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Academic year: 2021

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Casa do Folclore Zé Candunga: um acervo a conservar. House of Folklore Candunga Zé: a collection conserve.

Allyne Francine Souza1

Resumo: O presente trabalho visa refletir sobre o estado de conservação do acervo museológico que pertence à Casa do Folclore Zé Candunga, localizada na cidade de Laranjeiras no Estado de Sergipe. O mesmo discorrerá sobre a criação dessa instituição museal e a inserção dos seus objetos museológicos.

Palavras – chave: Acervo museológico. Conservação. Identidade.

Abstract:The present work aims to reflect on the State of conservation of the Museum's collection that belong to the House of folklore Zé Candunga, located in the city of Orange in the State of Sergipe. It speaks about the creation of the museal institution, the insertion of its museological objects.

Keywords: Museum Collection. Conservation. Identity

1 - Institucionalização da Casa do Folclore Zé Candunga

No ano de 2005, na gestão do Prefeito Sr. Paulo Hangenbck (2002-2005) foi constituída uma comissão pela Secretaria Municipal de Cultura de Laranjeiras com o objetivo de criar um espaço museológico que tratasse da temática do folclore nesta cidade, dessa forma surgia a Casa do Folclore Zé Candunga2. Integrou –se a comissão o professor Eraldo Santos (então, Secretario de Cultura), a professora Isaura Julia de Oliveira Ramos, (então diretora do Museu Afro Brasileiro de Sergipe) e Nam Almeida, (funcionária da Secretária), que assumiu posteriormente a direção da nova instituição que foi patrocinada pela empresa Petrobrás/ FAFEN3.

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Allyne Francine Souza , Reside em Laranjeiras,centro ,Loteamento Denise Fontes,nº 49. E-mail: allynefrancine@hotmail.com. Graduada em Museologia pela Universidade Federal de Sergipe.

2 Casa do Folclore Zé Candunga: Instituição cultural vinculada a Secretaria de cultura do município de Laranjeiras.

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O nome da Casa do Folclore é uma homenagem ao mestre Zé Candunga (José Borges Lacerda) que foi figura brincante em vários grupos folclóricos de Laranjeiras, tendo se destacado como mestre do grupo da Chegança Almirante Tamandaré. Sobre a escolha do nome do mestre para a denominação da Casa, vejamos o que informa a profª. Isaura Julia de O. Ramos 4

O nome de Zé Candunga foi escolhido porque ele é uma das figuras, digamos assim, mais importante da cultura popular de Laranjeiras, porque ele dançava em todos os grupos. Zé Candunga foi chefe de chegança; foi chefe de Lambe - sujos; Zé Candunga era rezador; Zé Candunga era ligado aos terreiros de candomblé. Então, Zé Candunga tem uma vida cultural muito importante para Laranjeiras, daí a gente ter escolhido o nome dele, porque ele simbolizaria todos esses movimentos da cultura da cidade.(sic)

Segundo as entrevistadas, Prof.ª Izaura Julia e Nam Almeida5, a instituição foi aberta com a falta de uma documentação legal como o ato de criação e o estatuto ou o regimento. A alegação das entrevistadas foi a necessidade de inaugurar a instituição rapidamente para aproveitar os recursos que foi destinados para a montagem da Casa, por isso os responsáveis não pensaram na ausência da documentação que validaria, sob o aspecto administrativo e institucional do espaço museal. O que existe de documentos é o livro de assinatura dos visitantes e dos objetos museológicos.

2 - Situação atual da instituição

A Casa do Folclore pode ser classificada como um museu antropológico e etnográfico, isso porque o acervo que se apresenta na exposição permanente da Casa, são objetos materiais que foramde uso coletivo dos integrantes que compõe os grupos folclóricos laranjeirenses os quais foram doados para instituição.

