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Implicações jurídicas da educação ambiental: A natureza em foco

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Academic year: 2021

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IMPLICAÇÕES JURÍDICAS DA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: A NATUREZA

EM FOCO

LEGAL IMPLICATIONS ON ENVIRONMENTAL

EDUCATION: NATURE IN FOCUS

MAYARA PELLENZ1

RESUMO

Este artigo objetiva analisar as principais implicações jurídicas da Educação Ambiental, a partir do que dispõem as leis especiais sobre a categoria e a Constituição Federal de 1988. Por meio do método indutivo e da técnica de pesquisa bibliográfica, discorre-se sobre a crise ambiental e o debate da comunidade internacional sobre o tema. Sinaliza-se para a uma Educação emancipatória, direcionada a toda a coletividade, incluindo crianças, jovens e adultos. Ressalta-se a importância de esforços compartilhados no sentido da superação da crise, onde a Natureza é foco tanto do agir humano quanto de normas jurídicas, para que seja possível concretizar a Sustentabilidade e atingir um patamar de convivência harmonioso entre ser humano e meio ambiente.

Palavras-Chave: Constituição Federal; Educação Ambiental; Sustentabilidade.

ABSTRACT

This article aims to analyze the main legal implications of Environmental Education, from the special laws on this category and the 1988 Federal Constitution. Through inductive method and bibliographic research technique. The environmental crisis and the debate on the international community are discussed. Emancipatory

1 Mestre em Direito pela Faculdade Meridional - IMED. Especialista em Direito Penal e

Processo Penal pela Faculdade Meridional - IMED. Integrante do Grupo de Pesquisa Ética, Cidadania e Sustentabilidade na mesma instituição. Docente do Curso de Direito da Faculdade IBES/SOCIES em Blumenau (SC). Docente da Pós Graduação em Direito da Faculdade Avantis, Balneário Camboriú, SC. Advogada. Email: maypellenz@hotmail.com

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Education, directed to the whole collectivity, including children, young and adults is indicated. This work emphasizes the importance of shared efforts to overcome the crisis, where the Nature is the focus of human acting and legal ruling in order to achieve the Sustainability and a level of harmonious coexistence between humans and the environment.

Keywords: Federal Constitution; Environmental Education; Sustainbility.

1. INTRODUÇÃO

Diante do desafio global para superação da crise ambiental, todos os cidadãos devem ser conhecedores das suas próprias responsabilidades no Planeta Terra. Como parte integrante da Natureza, não somente expectador, o Homem possui um papel fundamental na busca de uma sociedade sustentável. Muito mais do que preservar o mundo natural para o futuro, é no cotidiano que a Sensibilidade2 sobre o tema se desvela. Paralelamente, o exercício da Cidadania voltada às questões ambientais, aliadas a práticas educativas para se compreender o ritmo da vida, no contexto pós-moderno, é capaz de transformar realidade hoje posta e caminhar rumo a uma Era Sustentável.

A partir destas questões, o objetivo deste artigo é analisar a Educação Ambiental, seu surgimento e sua evolução no tempo, bem como a importância do “educar” para uma Era Sustentável. Após esta abordagem, analisar-se-á para quê e para quem a Educação Ambiental é destinada na sociedade no tempo da Pós-Modernidade. O método que será adotado para esta pesquisa será o método

2 Sensibilidade significa “[…] a capacidade do ser humano de perceber como seu

semelhante sente. A sensibilidade volta-se, igualmente, para as coisas do mundo e eleva o espírito para certo estado de sublimidade. Nenhum dos dois caminhos (ser humano e coisas do mundo) excluem o Homem como centro de todos os fenômenos sensíveis” (SILVA, 2009, p. 221).

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indutivo3. As técnicas utilizadas serão: Categoria4, Conceito Operacional5 e Pesquisa Bibliográfica6.

2. EDUCAÇÃO E CRISE AMBIENTAL: UMA

APROXIMAÇÃO NECESSÁRIA

No futuro, o que se pretende alcançar é uma sociedade sustentável, justa e harmônica, na qual os seres humanos e não humanos convivam em sintonia e de maneira equilibrada. O desafio é da superação de crises no momento presente, mas os resultados dos esforços de hoje vão ser percebidos, de forma mais clara no decorrer do tempo. Leff (2010, p.184) ressalta que:

[…] a crise ambiental leva a repensar a realidade, a entender suas vias de complexificação, o entrelaçamento da complexidade do ser e do pensamento, da razão e da paixão, da sensibilidade e da inteligibilidade, para a partir daí abrir novos caminhos do saber e novos sentidos existenciais para a reconstrução do mundo […].

