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Expressões da pobreza na população idosa de Natal RN análise conceitual

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

BRUNA CHRISTIANE MENDES FERNANDES

EXPRESSÕES DA POBREZA NA POPULAÇÃO IDOSA DE NATAL/RN:

ANÁLISE CONCEITUAL

NATAL/RN

JUNHO/2019

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BRUNA CHRISTIANE MENDES FERNANDES

EXPRESSÕES DA POBREZA NA POPULAÇÃO IDOSA DE NATAL/RN:

ANÁLISE CONCEITUAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de graduação em Serviço Social, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção de título de bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profa. Ms. Layana Silva Lima

NATAL/RN JUNHO/2019

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BRUNA CHRISTIANE MENDES FERNANDES

EXPRESSÕES DA POBREZA NA POPULAÇÃO IDOSA DE NATAL/RN:

ANÁLISE CONCEITUAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de graduação em Serviço Social, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção de título de bacharel em Serviço Social.

Aprovado em: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA:

________________________________________ Profa. Ms. Layana Silva Lima

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Orientadora

________________________________________

Profa. Dra. Miriam de Oliveira Inácio

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Membro interno

________________________________________ Profa. Ms. Taíse Cristina Gomes C. Negreiros Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

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Dedico esse trabalho à Deus. Minha fonte de sabedoria e inspiração, pelo qual me deu forças para chegar até aqui. Sem Ele não seria possível.

Dedico a meu pai Josias e minha mãe Fátima, pelo esforço em compreender e me ajudar em meus momentos mais difíceis.

Dedico (em memoria) a Maria das Dores Xavier de Brito, uma amiga querida que tanto me ajudou, mas teve que parti antes de me vê realizando este objetivo tão almejado.

Dedico também a todos os idosos do nosso país. Que possam muito em breve conseguir acesso de forma integral aos seus diretos e possam viver em condições de vida digna.

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AGRADECIMENTOS

Após tantas lutas e desafios para chegar até aqui, tenho muito e a muitos a quem agradecer.

Gratidão a Ti, meu amado e querido Deus. Meu amigo, protetor e guia. Sem Ti eu não estaria fechando mais esse ciclo em minha vida. Para Ti, meu Deus, seja toda honra e glória!

Pai Josias e mãe Fátima, obrigada por me incentivarem, por não me deixarem desistir quando já não tinha mais força para continuar. Gratidão por seu amor incondicional a mim. Pai e mãe, eu os amo muito além do que possam imaginar.

Ebenezer, obrigada por está comigo em todos os momentos, principalmente naqueles em que o desespero chegava e eu ficava sem rumo. Muito obrigada por está sempre ao meu lado, seu apoio e ajuda foram essenciais durante todo esse processo.

Agradeço as minhas amigas (irmãs) que Deus me deu. Dani Garcia, obrigada por sua paciência e generosidade para me ouvir, principalmente quando eu estava achando que nada daria certo. Sou grata pelos concelhos, puxões de orelha, palavras de incentivo e todo o resto. Obrigada (Rô) Rosi Silva, com seu jeitinho meigo e sempre tão paciente me faz sempre enxergar que tudo dá certo no final. Basta perseverarmos. Obrigada pelos concelhos, para que eu seguisse meu coração. Deram certo. Devo muito mementos felizes ao seu “vai amiga, aproveite...”. Sou grata a vocês duas por tudo que fizeram e fazem por mim. Só quem tem um amor de irmã (como o nosso) falaria o que eu precisava ouvir e não o que eu queria ouvir.

Agradeço a todos, amigos e familiares, que contribuíram direta ou indiretamente para o sucesso do meu trabalho de conclusão de curso. Em especial, sou muito grata a Joaci, irmão amado. Você foi de uma ajudar impar. Meus sinceros agradecimentos a Vamberto Brito e Dorinha Brito (em memoria). Vocês foram essenciais para o poder fazer este percurso e chegar até aqui.

Obrigada a todas as professoras do DESSO com quem tive a honra de estudar, aprender e me apaixonar pelo Serviço Social. Em especial, agradeço a professora Layana Lima, sua orientação e paciência foram indispensáveis para a conclusão deste trabalho. Obrigada professora, sem você eu não teria aprendido o poder do pensamento positivo.

Sou grata a todas as adversidades, lutas e desafios pelos quais passei no decorrer do curso e no processo de elaboração deste TCC. Foram essas adversidades que me fizeram crescer como ser humana, como pessoa. Foram as tribulações diárias da vida que me impulsionaram a sempre buscar ser uma pessoa melhor a cada dia.

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Como se Morre de Velhice

Como se morre de velhice ou de acidente ou de doença, morro, Senhor, de indiferença. Da indiferença deste mundo onde o que se sente e se pensa não tem eco, na ausência imensa. Na ausência, areia movediça onde se escreve igual sentença para o que é vencido e o que vença. Salva-me, Senhor, do horizonte sem estímulo ou recompensa onde o amor equivale à ofensa. De boca amarga e de alma triste sinto a minha própria presença num céu de loucura suspensa. (Já não se morre de velhice nem de acidente nem de doença, mas, Senhor, só de indiferença.) Cecília Meireles, in 'Poemas (1957)

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RESUMO

O processo de envelhecimento populacional é uma realidade, tanto no Brasil como nos demais países do mundo. Contudo a realidade do envelhecimento difere bastante dos países desenvolvidos para os que estão em desenvolvimento como é o caso do Brasil. Em nosso país o processo se deu e está se dando de forma muito acelerada sem que o Estado tenha tido uma preocupação inicial com esse processo. O que acarreta uma grande gama de desafios e implicações sociais, tendo em vista o contexto social de pobreza, desigualdade e exclusão social em que vivem os brasileiros. Por tanto, o presente trabalho tem o intuito de contribuir nas discussões acerca da temática da pobreza, políticas públicas e sua relação com os idosos na sociedade brasileira e mais especificamente no Município de Natal/RN. Busca trazer a luz da realidade como estão vivendo os idosos no contexto social do país e também de Natal/RN, e quais as implicações trazidas por esse quadro social. Além de se fazer um estudo acerca do processo de envelhecimento, o trabalho também trará abordagens sobre alguns conceitos que influenciam sobremaneira na qualidade de vida da pessoa idosa. Tendo como um dos maiores influenciadores o sistema capitalista vigente, que afeta não apenas a faixa etária citada mais as diversas camadas da sociedade, o capitalismo se apresenta como determinante da realidade socioeconômica de todos, em especial dos idosos. Os maiores prejudicados são os indivíduos trabalhadores e em situação de vulnerabilidade social, como os idosos, os desempregados, os deficientes, dentre outros. O estudo também vai trazer um breve histórico sobre a criação e efetivação das politica públicas e como elas atuam e quem são os agentes responsáveis por sua efetivação. Nesse estudo faremos uma analise sobre as leis e diretrizes direcionadas a população idosa e veremos se na realidade vivenciada por essa parcela da população tais direitos garantidos pela Constituição Federal/1988 e os diversos aparatos legais são efetivados e colocados em prática.

