• Nenhum resultado encontrado

ManualdeErgonomia

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ManualdeErgonomia"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

ERGONOMIA

A Ergonomia vem do grego: “ergos” que significa trabalho, “nomos”, que significa estudo das normas e regras.

Introdução à Ergonomia

A primeira organização de Ergonomia, a Ergonomic Research Society, foi criada em 1949, por engenheiros, fisiologistas e psicólogos britânicos, após a segunda guerra mundial. O ministério da Defesa Britânica constatou que apesar dos progressos tecnológicos da altura, alguns acidentes de aviação, quase inexplicáveis, provocavam a perda de homens e material. As Forças Armadas Inglesas compreenderam então que a motivação, a selecção e a formação não eram suficientes, faltando utilizar outros meios que pudessem complementar as capacidades humanas.

Nos anos 70, a perspectiva ergonómica esteve centrada sobre as questões de segurança, de saúde e de bem-estar e ignorava os aspectos de eficácia, já que os conceitos da época, referiam a impossibilidade de estabelecer um compromisso entre saúde e rentabilidade.

No decurso dos anos 80, a pesquisa começou a ter em conta os critérios de produtividade e de rentabilidade, demonstrando os estudos que o absentismo e a rotatividade dos postos de trabalho, tinham custos muito elevados. Assim, a prática da Ergonomia ganhou importância no estudo e melhoria das condições de trabalho, primeiro na Suécia depois à maior parte dos países industrializados da Europa do Norte.

No início da década de 90 assistiu-se a uma revolução nos domínios da concepção e da produção. A qualidade é definida como a capacidade de satisfazer as necessidades dos clientes a um preço justo.

A Ergonomia tem aqui um importante papel, uma vez que influencia a qualidade e a produtividade em cada etapa do ciclo de vida dos produtos. Além de intervir na produção, ajudando a estabelecer processos de fabrico mais simples, a Ergonomia, contribui ainda para diferenciar os produtos, ajudando a construir evidentes vantagens concorrenciais.

Algumas Definições Para a Ergonomia

Montmollin, M – A Ergonomia é a tecnologia das comunicações homem-máquina (1971)

Grandjean, E. – A Ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Ela compreende a fisiologia e a psicologia de trabalho, bem como a antropometria. O objectivo prático da Ergonomia é a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, dos horários, do meio ambiente às exigências do homem. A realização de tais objectivos, a nível industrial, propicia numa facilidade do trabalho e um rendimento do esforço humano (1968).

Leplat, J – A Ergonomia é uma tecnologia e não uma ciência, cujo objecto é a organização dos sistemas homem-máquina (1972).

Murrel,K.F. – A Ergonomia pode ser definida como o estudo científico das relações entre os homem e o seu ambiente de trabalho (1965).

(2)

à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizadas com o máximo de conforto e eficácia (1972).

A Ergonomia é Considerada

- Uma ciência, na medida em que estuda o comportamento do homem e as suas relações com o equipamento e o ambiente em que se relaciona.

- Uma tecnologia, aquando da aplicação desses conhecimentos científicos no sentido de tornar as tarefas mais fáceis, mais cómodas, mais seguras e consequentemente mais eficientes.

A Ergonomia é entendida como o domínio científico e tecnológico interdisciplinar que se ocupa da optimização das condições de trabalho visando de forma integrada o conforto do trabalhador, a segurança e a sua produtividade.

Ergonomia é o estudo anatómico, fisiológico e psicológico do homem no seu ambiente. Esta ciência procura estabelecer uma melhor relação entre o homem com o ambiente de trabalho. Virtualmente todos os factores de um ambiente de trabalho são considerados na ciência da ergonomia, incluindo:

 Ambiente físico (temperatura, luminosidade, ruído, equipamentos e móveis).

 Organização do trabalho e tarefas de ambiente psico-social (demandas de trabalho, relações interpessoais, relações de trabalho).

Relação com outras disciplinas

A Ergonomia visa.