A partir da Sustentabilidade, os impactos ambientais precisam ser reduzidos a patamares mínimos desde já. Essa redução implica na elaboração de mecanismos políticos e jurídicos com esta finalidade. Nesse cenário, o papel que a Educação possui é fundamental, todavia, a dimensão histórico-cultural, epistemológica e transformadora da Educação (MOURA, 2011, p.70) muitas vezes não é abordada. Por esta razão, insiste-se na necessidade de transformar presente e futuro, à medida que os impactos da Educação são consideráveis tanto na vida da criança quanto na vida do adulto. Para Garcia, trata-se de um “[…] processo contínuo de informação e de formação física e psíquica do ser humano para uma existência e coexistência: o individual que, ao mesmo tempo, é social” (GARCIA, 2003, p. 57). A Educação Ambiental visa esclarecimento para todos devido à

3 “[…] base lógica da dinâmica da Pesquisa Científica que consiste em pesquisar e

identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral” (PASOLD, 2011, p. 205).

4 Nas palavras de Pasold: “[…] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou

expressão de uma ideia” (PASOLD, 2011, p. 25, grifos originais da obra em estudo).

5 Reitera-se conforme Pasold: “[…] uma definição para uma palavra ou expressão,

com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das ideias que expomos […]” (PASOLD, 2011, p. 37, grifos originais da obra em estudo).

6 “[…] Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas

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importância dessa parceria para a manutenção da vida, no seu sentido mais amplo.

Para Reigota (1995, p. 13) o conceito de Educação Ambiental não se refere apenas ao ensino da Ecologia ou Meio Ambiente, e nem se caracteriza como Ciência capaz de modificar os comportamentos ambientais nocivos, da forma como vem se apresentando nos últimos séculos. O autor explica que a Educação Ambiental está vinculada ao ambiente e a forma como este é percebido.

A Educação Ambiental é elemento-chave quando se trata a questão do Meio Ambiente. É fundamental que a categoria seja esclarecida porque possui uma faceta transdisciplinar, a qual gravita em torno de outras áreas e que pode contribuir, de maneira direta, para a preservação e manutenção das formas de vida, no presente e no futuro. Afirma-se, neste ponto, a relevância da Educação como pressuposto para o esclarecimento e enfrentamento dos desafios ambientais atuais.

2.1. ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Desde 1946, existem relatos sobre a Educação Ambiental. Pouco a pouco, o tema começava a chamar a atenção7, mas, foi na década de 1970, que a Educação Ambiental passou a ser discutida de forma mais intensa, quando os primeiros sinais da crise ambiental começaram a atingir os países desenvolvidos.

Na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, na cidade de Estocolmo, em 1972, as categorias Educação e Meio Ambiente conjugaram-se em âmbito global. Barbieri e Silva referem-se à Conferência como um marco, fundamental à questão da Educação Ambiental. Segundo os autores, nesta ocasião, foram criados alguns instrumentos para tratar de problemas sociais e ambientais planetários, como a Declaração sobre o Ambiente Humano. Para Pérez-Luño (2005, p. 493):

A nivel de las organizaciones internacionales la primera iniciativa relevante tuvo lugar em 1972 en Estocolmo, donde se celebro la Conferencia de la ONU sobre el Medio Humano. Em

7 Segundo Leff, terminada a década de 1960 surge da crise ecológica colocando os

limites ao crescimento econômico e demográfico, o desequilíbrio ecológico do planeta e a destruição da base de recursos da humanidade. A crise ambiental revela o “mito do desenvolvimento” e mostra o lado oculto da racionalidade econômica dominante. Assim, colocaram-se os problemas globais da humanidade, o surgimento de efeitos sinérgicos negativos e acumulativos provenientes da interconexão de um conjunto de processos ecológicos, tecnológicos e econômicos impulsionados pelos princípios da racionalidade moderna (LEFF, 2009, p. 289).

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dicha reunión, pese a las notables diferencias que separaban los planteamientos de los países desarrollados y los tercermundistas.

Em 1975, o tema Educação Ambiental foi objeto do um primeiro Seminário Internacional, em Belgrado. As discussões neste encontro gravitaram em torno da necessidade de uma nova ética global e ecológica diante da crise, além de um novo modelo de desenvolvimento, mais ético e equilibrado. Além disso, a erradicação da fome, miséria, analfabetismo, poluição, a diminuição da degradação da Natureza e da exploração humana, foram alguns dos temas debatidos nesta oportunidade.

A Conferência de Tbilisi8 (URSS), em 1977, é considerada o marco principal da Educação Ambiental. Esta Conferência definiu a importância do conteúdo e prática da Educação orientada para a resolução dos problemas concretos da questão ambiental, por meio de enfoques interdisciplinares do ensino formal e não formal, bem como de participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade.