Palavras chave: Pobreza, Políticas Sociais, População idosa. ABSTRACT

The process of population aging is a reality, both in Brazil and in other countries of the world. However, the reality of aging differs greatly from developed countries to those that are developing, as is the case in Brazil. In our country the process has taken place and is occurring very quickly if the State has had an initial concern with this process. This entails a wide range of challenges and social implications, given the social context of poverty, inequality and social exclusion in which Brazilians live. Therefore, the present work aims to contribute to the discussions on the theme of poverty, public policies and their relation with the elderly in Brazilian society and more specifically in the Municipality of Natal / RN. Seeking to bring to light the reality of how the elderly are living in the social context of the country and also of Natal / RN, and what are the implications of this social situation. In addition to making a study about the aging process, the work will also bring approaches on some concepts that greatly influence the quality of life of the elderly person. Having as one of the major influencers the current capitalist system, which affects not only the age group mentioned but the various layers of society, capitalism presents itself as a determinant of the socioeconomic reality of all, especially the elderly. The study will also provide a brief history about the creation and effectiveness of public policies and how they act and who their agents are responsible for their effectiveness. In this study we will analyze the laws and directives directed to the elderly population and we will see if in reality lived by this part of the

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population such rights guaranteed by the Federal Constitution / 1988 and the various legal apparatuses are actually put into practice and put into practice.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 11

2 A POBREZA E SUA EVOLUÇÃO E EXPRESSÕES NA CONTEMPORANEIDADE 16 2.1 A pobreza enquanto categoria teórica ... 19

2.2 Pobreza relativa e pobreza absoluta ... 20

2.3 Exclusão social utilizada como expressão da pobreza ... 22

3 AS EXPRESSÕES DA POBREZA SOBRE O SEGMENTO IDOSO ... 26

3.1 Aparatos legais para os idosos: Entre o legal e o real. ... 27

3.2 Desigualdades social e pobreza e sua relação com a população idosa de Natal/RN ... 37

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11 1 – INTRODUÇÃO

O objetivo desta pesquisa é analisar a relação entre a pobreza e a população idosa na dinâmica do capitalismo e no curso da reestruturação produtiva com ênfase no município do Natal/RN. Partimos do pressuposto que esse segmento da população vem ganhando cada vez mais espaço em nossa sociedade, pois com o desenvolvimento de técnicas e uma melhoria da qualidade de vida propiciou o aumento da perspectiva de vida. No entanto, em decorrência da dinâmica promovida, sobretudo, pelo neoliberalismo as políticas voltadas à proteção social não se efetivam de forma ampla, ficando essa população à margem da intervenção do Estado, apesar da existência de aparatos legais.

Em razão de precarização da materialização da proteção social, e das novas configurações da “questão social que intensifica seus reflexos na sociedade, essa parcela da população passa a conviver com a vulnerabilidade social e a pobreza. Embora estes sejam conceitos distintos comungam para o não acesso aos bens necessários de promoção de uma vida digna. Segundo LIMA, 2010. p. 2. “[...] população que está envelhecendo ou envelhecida e, os grupos familiares experimentam várias alterações e se reorganizam, na maioria das vezes, na tentativa de sobreviver”.

Estamos nos referindo aos idosos, que por um processo biológico natural, acabam muitas vezes perdendo sua agilidade e rapidez no desenvolvimento de suas tarefas cotidianas. No contexto social em que vivemos atualmente, onde a rapidez e a capacidade produtiva é uma moeda valiosa, esse grupo acaba sendo excluído da sociedade, seja do convívio ou do mercado de trabalho. Acaba relegando o idoso a qualidade de inútil, e no seio da sociedade capitalista em que vivemos, onde o imperativo é o ser jovem, rápido no desenvolvimento de ações, tudo para colaborar com a reprodução do sistema capitalista.

Observa-se que esse crescimento acelerado dos indivíduos acima de 60 anos está ocorrendo devido a uma queda na taxa de fecundidade e natalidade e que o quadro atual é de deficiência nas politicas de proteção social, bem como uma taxa elevada de pobreza e desigualdade de renda. Em que medida esse contexto de pobreza, desigualdade e exclusão social incide na vida dessa camada da população em Natal/RN?

Muitos idosos passaram toda sua juventude e vida adulta contribuindo para movimentação do sistema capitalista, acreditando que, chegado a chamada “melhor idade” iria aproveitar todos os benefícios e direitos pelos quais lutou a vida inteira.

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Porém, a realidade é totalmente diferente tendo em vista a sua dificuldade de inserção 1

no mercado de trabalho, as imensas barreiras impostas para que se consiga o mínimo de proteção social, o que deveria ser direito assegurado, não se tem tanta certeza de que chegando a essa fase da vida o Estado cuidará para que os idosos tenham um mínimo de acesso a bens e serviços indispensáveis ao seu bem estar. A população idosa constitui um grupo vulnerável,2 potencialmente sujeito ao estado de pobreza e consequentemente sua exclusão do meio social, tudo por não possuir recursos para se manter ativo/atuante no sistema. O idoso é descartado como algo que já não serve, pela lógica produtiva do capital,, o que causa preocupação e despesa tanto para o Estado, quanto para a família e em meio a crise do país, seus problemas se agravam e seus direitos que foram conquistados por meios de longas lutas, acabam sofrendo um desmonte de forma assustadora, transformando os idosos, parcela significante da população em sujeitos ainda mais descobertos, penalizados, excluídos e aumentando o índice de pobreza entre a população idosa.

O sistema alega que o idoso, em suas características de empregabilidade e produtividade, acaba declinando gradativamente a partir de certo momento do seu ciclo natural da vida. Vale salientar que esses idosos não se tornam incapazes por sua idade, apenas não conseguem manter o mesmo ritmo de quando jovem. Mas nada que o impeça de fazer suas atividades, trabalhar etc. A questão do ritmo acelerado ou não é atribuído a sua condição biológica normal e não por sua idade. “O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que levanta questões a serem equacionadas pela sociedade e pelos formuladores de políticas públicas”. (LIMA, 2010, p. 5). Porém, em razão do próprio ciclo natural da vida, a capacidade laborativa é restringida, cabendo ao Estado prover os direitos da população idosa.

Devido a rapidez que o sistema capitalista exige dos seus explorados, o idoso passa a sofrer intensa dificuldade para obter renda por meio do trabalho, eles passam a depender significativamente de outras fontes de renda, principalmente da aposentadoria ou benéficos, que além de não ser um valor justo, os fazem sofrer preconceitos, pois a aposentadoria virou um símbolo, um estigma de velhice.Entretanto é pertinente ressaltar que o processo de contrarreforma visa retroceder a aposentadoria, transformando um direito em um ônus socialEssas fontes de renda secundárias a que os idosos têm que recorrer para manter sua subsistência, costuma variar absurdamente. No que se refere a pessoa idosa e a questão da

1Cabe enfatizar que muitos idosos iniciaram suas atividades laborativa no curso da fase infanti-juvenil, contudo

como essa inserção se deu no núcleo familiar ou no setor informal anos de trabalho não são considerados no quantitativo para ingresso a benefícios – a exemplo do Beneficio de Prestação Continuada (BPC) ou aposentadoria.

2Consideramos assim pois, caso não possuidor de renda ou de benefícios/direitos assegurados pelo Estado, por

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pobreza e desigualdade no Brasil dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2015, eram quase 24 milhões de idosos no país. A previsão para os próximos anos é de um crescimento ainda maior dessa população idosa. A questão é:, o Brasil está preparado para receber e dar conta dessa demanda? O sistema de políticas públicas para erradicação da pobreza, transferência de renda e outros conseguem realmente suprir as necessidades desses indivíduos, que em sua maioria vivem em condições precárias de subsistência.

A pobreza, enquanto expressão da “questão social” não é um produto da conjuntura atual, entretanto, no contexto neoliberal e do capital financeiro essa adquire configurações que a torna mais complexa e com maiores dimensões. Dentre os membros familiares, a criança e o idoso são considerados mais passíveis de terem seus direitos violados, e a vivência na condição de pobreza amplia ainda mais essas possibilidades.

Os índices de pobreza e desigualdade se expressam de forma alarmante (violência, desemprego, violação de direitos entre outros) e o risco desses idosos passarem a viver sob essas condições é muito elevado. Os levantamentos de dados sobre pobreza tornam-se deficitários, pois levam em conta apenas o contexto econômico dessa população, se afastando do quadro real.

No entanto, estimativas de pobreza, que normalmente consideram apenas medidas de carência de renda, podem não refletir adequadamente a real situação dos idosos, uma vez que as condições de saúde, de moradia, o apoio familiar, entre outros, não são considerados na análise. (AGOSTINHO E MÁXIMO, 2006, p.1).

