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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia dos Clérigos e no Hospital Geral de Santo António

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas 1º Semestre | 2011 - 2012

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

1º Semestre | 2011 - 2012

Sara Isabel Brandão Madureira da Silva

Nº 20050477

RELATORIO DE ESTÁGIO

Farmácia Comunitária

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O Farmacêutico Estagiário

___________________________________________________ (Sara M adureira)

A Farmacêutica Diretora Técnica da Farmácia dos Clérigos

___________________________________________________ (Dr.ª Helena Gomes)

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Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº __________, estudante do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste relatório de estágio.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______

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Agradecimentos

Quero agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e à Secção Regional do Norte da Ordem dos Farmacêuticos a possibilidade de estagiar na Farmácia dos Clérigos.

Agradeço a toda a equipa da farmácia por toda a paciência e tempo disponibilizado que permitiu a maturação e cimentação dos meus conhecimentos, e o apoio no primeiro contacto com os utentes.

Um obrigado carinhoso aos utentes, que na maioria foram compreensivos comigo, e permitiram que eu aprendesse com eles e com as suas histórias.

Foi um privilégio poder estagiar nesta farmácia, e levar comigo ensinamentos de integridade e de entrega para com os utentes.

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Lista de Abreviaturas

ANF – Associação Nacional das Farmácias AVC – Acidente vascular cerebral

DCI – Denominação comum internacional DGS – Direção-Geral da Saúde

FC – Farmácia dos Clérigos FEFO – First-expire, first-out

FFUP – Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto FP – Farmácias Portuguesas

GH – Grupo homogéneo IM C – Índice de massa corporal

INFARM ED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde IVA – Imposto sobre o valor acrescentado

M NSRM – Medicamento não sujeito a receita médica M SRM – Medicamentos sujeitos a receita médica OM S – Organização Mundial Saúde

OTC – Over the counter PA – Pressão arterial PR – Preço de referência

PRM – Problema relacionado com o medicamento PVP – Preço de venda ao público

RAM – reação adversa a medicamentos

RNM – Resultado negativo associado à medicação SNS – Serviço Nacional de Saúde

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Índice de Figuras

Fig. 1 – Definições e classificação dos níveis de pressão arterial ... 44 Fig. 2 – Valores presentes nas Guidelines para adultos – ATP III ... 46

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viii

Índice

Introdução ... 1

1. Apresentação e organização... 2

1.1. Localização e inserção socioeconómica ... 2

1.2. Horário de Funcionamento... 2

1.3. Recursos Humanos ... 2

1.4. Organização do espaço físico e funcional ... 3

1.4.1. Espaço externo ... 3

1.4.2. Espaço interno... 4

2. Gestão de recursos económicos, medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos ... 8

2.1. Gestão de existências ... 8

2.2. Critérios de aquisição ... 9

2.3. Fornecedores e Aprovisionamento... 9

2.3.1. Aquisição a armazenistas e/ou cooperativas de distribuição farmacêutica ... 10

2.3.2. Aquisição direta aos laboratórios ... 10

2.4. Encomendas ... 11

2.4.1. Proposta de encomenda ... 11

2.4.2. Receção e conferência de encomendas ... 11

2.4.3. Marcação de preço ... 13

2.4.4. Armazenamento... 14

2.5. Prazos de validade ... 15

2.5.1. Devolução e recolha de medicamentos ... 16

3. Dispensa de Medicamentos ... 18

3.1. Medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) ... 18

3.2. Interpretação da prescrição pelo farmacêutico ... 19

3.3. Sistemas de comparticipação ... 26

3.4. Medicamentos Genéricos... 29

3.5. Psicotrópicos e Estupefacientes ... 31

3.5.1. Regras de aquisição, armazenamento e dispensa ... 32

3.5.2. Registo, controlo e ligação ao INFARMED ... 34

3.6. Dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) .... 34

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4.1. Legislação... 37

4.2. Preparação de Manipulados ... 38

5. Contabilidade e gestão da farmácia ... 41

5.1. Processamento do receituário e faturação ... 41

5.2. Devolução de receituário ... 42

6. Farmácia Clínica ... 43

6.1. Determinação da massa corporal, altura e IMC ... 43

6.2. Determinação da pressão arterial ... 44

6.3. Determinação da glicemia capilar e diabetes ... 45

6.4. Determinação do colesterol total e triglicerídeos... 45

7. VALORMED ... 47

8. Farmacovigilância ... 47

9. Conclusão... 48

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1

Introdução

Portugal pode orgulhar-se de ter uma das melhores redes de farmácia da Europa, com o melhor sistema de assistência farmacêutica às populações, ao mais baixo custo. As farmácias portuguesas (FP) são unidades enquadradas no sistema nacional de prestação de cuidados de saúde, com direção técnica permanente de farmacêuticos (1).

As FP prestam serviços de intervenção farmacêutica de âmbito muito diversificado e de diferentes graus de complexidade, de acordo com as necessidades dos doentes e da população que servem, fundamentalmente assentes em quatro eixos:

- Promoção da saúde e prevenção da doença / redução de riscos, - Identificação precoce de suspeitos,

- Vigilância de doentes sob terapêutica, - Cuidados continuados (1).

A Direção-Geral da Saúde (DGS) define os Centros de Saúde, no Guia do Utente do Serviço Nacional de Saúde, como a porta de entrada do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas o que muitas vezes se verifica, é que o utente procura em primeiro lugar o farmacêutico da farmácia que frequenta e em quem confia, constituindo muitas vezes a farmácia de oficina a porta de entrada do SNS.

O estágio em Ciências Farmacêuticas é o primeiro contato dos estudantes com a realidade profissional. Esta experiência permitiu-me por em prática o conhecimento que adquiri ao longo de anos na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), adquirir um conhecimento de natureza prática, numa farmácia comunitária sob a alçada e responsabilidade do Farmacêutico Diretor Técnico.

O meu estágio teve lugar na Farmácia dos Clérigos, no Porto, durante quatro meses, e este relatório pretende ser uma descrição fidedigna dos acontecimentos e acções realizadas durante este período

Tendo em conta a importância desta etapa final antes da integração no mercado de trabalho como profissional de saúde habilitado para o exercício da profissão farmacêutica, procurei partilhar o maior número de experiências do dia-a-dia de uma farmácia comunitária, colaborando com uma equipa de profissionais experientes, que sempre me assistiram em todas as dúvidas e contribuíram para a minha formação.

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1.

Apresentação e organização

1.1. Localização e inserção socioeconómica

A farmácia dos clérigos (FC) localiza-se no n.º 36 da rua dos Clérigos, uma das principais artérias da baixa portuense e um local de fácil acesso e bastante movimento. Na sua área de influência, maioritariamente comercial, encontra-se também diversas residências, clínicas médicas, o Hospital Geral de Santo António e diversos monumentos e atracções turísticas. Isto explica a heterogeneidade dos utentes, oriundos de diferentes faixas etárias, condições socioeconómicas e nacionalidades.

Tal como em qualquer outra farmácia, é possível distinguir os utentes como habituais, fieis à farmácia e ocasionais. Os primeiros são habitualmente idosos, polimedicados e doentes crónicos que confiam nos serviços prestados pela farmácia, sendo que o neste caso o seu acompanhamento se reveste de especial importância. Em virtude da localização da farmácia, há também utentes que se deslocam à farmácia pontualmente, sendo de salientar os turistas que todos os dias recorrem à FC.

A diversidade de situações que podem surgir no dia-a-dia da farmácia, como consequência desta heterogeneidade de utentes, exige dos profissionais polivalência e uma preparação exaustiva. A forma de comunicação com o doente deve ser adaptada à faixa etária, social e económica de cada um de forma a estabelecer uma comunicação eficiente e que seja facilmente compreendida pelo doente.

1.2. Horário de Funcionamento

A FC encontra-se aberta todos os dias uteis das 9h às 19.00h e das 9h às 14h ao sábado. A farmácia realiza ainda, periodicamente, serviços permanentes durante 24 horas.