No que concerne ao processo de doação desses objetos para constituição do acervo, cabe ressaltar que não houve uma política formal de aquisição, ou seja, segundo as explicações dos ex- funcionários da Casa do Folclore, todos os objetos que integram a exposição foram doados pela comunidade folclórica de Laranjeiras, e portando não

4 Entrevista concedida no dia 13 setembro de 2011 pela profª Isaura Julia de O. Ramos. 5

Entrevista concedida no dia 24 de agosto de 2011 por NamAlmeida, ex – diretora da Casa do Folclore de 2002 – 2008.

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houve avaliação de registro desse acervo no que tange a precedência, a datação e os demais critérios que uma objeto deve ter para fazer parte do acervo de um museu. Mediante a inserção desses objetos para formação do acervo, vejamos o que informa a ex- diretora da Casa do Folclore Nam Almeida6:

A proposta inicial era expor o que a gente tinha e muita gente não sabia... Ter um lugar onde pudesse

colocar todo o material que fosse sobre folclore, que falasse da história de Laranjeiras... Nós foram doados indumentárias dos grupos, fotos dos grupos e outros objetos que apresentam o folclore local....(sic)

Dessa forma, observa- se que para a inserção dos objetos na instituição não houve critérios para seleção dos mesmos.

No tocante a documentação legal da criação da Casa, como o estatuto do Museu, seu ato de criação e seu regimento esses não existem,a falta desses documentos prejudicam o processo de capitação de recursos para a manutenção da instituição, e é por falta de recursos financeiros e da necessidade de um quadro funcional de profissionais capacitados que a Casa do Folclore Zé Candunga se encontra em estado crítico, ou seja, a maior parte de seu acervo foi perdida, outros objetos que representam as manifestações culturais locais estão em péssimo estado de conservação, devido ao suporte material do objeto que é muito frágil, pois muitos desses são confeccionados em papel, tecido e também pela inadequação das embalagens para o acondicionamento

do acervo. Todos esses fatores são favoráveis para o seu desgaste e a sua degradação.

3 - Comunidade e acervo

Quando foi criada a Casa do Folclore, o seu acervo foi constituído com a participação de pessoas da comunidade, muitas delas figurantes dessas manifestações populares. Dessa forma, a instituição aflorou nessa comunidade constituída pelos integrantes dos grupos folclóricos o sentimento de pertencimento, pois os integrantes desses grupos culturais queriam ser vistos por meio de seus objetos com o intuito de

6 Entrevista concedida no dia 24 de agosto de 2011 por Nam Almeida, ex – diretora da Casa do Folclore de 2002 – 2008.

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difundirem seus materiais simbólicos para que fossem conhecidos por outros grupos sociais.

Inicialmente, o acervo era composto das indumentárias dos grupos folclóricos, de material fotográfico sobre os mesmos, textos resumos referente à história de cada manifestação cultural, assim como plantas medicinais e outros elementos que representam a cultura popular laranjeirense. Ao acervo, foram acrescentados alguns cartazes do Encontro Cultural de Laranjeiras7 que encontravam - se na Secretária de Cultura do Município de Laranjeiras. Vejamos o que informa a profª. Isaura Julia de O. Ramos a respeito da integração dos objetos.

Aproveitamos o espaço onde pudéssemos mostrar a cultura popular de Laranjeiras de forma geral, na culinária, em seus credos, crendices que Laranjeiras tem, seus mitos populares, junto a esses os cartazes do Encontro Cultural que estavam na Secretária e nós trocemos para dentro da Casa, porque achamos que eles também falam da cultura local, pois nossos artistas fazem questão de registrar o patrimônio cultural que Laranjeiras por meio da produção de imagens desses cartazes .

Segundo relatos dos funcionários da Casa do Folclore, o acervo ficava exposto em uma das salas da Secretaria de Cultura que se localizava na Rua José do Prado Franco, os mesmos entendiam que esse espaço seria a sede efetiva para a criação da Casa do Folclore. Devido aos problemas físicos desse espaço que abrigava a instituição, teve que mudar seu endereço, uma vez que o prédio vai passar pelo processo de restauração, que será efetuado pelo Projeto Monumenta8.

