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Estudo e aplicação de modelos de previsão de doenças da vinha sobre plataformas de IoT

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Estudo e aplica¸c˜

ao

de modelos de previs˜

ao de doen¸cas da vinha

sobre plataformas de IoT

Por

Carlos Manuel Olo Peixoto

Orientador: Doutor Raul Manuel Pereira Morais dos Santos

Co-orientador: Doutora Maria Isabel Mendes Guerra Marques

Cortez

Disserta¸c˜ao submetida `a

UNIVERSIDADE DE TR ´AS-OS-MONTES E ALTO DOURO para obten¸c˜ao do grau de

MESTRE

em Engenharia Electrot´ecnica e de Computadores, de acordo com o disposto no Regulamento Geral dos Ciclos de Estudos Conducentes ao Grau de Mestre na UTAD

DR, 2.a

s´erie – N.o

133 – Regulamento n.o

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Estudo e aplica¸c˜

ao

de modelos de previs˜

ao de doen¸cas da vinha

sobre plataformas de IoT

Por

Carlos Manuel Olo Peixoto

Orientador: Doutor Raul Manuel Pereira Morais dos Santos

Co-orientador: Doutora Maria Isabel Mendes Guerra Marques

Cortez

Disserta¸c˜ao submetida `a

UNIVERSIDADE DE TR ´AS-OS-MONTES E ALTO DOURO para obten¸c˜ao do grau de

MESTRE

em Engenharia Electrot´ecnica e de Computadores, de acordo com o disposto no Regulamento Geral dos Ciclos de Estudos Conducentes ao Grau de Mestre na UTAD

DR, 2.a

s´erie – N.o

133 – Regulamento n.o

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Orienta¸c˜ao Cient´ıfica :

Doutor Raul Manuel Pereira Morais dos Santos

Professor Associado c/ Agrega¸c˜ao do

Departamento de Engenharias da Escola de Ciˆencias e Tecnologia da Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro

Doutora Maria Isabel Mendes Guerra Marques Cortez

Professora Associada do

Departamento de Agronomia da Escola de Ciˆencias Agr´arias e Veterin´arias da Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro

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”N˜ao ´e o trabalho, mas o saber trabalhar, que ´e o segredo do ˆexito no trabalho. Saber trabalhar quer dizer: n˜ao fazer um esfor¸co in´util, persistir no esfor¸co at´e ao fim, e saber reconstruir uma orienta¸c˜ao quando se verificou que ela era, ou se tornou, errada.”

Fernando Pessoa (1888 – 1935)

A quem dedico, aos meus

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Estudo e aplica¸c˜ao de modelos de

previs˜ao de doen¸cas da vinha em plataformas de IoT

Carlos Manuel Olo Peixoto

Submetido na Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro para o preenchimento dos requisitos parciais para obten¸c˜ao do grau de

Mestre em Engenharia Electrot´ecnica e de Computadores

Resumo — A cultura da videira exige um volume de investimentos elevado, princi-palmente nas ´areas de irriga¸c˜ao, conserva¸c˜ao p´os-colheita e no controlo fitossanit´ario. Apesar disso, pragas e doen¸cas s˜ao problemas cada vez mais s´erios. O ataque por parte do agente patog´enico, de forma geral e, particularmente, do m´ıldio da videira, possui estreita intera¸c˜ao com o clima. No entanto, as plantas produzem altera¸c˜oes nas vari´aveis clim´aticas dentro de seu pr´oprio copado. Assim, a incidˆencia e a seve-ridade das doen¸cas s˜ao influenciadas por este “microclima”, pela suscetibilidade do hospedeiro e pelo in´oculo do agente patog´enico.

Deste modo, na presente disserta¸c˜ao ser´a apresentado um algoritmo baseado na Regra dos 3–10 que tem o intuito de prever o surgimento de uma das principais doen¸cas da vinha, o m´ıldio da videira, atrav´es da utiliza¸c˜ao de uma plataforma IoT e um algoritmo de previs˜ao de ocorrˆencia de infe¸c˜ao, interligado por uma Interface API RESTfull capaz de sugerir uma probabilidade de evolu¸c˜ao da doen¸ca ao agricultor e este ser notificado caso esta ultrapasse algum limiar. Este algoritmo incorpora uma previs˜ao da precipita¸c˜ao a 3 dias como forma de otimizar o fitof´armaco mais adequado `as condi¸c˜oes atuais. Pretende-se assim uma gest˜ao mais apertada da fitossanidade da cultura com o objetivo de reduzir o n´umero de tratamentos e assim melhorar a rentabilidade poss´ıvel da produ¸c˜ao vin´ıcola.

Palavras Chave: Viticultura de precis˜ao, M´ıldio da videira, Internet of Things, Previs˜ao de doen¸cas

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Study and application of

predictive models of grapevine diseases

using IoT platforms

Carlos Manuel Olo Peixoto

Submitted to the University of Tr´as-os-Montes and Alto Douro in partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science in Electrical Engineering and Computers

Abstract — Vine cultivation requires a high volume of investment, mainly in the areas of irrigation, postharvest conservation and phytosanitary control. Neverthe-less, pests and diseases are increasingly serious problems. The attack on the part of the pathogen, in general, and particularly of the powdery mildew, has close interac-tion with the climate. However, plants produce changes in climate variables within their own canopy. Thus, the incidence and severity of diseases are influenced by this “microclimate”, host susceptibility and pathogen inoculum.

Thus, the present dissertation will present an algorithm based on the Rule of 3–10, which aims to predict the appearance of one of the main diseases of the vine, the vine powdery mildew, through the use of an IoT platform and an algorithm of prediction of infection occurrence, interconnected by an RESTfull API Interface capable of suggesting a farmer’s likelihood of disease progression and being notified if the risk assessement exceeds a particular threshold. This algorithm incorporates a 3-day precipitation forecast as a way of optimizing the most appropriate plant protection for current conditions. Tight management of crop plant health is thus aimed at reducing the number of treatments and thus improving the possible profitability of wine production.

Key Words: Precision Viticulture, downy mildew, Internet of Things, Disease prediction

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Agradecimentos

Os meus agradecimentos ao Magn´ıfico Reitor da Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro, Professor Doutor Ant´onio Augusto Fonta´ınhas Fernandes, por me permitir a realiza¸c˜ao dos estudos conducentes ao grau de Mestre.

Ao Doutor Raul Manuel Pereira Morais dos Santos, Professor Associado com Agrega-¸c˜ao do Departamento de Engenharias da Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro, orientador deste trabalho, pela sua motiva¸c˜ao, pelas suas sugest˜oes, ideias inovadoras e orienta¸c˜oes, mas acima de tudo por ter sido mais que um orientador, por me demonstrar que pode haver uma parte humana em tudo que fazemos e que nunca podemos desistir dos nossos objectivos. Sem sobra de d´uvidas que foi o melhor docente que tive, para ele o meu sincero obrigado.

`

A Doutora Maria Isabel Mendes Guerra Marques Cortez, Professora Associada do Departamento de Agronomia da Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro, na qualidade de co-orientadora, por toda a disponibilidade e ensinamentos produtivos que me transmitiu.

Ao Daniel Fernandes que, n˜ao possuindo qualquer habilita¸c˜ao acad´emica, demons-trou ser um dos homens mais cultos que pude conhecer no mundo da agricultura.

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Sempre disposto a esclarecer qualquer d´uvida sobre o assunto, dando exemplos con-cretos e demonstrado uma realidade necess´aria para o desenvolvimento do meu pro-jeto.

Ao Jorge Mendes e ao Nuno Silva por estarem sempre dispostos a ajudar-me durante este trajeto. Vocˆes s˜ao excelentes profissionais e de certo que o vosso futuro s´o pode ser risonho.

A todos os meus colegas do Mestrado Integrado em Engenharia Electrot´ecnica e de Computadores da Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro pela amizade e simpatia.

`

A Alexandra Gon¸calves, `a Cristiana Novais e ao Lu´ıs Morais por estarem sempre ao meu lado neste percurso e nunca me deixarem desistir, dando-me sempre toda a motiva¸c˜ao para percorrer esta longa caminhada.

`

A minha fam´ılia, em especial `a minha m˜ae, Maria de F´atima Peixoto, `a minha tia Teresa Fontinha, ao meu tio Albertino Olo, ao meu tio Jos´e Carvalho, `a minha ma-drinha, Sandra Carvalho, e ao meu padrinho, Carlos Fontinha, por estarem sempre de perto a acompanhar o meu percurso acad´emico, dando-me o apoio necess´ario e serem os maiores exemplos de vida que posso ter. Por fim, mas n˜ao menos impor-tante, ao meu pai, Carlos Peixoto, por ser a maior referˆencia que posso ter, por nunca me deixar sair do caminho que tinha de prosseguir e mesmo com todas as adversidades esteve sempre ao meu lado para me acompanhar, ´e e ser´a sempre o melhor pai do mundo.