Na mesma linha de pensamento, Talomani e Sampaio (2008, p.12) afirmam que a Educação Ambiental corresponde a “[…] transmissão crítica e transformadora da totalidade histórica e concreta da vida dos homens no ambiente”, fundamental para o enfrentamento dos problemas ambientais que se agravam ao longo do tempo. Não se trata de um processo pedagógico mecânico e ultrapassado, mas sim um processo de (re)construção da relação humana com o ambiente.

A Conferência realizada em Tbilisi identificou a Educação Ambiental como o caminho para se articular os aspectos ambientais junto com os aspectos sociais. Nesse ponto, na Conferência, a problematização da realidade foi debatida e as recomendações do evento sinalizaram para a implantação de políticas públicas direcionadas à Educação Ambiental.

Na agenda de eventos, na qual a Educação Ambiental é pauta principal, destacam-se outros encontros de acentuada relevância para a consolidação da categoria, a citar: o Seminário Educação Ambiental para América Latina, realizado na Costa Rica, em 1979, e o Seminário Latino-Americano de Educação Ambiental, ocorrido na Argentina, em 1988 (LOUREIRO, 2012, p. 81-82). Em relação a documentos, destaca-se o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, que, para Loureiro, expressa o que os educadores de países de todos os

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continentes pensam em relação à Educação Ambiental e estabelece um conjunto de compromissos coletivos para a sociedade civil planetária (LOUREIRO, 2012, p. 82). O Tratado é resultado os debates ocorridos no Fórum Global das Organizações Não-Governamentais que foi realizado simultaneamente à reunião de chefes de Estado ocorrida na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro. O parágrafo de apresentação do Tratado (1992) possui o seguinte conteúdo:

8 A Conferência Intergovernamental de Tbilisi, na Antiga União Soviética, é considerada um dos principais eventos sobre Educação Ambiental do Planeta. Esta conferência foi organizada a partir de uma parceria entre a UNESCO e o Programa de Meio Ambiente da ONU - PNUMA e, deste encontro, saíram às definições, os objetivos, os princípios e as estratégias para a Educação Ambiental no mundo. Nesta Conferência estabeleceu-se finalidades, objetivos e princípios à respeito da Educação Ambiental […] No Brasil, a influência de Tbilisi se fez presente na Lei n. 6.938, de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, suas finalidades e mecanismos de formulação e execução. A lei se refere, em um de seus princípios, à educação ambiental em todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, a fim de capacitá-la para a participação ativa na defesa do meio ambiente. Conferência de Tbilisi. 1977.

Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/ biologia/artigos/27425/conferencia-de-tbilisi-1977#ixzz3cUcVukb8. Acesso em: 08

de junho de 2015.

Este tratado, assim como a educação, é um processo dinâmico em permanente construção. Deve, portanto, propiciar a reflexão, o debate e a sua própria modificação. Nós signatários, pessoas de todas as partes do mundo, comprometidos com a proteção da vida na terra, reconhecemos o papel central da educação na formação de valores e na ação social. Nos comprometemos com o processo educativo transformador através de envolvimento pessoal, de nossas comunidades e nações para criar sociedades sustentáveis e equitativas. Assim, tentamos trazer novas esperanças e vida para nosso pequeno, tumultuado, mas ainda assim belo planeta.

Os eventos mencionados possuem relevância não somente ao que se refere à Educação Ambiental, mas, também, ao papel que a Ética8 e a Cidadania desempenham, nos momentos de crise em relação à Natureza. Na superação da crise, estas categorias precisam ser debatidas, especialmente quanto à necessidade de uma mudança de pensamento e do um agir humano em prol da questão ambiental.

8 Em complemento, acredita-se na “[…] formulação de uma nova Ética, voltada para os

temas ambientais: como avançar sem destruir e preservar os recursos naturais, considerando a finitude do Homem e o cuidado com a Natureza, sendo esta uma premissa para sua própria existência” (PELLENZ; BASTIANI, 2014, p. 1719).

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Ainda que as declarações e as orientações destes eventos estipulassem diretrizes genéricas e direcionadas à comunidade internacional, debruçando-se pouco sobre as especificidades locais e regionais, trata-se de uma conquista da Educação considerando o esforço compartilhado na superação da crise do meio ambiente no Planeta Terra.

Em relação à Educação Ambiental em terras brasileiras, a primeira iniciativa governamental nesse sentido, foi criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) no âmbito do Ministério do Interior, que, dentre outras atividades, incorporou a Educação Ambiental, em 1973. Em 1977, a referida secretaria estruturou um grupo de trabalho para a elaboração de documentos sobre a Educação Ambiental, definindo o seu papel no contexto brasileiro.