1.3. Recursos Humanos

No sentido de promover a excelência em benefício da comunidade, maximizar a qualidade dos serviços prestados, tendo como primeira preocupação a saúde do doente e o seu bem-estar, a FC possui uma equipa de trabalho empenhada para esse objectivo.

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3

A gestão dos recursos não se esgota na contratação sendo por isso da maior importância os cursos de formação que são disponibilizados por várias entidades em diversas áreas farmacêuticas (dermofarmácia e cosmética, farmacoterapia, cuidados de saúde, etc).

Na FC trabalha um elevado número de colaboradores devidamente qualificados para que seja possível garantir um serviço eficiente e de qualidade, sendo a equipa composta pela Dra. Helena Gomes (Directora Técnica), Dr. Manuel Castro (Farmacêutico Adjunto), Albina Coito (Técnica de Farmácia), José Veiga (Técnico de Farmácia), Márcio Carvalho (Ajudante Técnico de Farmácia), Raquel Fonseca (Enfermeira) como prestadora de serviços. A farmácia possui ainda outros colaboradores, dedicados quase exclusivamente ao circuito dos medicamentos manipulados, uma área de grande relevância nesta farmácia, assim como colaboradores responsáveis pela contabilidade e pela gestão dos recursos humanos. Todos os colaboradores estão devidamente identificados, mediante o uso de um cartão, que tem impresso o nome, fotografia e o título profissional.

1.4. Organização do espaço físico e funcional

1.4.1. Espaço externo

Localizada no antigo edifício do Instituto Pasteur de Lisboa, projectado em 1934 pelo arquitecto Francisco Keil do Amaral, a FC encontra-se devidamente identificada com a cruz verde luminosa e a sua fachada possui um letreiro que a identifica, estando ambos iluminados durante a noite. O símbolo “cruz verde” inclui, geralmente, informações úteis para o utente ou para o público em geral.

A farmácia possui duas montras onde se encontram expositores e produtos. Numa das montras divulga para o público exterior, de forma bem visível, informações essenciais como: o nome da Directora Técnica, o horário de funcionamento e o nome das farmácias em regimes de serviço permanente na cidade do Porto. Num dos vidros da Farmácia está integrado um postigo de atendimento, ao abrigo da Portaria n.º 582/2007, de 4 de Maio, que permite atender o utente em segurança durante o serviço permanente.

A farmácia possui fácil acesso ao seu espaço, através do uso de portas automáticas, rampa de acesso a deficientes motores e carrinhos de bebé.

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4 1.4.2. Espaço interno

A organização de uma Farmácia, com áreas destinadas a cada uma das diferentes actividades específicas, é fundamental para a harmonia do trabalho de cada um dos funcionários e da equipa no seu conjunto.

A deliberação n.º 2473 de 2007, de 24 de Dezembro de 2007, do Conselho Directivo do INFARMED- Autoridade Nacional do Medicamentos e Produtos de Saúde, I.P., estabelece as áreas mínimas das Farmácias e suas divisões. Assim, as Farmácias devem ter uma área total mínima de 95m2.

A FC, como qualquer outra farmácia, possui várias áreas distintas, descritas de seguida:

Zona de Atendimento ao Público (Piso 0)

É a zona mais ampla da FC, cujo espaço é acolhedor, agradável, climatizado, bem iluminado e suficiente para permitir a fácil circulação dos utentes e profissionais. Possui três postos individuais destinados ao aconselhamento e venda de medicamentos, cada um dos quais dispondo do respectivo computador, sensor de leitura óptica, impressora e caixa registadora.

Toda a área de atendimento ao público é contornada por estantes e expositores, onde se encontram as diferentes linhas dermatológicas, nutrição infantil, brinquedos didácticos e produtos materno-infantis, produtos capilares, artigos de higiene oral, produtos dietéticos, suplementos alimentares e ainda lineares dos artigos de maior rotatividade conforme a época do ano (exemplos: anti-celulíticos, adelgaçantes e anti-estrias no Verão; multivitamínicos, antigripais e termómetros no Inverno).

Nesta zona está à disposição dos utentes uma grande variedade de folhetos informativos e revistas gratuitas que visam variados temas de saúde pública e ajudam a informar a população, existindo também uma balança automática, que regista peso, altura e IMC, assim como algumas cadeiras para os utentes descansarem.

Gabinete do utente (Piso 0)

É uma divisão separada da zona de atendimento ao público, permitindo aos utentes comunicarem de forma confidencial com os profissionais da FC. É neste

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espaço que são efectuados os testes de controlo da glicose, colesterol total, colesterol HDL, colesterol LDL, triglicerídeos e pressão arterial. Esta zona está também reservada para a administração de vacinas não incluídas no plano nacional de vacinação (como por exemplo, a vacina da gripe).

Área de recepção de encomendas (Piso 0)

Esta é a zona onde os funcionários das distribuidoras fazem a entrega das encomendas. Aqui encontra-se a unidade principal do sistema informático e de telecomunicações: computador central da farmácia com o respectivo sensor de leitura óptica, impressora, impressora de etiquetas de preço, impressora fiscal, modem, telefone e fotocopiadora. O processamento das encomendas é aqui também realizado. Neste local arquiva-se alguma documentação contabilística como facturas, notas de devolução e de crédito dos fornecedores.

Área de armazenamento de medicamentos (Piso 0)

A principal área de armazenamento de medicamentos localiza-se num local atrás dos balcões, numa zona de fácil acesso. É composto por um armário com gavetas deslizantes e modulares, onde os medicamentos estão separados por formas farmacêuticas e, dentro dessas, por ordem alfabética de nome e dosagem.

Assim, estas gavetas contêm:  Comprimidos e cápsulas;

 Xaropes, suspensões e gotas orais;  Pomadas, geles e cremes;

 Formas farmacêuticas de administração rectal e vaginal (supositórios e óvulos);  Preparações injectáveis;

 Colírios;

 Ampolas bebíveis;  Granulados, pós;

 Artigos de controlo da glicémia

Em prateleiras situadas na zona de recepção de encomendas, encontram-se mais alguns produtos, como por exemplo gotas auriculares e nasais, loções e sprays e compressas. É aqui que se encontram também todos os medicamentos genéricos, ordenados por DCI e dosagem e medicamentos manipulados.

Existe uma zona destinada ao armazenamento de fraldas, pensos e desinfectantes tópicos. Aqui encontra-se também o frigorifico, destinado aos produtos

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que necessitam de ser conservados a temperaturas entre 2 e 8ºC (ex: vacinas, insulinas, alguns colírios e gotas vitamínicas, etc.).

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes constantes das tabelas I, II-B, II-C e IV anexas ao Decreto-Lei nº15/93 de 22 de Janeiro estão armazenados numa zona menos visível e acessível, também compreendida nesta área.

Todos estes medicamentos e produtos de saúde são armazenados num ambiente seco, fresco e arejado, de forma a garantir a sua conservação e qualidade, sendo as condições de temperatura e humidade registadas todos os dias, de manhã e ao final do dia.

Laboratórios (Piso 1)

O piso 1 da farmácia corresponde ao laboratório de oficina, destinado à preparação de produtos e medicamentos manipulados. Este laboratório é dividido em dois, consoante a forma farmacêutica a preparar: o laboratório 1, onde são preparadas apenas cápsulas, e o laboratório 2, onde é feita a manipulação de todas as outras formas farmacêuticas.

O laboratório 1 está dividido em cinco áreas distintas: a pesagem, a moagem, o encapsulamento, a limpeza e a rotulagem.

Escritórios (Piso 2 e 3)

Este é o local onde a DT tem privacidade para receber e contactar utentes, fornecedores e colaboradores. Aqui também se efectua a gestão, a administração e a contabilidade da farmácia, e onde são armazenados todos documentos importantes relativos a essas actividades.

Armazém (Piso 2)

No segundo piso da Farmácia, encontra-se o armazém secundário onde são guardados os excedentes dos produtos que foram adquiridos em grandes quantidades, assim como produtos de grandes dimensões e matérias primas utilizadas na manipulação.