 Adequação dos trabalho às capacidades naturais do homem, pelo organização de métodos e construção de máquinas e equipamentos que se adeqúem às características de cada pessoa; (Exigência Técnica)

 Aumentar a eficiência do trabalhador ao longo do tempo, pois trabalhador doente não gera lucro, e sim, prejuízo; (Exigência Económica)

 Prevenção de acidente e doenças profissionais e, mais concretamente no caso da informática, doenças músculo-esqueléticas; (Exigência Social)

A Ergonomia apoia-se nos conhecimentos da Filosofia (trabalho muscular, regulação das diferentes funções do organismo humano) sobre dados da Biomecânica (necessidades de aplicação de força, ângulos de conforto, etc.) sobre os estudos da Psicologia (carga mental, esforço cognitivo) e sobre métodos de análise da actividade humana em situação real.

Se, para um certo número de disciplinas, o trabalho é o campo de aplicação ou uma extensão do objecto próprio da disciplina, para a ergonomia o trabalho é o único possível de intervenção.

Carga física e fadiga muscular

As empresas têm vindo a reconhecer que as condições impostas pelo mercado (a concorrência crescente, a evolução acelerada da tecnologia e a globalização da economia), impõem a melhoria contínua do funcionamento, a actualização permanente dos seus produtos e a satisfação efectiva dos seus clientes.

(3)

À medida que os postos de trabalho industriais se tornam, de uma maneira geral, mais seguros e os ambientes diminuem, mais atenção é dada ás lesões que se desenvolvem lentamente.

Os problemas músculo-esqueléticos, como são conhecidos, emergiram como a maior causa de lesão industrial. Os problemas músculo-esqueléticos não só causam dor e incapacidade ao indivíduo, como também, custam à indústria quantidades crescentes de dinheiro em produção perdida, doenças, seguros e multas legais.

As doenças profissionais, resultantes de condições inseguras de trabalho, são causadas por determinados riscos associados à actividade profissional desempenhada e actuam de forma lenta e repetida.

O propósito da Ergonomia é o estudo do homem durante o trabalho de modo a melhorar globalmente as condições em que decorre a sua vida. O seu objectivo será primordialmente utilizar as metodologias próprias desta ciência, com o objectivo de melhorar a adequação entre o Homem, a máquina e o ambiente físico do trabalho.

A situação, no que diz respeito quer às causas de doença profissionais, quer aos métodos de prevenção, é complexa.

O progresso técnico foi tão rápido que com frequência criou novos riscos, totalmente desconhecidos, que conduziram a doenças profissionais antes mesmo de serem conhecidas como tal.

Condições de Trabalho e Qualidade de Vida

Se parece claro para qualquer pessoa que, sem segurança não há Qualidade, o inverso é, igualmente verdadeiro.

Não é possível um trabalhador atingir os seus níveis de performance mais elevados se não estiver consciente dos perigos inerentes ao seu posto de trabalho, assim como, dos meios de que poderá dispor de modo a proteger-se.

Um trabalhador que não tem este nível de consciência não conhece bem o seu trabalho, não conhece o objectivo da sua função, não pode ser responsável pela qualidade do produto após passagem pelo seu posto, nem pela manutenção da qualidade do processo de fabrico.

Desta forma, é importante a sensibilização, informação e formação dos trabalhadores na vertente da segurança.

Para além do trabalhador, fica a não menos importante responsabilidade das chefias de analisar, diagnosticar e solucionar os problemas relacionados com a Higiene e Segurança que afectem a empresa globalmente.

Só através de uma gestão com Segurança contínua e participada, em que nunca se considere ter atingido um ponto óptimo, em que se assuma os erros e procurem soluções se poderá conseguir uma Empresa e um Produto com qualidade.

Qualidade Segurança

Conformidade com as exigências do cliente externo

Actuação e condições de trabalho em conformidade com as exigências dos clientes internos e externos (Sociedade)

Prevenção Prevenção

Zero defeitos Zero acidente

(4)

Do ponto de vista conceptual nos aspectos de princípios, cultura, métodos, recursos humanos e de custos são horizontais aos domínios da Qualidade e Segurança – concluindo-se que os mesmos assumem como componentes essenciais na caminhada para a Gestão pela Qualidade Total nas empresas e assim, constituem-se como factores chave da excelência empresarial.

A actual abordagem de segurança no trabalho deixou de se concentrar apenas nos riscos profissionais e alargou-se a tudo o que diz respeito à adaptação do Homem ao trabalho e do trabalho ao Homem, de forma a evitar, não só a ocorrência de acidentes, mas também a proporcionar o bem-estar físico, psicológico e social do trabalhador, ou seja; uma boa qualidade de vida de trabalho.