Para que essa condição fosse possível, realizaram-se inúmeros seminários, encontros e debates, que fizeram parte do amadurecimento do Brasil para participação na Conferência ocorrida em Tbilisi, neste mesmo ano. Merece destaque a iniciativa que originou a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul que desenvolveu o Projeto Natureza, de 1978 a 1985, com cursos voltados às questões ambientais para várias universidades brasileiras.

Em 1984, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) expediu uma resolução, estabelecendo diretrizes para a Educação Ambiental, e em 1987 o Ministério da Educação (MEC) aprovou o Parecer nº 226/87, que determina inclusão da Educação Ambiental nos currículos escolares de 1º e 2º graus. O avanço foi significativo, mas a Educação Ambiental somente conquistou um patamar de exigibilidade constitucional em 1988, com o advento da Constituição Brasileira.

Um ano depois, em 1989, foi criado o órgão IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Este órgão unificou diversos outros órgãos e centralizou a chamada Divisão de Educação Ambiental. O Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) também foi criado nessa nova estruturação, e Ministério do Meio Ambiente passou a incentivar, de forma mais intensa, projetos de Educação Ambiental.

O Ministério da Educação, em 1991, expediu a Portaria nº. 678 determinando que todos os níveis de ensino deveriam contemplar conteúdos de Educação Ambiental. Essa iniciativa foi completada com a criação, em 1993, dos Centros de Educação Ambiental do Ministério, com o objetivo de criar e difundir metodologias em

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Educação Ambiental. No mesmo sentido, em 1996, foram criados os novos parâmetros curriculares, os quais incluem a Educação Ambiental como tema transversal do currículo9.

3. IMPLICAÇÕES JURÍDICAS DA EDUCAÇÃO

AMBIENTAL E A QUESTÃO DA SUSTENTABILIDADE

O Artigo 225, inciso VI afirma a “[…] necessidade de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (BRASIL, 1988). Em paralelo, o Artigo 205 da Constituição também preconiza que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988). No mesmo sentido, chama-se atenção à Lei de Diretrizes Básicas da Educação, que não é direcionada à Educação Ambiental, mas é instrumento legal que orienta os educadores na transmissão do conhecimento, tanto no Ensino Médio quanto no Fundamental. O artigo 1º, caput, da Lei 9.394 de 1996 preconiza que:

A Educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

O art. 2º da mesma lei dispõe:

A Educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho

9 Trata-se da Lei 9.394/96 que estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional.

Sobre Educação Básica, o artigo 26 dispõe que os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. O § 7o do artigo 26

preconiza que os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir os princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos conteúdos obrigatórios. BRASIL. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 03 maio 2016.

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Em consonância com estes dispositivos legais, a Educação Ambiental, adstrita como disciplina obrigatória em todos os níveis de ensino no Brasil, somente ocorreu com o advento da Lei nº 9.795/99. Essa Lei dispõe sobre a Educação Ambiental no Brasil, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e traz outras providências. No seu artigo 1º, a Lei preconiza que Educação Ambiental corresponde aos:

[…] processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).

O artigo 10 da mesma Lei estabelece que a Educação Ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal, e deve estar presente também no currículo de formação de professores. Em síntese, no Brasil, a Educação Ambiental é oriunda, primeiramente, da gestão ambiental dos órgãos e das diretrizes legais para essa função. Somente em 1999, a Educação Ambiental conquistou destaque, ao ser inserida no currículo de ensino, como resultado das articulações de gestores, ambientalistas e educadores, ainda que o artigo 225 da Constituição Federal já trouxesse determinações neste sentido.

Ressalta-se que as leis estaduais e municipais são leis de âmbito regional e local, respectivamente, e que devem estar em consonância com o disposto em Constituição Federal. Sob igual critério, o apoio à Educação Ambiental é possibilitado pelas ações de ONGs e demais instituições atuantes na questão ambiental, tanto no âmbito formal de ensino quanto no informal. Neste viés, para Leff (2010, p. 179), o direito à Educação é o direito de ser e de saber; de aprender a aprender; de pensar, discernir, questionar e propor; é o treinamento para chegar a ser autores de nossa própria existência, sujeitos autônomos, seres humanos livres.

3.1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: PARA QUE(M)?

A Educação Ambiental é um desafio contemporâneo. Conforme mencionado anteriormente, a agenda internacional acerca do tema culminou em ações políticas e jurídicas, que possuem caráter de exigibilidade há pouco tempo. É necessário esclarecer para que(m) a Educação Ambiental se destina, quais são seus significados e seu alcance.

