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Academic year: 2021

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TÍTULO: BRINQUEDO TERAPÊUTICO NA AVALIAÇÃO DO DEFICIT DE MEMÓRIA EM IDOSOS TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:

SUBÁREA: PSICOLOGIA SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): ROSEMARI GONÇALVES, ELIANA MIYUKI HIROTA AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): DAIENY PANHAN THEODÓRIO ORIENTADOR(ES):

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1 RESUMO

Este trabalho avaliou durante dois meses, entre fevereiro e abril de 2017, o impacto do treinamento cognitivo através de técnicas lúdicas de retenção de memória pela aplicação de brinquedo terapêutico em sete idosos residentes em Instituição de Longa Permanência de Idosos, acima de 65 anos e sem diagnóstico de déficit cognitivo grave. As alterações foram medidas através da aplicação de pré e pós teste MEEM (Mini-Exame do Estado Mental) e entrevistas, desconsiderando-se o tempo de institucionalização e a escolaridade. Como resultados, a análise quantitativa e não-paramétrica revelou melhoria das pontuações corretas nos quesitos: memória, organização e comunicação verbal. Outras alterações positivas na sociabilidade, comunicação, raciocínio e autoestima confirmaram a importância de programas de reabilitação cognitiva para qualidade de vida em idosos institucionalizados.

INTRODUÇÃO

Envelhecer faz parte do curso normal da vida e nem todas as alterações físicas que a pessoa idosa sofre podem ser encaradas como doenças, senão como um desgaste natural físico que não geraria desgaste neuropsicológico se suas condições de saúde tivessem sido tratadas com antecedência. Os fatores que designam a qualidade do envelhecimento são: a herança genética, os fatores ambientais e a qualidade de vida (IZQUERDO, 2006).

Portanto, as perdas cognitivas verificadas a partir da terceira idade impactam no planejamento econômico dos sistemas previdenciários e no atendimento global à saúde física e mental do idoso, razão pela qual a Psicologia deve atuar no treinamento e reabilitação que podem desacelerar quadros de demência e até evitá-los. A assistência ao idoso “deve incluir programas informatizados de capacitação cognitiva em instituições públicas e privadas de atenção ao idoso para melhorar a qualidade de vida e atrasar os sinais de senilidade durante o processo de envelhecimento” (ASSED, 2016).

As ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos) são instituições assistenciais que priorizam a promoção social do idoso, por meio de políticas públicas, mas a longa permanência contribui para uma dependência e degradação de sua identidade. Vale lembrar que a população brasileira com idade acima de 60 anos,

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2 chegará a 30% da população em 2050, ou seja, cerca de 35 milhões de pessoas (IBGE, 2013). Manter a interação social e compreender as necessidades contemporâneas do idoso é outra forma de deter as perdas e limitações patológicas do processo de envelhecer (WITTER, 2006).

As pesquisadoras deste projeto utilizaram o brinquedo experimental “Gavetas da Memória”, elaborado para fins acadêmicos em 2015, na Universidade de Mogi das Cruzes, com o objetivo de associar uma atividade lúdica a encontros de treino cognitivo. Como parte das regras do brinquedo, foram utilizados seis temas disparadores (Hoje, Futuro, Pessoas, Fatos, Lugares e um tema “?” em aberto), mobilizando as funções de raciocínio, memória, sociabilidade, oralidade, cores e imaginação nas diversas fases da interatividade (sujeito x – aplicador – sujeito y). Por meio de temas provocadores na rememoração e evocação de eventos buscou-se investigar a atenção sustentada, a flexibilização cognitiva e a velocidade de processamento de informações dos sujeitos pela memória episódica e declarativa, de curto e longo período (LOURENÇO; VERAS, 2006).

OBJETIVOS

Avaliar os benefícios terapêuticos advindos do uso do brinquedo “Gavetas da Memória”, pertencente à Brinquedoteca da Universidade de Mogi das Cruzes, no Serviço-Escola de Psicologia, com a finalidade de avaliar sua especificidade terapêutica para idosos institucionalizados ou em situação domiciliar. Os objetivos específicos foram: analisar o discurso dos sujeitos no período de aplicação da atividade; levantar informações sobre o perfil dos participantes; avaliar os benefícios resultantes da intervenção com o brinquedo e a memória por meio de pré e pós-teste.

METODOLOGIA

Esta pesquisa é qualitativa, do tipo quase experimental, inserida na área de Psicologia da Saúde. Foram realizados encontros quinzenais com 7 participantes institucionalizados, durante três meses. Os participantes tinham acima de 60 anos de idade e estavam sem o diagnóstico de demência ou perda cognitiva severa. Todos os encontros respeitaram critérios de ambientação (iluminação, acessibilidade,

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3 arejamento e privacidade). Todos os sujeitos assinaram o Termo De Consentimento Livre e Esclarecido. A duração das sessões foi de em média 30 minutos, incluindo

rapport e explicação das regras do brinquedo não-estruturado “ Gavetas da Memória”.

Um pré e um pós-teste de memória foram aplicados no início e final dos encontros (Mini Exame do Estado Mental – MEEM). As pesquisadoras realizaram o registro do discurso e guardaram as anotações em envelopes individuais que permaneceram lacrados até o encerramento da pesquisa. Foi efetuada a tabulação para análise quantitativa não-paramétrica e uma observação qualitativa do convívio com os sujeitos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi realizada uma análise quantitativa no pré e no pós-teste utilizando o MEEM – Mini Exame do Estado Mental, com resultados dispostos em tabelas e incluindo discussão qualitativa para melhor compreensão dos resultados. Embora tenha-se percebido correlação positiva entre as variáveis, deve-se ainda manter a hipótese nula de que os resultados desta pesquisa não podem ser generalizados para a população escolhida para amostra.

Numa análise qualitativa, os participantes demonstraram maior assertividade e capacidade de retenção das orientações das pesquisadoras; menor tempo para realização da atividade e maior capacidade de socialização.

Tabela 1: Pré e pós-teste dos participantes da ILPI

Participante Pontos Pré-Teste Pontos Pós-teste

1 23 21 2 8 15 3 8 14 4 15 17 5 15 16 6 6 9 7 16 14

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4 Comparando os resultados da aplicação do MEEM no pré e pós-teste, houve um aumento significativo, entre os participantes. Nesta pesquisa, 87,50% dos idosos tinham idade entre 71-80 anos, não sendo verificada diferença relevante entre os escores de pontuação obtida avaliando apenas o quesito idade do participante. Verificou-se que a motivação do sujeito interfere em seu desempenho mais que o critério idade. Houve melhora entre os participantes da ILPI, analisando os dados brutos, embora a correlação de Spearman e Qui Quadrado, com margem de erro de 0,05, seja negativa, (r=0,2849 e (p) =0,4941) e não significante.

Também os sujeitos com histórico de vida e origem socioeconômica diferentes pareceram sofrer o impacto da institucionalização e quebra de vínculos familiares de forma parecida. Estes resultados corroboram com os de Witter “a velhice não é somente um conceito cronológico, mas vem carregado por discriminação, assim como a aposentadoria e a viuvez, agregando à situação dos idosos em ILPIs uma “decronologização” do curso de vida, sendo o indivíduo considerado como alguém inútil, incapaz e não mais contribuinte ou ativo no mercado de trabalho” (WITTER, 2006).

Tabela 2: Características dos participantes ILPI

Participante Sexo Estado civil Idade

1 Masculino solteiro 72 2 Feminino solteira 75 3 Masculino solteiro 75 4 Masculino solteiro 66 5 Feminino viúva 88 6 Feminino viúva 77 7 Feminino viúva 66

Na tabela 2 verifica-se que no grupo de idosos institucionalizados, a maior incidência é de viuvez feminina com idade superior a 66 anos. Todos os participantes masculinos eram solteiros, o que indica alienação familiar na decisão pela institucionalização. Foi possível observar qualitativamente uma melhora no enfrentamento das memórias evocadas pelos idosos, tanto na orientação temporal com relação ao presente e

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5 passado da sua situação vivencial, bem como na assertividade e domínio pessoal da memória, o que impactou positivamente na autoestima e organização dos participantes (FREIRE; GARCIA, 2011).

A Psicologia, especificamente na área da Gerontologia, deve trabalhar na prevenção, extinção ou adiamento das alterações patológicas no desempenho cognitivo de idosos, bem como reabilitar as funções cognitivas típicas ou não do envelhecimento. Vale ressaltar que a sensibilização dos cuidadores para o treinamento cognitivo dos idosos institucionalizados é citado como fator de qualidade de vida em estudos gerontológicos e previsto no Estatuto do Idoso (2003).