Torna-se imprescindível o fortalecimento e materialização conforme a carta constitucional de políticas públicas que sejam direcionadas tanto para o combate a pobreza ,como para dar melhor qualidade de vida na perspectiva da integralidade com vista que o indivíduo alcance a fase idosa não esteja à mercê das vulnerabilidades.

Um ponto não considerado quando da analise de dados sobre a economia é a volatividade na estrutura de gastos e na renda domiciliar per capita da população. Sendo que a maior volatividade ocorre quase sempre devido a gastos inesperados, principalmente com relação a sua saúde.

A condição de bem estar dos idosos têm uma estreita relação com seu nível de acesso a bens e serviços destinados a uma melhor qualidade de vida dessa camada população. Então fica fácil o raciocínio de que as condições de vida dos idosos merece um olhar especial. O problema é que uma grande parcela dessa população vive na pobreza sem condições financeiras que lhes possibilite um acesso à saúde, a alimentação e a suprimentos básicos para

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sua subsistência muito menos para conseguirem realizar outras formas de inserção social. Se lhes falta o básico, como terão acesso a outros tipos de bens como lazer, educação. Como falar sobre programas de saúde e promoção à qualidade de vida dessa parcela da população sem antes ter-se havido formulações de políticas públicas que possibilitem sua retirada da zona de pobreza e sua inclusão na saciedade.

[...] O envelhecimento da população é uma aspiração natural de qualquer sociedade, mas não basta por si só. Viver mais é importante desde que se consiga agregar qualidade aos anos adicionais de vida. (COSTA e VERAS, 2003, p.1)

As políticas públicas destinadas aos idosos vem se mostrando insuficientes para lhes garantir o mínimo de cuidados e bem estar em razão da operacionalização insuficiente condizente com a agenda neoliberal. No caso da saúde3 dessa população, as políticas estão passando por um grande desmonte, nesse período de neoliberalismo. A população ficando a mercê da própria sorte, pois à cada dia essa política é desmontada, sobretudo, no tocante ao seu financiamento, e cada um sendo responsabilizado por sua condição e qualidade de vida na qual está inserido. O efeito acaba sendo dramático, quando nos referimos ao quadro da saúde a uma população que já vem sendo vitimada, sofrendo preconceito, vendo os seus direitos dia a dia sendo desmantelados.

A pobreza e as situações de privação e violação de direitos passam a fazer parte do cotidiano desses idosos, muitos deles gastam sua aposentadoria com medicamentos e tratamentos médicos. Não lhes sobrando nada para que possam usufruir de um mínimo de dignidade e subsistência. Nesse contexto encontramos dezenas, milhares de idosos a mendigar atendimento médico nos hospitais.

Cabe ressaltar ainda, que em razão da pobreza da qual um quantitativo significativo das famílias brasileiras vivenciam, a renda que o idoso possui é voltada para o provimento do núcleo familiar. Fato que sujeita o idoso a situação de privação, pois não terá acesso aos medicamentos necessários, alimentação adequada e materiais de higiene essenciais. Tal consideração não objetiva culpabilizar a família na perspectiva de uma concepção de matricialidade sócio familiar de cunho conservador e moralizador, mas apontar o quanto esse núcleo encontra-se desprotegido, em razão da desresponsabilizarão do Estado perante as demandas sociais.

3 No caso da Assistência Social, a proteção básica no domicílio voltada aos deficiente e idosos não é efetivada

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Um fator bastante importante a ser observado e analisado nesse contexto é a relação entre o grau de pobreza e o tipo de tratamento humano que lhes são designados. Quanto maior a insuficiência de renda, mais a falta de estruturação, de educação e conhecimento desses indivíduos. Essa falta de informação, na maioria dos casos acaba fazendo com que a maioria desses idosos não questiona sobre os seus direitos, não reivindicando o que lhes pertencem e que está instituído por lei.

Diante das questões levantadas, o presente trabalho pretende discutir a temática pobreza e envelhecimento por meio por meio de três capítulos, são eles: A pobreza e sua evolução e suas expressões na contemporaneidade, As expressões da pobreza sobre o segmento idoso, Aparatos legais para os idosos: Entre o legal e o real.

Para tal fim, o estudo se balizou por meio de um referencial teórico crítico, do qual identifica o processo de vulnerabilidade da pessoa idosa como inerente da lógica do desenvolvimento capitalista. Assim, as pesquisas realizadas foram norteadas pela concepção crítica da qual tive aproximação no curso da formação e que balizou as concepções a afirmativas aqui realizadas. Desse modo, a investigação foi realizada de maneira qualitativa, bibliográfica, procurando articular a metodologia critica-dialética com os determinantes sociais que permeiam a vivencia da pessoa idosa em seu cotidiano, tanto em seu aspecto político quanto social. A revisão bibliográfica será sobre as categorias pobreza, desigualdade e pessoa idosa. Vale ressaltar que segundo PESSÔA, [...] ênfase na análise qualitativa, pois se busca não só os fatos em si, mas os seus significados para os sujeitos; “a preocupação se dirige para aquilo que os sujeitos da pesquisa vivenciam como um caso concreto do fenômeno investigado. (PESSÔA, 2010, p. 51).

Buscasse-a, através da leitura bibliográfica sobre a temática e analise de dados estatísticos encontrados em institutos de pesquisas sobre a população brasileira em seus muitos aspectos, fazer um levantamento sobre a realidade vivida pela população idosa. Para aprimoramento dos dados da pesquisa será elaborado um roteiro para análise documental. A análise dos dados coletados constitui uma etapa essencial para a finalização da pesquisa, pois, nessa fase, os dados relevantes são desdobrados no intuito de possibilitar entendimento ou não do problema de pesquisa a ser considerado. (PESSÔA, 2010. P. 55)

O estudo se efetivou através de pesquisas documentais em livros, artigos, periódicos, leis e estatutos e normas, ensaios e documentários sobre o tema. Bem como através de pesquisas em sites que fazem referência ao tema pobreza, desigualdade e idosos. Também se fará levantamentos de informações através de sítios como o Instituto Brasileiro de Geografia e

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Estatística (IBGE), O Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA), Atlas do O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM).

O interesse na abordagem dessa temática, a pobreza e sua relação com a população idosa, se deu através das vivencias e observações cotidianas, bem como do interesse particular em conhecer mais a respeito da faixa etária. Tendo em vista que é uma temática muito atual e que merece que se tenham mais estudos e pesquisas, debates e discussões sobre o tema a fim de se conseguir num futuro próximo uma maior efetivação dos direitos da pessoa idosa e também que essa temática seja de amplo conhecimento para a sociedade de modo geral. Como conhecimento é poder, poderíamos unir forças na busca por mecanismos que possam garantir de forma eficaz que os idosos tenham condições de vida digna e igualitária. Com a acesso a bens e recursos que lhes garantam sua atuação na sociedade de forma ativa.

2 A POBREZA, SUA EVOLUÇÃO E EXPRESSÕES NA

CONTEMPORANEIDADE

A pobreza é um fenômeno que atinge o mundo inteiro, mas os países chamados de “emergentes”, 4como alguns países asiáticos, africanos e sul-americanos são os atingidos de forma mais dramática. Esses países concentram uma grande parte da população que vivem com menos de um dólar por dia.

A questão da pobreza vem sendo estudada e analisada sob diferentes pontos de vista, de pesquisadores os mais diversos. Devido a demanda cada vez mais urgente de se ter um resposta ao fenômeno da pobreza devido seus impactos, os pesquisadores do tema abordam diversas teorias e elaboram diversos conceitos para tentar explicar a pobreza como fenômeno que não tem sido amenizado nos últimos anos, muito embora tenha-se desenvolvido o mercado econômico, a pobreza tem se elevado nas últimas décadas, atingindo tantos os que já se encontravam no pauperismo quanto as pessoas que não eram consideradas pobres e acabaram por integrar esse contingente de indivíduo. Entendemos que nesta organização social, capitalismo, a pobreza é um problema estrutural inerente à própria lógica do sistema, e portanto, sendo possível mediação.

