e o aumento da morbilidade e mortalidade devido a doenças de origem aterosclerótica nas artérias coronárias (Katzmarzyk et al., 2000; Veríssimo, 2001).

Como fator de risco entendemos todos aqueles elementos estatisticamente significativos que associam a uma determinada patologia e ao qual se atribui um valor prognóstico, ou seja, fatores cuja presença se associam a uma maior probabilidade de que determinada doença venha a desenvolver-se (Mausner & Kramer, 1999; Brubaker & Kaminsky, 2002). A intervenção sobre o fator de risco reduz a incidência da doença a ele associada ou atrasa a progressão da mesma.

No caso das Doenças das Artérias Coronárias (DAC), a associação de vários fatores de risco significa um risco de doença aumentado quando comparado com o desenvolvimento isolado de um só fator, constituindo assim, um perfil considerado multifatorial. A avaliação e

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análise de todos os fatores deverá resultar numa intervenção que deve incidir sobre os diferentes fatores que sejam passíveis de modificação (Vagueiro, 1999).

Segundo o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002), os principais fatores de risco das DCV são a obesidade, a hipertensão, o colesterol, a inatividade física, o consumo insuficiente de frutas e vegetais, o consumo de álcool e o tabaco. De acordo com Wennlof (2005); Willmore e Costill (2004), presente noutro estudo, os fatores de risco das DCV podem ser considerados modificáveis ou não modificáveis. Como fatores de risco modificáveis temos por exemplo a inatividade física, os hábitos alimentares, hipertensão arterial e o tabagismo. Como fatores de risco não modificáveis temos por exemplo a idade avançada, o género masculino e outras variáveis genéticas, considerados como grandes determinantes do risco (Bhattacharyya & Libby, 1998).

Na ausência de prevenção ou controlo dos fatores de risco primários, as consequências para a saúde podem vir a ser preocupantes na idade adulta. Em seguida analisaremos apenas os fatores de risco considerados relevantes para o desenvolvimento do presente estudo, que são a hipertensão arterial e a inatividade física.

2.2.2. Hipertensão Arterial  

A hipertensão arterial (HA) é a doença cardiovascular mais comum no ser humano. Na maior parte dos países ocidentais industrializados estima-se que, na população, a sua prevalência é de 15 a 20% (ACSM, 2004).

“A hipertensão arterial é o termo clínico que descreve a condição na qual a pressão arterial se encontra elevada, ou seja, acima dos valores apresentados pelos indivíduos normais, e saudáveis”. (Wilmore e Costill, 2001)

Segundo a OMS, é considerada normal a pressão arterial (PA) em repouso com valores inferiores a 140/90 mmHg e hipertensão com valores superiores a 160/95 mmHg. Por HA entende-se uma elevação crónica e persistente da pressão arterial (Heyward, 2002) acima de 140/90 mmHg (ACSM, 1993). Os valores intermédios de pressão arterial definem-se como hipertensão leve, não obstante de muitas entidades especialistas na matéria tenham frisado que os riscos devidos á HA podem começar em valores de 135/85 mmHg (ACSM, 1994).

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Esta situação aumenta o risco de doença cardiovascular. Deve considerar-se, mais elevado o risco de doença cardiovascular, quanto mais elevados forem os valores de PA (Bhattacharyya & Libby, 1998). São apresentados, nos estudos por nós pesquisados, como valores de referência para o baixo risco de doenças cardiovasculares a pressão arterial sistólica inferior a 120 mmHg e PA diastólica inferior a 80 mm Hg (Mooss & Gordon, 2001; AACVPR, 1999).

Mais recentemente, de acordo com as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, classificamos os níveis de PA para pessoas com mais de 18 anos de conforme a tabela 1.

Tabela 1 ‐ Classificação da PA segundo os valores da pressão arterial sistólica e da pressão diastólica. 

Classificação da pressão arterial

Pressão arterial sistólica (mmHg) Pressão arterial diastólica (mmHg) Ótima < 120 e < 80 Normal < 130 e < 85 Limítrofe 130 a 139 ou 85 a 89 Estágio 1 140 a 159 ou 90 a 99 Estágio 2 160 a 179 ou 100 a 109 Estágio 3 ≥ 180 ou ≥ 110

Hipertensão sistólica isolada > 140 e < 90

Fonte: VI Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, 2012.

Para fins clínicos, a HA divide-se em dois subgrupos, a hipertensão primária e a hipertensão secundária. A hipertensão primária (hipertensão essencial) resulta de uma elevada pressão arterial, existente em mais de 95% dos doentes hipertensos (ACSM, 2000). São muitos os mecanismos reguladores que contribuem para o desenvolvimento da hipertensão primária, como uma anormal mediação central (simpática) de resistência periférica incrementada; controlo metabólico e renal do volume vascular; diminuição da distensibilidade (compliância) vascular e possivelmente a deterioração da vasodilatação mediada pelo endotélio (ACSM, 2000). Em vários estudos sobre a hipertensão primária, os autores identificaram aumentos variáveis de catecolaminas na circulação; níveis de renina aumentados, normais ou baixos; hiperinsulémia e amostras de um doseamento de cálcio anormalmente elevado nas células de músculo liso vascular nos pacientes hipertensos (ACSM 2000). Todas estas alterações neurohumorais e metabólicas contribuem para o aumento gradual da resistência vascular sistémica que é característica da hipertensão primária.

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A hipertensão secundária é causada por anomalias renais ou endócrinas específicas. Alguns exemplos são os tumores da medula suprarrenal que libertam catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e os tumores do córtex suprarrenal que libertam hormonas esteroideias (cortisol e aldosterona) causadoras da hipertensão. A doença vascular renal aumenta a produção de renina, que estimula a conversão da angiotensina plasmática e a libertação da aldosterona. A angiotensina é um potente mediador da vasoconstrição periférica e a aldosterona estimula a retenção renal de sódio e água. A maioria destas causas pouco habituais de HA representam menos de 5% do total de hipertensão constante, podendo controlar-se com intervenções cirúrgicas ou tratamento (ACSM, 2000).