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Ainda que estes avanços tenham ocorrido desde a década de 1970, os objetivos da Educação Ambiental não se concretizam por si, no momento de sua definição. É fundamental que as políticas púbicas venham ao encontro do que a Educação Ambiental se propõe a realizar, pois esse é o vetor capaz de modificar positivamente o panorama encontrado nos dias de hoje - uma Educação mecânica e ultrapassada –, e influenciar, de forma decisiva, os rumos do Planeta a partir do momento presente.

Para Chauí (2003, p. 279) existem razões para se temer a destruição de nosso Planeta, mas não se conseguirá detê-la pelo medo ou pela submissão. É fundamental desenvolver um senso crítico reflexivo que permita esclarecer como se chegou até aqui e para onde se deseja ir. Nessa perspectiva, a Educação Ambiental que auxilia e fomenta a Cidadania, desde a formação básica até a vida adulta, é um compromisso o qual deve ser assumido por todos, retomando a ideia de agir localmente e pensar globalmente10. Este compromisso é capaz de trazer condições práticas e reflexivas numa dimensão global. Para Beck (1999, p. 31), a globalidade:

[…] denomina o fato de que, daqui para a frente, nada que venha acontecer em nosso planeta será um fenômeno especialmente delimitado, mas o inverso: que todas às descobertas, triunfos e catástrofes afetam a todo planeta, e que devemos redirecionar e reorganizar nossa vida e nossas ações em torno do eixo “global-local.

Por esse motivo, o conhecimento aliado à participação do cidadão é capaz de transformar a realidade. Entretanto, cabe ressaltar que a Educação Ambiental é um campo do saber que não está restrito aos limites de uma unidade de ensino básico. Deve, obrigatoriamente, ser direcionada à comunidade, responsável direta por ações cotidianas que englobem a questão ambiental. Assim, reconhece-se que a Educação Ambiental possui um viés formal e um viés não formal. O viés formal se refere ao conhecimento dentro dos limites da instituição educadora, ao passo que o viés informal se encontra

10 Em relação a esta expressão, conhecida em todo mundo, Leff possui um outro ponto

de vista, qual seja: “ […] o slogan “pensar globalmente e agir localmente” promovido, tão tenazmente pelo discurso do desenvolvimento sustentável, na realidade foi uma artimanha para gerar um pensamento único sobre “o nosso futuro comum”; diante dos desafios do desenvolvimento sustentável alternativo, induz nas culturas locais um pensamento global que nada mais é do que o discurso economista do crescimento sustentável, quando o desafio da sustentabilidade é pensar as singularidades locais e construir uma racionalidade capaz de integrar diferenças, assumindo sua mensurabilidade, sua relatividade e incerteza” (LEFF, 2009, p. 275).

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disseminado nas interações e nas experimentações coletivas no momento presente. O cotidiano desvela a aproximação entre o local e global, a partir do exercício da Cidadania.

O viés formal e o viés informal da Educação Ambiental possuem igual importância. Enquanto nas escolas o conhecimento é direcionado aqueles que estão em plena formação, a Educação Ambiental informal é direcionada à comunidade, que inclui a todos, indiscriminadamente. Nessa linha de pensamento e conforme determinação legal, a escola é o espaço adequado para a implementação da Educação Ambiental, mas a comunidade também o é. Práticas educacionais, neste sentido, são capazes de transformar a sociedade, de desenvolver uma Ética ambiental e fomentar uma mudança de consciência. Por esse motivo, essa deve ser considerada uma disciplina que transcende o espaço escolar, ou seja, para além de discursos e lições, é preciso reflexão acerca dos valores11 caros a sociedade, bem como ações em prol da harmonização entre todas as formas de vida diante de um contexto de crise.

Assim, para que a situação se modifique, o processo educativo, com enfoque no Meio Ambiente, deve reforçar a ideia de que o indivíduo se insere numa ampla comunidade viva. A formação do cidadão não deve ser no sentido da competividade, individualismo, ganância e egoísmo. A metodologia e o direcionamento do conhecimento precisam transformar esta linha de pensamento. É necessário esclarecer que a Natureza não é objeto nem patrimônio, mas, sim, parceira indispensável à manutenção da vida humana na Terra e que todos possuem um vínculo comum, que desvela o sentimento de coletividade e de pertença, em dimensões globais.

As decisões políticas e sociais que envolvem a questão ambiental são decisões que, neste contexto multicultural e globalizado, atinge todos os seres vivos. Por esse motivo, é necessária uma Educação com foco em comportamentos transformadores. O agir político viabiliza um processo educacional coletivo e relevante para a efetivação de transformações. Esse processo, com vistas na Educação Ambiental, deve atingir a Sociedade, os mais diversos espaços, sejam formais ou não formais. Essa característica possibilita o conhecimento aliado ao mundo da vida, que possa considerar o contexto da

11 O preâmbulo da Constituição Federal explicita quais são os valores cuja realização

serviram de objetivo à instituição do Estado Democrático de Direito (liberdade, segurança, bem-estar, desenvolvimento, igualdade e justiça). O art. 3º da mesma Carta menciona os objetivos a serem alcançados pela República Federativa do Brasil.