A FC possui ainda outas áreas com diferentes funcionalidades, como sejam a área de registo (Piso 1), onde é dada entrada no sistema informático interno às receitas

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referentes à manipulação, a área de expedição (piso 3), onde se procede ao envio para o domicilio de alguns manipulados produzidos, assim como instalações sanitárias nos pisos 0, 1 e 4 e vestiários (piso 4).

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2.

Gestão de recursos económicos, medicamentos, produtos

farmacêuticos e dispositivos médicos

A gestão de medicamentos é o conjunto de procedimentos realizados pela Farmácia, que garantem o bom uso e dispensa dos medicamentos em perfeitas condições aos doentes.

A gestão de stocks dos produtos farmacêuticos, nomeadamente dos medicamentos, deverá ser efetuada informaticamente, com atualização automática de stocks.

A gestão de medicamentos tem várias fases, começando na sua seleção, aquisição e armazenagem, passando pela distribuição e acabando na administração do medicamento ao doente (4).

2.1. Gestão de existências

O stock compreende-se das existências na farmácia, num determinado momento, que se destinam a ser vendidos.

A gestão de stocks é crucial na administração de uma farmácia pois reflecte-se directamente nos seus resultados comerciais e financeiros, sendo que o stock ideal é aquele que permite uma eficaz rotatividade de produtos, estando estes disponíveis sempre que necessário, com o menor empate possível de capital e espaço, sendo sempre salvaguardada uma eventual ruptura de stocks.

É, assim, necessário estabelecer valores mínimos e máximos de stock na ficha do produto, sendo o sistema informático uma ferramenta essencial para o estabelecimento destes valores.

Tendo em conta o elevado número de medicamentos existentes, o volátil mercado de preços e o crescente número de “medicamentos genéricos”, é necessário controlar diariamente as existências de modo a evitar ruturas de stock e excessos de mercadoria que se pode traduzir em empate capital, ocupação desnecessária de espaço e maior probabilidade de termo de validade.

A gestão na Farmácia dos Clérigos realiza-se com recurso ao sistema informático implementado, denominado SifarmaClássico®. Este sistema permite otimizar o tempo e analisar todas as variáveis a considerar na gestão de encomendas e produtos.

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9 2.2. Critérios de aquisição

A seleção de medicamentos para a Farmácia tem em conta diversos fatores de modo a realizar compras criteriosas e organizadas, que supram as necessidades dos utentes da farmácia e por outro lado estejam de acordo com ideais da Farmácia.

Os farmacêuticos têm responsabilidade técnica de aquisição de medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos, garantir a sua qualidade e correta conservação.

Deste modo, na FC a aquisição de produtos tem em conta os seguintes factores:

 Movimento diário;

 Área envolvente da Farmácia

 Perfil da prescrição dos Médicos da área;  Capacidade económica da Farmácia;  Área de armazenamento disponível;

 Época do ano (sazonalidade de alguns produtos como por exemplo vacinas e protetores solares);

 Perfil dos clientes;

 Produtos recentemente lançados no mercado;

 Produtos publicitados nos meios de comunicação social;  Condições de pagamento;

 Campanhas promocionais;  Dias de serviço permanente;  Outros;

2.3. Fornecedores e Aprovisionamento

Por aprovisionamento entende-se todas as operações de índole técnica (recepção e armazenamento), administrativa (protocolos de entrada e saída dos produtos) e económica (análise de preços, descontos e bonificações), que permitem colocar na farmácia em quantidade, qualidade, tempo oportuno e com o menor custo possível, os produtos farmacêuticos necessários ao seu bom funcionamento.

O aprovisionamento de uma farmácia pode ser conseguido por duas vias, através de compras a distribuidores grossistas ou através de compras diretas aos laboratórios.

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2.3.1. Aquisição a armazenistas e/ou cooperativas de distribuição farmacêutica

Cabe ao DT, a escolha dos armazenistas e cooperativas com quem quer trabalhar. Na FC são feitas encomendas diárias aos seus habituais fornecedores: Cooprofar, Alliance Healthcare e Cofanor, prevenindo assim possíveis rupturas de stock dos armazenistas e permitindo a obtenção de melhores preços.

A Farmácia deve determinar qual o seu principal fornecedor tendo em conta os parâmetros que considere mais relevantes. A escolha de um determinado fornecedor baseia-se normalmente em critérios como o preço de aquisição, condições de pagamento e bonificações, rapidez e eficácia do serviço, aceitação de devoluções, entre outros.

O responsável pela encomenda deverá, então, possuir boas noções de gestão e ter em conta os vários critérios de aquisição de modo a usufruir de bons negócios para a farmácia e, ao mesmo tempo, evitar uma acumulação de produtos e consequente empate de capital, estando sempre seguro da qualidade e da eficácia dos produtos a adquirir e tentar satisfazer as necessidades dos utentes. Com a compra directa aos laboratórios, são também muitas vezes entregues folhetos informativos, amostras e expositores à farmácia, o que proporciona a prestação de serviços de aconselhamento e de dispensa mais qualificados.

Na FC as encomendas são feitas normalmente duas vezes por dia, uma antes das 13H para ser entregue na Farmácia por volta das 15H30 e outra por volta das 19H para ser entregue no dia seguinte às 10H.

Esta frequência é alterável consoante a necessidade e urgência dos produtos, sendo feita pontualmente via telefone.

2.3.2. Aquisição direta aos laboratórios

Além das encomendas diárias aos distribuidores, são feitas encomendas directas aos laboratórios através do contacto com os seus representantes que visitam regularmente a farmácia. Nestes casos, a compra é feita em maior quantidade conseguindo-se maior benefício financeiro. Trata-se no entanto de uma situação pouco frequente, ocorrendo principalmente no caso de produtos de cosmética, puericultura, fitofarmacêuticos, ou medicamentos que, em determinada altura, justificam compras em maior quantidade.

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2.4.1. Proposta de encomenda

Na FC as encomendas aos fornecedores são efetuadas via modem a partir dos registos informáticos das vendas elaborados automaticamente pelo SifarmaClássico®. Através deste é possível criar para cada produto uma “Ficha do produto” que contém: nome, stock atual, stock mínimo e máximo, histórico de compras/vendas, encomendas pendentes, etc. Assim, quando o stock de um produto iguala o stock mínimo definido, o sistema informático elabora uma proposta de encomenda tendo em conta ambos os valores de stocks pré-definidos. Esta proposta pode ser alterada no momento da aprovação da encomenda, para que sejam satisfeitas as necessidades da Farmácia consoante a altura em causa, ou para aproveitar bonificações de produtos (que normalmente implicam um compra mais elevada de produto).

Os produtos esgotados no fornecedor pretendido para determinada encomenda, são enviados para outro fornecedor na tentativa de repor o stock. Em caso de rutura de stock de um determinado produto ou situação de urgência, a encomenda pode ser efetuada via telefone para que seja confirmada junto do fornecedor a situação do produto e o possível fornecimento do mesmo.

2.4.2. Receção e conferência de encomendas

Visto que este processo permite a familiarização com os diferentes produtos existentes na farmácia, as suas indicações terapêuticas e o seu local de armazenamento, este foi o primeiro passo no meu estágio. Isto permitiu-me, em última instância, efectuar um atendimento mais rápido e eficiente. A recepção e conferência de encomendas são processos de elevada importância visto que, permitem assegurar se os produtos recebidos correspondem aos produtos encomendados e visa garantir que os produtos se encontram num estado adequado a serem dispensados com a qualidade exigida.

Resumidamente os passos essenciais são:  Verificação da integridade do produto;

 Introdução do produto no sistema por leitura ótica;  Verificação das quantidades pedidas e enviadas;  Verificação e, se necessário, alteração do preço;

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 Comparação da factura enviada pelo fornecedor com o registo de entrada.