Apesar dos mecanismos que levam a que a HA se torne um risco não serem bem conhecidos, considera-se que a HA pode tornar-se um grave fator de risco se originar hipertrofia ventricular esquerda. Pensa-se que a taxa de mortalidade aumenta cerca de três vezes, e o perigo de morte súbita aumenta cinco a seis vezes. A mortalidade varia em proporção ao grau de hipertrofia e fatores associados (como sejam o tabagismo, obesidade, hiperglicemia) (Vagueiro, 1999).

Atualmente é consensual que a prática de exercício regular consiste na principal intervenção (não medicamentosa) determinante do sucesso na prevenção da HA em adultos com níveis de PA normais e na redução desta em hipertensos. Embora os últimos estudos que se debruçam sob o controlo da HA tenham recomendado que o exercício de força deva ser complementado com exercício aeróbico no programa de treino direcionado aos pacientes hipertensos, o mesmo ainda não tem sido amplamente incorporado na prática clínica (Pescatello et al. 2004; ESH, 2003; Bjarnason-Wehrens et al., 2004). Os benefícios do exercício aeróbico estão relacionados com a melhoria do desempenho metabólico muscular, redução da disfunção endotelial, melhoria das alterações neuro-hormonais e redução da resistência à insulina, que culminam na redução da resistência vascular sistêmica, promovendo efeitos favoráveis simultâneos nos fatores de risco cardiovascular (Pescatello et al. 2004; Fagard & Cornelissen, 2007).

2.2.3. Inatividade Física e as Doenças das artérias Coronárias

A inatividade física é apontada como o maior fator de risco independente para as DAC e a sua importância corresponde à soma dos fatores de risco positivos (Bovens et al., 1993). A

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sua prevalência na sociedade atual é de igual forma preocupante (Brubaker & Kaminsky, 2002).

A prática regular de atividade física (AF) tem sido considerada nos últimos anos, como um dos fatores mais importantes na prevenção das DCV (CDC, 1996; Fletcher, 1996; Gibbons & Mitchell, 1999; Andersen et al., 2003). Os benefícios preventivos e terapêuticos da AF refletem-se tanto ao nível das patologias degenerativas como ao nível da minimização dos fatores de risco, o que constitui um dos principais argumentos justificativos da interação entre saúde e AF (Ribeiro et al., 2004). Estas evidências levaram ao reconhecimento, por parte de organizações de grande credibilidade, como por exemplo a Associação Americana do Coração, de que a inatividade física é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

A grande maioria dos benefícios de saúde pode ser obtida através da prática de AF moderadas. No entanto, para obter esses efeitos positivos será importante que a AF seja realizada de uma forma regular e estruturada. Um aspeto igualmente importante, durante a realização das atividades, é a utilização de grandes grupos musculares (Thompson et al, 2003). Segundo os autores, a utilização de grandes grupos musculares produz adaptações cardiovasculares que aumentam a capacidade de realizar o exercício, a resistência e a força muscular do músculo periférico (esquelético) e do músculo cardíaco (liso).

2.3. ATIVIDADE FÍSICA

Existem, atualmente, diversas definições relativas à atividade física (AF). A mais consensual é provavelmente a de Caspersen, Powell e Christenson (1985). Que define a AF como “qualquer movimento do corpo produzido pelos músculos esqueléticos que se traduz num aumento de dispêndio de energia”, ao que nós achamos pertinente acrescentar que o movimento produzido deverá ser voluntário. A OMS define AF como “todo um movimento diário, incluindo o trabalho, a recreação, o exercício e as atividades desportivas (...) ” (OMS, 1997).

A AF assume um conceito abrangente, uma vez que inclui todo o tipo de movimento, desde as atividades mais espontâneas e naturais (o simples mexer dos dedos), até atividades

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mais estruturadas (como participar num triatlo durante os Jogos Olímpicos) (Kaplan et al., 1993).

Existem quatro dimensões básicas que caracterizam a AF, a frequência, a intensidade, o tempo e o tipo (Bouchard et al., 1994), habitualmente referidas pela sigla FITT1. Estas quatro dimensões permitem fazer uma distinção entre indivíduos ativos e os indivíduos sedentários (Bouchard et al., 1994). Cada uma delas pode originar diferentes resultados na saúde, sendo por isso utilizadas nas prescrições da AF.

A frequência corresponde ao número de sessões de AF realizadas por dia ou por semana. Esta característica está diretamente relacionada com o tempo de duração da atividade. Quanto maior for o número de sessões de AF, menor tende a ser o tempo de duração dessa atividade.

A intensidade de AF, calculada em função do dispêndio energético na atividade realizada é normalmente classificada de acordo com três diferentes categorias: baixa, moderada e intensa ou vigorosa (Pangrazi et al., 2003).

Relativamente ao tipo, a AF divide-se normalmente em atividade coletivas ou individuais e, organizadas ou não organizadas. Uma outra caraterística complementar, tem a ver com o local onde elas são praticadas, isto é, se são atividade de interior (por exemplo a ginástica) ou de exterior (como por exemplo andar de bicicleta ou a corrida).

No que diz respeito às atividades coletivas ou individuais, estas verificam algumas diferenças importantes. Assim torna-se relevante compreender o que leva um individuo a preferir um destes tipos de AF e não o outro. Desde logo, em relação às atividades de grupo existe a necessidade de criar um clima predominante, muitas vezes realizado através de aperfeiçoamentos, escolhas e aprendizagens. Este é um aspeto que não se verifica ao nível das atividades individuais, cuja interação tem em consideração as escolhas pessoais. Relativamente ao género, as mulheres parecem evidenciar uma maior participação em atividades de carácter individual e os homens em atividades coletivas (Weinberg et al., 2000; Van Mechelen et al., 2000, Esculcas & Mota, 2005).