A política de qualidade aplicada às condições de trabalho, visa assim, a melhoria do ambiente físico e psicossocial do trabalho, como forma de aumentar a produtividade, o bem-estar e a segurança.

Existem dois tipos de Ergonomia:

 Ergonomia de Concepção: Permite agir precocemente sobre uma máquina, local de trabalho e até mesmo sobre uma fábrica inteira na definição de como serão implantados os sistemas de modo a melhorar o ambiente de trabalho para o trabalhador;

 Ergonomia de Correcção: Corresponde directamente às anomalias que se traduzem por problemas de segurança e no conforto do trabalhador ou na insuficiência da produção, em qualidade e em quantidade.

Ergonomia aplicada à Informática

Para quase a totalidade dos usuários de informática, a utilização do microcomputador, como ferramenta de trabalho, significa não mais que sentar diante da máquina, ligá-la e executar suas tarefas. Poucos, no entanto, têm conhecimento de que uma cadeira inadequada, um monitor com luminescência além do limite aconselhável, ou mesmo falta de um apoio para a mão na utilização do rato ou do teclado ser sinónimo de desconforto e até mesmo de problemas físicos.

Problemas com o uso de computadores não estão somente relacionados com uma má postura ou com o uso de equipamentos inadequados.

Lesão provocada por esforços repetitivos

Diversos problemas podem surgir quando não são seguidas as especificações do ambiente de trabalho:  Fadiga: Queda do rendimento e diminuição da capacidade de trabalho. È causada por alteração nas

propriedades dos músculos, intoxicação local ou por longas jornadas de trabalhos ininterruptas. Parar com frequência, olhar para objectos distantes várias vezes a cada hora (relaxamento muscular) e piscar os olhos ajuda a relaxar e refrescar a vista ajudam a relaxar a vista.

(5)

 Dores nas costas: Pode evitar-se tensão nas costas e no pescoço assegurando-se de que a cadeira ofereça apoio adequado e de que o monitor esteja colocado de modo a que se veja a tela. Assim deve ter-se em atenção:

o Postura: A sentar é necessário verificar se os pés estão totalmente apoiados no chão e de que

as costas se encontram direitas.

o Cadeira: Deve ser tontamente ajustável fornecendo apoio à coluna lombar. Os assentos com

contornos bem delineados ajudam o sangue a circular mais livremente porque aliviam a pressão nas pernas.

o Posição do Monitor: A borda superior do monitor deve estar ao nível dos olhos, ou um

pouco mais para baixo.

 Lesão por Esforço Repetitivo: causada pelo excessivo uso do teclado ou do rato, principalmente quando a postura não é correcta. Em alguns casos a Lesão por Esforço repetitivo pode ficar restrita ao membro afectado, normalmente mãos e braços.

Leis de protecção

Actualmente existe apenas uma lei que regulamenta o uso dos computadores, principalmente para as profissões onde a digitação é a tarefa mais desempenhada. Esta lei especifica que o utilizador a cada 50 minutos de trabalho tem um período de 10 minutos para descanso, não deduzido do período normal de trabalho. (Portaria 3751/90 CTL).

Soluções para os problemas

Muito mais fácil que solucionar problemas causados pelo uso de computadores, é procurar evitá-los, pois problemas como Lesões de Esforço Repetitivo, são de difícil tratamento. Diversas medidas podem ser tomadas para evitar que surjam problemas pelo uso excessivo ou erróneo do computador, nomeadamente: o Fazer pausas frequente, procurando realizar alguma actividade física, como alongamento, que

proporcionam um relaxamento para a musculatura, além de aliviar o stress mental, causada pela concentração excessiva sobre o monitor;

o Ter uma correcta postura e procurar usar ao máximo equipamentos ergonómicos, principalmente em relação ao teclado e rato.

O uso indevido de computadores, ou seu uso excessivo, podem causar vários problemas à saúde do trabalhador ou do simples usuário.

As pessoas devem procurar ter um bom equipamento, uma secretária ampla, uma cadeira ergonómica, que tenha as costas reguladas em altura e em inclinação, com assento regulável em altura, e devendo ter uma posição em relação às fontes de iluminação natural, sempre de lado, ou do lado direito ou do lado esquerdo, para que não fique nenhuma janela, nem em frente (provoca grande encadeamento), nem por detrás, porque a janela vai reflectir-se no visor (grande factor de fadiga).