4De modo geral, são considerados emergentes aqueles países subdesenvolvidos que apresentam quadros de

crescimento econômico próspero e características socioeconômicas que diferenciam esses países das demais economias periféricas. O termo foi primeiramente utilizado pelo Banco Mundial na década de 1980 e, desde então, passou a incorporar os jargões econômicos e os noticiários de todo o mundo”. PENA, Rodolfo F. A. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/paises-emergentes.htm Acesso em 06/06/2019.

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Segundo análise de pesquisa da literatura mais recente sobre o tema pobreza, pode-se observar que houve nos últimos tempos uma mudança nesse quadro. Diferencia-se a pobreza do passado. Para (SILVA, 2002, p.1), são três novos fatos que fazem a distinção do fenômeno da pobreza do passado para a pobreza da atualidade. O primeiro fato, segunda a autora é a reincidência no aceleramento dos índices de pobreza, muito embora nunca tenha sida a pobreza erradica, houve baixa nos índices nos anos de 1950, 1960, e 1970. Mas a partir dos anos 1980 os índices de pessoas vivendo em situação de pobreza passam a aumentar. O segundo fato citado por SILVA (2002) diz respeito à contradição entre a realidade de riqueza e as desigualdades presentes no cotidiano dos indivíduos.

O que se percebe é um aumento na geração de riquezas com uma distribuição cada vez mais injusta da mesma. À medida que cresce a economia do país aumenta as desigualdades sociais entre a população. Este fato se dá pela detenção da maior parte dos recursos nas mãos de poucos. Mostra-se aqui “uma realidade de riqueza e privação, com distribuição cada vez mais desigual entre Norte e Sul, entre regiões, países, áreas, entre indivíduos...”. Para SILVA, 2002, p 4. “[…] a pobreza decorre, em grande parte, de um quadro de extrema desigualdade, marcado por profunda concentração de renda”. Tal concentração se expressa na de forma bastante significativa na classe burguesa.

O terceiro fato citado pela autora que expressa as mudanças comparativas entre pobreza do passado e a pobreza de hoje é o surgimento de um novo conceito sobre o tema, denominado de “Nova pobreza” 5. Nos últimos anos observou-se que pessoas que viviam acima da linha da pobreza, tiveram seu nível socioeconômico reduzido nos países do terceiro-mundo. Bem como a população de países ricos passaram a integrar o “Quarto-mundo”. A “nova pobreza” afeta não apenas as pessoas que eram pobres, mas passa a atingir a população, grupos e pessoas que nunca vivenciaram tal estado de pobreza em decorrência das transformações societárias em curso. Exemplos de tais cidadãos que passaram a viver a pobreza são os professores, empregados do setor moderno, os que possuíam vínculo formal e que agora sobrevivem por meio da informalidade, terceirizados, jovens, mulheres, negros/as, etc. Observa-se assim, que a pobreza atinge também os países ricos e não apenas os países

5“[...] talvez as figuras mais representativas do que se chama «nova pobreza» são os trabalhadores qualificados

expulsos do seu trabalho devido às reconversões industriais e às alterações tecnológicas; alguns pequenos empresários, comerciantes, artesãos e profissionais sem possibilidade de adaptação; pessoas, especialmente mulheres, que tendo responsabilidades familiares não podem obter trabalho ou que o perdem; pessoas que se endividam para além das suas posses. Não se trata de indivíduos inconformistas como no caso anterior; ou inaptos para o trabalho e sem relações sociais; são, sim, pessoas com dificuldades relacionadas com o emprego e com os seus rendimentos”. (Jordi Estivill; 2003, p. 22).

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considerados periféricos, considerando que em proporções diferentes em decorrência do nível alcançado de proteção social.

No caso dos países ricos, a pobreza e a exclusão social, seria, principalmente, resultado do esgotamento do modelo clássico de integração na sociedade moderna pela via do pleno emprego, e, consequentemente, ampla participação no mercado dos consumidores; na situação do brasileira, o fator tecnológico inibidor da produção de novos empregos, mais recente, teria vindo agravar o modelo tradicional do mercado urbano restringido, ele próprio já excludente. (OLIVEIRA, 1997, p.145.).

Todo esse quadro de estagnação na diminuição dos índices de pobreza ocorre num contexto de mudanças das sociedades contemporâneas decorrentes da restruturação produtiva, se efetivou em decorrência dos avanços proporcionados pelas inovações tecnológicas, que permitiram uma maior eficiência no processo produtivo, minimizando erros e acelerando a produção. Gerando com isso mudanças sociais, econômicas e culturais das sociedades, agravando o quadro de pobreza, padrões de vida da população pobre, seus rendimentos e seus modos de vida. Também atinge a quantidade e a qualidade dos serviços sociais prestados a esses indivíduos, a exemplo das políticas públicas que vivenciam processos de enxugamento, fato que impulsiona o caráter paliativo, restritivo e seletivo. Esse quadro de agravamento dos níveis de pobreza, tem seu ponto alto na década de 1990, onde acorre a acentuação da economia globalizada, a redução dos gastos sociais, o ajuste fiscal e monetário, desregulamentação, controle das contas públicas, a abertura dos mercados internacionais, tudo isso orientado pela lógica da eficiência econômica pautada no neoliberalismo. Tendo como discurso que tais medidas dariam sustentabilidade financeira ao Estado, possibilitando o crescimento econômico e a redução ou erradicação da pobreza e da desigualdade social tão marcante na sociedade.

No ano de 2000, na cidade de Nova York, aconteceu a maior reunião entre chefes e governos de Estado de todo o mundo. O quadro de pobreza crescente e o acirramento da concentração de riqueza foram pauta deste evento. Tal reunião evidência o fato que o aumento da condição de pobreza gerou preocupação dos Estados, o que significa que o capitalismo acentua cada vez mais a desigualdade entre as classes sociais.

Em 2001, o “Dissenso de Washington6” se contrapõe as propostas elaboradas pelo Consenso de Washington,7denunciando diversos fatores agudizadores da pobreza em todo o

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Onze anos depois de codificado pelo economista John Williamson, o "Consenso de Washington" é dado como fracassado e surge em seu lugar o "Dissenso de Washington". Trata-se de um trabalho recém-concluído por uma comissão de três especialistas reunida por duas das principais instituições de pesquisa dos Estados Unidos, o CEIP (iniciais em inglês para Fundo Carnegie para a Paz Mundial) e o IAD (Diálogo Interamericano). A principal responsável pelo trabalho é Nancy Birdsall, que foi vice-presidente-executiva do BID (Banco

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mundo. Entre tais fatores, são denunciados o aumento da concentração de renda e o aumento do desemprego, bem como o baixo crescimento econômico e a generalização da pobreza. Tal quadro, denunciado pelo “Dissenso de Washington”, mostra que na América Latina, adentra no terceiro milênio com uma população de mais de 150 milhões de pessoas vivendo na pobreza, isso equivale a um terço de indivíduos vivendo nesta situação. Essa realidade vem mostrar os impactos destrutivos das transformações em andamento no sistema capitalista contemporâneo vão deixando suas marcas sobre a população empobrecida e acentuando elementos decorrentes da formação sócio histórica desse continente no circuito do capitalismo.

O aviltamento do trabalho, o desemprego, os empregados de modo precário e intermitente, os que se tornaram não empregáveis e supérfluos, a debilidade da saúde, o desconforto de moradia precária e insalubre, a alimentação insuficiente, a fome, a fadiga, a ignorância, a resignação, a revolta, a tensão e o medo são os sinais que muitas vezes denunciam limites da condição de vida dos subalternizados na sociedade. (SILVA, 2016. p. 94).

2.1 A pobreza enquanto categoria teórica

O tema pobreza vem sendo estudado e analisado por diversos pesquisadores que se debruçaram sobre o tema em razão de sua intensidade. Estes procuram definir e explicar a urgência da questão da pobreza, a persistência do fenômeno nas sociedades capitalistas e pré-industriais, bem como nos países considerados desenvolvidos. Percebe-se na leitura e analise dessas pesquisas que há uma ambiguidade em relação ao fenômeno da pobreza, embora o crescimento econômico tenha sido bem relevante, há um acirramento no nível de pobreza da população.