No que diz respeito às atividades organizadas e não organizadas, a literatura faz referência a uma tendência, cada vez maior, da prática de atividades informais (Sallis & Owen, 1999, Calmeiro & Matos, 2004; Mota & Sallis, 2002). Esta situação resulta do fato

      

1

 FITT (Frequência – número de sessões por dia ou por semana; Intensidade – quantidade de energia 

(24)

destas atividades serem de participação espontânea e sem qualquer regulamento oficial, sem critérios de recrutamento ou pré-requisitos (Bach, 1993). Por outro lado verifica-se que as AF organizadas estão mais dependentes das condições socioeconómica do indivíduo. (Hoefer, Mckenzie, Sallis, Marshall & Conway, 2001 cit. In Mota & Sallis, 2002). Segundo Sallis (1996), este fenómeno deve-se, provavelmente, ao fato do rendimento económico permitir o acesso a programas formais de AF.

Num estudo realizado por Santos (2005) foi possível verificar que os indivíduos que participam em AF menos frequentes (e caraterizadas por uma baixa intensidade) preferem AF não organizadas; ao passo que os participantes mais ativos preferem AF organizadas e mais individuais.

2.3.1. Benefícios da Atividade Física

A prática de AF é considerada como um dos principais indicadores de saúde, tendo atingido nos últimos anos um reconhecimento crescente ao nível da promoção da saúde e da prevenção da doença (Dubbert, 2002). Embora sejam necessários mais estudos, inúmeras evidências científicas têm demonstrado que a prática adequada e regular da AF apresenta, em todos os indivíduos independentemente do seu género, idade ou condição, uma série de benefícios de saúde físicos, mentais e sociais (Sallis & Owen, 1999; OMS, 2003; CDC, 1996; Sardinha, 2003). A prática regular de AF nos indivíduos está associada sobretudo à redução de fatores de risco de doenças cardiovasculares, nomeadamente a hipertensão, a presença de lipoproteínas de baixa densidade e a obesidade (Simons-Morton, 1990). Para além destes, apresenta ainda benefícios no desenvolvimento e manutenção dos ossos, músculos e ligamentos; desenvolvimento dos movimentos e da coordenação; redução dos sentimentos de depressão e ansiedade e, um aumento do bem-estar psicológico (Dubbert, 2002; CDC, 1996; ACSM, 2000; Sallis & Owen, 1998).

Atualmente está reconhecido e bem documentado que a atividade física tem efeitos salutogénicos, com marcada influência na melhoria do bem-estar, na redução da morbilidade e da mortalidade. Várias posições institucionais têm assumido ultimamente, de forma consensual, esse efeito salutogénico da AF e do exercício regular no âmbito da promoção da saúde (ACSM, 1998; WHO, 1997).

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De acordo com Barata (2003), todas as atividades físicas podem ser englobadas em dois grandes grupos:

¾ Atividade física espontânea – é aquela que está integrada nos hábitos da vida diária: engloba as chamadas atividades físicas utilitárias ou informais, como andar, subir e descer escadas, jardinagem, horticultura, (...)

¾ Atividade física organizada – é aquela que obedece a um esquema prévio, tem objetivos, regras de intensidade e de progressão, tempo das sessões definido, etc. O conceito de atividade física não diz unicamente respeito á atividade desportiva, é mais abrangente e engloba vários tipos de atividades físicas. Desde as chamadas atividades físicas utilitárias ou informais, até às atividades organizadas, incluindo o exercício físico, que é uma subcategoria da atividade física, que já implica a existência de uma estruturação e planificação dessa mesma atividade com o objetivo de manutenção ou melhoria da condição física (Nunes, 1999).

2.3.2. Atividade Física e a Doença das Artérias Coronárias

A AF é apontada por alterar favoravelmente processos que levam a acidentes coronários como: agregação plaquetária, melhoria da função do endotélio e diminuição do limiar de arritmias e do equilíbrio entre as necessidades e o aporte de oxigénio ao miocárdio em intensidades de exercício submaximais (Brubaker & Kaminsky, 2002; Mooss & Gordon, 2001). A prática de exercício físico contribui para uma diminuição da pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), redução dos níveis de colesterol das lipoproteínas de baixa densidade (LDL), contribuindo para a melhoria do perfil lipídico e dos hidratos de carbono, e do peso corporal (Vagueiro, 1999; Andersen & Hippe, 1996; Veríssimo et al., 2002; Pratley et al., 2000). Encontra-se comprovada a relação inversa existente entre a atividade física e os fatores de risco da DAC em inúmeros estudos (Paffenbarger et al., 1986) que permitem afirmar que indivíduos fisicamente ativos têm menor incidência de enfarte do miocárdio e mortalidade por doença cardiovascular ou tendem a desenvolver estas doenças numa idade mais avançada quando comparados com semelhantes sedentários (Heyward, 2002). Considera-se que um estilo de vida ativo contribui para o controlo do peso e melhoria o perfil metabólico de risco (Després & Lamarche, 2000).

(26)

Ao longo dos anos tem sido difícil encontrar consenso acerca do tipo de intensidade, duração e atividade recomendada para alcançar benefícios com o exercício físico em indivíduos com DAC. A investigação sobre os efeitos do treino do exercício aeróbio em pacientes com DAC foi aproximadamente até aos finais da década de oitenta, o único modo de exercício estudado. Atualmente existe um suporte científico muito forte e consensual sobre as adaptações crónicas que este tipo de exercício tem em doentes das artérias coronárias, relativamente às variáveis cardiovasculares, metabólicas e psicossociais (Santa Clara, H., 1999).

Verificamos que existe uma evidência ao nível da saúde pública ao aconselhar o exercício físico, na perspetiva de que a simples alteração do estado de sedentarismo para uma forma de vida mais ativa proporciona alterações na mortalidade e qualidade de vida (Wei et al., 1999; Katzmarzyk et al., 2000; Mendes, 1997) associando-se a uma diminuição de cerca de 23% do risco de morte por DAC (Paffenbarger et al., 1993).