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Evento cultural promovido pelos órgãos estadual e municipal e patrocínio de empresas privadas que ocorre anualmente na cidade de Laranjeiras/SE. No evento são apresentados seminários com temática sobre manifestações culturais, apresentações de grupos folclóricos e outras manifestações culturais, locais e de outras regiões do país.

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Fig.1. Primeira sede da Casa do Folclore Zé Candunga Fonte: Foto Allyne Francine Souza

A instituição trocou de endereço duas vezes para sedes temporárias, a primeira sede ficava na Rua Coronel de Freitas (conhecido como Beco do ZINHAINHA) onde permaneceu por cerca de quatro anos. Ver figura 2.

No ano de 2010, é transferida para uma parte do andar superior do prédio que funcionava o Fórum Levindo Cruz, localizado à Rua Tobias Barreto sem nº, permanecendo até os dias atuais. Figura 3.

Fig.2. Primeira sede temporária da Casa do Folclore Zé Candunga Fonte: Foto Allyne Francine Souza

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Fig.3. Sede atual da Casa do Folclore, Fórum Levindo Cruz

Fonte: Foto Allyne Francine Souza

4 - Preservação e Conservação do acervo museológico

Pelo exposto, a Casa do Folclore Zé Candunga foi criada para oferecer ao público visitante uma experiência concreta de evocação de um passado que se faz presente à medida que cada objeto se apresenta dentro do contexto vinculado as tradições laranjeirense, sendo que em muitos momentos festivos os brincantes podem ser vistos em suas funções originais, onde ganham vida por meio das representações de seus personagens, isto é, o patrimônio imaterial se materializa nos gestos e nos ritmos dos brincantes.

No entanto, a Casa do Folclore está passando por inúmeros problemas em relação ao seu quadro estrutural, no que refere-se a demanda de funcionários e falta de recursos para gerir a instituição, por esses fatores, compreende- se que não a adequação e preservação do seu acervo institucional e que os mesmos se apresentam fora dos padrões de acondicionamento,ou seja, falta vitrines, expositores, materiais adequados para higienização das peças, ambientação e iluminação adequada.Logo,são inúmeros fatores que contribui para falta de conservação e preservação desse espaço museal.

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Por causa da não conservação desse acervo, a expografia do museu fica comprometida, uma vez que, não se consegue compreender o eixo comunicacional da exposição de longa duração apresentada pela instituição, devido a inexistência de materiais que auxilie no processo de apresentação da mesma.

O estado de conservação em que se encontra o acervo institucional colabora para o impedimento de um bom desempenho da função social e comunicação apresentada pela exposição. (ver figura4 e 5).

Fig. 4. Exposição permanente da Casa do Folclore. Fonte: Site Museus em Sergipe

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Fig.5. Circuito expográfico da Casa do Folclore Fonte: Site Museus em Sergipe

Segundo Tereza Scheiner9, é através das exposições que os museus elaboram uma narrativa cultural que os definem e significa enquanto agências de representação sócio- cultural.

A expografia da instituição está inadequada, e não desenvolve a comunicação com público visitante através da sua linguagem expositiva. Concordando com Scheiner10 sobre a ideia de que as “exposições constituem uma ponte, ou elo entre as coisas da natureza e a cultura do homem, tais como são apresentadas nos museus”. Dessa forma, a exposição permanente sem fio condutor, não constrói um discurso museologico.

Podemos assim constatar que os objetos expostos na Casa do Folclore contam a trajetória da cultura popular laranjeirense, mas pela desestruturação do seu acervo dificulta o discurso sobre ela.