Interamericano de Desenvolvimento) e agora é diretora do Projeto Carnegie de Reforma Econômica. Especialista em pobreza na América Latina, de seus tempos no BID, Nancy trouxe para o centro das propostas, batizadas de "10+1", a necessidade de buscar a equidade, ou seja, combater a pobreza e a injusta distribuição de renda na América Latina, o subcontinente de maior desigualdade no planeta.

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O Consenso de Washington foi uma recomendação internacional elaborada em 1989, que visava a propalar a conduta econômica neoliberal com a intenção de combater as crises e misérias dos países subdesenvolvidos, sobretudo os da América Latina. Sua elaboração ficou a cargo do economista norte-americano John Williamson. As ideias defendidas por Williamson ficaram conhecidas por terem se tornado a base do neoliberalismo nos países subdesenvolvidos, uma vez que depois do Consenso de Washington, os EUA e, posteriormente, o FMI adotaram as medidas recomendadas como obrigatórias para fornecer ajuda aos países em crises e negociar as dívidas externas. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/consenso-washington.htm

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O fenômeno da pobreza aparece na literatura com diferentes nomes ou expressões, mas há sempre o pressuposto da carência, falta de alguma coisa, a exclusão da população pobre da e pela sociedade. Mesmo com as diferentes nomenclaturas, a pobreza sempre aparece como escassez dos meios de subsistência ou uma desvantagem das pessoas pobres em relação ao modo de vida dominante em determinada sociedade. Para SILVA (2016), cada um desses termos ou expressões indica um estado particular da pobreza ou suas dimensões e características.

[...] pauperização, precarização, empobrecimento, desigualdade, exclusão social, vulnerabilidade, marginalidade, pobreza unidimensional, pobreza multidimensional, miséria, indigência, diferenças sociais, discriminação, segregação, desqualificação, privação, deficiência, inadaptação, pauperismo, precarização, apartheid social; estigmatização, baixa renda, classe baixa, underclass, (SILVA, 2013, p.33).

É importante esclarecermos que a pobreza existe na história da humanidade desde seus primórdios. Entretanto, esta era vinculado à carência oriunda do baixo desenvolvimento das forças produtivas. Com o advento da sociedade capitalista, observamos a superação dessa carência, se constituindo em um modo de produção que expressa uma superprodução, uma concentração de riqueza que cresce na mesma proporção do quadro de pobreza. Neste sentido, o que ocorre é a condição de pobreza decorrente da desigualdade entre as classes sociais das quais há uma intensa concentração de renda em prol da valorização do capital fato que deixa grande parcela da população à mercê do mínino. Desse modo, analisar a pobreza é identificá-la como decorrente do modo como a sociedade se reproduz, de como a riqueza socialmente é distribuída, assim a mesma é inerente do social e não do natural.

2.2 Pobreza relativa e pobreza absoluta

Quando se referência o termo pobreza a expressão pobreza relativa8, ou seja, quando um indivíduo ou uma família tem o mínimo necessário para subsistirem, mas não possuem os meios necessários para viver de acordo com a área onde estão inseridos, nem com pessoas de status social comparável, ou seja, possuem qualidade de vida reduzida em razão do não

8“O conceito de pobreza relativa é descrito como aquela situação em que o indivíduo, quando comparado a

outros, tem menos de algum atributo desejado, seja renda, sejam condições favoráveis de emprego ou poder. Uma linha de pobreza relativa pode ser definida, por exemplo, calculando a renda per capita de parte da população. Essa conceituação, por outro lado, torna-se incompleta ao não deixar margem para uma noção de destituição absoluta, requisito básico para a conceituação de pobreza. Também acaba gerando ambigüidade no uso indiferente dos termos pobreza e desigualdade que, na verdade, não são sinônimos”. (Crespo e Gurovitz, 2002, p. 4).

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acesso. A literatura na América do Norte nos anos de 1960 e da Europa nos anos de 1970 e 1980 mostra que o conceito de pobreza tem uma ampla relação com termos e concepções das mais variadas. Todavia a tendência é associar o fenômeno da pobreza a um fenômeno relativo, ou seja, tal definição mostrará que a pobreza se expressa segundo o modo de vida dominante em cada sociedade, ou seja, cada nome ou expressão da pobreza se explicará de acordo com o modo de viver de cada sociedade.

Por se tratar de um fenômeno relativo, a pobreza apresenta-se de forma dinâmica e multidimensional devido a sua relação com aspectos quantitativos e qualitativos advindos de um agregado de disfunções socioeconômicas e culturais.

Já a linha de pobreza relativa estabelece considerações distributivas nesta análise. Kilpatrick (1973) cita que, sob um critério absoluto, utilizando-se a mesma linha de pobreza do final do século XIX, nos Estados Unidos do final do século XX, praticamente não haveria pessoas pobres. Já sob um critério relativo, a linha de pobreza muda proporcionalmente a uma medida de renda média, se a distribuição de renda se mantiver constante. Neste critério, se a distribuição de renda é a mesma de um século atrás, então a pobreza continuaria existindo. Nesta discussão sobre a escolha de um critério, outros autores argumentam que a pobreza, como total de recursos de um indivíduo, é função não somente do seu padrão de vida, determinado pela renda (linha de pobreza absoluta), mas também de sua posição relativa na população (linha de pobreza relativa). (VINHAIS, SOUZA, 2006. p. 2).

Além da deficiência de renda, ao conceito de pobreza agregam-se problemas de saúde, educação, moradia, desemprego e grande dificuldade de fazer valer direitos no meio profissional e extraprofissional. O fenômeno da pobreza é visto sob diferentes perspectivas, ou seja, para determinados pesquisadores a preocupação com o quadro de pobre que atinge a sociedade deve ser analisado sob uma concepção geral, entretanto há pesquisadores que partem do pressuposto de determinadas tipologias ou formas de expressão do fenômeno da pobreza.

Como cada termo ou expressão determina um estado singular de pobreza, nos deparamos com diversas linhas de raciocínio. Por exemplo, para (OFFREDI, s.d. p. 25), o termo precarização aparece enquanto fenômeno que se vem juntar ou substituir a pobreza, para evocar rupturas, para se referir ao risco de empobrecimento de novas categorias da população.

Uma outra expressão utilizada é a exclusão social. Tal expressão vem se aplicar com intuito de definir a pobreza como um fenômeno tradicional, encontrado nas sociedades de forma geral, porém renovado no mundo moderno. Aqui vemos que a modernização produz riqueza e a concentra nas mãos de poucos na medida em que faz crescer a exclusão social dos indivíduos privados do acesso a essa riqueza.

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Quando a questão da pobreza passa a fazer parte das pautas dos países que apresentam diferentes níveis de desenvolvimento social e produtivo remetendo ao fenômeno da pobreza absoluta e a pobreza relativa, respectivamente.

Como pobreza absoluta9 temos a vinculação do termo às questões de sobrevivência física, ou seja, ao não atendimento das necessidades a serem sanadas em função de um modo de vida predominante em dada sociedade, o que significa dizer a incorporação de meios entre os indivíduos e a redução das desigualdades, tendo esses indivíduos sendo vistos como objeto social. Ou seja, determina um grupo de indivíduos “relativamente pobres” em sociedades onde o mínimo vital é garantido a todos.

Entre pobreza absoluta e pobreza relativa não há uma delimitação clara. Mesmo necessidades essenciais de alimentação, que poderia ser atendida pode está vinculada ao conceito de pobreza absoluta.

É provável que as questões ligadas à sobrevivência física e associadas à noção de pobreza absoluta tenham sido crescentemente preteridas devido ao fato de que os estudos de pobreza que se desenvolveram a parti da problemática dos países ricos. Na prática, a abordagem da pobreza enquanto insuficiência de renda de generalizou, passando a ser adotada mesmo nos países mais pobres, onde, ainda hoje, lamentavelmente, indicadores relativos à sobrevivência física ainda são relevantes. (ROCHA, 2006. p. 12).