Algumas orientações para indivíduos com DAC baseiam-se na prescrição tradicional para pessoas saudáveis (ACSM, 1994), recomendando-se sessões de treino com a duração de 40 a 60 minutos a 40 a 85% da frequência cardíaca (FC) máxima de reserva. No entanto, no que respeita aos benefícios do exercício físico, as investigações parecem indicar que se relacionam mais com o volume (combinação da frequência, intensidade e duração) do que propriamente com a intensidade (Heyward, 2002; Oja, 2001;Blair et al., 1996).

Por outro lado, o reforço do papel do exercício físico na alteração dos fatores de risco para a DAC é comprovado pelo facto de os indivíduos mais ativos ou com melhores níveis de aptidão cardiorrespiratória terem melhores perfis de fatores de risco em relação a outros com piores níveis de aptidão cardiorrespiratória ou menos ativos (Bovens et al., 1993).

2.4. EXERCÍCIO FÍSICO

A atividade física no lazer, na prática desportiva, no trabalho e nas tarefas domésticas contribuem, conjuntamente com outros fatores, para a alteração do dispêndio energético diário total do indivíduo (Montoye et al., 1996). As recomendações mais recentes aconselham períodos de atividade de 30 a 60 minutos de atividade aeróbia, de preferência 5 vezes por

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semana, e a uma intensidade tal que permita o dispêndio energético superior às 2000 kcal/semana (Brubaker & Kaminsky, 2002; Pate et al., 1995)

A noção de gasto calórico aparece muitas vezes associada à definição de atividade física. Segundo Montoye et al. (1996), estes dois termos não são sinónimos, uma vez que se pode gastar a mesma quantidade de energia em atividades físicas intensas, de curta duração e em atividades moderadas ou ligeiras, mas que decorrem durante longos períodos de tempo. Apesar de em ambas situações a quantidade de energia gasta poder ser a mesma, os efeitos fisiológicos e os benefícios em relação á saúde provocados por estes dois tipos de atividades serão diferentes.

É então nesta diferenciação de gasto energético que queremos centrar o nosso estudo, ou seja, na AF planeada e organizada, o exercício físico. Para o ACSM (2003, p.4) “exercício é uma subclasse da atividade física, é definido como um movimento corporal planeado, estruturado e repetitivo, executado com a finalidade de aprimorar um ou mais componentes da aptidão física.”

Contudo, a expressão exercício físico não deve ser utilizada com conotação idêntica a atividade física. É facto que tanto os exercícios físicos como a atividade física implicam a realização de movimentos corporais produzidos pelos músculos esqueléticos que levam a um gasto energético. No entanto, exercício físico não é um sinónimo de atividade física.

Atualmente, instituições como o American College of Sports Medicine (ACSM), a World Health Organization (WHO) e o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) recomendam que as pessoas adultas pratiquem um mínimo de 30 minutos de atividade física moderada, como marchar em ritmo rápido ou andar de bicicleta de forma casual, pelo menos 5 dias por semana (cerca de 600-1000 kcal/semana) (Ainsworth et al., 2000; Haskell et al., 2007). Estas atividades podem ser substituídas por outras de maior intensidade como por exemplo a corrida ou a prática de um jogo desportivo coletivo, sendo neste caso adequada a prática de um mínimo de 20 minutos em pelo menos 3 dias da semana. Também se pode optar por combinar os dois tipos de atividades físicas descritas anteriormente (Haskell et al., 2007).

As recomendações para a prática de atividade e exercício físico são baseadas em relatórios publicados desde 1995 por diversas entidades nacionais e internacionais. Estes relatórios fundamentam-se numa revisão extensa de dados científicos que transmitem mensagem de que o exercício físico constitui uma componente essencial de qualquer

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estratégia de prevenção da doença e da saúde da população (ACSM, 2009). O conceito principal dessas recomendações é que o exercício físico regular ao longo de meses e anos pode produzir benefícios de saúde a longo prazo. Para obtenção destes benefícios é necessário praticar exercício físico semanalmente.

No entanto, ser suficientemente ativo na idade adulta significa acumular pelo menos 150 minutos por semana de exercício físico de intensidade moderada (30 minutos por dia, 5 dias por semana), ou 60-75 minutos por semana de atividade aeróbia de intensidade vigorosa (20 a 25 minutos por dia, 3 dias por semana), ou alguma combinação equivalente de atividade aeróbia moderada e vigorosa (HHS, 2008).

Sabe-se que o exercício previne o desenvolvimento da hipertensão, tem um papel importante no controlo da pressão arterial em pessoas hipertensas e embora os mecanismos responsáveis ainda não sejam totalmente definidos, crê-se que a redução de catecolaminas séricas e da resistência vascular periférica associadas à prática do exercício sejam alguns dos fatores que contribuem para a diminuição da pressão arterial (CDC, 1996; Rique et al., 2002). A pressão arterial pode diminuir com o exercício aeróbio regular, assim como a massa corporal, a gordura e o colesterol sanguíneo também diminuem com o exercício e a dieta (Katch and McArdle, 1993).

2.5. APTIDÃO FÍSICA

Aptidão física é a capacidade de desempenhar atividades profissionais, recreativas e da vida diária sem se cansar demasiado (Heyward, 2004). Segundo Heyward, 2004, são cinco as componentes da aptidão física: a resistência cardiorrespiratória, a capacidade músculo-esquelética, a composição corporal e massa corporal, a flexibilidade e o relaxamento neuromuscular.