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Modernidade, com a diversidade das culturas, com os acontecimentos cada vez mais rápidos, com o encurtamento das distâncias, com o avanço científico e tecnológico, dentre outros.

O Homem, ciente das condições da vida contemporânea, é capaz de modificar o cenário socioambiental a partir de uma nova compreensão de mundo. Ocorre que esse é um processo que muitas vezes, não se faz sozinho. A Educação Ambiental, nos moldes a que se propõe, é crítica12 e não possui caráter individualizado, mas denota um “educar” que é comunitário. Nessa mesma perspectiva, Oliveira (2000, p. 30) conceitua Educação Ambiental como:

[…] um processo voltado para a apreciação da questão ambiental sob sua perspectiva histórica, antropológica, econômica, social, cultural e ecológica, enfim, como educação política, na medida em que são decisões políticas todas as que, em qualquer nível, dão lugar as ações que afetam o meio ambiente.

Dessa forma, insiste-se na Educação voltada à formação transformadora e emancipatória, e não à mera transmissão de conhecimento. O senso crítico e a Sensibilidade são capazes de conferir um novo olhar à questão ambiental, possibilitando um agir humano transformador e não destruidor do Meio Ambiente. No mesmo sentido, Leff (2010, p. 180) destaca que:

A educação ambiental incorpora os princípios básicos da ecológica e do pensamento complexo; mas não é tão somente um meio de capacitação em novas técnicas e instrumentos para preservar o ambiente e para valorizar os bens e serviços ambientais; não se limita a nos preparar para nos adaptar às mudanças climáticas e ao aquecimento global; a sobreviver na sociedade do risco, para além das precárias seguranças que a ciência e o mercado poderiam oferecer.

É por esse motivo que a Educação não deve ser pragmática em excesso. É necessária uma Educação atenta à realidade dos educandos, que conjugue prática e teoria, de forma motivadora e com qualidade. Ademais, a integração com a realidade possibilita o processo educativo em um ambiente informal, rechaçando a ideia ultrapassada de educandos tolhidos de experimentações humanas e sensíveis.

12 Para Morin, na educação ambiental crítica, o conhecimento para ser pertinente não

deriva de saberes desunidos e compartimentalizados, mas da apreensão da realidade a partir de algumas categorias conceituais indissociáveis ao processo pedagógico (2000, p. 36).

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Os atos educativos, dentro e fora da escola, devem ser direcionados a crianças, jovens e adultos, cientes do seu papel no mundo, de sua Responsabilidade e comprometimento. O desenvolvimento do ser depende do processo educacional e de sua relação com os objetos de aprendizagem, pois isso reflete diretamente nas ações humanas na fase adulta além da possibilidade de transmitir, a “[…] todos os povos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade partilhada” (GADOTTI, 2010, p. 07). Esse contexto exige também um trabalho de conscientização, em relação aos desafios contemporâneos em âmbito local, regional e global. Para Freire (1987, p. 39), a Educação é essencialmente um ato político que visa possibilitar ao/à educando/ a compreensão de seu papel no mundo e de sua inserção na história.

Além desses argumentos, percebe-se que o “educar” guarda relação com o resgate de valores, com a superação de limites, com o encontro de novas alternativas e por meio de atitudes que fazem sentido somente quando e se compartilhadas. Nessa perspectiva, Freire (1987, p. 39) salienta que “ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam em comunhão […]”. Dessa forma:

[…] talvez nós venhamos a sobreviver como humanidade se nós formos capazes de aprender que nós não podemos simplesmente explorar nossos meios de poder e possibilidades efetivas, mas precisamos aprender a parar e respeitar o outro como um outro, seja esse outro a Natureza ou as crescentes culturas dos povos e nações; e assim sermos capazes de aprender a experienciar o outro e os outros, como outro de nós mesmos, para participar um com o outro. A Educação Ambiental constitui para mim meramente um dos vários modos de abordar as consequências políticas da vida contemporânea. O respeito pela autoridade da natureza, implícito nesse processo, pode nos levar ao reconhecimento de novas formas de solidariedade e respeito pela autoridade do Outro (GRÜN, 2007, p. 165).

