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ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA NUTRISUS SOB A PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS

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Heloísa Firmeza de Oliveira1

Lorena Maciel Honor de Brito2

Amanda de Andrade Marques3

RESUMO

O objetivo do estudo foi analisar a implementação da Estratégia NutriSUS sob a perspectiva dos

gestores escolares e nutricionistas envolvidos na mesma. Trata-se de um estudo descritivo de caráter

qualitativo, realizado na cidade de Juazeiro do Norte-CE, com profissionais envolvidos direto ou

indiretamente na estratégia NutriSUS. Foi utilizado como instrumento de coleta, entrevista

semiestruturada, a análise dos dados se deu por análise de conteúdo temática. Pôde-se observar que

o funcionamento da estratégia se deu de maneira satisfatória, porém foram encontrados alguns

pontos falhos, como fragilidades nas capacitações de alguns profissionais. Todavia, notou-se através

da interpretação das falas que a manipulação dos sachês do NutriSUS foi proferida sem dificuldades

e que os benefícios esperados para o público alvo foram compreendidos segundo os relatos. No

entanto, ainda há alguns pontos a serem analisados visando à melhoria da operacionalização dessa

estratégia.

Palavras chaves: Estratégias. Política Nutricional. Suplementação Alimentar.

ABSTRACT

The goal of the study was to analyze the implementation of the NutriSUS Strategy from the perspective

of the professionals involved in it. This is a qualitative descriptive study, carried out in the city of

Juazeiro do Norte-CE, with professionals directly or indirectly involved in the NutriSUS strategy. It was

used as an instrument of collection, semi-structured interview, the analysis of the data was given by

analysis of thematic content. It was observed that the operation of the strategy was satisfactory, but

some weaknesses were found, such as weaknesses in the skills of some professionals. However, it

was noted through the interpretation of the statements that the handling of the sachets of NutriSUS

was delivered without difficulties and that the expected benefits for the target audience were

understood according to the reports. However, there are still some points to be analyzed in order to

improve the operation of this strategy.

Key words: Strategies. Nutrition Policy. Food Supplementation.

1 Graduada em Nutrição pela Faculdade de Juazeiro do Norte-FJN

ORIGINAL

ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA

NUTRISUS SOB A PERSPECTIVA DOS

PROFISSIONAIS

ANALYSIS OF THE IMPLEMENTATION OF THE

NUTRISUS STRATEGY UNDER THE PERSPECTIVE

OF PROFESSIONALS

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INTRODUÇÃO

Várias políticas públicas vêm sendo criadas no Sistema Único de Saúde - SUS para assegurar o direito à saúde de todos, porém, o Brasil ainda enfrenta várias problemáticas de saúde, como o fenômeno da transição nutricional, que se caracteriza pela diminuição da prevalência de desnutrição em todos os grupos etários e estratos econômicos, enquanto que a obesidade tem aumentado. Apesar dessa diminuição da desnutrição, as deficiências nutricionais ainda são importantes no país, particularmente nas crianças dos estratos de renda mais baixa e nas regiões Norte e Nordeste, destacando as deficiências de vitamina A e ferro (ROCHA; CESAR, 2008).

Uma das estratégias, se não a principal, de prevenção e tratamento dessa deficiência de ferro é a suplementação com sulfato ferroso na Atenção Básica de Saúde, através do Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF). Esta é uma medida com boa relação de custo efetividade para a prevenção da anemia (BRASIL, 2013).

Na tentativa de erradicar os casos de deficiência de vitamina A o país conta com o Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A, dada a importância deste micronutriente para o público infantil (BRASIL, 2009).

Ante esta problemática de carências nutricionais apresentadas, foi criada uma estratégia de fortificação da alimentação infantil com micronutrientes (vitaminas e minerais) em pó, o chamado NutriSUS. Essa estratégia visa potencializar o pleno desenvolvimento infantil, a prevenção e o controle das deficiências de vitaminas e minerais na infância, devido ao tempo que as crianças permanecem na escola realizando refeições (BRASIL, 2015).

O NutriSUS é constituído na forma de sachês, que são administrados em uma refeição da criança, que apresente consistência pastosa e pronta para consumo, devendo ser aberto apenas com auxílio das mãos pelos profissionais definidos pela escola como responsáveis pela inclusão do conteúdo do sachê no prato de comida (BRASIL, 2015).

Diante dos entraves que dificultam a implantação e manutenção de programas de saúde pública no Brasil, é de suma importância a avaliação e identificação de pontos críticos nas políticas públicas, na tentativa de favorecer uma melhora no planejamento e gestão destas, visando à adequação da assistência (SILVA et al., 2016).