Resistência cardiorrespiratória é a capacidade do coração, dos pulmões e do sistema circulatório de fornecer oxigénio e nutrientes para os músculos trabalharem eficientemente (Heyward, 2004). Os fisiologistas do exercício medem o consumo máximo de oxigénio (VO2max) ou a taxa de utilização de oxigénio dos músculos durante exercícios aeróbios para avaliar a resistência cardiorrespiratória e a capacidade aeróbia funcional. A melhoria da

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resistência cardiorrespiratória constitui um dos benefícios mais importantes dos programas de treino aeróbio (Heyward, 2004)

A capacidade músculo-esquelética refere-se á capacidade dos sistemas esquelético e muscular para realizar trabalho (Heyward, 2004). Isso exige força, resistência muscular e força óssea. A força muscular é o nível máximo de tensão que pode ser produzido por um grupo muscular; a resistência muscular consiste na capacidade de um músculo para manter os níveis de força submáxima por períodos prolongados; a força óssea está diretamente relacionada com o risco de fratura óssea e é uma função do conteúdo mineral e da densidade tecidos ósseos. O treino da força é uma das maneiras mais eficazes de melhorar a força dos músculos e ossos e desenvolver resistência muscular.

A massa corporal refere-se ao tamanho ou á massa do indivíduo. A composição corporal refere-se á massa absoluta e relativa dos tecidos muscular, ósseo e de gordura. Exercícios aeróbios e de treino da força são eficientes em alterar a massa e a composição corporais (Heyward, 2004).

A flexibilidade é a habilidade de mover uma articulação ou séries delas suavemente ao longo da amplitude completa de movimento (Heyward, 2004). A flexibilidade é limitada por fatores como a estrutura óssea da articulação, tamanho e força dos músculos, ligamentos e outros tecidos conjuntivos. Exercícios diários de alongamentos podem melhorar muito a flexibilidade.

O relaxamento neuromuscular refere-se á capacidade de reduzir ou eliminar tensão ou contração desnecessária em determinado grupo muscular (Heyward, 2004). Exercícios de relaxamento progressivo e tai chi são exemplos de técnicas eficazes para diminuir o stress e os níveis de tensão neuromuscular.

2.6. PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO FÍSICO

Ao longo dos anos tem sido difícil encontrar consenso acerca do tipo de atividade, duração e intensidade recomendada para alcançar benefícios com o exercício físico em indivíduos com DAC. Inicialmente preconizava-se que a intensidade e a qualidade de exercício que permitia a alteração de determinados fatores de risco para a DAC, seria de exigência inferior àquelas que induziam alterações fisiológicas positivas, nomeadamente a

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melhoria da aptidão cardiorrespiratória. De acordo com as orientações do ACSM, a prescrição de exercício físico em doentes com DAC baseia-se na prescrição tradicional para pessoas saudáveis (ACSM, 1994; ACSM, 2000), tendo a sessão de treino a duração de cerca de 40 a 60 minutos com 40 a 75% da frequência cardíaca máxima de reserva, recomendando-se para aqueles que necessitem de treinar a uma intensidade mais baixa, o aumento da duração da sessão para obter as mesmas adaptações. No entanto, no que respeita aos benefícios do exercício físico, estes parecem estar mais relacionados com o volume (combinação de frequência, intensidade e duração) do que propriamente com a intensidade (Heyward, 2002; Oja, 2001; Blair et al., 1996; Pate, Pratt & Blair, 1995) e variam consoante os indicadores de saúde (Bouchard, 1993). No entanto, a intensidade deverá ser acima do nível necessário para provocar adaptações agudas e crónicas e abaixo da intensidade que acarreta respostas cardíacas anormais.

O exercício físico adequável representa uma das estratégias mais relevantes para a promoção da saúde. A sua prescrição até estes últimos anos tem tido poucos adeptos. Contudo, pensamos que esta área de interface é também do âmbito dos profissionais da saúde e deve ser assumida em colaboração com outros profissionais da educação física havendo uma necessidade de uma linguagem comum que por vezes não existe (Barata et col., 1997)

Um dos fatores a ter em conta na prescrição de exercício físico é o conjunto de variáveis que determina o grau de participação nas atividades físicas, a forma como estas estão estruturadas e organizadas. A intensidade do exercício, o tamanho do grupo e a qualidade do líder são alguns dos aspetos suscetíveis de determinar a adesão e manutenção num programa de atividade física (Dubbert et al., 2001; Dishman & Buckworth, 1996).

Os resultados das investigações têm demonstrado alguma relação, ainda que fraca, entre intensidade do exercício e a adesão (Dishman & Sallis, 1994). Pelo fato de as atividades físicas intensas serem mais stressantes, causando mais rapidamente a sensação de desconforto associada á fadiga, do que as atividades moderadas, o nível de intensidade pode afetar a adesão a programas de exercício, especialmente por indivíduos mais sedentários (Weinberg & Gould, 1995). Segundo Dishman (1993), a maioria dos estudos efetuados no contexto da atividade física supervisionada falham em associar a taxa de desistência com a intensidade do exercício ou com a perceção do esforço. No entanto Dishman e Sallis (1994) encontraram evidências de relações consistentes entre as variáveis, neste mesmo contexto. Num estudo realizado por Sallis et al., (1996) referido por Dishman (1993), descobriu-se que indivíduos de ambos os sexos são mais suscetíveis de adotar atividades físicas regulares de intensidade

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moderada do que de intensidade elevada. Indivíduos envolvidos em atividades físicas de elevada intensidade demonstram também uma taxa de abandono duas vezes superior à manifestada pelos indivíduos envolvidos em atividades físicas moderadas. Como resultado, Weinbergh & Gould (1995) aconselham que “ a intensidade dos exercícios devem ser mantidas a níveis moderados, para melhorar a probabilidade de adesão a programas de exercícios a longo prazo” (p.387).

Para a HA baseamo-nos nas recomendações de Araújo (2000) descritas na tabela seguinte.

Tabela 2: Recomendações para indivíduos hipertensos.

Métodos e provas de esforço

 

Métodos e protocolos padrões de Hipertrofia Ventricular Esquerda podem interferir na interpretação do ECG. O exame com tálio pode ser periférico para avaliações diagnosticadas 

Prescrição de Exercícios

Frequência: 4 - 5 vezes/ semana; Duração: 30 - 60 min.