A recepção de encomendas de um dado fornecedor é feita diariamente, sensivelmente à mesma hora. Os produtos são enviados em pequenos contentores, identificados com o nome da farmácia de destino, com um código de barras e com um código numérico, sendo deixados pelo transportador na área de recepção de encomendas. As encomendas vêm acompanhadas por uma guia de remessa / factura, sendo depois verificadas por um dos colaboradores da farmácia.

O colaborador encarregue começa por recolher as facturas (original e duplicado) que acompanham a encomenda, bem como as requisições que acompanham os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos que são arquivadas. Os originais das facturas são arquivadas juntamente com as restantes facturas do mês e conferidas com a factura resumo mensal que é enviada pelo fornecedor para que se possa proceder ao pagamento nos prazos acordados. Após tratamento contabilístico são arquivados durante um período mínimo legal de cinco anos. Durante a recepção deve-se ter sempre em atenção se foram enviados produtos de frio de modo a dar-lhes entrada em primeiro lugar, armazenando-os de imediato. Os psicotrópicos também se encontram separados da encomenda principal e são devidamente identificados em facturas à parte.

A recepção das encomendas é feita, com auxílio do sistema informático, seleccionando em Menu Geral a opção Gestão de Entregas. Uma vez neste menu escolhe-se a encomenda que se pretende receber. Os produtos são introduzidos no sistema informático por leitura óptica do seu código ou introdução do seu código CNP. Após leitura de todos os códigos de barras, o sistema informático compara as quantidades pedidas com as quantidades recebidas. Nem sempre estas quantidades coincidem pois pode dar-se o caso de um produto estar esgotado ou rateado. Nos casos em que a quantidade recebida é inferior à encomendada deve verificar-se na factura a quantidade enviada. Se esta não corresponder à quantidade que foi recebida pela farmácia deve avisar-se o fornecedor para que regularizem a situação através do envio do produto em falta ou da nota de crédito.

Quando a quantidade recebida for superior à quantidade encomendada, deverá verificar-se se se trata de bónus ou de um engano. Neste caso terá de se avisar o fornecedor para que debite o produto ou então devolver o mesmo.

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Quando é recebido um produto diferente do pedido, a farmácia poderá avaliar se o produto apresenta uma rotação tal que a sua aquisição não se mostra inconveniente, ou então o produto é devolvido.

Os produtos que não foram enviados na encomenda ou que foram enviados em quantidades inferiores às encomendadas são transferidas para o fornecedor preferencial para que, no momento de se fazer nova encomenda, sejam de novamente pedidos. Se um medicamento for retirado do mercado terá que se eliminar o seu pedido na encomenda colocando-se uma nota de Retirado na respectiva ficha de produto.

Por fim procede-se ao armazenamento dos medicamentos com PVP, e à marcação do preço nos produtos sem preço fixo.

No caso das encomendas directas aos laboratórios, estas chegam à farmácia em acompanhadas pela respectiva guia de remessa/factura. Neste caso não foi feito nenhum registo informático aquando da sua encomenda, pelo que é necessária a criação de uma proposta de encomenda fictícia ao respectivo laboratório (já que esta é elaborada depois de ser entregue na farmácia). O mesmo acontece com os produtos encomendados aos fornecedores ditos normais, via telefone. A guia de remessa/factura deve ser confrontada com a nota de encomenda e todos os produtos recebidos devem ser conferidos.

Por fim, todas as facturas são arquivadas cronologicamente e por pastas, para permitir, a posterior comparação com o resumo de facturas mensal enviado por cada fornecedor, bem como a contabilidade da farmácia e o seu respectivo pagamento aos fornecedores.

2.4.2.1. Recepção de M atérias primas

As matérias-primas encomendadas são acompanhadas por um certificado de análise que é arquivado com o respectivo produto. Este boletim deve ser analisado de forma a verificar se as especificações de análise se encontram de acordo com os limites estimulados na FP e, caso isso se verifique, é arquivado em local próprio.

2.4.3. M arcação de preço

Para os produtos que não têm preço impresso na embalagem ou na cartonagem, como o caso de papas, chás, produtos de dermocosmética, MNSRM, entre outros, o PVP (preço de venda ao público) é determinado pela própria Farmácia.

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Neste caso existem margens de lucro definidas pela FC que são aplicadas em função do preço de custo, taxa de IVA e pelo tipo de produto em causa.

2.4.4. Armazenamento

Um correcto armazenamento dos produtos é imprescindível para que estes sejam de rápido e fácil acesso e para rentabilizar o espaço disponível, sendo uma mais valia na boa gestão de espaço, simplificação dos processos, boa visualização dos produtos e, fundamentalmente, boa imagem da farmácia perante o utente. A Farmácia deve garantir que todos os seus produtos se encontrem nas melhores condições de conservação (3). Os produtos sem exigências específicas devem ser mantidos em ambiente seco, fresco, bem arejado, e ao abrigo da luz.

No armazenamento é preciso ter em conta não só o espaço disponível, mas também as características físico-químicas dos produtos para que não ocorra alteração da estabilização dos mesmos.

As condições de armazenagem são definidas por lei (Portaria nº 348/98) e devem ter em conta as condições de:

 temperatura

 protecção de calor – armazenar a temperaturas inferiores a 30 ºC;  local fresco – armazenar a temperaturas inferiores a 15 ºC;

 frigorífico – armazenar a temperaturas entre 2 e 8 ºC;  humidade – deverá ser inferior a 50 %;

 luz – sem contacto directo com a luz.

Estas condições devem ser tidas em conta pelo farmacêutico para que os produtos se encontrem nas condições adequadas à sua dispensa. Os produtos químicos e matérias-primas devem ser armazenados num local fresco, seco e com luminosidade controlada.

Os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, por motivos de segurança, devem ser armazenados num local de acesso controlado, fora do alcance físico e visual do utente.

A ordem de arrumação dos produtos de uma encomenda também costuma obedecer a sequência: primeiro arrumam-se os produtos com necessidades especiais

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de conservação de modo a estarem o mínimo de tempo possível sujeitos a condições desfavoráveis (exemplo: medicamentos armazenados no frigorífico). Em seguida arrumam-se os medicamentos nas gavetas organizadas por ordem alfabética do nome comercial ou da DCI (medicamentos genérico), forma farmacêutica, dosagem e quantidade. Finalmente são armazenados os restantes produtos cujo preço tem que ser marcado. Os produtos mais recentes devem ser armazenados de modo a que o farmacêutico retire o produto mais antigo em primeiro lugar, seguindo deste modo, o sistema FEFO, de forma a promover a rotação de stocks e obter uma melhor gestão nos prazos de validade, ou seja, os primeiros produtos a sair devem ser aqueles cujo prazo de validade expira primeiro. Satisfeita esta regra deve ser dispensado aquele que entrou primeiro no stock da farmácia.

Um armazenamento bem conseguido é sinónimo de uma boa gestão, boa organização do espaço, fácil visualização dos produtos e simplificação dos procedimentos, o que se traduz numa boa imagem que o utente tem pela Farmácia.

2.5. Prazos de validade

Entende-se por prazo de validade de um medicamento o intervalo de tempo em que o medicamento ainda não perdeu 10% da(s) substância(s) activa(s) em relação à dose inicial quando conservado em condições adequadas e, durante o qual, mantém as características iniciais assegurando a segurança de utilização do medicamento.

O controlo deve ser feito diariamente aquando da recepção das encomendas, procedendo-se à sua actualização informática, se necessário, na ficha de cada produto.

Na FC, um outro controlo do prazo de validade é realizado mensalmente, através da impressão do sistema informático de uma listagem dos produtos, cujo prazo de validade termina dentro de três meses.

Cada produto da lista é verificado, um a um, comprando-se o prazo de validade informático com o prazo de validade real. Se for confirmado o prazo terminal dos produtos ou a inviabilidade comercial do prazo residual, estes produtos serão devolvidos ao fornecedor. Se o prazo de validade informático for inferior ao real deverá actualizar-se a ficha de produto. Esta actividade mensal de controlo de prazos é ainda útil para verificar se o stock real dos produtos está de acordo com o stock virtual.