Todavia essa condição exige comprometimento, pois o processo educativo encontra resistências mesmo com a existência de documentos jurídicos que visam a concretização de uma Educação Ambiental, como a Lei nº 9.795/99, por exemplo. Para Moura (2011, p. 71):

[…] a educação ambiental não se constitui em mais uma ciência, mas em áreas do conhecimento que busca organizar, coordenar, direcionar e articular saberes capazes de minimizar

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os problemas ambientais atuais e fomentar uma nova forma de cultura do pensamento ambiental sobre o uso dos recursos naturais e sociais em consonância com um processo de sustentabilidade.

As diretrizes e os decretos, nesse ponto, auxiliam a concretização dos objetivos da Educação Ambiental, mas não são as únicas formas de realizá-la. A Educação Ambiental, no modelo que se pretende alcançar, deve ir além dos conteúdos ministrados em sala de aula ou vivenciados no contexto escolar. Esse modelo é importante, isso não se nega. Mas é necessário que a Educação Ambiental seja vivenciada no dia a dia das pessoas, para que estas sejam capazes de tecer críticas e buscar alternativas à crise vivida, como agente potencializador da cidadania. Por isso, busca-se uma Educação que também seja política, no sentido de conceder a todos a possibilidade de agir em prol da harmonização da relação Homem versus Natureza.

Dessa forma, a Educação Ambiental pode ser compreendida como o processo educativo amplo, formal ou não, abarcando as dimensões políticas, culturais e sociais, capaz de gerar novos valores, atitudes e habilidade compatíveis com a Sustentabilidade de vida no Planeta (LOUREIRO, 2012, p. 70). A Educação Ambiental influencia o desenvolvimento da pessoa e transforma o educando em um ator social capaz de estruturar uma nova consciência, em prol do mundo natural, que tanto é necessária na sociedade sustentável que se almeja alcançar. A Educação é meio de transformação social, mas somente o agir humano que efetivamente fará diferença no tempo presente. Enfatiza Leff (2010, p.183) que:

[…] a educação ambiental e os educadores ambientais devem assumir o desfaio de abrir os caminhos para esse provir, para essa mudança cultural comprometida com a desobjetivação e descodificação do mundo. Para além dos valores fundamentais e fundamentalistas nos quais a sociedade atual busca abrigo e defesa, devemos aventurar-nos a renovar os sentidos da existência humana e abrir as comportas para uma ressignificação do mundo e da natureza.

O que se pretende é a vivência efetiva desta Educação, tanto pelos pequenos quanto pelos adultos. Ademais, são estes últimos os responsáveis diretos pela mudança de consciência que se pretende alcançar no momento presente. Vislumbra-se um novo panorama no mundo da vida, desde já, com vistas nas futuras gerações. Dessa forma, quando se questiona para que(m) a Educação Ambiental é

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direcionada, a resposta é categórica: a Educação Ambiental é direcionada para crianças, jovens e adultos.

A transmissão do conhecimento curricular, ocorre, via de regra, na instituição de ensino. Contudo, em relação à Educação Ambiental, não se trata de um educar como processo que ocorre somente dentro da escola, ou seja, não é possível limitar o processo educativo à estrutura escolar. A Educação Ambiental a que se propõe possui um aspecto informal de aprendizado, com as interações e as sinergias próprias do ser humano, as quais se manifestam no território presenteísta do cotidiano. Para Freire (1987, p. 108), esse cenário converge para:

[…] a ação politicamente comprometida com o “outro”, em que não existe a dicotomia entre Homem e Mundo, mas sim a inquebrantável solidariedade que, criticamente, analisa e intervém, captando o futuro (o ser mais), o devir da realidade, temporalizando o espaço, indo para além do presente normatizado e estratificado que caracteriza o pensamento ingênuo.

A Educação Ambiental é uma proposta na qual todos estão envolvidos: escola, família, sociedade, gestores e Poder Público. O aprendizado deve ser um processo constante, sem interrupções, e estar disseminado no corpo social, por meio de iniciativas populares, dos meios de comunicação ou da rede virtual. Se for possível conjugar o saber científico com o cotidiano das pessoas, que é o tempo capaz de desvelar tantos significados, o objetivo da Educação Ambiental estará concretizado e ainda servirá de instrumento capaz de efetivar a Sustentabilidade em todas as suas dimensões13.

A partir desta premissa, admite-se que a Educação é elemento nuclear para solucionar o caos ambiental dos dias atuais. Na mesma linha de pensamento, Chalita afirma que a Educação Ambiental pode ser uma poderosa ferramenta de intervenção no mundo para construção de novos pensamentos e consequente mudança de hábitos, além de ser importante instrumento de construção de conhecimento (CHALITA, 2002, p. 34).

13 Para Leff, o saber ambiental não é o conhecimento da biologia, e da ecologia; não é

apenas o saber sobre os processos do entorno, sobre as externalidades das formações teóricas centradas em seus objetos de conhecimento, mas a construção de sentidos coletivos e identidades compartilhadas que constituem significações culturais diversas na perspectiva de uma complexidade emergente e de um futuro sustentável (2010, p. 205).