Carlos Manuel Olo Peixoto

Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro em Vila Real, 30 de outubro de 2019

(15)

´Indice geral

Resumo ix

Abstract xi

Agradecimentos xiii

´Indice de tabelas xix

´Indice de figuras xxi

Acr´onimos e abreviaturas xxiii

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Viticultura de Precis˜ao . . . 2

1.2 Plataformas IoT. . . 3

1.3 Motiva¸c˜ao e objectivos . . . 4

1.4 Organiza¸c˜ao da disserta¸c˜ao. . . 4

2 Viticultura de precis˜ao e doen¸cas da vinha 7 2.1 Carateriza¸c˜ao do m´ıldio da videira . . . 7

2.1.1 Caracteriza¸c˜ao do agente . . . 8

2.1.2 O ciclo da doen¸ca . . . 9

2.1.3 Preju´ızos causados pelo m´ıldio da videira . . . 11

2.2 M´etodos de previs˜ao do m´ıldio na videira . . . 12

2.2.1 Modelo EPI . . . 12 xv

(16)

2.2.2 Modelo POM . . . 15 2.2.3 Modelo PCOP . . . 16 2.2.4 Modelo PALM . . . 16 2.2.5 Modelo MILVIT. . . 17 2.2.6 Infe¸c˜ao prim´aria. . . 18 2.2.7 Modelo Goidanich. . . 19 2.2.8 Infe¸c˜ao secund´aria . . . 21

2.3 Formas de luta contra o m´ıldio da videira . . . 23

2.3.1 A luta cultural . . . 23

2.3.2 A luta biol´ogica . . . 24

2.3.3 A luta qu´ımica . . . 25

2.3.4 Custos da luta contra o m´ıldio da videira . . . 28

2.4 Plataformas inform´aticas . . . 30

2.5 Resumo e discuss˜ao . . . 32

3 An´alise de requisitos para a previs˜ao do m´ıldio 35 3.1 Escolha do modelo a utilizar . . . 35

3.2 Dete¸c˜ao da primeira infe¸c˜ao . . . 36

3.3 C´alculo do grau de risco . . . 36

3.4 Produto a aplicar para combater a infe¸c˜ao . . . 39

3.5 Dete¸c˜ao da infe¸c˜ao secund´aria . . . 39

4 Implementa¸c˜ao de um algoritmo de previs˜ao de m´ıldio 43 4.1 mySense . . . 43

4.2 Acesso a dados atrav´es de servi¸cos RESTful . . . 46

4.2.1 Interface API RESTful . . . 47

4.3 Arquitectura da aplica¸c˜ao . . . 52

4.4 Implementa¸c˜ao em Python . . . 55

4.4.1 Inicializa¸c˜ao da aplica¸c˜ao. . . 55

4.4.2 Obten¸c˜ao de dados para processamento . . . 56

4.4.3 Aplica¸c˜ao das regras de previs˜ao. . . 57

4.4.4 Obten¸c˜ao e armazenamento dos resultados . . . 61

4.4.5 Resumo . . . 63

5 Resultados 65 5.1 Caso de estudo na valida¸c˜ao experimental . . . 65

5.2 N˜ao existˆencia de condi¸c˜oes favor´aveis . . . 66

5.2.1 Tamanho dos pˆampanos . . . 67

5.2.2 Precipita¸c˜ao acumulada . . . 67

5.2.3 Temperatura m´edia . . . 69 xvi

(17)

5.3 Existˆencia de todas as condi¸c˜oes favor´aveis . . . 70

5.4 Dinˆamica das vari´aveis . . . 72

5.5 Falta de dados . . . 73

5.6 Envio de alertas e calculo do grau de risco . . . 74

6 Conclus˜oes e trabalho futuro 77 6.1 Conclus˜oes . . . 77

6.2 Perspectivas de trabalho futuro . . . 79

Referˆencias bibliogr´aficas 81

(18)
(19)

´Indice de tabelas

2.1 Modelos de dete¸c˜ao do m´ıldio da videira e respectivas fases de aplica¸c˜ao. 18

2.2 Desenvolvimento di´ario do fungo P. viticola (Tabela de Goidanich). . 22

(20)
(21)

´Indice de figuras

2.1 Manchas de ´oleo e esporˆangios de Plasmopara viticola. . . . 8

2.2 Ciclo biol´ogico do fungo Plasmopara viticola . . . 9

2.3 Modelos de dete¸c˜ao da epidemia do m´ıldio e as respectivas fases de aplica¸c˜ao, no ciclo da videira e do fungo . . . 17

3.1 Fluxograma da Regra dos 3-10. . . 37

3.2 Fluxograma para a determina¸c˜ao do grau de risco. . . 38

3.3 Fluxograma para a determina¸c˜ao do fitof´armaco a aplicar. . . 40

3.4 Fluxograma para a determina¸c˜ao da infe¸c˜ao secund´aria. . . 41

4.1 Vis˜ao geral da plataforma mySense . . . 45

4.2 Interac¸c˜ao cliente/servidor atrav´es de uma API. . . 48

4.3 Diagrama funcional da ferramenta de previs˜ao. . . 54

5.1 Identifica¸c˜ao geogr´afica da EMA da DRAPN cujos dados foram uti-lizados na valida¸c˜ao da ferramenta desenvolvida. . . 66

5.2 Dados recolhidos entre os dias 23/05/2018 e 25/05/2018 para a de-termina¸c˜ao da precipita¸c˜ao acumulada . . . 68

5.3 Dados recebidos entre os dias 24/04/2019 e 26/04/2019 . . . 69 xxi

(22)

5.4 Dados recebidos entre os dias 09/04/2019 e 11/04/2019 . . . 71

5.5 Gr´afico de desenvolvimento do grau de risco do m´ıldio da videira a partir do dia 11/04/2019 . . . 75

5.6 Alerta relativo ao grau de risco da vinha a informar que ultrapassou os 70% . . . 75

5.7 Grau de risco di´ario do m´ıldo da videira a partir do 11/04/2019 . . . 75

(23)

Acr´

onimos e abreviaturas

Lista de acr´

onimos

Sigla Expans˜ao

AP Agricultura de Precis˜ao

API Application Program Interface

DRAPN Dire¸c˜ao Regional de Agricultura e Pescas do Norte EPI Estado Potencial de Infe¸c˜ao

IC Inteligˆencia Computacional

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

IoE Internet of Everything

IoT Internet of Things

JSON JavaScript Object Notation

M2M Machine-to-Machine

MILVIT MILdio das VIT`aces

POM Previs˜ao de ´Otimo de Matura¸c˜ao PCOP Previs˜ao das Contamina¸c˜oes Prim´arias PALM Plasmopara Artificial Life Model

(24)

Sigla Expans˜ao

REST Representational State Transfer

SNAA Servi¸co Nacional de Avisos Agr´ıcolas SOAP Simple Object Access Protocol

Lista de abreviaturas

Abreviatura Significado(s) e.g. por exemplo et al. e outros (autores) etc. etecetera, outros i.e. isto ´e, por conseguinte vid. veja-se, ver

vs. versus, por compara¸c˜ao com

(25)

1

Introdu¸c˜

ao

Nas regi˜oes mais temperadas, o vinho tem vindo a desempenhar um papel de re-levo, sendo necess´ario obter a maior rentabilidade da planta respons´avel, a videria. Por´em, a videira ´e hospedeira de v´arias doen¸cas que podem originar perdas elevadas na quantidade e qualidade de produ¸c˜ao. Torna- se assim fundamenal prever e saber como combater as v´arias doen¸cas, de forma economicamente vi´avel e com o maior respeito pelo meio ambiente.

O m´ıldio da videira ´e considerado por alguns autores e pelo Servi¸co Nacional de Avisos Agr´ıcolas (SNAA) como a doen¸ca mais importante da videira [2,23,69]. Em Portugal, o SNAA ´e uma plataforma de servi¸cos que informa sobre as doen¸cas da cultura aos agricultores e pretende alertar os mesmos sobre estes problemas para que as saibam detetar e combater. Este servi¸co ´e tamb´em efetuado para o m´ıldio da videira, prevendo o aparecimento desta doen¸ca face `a evolu¸c˜ao das condi¸c˜oes meteorol´ogicas. Contudo, este servi¸co prevˆe a ocorrˆencia do m´ıldio para grandes regi˜oes, dada a impossibilidade da obten¸c˜ao de dados em todas as vinhas/micro-climas eventualmente existentes. Seria mais eficiente ter um sistema de avisos que acompanhasse o desenvolvimento da doen¸ca, em tempo real e realizasse uma pre-vis˜ao futura atrav´es de dados concretos.

(26)

2 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO

1.1

Viticultura de Precis˜

ao

A evolu¸c˜ao tecnol´ogica, nomeadamente nos dom´ınios da eletr´onica e dos computado-res, est´a a proporcionar `a agricultura uma nova forma de an´alise, face `a necessidade de suprir as necessidades alimentares de uma popula¸c˜ao em cont´ınuo crescimento, com a produ¸c˜ao agr´ıcola a enfrentar desafios exigentes. Como exemplo dos mais relevantes, podem referir-se o uso excessivo de qu´ımicos, a carˆencia de ´agua e as di-versas doen¸cas que podem surgir na agricultura em geral e na videira, em particular. A preocupa¸c˜ao mundial com as quest˜oes ambientais e a gest˜ao mais eficiente dos processos produtivos impulsionaram o desenvolvimento de um novo conceito de agri-cultura, designada por agricultura de precis˜ao [21, 24, 70], que deu origem, dentro das suas ramifica¸c˜oes, `a viticultura de precis˜ao, ´area igualmente muito promissora, tendo a sua aplica¸c˜ao aumentado significativamente na ´ultima d´ecada, atrav´es de novas tecnologias com o intuito de assegurar uma produ¸c˜ao de vinhos de maior qualidade com um menor custo de produ¸c˜ao, retirando o m´aximo rendimento das vinhas [39,58].

Assim sendo, a viticultura de precis˜ao, tal como a agricultura de precis˜ao, pode ser entendida como a gest˜ao da variabilidade temporal e espacial das parcelas com o objectivo de melhorar o rendimento econ´omico da actividade agr´ıcola quer pelo au-mento da produtividade e/ou qualidade, quer pela redu¸c˜ao dos custos de produ¸c˜ao, reduzindo tamb´em o seu impacto ambiental e risco associado.

Uma quest˜ao central na viticultura de precis˜ao ´e a gest˜ao da informa¸c˜ao. Uma vez que, a maioria das aplica¸c˜oes nesta ´area envolvem quase sempre grandes volumes de dados, que ´e necess´ario gerir e converter em informa¸c˜ao ´util para que possam ser utilizados como base no processo de tomada de decis˜oes, no dia-a-dia das culturas. Visto desta prespetiva, h´a a necessidade de criar estrat´egias de gest˜ao para usufruir de toda a informa¸c˜ao recolhida atrav´es de v´arias fontes (sensores, modelos, previs˜oes, etc.) para fornecer aos agricultores dados que sustentem a decis˜ao quanto `a gest˜ao do processo agr´ıcola, de modo a que possa incrementar qualidade e quantidade da colheita com a eventual redu¸c˜ao de fertilizantes e tratamentos [10,71].

(27)

1.2. PLATAFORMAS IOT 3

1.2

Plataformas IoT

A Internet das Coisas (Internet of Things – IoT) tem sido um termo bem conhecido no mundo tecnol´ogico de hoje em dia, movimentando j´a milhares de neg´ocios, sejam eles relacionados com pesquisas, produtos ou at´e mesmo startups tecnol´ogicas.

Muitos perguntam qual a defini¸c˜ao concreta das IoT, visto ainda ser um tema muito discutido e sem um acordo geral das v´arias entidades ligadas a ´area, mas segundo o IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) este descreve a Internet of Things como ”Uma rede de itens – um interligado com sensores – que est˜ao conectados `a internet”[42]. Por outro lado, a CISCO necessitou de criar outro conceito para explicar melhor a IoT, que se denomina Internet de Tudo (Internet of

Everything – IoE) [15]:

• Internet de Tudo: ´e a conex˜ao em rede de pessoas, dados, processos e coisas. Por outras palavras, a IoE ´e um conjunto de v´arias transi¸c˜oes de tecnologia, incluindo a IoT;

• Internet das Coisas: ´e a conex˜ao em rede de objetos f´ısicos. IoT ´e uma das muitas transi¸c˜oes tecnol´ogicas que permitem a IoE.

A Internet of Things ´e caracterizada por um alto grau de heterogeneidade, devido a especificidade de cada solu¸c˜ao, que pode variar relativamente `a comunica¸c˜ao uti-lizada, ou software implementado ou at´e ao custo para trabalhar com ela. Ter essa heterogeneidade ´e o objetivo de uma plataforma de Internet das Coisas, que per-mite desta forma integrar e juntar diversas informa¸c˜oes seja de que fonte for, dando a possibilidade de analisar dados e obter conhecimento em tempo ´util para uma determinada ´area em estudo [29].

Tendo por base estes conceitos relacionados com a IoT surgiu a plataforma mySense [44], criada e desenvolvida na Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro com o intuito de gerir diversos dados para melhorar as pr´aticas de agricultura de precis˜ao

(28)

4 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO

como, por exemplo, o apoio na determina¸c˜ao de diversos graus de risco de doen¸cas da vinha.

1.3

Motiva¸c˜

ao e objectivos

A agricultura est´a no centro das nossas vidas. A maioria dos produtos alimentares todos os dias prov´em do campo. Os agricultores tˆem um papel ´unico, uma vez que s˜ao os respons´aveis m´aximos para fornecer alimentos seguros e de elevada qualidade, mas tamb´em espera-se que eles cuidem da paisagem natural e preservem a diversi-dade agr´ıcola. Por´em, as altera¸c˜oes clim´aticas s˜ao um obst´aculo a esta meta, porque o que antes era concreto e preciso em cada localidade, hoje em dia ´e inconstante.

Por este motivo, esta disserta¸c˜ao tem o intuito de prever o surgimento de uma das principais doen¸cas da vinha, tendo sido considerada por alguns autores como a mais importante, que se denomina m´ıldio da videira [1, 23, 69]. Para ajudar o agricultor nas suas tomadas de decis˜ao e combate a doen¸ca, propomo-nos assim atrav´es da an´alise de diferentes dados clim´aticos aplicando modelos de previs˜ao indicados para o caso em estudo.

1.4

Organiza¸c˜

ao da disserta¸c˜

ao

Esta disserta¸c˜ao encontra-se estruturada em seis cap´ıtulos. No presente Cap´ıtulo realizou-se um enquadramento e apresentou-se a motiva¸c˜ao do trabalho. O Cap´ıtulo 2 inicia-se com uma abordagem ao ciclo biol´ogico do patog´enico relacionado com o m´ıldio da videira, como pode ser detectado e combatido, e aborda as quest˜oes da fisiologia e sanidade vegetal para que se possa compreender os v´arios modelos existentes para a previs˜ao do mildio. O Cap´ıtulo 3 analisa sucintamente os requisitos julgados necess´arios para a conce¸c˜ao de uma ferramenta inform´atica de avalia¸c˜ao do grau de risco do m´ıldio, enquanto que no Cap´ıtulo 4 s˜ao discutidos todos os passos seguidos durante a sua implementa¸c˜ao. No Cap´ıtulo 5 s˜ao abordados os casos de

(29)

1.4. ORGANIZAC¸ ˜AO DA DISSERTAC¸ ˜AO 5

estudo que foram postos em pr´atica e quais os resultados obtidos. Termina-se este documento com o Cap´ıtulo 6, onde se tecem algumas conclus˜oes obtidas da aplica¸c˜ao da ferramenta desenvolvida sobre dados reais e apresentam-se algumas perspectivas de trabalho futuro.

(30)
(31)

2

Viticultura de precis˜

ao e

doen¸cas da vinha

Neste cap´ıtulo aborda-se o m´ıldio da videira como uma das doen¸cas que mais pre-ocupa os viticultores dados os preju´ızos e quebras de produ¸c˜ao que pode acarretar. Assim, no conceito de viticultura de precis˜ao, analisam-se os m´etodos existentes para a sua previs˜ao com vista a melhorar a tomada de decis˜ao na aplica¸c˜ao de produtos de combate e emiss˜ao de alertas.

2.1

Carateriza¸c˜

ao do m´ıldio da videira

O m´ıldio da videira, causado por Plasmopara viticola (Berk. & Curt.), ´e um agente patog´enico parasita obrigat´orio que ataca todos os ´org˜aos verdes da videira, onde se multiplica e cresce. O seu desenvolvimento ocorre com condi¸c˜oes prop´ıcias como invernos amenos, chuvosos e primaveras h´umidas, em conjunto com calor durante o desenvolvimento vegetativo da videira. Por outro lado, temperaturas baixas durante a primavera limitam a propaga¸c˜ao da doen¸ca na vinha [49].

(32)

8 CAP´ITULO 2. VITICULTURA DE PRECIS ˜AO E DOENC¸ AS DA VINHA

2.1.1

Caracteriza¸c˜

ao do agente

O agente respons´avel do m´ıldio, ´e o oomiceta heterot´alico diploide1

Plasmopara viti-cola (Berk. & Curt.), que ´e um endoparasita obrigat´orio da videira. Este agente

pa-tog´enico desenvolve-se nos tecidos intercelulares da planta, atrav´es das hifas cin´eticas e tubulares, que posteriormente s˜ao libertados como numerosos haust´orios globosos, penetrando no interior das c´elulas do hospedeiro, por invagina¸c˜ao da membrana ce-lular em que se inserem afetando todos os org˜aos verdes de plantas (folhas, cachos e pˆampanos) [30, 49].

A reprodu¸c˜ao de Plasmopara viticola pode ocorrer de duas formas: sexuada e as-sexuada. A segunda ocorre na Primavera e Ver˜ao, atrav´es da forma¸c˜ao de zooes-porˆangios, Figura2.1, enquanto a primeira ocorre no Outono, pela fus˜ao de anter´ıdio com oog´onio [31, 49].

(a) Manchas de ´oleo na folha da videira.

(b) Esporˆangios de Plasmopara

viti-cola [22].

Figura 2.1 – Manchas de ´oleo e esporˆangios de Plasmopara viticola.

1

Organismos absortivos, filamentosos e microsc´opicos que se reproduzem tanto sexual quanto assexuadamente [2].

(33)

2.1. CARATERIZAC¸ ˜AO DO M´ILDIO DA VIDEIRA 9

2.1.2

O ciclo da doen¸ca

O ciclo biol´ogico do fungo Plasmopara viticola, ilustrado na Figura 2.2, pode ser representado em trˆes fases: hiberna¸c˜ao, infe¸c˜ao prim´aria e infe¸c˜ao secund´aria.

Figura 2.2 – Ciclo biol´ogico do fungo Plasmopara viticola. Adaptado de [65].

A hiberna¸c˜ao ocorre principalmente na forma sexuada mas pode, sob certas condi¸c˜oes, desenvolver-se sob a forma assexuada. O Plasmopara viticola, hiberna no inverno,

(34)

10 CAP´ITULO 2. VITICULTURA DE PRECIS ˜AO E DOENC¸ AS DA VINHA

na forma de ovos, tamb´em denominado por o´osporos, que s˜ao produzidos em gran-des quantidagran-des no Outono, no fim do ciclo vegetativo da videira, onde amadure-cem nas folhas que j´a se encontram no ch˜ao, em manchas com aspeto de mosaico [7,31,37,49,51]. Os esporos sexuados (o´osporos) podem suportar condi¸c˜oes dif´ıceis de desenvolvimento, podendo os o´osporos hibernar at´e dois anos e ainda assim serem vi´aveis. A sua matura¸c˜ao est´a dependente de outonos e invernos muito chuvosos, sendo que al´em da precipita¸c˜ao, a temperatura tamb´em influencia a sua matura¸c˜ao [37]. Atingida a matura¸c˜ao, a germina¸c˜ao dos o´osporos d´a-se na Primavera e est´a dependente da temperatura e da precipita¸c˜ao, onde estes, ainda no solo, d˜ao in´ıcio ao desenvolvimento de um filamento (zoosporang´ıoforo), que se projeta atrav´es de uma fenda na parede do o´osporo, acabando por formar na sua extremidade zo-osporˆangios ou macrocon´ıdios [1, 31, 51]. Ap´os a sua matura¸c˜ao, desfazem-se do filamento que os une ao o´osporo e, havendo presen¸ca de ´agua, rebentam e libertam os zo´osporos. Na presen¸ca de ´agua e com temperaturas superiores a 10o

C podem contaminar os ´org˜aos da videira, podendo dar in´ıcio `a primeira infe¸c˜ao, denominada infe¸c˜ao prim´aria.

A segunda fase necessita que o in´oculo passe do solo para a videira, ou seja, ´e atrav´es dos salpicos da chuva que os zo´osporos podem atingir os ´org˜aos verdes da planta. A infec¸c˜ao prim´aria do m´ıldio ocorre normalmente nas folhas mais pr´oximas do solo [1,

7]. Assim, quando o in´oculo entra em contacto com o hospedeiro, ocorre o momento do ciclo da doen¸ca denominado inocula¸c˜ao. Ap´os os zo´osporos atingirem a folha, estes procuram chegar at´e aos estomas e germinar para dar origem `as hifas, de modo a que estas atravessem os estomas e invadam o mes´ofilo at´e ao n´ıvel intercelular. A partir deste momento o agente patog´enico come¸ca a alimentar-se e a viver `a custa da planta, dando in´ıcio `a infe¸c˜ao. Ap´os o per´ıodo de incuba¸c˜ao, existe um espa¸co de tempo at´e ao aparecimento do primeiro sintoma. Nesse momento, da´a-se in´ıcio ao desenvolvimento das frutifica¸c˜oes ou conidi´oforos, que tˆem na extremidade os esporˆangios vis´ıveis sob a forma de um enfeltrado branco e na p´agina p´agina superior da folha sobre a forma de mancha de ´oleo. De salientar que, a intensidade da infe¸c˜ao prim´aria ´e normalmente reduzida, mas o grande perigo da mesma reside no facto de ser o ponto de partida para as infe¸c˜oes secund´arias [31].

(35)

2.1. CARATERIZAC¸ ˜AO DO M´ILDIO DA VIDEIRA 11

Por ´ultimo, a infe¸c˜ao secund´aria que sucede a prim´aria, sendo sempre efectuado por zo´osporos [1, 19, 49]. A viabilidade dos zo´osporos est´a dependente da temperatura, humidade relativa e ausˆencia de horas de luz [36, 49].

Com o final do Ver˜ao e durante o Outono ocorre o fim do per´ıodo vegetativo da vi-deira, surgindo os sintomas do m´ıldio sob a forma de manchas em mosaico. Antes de se iniciar a queda das folhas e de condi¸c˜oes desfavor´aveis, o fungo atrav´es do hospe-deiro produz o´osporos novamente. Estes, atrav´es da hiberna¸c˜ao, suportam invernos rigorosos e renovam a infe¸c˜ao na primavera seguinte [19, 45]. O ciclo biol´ogico do m´ıldio da videira, segundo Agrios [1], pode levar entre 5 a 18 dias, dependendo da temperatura, humidade e suscetibilidade varietal.

2.1.3

Preju´ızos causados pelo m´ıldio da videira

Segundo Boubakri [13], o m´ıldio da videira pode causar elevados preju´ızos, pois ataca todas as cultivares comercialmente importantes da Vitis vinifera. Uma vez que, ´e dos parasitas mais eficazes na destrui¸c˜ao de produ¸c˜ao de regi˜oes vit´ıcolas europeias, originando anos com graves epidemias, principalmente nas zonas que possuem mais humidade. Em regra geral, ´areas secas est˜ao livres desta doen¸ca [1].

A gravidade desta doen¸ca ´e vari´avel de ano para ano, uma vez que o seu compor-tamento depende do microclima evolvente. Assim, o aparecimento da doen¸ca varia mediante a regi˜ao, localiza¸c˜ao e exposi¸c˜ao da vinha.

O agente patog´enico afeta as folhas, cachos e os sarmentos das videiras, provocando a desfolia¸c˜ao da planta, destrui¸c˜ao de cachos, morte dos tecidos foliares e diminui¸c˜ao da qualidade da produ¸c˜ao. Reduz a qualidade dos frutos e a produtividade das videiras devido a infe¸c˜ao direta nos cachos e `a redu¸c˜ao da fotoss´ıntese nas folhas [12]. Al´em disto, possuindo as condi¸c˜oes meteorol´ogicas ´otimas ao seu desenvolvimento e n˜ao existindo prote¸c˜ao, as perdas de produ¸c˜ao podem chegar facilmente aos 50% a 75% por colheita [1]. Em Portugal, podem existir quebras na ordem dos 50% [31].

(36)

12 CAP´ITULO 2. VITICULTURA DE PRECIS ˜AO E DOENC¸ AS DA VINHA

O m´ıldio da videira, em particular na regi˜ao do Entre Douro e Minho, pode cau-sar preju´ızos consider´aveis devido aos prolongados orvalhos que se fazem sentir e `a elevada pluviosidade nessa regi˜ao. Caso as condi¸c˜oes meteorol´ogicas para o de-senvolvimento deste parasita da vinha n˜ao sejam favor´aveis, n˜ao ocorrem preju´ızos significativos. Por outro lado, nas ´epocas em que est˜ao reunidas as condi¸c˜oes para o desenvolvimento da doen¸ca ´e essencial saber aplicar os tratamentos qu´ımicos, as respetivas doses e as t´ecnicas de os aplicar corretamente, j´a que os preju´ızos podem ser muito elevados [7].

2.2

etodos de previs˜

ao do m´ıldio na videira

O SNAA, apesar de realizar boas aproxima¸c˜oes `as datas poss´ıveis de aparecimento das primeiras infe¸c˜oes, n˜ao permite estimar a intensidade dos riscos e a frequˆencia de tais focos. Esta incapacidade, em parte dependente da impossibilidade e estimar o grau de risco em todos os locais, leva, frequentemente, a interven¸c˜oes desnecess´arias para combater as diversas infe¸c˜oes, sem que estas se venham a manifestar com alguma importˆancia [34, 43, 46].

Deste modo, com o intuito de tornar mais eficaz a luta contra o m´ıldio, foram aparecendo, ao longo dos anos, diversos modelos que permitem prever o seu o apa-recimento. Elegeram-se alguns modelos para explicar a sua base de funcionamento e decidir qual poderia ser o utilizado no presente trabalho. Nas sec¸c˜oes seguin-tes apresentam-se e analisam-se os modelos: EPI-M´ıldio, MILVIT, PALM, POM e PCOP.

2.2.1

Modelo EPI

Este modelo foi desenvolvido por Strizyk, em 1980, para a regi˜ao de Bord´eus, com base no conceito de Estado Potencial de Infec¸c˜ao (EPI), ou seja, na biologia e epide-miologia do P. vit´ıcola, a partir de observa¸c˜oes por J. Capus, de 1907 a 1915. Estas

(37)

2.2. M´ETODOS DE PREVIS ˜AO DO M´ILDIO NA VIDEIRA 13

observa¸c˜oes permitiram ao autor do modelo realizar v´arios ajustamentos, aumen-tando a sua aproxima¸c˜ao `a realidade ao longo do tempo [40, 43, 52,53, 60–62]. O modelo EPI-M´ıldio foi seguidamente implementado em diversas zonas de Fran¸ca para valida¸c˜ao, como Nimes, Charantes, Midi, ou seja, um pouco por todas as regi˜oes vit´ıcolas francesas, o que permitiu chegar `a conclus˜ao que o risco nem sempre era corretamente previsto. Apesar disso, na maioria das regi˜oes francesas, o modelo est´a a ser implementado pelas Esta¸c˜oes de Avisos [5,16,17,41] e, tendo em conta Tonesi [64], Strizyk considerou que ele se aplicava muito bem em Fran¸ca.

Em Portugal, a valida¸c˜ao do modelo EPI-M´ıldio foi iniciada por Ana Amaro [3,4], na Regi˜ao de Torres Vedras e a pedido da Associa¸c˜ao para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) foi tamb´em aplicado na regi˜ao do Douro. Al´em desta, houve outras entidades a aplic´a-lo em outros locais, para sua valida¸c˜ao. Em todos os trabalhos realizados surgiram resultados interessantes e promissores da aplicabilidade do modelo mas verificaram-se alguns desvios do modelo relativos ao comportamento da doen¸ca, em alguns anos e locais.

O modelo EPI-M´ıldio ´e baseado no comportamento epid´emico de P. viticola, ou seja, na avalia¸c˜ao das condi¸c˜oes para o patog´enico realizar o seu ciclo biol´ogico (ver Tabela 2.1). Estudam-se quais s˜ao as condi¸c˜oes que favorecem o aparecimento da doen¸ca ao longo de v´arios anos com intuito de prever quando ser´a o foco principal da doen¸ca nos anos seguintes. Para isso, ´e necess´ario um tratamento de dados clim´aticos de 20 a 30 anos da regi˜ao, hist´oria da vinha, pluviosidade durante o Outono/Inverno, temperatura e humidade relativa do ar. O que se pode concluir ´e que ´e pouco aplic´avel na pr´atica comum, porque uma situa¸c˜ao ´e a previs˜ao do risco potencial de infe¸c˜ao, que poder´a ser entendido como gravidade do ataque caso haja condi¸c˜oes de infe¸c˜ao, e outra coisa ser´a, a determina¸c˜ao de fatores meteorol´ogicos, culturais e fenol´ogicos que determinam a ocorrˆencia da doen¸ca, caso esta exista no terreno [40, 41, 52,53].

(38)

14 CAP´ITULO 2. VITICULTURA DE PRECIS ˜AO E DOENC¸ AS DA VINHA

• Fase potencial, aborda a reprodu¸c˜ao sexuada do fungo e pretende representar a evolu¸c˜ao da press˜ao que o in´oculo poder´a exercer no in´ıcio da fase vegetativa da videira;

• A fase cin´etica, inclui a reprodu¸c˜ao assexuada do fungo e calcula o risco po-tencial de uma infec¸c˜ao secund´aria.

A primeira fase come¸ca em Outubro e termina no final de Mar¸co, ou seja, ´e referente aos meses de Inverno, sendo o risco calculado pela express˜ao (2.1). Enquanto que, a segunda fase inclui os outros seis meses e ´e determinado pela express˜ao (2.2) [27].

EPIi =  2 + CT  Hi− q Hm,i×95 100  +  0, 2  Hi× √ Ti− q Hm,i×95 100 ×pTm,i× 0, 95  − q N J Mi×1,5 18  × logHi,j Ni,j  (2.1) onde:

CT : Coeficiente de pondera¸c˜ao: 1,2 em outubro e novembro; 1 em dezembro e; 0,8 em janeiro, fevereiro e mar¸co;

Hi : quantidade de chuva acumulada do mˆes [mm];

Hm,i : precipita¸c˜ao m´edia do mˆes i, calculada ao longo dos ´ultimos em 20-30 anos;

Ti : temperatura m´edia do mˆes i [ o

C];

Tm,i : temperatura m´edia do mˆes i, calculada ao longo dos ´ultimos 20-30 anos;

NJMi : n´umero m´edio de dias de chuva do mˆes i, em 20-30 anos;

Hi,j : quantidade de chuva do ano j do mˆes i;

(39)

2.2. M´ETODOS DE PREVIS ˜AO DO M´ILDIO NA VIDEIRA 15 EPI = 0, 012 ×  U2 m √ T −U M2√ T M 100  (2.2) onde:

Um : humidade relativa do ar di´aria;

T : temperatura m´edia do dia;

UM : humidade relativa do ar m´edia do mˆes, em 20-30 anos;

T M : temperatura m´edia do mˆes, em 20-30 anos.

2.2.2

Modelo POM

O modelo POM – Previs˜ao de ´Otimo de Matura¸c˜ao – criado para a regi˜ao francesa de Bord´eus, em 1987, por C´ecile Sung [63], foi ensaiado em regi˜oes Francesas, como Champagne [33] e experimentado em outros pa´ıses, principalmente em It´alia [67]. A vari´avel deste modelo ´e apenas uma, a precipita¸c˜ao que ocorre entre 21 Setembro e 31 de Janeiro, e o seu objectivo ´e determinar a data do per´ıodo ´otimo de ma-tura¸c˜ao dos o´osporos, sem ser necess´ario qualquer observa¸c˜ao. Este modelo permite quantificar, a partir de 1 de Fevereiro, qual a gravidade e possibilidade de ataques na Primavera, sendo que, quanto mais cedo ocorrer a matura¸c˜ao dos ´oosporos, mais forte ser´a o ataque do m´ıldio [6, 48, 53].

Na opini˜ao da autora do POM, sendo a chuva elevada e bem distribu´ıda entre final de Setembro e Janeiro, permite explicar a previs˜ao de riscos elevados relativos `a matura¸c˜ao precoce dos o´osporos mas, no entanto, n˜ao permite prever quando ´e que o m´ıldio se ir´a declarar uma vez que, este est´a dependente do clima que ir´a decorrer na Primavera (ver Tabela2.1e Figura2.3). Relativamente a Portugal, Albino Bento [55] aplicou este m´etodo na regi˜ao do Douro, obtendo resultados incertos, isto ´e, em alguns anos o m´etodo estava correto e em outros j´a n˜ao.

(40)

16 CAP´ITULO 2. VITICULTURA DE PRECIS ˜AO E DOENC¸ AS DA VINHA

Em suma, diferentes autores dizem poder ser interessante usar este modelo como complemento a outros. Embora o POM n˜ao permita obter uma estimativa concreta da possibilidade de surgir m´ıldio da videira na Primavera [6, 25, 32, 33, 48, 53], poder´a, por´em, ser interessante para o SNAA na determina¸c˜ao da data de matura¸c˜ao dos o´osporos.

2.2.3

Modelo PCOP

O modelo denominado PCOP – Previs˜ao das Contamina¸c˜oes Prim´arias –, foi criado para a regi˜ao de Bord´eus, em 1987 [25,33,67]. O modelo PCOP faz uso de valores di´arios de precipita¸c˜ao e de temperatura m´edia, desde o momento que os o´osporos atingem a matura¸c˜ao, para assim determinar as datas de germina¸c˜ao, esporula¸c˜ao e das primeiras infec¸c˜oes (ver Tabela 2.1 e Figura 2.3).

A autora afirma que o ensaio realizado com o modelo ´e aceit´avel, mas as datas determinadas n˜ao coincidem com as observadas, embora estejam pr´oximas. Al´em disto, tal como acontece no POM, o modelo PCOP tem apenas interesse como com-plemento a outros, dado n˜ao abranger todas as fases do ciclo de vida do fungo [53].

2.2.4

Modelo PALM

O modelo PALM – Plasmopara Artificial Life Model –, foi desenvolvido em Portugal por uma equipa do Instituto Superior T´ecnico (IST) liderado por Agostinha Rosa e Lu´ıs Mourinha, e consiste numa metodologia completamente distinta, baseada no desenvolvimento de uma popula¸c˜ao virtual do fungo, considerando modelos do m´ıldio (fase sexuada e assexuada, Tabela 2.1 e Figura 2.3), e a videira, isto ´e, a casta, o porta-enxerto, caracter´ısticas do solo e as t´ecnicas culturais, e tendo em conta a influˆencia da precipita¸c˜ao, temperatura e humidade relativa do ar [54].

Este modelo ´e recente estando ainda em fase de ensaio, onde algumas das vari´aveis utilizadas s˜ao dificeis de definir e podem levar `a obten¸c˜ao de erros de previs˜ao elevados. Por outras palavras, na perspectiva da engenharia n˜ao se torna vi´avel a

(41)

2.2. M´ETODOS DE PREVIS ˜AO DO M´ILDIO NA VIDEIRA 17

sua aplica¸c˜ao, pelo menos, `a data actual.

Figura 2.3 – Modelos de dete¸c˜ao da epidemia do mildio e as respectivas fases de aplica¸c˜ao, no ciclo da videira e do fungo [8].

2.2.5

Modelo MILVIT

O modelo MiLVIT – MILdio das VIT´aces – surgiu em 1988, a pedido do Servi¸co Regional da Prote¸c˜ao das Plantas da Borgonha com o intuito de melhorar a previs˜ao da ocorrˆencia da doen¸ca. ´E um modelo quantitativo e descritivo dos ciclos infeciosos das fases primaveril do m´ıldio da videira. A sua implementa¸c˜ao para valida¸c˜ao foi em regi˜oes francesas, como por exemplo: Borgonha, Champanhe, Nimes, Bordelais [14,20,35, 46].

A base deste modelo ´e a utiliza¸c˜ao de dados de precipita¸c˜ao, temperatura e humidade relativa, possuindo uma estrutura ramificada e decalcada do ciclo biol´ogico, com as seguinte fases: contamina¸c˜ao/sobrevivˆencia, incuba¸c˜ao/esporula¸c˜ao potencial, esporula¸c˜ao e dispers˜ao dos esporos [14,35, 46].

O MILVIT apenas abrange a fase assexuada (ver tabela 2.1) [46]. Isto significa que ´e um bom complemento a qualquer m´etodo que permita determinar a infe¸c˜ao

(42)

18 CAP´ITULO 2. VITICULTURA DE PRECIS ˜AO E DOENC¸ AS DA VINHA

prim´aria, j´a que a infec¸c˜ao secund´aria s´o pode ocorrer se j´a houver focos da con-tamina¸c˜ao prim´aria. Ao se trabalhar depois de surgir a primeira concon-tamina¸c˜ao, significa que j´a h´a forte possibilidade de existirem perdas, uma vez que a vinha j´a se encontra afetada. Assim sendo, este modelo n˜ao ser´a o mais indicado para o pre-sente trabalho, caso seja aplicado sozinho, mas pode ser interessante para enriquecer trabalhos relativos `a fase sexuada.

Tabela 2.1 – Modelos de dete¸c˜ao do m´ıldio da videira e respectivas fases de aplica¸c˜ao. Forma¸c˜ao

dos o´osporos

Previs˜ao da data de matura¸c˜ao dos o´osporos e gravi-dade dos focos

Matura¸c˜ao dos o´osporos

Previs˜ao da data da primeira infe¸c˜ao Previs˜ao da data da segunda infe¸c˜ao POM × × PCOP × × MILVIT × EPI × × × × × PALM × × × × ×

Per´ıodo Outono Inverno Inverno / Primavera

Primavera Ver˜ao

2.2.6

Infe¸c˜

ao prim´

aria

Para que ocorra a infe¸c˜ao prim´aria do m´ıldio da videira, s˜ao necess´arias determinadas condi¸c˜oes. Uma delas ´e a precipita¸c˜ao, por ser fulcral para que haja a liberta¸c˜ao dos zo´osporos, pois ´e a for¸ca dos salpicos que faz com que os zoosporos atinjam a videira dando-se, desta forma, a contamina¸c˜ao da videira atrav´es da emiss˜ao do tubo germinativo. Por esta raz˜ao, os principais alvos da infe¸c˜ao prim´aria do m´ıldio da videira s˜ao as folhas mais pr´oximas do solo [7, 51].

O m´etodo denominado por ”Regra 3–10”, ou modelo de Baldacci (1947), ´e muito utilizado na Europa tendo sido desenvolvido no norte de It´alia, e representa um

(43)

2.2. M´ETODOS DE PREVIS ˜AO DO M´ILDIO NA VIDEIRA 19

m´etodo de estimativa de risco para as infe¸c˜oes prim´arias de P. viticola. Esta regra faz uso das seguintes condi¸c˜oes, que ter˜ao de ocorrer de forma simultˆanea [11]:

• Tamanho dos pˆampanos superior a 10 mm;

• Temperatura m´edia dos ´ultimos dois dias superior a 10o

C;

• Acumula¸c˜ao de precipita¸c˜ao pelo menos 10 mm de chuva durante um a dois dias;

Na perspetiva da Engenharia ´e um modelo muito interessante de se aplicar, pois faz uso de vari´aveis concretas, cujo dados necess´arios se conseguem obter atrav´es de sensores, em tempo real, o que permite aplicar esta regra e obter uma estimativa do grau de risco para um determinado momento.

2.2.7

Modelo Goidanich

Este modelo foi criado por Gabriele Goidanich [30], em 1959, e baseia-se no c´alculo do desenvolvimento do fungo, uma vez verificada a infe¸c˜ao prim´aria. Para a sua implementa¸c˜ao, ´e necess´ario ter as seguintes considera¸c˜oes:

• Dispor de diversas esta¸c˜oes meteorol´ogicas, o que permite recolher v´arios dados da regi˜ao em estudo;

• Dete¸c˜ao precoce dos primeiros sinais de m´ıldio na videira, ou seja, dete¸c˜ao de infe¸c˜oes prim´arias, seja por observa¸c˜ao, seja por meio de um modelo como o EPI ou a ”Regra 3–10”;

• Os alertas produzidos por este modelo devem ser preventivos, informando que existem danos na videira antes do fungo atingir 100% de desenvolvimento.

(44)

20 CAP´ITULO 2. VITICULTURA DE PRECIS ˜AO E DOENC¸ AS DA VINHA

• M´edia da humidade relativa do ar;

• M´edia da temperatura;

• Acumula¸c˜ao da precipita¸c˜ao di´aria.

Os dois primeiros parˆametros permitem determinar a percentagem di´aria de desen-volvimento de P. viticola, como se pode ver na Tabela 2.2, enquanto que o ´ultimo parˆametro d´a a possibilidade de verificar qual o fungicida que pode atuar devida-mente sobre a doen¸ca. O funcionamento do modelo faz uso da soma acumulada do desenvolvimento di´ario do fungo. Se esta exceder os 70%, o risco de preju´ızos na videira ´e alto sendo por isso, necess´ario intervir o mais r´apido poss´ıvel. Caso o fungicida seja aplicado, o desenvolvimento ´e reiniciado e suspenso de ser calculado por um certo n´umero de dias, ou at´e que o produto aplicado tenha sido lixiviado pela chuva. Este per´ıodo depende do tipo de tratamento e da substˆancia ativa isto ´e, os per´ıodos s˜ao diferenciados de acordo com o tipo de tratamento.

Produto de contacto – A sua efic´acia tem uma dura¸c˜ao de cerca de seis dias. Caso ocorram precipita¸c˜oes ap´os ser aplicado, se o somat´orio das mesmas, num m´aximo de trˆes dias, for superior a 10 l/m2

, o produto ´e lixiviado e perde toda a sua efic´acia.

Produtos penetrantes – A sua efic´acia tem uma dura¸c˜ao m´axima de dez dias, mas se existir precipita¸c˜ao antes de passar uma hora ap´os ter sido aplicado, este perde toda a sua efic´acia. Por outro lado, o produto mant´em a sua plena efic´acia se a precipita¸c˜ao acumulada, num m´aximo de trˆes dias, n˜ao exceda os 40 l/m2

. Caso esta barreira seja excedida, a efic´acia ser´a perdida de forma proporcional at´e atingir 100 l/m2

, podendo reduzir em 20% a sua eficiˆencia, o que significa que o per´ıodo m´aximo de efic´acia dura apenas oito dias. No pior cen´ario, se a precipita¸c˜ao exceder os 100 l/m2

(situa¸c˜ao improv´avel), a efic´acia do produto ser´a totalmente perdida e o ciclo de desenvolvimento recome¸car´a, isto se a colheita n˜ao tiver j´a sido totalmente destru´ıda.

(45)

2.2. M´ETODOS DE PREVIS ˜AO DO M´ILDIO NA VIDEIRA 21

Produtos sist´emicos – O comportamento destes produtos em termos do per´ıodo de a¸c˜ao ´e semelhante ao dos penetrantes, com a ´unica diferen¸ca de que o per´ıodo m´aximo de persistˆencia ´e de catorze dias e o m´ınimo ser´a dez.

2.2.8

Infe¸c˜

ao secund´

aria

Como foi referido anteriormente, a infe¸c˜ao secund´aria surge ap´os o aparecimento da infe¸c˜ao prim´aria e est´a dependente da temperatura, humidade relativa do ar e ausˆencia de horas de luz. Segundo Morando [45], para que esta ocorra ´e essencial uma humidade abundante ou at´e mesmo um forte orvalho. Outros autores [11,

19, 36], afirmam que orvalhos intensos tˆem grande influˆenciam, principalmente nos ambientes protegidos. Estas infe¸c˜oes ocorrem normalmente de manh˜a, uma vez que os zo´osporos surgem, habitualmente, `a noite [49]. O que leva a verificar o segundo sintoma, ap´os a ocorrˆencia da primeira infe¸c˜ao, que ´e a existˆencia de esporula¸c˜ao. Para que isso ocorra ´e preciso [2, 12, 13]:

• Humidade relativa do ar superior a 92%; • Temperatura do ar igual ou superior a 11o

C; • Ausˆencia de luz igual ou superior a 4 horas.

Desta forma, uma vez atingida a infe¸c˜ao prim´aria e a esporula¸c˜ao, verifica-se existe possibilidade de ocorrˆencia da infe¸c˜ao secund´aria. Segundo [2,13,30,49], admite-se que estas podem ocorrer se o produto da temperatura m´edia do per´ıodo de tempo considerado pelo n´umero de horas de humecta¸c˜ao for igual ou superior, a 50. Caso esta condi¸c˜ao se verifique pode-se estar perante a ocorrˆencia da infe¸c˜ao secund´aria.

(46)

22 CAP´ITULO 2. VITICULTURA DE PRECIS ˜AO E DOENC¸ AS DA VINHA

Tabela 2.2 – Desenvolvimento di´ario do fungo P. viticola (Tabela de Goidanich) [30]. Temperatura Humidade relativa Humidade relativa

m´edia (o C) (%) <75% (%) >75% 12.00 0.0 5.25 12.25 4.4 5.75 12.50 4.7 6.20 12.75 5.0 6.70 13.00 5.3 7.10 13.25 5.7 7.70 13.50 6.0 8.00 13.75 6.4 8.50 14.00 6.6 9.00 14.25 6.8 9.40 14.50 7.1 9.70 14.75 7.3 10.2 15.00 7.6 10.6 15.25 7.8 10.8 15.50 8.1 11.1 15.75 8.3 11.3 16.00 8.5 11.7 16.25 9.0 12.0 16.50 6.3 12.5 16.75 9.6 12.9 17.00 10.0 13.25 17.25 10.3 13.6 17.50 10.5 14.3 17.75 10.75 14.75 18.00 11.1 15.3 18.25 11.48 15.2 18.50 11.7 16.0 18.75 12.1 16.3 19.00 12.5 16.6 19.25 12.9 17.5 19.50 13.4 18.3 19.75 13.7 19.3 20.00 14.2 20.0 20.25 14.5 20.5 20.50 14.8 21.0 20.75 15.0 21.5 21.00 15.3 22.2 21.25 15.7 22.2 21.50 16.0 22.2 21.75 16.3 22.2 22.00 16.6 22.2 22.25 17.0 22.2 22.50 17.3 23.5 22.75 17.7 24.4 23.00 18.1 25.0 23.25 18.1 25.0 23.50 18.1 25.0 23.75 18.1 25.0 24.00 17.7 24.3 24.25 17.3 23.5 24.50 17.0 23.2 24.75 16.6 22.2

(47)

2.3. FORMAS DE LUTA CONTRA O M´ILDIO DA VIDEIRA 23

2.3

Formas de luta contra o m´ıldio da videira

Como j´a referido, o desenvolvimento do m´ıldio depende de v´arias condi¸c˜oes meteo-rol´ogicas, como a temperatura e a precipita¸c˜ao, levando `a necessidade de se conhe-cerem as condi¸c˜oes ´otimas de temperatura, de humidade relativa do ar, e de outras condi¸c˜oes para o desenvolvimento da doen¸ca, como se propaga, de onde vem e como hiberna, com o intuito de n˜ao permitir ou limitar a existˆencia do agente patog´enico na cultura.

Segundo Burgaret [51], o m´ıldio da videira ´e a doen¸ca cuja prote¸c˜ao deve ser mais cuidadosa devido `a sua importˆancia, de entre todas as doen¸cas da vinha, uma vez que incide com frequˆencia, tem um longo per´ıodo de atividade e os preju´ızos provocados podem ser consider´aveis.

Falar em luta contra o m´ıldio ´e procurar e adoptar medidas que contrariem o seu desenvolvimento, pois n˜ao se consegue eliminar a sua existˆenica, pois apesar de existirem v´arias variedades de videiras, a maioria das variedades europeias s˜ao muito vulner´aveis [1]. Por este motivo, a preven¸c˜ao ´e fundamental para evitar a sua propaga¸c˜ao. Embora o recurso a fungicidas seja fundamental na luta contra o P.

viticola [7], existem outros m´etodos que podem ser utilizados para reduzir o in´oculo e assim diminuir a utiliza¸c˜ao de fitof´armacos, com consequˆencia na redu¸c˜ao do impacto econ´omico e aumento da sustentabilidade ecol´ogica. As formas de luta, para al´em do ataque qu´ımico, incluem m´etodos culturais e biol´ogicos, descritos nas sec¸c˜oes seguintes.

2.3.1

A luta cultural

Existem muitas pr´aticas culturais que se podem aplicar para reduzir quer o apare-cimento do patog´enico P. viticola, quer a sua dispers˜ao.

A luta cultural tem o intuito de condicionar o desenvolvimento do fungo. Por outras palavras, ´e uma a¸c˜ao preventiva destinada a dificultar o aparecimento da doen¸ca e

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24 CAP´ITULO 2. VITICULTURA DE PRECIS ˜AO E DOENC¸ AS DA VINHA

define todos os procedimentos, t´ecnicas e monitoriza¸c˜oes necess´arias para retardar ao m´aximo o seu desenvolvimento [7].

Uma luta profil´atica bem conduzida n˜ao substitui o recurso `a luta qu´ımica, mas permite que esta se realize em melhores condi¸c˜oes, com maior facilidade e com uma redu¸c˜ao na quantidade de produtos aplicados [51].

Um dos procedimentos mais importantes ´e a existˆencia de uma boa drenagem do solo, de forma a n˜ao haver forma¸c˜ao de po¸cas de ´agua, reduzindo-se as dispers˜ao do in´oculo de hiberna¸c˜ao. Outro m´etodo, ´e a realiza¸c˜ao da monda das folhas, e poda dos pˆampanos, ramos e cachos infetados, de forma a determinar a futura configura¸c˜ao da videira e corrigir eventuais erros feitos no passado. A destrui¸c˜ao das folhas ca´ıdas no ch˜ao ´e uma pr´atica cultural mecˆanica que pode ter muito sucesso na redu¸c˜ao de in´oculo, uma vez que no ano seguinte ser˜ao as respons´aveis pelas infe¸c˜oes prim´arias. Outra medida a tomar na altura da planta¸c˜ao, sobretudo na Regi˜ao do Douro, onde as planta¸c˜oes s˜ao feitas por patamares, ´e de evitar dois bardos por patamar, n˜ao s´o para evitar a falta de arejamento mas sobretudo por ser imposs´ıvel tratar os dois lados dos bardos da videira [7, 30, 49,51].

Al´em destas medidas, existem muitas outras que podiam ser referidas e aplicadas mas o que ´e necess´ario real¸car ´e que nenhuma dessas medidas consegue eliminar eficazmente o pseudofungo em vinhas suscet´ıveis e, tamb´em, serem dif´ıceis de serem adotadas pelos viticultores por serem economicamente invi´aveis.

2.3.2

A luta biol´

ogica

O meio de luta biol´ogico dever´a ser a tendˆencia dos viticultores mais informados e com uma maior consciˆencia ambiental. O perigo de toxicidade cr´onica para o Homem, animais e meio ambiente, resultante da aplica¸c˜ao de fungicidas fazem com que se procurem novas medidas para o combate ao m´ıldio da videira. Uma dessas solu¸c˜oes ´e a luta biol´ogica.