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SCHEINER, Tereza. Comunicação, Educação, Exposição: novos saberes, novos sentidos IN:Semiosfera ano 3,nº4-5.

http://www.eco.ufrj.br/semiosfera/anteriores/semiosfera45/conteudo_rep_tscheiner.htm,acessado em 20 de outubro de 2011.

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Fig. 6. Exposição permanente da Casa do Folclore Fonte: Site Museus em Sergipe

Para Marília Xavier Cury11, a exposição tem o papel de proporcionar ao visitante uma interação comunicacional, pois os objetos bem articulados facilitam a compreensão do público o que não ocorre na Casa do Folclore.

Portanto, constitui um aspecto preocupante nesse espaço museal, a degradação dos objetos que simbolizam a memória das manifestações populares locais. Entre eles, chama a atenção o estado em que se encontra a coleção de cartazes do Encontro Cultural de Laranjeiras que apresenta esmaecimento das cores, vidros quebrados, molduras afetadas por cupins, traças que danificam a imagem e o texto. Esses cartazes evidenciam a trajetória do evento que contribui para difusão e preservação da cultura popular laranjeirense, por isso foram integrados ao acervo permanente da Casa do Folclore.

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. Fig. 7. Cartaz do IV Encontro Cultural de Laranjeiras

Fonte: Foto Allyne Francine

Essa coleção integra a exposição de longa duração da Casa do Folclore. No entanto, não se percebe a transmissão da informação, que ela oferece ao público porque a concepção expográfica dos mesmos no circuito expositivo está descontextualizada, ou seja, os objetos que a compõem não discursam de forma objetiva, parecem está soltos dentro do ciclo expográfico e, não apresenta linguagem de apoio como etiquetas para

identificação, assim, a exposição não transmite um discurso sob o evento. Em relação a comunicação transmitida pela exposição Scheiner12 argumenta

que:

Toda exposição é a recriação de uma parcela de mundo. Mas é também um espaço metafórico intencional articulado, e como tal é capaz de produzir um discurso especialíssimo, que configura sua identidade, e que a transforma

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num objeto perceptual específico. Mas é o uso das linguagens que irá contribuir para tornar a exposição um espaço emocionante, ajudando a tornar a experiência da visita uma experiência vivencial.

Independente da crise vivenciada pela instituição cabe ressaltar que estamos diante de um patrimônio público que precisar ser cuidado, pois ele tem um significado moral e cultural para comunidade folclórica laranjeiras, uma vez que, é guardião do patrimônio material e imaterial que se faz presente dentro desse espaço museológico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANAIS do XXI Encontro Cultural de Laranjeiras. Laranjeiras/SE., 04 a 07 de Janeiro de 1996. Aracaju: Secretaria de Estado da Cultura.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é folclore. 13ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2003.

CADERNO DE DIRETRIZES MUSEOLÓGICAS I, da Superintendência de Museus – Secretária do Estado da Cultura de Minas Gerais. 2006; do livro Museu: Aquisição-Documentação de Fernando Camargo Moro (1986); e de um esboço de glossário para o questionário do Projeto Perfil dos Museus do estado da Bahia (Projeto- Bahia, PNM, Eixo 3). [Texto extraído em parte, ou adaptado]

CURY, Marília Xavier. Exposição, concepção, montagem e avaliação. São Paulo: Anna Blume, 2005.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós- modernidade. 11ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

MENESES, Verônica Maria Nunes. Laranjeiras: de Cidade Histórica a Encontro

Cultural: Busca de elementos para integração da ação cultural. Dissertação

apresentada ao Curso de Mestrado em Memória Social e Documento. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 1993.

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS

SCHEINER, Tereza. Comunicação, educação, exposição: novos saberes, novos sentidos. Semiosfera. 2003, nº4. Acessado em: 19 de outubro de 2011.

http://www.eco.ufrj.br/semiosfera/anteriores/semiosfera45/conteudo_rep_tscheiner.htm, Acesso em 20 de outubro de 2011.

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