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Os produtos que constam desta lista e cujo prazo se confirma próximo são separados e posteriormente devolvidos. Posteriormente, o fornecedor deverá emitir uma nota de crédito ou então proceder à troca dos produtos, por outros com um prazo de validade mais prolongado. Muitas vezes os distribuidores não aceitam a devolução de determinados produtos, são então considerados como perdas para a farmácia.

Se a farmácia não tiver um bom controlo sobre os medicamentos e respectivos prazos de validade podem ocorrer situações de produtos com prazo de validade já expirado, levando a perdas económicas e possível risco para o utente no caso de o medicamento ser dispensado.

As matérias-primas e os reagentes são outra excepção, pois podem ser utilizados até prestes o prazo de validade expirar e, findado esse, não têm a possibilidade de devolução aos fornecedores. Neste caso, os produtos são entregues a empresas que procedem à sua correcta destruição e constituem quebras para a farmácia.

2.5.1. Devolução e recolha de medicamentos

.

A devolução pode ocorrer por vários motivos:  embalagem danificada;

 produtos deteriorados;

 engano no pedido ou envio de produtos;  preços incorrectos;

 produtos que não têm rotação;  prazo de validade a expirar;

São ainda devolvidos produtos que, por ordem do INFARMED ou do produtor, tenham que ser recolhidos. Nestes casos, o INFARMED, o laboratório produtor ou os distribuidores grossistas enviam circulares de recolha do produto. Estes produtos serão aceites desde que se encontrem dentro do prazo legal.

Para se fazer uma devolução recorre-se ao Sifarma procedendo-se à emissão de uma nota de devolução que é impressa em triplicado e onde constam os seguintes elementos:

 identificação da farmácia;  número da nota de devolução;

 fornecedor ao qual se faz a devolução;  nome comercial e código do produto ;

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17  quantidade a devolver;

 motivo da devolução.

As notas impressas são carimbadas e rubricadas, sendo uma das cópias arquivada na farmácia e as restantes duas enviadas para o fornecedor juntamente com o produto a devolver.

Da devolução podem resultar duas situações:

 o fornecedor aceita a devolução e elabora uma nota de crédito ou envia um produto de substituição. Quando a farmácia recebe uma nota de crédito regulariza-se informaticamente a devolução, imprimindo-se o registo de regularização que é anexado à nota de crédito sendo ambos arquivados. A nota de crédito será descontada na factura resumo mensal do fornecedor em causa.

 o fornecedor não aceita a devolução e o produto regressa à farmácia traduzindo-se numa perda de existências e numa quebra dos produtos do inventário.

Quando se faz a devolução de um produto, ele é abatido do stock mas, ao contrário do que acontece quando a diminuição do stock ocorre devido a uma venda, ele não é pedido na proposta de encomenda, sendo necessário fazer o pedido manualmente.

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3.

Dispensa de Medicamentos

A dispensa de medicamentos é definida pelo Guia de Indicação Farmacêutica (ANF) como o “acto farmacêutico de ceder medicamentos ou substâncias medicamentosas aos doentes, na farmácia, mediante receita médica ou em regime de automedicação, com o respectivo aconselhamento e toda a informação indispensável à relação positiva de benefício/custo”. Esta definição vai de encontro aos deveres do farmacêutico comunitário, de acordo com o actual código deontológico.

O Decreto-Lei nº307/2007 refere-se ao regime jurídico da farmácia comunitária; de acordo com a lei vigente, a dispensa de medicamentos ao público só pode ser efectuada quando devidamente autorizada pelo INFARMED, nas seguintes situações:  pelas farmácias de oficina, nas suas instilações, ao domicílio (de MSRM, no

próprio concelho e nos concelhos limítrofes) ou através da Internet;  pelos locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica, nas

suas instalações, ao domicílio ou através da Internet.

De acordo com o Estatuto do Medicamento, os medicamentos são classificados, segundo a dispensa ao público, em:

 medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM);  medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM).

Na cedência de medicamentos o farmacêutico avalia a medicação dispensada, com o objetivo de identificar e resolver problemas relacionados com os medicamentos (PRM), protegendo o doente de possíveis resultados negativos associados à medicação (RNM) (3).

O farmacêutico deve transmitir ao doente todas as informações que considere necessárias e que contribuam para a melhor utilização dos medicamentos prescritos, nomeadamente sobre posologia e eventuais efeitos secundários, interações ou contra-indicações.

3.1. M edicamentos sujeitos a receita médica (M SRM )

Os MSRM podem ser subclassificados em:

 medicamentos de receita médica renovável, quando se destinem a determinadas doenças ou tratamentos prolongados e possam, pela sua

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segurança de utilização, ser adquiridos mais do que uma vez, sem a necessidade de nova avaliação médica;

 medicamentos de receita médica especial, que preenchem uma das seguintes condições:

- contenham, em dose sujeita a receita médica, uma substância classificada como estupefaciente ou psicotrópico;

- possam, em caso de utilização anormal, dar origem a riscos de abuso medicamentoso, criar toxicodependência ou ser utilizados para fins ilegais;

- contenham uma substância, que pela sua novidade ou propriedades, se considere dever ser incluídas nas situações contempladas nas alíneas anteriores, por precaução.

 medicamentos de receita médica restrita, de utilização reservada a certos meios especializados, por preencherem um das seguintes condições:

- destinam-se a uso exclusivo hospitalar, devido às suas características farmacológicas, à sua novidade, ou por razões de saúde pública;

- destinam-se a patologias cujo diagnóstico seja efectuado apenas em meio hospitalar ou estabelecimentos diferenciados com meios de diagnóstico adequados, ainda que a administração do medicamento e o acompanhamento dos pacientes se possam realizar fora desses meios;

- se destinem a pacientes em tratamento de ambulatório, mas a sua utilização seja susceptível de causar efeitos adversos muito graves, requerendo a prescrição de uma receita médica, se necessário emitida por um especialista, e uma vigilância especial durante o período de tratamento.

3.2. Interpretação da prescrição pelo farmacêutico

As regras da receita médica destinada à prescrição electrónica, bem como do regime transitório de receita manual de medicamentos, são definidos por portaria do Ministro da Saúde – Portaria nº1501/2002, de 12 de Dezembro. O Despacho nº 7330/2003, de 18 de Março, prevê a adaptação da receita médica ao formato electrónico e destaca as regras relativas ao formato a adoptar e à definição do conteúdo.

A prescrição dos medicamentos deverá ser preferencialmente efectuada por via electrónica, ou, não sendo possível, manualmente. Deverá incluir:

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20  marca;

 nome do titular da autorização de introdução no mercado (AIM);  forma farmacêutica;

 dosagem;  posologia.

A prescrição manual deverá respeitar o disposto anteriormente, podendo atender às seguintes especificidades:

 nas substâncias activas com um ou mais medicamentos genéricos autorizados, o prescritor poderá omitir a indicação da marca e do titular da AIM;

 nas substâncias activas sem medicamentos genéricos autorizados, o prescritor pode omitir a denominação comum;

 o prescritor poderá omitir a indicação da denominação comum nos casos de associações fixas de duas ou mais substâncias activas;

 o prescritor poderá omitir a indicação das substâncias activas para as quais não exista denominação comum.

As regras de prescrição são definidas por portaria do Ministro da Saúde – Portaria nº1501/2002, de 12 de Dezembro, sendo as seguintes:

 podem ser prescritos até quatro medicamentos distintos, com o limite máximo de quatro embalagens;

 podem ser prescritas numa só receita até duas embalagens de cada medicamento; até quatro embalagens no caso de os medicamentos prescritos se apresentarem sob a forma de embalagem unitária.

 sempre que o médico prescritor considere haver motivos para autorizar ou não autorizar a dispensa de um medicamento genérico em vez do medicamento prescrito, deverá assinalar esta sua decisão no local próprio para o efeito.  o não preenchimento ou o preenchimento simultâneo dos dois campos que

constam do rodapé da receita médica equivalem à concordância do médico com a dispensa do medicamento genérico.

De acordo com a Portaria nº 1501/2002, de 12 de Dezembro, a receita médica só é susceptível de ser validada se estiverem preenchidos na totalidade os seguintes campos:

 O número da receita e sua representação em código de barras;

 O local de prescrição e sua representação em código de barras, sempre que aplicável;

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 A identificação do médico prescritor, com a indicação do nome e especialidade médica, número da cédula profissional e respectivo código de barras;

 O nome e número de utente, incluindo a letra correspondente, constantes do cartão de utente do SNS ou número de beneficiário; indicação da entidade financeira responsável e do regime especial de comparticipação, se aplicável. No caso de suporte informático, tanto o número de utente como o número de beneficiário deverão estar em código de barras;

 A designação do medicamento, sendo esta efectuada através da denominação comum internacional (DCI) ou nome genérico para as substâncias activas em que existam medicamentos genéricos autorizados;

 A dosagem, forma farmacêutica, número de embalagens, dimensão das embalagens e posologia;

 No caso de preenchimento informático, os elementos previstos nas duas alíneas anteriores, assim como a identificação do regime de comparticipação, estarão representados em código de barras;

 A data da prescrição.

Para além do previsto anteriormente, a validação depende ainda da verificação dos seguintes elementos:

 No caso de preenchimento manual, através da assinatura e aposição da vinheta identificativa do médico prescritor, bem como, quando aplicável, da vinheta da unidade prestadora de cuidados de saúde.

 No caso de preenchimento informático, o qual conterá os códigos de barras identificativos do médico prescritor e da unidade prestadora de cuidados de saúde, através da assinatura do médico.

Existem utentes abrangidos por um regime de comparticipação especial, sendo abrangidos por algumas Portarias específicas. Neste caso, o médico prescritor deverá escrever, manual ou informaticamente, dependendo do tipo de receita médica, o número da respectiva Portaria à qual o medicamento está associado. Quando o utente é abrangido por um regime especial de comparticipação, deverão constar na receita médica as seguintes letras:

S - Beneficiários de um subsistema ou de um seguro de saúde, sendo obrigatório o

preenchimento da entidade financeira responsável, devendo ser indicada a letra junto do local de inscrição do n.º de cartão de utente do SNS ou do n.º de beneficiário. A não existência de nenhuma letra, com a presença do nº de cartão de utente do SNS ou de beneficiário, assume-se a comparticipação ao SNS;

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O - Patologias ou medicamentos abrangidos por regime especial de

comparticipação concedidas por Despacho. O respectivo número do diploma, assim como a letra deverão ser inscritas pelo médico junto do local de inscrição do n.º de utente/n.º de beneficiário. O diploma poderá também aparecer adjacente ao respectivo medicamento.

R - Utentes pensionistas abrangidos pelo regime especial, devendo ainda ser

colocada a vinheta de identificação da unidade de saúde de cor verde, no caso de se tratar de uma prescrição médica manual. Dado que estas vinhetas não estão disponíveis nos consultórios médicos particulares, deverá ser indicada a letra junto do local de inscrição do n.º de utente/n.º de beneficiário. Igualmente, nas receitas informatizadas, atendendo a que nestas as vinhetas também são informatizadas, aparecerá a letra “R”, no mesmo local. Nas receitas manuais, a presença única da vinheta de cor verde (sem a inscrição do “R”) prevalece, por si só. Se, por lapso, o médico não inscreve a respectiva sigla deste regime especial de comparticipação, deverá ser fotocopiado o cartão de utente (no verso da receita) ou da declaração emitida pelo SNS, anexando-a à receita.

Carimbo de cor vermelha: Utentes Crónicos Especiais e Doentes Profissionais, a

sua identificação deverá ser feita através da aposição de carimbo de cor vermelha, devidamente normalizado, no espaço reservado à identificação do utente.

De acordo com o Decreto-Lei nº 242-B/2006, de 29 de Dezembro, e o Decreto-Lei nº 106-A/2010, de 1 de Outubro, que estabelece o sistema de pagamento às farmácias, da respectiva comparticipação do Estado, a receita médica é valida pelo prazo de vinte dias contados continuamente desde a data de prescrição, ou então, no caso das receitas médicas renováveis, seis meses. No caso particular das receitas renováveis, para além, de tudo o que foi referido, não são permitidas mais de três renovações e é constituída por um original e duas cópias no caso de preenchimento manual ou então por três exemplares impressos em suporte informático, sendo que em cada uma vem identificado o número da via correspondente. Tendo em conta todos estes requisitos legais, quando surgem irregularidades deverão ser tomadas precauções e o farmacêutico deverá, sempre que possível, ajudar o utente a resolver o problema.

No entanto, e de acordo com o Decreto-Lei nº 242-B/2006, o aviamento deverá ser imediatamente recusado sempre que:

 a receita médica contenha correcções, rasuras ou quaisquer outras modificações;

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 a receita médica não se encontrar autenticada pelo médico que a emitiu ou pelo estabelecimento de saúde;

 a dispensa se processar fora do prazo de validade da receita médica;

 não se verifiquem as normas vigentes para a prescrição de psicotrópicos ou estupefacientes.

A comparticipação deverá ser negada quando a receita médica não obedeça aos modelos ou ao formato legalmente previstos e já referidos. A validação da receita médica é da competência da ARS (no caso dos medicamentos comparticipados pelo SNS) ou de outros subsistemas de saúde. Contudo, antes do seu aviamento, o farmacêutico e seus colaboradores devem fazer a mesma análise da receita. Tal é efectuado com o objectivo de garantir a sua posterior validação por aqueles sistemas de saúde e receber o respectivo reembolso das comparticipações dos medicamentos dispensados. Posteriormente, e ainda antes do envio mensal do receituário à ARS é à ANF, será efectuada uma nova conferência farmacêutica da receita (quando o utente já não se encontra na farmácia) onde a receita é cuidadosamente verificada, carimbada e rubricada pelo farmacêutico. Isso efectua-se para que eventuais situações de não conformidades (não detectados aquando da dispensa) sejam identificadas e, se possível, corrigidas.

Após a entrega da receita médica por parte do utente e depois de analisada (pela primeira vez) a sua autenticidade e validade pelo farmacêutico ou colaborador igualmente habilitado, o mesmo profissional procede à interpretação e avaliação farmacêutica da receita. Isso consiste em:

1. Identificar o(s) medicamento(s): nome, forma farmacêutica, posologia, duração do tratamento e quantidade prescrita (n.º de embalagens). Por vezes, visto que a informatização das receitas não é geral, é difícil a compreensão da letra do médico. Nestas situações, o profissional poderá recorrer à ajuda dos seus colegas de trabalho, ao suporte informático ou bibliográfico, ou questionar directamente o utente acerca do seu conhecimento do medicamento em causa. Se, mesmo assim, a dúvida persistir, dever-se-á contactar o médico no sentido de esclarecer a sua prescrição.

2. Aspectos terapêuticos: interpretar a intenção do prescritor junto do utente tentando entender a patologia em causa.

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3. Adequação ao indivíduo: conciliar a medicação prescrita com a idade do doente, a patologia e o seu estado fisiológico (gravidez, diabetes, insuficiência renal ou hepática, amamentação, lactente, idoso).

4. Compreender se a terapêutica prescrita é nova ou de continuação: verificar se é a primeira vez que o utente vai tomar os medicamentos ou se, pelo contrário, já é terapêutica habitual.

5. Ter em atenção possíveis contra-indicações e interacções: dever-se-á questionar o utente sobre a toma de outros medicamentos, fitofármacos ou suplementos alimentares e verificar se a toma concomitante não poderá conduzir a interacções (como o aumento ou a diminuição do efeito terapêutico de determinado fármaco).

6. Analisar a posologia e o modo de administração: verificar a adequação e informar as posologias e a duração do tratamento ao utente; poderá ser necessário escrever directamente na embalagem, de forma legível, tais informações.