Intensidade: 40-70% do VO2 máx. Recomendações:

- Evitar intensidade alta e atividades isométricas

- Treino com peso deve envolver baixa resistência com muitas repetições. Fonte: Araújo (2000)

2.4. PERSONAL TRAINER

O “personal trainer” (PT) tem que ser um líder. Segundo Weinberg & Gould (1995), um dos fatores mais importantes que contribuem para a participação das pessoas num determinado programa é a qualidade do líder. Qualidades como o conhecimento, entusiasmo, capacidade de encorajar e motivar, principalmente aqueles que dão os primeiros passos no programa, são algumas das características mais apreciadas pelos participantes, constituindo um fator importante para o sucesso de um programa de atividade física.

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2.4.1. Conceito

O treino personalizado é um processo de aplicação e execução de testes e tarefas realizados de forma sistemática e individualizada, sendo a sua utilização baseada em parâmetros morfológicos, biológicos e psicológicos, bem como no grau de condição física inicial e objetivos do cliente (Novaes e Viana, 2003). Segundo estes autores, a organização, a avaliação, a prescrição e a orientação devem ser estruturadas com base em princípios do treino desportivo, da biomecânica e da fisiologia do exercício.

2.4.2. Personal Trainer. Quem é?

Chama-se personal trainer (PT) a um profissional de educação física que efetua um serviço de acompanhamento particular de sessões de programas físicos com exercícios individuais no domicílio, num ginásio ou clube de atividade física (Sousa, 2008). É importante ressalvar que existe uma grande diferença entre sessão particular de atividade física e sessão de programa de treino personalizado. A primeira cumpre o papel de aplicar exercícios de forma sazonal, sem critérios de acompanhamento e avaliação das ações. Enquanto o programa de sessão de treino personalizado atende uma sistematização que implica a sequência das ações e periodização, bem como a avaliação diária do programa e a reformulação no final de cada programação estabelecida, para o alcance dos objetivos. O PT desenvolve diariamente a prática da avaliação das metas traçadas no programa, observa o desempenho e regista aspetos verbalizados pelo cliente (Sousa, 2008).

2.4.3. Material necessário  

É muito e variado o material específico que o PT deve ter à sua disposição para o exercício da sua atividade. Ao longo dos tempos e com um acesso cada vez maior a novas tecnologias e evoluções no treino, o tipo de material usado pelos PT tem vindo a evoluir, a ser mais diversificado e adaptado a estas constantes modificações. Existem várias listas de material específico para PT referidas por autores como por exemplo Novaes e Viana (2003),

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entre outros. De seguida referimos de forma sistemática os materiais por nós utilizados no treino com estes dois clientes:

• Computador (Lap Top);

• Programa de avaliação e prescrição de exercícios; • Impressora;

• Monitor de frequência cardíaca com interface; • Esfigmomanómetro;

• Aparelho para medir a flexibilidade; • Fita métrica;

• Balança; • Step; • Colchão;

• Halteres com pesos variados;

• “Tornozeleiras” com pesos variados; • Aparelho de resistência abdominal; • Aparelhos de musculação;

• Aparelhos para trabalho aeróbio.

A esta lista, hoje poderíamos acrescentar materiais mais atuais como os tablets e smartphones, que comunicam diretamente com os atuais aparelhos de medição cardíaca registando e monitorizando em tempo real as atividades desenvolvidas. Estas possibilidades e outras encontradas nos novos softwares de monitorização e controlo da atividade física são um bom suporte ao PT nos dias de hoje.

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III. METODOLOGIA

3.1. ENQUADRAMENTO DO PROCESSO DE TREINO

O trabalho de personal trainer foi desenvolvido ao longo de aproximadamente 2 anos com dois indivíduos, um do sexo masculino e outro do sexo feminino com idades 53 e 47 anos respetivamente. Os dois indivíduos eram um casal, com um estilo de vida sedentário mas não apresentavam características problemáticas associadas à sua sedentariedade. Apresentavam um diagnóstico de hipertensão moderada estando medicados e sendo clinicamente acompanhados.

O combate à hipertensão, a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento das capacidades físicas foram os fatores que os levaram a procurar a ajuda e serviços de um personal trainer.

Após uma reunião inicial, onde foram preenchidas as fichas de anamnese (anexo 1), uma avaliação física dos clientes, bem como a sua disponibilidade, foram definidos os objetivos:

• Melhoria da qualidade de vida;

• Desenvolver as várias componentes da aptidão física; • Melhorar a composição corporal;

• Diminuir os valores da hipertensão arterial.

Foi delineado um planeamento em macrociclos de 2 meses que ficariam dependentes da adaptação dos clientes ao programa.

3.2. MATERIAIS E INSTRUMENTOS

Os materiais utilizados foram: • Computador portátil; • Cronómetro;

• 2 Cardiofrequencímetros da marca Polar;

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3.3. CARATERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ALVO

• Um indivíduo do sexo masculino com 53 anos de idade; • Um indivíduo do sexo feminino com 47 nos de idade; • Ambos sofriam de hipertensão arterial moderada.

 

3.4. CARATERIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES

A principal instalação utilizada foi o Parque da Cidade no Porto e a praia de Matosinhos para as sessões ao ar livre e o Health Club Solinca Porto Palácio para as sessões de ginásio. Uma das razões para esta escolha, talvez a principal, foi o facto de estas se encontrarem mesmo na proximidade da casa dos clientes. O parque da cidade foi o local escolhido sempre que o clima o permitia. É o maior parque urbano do país, com uma superfície de 83 hectares de áreas verdes naturalizadas que se estendem até ao Oceano Atlântico, dispõe ainda de uma rede de caminhos com cerca de 10km que são ideais para este tipo de atividade, bem como todos os espaços verdes e material que se pode adaptar para usar como suporte a determinados exercícios físicos. Na figura 1 apresentamos uma imagem do parque com vários caminhos assinalados. Como se pode verificar, são vários os caminhos existentes, logo muitas são as alternativas de percurso possíveis neste local.