Está mais nova estratégia de promoção e proteção à saúde demostra um salto para o tratamento das deficiências nutricionais de crianças pré-escolares. Podendo se tornar um grande marco na erradicação dessas deficiências, se operacionalizada de maneira correta, pois vem a somar significativamente a todos os programas assistencialistas do SUS. Todavia, esta estratégia encontra-se em fase de adaptação na sua implantação, de acordo com a realidade dos municípios.

Partindo dessa problemática, o estudo remeteu-se a importância de avaliar como está remeteu-se dando a implantação da Estratégia NutriSUS nas creches públicas dos municípios brasileiros, principalmente nas cidades do Nordeste onde se tem maiores problemas voltados para as carências nutricionais de crianças, tendo em vista a visão dos profissionais envolvidos nessa estratégia, sobre a importância desse programa para a prevenção da saúde dos pré-escolares e a opinião acerca da eficácia do mesmo.

O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de analisar a implementação da Estratégia NutriSUS sob a perspectiva dos gestores escolares e nutricionistas envolvidos, na cidade de Juazeiro do Norte-CE.

METODOLOGIA

O estudo foi do tipo descritivo de caráter qualitativo, desenvolvido na cidade de Juazeiro do Norte-CE e teve como cenário a Secretaria de Saúde deste município, bem como as creches públicas participantes da estratégia NutriSUS.

A pesquisa contou com a participação de profissionais envolvidos diretamente na execução da estratégia NutriSUS. Como critério de inclusão considerou-se profissionais atuantes por mais de seis

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meses. Como critério de exclusão considerou-se aqueles profissionais que atuavam em creches localizadas na zona rural. O município conta com um total de 34 creches, sendo 28 localizadas na zona urbana e 6 na zona rural, contando ainda com 17 escolas de ensino fundamental que abrangem crianças da idade de creches, sendo 14 localizadas na área rural e 3 na área urbana. Destas receberam a Estratégia NutriSUS apenas 14 creches, 7 da zona urbana e 7 da zona rural localizadas na cidade onde a pesquisa foi realizada. Nestas instituições foram abordados diretores ou coordenadores pedagógicos para participarem voluntariamente da pesquisa, bem como o nutricionista, responsável pela estratégia. Num total seriam desenvolvidas oito entrevistas, porém apenas três gestores escolares e o nutricionista aceitaram participar da pesquisa, os demais não concordaram ou não foram localizados após três tentativas. Todos aqueles que de maneira voluntária aceitaram participar da entrevista leram e receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e posteriormente leram e assinaram o Termo de Consentimento Pós Esclarecido.

O instrumento de coleta de dados utilizado foi entrevistas semiestruturadas elaboradas a partir da literatura que normatiza o NutriSUS. Onde se utilizou de dois instrumentos, um direcionado aos diretores e o outro ao nutricionista. A aplicação destas se deu com auxílio de mídia de gravador de voz, no período dos meses de setembro e Outubro de 2016, sendo as falas transcritas posteriormente pela pesquisadora. As entrevistas abordaram perguntas a respeito do funcionamento da estratégia nas creches, a percepção dos participantes acerca do tema em questão e sugestões e/ou críticas a respeito do NutriSUS.

Antes da coleta de dados foi aplicado um teste piloto em outro município, também participante da estratégia, para avaliar a conformidade da entrevista com os objetivos a serem alcançados, como também para observar possíveis repetições de perguntas e o tempo de aplicação do instrumento. Posteriormente foi encaminhado a Secretaria de Educação de Juazeiro do

Norte-CE um pedido de autorização para se realizar as visita nas creches para a coleta de dados, sendo este consentido para realização da mesma.

Os dados foram analisados por meio da Análise de Conteúdo Temática proposta por Minayo (2012), onde as falas foram lidas, interpretadas e organizadas através de categorias, pela pesquisadora. A técnica de observação participante não foi realizada para fins comparativos com a entrevista, pelo fato do não funcionamento da estratégia NutriSUS no período de coleta de dados.

A pesquisa teve como aspectos éticos e legais as instruções da Resolução nº 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, onde foi submetida e posteriormente aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) da Faculdade de Juazeiro do Norte, através do parecer nº 1.755.733.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os entrevistados foram todos do sexo feminino, com idades entre 37 a 57 anos. O grupo foi composto por quatro participantes, sendo duas diretoras, uma coordenadora pedagógica e uma nutricionista. Quanto ao tempo de profissão verificou-se uma variação entre 12 a 36 anos de atuação. Todos os gestores atuaram na estratégia NutriSUS na devida creche em que trabalham atualmente, durante todo o funcionamento.