2.3 Exclusão social utilizada como expressão da pobreza

Uma outra expressão usada para definir o fenômeno da pobreza é a exclusão social, tal expressão vem com intuito de explicar a pobreza como um fenômeno tradicional, encontrado nas sociedades de forma geral, porém renovado no mundo moderno. Aqui vemos que a modernização produz a riqueza e a concentra nas mãos de poucos indivíduos ao mesmo tem em que faz crescer a exclusão social dos sujeitos pobres que não tem acesso a uma parcela justa da riqueza produzida.

Sendo a pobreza um fenômeno multiforme, ela pode referir-se à idade, etnia, a deficiências físicas, culturais, de renda, a gênero etc., ela não representa uma situação individual, mas coletiva. É uma relação a alguma coisa ou a outrens.

9“O conceito de pobreza absoluta se propõe quando são fixados padrões para o nível "mínimo" ou "suficiente"

de necessidade - também conhecido como a linha ou limite da pobreza - e se computa a percentagem da população que se encontra abaixo desse nível. O padrão de vida mínimo (em termos de requisitos nutricionais, moradia, vestuário, etc.) em geral é avaliado segundo preços relevantes, e a renda necessária para custeá-los é calculada. Como se pode ver por essa definição, a pobreza absoluta expressa uma opinião coletiva derivada da convicção de que cada pessoa tem o direito de viver em condições decentes e condizentes com a dignidade humana”. (Romão, 1982, p. 360).

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Quando relacionado ao conceito de cidadania, a pobreza é vista como o não acesso ao direito, ficando a pobreza focada no campo político, embora esteja relacionada ao campo econômico e social. Assim, a pobreza perpassa por todas as relações e dimensões da sociedade que possui por primazia o lucro e não a satisfação das necessidades humanas.

Podemos aperceber, segundo a vasta literatura desenvolvida nos anos sessenta, na América do Norte e nos anos setenta e oitenta na Europa, que o fenômeno da pobreza se constitui de um termo que determina diversos significados, isso significa que sua análise perpassa por diversas corrente teóricas . A pobreza vai além da falta de renda e perpassa várias áreas da vida dos indivíduos, como as áreas da educação, saúde, desemprego, moradia, dificuldade no acesso aos seus direitos, dificuldade de inserção na sociedade, a pobreza não se trata de um fenômeno estatístico apenas, mas relativo, multidimensional10. Em meio a tantos termos e expressões, com as quais se procura definir, explicar o fenômeno da pobreza, podemos perceber que todos esses conceitos sobre pobreza foram:

[…] desenvolvidos por grupos sociais a parti de uma dada concepção sobre a realidade social, o que significa que o conhecimento da pobreza só existe através de representações dominantes e contraditórias em confronto, numa dada sociedade, num determinado momento histórico. (BOUGET; NOGUES, 1994. p. 72).

Portanto, o fenômeno da pobreza é analisado segundo perspectivas diferentes, umas advindo de determinados corpos teóricos e outras que analisam a pobreza a partir de determinadas tipologias ou formas de expressão do fenômeno, tanto no tempo como no espaço.

Falando sobre identificação do fenômeno da pobreza sobre perspectivas diferentes, SILVA, 2013, cita os esquemas valorativos conservadores, aqui a pobreza fica reduzida a dados estatísticos, a pobreza da qual estamos estudando faz parte do processo de acumulação de um sistema socioeconômico e estilo de desenvolvimento de determinada sociedade.

Outro esquema valorativo identificado é o igualitarista e participativo. Nessa perspectiva a pobreza é vista como o não acesso a um conjunto inter-relacionado de necessidades básicas, passando a fazer parte de uma das dimensões da alienação. Ou seja, nessa linha de raciocínio, o fenômeno da pobreza “decorre da civilização industrial, da orientação do desenvolvimento técnico, da estrutura do poder e da distribuição dos recursos decorrentes”. (SILVA, 2013. p. 38).

10“[...] a pobreza é um fenômeno multidimensional em que há a falta do que é necessário para o bem-estar

material. Associa-se a esse conceito a falta de voz, poder e independência dos pobres que os sujeita à exploração; à propensão à doença; à falta de infra-estrutura básica, à falta de ativos físicos, humanos, sociais e ambientais e à maior vulnerabilidade e exposição ao risco”. (Crespo e Gurovitz, 2002, p. 11).

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Segundo a autora, o quadro de pobreza nos países emergentes pode melhorar, para tanto, há que se fazer uma reorientação dos investimentos nos grupos pobres, lhes garantindo não apenas o acesso a uma renda, mas também acesso a educação, lazer, cultura, esporte, segurança. Pra que haja melhoria na qualidade de vida dos pobres, o Estado tem que se fazer presente, tanto na elaboração quanto na execução de politicas públicas que garantam a população pobre acesso a tais politicas, de forma estratégica, eficiente e universalista. Também deve haver uma transformação na propriedade ou controle dos meios de produção, na estrutura e exercício do poder.

A intervenção do Estado deve vir garantir que indivíduos que vivem em situação de pobreza possam ter suas necessidades básicas consideradas o centro dos objetivos de desenvolvimento, o Estado deve intervir de forma a garantir uma justa combinação entre o crescimento econômico e a distribuição de recursos de forma universalista. Porém, em decorrência da crise do capital e a implementação da agenda neoliberal o Estado passa a se marximizar para o capital deixando desprovido o campo social, atuando de forma paliativa com a finalidade de favorecer à lógica mercantil.

Os esquemas valorativos citados acima e que buscam explicar e criar politicas de combate a pobreza, apontam para quatro abordagens teóricas que analisam a questão da pobreza. São elas, as abordagens culturalistas11, que diz que o problema da pobreza é intrínseco ao indivíduo, ou seja, para os culturalistas a pobreza, ou melhor o pobre, é visto como um indivíduo diferente e inferior, dadas as suas origens, ações e atitudes serem consideradas as reprodutoras da pobreza dos adultos e de seus filhos. A abordagem culturalista, segundo (SILVA, 2002. p. 12), diz que “o comportamento do pobre é visto senão como consequência e não como causa da pobreza”.

Essa vertente de análise da pobreza expõe deturpações que comprometem a eficiência de sua análise, pois não leva em conta a historicidade e o quadro das relações sociais desiguais, jogando a culpa nos indivíduos pobres, trazendo para o cunho pessoal de cada sujeito e responsabilizando os indivíduos pelo nível de pobreza em que se encontram. Essa abordagem tem sido adotada por conservadores e liberais, gerando a elaboração de politicas de caráter punitivo de enfrentamento à pobreza. Isso ocorre porque tais análises isentam o

11“A concepção de pobreza inerente da abordagem culturalista é efetivada na base de que esta decorre de fatores

internos, comportamentais e valorativos, defendidos como válidos pelos pobres. Nessa linha, é concebido que o fator cultural é o único determinante da pobreza no mundo. [...] A visão em pauta apresenta distorções que vão comprometer a eficiência de suas análises, pois, além de desconsiderar a historicidade e as relações sociais desiguais, coloca a culpa nos pobres por sua condição, levando a determinação de um fenômeno complexo como a pobreza para o nível individual, reduzindo assim a sua abrangência e significado”. (Costa e Jesus, 2007, p. 3-4).

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capital de gestar e intensificar a pobreza, fato que contribui para o controle social no sentido de conservação e perpetuação da ordem.

Já na abordagem estruturalista12, vemos a contradição com a culturalista, uma se contrapõe a outra. A abordagem estruturalista propõe que sejam analisadas as pressões estruturais que fazem parte do meio em que vivem os pobres. Nessa vertente de pensamento o fenômeno da pobreza é visto como consequência e não como causa.