(6)

Assim, a iluminação geral da sala deve ser relativamente fraca quando há computadores, porque o ambiente luminoso do visor é um ambiente escuro, e se tem muita iluminação no exterior, forma um grande contraste, o que provoca uma grande diferença de luminância entre o visor e o ambiente, tornando-se assim um grande factor de fadiga visual.

Se no posto de trabalho não houver muita luz, deve socorrer-se a um candeeiro de mesa, que vai iluminar o papel e o teclado, mas que não projecte nenhuma luz sobre o visor. Pretende-se obter uma iluminação local, que não no visor.

As pessoas com menos de 1,65 m de altura deverão um estrado para apoiar os pés, dado que as secretárias têm geralmente uma altura fixa, estandardizada, que não é uma altura regulada para a população portuguesa (a população portuguesa é a das mais baixas da Europa).

O monitor/visor deve estar suficientemente longe da pessoa (a uma distância mínima de um braço) e, a parte superior deve estar à altura dos olhos para que não se faça o esforço de visão e para que teclado caiba no tempo da mesa, permitindo que os cotovelos estejam sobre a mesa de trabalho. A parte digital das mãos deve estar apoiada na mesa e os dedos sobre o teclado.

A cadeira deve ser regulada em altura de assento, de maneira que a pessoa fique com os cotovelos mais ou menos à altura do tampo, para que seja possível trabalhar com a mão em cima do tampo, mantendo os ombros numa posição de repouso. As costas devem ser reguladas, de modo a que o apoio da cadeira coincida com a curvatura normal do corpo e isso, obviamente, dependerá da altura da mesma.

Cada pessoa deve ter cadeira regulada para si. A inclinação nas costas deve depender da actividade: para ler, as costas podem estar mais inclinadas; para trabalhar na secretária, a escrever à mão ou no teclado, deve-se estar mais chegado para afrente e as costas da cadeira devem acompanhar as da pessoa, de modo a que esta fique com as costas apoiadas.

Quando se trabalha com o rato deve ter-se em atenção que a posição que provoca menos alterações musculares, é a de manter o antebraço ligeiramente reflectida sobre o braço. Assim, deve-se movimentar o braço inteiro, e não somente o punho.

O papel para que se está a olhar deve estar mais ou menos equidistante em relação aos olhos do trabalhador, assim como o teclado e o monitor. Portanto o papel, o monitor e o teclado, devem estar sensivelmente à mesma distância dos olhos, para que o esforço de acumulação não seja um esforço suplementar.

(7)

Conclusão

A Ergonomia é, assim, definida por numerosos autores, como uma ciência aplicada, na medida em que o seu objectivo – a actividade humana, quer seja profissional ou utilitária – nunca está desligado do contexto em que se insere nem dos objectivos em vista. Estes, prendem-se geralmente com a eficácia das acções, não perdem de vista a segurança, o conforto e a acessibilidade dos actores. Pode-se afirmar que estes são os objectivos da acção ergonómica, ou seja; a optimização das interacções homem-sistema. Para alcançar este objectivo geral, a Ergonomia preconiza dois tipos de abordagem:

1. Uma acção sobre os sistemas, processos ou produtos, no sentido de os tornar adequados às características do homem e ao seu modo de funcionamento, eliminando todos os factores de constrangimento, risco ou nocividade;

2. Uma acção sobre o homem através da formação, no sentido de o tornar apto para a realização das tarefas que lhe são atribuídas, e de o preparar para as transformações do trabalho decorrentes da evolução tecnológica.

Referências

Documentos relacionados

Inscrições na Biblioteca Municipal de Ourém ou através do n.º de tel. Organização: Município de Ourém, OurémViva e grupos de teatro de associações e escolas do

O score de Framingham que estima o risco absoluto de um indivíduo desenvolver em dez anos DAC primária, clinicamente manifesta, utiliza variáveis clínicas e laboratoriais

SINF0037 Gestão da Informação SINF0071 Sistemas Operacionais SINF0018 Sistemas Operacionais SINF0053 Banco de Dados I SINF0027 Banco de Dados SINF0054 Banco de Dados II

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

Esta pesquisa discorre de uma situação pontual recorrente de um processo produtivo, onde se verifica as técnicas padronizadas e estudo dos indicadores em uma observação sistêmica

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação