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A doação ao Fundo da Infância e Adolescência (FIA): o Imposto de Renda como exercício da cidadania fiscal

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS - DCEA

CAMPUS DE CAICÓ

Geovani Robson Medeiros

A DOAÇÃO AO FUNDO DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA (FIA): O

IMPOSTO DE RENDA COMO EXERCÍCIO DA CIDADANIA FISCAL

CAICÓ/ RN 2016

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Geovani Robson Medeiros

A DOAÇÃO AO FUNDO DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA (FIA): O

IMPOSTO DE RENDA COMO EXERCÍCIO DA CIDADANIA FISCAL

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Exatas e Aplicadas do Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do grau de bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Prof. Ms. Alex Sandro Macêdo de Oliveira

CAICÓ/RN 2016

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A DOAÇÃO AO FUNDO DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA (FIA): O

IMPOSTO DE RENDA COMO EXERCÍCIO DA CIDADANIA FISCAL

A monografia foi julgada e aprovada para obtenção do grau de bacharel em Ciências Contábeis, no curso de graduação em Ciências Contábeis bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.

Caicó/RN, 30 de novembro de 2016

BANCA EXAMINADORA

Prof. Ms. Alex Sandro Macêdo de Oliveira - UFRN/CERES Orientador

Prof. Esp. Celso Luiz Souza de Oliveira

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Medeiros, Geovani Robson.

A doação ao fundo da infância e adolescência (FIA): o imposto de renda como exercício da cidadania fiscal / Geovani Robson Medeiros. - Caicó: UFRN, 2016.

46f.: il.

Orientador: Ms. Alex Sandro Macêdo de Oliveira. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Centro de Ensino Superior do Seridó - Campus Caicó.

Departamento de Ciências Exatas e Aplicadas - Curso de Ciências Contábeis.

1. Doação. 2. Imposto de Renda. 3. Cidadania Fiscal. 4. Direitos infantojuvenis. 5. FIA. I. Oliveira, Alex Sandro Macêdo de. II. Título.

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários que assumo total responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, a Coordenação do Curso, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte ideológico empregado ao mesmo.

Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a propriedade intelectual o artigo, n.º 184 – afirma que: Violar direito autoral: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º consignam, respectivamente: § 1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, (...).

§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral.

Diante do que apresenta o artigo nº. 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente que poderei responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, caso seja comprovado plágio integral ou parcial do trabalho.

Caicó/RN, 30 de novembro de 2016

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Dedico esta monografia ao meu esforço e persistência, que fizeram com que as barreiras enfrentadas por ter começado a trabalhar muito cedo não fossem obstáculos para continuação dos meus estudos e formação.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter sido sempre o meu fiel escudeiro.

Aos meus pais, Geraldo Medeiros e Rita Maria Medeiros, que tanto batalharam para que seus quatros filhos tivessem um futuro melhor e mais digno. A eles que, por tantas vezes, deixaram de possuir as coisas para que elas fossem aproveitadas pelos filhos. E, agora, o sonho de ver um filho formado está cada vez mais próximo.

Agradeço a toda a minha família, aos irmãos, aos primos, aos tios,que sempre estiverem presentes e contribuíram ou torceram pela realização deste sonho. Em especial, às minhas tias, Ana Santana de Souto e Ana Lúcia de Souto, que tanto me ajudaram e apoiaram nos momentos mais difíceis.

Aos amigos e colegas da turma, que estiverem junto comigo neste longo caminho. Obrigado por todo o apoio dado, seja de forma intencional ou não. Às vezes, saber que não estava sozinho foi fundamental, e uma simples palavra de incentivo foi um estímulo duradouro. Peço perdão e compreensão pelos momentos de ausência, como também pela atenção que nem sempre pude dar em meio a tantos estudos e afazeres.

Às minhas chefas, Tereza Neuman Nobre da Costa e Maria do Socorro Nobre da Costa, que me acolheram de forma tão generosa e me deram o apoio necessário para que eu pudesse chegar cada vez mais longe.

As colegas de trabalho e amigos, Tarzianne Batista Brito, Brimetta Batista Brito, Jaíres Medeiros da Costa, Antônia Luana de Oliveira e Maria Roza da Costa, que muitas vezes mostraram o caminho a ser seguido e como seguir, que sempre se mostraram preocupados e atentos ao meu desenvolvimento.

Ao meu orientador, Alex Sandro Macêdo de Oliveira, pela orientação, paciência e confiança.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, aos professores, os quais me proporcionaram conhecer um mundo de oportunidades e de possibilidades. Aqueles que possuem o dom da docência e que sempre serão lembrados por seus ensinamentos.

A todos que, direta ou indiretamente, ajudaram e fizeram parte da minha formação, muito obrigado!

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“As crianças, quando bem cuidadas, são uma semente de paz e esperança”

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RESUMO

A presente monografia versará sobre a importância da participação social na garantia dos direitos da criança e do adolescente. De forma que a realização da doação de parte do Imposto de Renda pelas pessoas físicas e jurídicas ao Fundo para Infância e Adolescência garanta aos jovens um futuro melhor e mais justo. A categoria do tratamento dos dados deu-se por meio de questionário e entrevista, de modo que, conhecendo a opinião dos contribuintes e as informações da entidade beneficiada, foi possível alcançar os diversos objetivos do trabalho, como: conhecer os motivos que levam as pessoas a não doarem, esclarecer como podem ser feitas as destinações, o levantamento de dados dos recursos arrecadados pelo FIA e indicação de alternativas que contribuam para o aumento de arrecadações. Assim, pôde-se concluir que a doação é um exercício da cidadania fiscal, de grande importância social, e deve ser difundida entre mais pessoas para que as políticas de atendimentos aos direitos infantojuvenis sejam fortalecidas e potencializadas.

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ABSTRACT

The present monograph will cross on the importance social participation in ensuring the rights of children and adolescents. In way what the donation of part of the Income Tax by individuals and corporations to the Fund for Children and Adolescents assures the young people a better and fairer future. The category of data tratament was done through a questionnaire and interview, so that, knowing the opinion of the taxpayers and the informations of entity beneficiary, was possible to achieve the various objectives of the work, such as: to Know the motives why people don't donate, Clarify how can be made the destinations, the lifting about the resources collected by the FIA and indication of alternatives that contribute to the increase of collections. Thus, it can be concluded that the donation is an exercise of fiscal citizenship, of great social importance, and should be disseminated among more people so that the policies for attending to child juvenile rights are strengthened and potentialized.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Processo de Doação ao FIA ... 27

Figura 2- Ciência da destinação do IR ao FIA como dedução fiscal ... 32

Figura 3- Exemplo prático ... 33

Figura 4 - A importância da doação ... 34

LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Membros do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Caicó/RN ... 21

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Doações recebidas, pelo FIA de Caicó/RN, de setembro/2015 à outubro/2016 ... 36

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CF Constituição Federal

CF/88 Constituição Federal de 1988

CMDCA Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente CNPJ Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas

CONANDA Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e do Adolescente DARF Documento de Arrecadação de Receitas Federais

DBF Declaração de Benefícios Fiscais

DIRPF Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

FIA Fundo da Infância e da Adolescência FMCA Fundo Municipal da Criança e Adolescente

IR Imposto de Renda

IRPF Imposto de Renda Pessoa Física IRRF Imposto de Renda Retido na Fonte LALUR Livro de Apuração do Lucro Real ONU Organização das Nações Unidas SRFB Secretaria da Receita Federal do Brasil

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 13

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA DO TEMA... 13

1.2 OBJETIVOS ... 14

1.2.1 Geral ... 14

1.2.2 Específicos ... 14

1.3 JUSTIFICATIVA ... 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 15

2.1 OS DIREITOS DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA ... 15

2.2 O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) ... 15

2.2.1 Conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente .... 16

2.3 O FUNDO PARA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA (FIA)... 18

2.4 POLÍTICAS DE ATENDIMENTO AOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO MUNICÍPIO DE CAICÓ/RN. ... 19

2.5 DESTINAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA AO FIA ... 22

2.5.1 Limites e requisitos para a destinação ... 22

2.5.2 A quem doar?... 25

2.5.3 Como doar?... 26

3 METODOLOGIA ... 29

3.1 ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA ... 29

3.2 O CONTEXTO DA PESQUISA: ESPAÇO E SUJEITOS DA INVESTIGAÇÃO ... 30

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA E SELEÇÃO DOS DADOS ... 30

3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 31

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 32

4.1 ANÁLISE DA PESQUISA EM CAMPO COM OS CONTRIBUINTES DE IR DE CAICÓ/RN ... 32

4.2 ANÁLISE DA ENTREVISTA AO PRESIDENTE DO CMDCA ... 34

4.3 LEVANTAMENTO DE DADOS DA ARRECADAÇÃO DO FIA DE CAICÓ/RN ... 36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 37

REFERÊNCIAS... 38

APÊNDICES ... 41

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Apêndice B – Entrevista concedida pelo presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente da cidade de Caicó/RN. ... 43

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA DO TEMA

Muitos desejam tornar o mundo um lugar melhor e muitas são as esperanças para que as crianças e os adolescentes, vistas como o futuro da nação, consigam realizar tal desejo. Mas, para que isso possa se tornar possível é necessário pensar no presente dessas crianças e de que forma cada cidadão poderá contribuir para o futuro destas. A responsabilidade de garantir os direitos infantojuvenis não é só do Estado, mas também de toda a sociedade.

Uma forma de a população ajudar, sem pagar nada por isso, é destinando uma parte do Imposto de Renda para o Fundo para a Infância e Adolescência, mais conhecido como FIA.

O FIA tem por objetivo captar e aplicar recursos destinados às ações de atendimento à criança e ao adolescente. As ações destinam-se a Programas de Proteção Especial à criança e ao adolescente expostos à situação de risco pessoal e social e, excepcionalmente, a projetos de assistência social para crianças e adolescentes que delas necessitem, a serem realizados em caráter supletivo, em atendimento às deliberações do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente (CMDCA, 2016).

A destinação de parte do imposto de renda devido ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente não gera nenhum ônus ao cidadão, isso porque o valor do tributo seria pago de qualquer maneira e, consequentemente, destinado aos cofres públicos da União. Com a doação, uma parte do Imposto de Renda ficaria no município e estaria financiando ações e políticas que busquem assegurar os direitos das crianças e dos adolescentes do município. Por isso é tão importante um estudo que busque conscientizar a população acerca da importância desses recursos para o município e a orientação de como funciona o processo da doação.

Se as pessoas desconhecem tal tema, é necessário difundir cada vez mais essas informações para que os direitos das crianças e adolescentes sejam respeitados. Doar ao FIA, além de ser um exercício da cidadania, é proteger e garantir os direitos constituídos pela parcela mais indefesa da sociedade.

Se a legislação incentiva e a cidadania recomenda, por que a maioria dos contribuintes não destina parte do seu Imposto de Renda devido em favor do Fundo para a Infância e Adolescência?

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14 1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Geral

Conhecer os motivos que levam os contribuintes a não realizarem a doação de parte do seu Imposto de Renda devido ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente do município de Caicó/RN.

1.2.2 Específicos

 Esclarecer aos contribuintes como podem ser feitas as doações ao FMCA utilizando parte do Imposto de Renda devido;

 Levantar dados, em percentuais, dos recursos doados ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente do município de Caicó/RN nos últimos quatorze meses;  Identificar alternativas que possam contribuir com aumento das doações destinadas ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente do município de Caicó/RN.

1.3 JUSTIFICATIVA

São muitos os benefícios que podem ser gerados com o aumento da arrecadação do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente da cidade de Caicó/RN. Com mais recursos, o FMCA poderá financiar mais projetos e entidades, contribuindo para o aumento de ações que irão beneficiar as crianças e os adolescentes do município, garantindo a eles: proteção dos seus direitos constitucionais, lazer, acesso à educação e ao esporte, saúde e uma melhor qualidade de vida.

A legislação brasileira permite que as pessoas físicas e jurídicas doem uma parte do imposto de renda devido. Mas poucas pessoas sabem disso e, por isso, deixam de ajudar a essas entidades. O FMCA necessita de mais recursos para desempenhar as suas funções com maior efetividade e beneficiar mais entidades de assistência social no município de Caicó/RN. Destinando parte do Imposto de Renda devido ao Fundo para a Infância e Adolescência do município, estado ou região, o cidadão estará exercendo sua cidadania fiscal, além de estar contribuindo positivamente para o futuro de diversas crianças e adolescentes.

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2FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 OS DIREITOS DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA

A promulgação da Constituição Federal de 1988 representou um importante marco na conquista dos direitos de todos brasileiros, e trouxe, inclusive, um grande avanço nos direitos das crianças e dos adolescentes.

Crianças e adolescentes que crescem hoje no Brasil fazem parte da primeira geração nascida após a chamada revolução de prioridades. A Assembleia Geral da ONU adotou em 1989 a Convenção sobre os Direitos da Criança, que foi ratificada no ano seguinte pelo País. No Brasil, a Constituição (1988) antecipou esse movimento internacional e garantiu, em seu artigo 227, a infância e a adolescência como prioridade absoluta. Em 1990, o País inovou mais uma vez com a tradução desses princípios em uma legislação mais completa e detalhada, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). (UNICEF, 2016)

A preocupação do País com o futuro das crianças e dos adolescentes foi evidenciada com mais rigor e prioridade a partir da Constituição Federal de 1988, onde o Brasil passou a tratar o assunto de forma mais responsável.

A CF/88instituiu, no seu Artigo 227, uma série de responsabilidades dos adultos e do Estado para com a infância e adolescência:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1988)

O Artigo 227 da CF/88 garante à criança e ao adolescente um cuidado especial e prioritário por parte da família, da sociedade e do Estado, assegurando aos mesmos uma série de direitos e maior proteção. Visando assegurar e regulamentar os direitos previstos na CF/88, foi criada a Lei nº 8.069/90, que instituiu o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 2.2 O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)

O ECA visa garantir todos os direitos previstos na CF/88. Para a Promenino Fundação Telefônica (2016), “o ECA é considerado um marco na proteção da infância e tem como base a doutrina de proteção integral, reforçando a ideia de ‘prioridade absoluta’ da Constituição”.

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A sociedade brasileira estabeleceu, através do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), uma nova ordem jurídica para a infância e a juventude brasileira, onde a Constituição Federal (CF) definiu os direitos fundamentais e o Estatuto, detalhou e especificou esses direitos. Definindo os parâmetros da prioridade absoluta, criou e regulamentou novos mecanismos políticos, jurídicos e sociais necessários à sua efetivação, estabelecendo um sistema de garantia. Esse sistema de garantia compreende as diretrizes para elaboração da política de atendimento; a definição das medidas de proteção e sócio-educativas; a delimitação dos papéis do Poder Judiciário e do Ministério Público e a tipificação de ilícitos penais e administrativos, além de regular procedimento afetos à Justiça da Infância e Juventude.

O ECA foi criado pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, com o objetivo de retratar, de forma mais completa e detalhada, os direitos assegurados à infância e à adolescência, advindos da Constituição Federal.

O ECA dispõe, em seu artigo 86, que “a política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios”. Para isso, foram definidas as diretrizes da política de atendimento, conforme dispõe o artigo 88 do ECA:

Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: I - municipalização do atendimento;

II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;

III - criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-administrativa;

IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente;

V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional; [...]

A municipalização do atendimento, a criação dos conselhos, a manutenção dos fundos, entre outras diretrizes, buscam a aproximação da sociedade com as ações e políticas voltadas aos direitos infantojuvenis.

Dentre os caminhos elencados para a política de atendimento, destaca-se a criação dos conselhos dos direitos da criança e do adolescente em todas as esferas governamentais, que são constituídos por representantes de instituições governamentais e não-governamentais. 2.2.1 Conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente

Os conselhos dos direitos da criança e do adolescente são os órgãos responsáveis por decidir e controlar, de forma concreta, as políticas de proteção. Sua composição dar-se-á através de participação paritária, ou seja, o número de representantes do poder público deve

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17 ser o mesmo para as entidades representativas da sociedade, para que as decisões sejam tomadas de forma democrática e justa. Vale destacar que é por meio dessas entidades que a população participará, ativamente, da política de atendimento dos direitos infantojuvenis.

Suas atribuições são definidas no Artigo 9º, da Resolução nº 137/2010, do CONANDA:

Art. 9º Cabe ao Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, em relação aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, sem prejuízo das demais atribuições:

I - elaborar e deliberar sobre a política de promoção, proteção, defesa e atendimento dos direitos da criança e do adolescente no seu âmbito de ação; II - promover a realização periódica de diagnósticos relativos à situação da infância e da adolescência bem como do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente no âmbito de sua competência;

III - elaborar planos de ação anuais ou plurianuais, contendo os programas a serem implementados no âmbito da política de promoção, proteção, defesa e atendimento dos direitos da criança e do adolescente, e as respectivas metas, considerando os resultados dos diagnósticos realizados e observando os prazos legais do ciclo orçamentário;

IV - elaborar anualmente o plano de aplicação dos recursos do Fundo, considerando as metas estabelecidas para o período, em conformidade com o plano de ação; V - elaborar editais fixando os procedimentos e critérios para a aprovação de projetos a serem financiados com recursos do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente, em consonância com o estabelecido no plano de aplicação e obediência aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade;

VI - publicizar os projetos selecionados com base nos editais a serem financiados pelo Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente;

VII - monitorar e avaliar a aplicação dos recursos do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente, por intermédio de balancetes trimestrais, relatório financeiro e o balanço anual do fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente, sem prejuízo de outras formas, garantindo a devida publicização dessas informações, em sintonia com o disposto em legislação específica;

VIII - monitorar e fiscalizar os programas, projetos e ações financiadas com os recursos do Fundo, segundo critérios e meios definidos pelos próprios Conselhos, bem como solicitar aos responsáveis, a qualquer tempo, as informações necessárias ao acompanhamento e à avaliação das atividades apoiadas pelo Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente;

IX - desenvolver atividades relacionadas à ampliação da captação de recursos para o Fundo; e

X - mobilizar a sociedade para participar no processo de elaboração e implementação da política de promoção, proteção, defesa e atendimento dos direitos da criança e do adolescente, bem como na fiscalização da aplicação dos recursos do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Parágrafo único Para o desempenho de suas atribuições, o Poder Executivo deverá garantir ao Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente o suficiente e necessário suporte organizacional, estrutura física, recursos humanos e financeiros(BRASIL, 2010).

Os conselhos têm como dever: a criação de políticas de assistência direcionadas às crianças e aos adolescentes; analisar a situação vivenciada pelos mesmos, planejando as suas ações de forma continuada; elaboração de critérios para aprovação de programas sujeitos ao financiamento com recursos do FIA, que, caso sejam aprovados, tornam-se públicos à

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18 sociedade e passivos de acompanhamento e fiscalização pelos conselhos; promover atividades que busquem o aumento da captação de recursos e estimular a participação popular em todas as atribuições da entidade.

Cada conselho (Municipal, Estadual, Federal) administra o seu respectivo FIA, conforme o Artigo 2º, da Resolução nº 137/2010, do CONANDA:

Art. 2º Os Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente devem ser vinculados aos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo ente federado, órgãos formuladores, deliberativos e controladores das ações de implementação da política dos direitos da criança e do adolescente, responsáveis por gerir os fundos, fixar critérios de utilização e o plano de aplicação dos seus recursos, conforme o disposto no § 2º do art. 260 da Lei n° 8.069, de 1990(BRASIL, 2010).

É através dos conselhos que os recursos do FIA são administrados. Cabe a eles gerirem os recursos e aplicarem, através dos projetos estruturados e aprovados, com a finalidade de fortalecer a defesa dos direitos infantojuvenis.

2.3 O FUNDO PARA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA (FIA)

O Fundo para Infância e Adolescência (FIA) é um fundo especial de captação de recursos que deverão ser aplicados, exclusivamente, no financiamento de programas, projetos e ações voltadas para a promoção e a defesa dos direitos da criança e do adolescente. A Lei Federal nº 4.320/64 dispõe, em seu artigo 71, que “Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas que por lei se vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de aplicação” (BRASIL, 1964).

Para Pereira Junior (2016, p. 57), o “[...] FIA não tem personalidade jurídica, nem se constitui em um órgão da administração, ressaltando, ainda, que tem natureza meramente contábil”. Dessa forma, fica claro que ele não passa de uma nomenclatura para os recursos depositados em uma conta bancária que tem uma destinação específica: financiar as atividades que busquem concretizar os direitos infantojuvenis. Tal conta bancária deverá ser controlada pelo respectivo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, a quem caberá decidir, por meio do seu colegiado, a forma de aplicação desses recursos.

Os recursos captados pelo FIA são considerados recursos públicos e, por isso, deverão ser submetidos às normas do setor público, conforme detalhado por Digiácomo (2016, [n.p.]):

[...] sendo os recursos por ele captados considerados recursos públicos, estando, portanto, sujeitos às regras e princípios que norteiam a aplicação dos recursos públicos em geral, inclusive no que diz respeito a seu controle pelo Tribunal de

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Contas, sem embargo de outras formas que venham a se estabelecer, inclusive pelo próprio Ministério Público.

As fontes de recursos que compõem o FIA (municipal, estadual e federal) são detalhadas no Artigo 6º, da Lei nº 8.242/91:

Art. 6º Fica instituído o Fundo Nacional para a criança e o adolescente. Parágrafo único. O fundo de que trata este artigo tem como receita:

a) contribuições ao Fundo Nacional referidas no art. 260 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990;

b) recursos destinados ao Fundo Nacional, consignados no orçamento da União; c) contribuições dos governos e organismos estrangeiros e internacionais;

d) o resultado de aplicações do governo e organismo estrangeiros e internacionais; e) o resultado de aplicações no mercado financeiro, observada a legislação pertinente;

f) outros recursos que lhe forem destinados. (BRASIL, 1991)

O artigo 214, da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, também instituiu outra fonte de captação: “Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município.”

Os dispositivos destacados estabeleceram todas as formas de captação de recursos do fundo, entre elas: a destinação de recursos por parte do executivo, no âmbito de cada esfera governamental, que deve ter sido incluído e aprovado, pelo legislativo, no orçamento com a destinação para a área da infância e da juventude; a contribuição dos governos por meio de transferências intergovernamentais; rendimentos oriundos de aplicações financeiras; multas impostas pelo judiciário em decorrência de infrações administrativas, entre outros; doações de pessoas físicas ou jurídicas; e outros recursos que lhe forem destinados.

Tratando-se da fonte de recursos relacionada a destinações por parte do executivo (municipal, estadual ou federal), cabe salientar que a legislação brasileira não obriga os entes governamentais a destinarem parte do seu orçamento ao FIA. Mesmo que essa destinação esteja prevista na peça orçamentária do ente, a sua realização não está garantida.

É facultada às pessoas físicas e jurídicas a destinação de parte do Imposto de Renda devido, conforme regras e percentuais previstos na legislação brasileira. Tais recursos são tratados como incentivos fiscais.

2.4 POLÍTICAS DE ATENDIMENTO AOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO MUNICÍPIO DE CAICÓ/RN.

A política de atendimento aos direitos das crianças e dos adolescentes no município de Caicó/RN foi instituída através da Lei Municipal nº 3.375, de 06 de março de

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20 1992, a qual foi aprovada pela Câmara Municipal de Vereadores e sancionada pelo então prefeito, o senhor Manuel Torres de Araújo.

A Lei Municipal nº 3.375, de 06 de março de 1992, estabeleceu em seus 1º, 2º, 3º, 6º, 7º e 8º que:

Art. 1º - Esta Lei dispõe sobre a Política Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e das normas gerais para a sua adequada aplicação.

Art. 2º - O Atendimento aos Direitos da Criança e do Adolescente no Município será feito através das políticas sociais básicas de educação, saúde, recreação, esportes, cultura, lazer, profissionalização e outras, assegurando-se em todas elas o tratamento com dignidade, e respeito à liberdade e a convivência familiar e comunitária. Art. 3º - O Município é responsável pela prestação de assistência jurídica e social aos que dela necessitarem podendo, para tanto, firmar convênio com entidade de defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.

[...]

Art. 6º - Caberá ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente dispor sobre a forma de organização e funcionamento dos serviços criados nos artigos 3º, 4º e 5º desta lei.

Art. 7º - A Política de Atendimento dos Direitos da Criança e do Adolescente será garantida através dos seguintes órgãos:

I – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; II – Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; III – Conselhos Tutelares dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Art. 8º - Fica criado o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, de natureza deliberativa e controladora das ações, em todos os níveis, de composição paritária, nos termos do Art. 5º das disposições transitórias da Lei Orgânica do Município e o que dispõe a Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (CAICÓ, 1992)

Dessa forma, fica constatado que o município de Caicó/RN preocupou-se, desde o ano de 1992, com a política de atendimento destinada aos direitos infantojuvenis, garantindo o atendimento das políticas necessárias e criando os órgãos, no âmbito municipal, responsáveis pela proteção e pela defesa dos direitos constituídos.

O artigo 10º, da Lei Municipal nº 3.375, de 06 de março de 1992, estabeleceu que “o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente é composto de 10 (dez) membros [...]”.

Atualmente, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente tem representantes de cinco entidades governamentais e cinco entidades não governamentais, conforme detalhado no quadro 1:

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Quadro 1 - Membros do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Caicó/RN

ENTIDADES GOVERNAMENTAIS ENTIDADES NÃO-GOVERNAMENTAIS 01 (um) membro titular e seu respectivo suplente,

representante da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes.

01 (um) membro titular e seu respectivo suplente, representante das Aldeias Infantis SOS de Caicó. 01 (um) membro titular e seu respectivo suplente,

representante da Secretaria Municipal de Saúde.

01 (um) membro titular e seu respectivo suplente, representante da Cáritas Diocesana de Caicó. 01 (um) membro titular e seu respectivo suplente,

representante da Secretaria do Trabalho, Habitação e Assistência Social.

01 (um) membro titular e seu respectivo suplente, representante da Pastoral da Criança de Caicó. 01 (um) membro titular e seu respectivo suplente,

representante da Secretaria Municipal de Planejamento e Articulação Institucional.

01 (um) membro titular e seu respectivo suplente, representante da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE Caicó.

01 (um) membro titular e seu respectivo suplente, representante da Secretaria Municipal de Tributos e Finanças.

01 (um) membro titular e seu respectivo suplente, representante do Grupo Escoteiro Valle Sobrinho. Fonte: Elaboração Própria, 2016.

A Lei Municipal nº 3.375, de 06 de março de 1992, ainda estabelece em seu Artigo 11º que “A Participação no Conselho não poderá ser, a qualquer título, remunerada, e será considerada de interesse público relevante” e, em seu Artigo 12º que “o mandato de cada conselheiro será de 02 (dois) anos, podendo ser reconduzido uma única vez por igual período”.

Os Artigos 17º e 18º da Lei Municipal nº 3.375/92 instituem que:

Art. 17º - Fica criado o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, como captador e aplicador de recursos a serem utilizados segundo as deliberações do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente ao qual é órgão vinculado.

Art. 18º - O Fundo Municipal da Criança e do Adolescente mobilizará recursos do Orçamento Municipal, das transferências estaduais e federais, bem como doações de contribuintes, nos termos do Art. 260 do Estatuto da Criança e do Adolescente.(CAICÓ, 1992)

A legislação municipal criou, através da Lei nº 3.375/92, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, O FIA Municipal e o Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente. Para que, desse modo, o município de Caicó/RN estivesse de acordo com todas as normas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente, especialmente o dispositivo que trata sobre a criação do fundo especial para captação e aplicação de recursos destinados à infância e à adolescência.

O Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Caicó, criado em 06/03/1992, está inscrito no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica sob o nº

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21.417.123/0001-22 00 e possui natureza jurídica de fundo público. A conta bancária é mantida na Caixa Econômica Federal, agência 0758, Operação 006, conta nº 00000199-7, e tem como seu principal titular o presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Estando, assim, apta a receber quaisquer recursos, de pessoas físicas ou jurídicas, para aplicação no atendimento às políticas infantojuvenis do município.

2.5 DESTINAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA AO FIA

Qualquer pessoa ou entidade poderá destinar recursos ao Fundo para Infância e Adolescência, seja ele nacional, estadual ou municipal. Mas somente os que seguirem as regras estabelecidas na legislação brasileira é que poderão utilizar a destinação ao FIA como dedução fiscal do Imposto de Renda.

Laydner Filho(2010, p.36) afirma que:

[...] a doação de valores ao FIA é permitida a qualquer cidadão, em qualquer época do ano, e sem a observância de qualquer regra ou procedimento a ser seguido ou modo de tributação ao qual será submetido. Apenas no caso dos contribuintes que desejem deduzir o valor repassado ao FIA, abatendo tal valor do montante do imposto devido é que se deverão observar determinadas condições e procedimentos.

A destinação de parte do Imposto de Renda, como doação, por pessoas físicas e jurídicas, é uma importante fonte de recursos para o FIA. Fique claro que o contribuinte não terá nenhuma vantagem financeira, pois o valor do tributo será pago de qualquer maneira. O que vai mudar é que, com a doação, uma parte desse tributo ficará no município para o financiamento das ações destinadas à infância e adolescência e o restante será recolhido em favor da União.

As pessoas físicas podem deduzir até 6% do Imposto de Renda devido. Para as pessoas jurídicas, a dedução é de até 1% do Imposto de Renda devido.

2.5.1 Limites e requisitos para a destinação

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 260, estabelece os requisitos e limites para a utilização, como dedução fiscal, do valor destinado ao FIA (nacional, distrital, estaduais ou municipais) pelas pessoas físicas e jurídicas:

Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes limites:

I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; e

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II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997.

A dedução fiscal só é permitida às pessoas físicas que optarem pelo método de tributação que utilize as deduções legais (antigo modelo completo) na Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF). Poderão deduzir 6% do IR devido às pessoas físicas que efetuaram a doação até o dia 31 de dezembro do ano calendário. Para quem não doou no ano calendário, é permitida a doação no momento da entrega da DIRPF, mas, neste caso, a dedução permitida é de 3% do IR devido.

Pereira Junior (2016, p. 79), afirma que:

[...]nos termos do art. 3º da IN RFB n. 1.131/2011, a dedução de que trata o art. 2º deve atender ao limite global de 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado na Declaração de Ajuste Anual estabelecido no art. 55, ou seja, a soma das deduções relativas às doações aos Fundos Nacional, Estaduais, Distrital, e Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente; Fundos Nacional, Estaduais ou Municipais do Idoso; quantias aplicadas no incentivo das atividades audiovisuais; projetos ou programas específicos credenciados pela Ancine (Agência Nacional do Cinema); quantias efetivamente despendidas a título de doações ou patrocínios, ou mesmo contribuições ao Fundo Nacional da Cultura; projetos beneficiados com incentivos de fomento à atividade audiovisual e os valores despendidos a título de patrocínio ou doação, no apoio direto a projetos desportivos e paradesportivos previamente aprovados pelo Ministério do Esporte, não podem ultrapassar os 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado na Declaração de Ajuste Anual.

O limite da destinação de 6% do Imposto de Renda devido para pessoas físicas não é cumulativo a outras destinações que também são tratadas como incentivos fiscais. Por conseguinte, se um contribuinte deduziu o limite máximo para uma destinação realizada em favor do FIA do seu município, ele não poderá deduzir nenhum outro valor em favor de outras entidades.

Para as pessoas jurídicas, é permitida a dedução de até 1% calculado sobre o valor do Imposto Devido apurado pelas empresas tributadas de acordo com o regime de Lucro Real.

O Artigo 11, da Instrução Normativa nº 267/2002 da SRFB, institui que:

Art. 11. A pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido em cada período de apuração o total das doações efetuadas aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente - nacional, estaduais ou municipais - devidamente comprovadas, vedada a dedução como despesa operacional.

§ 1ºA dedução está limitada a um por cento do imposto devido em cada período de apuração.

§ 2ºPara fins de comprovação, a pessoa jurídica deverá registrar em sua escrituração os valores doados, bem assim manter em boa guarda a documentação correspondente.

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24 A empresa, tributada pelo Lucro Real, que recolhe o imposto de renda, por estimativa mensal ou trimestral, poderá deduzir de cada apuração o limite estabelecido na legislação. O valor da doação deverá ser depositado ou transferido para a conta do FIA (municipal, estadual ou federal) e comprovado através de comprovante emitido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente competente que deverá ser registrado em sua escrituração como despesa operacional indedutível e tratado como adição no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR).

A Secretaria da Receita Federal do Brasil (2016, p.180) estabelece que:

Para que o contribuinte possa fazer uso da dedução dos valores relativos a doações na declaração, é necessário que as doações tenham sido efetuadas diretamente aos Fundos de assistência da criança e do adolescente que são controlados pelos Conselhos Municipais, Estaduais ou Nacional dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes. As doações realizadas a orfanatos e similares não são equivalentes aos fundos aqui tratados e, por isso, são indedutíveis.

Os fundos de assistência que estão limitados a um por município, um por estado e um nacional, devem emitir comprovante em favor do doador, especificando o nome, o número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) ou no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doador, a data e o valor efetivamente recebido em dinheiro, além do número de ordem do comprovante, o nome, o número de inscrição no CNPJ, o endereço do emitente, e ser firmado por pessoa competente para dar a quitação da operação. As contribuições devem ser depositadas em conta específica por meio de documento de arrecadação próprio.

Os contribuintes poderão doar diretamente às entidades de assistência social, sem qualquer limite estabelecido, mas essas doações não serão consideradas como dedutíveis do Imposto de Renda, pois as mesmas não são correspondentes aos fundos de assistência. Somente as doações realizadas em favor do Fundo para Infância e Adolescência (Nacional, distrital, estaduais ou municipais) é que poderão ser deduzidas do IR.

Para ilustrar, vejamos o caso de uma pessoa física que apurou, por exemplo, R$ 1.000,00 de imposto de renda devido em sua DIRPF. Esse contribuinte pode deduzir do imposto de renda até R$ 60,00 (6% sobre R$ 1.000,00), desde que tenha efetuado a destinação deste valor até o dia 31 de dezembro do ano anterior a qualquer Fundo para Infância e Adolescência. Se esse contribuinte não efetuou a destinação no ano anterior e optou por fazê-la na própria DIRPF, o valor que ele poderá deduzir é de até R$ 30,00 (3% sobre R$ 1.000,00). Fica claro, conforme ilustração, que esse contribuinte não terá nenhum ônus ao destinar uma parte do seu IR devido ao FIA, isso porque ele deveria pagar de qualquer maneira o valor do IR apurado (R$ 1.000,00), mas, ao fazer a destinação, ele irá destinar uma parte do que teria a pagar a um Fundo Municipal de sua preferência.

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25 Com relação aos benefícios indiretos da destinação ao contribuinte, BRASIL (2009, p. 54), afirma que:

[...] ao fazer a destinação, o contribuinte estará exercendo sua cidadania fiscal sem assumir qualquer ônus, já que o valor será integralmente deduzido do imposto a pagar ou automaticamente acrescido ao imposto a restituir, conforme o caso. Ademais, estará ajudando a financiar as políticas públicas para a infância e a adolescência do seu município, região, ou poderá apoiar com seu ato regiões economicamente mais necessitadas, pois a destinação poderá ser feita a qualquer município do Brasil, independentemente do domicílio fiscal do contribuinte. Outra vantagem é que o cidadão pode tomar parte nas reuniões do Conselho, saber como o seu imposto está sendo aplicado e em favor de quem e fiscalizar a boa destinação desse recurso

A destinação desses recursos para o FIA é de grande importância para o município ou região, e principalmente, para o futuro de diversas crianças e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social. Infelizmente, muitos contribuintes ainda não conhecem essa possibilidade ou não sabem como fazer a destinação para o FIA respeitando as regras estabelecidas pela legislação.

2.5.2 A quem doar?

A doação ao FIA poderá ser efetuada em espécie ou na forma de doação de bens. A pessoa física ou jurídica que desejar destinar parte do seu IR ao FIA deverá procurar um Fundo do seu interesse para efetuar a referida destinação. A legislação permite que o contribuinte faça a doação a qualquer fundo, mesmo que esse não represente o domicílio fiscal ou a região do doador.

O contribuinte poderá efetuar a destinação em espécie ou bens, conforme disposto no Art. 2º da Instrução Normativa nº 1.311 da Receita Federal do Brasil:

Art. 2º A pessoa física pode deduzir do imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual a que se refere o art. 54 as doações feitas em espécie ou em bens, no ano-calendário anterior à referida declaração, aos Fundos Nacional, estaduais, distrital e municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Parágrafo único. As importâncias deduzidas a título de doações sujeitam-se à comprovação, por meio de documentos emitidos pelos conselhos gestores dos respectivos fundos (BRASIL, 2012).

Além das doações em espécie, também é permitida a doação em bens e ambos exigem a comprovação do respectivo fundo.

No que tange à comprovação da doação, o artigo 4º da mesma Instrução Normativa disciplina que:

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Art. 4º Os órgãos responsáveis pela administração das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente Nacional, estaduais, Distrital e municipais, beneficiados pelas doações, devem emitir recibo em favor do doador, assinado por pessoa competente e pelo presidente do Conselho correspondente, especificando: I - o número de ordem;

II - o nome, número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e o endereço do emitente;

III - o nome, número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doador; IV - a data da doação e valor recebido; e

§ 1º O comprovante de que trata o caput pode ser emitido anualmente, desde que sejam discriminados os valores doados mês a mês.

§ 2º No caso de doação em bens, o comprovante deve conter a identificação dos bens, mediante descrição em campo próprio ou em relação anexa ao comprovante, informando também, se houve avaliação, o nome, número de inscrição no CPF ou no CNPJ e endereço dos avaliadores.

Para comprovar a doação, o Fundo deverá emitir um recibo próprio contendo os dados do emitente e do doador, os valores e a data da doação.

Os órgãos responsáveis pela administração das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente deverão prestar informações à Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) relativos aos valores recebidos em doações, conforme art. 6º da Instrução Normativa nº 1.311:

Art. 6º A Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) fiscalizará, no âmbito de suas atribuições, a captação dos recursos efetuada na forma do art. 2º.

§ 1º Para efeito do disposto no caput, os órgãos responsáveis pela administração das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente deverão informar anualmente à RFB os dados relativos ao valor das doações recebidas identificando número de inscrição no CPF, valor doado e especificando se a doação foi em espécie ou em bens, nos termos do art. 57.

§ 2º Em caso de descumprimento das obrigações previstas no § 1º, a RFB dará conhecimento do fato ao Ministério Público (BRASIL, 2012).

Anualmente, os Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente deverão prestar informações à Receita Federal do Brasil sobre os recursos recebidos por meio de doações de pessoas físicas e jurídicas. Essas informações deverão ser prestadas por meio da Declaração de Benefícios Fiscais (DBF), através de software disponibilizado pela SRFB, e entregue até o último dia útil do mês de março, em relação ao ano-calendário do ano anterior. Os referidos órgãos serão penalizados no caso de descumprimento da referida obrigação.

2.5.3 Como doar?

O processo prático de como pode ser feito o processo de doação da pessoa física ou jurídica é detalhado na figura 1:

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Figura 1 - Processo de Doação ao FIA

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

Vale salientar que, na figura 1, foi considerado o período de doação para o ano de 2016, mas os outros anos seguem o mesmo processo. A pessoa física que declara o seu imposto de renda pela opção de “deduções legais” poderá escolher por doar em um dos momentos: doar até 6% do IR se fizer a doação, por depósito ou transferência bancária, no fundo de sua preferência, mediante recibo emitido pelo conselho, no período de janeiro a dezembro de 2016; ou deixar para doar 3% no momento da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física que ocorrerá nos meses de março e abril de 2017. No último caso, o valor da doação é calculado pelo próprio software disponibilizado pela Receita Federal, e será necessário informar a inscrição do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) do respectivo fundo.

As pessoas jurídicas, tributadas pelo lucro real, que optarem por fazer a doação de até 1% do IR apurado, deverão atentar-se à forma de apuração da sua empresa. As que apuram seu resultado mensalmente deverão efetuar a destinação no mês correspondente, e as que apuram por trimestre deverão efetuar a destinação nos meses apurados. É necessário, para

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28 ambas as formas, depositar ou transferir o valor da doação para a conta do fundo e solicitar o recibo de comprovação junto ao conselho. Tal recibo deverá ser contabilizado no respectivo período, como despesa operacional indedutível, e adicionada ao LALUR.

Os recursos recebidos pelo FIA serão aplicados por meio dos projetos executados por entidades que tenham como finalidade a promoção de políticas de atendimento aos direitos infantojuvenis. Por isso, todos os projetos deverão ser aprovados pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Os contribuintes também podem indicar para qual projeto a sua doação deverá ser destinada, o que é chamado de doação casada.

Pereira Junior (2016, p. 86) afirma que:

A doação casada consiste na destinação, por parte da empresa ou pessoa física, diretamente a um dos projetos que beneficiem direitos de crianças e adolescentes, ressaltando, porém, que a doação não poderá ser realizada com a dedução legal de Imposto de Renda a qualquer projeto, mas apenas aos projetos devidamente aprovados pelo respectivo Conselho de Direitos, dentro da política de atendimento à criança e ao adolescente deliberada pelo colegiado.

O doador, ao conhecer os projetos aprovados pelo Conselho de Direitos, escolhe destinar os recursos doados para um projeto específico, ressaltando, pela importância do tema, que a doação não poderá ser feita a qualquer projeto que beneficie crianças e adolescentes, mas apenas a projetos devidamente aprovados pelo Conselho de Direitos e que estejam de acordo com os parâmetros definidos pelo próprio Conselho, em resolução, com a possibilidade, inclusive, de reservar percentual para o projeto escolhido pelo doador e outra parte para a conta do FIA em geral.

Com isso, as pessoas físicas e jurídicas poderão escolher o projeto que querem ajudar com a sua doação, desde que tal projeto tenha sido devidamente aprovado pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente. Além de estar sendo beneficiado, com a dedução fiscal, o doador poderá acompanhar e fiscalizar de perto a aplicação dos recursos doados de uma forma mais transparente. É o pleno exercício, pelos cidadãos e empresas, da cidadania fiscal.

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3 METODOLOGIA

3.1 ABORDAGEMTEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA

A pesquisa foi desenvolvida por meio de técnicas de natureza aplicada, com abordagem quanti-qualitativa, utilizando-se de pesquisas bibliográficas, exploratórias e descritivas.

Quanto à natureza escolhida, utilizou-se a pesquisa aplicada que, segundo Gerhardt e Silveira (2009, p.35), “objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais”. O estudo obtido gerará condicionalidades positivas acerca da análise da aplicação voltada para a solução de falhas e a verificação de acertos.

Quanto à abordagem, a pesquisa foi desenvolvida com base no caráter qualitativo que, conforme Lopes et al.(2010, p.118), “as pesquisas qualitativas buscam compreender a realidade do contexto a partir da visão de mundo dos indivíduos, sabendo-se que esta realidade é construída pela interação das pessoas com sua realidade social”. Através da realização de entrevistas e observações, buscam reconhecer a realidade do objeto em estudo, para avaliar a dinâmica interna dos processos, características e atividades, bem como identificar variáveis que contribuem para a ocorrência dos fatos e das causas.

A pesquisa também é considerada quantitativa, porque há a utilização de instrumentos de dados para a coleta das informações prestadas pelos respondentes. Segundo Richardson (1999, p. 70), a pesquisa quantitativa:

Caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples, como percentual, média, desvio padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.

Esse tipo de abordagem utiliza-se de uma coleta mais exata, com dados estatísticos, evitando distorções em suas análises.

Do ponto de vista dos fins, a pesquisa comporta-se como exploratória, pois se utiliza da técnica do estudo de caso. As pesquisas exploratórias, de acordo com Gil (2008, p. 27), “são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis”. Esta pesquisa tem por objetivo permitir obter resultados em vista aos

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30 possíveis problemas encontrados com determinados sujeitos da pesquisa. Ainda no que se refere aos fins, a pesquisa comporta-se também como descritiva, que, segundo Silva (2003, p. 65), “tem como objetivo principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno, estabelecendo relações entre as variáveis”. Neste tipo de pesquisa utilizam-se as técnicas do questionário e da observação sistemática.

Tratando-se dos meios, a pesquisa é bibliográfica, pois se baseia em referências teóricas já publicadas. Para Marconi e Lakatos (2003, p. 183), “sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenha sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas”. Portanto, tal pesquisa é focada em autorias já desenvolvidas sobre o assunto de que se deseja tratar. Outro meio utilizado é a pesquisa documental, que, segundo Silva (2003, p. 61), é um “[...] material que ainda não recebeu tratamento analítico ou que pode ser reelaborado; suas fontes são muito mais diversificadas e diversas”. Nesse tipo de pesquisa os documentos precisam ser analisados e moldados para que possam ser empregados de forma mais racional e objetiva.

3.2 OCONTEXTO DA PESQUISA: ESPAÇO E SUJEITOS DA INVESTIGAÇÃO

Para que fosse possível descobrir os motivos que levam os contribuintes a não realizarem a destinação de parte do seu Imposto de Renda ao FIA, conforme objetivo geral deste presente trabalho, foi fundamental a realização de uma pesquisa na cidade de Caicó/RN. A investigação, feita por meio de questionário, foi respondida por 50 (cinquenta) contribuintes de Imposto de Renda no município, no dia 24 de novembro de 2016.Foram consultados 30 homens e 20 mulheres, ambos maiores de 18 (dezoito) anos.

Outro espaço escolhido para a coleta dos dados foi o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Caicó/RN, inscrito no CNPJ nº 21.417.123/0001-00, localizado na Rua Felipe Guerra, nº 379, Casa da Cidadania, Centro, CEP 59300-000, Caicó/RN, o qual foi criado em 06 de março de 1991 através da Lei Municipal nº 3.375. O sujeito da investigação foi o atual Presidente do respectivo conselho, Francisco de Assis Santiago Júnior.

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA E SELEÇÃO DOS DADOS

A junção dos dados será em forma de questionário e entrevista. O questionário, segundo Gil (2008, p. 128), pode ser definido “como a técnica de investigação composta por

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31 um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas, etc”. Portanto, as questões foram formuladas seguindo os objetivos do trabalho com vistas a reunir o maior volume de informações necessárias para análise de dados.

Para Silva (2003, p.69), a entrevista “é uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com grau de estruturação previamente definido. Excelente instrumento de pesquisa, largamente usada no mundo das organizações com diversas finalidades”. A entrevista dá ao pesquisador um maior aprofundamento com relação a teorias e hipóteses que possam surgir no decorrer do questionamento.

3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

A partir dos dados colhidos, a análise e a interpretação dos mesmos se deram conforme os processos metodológicos já citados, relacionando as informações com a teoria explanada. Os dados foram verificados com propósito de oferecer respostas aos questionamentos do estudo.

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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 ANÁLISE DA PESQUISA EM CAMPO COM OS CONTRIBUINTES DE IR DE CAICÓ/RN

Para atingir a finalidade dessa pesquisa, foi realizada a seguinte pergunta aos contribuintes de IR de Caicó/RN: “Você é ciente que pessoas físicas e jurídicas do município de Caicó/RN podem destinar, como dedução fiscal, parte do Imposto de Renda devido ao Fundo para Infância e Adolescência do município?”. As respostas podem ser observadas a seguir na figura 2:

Figura 2- Ciência da destinação do IR ao FIA como dedução fiscal

Fonte: Pesquisa Direta (novembro, 2016)

A primeira análise foi para saber se os entrevistados tinham conhecimento sobre a destinação do IR, como forma de dedução fiscal, ao FIA de Caicó/RN. Foi constatado que 44% já conheciam a doação ao fundo, 30% não conheciam e 26% conheciam em parte, ou seja, ouviram falar de tal destinação, mas desconheciam a forma de realização. Com isso, nota-se que é regular o nível de conhecimento acerca do assunto tratado.

Na segunda análise, os consultados deveriam colocar-se numa situação hipotética onde iriam considerar que estavam sujeitos a pagar uma quantia de dois mil reais de IR e,

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33 conhecendo a legislação, iriam optar por efetuar o pagamento do DARF em sua totalidade ou destinar uma parte como doação. Observe as respostas conforme a figura 3:

Figura 3- Exemplo prático

Fonte: Dados da pesquisa, 2016

O resultado foi considerado bom, pois 86% responderam que optariam por doar parte do tributo ao FIA. Ao contrário de 4%, que afirmaram que iriam pagar o DARF em sua totalidade, 2% que iriam pagar o DARF, integralmente, pois consideravam não ter os requisitos necessários para a doação, 4% que não saberiam o que fazer e 2% marcaram outros. Por último, os entrevistados foram questionados sobre a importância da destinação de parte do IR ao FIA com a seguinte pergunta “Você considera importante destinar parte do seu Imposto de Renda ao Fundo para Infância e Adolescência do município de Caicó/RN?”.

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Figura 4 - A importância da doação

Fonte: Dados da pesquisa, 2016

Percebe-se que 96% consideraram que é importante doar, pois é benéfico financiar os programas voltados ao atendimento das crianças e dos adolescentes no município de Caicó/RN, ao contrário de 4% que afirmaram que não é importante, pois é uma área que já está sendo bem atendida e conta com os recursos necessários.

Com a referida investigação, é possível constatar que maioria dos contribuintes doariam se estivessem enquadrados nos requisitos previstos na legislação e consideram o ato da doação como fundamental para o atendimento das políticas direcionadas aos direitos infantojuvenis no município. Mas ainda é preciso que as pessoas físicas e jurídicas tenham mais conhecimento sobre o referido tema.

4.2 ANÁLISE DA ENTREVISTA AO PRESIDENTE DO CMDCA

A entrevista com o senhor Francisco de Assis Santiago Júnior, presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Caicó/RN, foi bastante enriquecedora para o trabalho, pois foi possível conhecer de perto a atuação da entidade de forma prática e objetiva.

Inicialmente, foi perguntado como são realizadas as doações ao FIA pelo governo municipal, pessoas físicas e jurídicas. Foi relatado que a prefeitura, desde a criação do fundo, nunca destinou repasses do orçamento para o mesmo, que as doações de pessoas físicas são

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35 realizadas diretamente na conta bancária e que as doações de pessoas jurídicas, que são responsáveis pela maioria dos valores doados, são oriundas de editais lançados por essas empresas.

No segundo momento, foi destacado que os recursos depositados na conta do FIA atendem cinco entidades do município, são elas: Aldeias Infantis SOS, Pastoral da Criança, Associação de Pais e Amigos Excepcionais (APAE), Cáritas Diocesana de Caicó e Grupo Escoteiro Valle Sobrinho.

Conhecendo as entidades beneficiadas, foram esclarecidos quais são os critérios necessários para aprovação dos projetos encaminhados pelas entidades. Elas devem ser regularizadas perante os órgãos fazendários, manter suas obrigações em dia e seguir todas as regras estabelecidas nos editais elaborados pelo CMDCA para que possam angariar os recursos necessários para execução de projetos, que busquem garantir os direitos das crianças e dos adolescentes.

Posteriormente, foi perguntado sobre o valor arrecadado pelo fundo nos últimos quatro anos, mas foi respondido que tal informação deveria ser consultada junto a Secretaria do Trabalho, Habitação e Assistência Social do município.

Ao questionar quais são os benefícios para as pessoas físicas e jurídicas que efetuam a destinação, foi levantado que, além de ser uma desoneração do percentual de imposto pago ao governo, é uma forma do doador exercer sua cidadania, pois os valores arrecadados serão revertidos em favor de várias entidades sociais do município que irão potencializar e ampliar os serviços oferecidos à comunidade.

No seguinte quesito, foi pedido que fossem destacados os entraves para a realização da doação, onde a falta de conhecimento por parte da população foi considerada por ele como a principal barreira para a efetivação da destinação.

Por fim, o entrevistado foi instigado a pensar em medidas que aumentariam o número de doações ao FIA, quando foi dito por ele que o fortalecimento da divulgação do processo de doação,a distribuição de materiais informativos e a conscientização da população são medidas cruciais para o aumento da arrecadação.

Com a entrevista, ficou evidenciado o trabalho realizado pelo referido conselho, de forma transparente, como os recursos recebidos são tratados e aplicados, quais são os benefícios para os doadores e que medidas a entidade quer tomar para conscientizar cada vez mais pessoas sobre a importância da doação do IR ao FIA de Caicó/RN.

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36 4.3 LEVANTAMENTO DE DADOS DA ARRECADAÇÃO DO FIA DE CAICÓ/RN

Foram levantados os dados arrecadados pelo FIA do município de Caicó/RN através dos extratos bancários da referida conta, os quais foram cedidos pela Secretaria do Trabalho, Habitação e Assistência Social do referido município, com o objetivo de averiguar o volume recebido nos últimos quatorze meses. Seguem abaixo, na tabela, os dados:

Tabela 1 - Doações recebidas, pelo FIA de Caicó/RN, de setembro/2015 à outubro/2016

Fonte: Elaboração própria, 2016.

Com os dados extraídos dos extratos bancários da conta do FIA, foi possível levantar os valores recebidos dos contribuintes, sendo 91% de doações de pessoas jurídicas, 2% de pessoas físicas e 7% de rendimentos de aplicação financeira. Vale destacar que as empresas Fundação Telefônica Vivo e Banco do Nordeste do Brasil efetuaram doação casada, que são doações depositadas na conta do FIA, mas que possuem uma entidade específica a ser beneficiada, que são, respectivamente, Aldeias Infantis SOS de Caicó e Cáritas Diocesana de Caicó. O recebimento por parte das pessoas físicas foi oriundo das doações feitas na Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física, ano 2016, e foi creditado na conta pela SRFB, no mês de setembro/2016.

Percebe-se que 44% dos contribuintes, conforme figura 1, afirmaram conhecer o processo de destinação ao FIA, mas os recursos doados por pessoa física só representam 2% do valor arrecadado de acordo com o detalhamento da tabela 1. O que pode significar que os contribuintes não possuem o conhecimento necessário sobre quem pode doar e como efetuar a doação.

Referências

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