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2.3. FORMAS DE LUTA CONTRA O M´ILDIO DA VIDEIRA 25

viticola, tendo muitos sido selecionados nas ´ultimas d´ecadas [9]. Uma das abordagens mais testadas para controlo biol´ogico do m´ıldio da videira, pode ser obtido atrav´es da aplica¸c˜ao de Trichoderma harzianum T39 que induz as resistˆencias sist´emicas da planta contra o oomiceta, quando aplicado por trˆes vezes, 48 a 72 horas antes da inocula¸c˜ao, conseguindo-se uma redu¸c˜ao da esporula¸c˜ao na ordem dos 63 % [50]. Caso se aplique em conjunto com o benzothiadiazole (BTH), cerca de 24 horas antes da inocula¸c˜ao do oomiceta, observa-se uma diminui¸c˜ao cerca de 83 % da esporula¸c˜ao. Existem, no entanto, outras formas de luta biol´ogica. Um outro estudo bem-sucedido consistiu na utiliza¸c˜ao a planta Inula viscosa [18]. Contudo, o seu uso n˜ao substitui totalmente os fungicidas dado ser uma planta de elevada toxidade. Al´em deste problema, esta planta tem um custo elevado, pouca resistˆencia `a chuva e aparenta ser escassa.

2.3.3

A luta qu´ımica

O aparecimento do m´ıldio da videira na Europa e os danos elevados causados por esta doen¸ca tornaram priorit´aria a descoberta de produtos de combate eficaz [68]. Desta forma, devido aos avan¸cos na ind´ustria fitofarmacˆeutica, foram desenvolvidos v´arios produtos de elevada efic´acia, sendo que, atualmente, o objetivo passa por terem um pequeno ou mesmo nenhum efeito no meio ambiente, fauna selvagem e organismos auxiliares [51].

O produto fitofarmacˆeutico, ´e um composto comercial constitu´ıdo por uma ou mais substˆancias ativas. Os diferentes fungicidas s˜ao constitu´ıdos por substˆancias ativas, impurezas e adjuvantes. A primeira substˆancia mencionada tem um espectro de a¸c˜ao sobre o fungo ou pseudofungo, a segunda n˜ao possui qualquer tipo de a¸c˜ao e a terceira serve para refor¸car e apoiar a substˆancia ativa no seu papel e n˜ao tem qualquer influˆencia no agente patog´enico [51].

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26 CAP´ITULO 2. VITICULTURA DE PRECIS ˜AO E DOENC¸ AS DA VINHA

tenha contra-indica¸c˜oes e esteja isento de risco. Os riscos de utiliza¸c˜ao dos fun-gicidas residem em problemas de fitotoxidade e toxidade humana, a aquisi¸c˜ao de resistˆencia por parte dos patog´eneos, a perda dos predadores naturais, auxiliares, e a acumula¸c˜ao de fitof´armacos na ´agua e solo.

Contudo e reconhecendo todos os riscos, quando a luta qu´ımica ´e utilizada de forma racional, tendo em conta a efic´acia da mesma e os efeitos da sua interven¸c˜ao, torna-se estorna-sencial na protec¸c˜ao da vinha [51]. Por isso, ´e necess´ario conhecer os produtos presentes no mercado e como funcionam: fungicidas de contacto, sist´emicos e pene-trantes.

Fungicidas de contacto

Os fungicidas de contacto ou de superf´ıcie realizam uma a¸c˜ao essencialmente pre-ventiva com intuito de impedir a germina¸c˜ao dos esporos, uma vez que atuam por contacto na superf´ıcie da planta tratada e podem ser lixiviados atrav´es da chuva [51].

Estes produtos qu´ımicos, de superficie, n˜ao sist´emicos, s´o protegem as zonas onde entram em contacto, pelo que a sua aplica¸c˜ao deve ser cuidadosa e no m´aximo de ´area poss´ıvel. Neste tratamento, o fungo n˜ao se torna resistente a estes produtos devido `a sua forma de atua¸c˜ao. Durante 7 a 10 dias, os org˜aos sujeitos ao tratamento ficam protegidos [7, 49].

Uma vez que estes fungicidas n˜ao tˆem capacidade de migra¸c˜ao na planta, para se obter uma boa efic´acia ´e preciso ter em conta v´arios factores [7, 37]:

• Utilizar maquinaria adequada (pulverizadores de precis˜ao, pneum´aticos ou de atomiza¸c˜ao), que v˜ao abranger toda a videira;

• Devem estar na planta antes da infe¸c˜ao;

• S˜ao necess´arias aplica¸c˜oes repetidas, `a medida que a planta cresce ou quando chove. Caso a precipita¸c˜ao seja superior a 15 ou mesmo 20 mm, os produtos

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2.3. FORMAS DE LUTA CONTRA O M´ILDIO DA VIDEIRA 27

de contacto s˜ao lixiviados;

• S´o atuam onde entram em contacto, pelo que ´e uma mais valia utilizar um adjuvante tensioativo para aumentar a ´area de atua¸c˜ao.

A forma de atua¸c˜ao dos fungicida de contacto ´e muito amplo, atuando em v´arios sistemas enzim´aticos dos fungos e pseudofungos, o que lhes permite suprimir um maior conjunto de diferentes agentes patog´enicos.

Fungicidas sist´emicos e penetrantes

Os fungicidas penetrantes s˜ao substˆancias capazes de entrar nos tecidos da planta e de se propagar em diferentes camadas de c´elulas do mesmo ´org˜ao, pelo que desen-volvem alguma atividade preventiva. Contudo, s˜ao lixiviados pela chuva [51]. As substˆancias penetrantes possuem uma a¸c˜ao de contacto e curativa. Por um lado, uma a¸c˜ao de contacto, por persistir no exterior das folha, penetra no interior da mesma e se difunde entre as duas p´aginas da folha. Por outro lado, uma a¸c˜ao curativa, pois interrompem o desenvolvimento do mic´elio e dos haust´orios. Esta ´

ultima a¸c˜ao ocorre se a contamina¸c˜ao tiver ocorrido 2 a 3 dias antes do tratamento e em per´ıodos graves [7]. A sua ac¸c˜ao anti-f´ugica ´e de 10 a 12 dias.

Os sist´emicos s˜ao muito caracter´ısticos na sua forma de actua¸c˜ao e alguns deles s´o atuam para uma doen¸ca espec´ıfica. Estes fungicidas s˜ao capazes de entrar no interior da planta e movimentarem-se na mesma [51], possuindo uma capacidade de sistemia [7]. Estes produtos penetram na planta e apresentam trˆes vantagens principais:

• As substˆancias ativas n˜ao s˜ao removidas pela precipita¸c˜ao;

• ´E um tratamento curativo;

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28 CAP´ITULO 2. VITICULTURA DE PRECIS ˜AO E DOENC¸ AS DA VINHA

No entanto, v˜ao perdendo poder de a¸c˜ao, isto ´e, v˜ao perdendo a sua persistˆencia ao longo do tempo e consoante se v˜ao movimentado. O intervalo entre as aplica¸c˜oes pode ser de 14 dias [49].

A aplica¸c˜ao dos sist´emicos tem uma maior eficiˆencia se for implementada na fase inicial do ciclo da doen¸ca, podendo ser iniciada 2 a 3 dias ap´os a infe¸c˜ao, na fase da coloniza¸c˜ao. Devem ser aplicados quando existe mais precipita¸c˜ao, que vai levar os fungicidas de contacto a serem lixiviados, criando melhores condi¸c˜oes para de-senvolvimento do pseudofungo. Al´em disto, as folhas nesta fase ainda s˜ao verdes e jovens, o que favorece a sistemia, funcionamento e a¸c˜ao dos fungicidas.

Um problema da aplica¸c˜ao de fungicidas penetrantes e sist´emicos ´e a possibilidade de o m´ıldio criar resistˆencia a estes produtos, levando a que ao fim de muitas aplica¸c˜oes, o fungicida j´a n˜ao fa¸ca efeito, uma vez que j´a existe uma comunidade de pseudofun-gos que n˜ao ´e sens´ıvel a determinados tipos de fungicidas.

2.3.4

Custos da luta contra o m´ıldio da videira

Hoje em dia, qualquer empresa procura ter o menor n´umero perdas de produ¸c˜ao e o menor gasto poss´ıvel. Por isso, a tecnologia tem tido um papel fundamental na cria¸c˜ao novas ferramentas em diversas ´areas, de forma a tornar todo o processo que as envolve mais eficiente.

Analisando a ´area da viticultura, mais especificamente a previs˜ao e combate do m´ıldio da videira, pode-se compreender bem a necessidade de diminuir os custos. Por exemplo, para o combate de m´ıldio em 40 hectares de vinha s˜ao necess´arias 4 pessoas para fazer um combate r´apido e eficaz, o que representa, em m´edia, um custo de 40 Euro por dia/por cada indiv´ıduo. Acrescenta-se o custo do fato de prote¸c˜ao, que s´o pode ser usado apenas uma vez, com o custo de 35 Euro, ou seja, cada vez que se realiza um tratamento precisamos de adquirir um fato novo para cada pessoa. Al´em dos custos relacionados com a m˜ao-de-obra, temos a componente das m´aquinas que necessitam de um investimento inicial elevado para as adquirir e depois de

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2.3. FORMAS DE LUTA CONTRA O M´ILDIO DA VIDEIRA 29

manuten¸c˜ao anual para garantir o seu bom funcionamento. Supondo que os 40 hectares de vinha permitem a entrada de tractores e que este cumpre as normas de seguran¸ca necess´aria, o seu custo m´edio anual ´e de 13.000 Euro. Al´em disto, ´e preciso possuir um pulverizador para distribuir o produto a aplicar na vinha. Caso seja um de 400 l, o propriet´ario ter´a mais um custo m´edio anual de 4.000 Euro. Desta forma, com o material adquirido, surgem os custos com o combust´ıvel e o fungicida a utilizar. Em m´edia, consultando alguns produtos, o tractor gasta cerca de 60 l, o que representa um gasto di´ario de aproximadamente 85,00 Euro. Os fungicidas de contacto, menos t´oxicos e mais econ´omicos, apresentam um custo m´edio de 5,00 Euro por 300 g. Visto que s˜ao necess´arios cerca de 3 kg por cada 3 hectares, o gasto ascende aos 800,00 Euro em produto.