Tendo em vista o sigilo dos participantes da pesquisa, os mesmos foram identificados através dos codinomes: Sujeito 1, sujeito 2, sujeito 3 e sujeito 4, para consequente explanação de seus depoimentos. Diante das falas dos sujeitos do estudo surgiram as seguintes categorias: funcionamento da estratégia no município, facilidade na implantação e benefícios e melhorias na estratégia.

Categoria 1 - Funcionamento da estratégia no município No que tange a implantação de fato no município, houve uma grande concordância entre as falas, pois todas relataram ter havido reuniões para explanação da estratégia, por parte das secretarias envolvidas, porém

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não ficou evidente se em todas as creches a reunião aconteceu para todos os profissionais que estariam envolvidos com o NutriSUS. Observou-se também que o município não recebeu nenhum tipo de capacitação ou orientação verbal a respeito da nova estratégia, por parte do Ministério da Saúde, apenas materiais didáticos para desenvolvê-la.

O Ministério da Saúde não fez nenhuma capacitação com os municípios, mandou uns manuais pelo e-mail de cada um de nós gestores da Política de Alimentação e Nutrição e mandou a gente ler e foi isso que aconteceu, a gente ficou assim ávido por ter um momento de conversar, de estabelecer protocolos, de ver como ia ser esse fluxo e eles diziam “está nos manuais” e foi assim que a gente fez, leu esses manuais, como a gente trabalha em concomitância com o Programa Saúde na Escola então a gente reuniu o GTI (Grupo de Trabalho Intersetorial) e tentou entender isso junto com a Educação e desenhar o nosso próprio fluxo.

(Sujeito 4)

Primeiro foi feito uma reunião com os diretores, coordenadores e o Conselho da escola pra explicar com os membros da Secretaria de Educação e também com o pessoal da Secretaria de Saúde. Primeiro foi feito uma reunião explicando como era que nós devíamos proceder pra que fosse implantado na escola [...].

(Sujeito 1) Durante a interpretação das falas pôde-se observar relatos divergentes sobre capacitações com as merendeiras, que também estão envolvidas no curso desta estratégia:

Assim, com os coordenadores, diretor e coordenador receberam as orientações ao qual deveria ser repassados a quem ia de fato está praticando.

(Sujeito 2)

Não, houve não, foi só repasse no dia da reunião [...].

(Sujeito 3) As merendeiras também foram capacitadas e ai... a gente foi pessoalmente nas creches explicar como é que ia acontecer, como seria esse picote do sachê, como é que ela deveria colocar no prato da criança, pra que a gente tivesse uma melhor aceitação.

(Sujeito 4)

Observa-se que em relação ao funcionamento dessa estratégia no município muitos aspectos foram falhos. Um ponto que chama atenção foi o fato de o Ministério da Saúde não ter capacitado aqueles que iriam gerir o NutriSUS no município, fato este que poderia deixar muita abertura para a não implantação adequada da estratégia, por se tratar de algo novo a nível nacional. A participação do Ministério em novas ações que visam a melhoria de alguns problemas de saúde no país seria, de suma importância para o curso correto de programas e estratégias.

Na tentativa de ressaltar a importância que se tem a capacitação, um estudo realizado em no Estado de Minas Gerais com profissionais em Unidades de Terapia Intensiva demonstrou que o investimento na capacitação da equipe de saúde, pode contribuir para o aumento das expectativas da melhora da qualidade da assistência. Tendo em vista que se faz necessário que este processo de capacitação e qualificação profissional seja contínuo, a fim de aprimorar cada vez mais os conhecimentos técnico-científicos dos profissionais envolvidos (PONTES; GONÇALVES, 2012).

Outro estudo realizado com Agentes Comunitários de Saúde, também apontou a importância da capacitação para melhoria da assistência, possibilitando o atendimento integral à saúde (OLIVEIRA et al., 2014).

Portanto, observa-se a necessidade de se realizar capacitações com profissionais de saúde,

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principalmente por parte do órgão que rege a saúde no Brasil, na tentativa de gerir de maneira adequada as ações promotoras de saúde, sobretudo se tratando de uma estratégia nova implantada no país.

Outro ponto importante a se observar foi em relação à capacitação das merendeiras. Pelos relatos dos entrevistados pôde-se perceber que esta ação não aconteceu em todas as creches, o que se torna um grande obstáculo para uma manipulação adequada dentro das premissas do NutriSUS. Por se tratar das profissionais que estariam mais intimamente ligadas ao correto manejo dos sachês, este fato torna-se um dos pontos que merece muita atenção por parte dos gestores da estratégia.