7. Fornecer outro tipo de informações: como as precauções a ter em conta aquando da terapêutica instaurada (p.ex: precauções adicionais que devem ser tomadas aquando da utilização concomitante de antibióticos e anticoncepcionais de toma oral), as condições especiais de armazenamento (p. ex: alguns xaropes tem de ser armazenados no frigorífico), a necessidade de fazer terapêutica adicional (p. ex.: protecção solar aquando da utilização de retinóides tópicos) ou alguns cuidados alimentares (p. ex: não ingestão de leite aquando de antibioterapia com clindamicina).

8. Considerar aspectos legais, económicos e sociais.

Depois da receita ser devidamente analisada, o profissional recolhe os produtos prescritos dos respectivos locais de armazenamento. Este deve confirmar sempre se o que está prescrito corresponde ao que efectivamente recolheu, e verificar também o seu prazo de validade.

O farmacêutico tem o dever de promover o uso racional do medicamento, bem como a adesão do utente à terapêutica instituída; para tal, deve explicar de forma explícita qual o efeito do medicamento, a respectiva posologia, duração do tratamento, possíveis efeitos secundários, modo de administração, condições especiais de armazenamento, interacções e contra-indicações. Com o objectivo de reforçar a

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informação transmitida oralmente, o farmacêutico ou o seu colaborador deverá escrever a posologia do medicamento dispensado, evitando possíveis erros e maximizando a eficácia da terapêutica instituída. O utente deverá ainda ser informado, se assim for o caso, da existência de medicamentos genéricos, como alternativa ao medicamento de marca prescrito pelo médico. Tal deve ser sistematicamente efectuado, mesmo que a prescrição médica não autorize a substituição do medicamento prescrito por um medicamento genérico, pois, quando o utente se dirigir a uma nova consulta, poderá discutir com o seu médico a possibilidade de substituição. No caso do médico prescritor autorizar, ou não se manifestar acerca da substituição, esta deve ser efectuada, devendo o utente assinar a receita num local específico para o efeito, garantindo que consentiu tal troca.

Na FC o preenchimento da receita médica destinado à farmácia é feito na totalidade informaticamente, aquando da finalização da venda. O sistema imprime, no verso da receita ou em documento anexo que é agrafado à receita, todas as informações relativas ao acto da dispensa. Posteriormente, é emitida uma factura/recibo da venda em causa, que é entregue ao doente, carimbado e rubricado, para efeitos de IRS.

Quando não estão disponíveis na farmácia todos os medicamentos prescritos na receita, o farmacêutico ou seu colaborador deverá entrar em contacto com os fornecedores para averiguar se possuem o medicamento em falta, além de verificar quando é que o mesmo estará disponível na farmácia. A informação obtida é então transmitida ao doente. No caso deste último pretender efectuar uma reserva do medicamento em questão, dever-se-á, num cartão de reserva, registar não só o nome do medicamento (com respectiva dosagem, forma farmacêutica e tamanho da embalagem), mas também o nome do utente. Tal permitirá que o utente possa ir recolher o medicamento mais tarde.

O correcto aviamento da receita implica a leitura óptica dos códigos de barras dos medicamentos, que constarão no verso da receita, colocar a data e assinatura do profissional que aviou a receita médica, assinatura da pessoa que levantou os medicamentos e carimbo da farmácia. O profissional deverá ter especial atenção aquando da introdução do organismo comparticipante. O sistema emitirá a factura da venda. O documento de facturação, emitido no verso da receita médica, contém os seguintes dados: nome, morada, número de telefone e de contribuinte da farmácia; nome da Direcção Técnica; data, número da venda e código identificativo do operador da venda; nº e abreviatura do organismo comparticipante; tipo da receita, nº de lote e

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nº da receita; descrição do medicamento, PVP do mesmo, valor da comparticipação, valor a pagar pelo utente, nº de unidades dispensadas e valores totais da receita (comparticipação e valor a pagar pelo utente), além do respectivo código de barras. Quando um medicamento não é comparticipado não é incluído no documento de facturação, apenas na factura entregue ao utente.

3.3. Sistemas de comparticipação

A maior parte dos medicamentos existentes nas farmácias são comparticipados, sendo o grau de comparticipação variável consoante a entidade que o comparticipa e o tipo de medicamento. A comparticipação dos MSRM baseia-se em acordos estabelecidos entre as entidades de saúde e os organismos comparticipantes.

A comparticipação concretiza-se através de um sistema de escalões em que o Estado paga parte do preço do medicamento, estando o escalão de comparticipação de cada medicamento predeterminado e dependente da sua classificação farmacoterapêutica.

A organização do sistema é feita numa perspectiva em que os medicamentos destinados a patologias mais incapacitantes ou crónicas terão classificações que permitirão comparticipações mais elevadas.

A comparticipação do Estado no preço dos medicamentos, segundo o Decreto‐Lei n.º 48‐A/2010 de 13 de Maio, é fixada de acordo com os seguintes escalões:

a) O escalão A é de 90 % do preço de venda ao público dos medicamentos; b) O escalão B é de 69 % do preço de venda ao público dos medicamentos; c) O escalão C é de 37 % do preço de venda ao público dos medicamentos; d) O escalão D é de 15 % do preço de venda ao público dos medicamentos.

Os grupos e subgrupos farmacoterapêuticos que integram os diferentes escalões de comparticipação são fixados por portaria do membro do Governo responsável pela área da saúde. O Serviço Nacional de Saúde considera, para efeitos de comparticipação dois tipos de regime:

 Regime Geral: abrange todos os utentes do SNS e os trabalhadores migrantes. Nas receitas manuais este regime está indicado pela colocação de uma vinheta rosa, nos casos em que é aplicável.

 Regime Especial: caso se trate de uma receita informatizada, este regime é indicado pela letra “R” situada abaixo do código de barras correspondente ao número de utente; se for uma receita manual este regime é indicado pela

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colocação de uma vinheta verde, nos casos em que é aplicável, ou então pela indicação da letra R no número de utente.

Consagra-se a comparticipação a 100%, para os utentes do regime especial, dos medicamentos que apresentem os cinco preços de venda ao público mais baixos dentro do respectivo grupo homogéneo. Ainda, em situações de Regime Especial de comparticipações, a comparticipação do Estado para os medicamentos do escalão A é acrescida de 5 %, os escalões B, C e D é acrescida de 15% para os pensionistas cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes o salário mínimo nacional em vigor ou 14 vezes o valor do indexante dos apoios sociais em vigor quando este ultrapassar aquele montante.

Para além das comparticipações anteriormente referidas, existem doenças abrangidas por comparticipações especiais, que estão identificadas na prescrição médica por diferentes Portarias, Despachos e Leis, nomeadamente:

 Despacho n.º 13020/2011 de 2011-09-29 - Consolida a disciplina que rege o regime especial de comparticipação dos medicamentos prescritos a doentes com doença de Alzheimer ou demência de Alzheimer

 Portaria n.º 364/2010 de 2010-06-23 - Define o regime de preços e comparticipações a que ficam sujeitos os reagentes (tiras-teste) para determinação de glicemia, cetonemia e cetonúria e as agulhas, seringas e lancetas destinadas a pessoas com diabetes.

 Despacho n.º 10279/2008 de 2008-04-08 - Comparticipação de medicamentos opióides, destinados ao tratamento da dor oncológica.

 Despacho n.º 10280/2008 de 2008-04-08 - Comparticipação de medicamentos opióides, destinados ao tratamento da dor crónica não oncológica moderada a forte.

 Despacho n.º 1234/2007 de 2007-01-25 - Comparticipação de medicamentos destinados ao tratamento da doença inflamatória intestinal.

 Despacho n.º 14123/2009 de 2009-06-23 - Comparticipação de medicamentos destinados ao tratamento da artrite reumatóide e da espondilite anquilosante.  Lei n.º 6/2010 de 2010-05-07 - Inclui no escalão A de comparticipação os medicamentos queratolíticos e antipsoriáticos destinados aos doentes portadores de psoríase.

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 Despacho n.º 11387-A/2003 de 2003-05-23 - Determina o acesso por parte dos doentes com lúpus, hemofilia ou hemoglobinopatias aos medicamentos comparticipados pelo Estado.