Posto isto, chega o momento da manuten¸c˜ao necess´aria e obrigat´oria por lei dos equipamentos. A manuten¸c˜ao do pulverizador de 400 l ´e em m´edia 200,00 Euro e os filtros de carv˜ao, que funcionam como prote¸c˜ao da cabine, ficam em m´edia a 300,00 Euro.

Em suma, supondo que ´e um ano normal, onde surgiram infec¸c˜oes a partir de abril e com tratamentos de 12 em 12 dias at´e julho, ficamos com um custo total di´ario para uma ´area de 40 hectares de 1.665,00 Euro, e um total, ap´os realizar todos os tratamentos, de 9.992,64 Euro. Se contarmos com todo o investimento inicial e manuten¸c˜ao necess´aria, obtemos um custo total de cerca de 27.000,00 Euro. De salientar, que no momento atual e devido `as altera¸c˜oes clim´aticas, os fungicidas preventivos cada vez mais duram menos, e que devido a chuvas excessivas ou humi-dades excessivas que lhes retiram resistˆencia, a periodicidade dos tratamentos pode baixar para de 5 em 5 dias para combater a doen¸ca, o que leva a duplicar o valor mencionado anteriormente. O valor pode subir ainda mais, caso se utilize fungicidas penetrantes ou sist´emicos.

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30 CAP´ITULO 2. VITICULTURA DE PRECIS ˜AO E DOENC¸ AS DA VINHA

2.4

Plataformas inform´

aticas

Nas ´ultimas d´ecadas, foram v´arios os investigadores e empresas que procuraram, propuseram e criaram solu¸c˜oes para supervisionar/monitorizar o estado da vinha utilizando algum tipo de tecnologia. Uma das principais ideias consiste na utiliza¸c˜ao de sensores, implementados ao longo da zona vin´ıcola, com o intuito de distinguir as diferentes necessidades de cada ´area e de forma a melhorar a gest˜ao da vinha para abordar os poss´ıveis problemas. Torna-se assim fundamental analisar as plataformas, existentes a informa¸c˜ao dispon´ıvel ao p´ublico, verificar o seu funcionamento e como ajudam a tomar melhores decis˜oes no combate ao m´ıldio.

A Vite.net ´e um sistema de apoio `a tomada de decis˜ao, que utiliza uma abordagem hol´ıstica para a gest˜ao sustent´avel de vinhas. No ponto de vista do utilizador ´e “user-friendly”, inclui um sistema de monitoriza¸c˜ao em tempo real e uma ferramenta baseada na web que analisa os dados recolhidos, utilizando um modelo mecˆanico para a previs˜ao da primeira infec¸c˜ao [56], com intuito de fornecer informa¸c˜oes atualizadas para a gest˜ao da vinha atrav´es de gr´aficos. O objetivo desta plataforma ´e auxiliar o agricultor a tomar a decis˜ao, mais apoiada. No entanto, os autores contam com informa¸c˜ao meteorol´ogica de terceiros, ou seja, o hardware, por vezes, a esta¸c˜ao que fornece a informa¸c˜ao meteorol´ogica pode n˜ao estar na ´area de estudo, o que leva a um erro maior nos dados fornecidos para a previs˜ao da primeira infe¸c˜ao [57].

O VintiOS ´e um software de agricultura de precis˜ao, que apoia as decis˜oes dos viticultores e en´ologos sobre a produ¸c˜ao das videiras e a sua qualidade. O software permite manter um controle rigoroso sobre os trabalhos e observa¸c˜oes realizadas, em parcelas de campo e cooperativas, realizando no final de cada campanha o respetivo caderno de campo. Da possibilidade de dividir a ´area total do vinhedo, em parcelas e dizer que tipo de casta/uva est´a presente em cada uma, tipo de superf´ıcie e at´e observar imagens via sat´elite para ver a vinha, por exemplo. Al´em disso, consegue gerir o stock de produtos fitossanit´arios do armaz´em e consultar facilmente os dados mais importantes sobre eles. Por outras palavras, o VintiOS ´e um software, que usa uma nuvem contratada, permitindo inserir planeamentos e informa¸c˜ao relativa

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2.4. PLATAFORMAS INFORM ´ATICAS 31

a planeamento de trabalho vit´ıcula. N˜ao calcula grau de risco, nem informa se pode ou n˜ao ocorrer m´ıldio.

A plataforma Monet ´e muito idˆentica a plataforma anterior, mas com a grande diferen¸ca que ´e o c´alculo de um grau de risco da doen¸ca. Isto ´e, tendo em conta a base dos princ´ıpios da agricultura de precis˜ao, que tem como objectivo principal apoiar os viticultores, t´ecnicos e en´ologos na tomada de decis˜oes que afetam a qualidade e a produ¸c˜ao das vinhas, esta plataforma prevˆe possibilidade de ocorrˆencia do m´ıldio da videira, apresentando o mesmo numa tabela com o dia correspondente. Tal como a plataforma VintiOS, a Monet permite o escalamento e o planeamento de tarefas a realizar, assim como saber o estado da vinha atrav´es de dados meteorol´ogicos e imagens de sat´elite, o que permite avaliar os ´ındices de vegeta¸c˜ao (NDVI).

A Auroras ´e uma start-up que fornece sistemas de monitoriza¸c˜ao ambiental para melhorar a competitividade, a redu¸c˜ao de custos, melhorar a seguran¸ca alimentar e aumentar a sustentabilidade ecol´ogica das empresas que operam no setor agr´ıcola, industrial, ambiental e de transporte. Auroras fornece smart and modular solutions para monitorizar todos os processos influenciados por condi¸c˜oes ambientais internas e externas. Essas solu¸c˜oes suportam a tomada de decis˜ao, de controle e de gest˜ao. A sua aplica¸c˜ao para a vinha chama-se SAVE GRAPE e ´e um sistema de monitoriza¸c˜ao utilizando dispositivos IoT, sem qualquer interven¸c˜ao manual. Na sua essˆencia, o sistema recebe dados, processa-os e, como resultado, executa determinadas a¸c˜oes. A sua base consiste em sensores sem fios e outros componentes de aquisi¸c˜ao de dados para monitorar as condi¸c˜oes microclim´aticas e fisiopatol´ogicas da vinha, em tempo real, e prevˆe manifesta¸c˜oes de diversas doen¸cas. Como resultado, permite gerar alertas por SMS/e-mail sobre a ocorrˆencia de anomalias e informar o agricultor. Os dados recolhidos s˜ao enviados pelo Portal para o Centro de Servi¸cos AURORAS para serem representados em diversas formas, como gr´aficos e/ou tabelas, permitindo ao viticultor observar/analisar o evoluir da situa¸c˜ao no seu smartphone, tablet ou PC. De real¸car, que apenas operam com hardware desenvolvido e implementado pelos pr´oprios. Devido `a informa¸c˜ao dispon´ıvel, n˜ao foi poss´ıvel entender que tipo de modelo ´e usado, ou quais as fases do m´ıldio da videira que abordam.

(56)

32 CAP´ITULO 2. VITICULTURA DE PRECIS ˜AO E DOENC¸ AS DA VINHA

Por fim, a SmartVineyard ´e uma plataforma que d´a apoio a decis˜ao e informa sobre doen¸cas da vinha. Os dados adquiridos s˜ao transformados em previs˜oes relativas a doen¸cas, em tempo real. Concretamente sobre o m´ıldio mencionam apenas a primeira infe¸c˜ao, o que pode ser observado num gr´afico com uma linha a representar o grau de risco da doen¸ca. Cada dispositivo, colocado na vinha e ao qual est˜ao ligados num conjunto de sensores, envia, atrav´es de um sistema de transmiss˜ao GSM, dados meteorol´ogicos permitindo atualizar, hora a hora as previs˜oes apresentadas.

2.5

Resumo e discuss˜

ao

Com base em todas as pesquisas efetuadas, que permitiram conhecer melhor o pseudo-fungo P. viticola, algumas das formas de o prevenir e de o combater, as condicionantes da sua propaga¸c˜ao, os modelos usados globalmente para a sua pre-vis˜ao, alguns dos produtos usados no seu combate e varias das tecnologias existentes de apoio `a decis˜ao, foi poss´ıvel melhorar o enquadramento deste trabalho.

De facto, a existˆencia de dados meteorol´ogicos com a possibilidade de serem acedidos em tempo-real numa malha mais fina permite que o combate baseado em previs˜oes seja mais assertivo, isto ´e, com base em previs˜oes mais precisas, no tempo certo e afinadas a cada local, isto ´e, n˜ao obtidas numa base regional. De igual modo, o conhecimento das condi¸c˜oes de efic´acia dos produtos que podem ser aplicados conjuntamente com o conhecimento das condi¸c˜oes meteorol´ogicas pode ajudar na escolha mais correta do produto a aplicar. Por exemplo, se houverem previs˜oes de precipita¸c˜ao, a decis˜ao de aplicar um produto de superf´ıcie pode ser desastrosa j´a que o produto ser´a facilmente lixiviado.

Assim, perspectiva-se que este trabalho possa proporcionar uma ferramenta que aceda a dados meteorol´ogicos em tempo-real e que possa usar modelos com provas dadas como o ´e a Regra 3–10. Conjuntamente com previs˜oes para os pr´oximos 3 a 5 dias, a ferramenta poder´a proporcionar decis˜oes mais assertivas. O uso de dados recolhidos de forma f´acil na vizinhan¸ca do local onde se pretende fazer esta previs˜ao

(57)

2.5. RESUMO E DISCUSS ˜AO 33

pode ser tamb´em uma mais valia. ´E neste sentido que plataformas de IoT podem ser particularmente uteis j´a que poder˜ao facultar os dados necess´arios. Nos pr´oximos cap´ıtulos faz-se esta an´alise e prop˜oe-se esta ferramenta.

(58)

Imagem

Figura 2.1 – Manchas de ´ oleo e esporˆ angios de Plasmopara viticola.
Figura 2.2 – Ciclo biol´ ogico do fungo Plasmopara viticola. Adaptado de [65].
Figura 2.3 – Modelos de dete¸c˜ ao da epidemia do mildio e as respectivas fases de aplica¸c˜ ao, no ciclo da videira e do fungo [8].
Tabela 2.1 – Modelos de dete¸c˜ ao do m´ıldio da videira e respectivas fases de aplica¸c˜ ao.
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Referências

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