O parque da cidade tem um acesso pedonal direto à praia de Matosinhos (Figura 2). É uma praia urbana que oferece aos seus banhistas um imenso areal com uma área total de 115.000 m2. Este extenso areal na maré vazia apresenta-se com uma grande superfície mais compacta onde facilita atividades como a caminhada e o jogging, podendo-se alternar entre a areia mais compacta e a areia mais mole para aumentar a intensidade da atividade.

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Figu Fonte https:/ dac31   Figura 2 Fonte: R ura 1 - Image e: Retirada (20 //maps.google 10eb3c8e) – Imagem da Retirada (2013) em do parque 013) em: e.pt/maps/ms? a Praia de Ma ) em: http:// da cidade (Po ?ie=UTF8&oe tosinhos loveporto.co orto) e=UTF8&msa om/peter‐foz a=0&msid=2 z2.JPG  069484912944580172699.000048f3a2

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As sessões indoor tiveram lugar no Health Club Solinca Porto Palácio (Figura 3) que é um clube com 3.150 m2 distribuídos por 2 pisos com 4 estúdios para aulas, 1 court de Squash, 3 piscinas e uma sala de musculação e cardiofitness.

Figura 3 - Imagens do Solinca Porto Palácio

       

Fonte: Retiradas (2013) em: http://www.igogo.pt/solinca‐health‐fitness‐club‐3/ 

 

Utilizamos também de forma esporádica o clube de ténis da Foz, a Quinta do Mosteiro de Pedroso para aulas de equitação, e o Clube de Golfe da Quinta do Fojo. Estes últimos locais serviram mais como uma satisfação de curiosidade por parte dos clientes para a prática de novas modalidades desportivas.

3.5. ESTRUTURA DA SESSÃO DE EXERCÍCIOS

3.5.1. Primeiro macrociclo (2meses)

Apesar das recomendações aconselhadas por diversos autores incidirem por uma frequência de prescrição de exercícios 4 a 5 vezes por semana, os clientes, inicialmente, apenas contrataram duas sessões semanais. Assim sendo, no primeiro macrociclo de 2 meses,

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implementamos duas sessões de treino semanais à terça-feira e à quinta-feira, inicialmente de quarenta e cinco minutos e sujeitas à análise da evolução dos indivíduos.

A estrutura da sessão de exercícios inicialmente delineada consistia num prévio aquecimento osteo-mio-articular de aproximadamente 10m (ACSM, 2000), privilegiando a ativação das grandes massas musculares que tinha como objetivos aumentar a temperatura corporal e a distribuição do oxigénio pelos músculos ativos, estimular a atividade do sistema nervoso central e eventualmente prevenir lesões (Castelo, 2000). De seguida uma caminhada continua a uma velocidade moderada de aproximadamente quatro/ cinco quilómetros por hora, sempre que não excedesse a intensidade de 70% da frequência cardíaca máxima dos indivíduos (ACSM, 1994). Esta intensidade estava a ser controlada por mim e pelos próprios indivíduos com recurso a um monitor de frequência cardíaca usado por eles e também por perceção subjetiva do esforço, avaliada quer por mim, quer por eles próprios. Estava sempre reservada uma parte final do treino para uma sessão de alongamento muscular que tinha como objetivos a prevenção de mialgias (condição dolorosa resultante da inflamação de um músculo), aumento da flexibilidade, melhorar a capacidade de recuperação e diminuir rapidamente a acumulação de lactato no sangue (Castelo, 2000). Sempre promovi que fossem efetuados de forma ativa, mas também passiva em que eles se ajudavam mutuamente. Segue na tabela 3 a descrição desse mesmo programa de treino.

Tabela 3 - Programa de treino I

O parque da cidade possui muitas alternativas de percursos a realizar, na figura 4 apresentamos um exemplo de um desses percursos realizados com um trajeto de aproximadamente 5km.

O entusiasmo inicial manteve-se de tal forma que ao final de, aproximadamente, um mês e meio os indivíduos apresentavam uma rápida adaptação ao programa de treino e respetiva evolução da sua condição física. De acordo com os princípios de treino de Heward (2004), o programa foi sendo sucessivamente reajustado, adaptando ao real nível de condição física que

Exe rcícios Duração(m) Inte nsidade Obje t. Tre ino Exe rcícios Duração(m) Inte nsidade Obje t. Tre ino

Resistência Resistência Capacidade Aeróbica Flexibilidade Flexibilidade Capacidade Aeróbica Se ssão 2 Se ssão 1 10 10 25 10 50% / 60% Fcmax Parte Inicial -

Aque cime nto

Parte Principal

Parte Final -

Alongame ntos Alongamentos

Activação osteo-mio-articular Caminhada em velocidade média de 4/5 Km/h Alongamentos Activação osteo-mio-articular Caminhada em velocidade média de 4/5 Km/h 10 25 50% / 60% Fcmax

(40)

estes ap bem com Assim s meses. 1989; M agacham joelhos exercíci parávam também necessit F F T Parte Inici Aquecimen Parte Principa Parte Fina Alongamen presentavam mo a necess sendo, dem Iniciamos u McCarteny, mentos, abd (Klemen, ios estavam mos para ex m ao aument távamos de Figura 4 - Ex Fonte: Retira Tabela 4 - Pro Exercíc al - nto Activação os articu Caminh intervalad exercícios d resistente inferior/ m super al al - ntos Alongam m, sempre c sidade de pr mos por term um novo p 1999; Brub dominais, s 1989; Stew m inseridos xecutar um e to do tempo dispor de m xemplo de um p do de: http://w ograma de tre cios Duraçã steo-mio-lar 1 Se hada da com de força - Trem médio/ rior 3 mentos 1 om o intuit rovocar nov minado o pr rograma m backer & Ka subir a um wart et al., 2 na forma exercício e d o das sessõe mais algum t percurso real www.sports-tr eino II ão(m) Intensida 0 essão 1 30 55% / 65Fcmax 0 to de melho vos estímulo rimeiro mac mais ajustado Kaminsky, 20 ma plataform 2001) nas n de estações depois segu es para 50m tempo para lizado no parq racker.com/

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Este segundo macrociclo seguiu desta forma por um período de aproximadamente mais dois meses, no qual os indivíduos mostraram uma excelente adaptação.