Leite et al (2011), em estudo realizado para descrever uma experiência de formação desenvolvida para merendeiras, observaram que uma proposta participativa com os manipuladores de alimentos proporciona uma maior valorização e motivação por parte das merendeiras. E que a formação e valorização deste público proporcionam maiores chances de êxito nas práticas de trabalho.

Categoria 2 - Facilidade na implantação

Diante dos depoimentos notou-se que houve uma facilidade na manipulação dos sachês nas creches, como também na autorização dos pais para o início do funcionamento da estratégia.

A manipulação é fácil, primeiro recebemos uma orientação, que não poderia ser recortado com tesoura, que tem que ser rasgado, que as embalagens teriam que ser é... guardadas para serem devolvidas ao governo, e assim, a manipulação foi fácil, prático, muito prático, o que travava mesmo era a questão de que as vezes faltava merenda, que a gente tinha que cada dia mais adiar mais o processo de encerramento do programa.

(Sujeito 1)

[...] Houve a reunião, a gente comunicou aos pais. [...] todos autorizaram, assim, o que é de benefício que vem eles não colocam empecilho não, sempre recebem de muito bom grado.

(Sujeito 2) Chamamos o profissional do posto que é nosso parceiro, veio também o pessoal da Secretaria de Saúde do município e também a responsável por esse programa da Secretaria de Educação e os pais compareceram em massa e abraçaram muito esse projeto.

(Sujeito 1)

Nota-se pelas falas que não houve nenhum tipo de dificuldade quanto à manipulação dos sachês, que foi um processo simples e prático na visão dos entrevistados, esse ponto se mostra como um grande benefício para o êxito no funcionamento adequado da estratégia. Porém, a única dificuldade relatada foi a questão da falta da merenda escolar em algum período durante a manipulação dos sachês, o que pode levar a um prejuízo no cumprimento adequado do cronograma de oferta às crianças. Entretanto, não se pode afirmar, que não houve nenhum tipo de dificuldade no manejo dos sachês apenas através da interpretação das falas, pois para isso necessitava-se de uma análise através de observação do participante, que não pôde ser realizada durante a pesquisa.

Em um estudo realizado em Maceió-AL por Correia et al (2015), identificaram relatos de educadores e pais de alunos sobre atrasos nos recebimentos dos alimentos, como sendo um aspecto prejudicial na alimentação escolar.

Este episódio pode estar relacionado ao não investimento total dos recursos financeiros repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, fato este que foi evidenciado no estudo de Bandeira et al (2013).

Um ponto que chamou atenção foi a posição dos pais quanto a aceitação do NutriSUS, onde os mesmos

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não se opuseram em nenhum momento ao uso dos sachês por parte de seus filhos. Isto mostra-se como um ponto positivo para o pleno funcionamento do NutriSUS, pois com a parceria dos pais a estratégia pode ser desenvolvida da melhor maneira e atingir um grande público.

Em seu estudo Costa (2011), traz o enfoque da parceria família/escola, abordando que se torna cada vez mais necessário a participação colaborativa entre estas duas instituições, sugerindo que esta parceria extrapole vínculos de obrigatoriedade e seja uma relação de confiança e ajuda mútua. Tendo em vista que é função da escola fazer trabalhos com os pais, que propicie a discussão dos interesses coincidentes, bem como dos conflitantes.

O contato entre as famílias e a escola é muito importante, principalmente no que se refere à educação infantil, uma fase que necessita um olhar mais atencioso. Essa interação é primordial partindo do principio de que tanto a família como a escola devem concretizar objetivos comuns para o desenvolvimento da criança (COSTA, 2015).

Categoria 3 - Benefícios e melhorias na estratégia Observou-se que os benefícios relacionados a essa estratégia foram realmente entendidos por parte dos sujeitos do estudo, o que se notou nos relatos dos entrevistados.

Porque assim, tem muita criança que não tem aquela alimentação saudável em casa, aliás, saudável não, não tem o suficiente, muito desnutridas, desnutridas mesmo, ai depois que começaram usar o sachê eles foram modificando, aumentando de peso, era bom que continuasse no próximo ano.

(Sujeito 3) Achei bem interessante, porque antes nós tínhamos a suplementação com o ferro na forma de gotas e xarope e ela era completamente inoperante, porque a quantidade de ferro

desperdiçado, que vai pro lixo mesmo é muito grande, porque a aceitação é muito ruim [...]então a gente precisava de uma estratégia assim. Acho interessante porque já está sendo utilizada em vários países como Austrália, como Canadá, que são países de primeiro mundo, então eu acho muito interessante.