 Despacho n.º 4521/2001 de 2001-03-05 - Determina que os custos dos medicamentos para os doentes com paramiloidose sejam suportados pelo Serviço Nacional de Saúde.

Todos os cidadãos portugueses têm acesso ao SNS e por isso, este constitui o maior organismo de comparticipação. São igualmente beneficiários do SNS os cidadãos nacionais de Estados membros da União Europeia, nos termos das normas comunitárias aplicáveis, os cidadãos estrangeiros residentes em Portugal, em condições de reciprocidade, e os apátridas residentes em Portugal.

Na FC as entidades comparticipantes mais frequentes são o Serviço Nacional de Saúde (SNS), a Assistência na Doença aos Servidores do Estado (ADSE). Contudo também tive oportunidade de contactar com outras entidades tais como: ADMG (GNR); SAD/PSP; SAVIDA (EDP); Portugal Telecom (PT); Seguros (Multicare), o Sindicato dos Bancários do Norte (SBN); e o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB).

Cada um deles tem um código específico, que pode ser consultado no próprio sistema informático. Caso surjam dúvidas quanto aos acordos das diversas entidades comparticipantes, existe na farmácia o Mapa de Acordos da ANF que pode e deve ser consultado. Sempre que os acordos de comparticipação são alterados, a ANF envia uma circular às farmácias, para que procedam à respectiva actualização, que é automaticamente integrada pelo sistema informático.

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Alguns beneficiários do SNS possuem também outro sistema de comparticipação podendo ocorrer, nestes casos, complementaridade dos dois sistemas. Nestas situações a receita tem de ser prescrita dentro do SNS e, na farmácia, mediante apresentação de comprovativo de beneficiário de um subsistema, pode-se fazer complementaridade ficando cada uma das entidades encarregue do pagamento de uma parte do PVP do medicamento.

Com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 270/2002, de 2 de Dezembro, as comparticipações passaram a ser estabelecidas com base no Sistema de Preços de Referência (SPR). Este sistema aplica-se aos medicamentos comparticipados

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incluídos em grupos homogéneos (GH). Por GH entende-se o “conjunto de medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, forma farmacêutica, dosagem e via de administração, no qual se inclua pelo menos um medicamento genérico existente no mercado”.

De acordo com o Decreto-Lei nº 106-A/2010, de 1 de Outubro de 2010, o preço de referência (PR) para cada grupo homogéneo corresponde à média dos cinco PVP mais baixos praticados no mercado, tendo em consideração os medicamentos que integrem cada GH. Entende-se por PR o valor sobre o qual incide a comparticipação do Estado no preço dos medicamentos incluídos em cada um dos GH, de acordo com o escalão ou regime de comparticipação que lhes é aplicável.

O quinto preço mais baixo é atualizado trimestralmente pelo INFARMED, I. P., após a aprovação dos preços de referência dos grupos homogéneos, e produz efeitos em simultâneo com estes.

3.4. M edicamentos Genéricos

Um Medicamento Genérico (MG) é definido, de acordo com o Estatuto do Medicamento (Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de Agosto), como um “medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias activas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados”.

Segundo o mesmo Decreto-Lei, um Medicamento de Referência é definido como “medicamento que foi autorizado com base em documentação completa, incluindo resultados de ensaios farmacêuticos, pré-clínicos e pós-clínicos”.

Os Medicamentos Genéricos podem ser comercializados após a queda da patente do medicamento de referência. Apresentam a mesma biodisponibilidade e bioequivalência e não podem invocar para si indicações terapêuticas diferentes dos medicamentos de referência. A sua qualidade, segurança e eficácia encontra-se garantida, pois são sujeitos a testes rigorosos cujos resultados são similares aos medicamentos de referência.

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Estes medicamentos têm um preço inferior aos de marca, já que só lhe são imputados custos de fabricação pelo simples facto dos outros investimentos efectuados em investigação, avaliação, controlo e na aquisição dos direitos de propriedade industrial terem sido já realizados pelo laboratório produtor da molécula, aquando da sua aparição no mercado. Isto permite que os medicamentos genéricos sejam colocados no mercado a um preço mais favorável para o utente. Além do mais, e como estratégia adoptada pelo Estado para aumentar a adesão a este género de medicamentos, estes são comparticipados pelos mesmos escalões de comparticipação que os restantes medicamentos.

No que diz respeito à dispensa de medicamentos genéricos, ela faz-se mediante a apresentação de uma receita médica de modelo normal do SNS devidamente preenchida. Sempre que o médico prescritor considere haver motivos para autorizar ou não a dispensa de um MG em vez de um medicamento de marca, deverá assinalar a sua decisão no local próprio para o efeito (no canto inferior direito da receita). O não preenchimento ou o preenchimento simultâneo dos dois campos que constam do rodapé da receita médica equivalem à concordância do médico com a dispensa do medicamento genérico.

Frequentemente surgem questões por parte dos utentes relativamente a estes medicamentos. O farmacêutico deve dar toda a informação de forma clara e precisa de modo a esclarecer devidamente a pessoa e a eliminar possíveis desconfianças infundadas.

O Sistema de Preços de Referência (SPR) remete para o Sistema de Comparticipação do Estado no preço dos medicamentos, no âmbito do SNS e aplica-se apenas a alguns grupos de medicamentos que apreaplica-sentam a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias activas, forma farmacêutica, dosagem e via de administração para os quais existe pelo menos um medicamento genérico no mercado.

Os medicamentos nestas condições encontram-se agrupados em Grupos Homogéneos. A cada Grupo Homogéneo é atribuído um Preço de Referência (PR), correspondem à média dos cinco PVP mais baixos praticados no mercado, tendo em consideração as apresentações dos medicamentos que integram cada um dos

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referidos grupos e que se encontram identificados no anexo do Despacho nº 5197/2011, que se encontra válido para o segundo trimestre do presente ano.

Desta forma, medicamentos cujo PVP seja igual ou inferior ao estabelecido pelo Estado como Referência são comparticipados em função do PVP. Medicamento cujo PVP seja superior, o Estado apenas comparticipará a percentagem correspondente ao valor do PR, incluindo medicamentos comparticipados pelo Escalão A (100%), sendo que também nestes casos o utente deverá pagar a diferença entre o PVP e o PR.

3.5. Psicotrópicos e Estupefacientes

Os Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes pertencem a um grupo de medicamentos cujos princípios activos exercem efeito a nível do Sistema Nervoso Central (SNC). Do ponto de vista clínico e farmacológico, os conceitos de “psicotrópico” e de “estupefaciente” não são fáceis de definir.

Medicamentos psicotrópicos são aqueles que exercem uma acção sobre os processos mentais e emocionais, modificando a actividade psíquica. Medicamentos Estupefacientes são os que provocam alterações psicossomáticas, criando apatia, entorpecimento e um estado generalizado de prostração, produzindo tolerância e dependência física e psíquica.

Este tipo de medicamentos está sujeito a um controlo rigoroso, desde o acto da prescrição até à dispensa, sendo regulado pelo Decreto-Lei. n° 15/93, artigo 15°, de 22 de Janeiro, rectificado a 20 de Fevereiro e posterior Decreto-Lei. Regulamentar n° 61/94, de 12 de Outubro. Deste modo, visa-se evitar o seu uso impróprio ou ilícito, já que apresentam grande susceptibilidade para causar tolerância e dependência física. A Lei n.º 14/2005, de 26 de Janeiro, que altera pela 13ª vez o Decreto-Lei nº 15/93 de 22 de Janeiro e todas as alterações anteriores, regulam a dispensa e consumo de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, classificando-os em seis tabelas subdivididas das quais interessa destacar quatro:

 Tabela I: IA (Ópio e opiáceos); IB (estimulantes do SNC análogos dos alcalóides da coca) e IC (Análogos da planta Cannabis);

 Tabela II: IIA (Alucinogénicos); IIB (Anfetaminas) e IIC (Barbitúricos de acção curta e outros hipnóticos).

Referências

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