Os estruturalistas têm sua base analítica/explicativa no marxismo. No campo marxista, a pobreza pode ser explica segundo as determinações de categorias de classes sociais, exercito industrial de reserva, Lumpem proletariado, exploração e desigualdade social. Para o marxismo a exploração capitalista é inerente ao estabelecimento do sistema capitalista, que tem sua base na separação do trabalhador dos meios de produção, gerando assim a concentração da propriedade e a distribuição dos lucros nas mãos de poucos indivíduos – os capitalistas. Na abordagem estruturalista, os indivíduos pobres são rejeitos, de forma limitada ou definitiva do mercado de trabalho e das organizações sociais. O descarte desses trabalhadores não se dá pela falta de interesse dos mesmos nos valores que regem a sociedade. A dispensa dos cidadãos pobres se dá por uma carência de renda estável, de poder e de instrução, fazendo com que os indivíduos pobres não alcancem promoção social, ficando relegados a viver num quadro de exclusão social. Essa tendência se intensifica em contexto de crise em que os processos de contrarreforma distância ainda mais as pessoas da proteção social.

Do ponto de vista de Marx a superpopulação relativa converge para a camada na qual estão concentrados os pobres na sociedade capitalista, sendo a pobreza, nessa perspectiva, somente possível de ser superada com a superação do próprio sistema capitalista.

Sobre a abordagem liberal/neoliberal13 podemos extrair que ela vai estabelecer o delimitação das causas da pobreza, e seus argumentos e posições são contrárias à intervenção do Estado. Nessa abordagem, a explicação para o fenômeno da pobreza está no indivíduo e o mercado seria um espaço natural onde se satisfariam as necessidades econômicas e sociais de

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A abordagem da pobreza sobre a visão estruturalista “propõe que se considerem as pressões estruturais que pesam sobre o ambiente dos pobres e que lhes escapam totalmente ou quase. [...] Ficando os comportamentos descritos por Lewis como uma conseqüência - e não causa - dos obstáculos à participação direta das populações desfavorecidas no sistema de organização econômica e social, assim como do status inferior que a sociedade lhes concede”. (Costa e Jesus, 2007, p.4).

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[...] a vertente liberal/neoliberal vai estabelecer o dimensionamento diferenciado das causas da pobreza e argumentos contrários à intervenção estatal sobre a pobreza. Esse posicionamento se reflete na justificativa de que a ação do Estado se faria contrária às liberdades individuais de cada pessoa suprir suas necessidades através do mercado, e que ela desestimularia o trabalho como forma de integração social. (Costa e Jesus, 2007, p.6).

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toda a sociedade. Para os liberais, a intervenção do Estado seria contraria às liberdades individuais de cada sujeito na busca pela superação de suas necessidades através do mercado. A vertente liberal também alega que a intervenção do Estado seria desestimulante na busca de trabalho e da integração social, alegando que o enfrentamento e erradicação da pobreza se dará pelo enfrentamento na baixa produtividade, cabendo ao mercado um papel determinante tanto na formação e organização, quanto na evolução das relações sociais.

A parti dessa visão, a expropriação, a exploração e a opressão social não existem, sendo a exclusão (diga-se pobreza) explicada por motivos pessoais: inabilidade, falta de sorte, preguiça, ou seja, a destituição é considerada como voluntária e determinada pela incapacidade de os indivíduos competirem no jogo do livre mercado. (SILVA, 2002. p. 16).

Sob a vertente da pobreza como fenômeno multidimensional é deixada de lado a ideia de que os pobres formam um conjunto homogêneo e com fronteiras bem delimitadas. Nessa linha de pensamento são rejeitadas as categorizações, que são sempre arbitrárias, não tendo nenhuma base de sustentação na realidade empírica.

Na abordagem multidimensional da pobreza agregam-se além da falta de renda, o analfabetismo, a saúde precária, a degradação ambiental, as desigualdades de oportunidade, o não acesso dos indivíduos a educação, cultura, lazer, esporte, a precarização das moradias, a exclusão desses indivíduos do meio social, a falta de recursos para se ter uma vida digna e ativa socialmente. O caráter multidimensional da pobreza sugere que o fenômeno é agudizado tanto pelos meios econômicos quantos pelos sociais.

Diversos são os fatores que acarretam na multidimensionalidade da pobreza, ou seja, as influências são apenas de ordem econômica, mas vários fatores inter-relacionados, como a idade, o gênero, a classe social, cultura, o não acesso aos meios de produção dentre outros. Essa abordagem contradiz as outras no sentido de que expõe que a compreensão do fenômeno da pobreza só será possível se ele for considerado em sua multidimensionalidade, levando em consideração a ideia de que a pobreza não teria caráterhomogêneo e dicotômico.

Para que se possa entender o fenômeno da pobreza numa visão multidimensional deve levar em considerações suas determinações, expressões e dimensões, cada qual sendo diferenciada segundo o contexto histórico em que está inserida. “A abordagem multidimensional, nessa perspectiva, propõe a configuração da pobreza sob determinações históricas diversas e complementares, aliando desta forma o econômico ao sociológico, e contrapondo-se a uma abordagem teórica de pretensão universal”. (JESUS; COSTA, 2007. P. 6).

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3 AS EXPRESSÕES DA POBREZA SOBRE O SEGMENTO IDOSO

Após termos nos aproximados das diferentes visões que a sociedade formula da pobreza, bem como essa é fruto de preocupações que se expressam em estudos iremos nos debruçar sua análise na contemporaneidade. Para isso iremos realizar um recorte de seus impactos na população idosa no município do Natal. Essa delimitação se fez necessária em decorrência que a pobreza como já ressaltado perpassa por todas as dimensões da sociedade e atinge a população como um todo. Assim, o núcleo familiar se insere na condição de pobreza, porém partimos do entendimento que o/a idoso/a constitui-se mais vulnerável em razão da sua expulsão do mercado de trabalho, e portanto, dos meios de se prover.

3.1 Aparatos legais para os idosos: Entre o legal e o real.

A década de 1980 foi a época da redemocratização do Brasil14, possibilitando assim a inserção do debate sobre as questões sociais, consequentemente levando a pauta do envelhecimento, por meio da proteção social de forma integral, estabelecida no texto constitucional de 1988.

A parti da Constituição Federal de 1988 é definido um conjunto de ideias que forneceram uma forma de proteção social a sociedade, como um seguro social. Nesse modelo de proteção, envolve-se a Previdência Social (como seguro social) e a Assistência social, evidenciando-a como direito e não mais como filantropia e uma questão de saúde universal.

Os aparatos legais, estabelecidos na constituição de 1988 vêm como forma de reconhecimento, tanto do Estado quanto da sociedade civil para com todas as fases da vida inclusive a idosa, mostrando que esse grupo etário possui necessidades singulares e precisam, necessitam de políticas públicas especificas, que venham a mediar tais dificuldades e efetivar seus direitos. Como o estudo versa sobre a população idosa, iremos nos deter a essa fase, mas esse fato não nega a proteção de forma integral estabelecida com a Constituição Federal.

14O processo de redemocratização compreendeu uma série de medidas que, progressivamente, foram ampliando

novamente as garantias individuais e a liberdade de imprensa até culminar na eleição do primeiro presidente civil após 21 anos de ditadura militar. Esse processo, contudo, foi composto por momentos de avanço e recuo dos militares, uma vez que desejavam garantir uma transição controlada sem que os setores mais radicais da oposição chegassem ao poder. Por isso, medidas de distensão como a Lei de Anistia, conviveram com medidas de repressão, como o Pacote de Abril e a recusa da Emenda Dante de Oliveira, que pedia eleições diretas para presidente da república. Disponível em: https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/redemocratizacao/ Acesso em: 06/06/2019.