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Embora os ensinamentos recebidos no ambiente escolar possuam um reflexo para toda a vida, a formação do ser ocorre cotidianamente, ou seja, sempre é tempo de aprender, de mudar, de reconsiderar e evoluir. A possível construção de um futuro sustentável terá de ocorrer na arena política, mas a escola pode ser o melhor laboratório, o melhor espaço de experimentação e de formação para esta mudança civilizatória. Para tanto, gestores, ambientalistas, pesquisadores, educadores e sociedade civil unem-se para que a Educação seja um vetor na busca de sentidos existenciais que dão suporte a vida humana (LEFF, 2010, p.181)

Para que não se torne um processo educativo deficiente, a Educação Ambiental precisa ser repensada, para abarcar todas estas questões e superar as dificuldades identificadas. Da mesma forma, o processo de ensino no Brasil, como um todo, também precisa ser reavaliado. Durante este processo, abrem-se novos caminhos, que dizem respeito a uma pedagogia democrática e de compreensão, ou seja, uma pedagogía para la vida cotidiana (ANTUNES; GADOTTI, 2015). A Educação Ambiental está institucionalizada, mas também é presente na vida das pessoas, no cotidiano de crianças, jovens e adultos, indiscriminadamente. São necessárias estratégias no processo educativo que deve “[…] voltar-se majoritariamente à busca de um alcance maior da educação ambiental, onde a proposta central reside na transformação da realidade” (LAYRARGUES, 1999, p. 141). O caminho de transformação a que se deseja trilhar é um caminho de Sensibilidade. A Educação direcionada ao fortalecimento do vínculo dos humanos com todos os seres do Planeta, de forma a compreender seus significados e sua importância na biosfera, deve ser um objetivo não somente a ser buscado, mas sim, concretizado.

Para Gaudiano (2003, p. 614), o educar para uma Cidadania Ambiental:

[…] implica una pedagogia social, que se propone desarrollar competencias para vivir de un modo que implica la capacidad deliberada de saber elegir entre varias opciones, a partir de consideraciones éticas e intereses comunitarios, esto es, políticos. Ello sienta las bases para la construcción de una vida pública con base en formas sociales sustentadas en un ejercicio crítico de la ciudadanía, dentro del marco de una política ambiental y cultural, sobre todo ante los reta frente al consumismo e individualismo que preconiza el estilo de desarrollo neoliberal globalizante en que nos encontramos inmersos.

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Assim, a Educação Ambiental é direcionada a todos os cidadãos, desenvolvendo uma consciência acerca de suas Responsabilidades. A Educação precisa ter um alcance alargado capaz de direcionar o cidadão à transformação da Sociedade e adequar o mundo para torná-lo mais harmonioso. A Cidadania Ambiental, como categoria possível a partir da Educação e da formação do cidadão, em seu sentido mais amplo, será realizada de modo a contribuir com a melhora da qualidade de vida no Planeta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo analisou as principais implicações jurídicas da Educação Ambiental, a partir do que dispõem as leis especiais sobre a categoria e a Constituição Federal de 1988. São os diversos os mecanismos legislativos direcionados a proteção do meio ambiente, especialmente a partir da década de 1970, quando os primeiros sinais da crise ambiental começaram a atingir os países mais desenvolvidos. A partir deste momento, a comunidade internacional mobilizou-se no sentido de estimular uma nova relação entre homem e meio ambiente, pela adoção do principio da Sustentabilidade pelas Constituições democráticas, por exemplo.

Diante do desafio global para superação da crise ambiental, todos os cidadãos devem ser conhecedores das suas próprias responsabilidades no Planeta Terra. Como parte integrante da Natureza, não somente expectador, o Homem possui um papel fundamental na busca de uma sociedade sustentável.

Muito mais do que preservar o mundo natural para o futuro, novos horizontes de compreensão podem ser visualizados a partir da Educação Ambiental, direcionada para crianças, jovens e adultos. Paralelamente, o exercício da Cidadania voltada às questões ambientais, aliadas a práticas educativas, é capaz de transformar realidade hoje posta e caminhar rumo a uma Era Sustentável.

Ressalta-se a importância de uma Educação emancipatória, direcionada a toda a coletividade, pois somente o esforços compartilhados no sentido da superação da crise, onde a Natureza é foco tanto do agir humano quanto de normas jurídicas, para que seja possível concretizar a Sustentabilidade e atingir um patamar de convivência harmonioso entre ser humano e meio ambiente.

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recebido em: 05.12.16 aprovado para publicação em: 06.02.17

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