É de referenciar o facto de a motivação deste casal ter evoluído ao ponto de que eles próprios começaram a fazer as sessões sozinhos aos fins-de-semana. Umas vezes só uma sessão ao sábado, outras vezes ao sábado e ao domingo, pois eram os dias que tinham disponibilidade. Estas sessões autónomas eram uma réplica das sessões dessa semana, apenas sem alguns exercícios de maior intensidade que eu aconselhava a serem executados somente na minha presença.

3.5.2. Terceiro macrociclo (2meses)  

Com a melhoria das condições climatéricas e a constante adaptação às intensidades de treino (Heyward, 2004) surgiu a introdução da praia no nosso circuito. Esta escolha surge pela minha perceção do gosto pela praia dos meus dois clientes, bem como a necessidade de quebra de rotina que pudesse eventualmente existir pela utilização apenas do parque e veio também proporcionar outro estímulo ao treino. De início optei pela utilização da parte mais dura da areia para as caminhadas, mas rapidamente surgiram as alternâncias com a areia mais mole que intensificava claramente a intensidade do esforço desenvolvido (tabela 5).

Tabela 5 - Programa de treino III

 

3.5.3. Quarto macrociclo (3meses)  

A atividade seguia com constantes melhorias, sendo que o feedback não poderia ser mais positivo quando os clientes decidem que querem mais uma sessão de treino semanal.

Exercícios Duração(m) Intensidade Objet. Treino Exercícios Duração(m) Intensidade Objet. Treino

Resistência Resistência Parte Inicial - Aquecimento Activação osteo-mio-articular 10 Activação osteo-mio-articular Sessão 2 10 Sessão 1 Flexibilidade Parte Final -

Alongamentos Alongamentos 10 Flexibilidade Alongamentos 10

Capacidade Aerobica 50 55% / 65%

Fcmax Parte Principal

Caminhada piso duro e mole (praia) intervalada com exercícios de força resistente - Trem inferior/ médio/ superior 50 55% / 65% Fcmax

Caminhada piso duro e mole (praia) intervalada com exercícios de força resistente - Trem inferior/ médio/ superior Capacidade Aeróbica Força Força

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Estávamos, já nesta altura, com duas sessões, de aproximadamente sessenta minutos, por semana. Assim como as sessões que autonomamente o casal fazia ao fim de semana. Este acréscimo de uma sessão semanal, veio implicar a necessidade de restruturação da tipologia do treino semanal. De acordo com os clientes e também pela minha disponibilidade, os treinos passaram a ser à segunda, quarta e sexta-feira, pois assim não havia treinos em dias seguidos o que permitia sempre um dia de descanso entre sessões.

Com as três sessões semanais, o treino evoluiu para componentes mais específicas do treino de força dos trems inferior, médio e superior, bem como elementos de coordenação motora. Mantivemos as sessões de parque e praia com estações de exercícios de força alternados com a caminhada. Ao oitavo mês comecei a introduzir a corrida nas sessões de treino. De início uma corrida lenta em piso plano e de intensidade moderada. Esta foi evoluindo ao ponto que ao final de três meses de ter sido introduzida, já efetuavam um percurso de cerca de dez minutos em corrida continua. A evolução do programa de treino dos clientes foi notória, como se pode verificar no exemplo demonstrado na tabela 6, de um programa de treino que eles realizavam ao fim de um ano de estarmos a trabalhar em conjunto.

Tabela 6 - Programa de treino IV

 

Com um ano de trabalho, uma das sessões semanais passou a ser no ginásio, onde se incidia de uma forma mais específica nos grupos musculares em questão, através de um treino de força em circuito nas máquinas de musculação (AACVPR, 1999). Os clientes sabiam nadar mas pretendiam melhorar a sua técnica, por isso decidimos realizar treinos de natação,

Exercícios Grupo Muscular Duração (aprox)

Caminhada Todos 10

Agachamentos com as mãos na anca Pernas 5

Corrida contínua Todos 10

Abdominais - "Curl-up" Reto abdominal; Obliqio externo 5 Step (subir e descer uma plataforma) Pernas 5

Corrida contínua Todos 10

Flexões de braços (com apoio dos joelhos) Bicep; Tricep; Peitorais 5

Caminhada Todos 5

Sessão

Parte Final -

Alongamentos Alongamentos

Gémeos; Quadriceps; Posteriores da coxa; Lombares; Dorsal; Abdominal; Peitoral; bicep;

Tricep; Pescoço

15 10 Parte Inicial -

Aque cimento

Activação osteo-mio-articular: Rotação das várias articulações do corpo

Tornozelo; Joelho; Cintura; Ombros; Cotovelos; Pulsos; Pescoço

Parte Principal

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que melhorava a técnica e trabalhava também a componente aeróbia, sempre com o intuito de combater a rotina nos treinos e implementar novos estímulos às nossas sessões.

Este modelo intervalado entre o parque da cidade e praia, com o ginásio manteve-se ao longo do resto do tempo em que trabalhamos juntos. Ainda acrescentávamos sessões esporádicas de Ténis, Equitação e Golfe

(44)

IV. ANÁLISE DO PROCESSO

         

Imagem

Tabela 1 ‐ Classificação da PA segundo os valores da pressão arterial sistólica e da pressão diastólica. 
Tabela 2: Recomendações para indivíduos hipertensos.
Figura 3 - Imagens do Solinca Porto Palácio
Tabela 3 - Programa de treino I
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Referências

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