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De acordo com leituras realizadas, percebe-se que a inserção da questão do envelhecimento populacional no Brasil passou a entrar na agenda de debates de políticas públicas a bastante tempo. O Brasil, com a implementação da política, fruto de uma árdua luta da sociedade, de garantia de renda para a classe trabalhadora acabou encorajando a universalização da Seguridade Social em 1988, garantindo assim uma faixa de renda fixa a população idosa do país. Sob influencia dos debates internacionais sobre o processo cada vez mais crescente do envelhecimento populacional, foi aprovada em 1994 a PNI (Política Nacional do Idoso). Instituída pela Lei 8.842 de 1994 e regulamentada pelo decreto de Lei 1.948 de 1996.

A questão do envelhecimento populacional no Brasil até meados de 1960 era tratada por uma abordagem assistencialista, sem vistas para o direito, como asilos, serviços de acolhimento, alimentação e tratamento de enfermidades. Porém, essa situação de descaso começa a ser contestada na sociedade a parti do processo de redemocratização. Inicia-se um movimento pela inserção social da pessoa idosa. Nesse contexto começa-se a perceber a importância da geração e a necessidade de implementação de programas e políticas públicas, ideias e projetos destinados ao fase do envelhecimento populacional.

[...] a criação de espaços voltados a avaliação da qualidade de vida das pessoas idosas, sempre sob a égide dos princípios da liberdade, respeito, dignidade e justiça social, com o intuito de que os idosos, mesmo os portadores de limitações, possam sentir-se úteis, usufruir de momentos de lazer, produzir e conviver com outras pessoas, crescer culturalmente e, ainda, contribuir com a sociedade. (SANTIN; BOROWSKI, 2008, p. 147).

De forma lenta, a sociedade brasileira passa a dar mais visibilidade à questão do envelhecimento no país. Esse estudo exige do Estado que ele se debruce sobre tema a parti da década de 1990, inicia-se o surgimento de serviços especializados para essa faixa etária na sociedade. São elaborados e desenvolvidos projetos e programas, tanto em universidades e prefeituras como em outras instituições.

Somente em 1990, a sociedade brasileira demonstrava crescente sensibilidade à questão da velhice, marcando a criação de diversos serviços especializados; elaboração de projetos e programas para a terceira idade nas universidades, nas prefeituras e em diversas instituições; fundação de centros de estudo, programas de pós-graduação, residências, estágios, orientações curriculares; a formação de políticas e programas cada vez mais específicos; dentre outros. (BARBOSA; DANTAS; LIMA, 2016. p. 4).

A Constituição Federal de 1988 efetivou a institucionalização das leis e políticas de proteção social a pessoa idosa. A Constituição trouxe o respaldo legal às políticas que atuam

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na sociedade brasileira atual. Em 1994, a Lei 8.842 nos trouxe a PNI15 (Política Nacional do Idoso), passando a ser tido como um dos aparatos legais que atuam no processo de mudança processual na vida da população idosa.

De suma importância para efetivação dos direitos dos idosos, a PNI foi aprovada em 1994, só sendo regulamentada pela Lei 1.948 de 03 de junho de 1996. Ela é subordinada aos seguintes princípios:

Ela assegura os direitos sociais e amplo amparo legal ao idoso e estabelece as condições para promover sua integração, autonomia e participação efetiva na sociedade (ART. 1º). Sendo assim, objetiva atender as necessidades básicas da população idosa no que concerne a educação, saúde, habitação, urbanismo, esporte, trabalho, assistência social e previdência. (BARBOSA; DANTAS; LIMA, 2016. p. 4)

A Política Nacional do Idoso – PNI, surge num momento de crise, fato que reflete na política social e recai no sistema de atendimento a essa parcela cada vez mais crescente da população, onde se fazia necessário uma reformulação da estrutura até então disponível aos idosos tanto por parte da sociedade civil como por parte dos governos.

A PNI vem como meio de dar respostas às questões colocadas nesse quadro do envelhecimento da população, um envelhecimento sem qualidade de vida para os que estão entrando na “melhor idade”. É um caso de crise na sociedade, falta atendimento especializado, políticas públicas eficientes, efetivação dos direitos dos idosos dentre outras coisas. A PNI passa a ser requisitada por aposentados, idosos ativos, pensionistas e outros. Esse foi um dos primeiros passos mais importantes na luta pela garantias de direitos que pudessem promover uma melhor qualidade de vida a população idosa, gerando com isso a promoção da autonomia, integração e participação da população na sociedade.

Vale ressaltar que, mesmo após muito tempo de sua aprovação a PNI necessita de mecanismos que efetivem os direitos conforme estabelecido na Constituição, tendo em vista o crescimento cada vez maior da papu7lação idosa e o surgimento quase diário de novas questões e desafios que precisam encontrar respostas e alternativas que possam sanar tais problemas.

15A PNI constitui uma inovação na formulação de um paradigma de política para a pessoa idosa, definindo

princípios que contribuem para a mudança da cultura e da superestrutura jurídico-política, conforme a CF/1988. Entre os princípios da lei, está estabelecido que: a família, a sociedade e o Estado devem assegurar ao idoso todos os seus direitos à cidadania com participação na comunidade e defender sua dignidade, bem-estar e direito à vida, conforme o art. 230, da CF/1988; o envelhecimento diz respeito à sociedade em geral; a discriminação de qualquer natureza contra o idoso deve ser combatida; a pessoa idosa deve se tornar protagonista na proposição e na destinação de políticas específicas; e as diferenças sociais, econômicas e regionais devem ser consideradas na aplicação da política (Brasil, 1994). (FALEIROS, 2014, p. 544).

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Muito embora a Lei preconize determinações e medidas que possam possibilitar uma melhor qualidade de vida dos idosos no país, como sua integração e participação ativa na sociedade, o quadro que se tem mostrado diverge bastante das propostas apresentas no texto da Lei. Os idosos ainda estão vivendo de forma precária16, vivendo de forma e sob condições bem distintas das previstas em Lei para essa faixa etária da sociedade. È um grande desafio, lançado tanto aos governos do país como a sociedade cível de modo geral. A busca por respostas que priorizem a transformação dos quadros em que vivem nossos idosos é de extrema urgência, tendo em vista o crescimento cada vez maior dessa parcela da população.

Percebemos uma divergência muito grande entre o que está proposto no PNI e a forma em que estão vivendo os idosos no país. As Políticas Públicas desenvolvidas para atender os idosos e melhorar suas condições de vida não estão sendo implementadas conforme o descrito na Lei, que venham de forma efetiva inserir essa camada da população na sociedade. Não se percebe por parte do poder público um engajamento mais ativo na busca por melhores condições de vida dessa faixa etária, deixando-os a mercê das intempéries da vida. Muitas vezes abandonados, largados em lares de idosos com poucas ou nenhumas condições de uma vida digna.

Mesmo após a introdução da Constituição de 1988, da Política Nacional do idoso em 1994 e da criação do Estatuto do Idoso em 2003, as estratégia e implantação de forma restrita de tais políticas não se mostram eficientes até os dias de hoje, não há um articulação entre tais Decretos, a abrangência é pequena e insuficiente para que se possa haver uma garantia na melhoria e qualidade de vida dos idosos no Brasil, o que demonstra ações paliativas.

Tais ações estão condizentes com a lógica do capital direcionado pelo neoliberalismo,

do qual orienta a fragmentação e a descaracterização da proteção social de forma integral. Por tal motivo, a PNI evidencia algumas limitações quanto a sua instrumentalização.

Faltam na Lei da PNI alguns artigos que abordem temas específicos. Não há no texto da Política Nacional do Idoso artigos ou parágrafos referentes às consequências e punições para violências ou violações de direitos dos idosos, tanto no que se refere ao tratamento familiar quando em sociedade. Há um afastamento entre o que dia a Lei e a realidade vivida no cotidiano por pessoas acima de 60 anos. “A Política Nacional do Idoso trouxe vários avanços para a proteção dos idosos, no entanto tal Lei se preocupa mais com a atuação do Poder público e sua forma de promover políticas sociais de atendimento ao idoso” (PACHECO, 2008, p. 21). Desse modo, podemos entender que a operacionalização dessas políticas

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