(Sujeito 4)

Diante das falas conota-se a grande importância que essa estratégia tem para melhoria do estado nutricional das crianças, através destes relatos pode-se notar que os benefícios obtidos com a administração do NutriSUS são realmente notórios, quando se é feita a manipulação adequada. Porém, não apenas essa estratégia, mas vários outros programas públicos que visam a melhoria da saúde de nossas crianças, quando manuseados da maneira correta, geram inúmeros benefícios a população.

Em estudo para se avaliar a eficácia da suplementação com micronutrientes em pó realizado em três regiões do Peru, Munayco et al (2013) constataram que, a estratégia teve sucesso no que diz respeito a redução da prevalência de anemia, aumento significativo de hemoboglobina sérica e adesão superior a 80% entre as crianças. Pôde-se observar também que, essa fortificação resolveu o problema da anemia moderada e leve em 55% e 69% das crianças, respectivamente, e teve um efeito protetor sobre aquelas que não tinham anemia no início do estudo.

Dias e Szarfarc (2013) em um estudo realizado com crianças de dois a quatro anos de idade, constataram que a suplementação de ferro em uma refeição habitual teve uma eficácia positiva no controle da anemia, o que foi evidenciado no grupo intervenção que totalizou 0% de anemia ao final do estudo a 25% de anêmicos no grupo controle.

O NutriSUS por se tratar de uma estratégia nova do governo, apresenta melhorias a serem desenvolvidas, como também críticas a serem discutidas na busca de um bom funcionamento, podendo levar-se em

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consideração a atuação contínua dessa estratégia, bem como uma parceria concreta entre a saúde e a educação. A busca por melhorias torna-se um desafio a ser enfrentado, pois mesmo programas de promoção da saúde já atuantes, ainda encontram dificuldades para sua operacionalização da maneira correta.

É o que se pode observar no estudo de Oliveira, Nascimento e Moreira (2014), que ao analisarem o Programa Nacional de Suplementação de Ferro pela ótica dos profissionais de nutrição, puderam constatar que mesmo se tratando de uma intervenção implementada desde o ano de 2005 (dois mil e cinco), ainda são encontradas dificuldades quanto à operacionalização deste programa.

Brito et al (2016) depararam-se com algumas dificuldades encontradas no funcionamento adequado do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A - PNVITA, em seu estudo apontaram alguns pontos dificultadores que estariam contribuindo para a não apreensão da proposta do Programa como um conjunto de ações articuladas para o controle da deficiência de vitamina A. Este mesmo fato também foi evidenciado no estudo de Almeida et al (2010), que ao estudar o funcionamento do PNVITA, se depararam com várias falhas e pontos a serem considerados para melhoria do Programa.

Por se tratar de um instrumento de atuação recente no Brasil, notou-se no ato da pesquisa, que o acervo de estudos avaliativos desta estratégia ainda são insuficientes para uma análise mais aprofundada a respeito do NutriSUS. Assim, torna-se um objeto de estudo muito importante para futuras pesquisas no campo científico.

CONCLUSÃO

O estudo revelou que a estratégia NutriSUS ainda vem sendo implantada de maneira gradual e com alguns pontos a serem levados em consideração para possíveis melhorias. Constatou-se, a partir da análise dos depoimentos, uma facilidade na execução prática da estratégia, bem como uma participação notória entre os

sujeitos envolvidos na mesma, também benefícios evidenciados durante a operacionalização dessa fortificação, não excluindo algumas considerações visando a melhoria da atuação do NutriSUS.

Como a maioria dos programas e estratégias do país, este projeto também enfrenta vários entraves e apresenta questões a serem discutidas com mais propriedade. Um ponto importante levantado no estudo e que merece atenção foi a participação do Ministério da Saúde, que deveria se dar de maneira mais ativa e presente, já que esta estratégia visa alcançar um público vulnerável e erradicar um problema de saúde tão presente no Brasil, que mesmo diante de outras táticas ainda não conseguiu ser sanado.

Foi detectado também, a insuficiência de estudos colaborativos referentes ao funcionamento da estratégia NutriSUS no país, o que abre um parêntese para que futuros pesquisadores possam abordar esse tema em suas pesquisas, já que se trata de um assunto tão pertinente que envolve tanto a saúde como a economia do Brasil.

Espera-se que este estudo contribua de maneira positiva para o campo acadêmico, bem como para o planejamento futuro de gestões municipais que contam com esta estratégia e também para possíveis debates que visem melhorias sobre o tema em questão.

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