DESENVOLVIMENTO

Os relatos foram registrados em entrevistas abertas com os sete participantes ao final da pesquisa. No grupo desta pesquisa, a participante 2, de sexo feminino, institucionalizada desde que ficou viúva, há 6 anos, e com deficiência visual, afirmou que na ILPI “ninguém conversa comigo, pois ninguém gosta de mim”. Sua dificuldade em interagir com outros idosos é visível. Ela se senta sempre isolada. Numa das aplicações do brinquedo, disse ter “esperado a semana toda” para contar às pesquisadoras algo de que se lembrara e contou em detalhes um fato de seu passado, animada por ter conseguido manter a evocação por muitos dias.

O participante 4, masculino, confinado à cadeira de rodas e com alto grau de dependência de cuidadores, na sua última vivência do brinquedo terapêutico, dedicou uma poesia de quatro linhas às duas pesquisadoras e conseguiu citar com exatidão versículos da Bíblia Espírita Kardecista.

A participante 5, do sexo feminino, inicialmente relatou sobre todos os problemas físicos que possuía e dores articulares muito intensas. No decorrer das sessões ela alternou momentos em que se recusava a participar da pesquisa e outros em que buscava nomear seu sofrimento não físico, vivenciado porque seu filho não a visitava. O vínculo oportunizado pelo brinquedo terapêutico criou um espaço mediador para ela verbalizar conteúdos silenciados.

O brinquedo permitiu que, ao final da pesquisa, os idosos mantivessem um acolhimento afetivo salutar com as pesquisadoras. No aspecto geral, os participantes se permitiram fantasiar, quando o tema sorteado era “Futuro” e demostravam uma

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6 perspectiva de serem novamente independentes para fazerem algo que eles já não conseguiam fazer sozinhos, como andar, tomar banho ou vestirem-se.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora a análise estatística dos resultados da tabulação de pontuação do Teste MEEM não possam ser generalizados, os resultados individuais indicam aumento na memorização de estímulos, socialização, responsividade, retenção de fatos sequenciais e linguagem mais elaborada (memória declarativa). Pela pesquisa realizada neste projeto foi possível observar qualitativamente uma acentuada melhora no enfrentamento das memórias evocadas pelo grupo de idosos, com benefícios tanto na orientação temporal com relação ao presente e passado da sua situação vivencial, como na assertividade e valorização sobre o domínio pessoal da memória, o que impactou positivamente na autoestima dos participantes, conforme relatado.

Sugere-se que a compreensão do envelhecimento deve merecer maior atenção de pesquisadores na busca de instrumentos e procedimentos que resgatem a identidade dos idosos institucionalizados. Sendo assim, o vínculo terapêutico atingido com a utilização do brinquedo facilitou a elaboração de conteúdos emocionais encobertos, fazendo da rememoração de eventos da história pessoal um exercício de alívio e resgate da identidade, ampliando o conceito de terapia ocupacional. O brincar terapêutico proporciona qualitativamente uma acentuada melhora na orientação temporal com relação ao presente e passado da sua situação vivencial, bem como na assertividade e valorização sobre o domínio pessoal da memória.

REFERÊNCIAS

ASSED, Mariana Medeiros et al.; “Treinamento em memória e benefícios para a qualidade de vida em idosos: Um relato de caso”, Revista Demência & Neuropsicologia, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 152-155, junho de 2016. Disponível em

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1980-57642016000200152&lng=pt&nrm=iso, acesso em 01 /01/2017, às 13h33min.

BRASIL, ESTATUTO DO IDOSO – Disponível em https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/98301/estatuto-do-idoso-lei-10741-03, acesso em 15/07/2017, às 13 horas,

BRASIL, IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2013, disponível em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2013/def

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7 ault.shtm; acesso em 22/04/2017, às 12 horas.

FREIRE, R.P.; GARCIA, M.B. O brincar como recurso terapêutico para o adulto maior institucionalizado: uma proposta de intervenção em terapia ocupacional. Estudos Interdisciplinares do Envelhecimento, Porto Alegre, v. 16, p. 395-405, 2011, disponível em http://www.seer.ufrgs.br/RevEnvelhecer/article/view/17914, acesso em 11/02/2017.

IZQUIERDO, Iván, BEVILAQUIA; Lia R. M. E.; CAMMAROTA, Martín; A arte de

esquecer; Estudos Avançados 20 (58), 2006, disponível em

http:/www.sciello.br/pdf/ea/v20n58/22.pdf, acesso em 21/05/2016.

LOURENÇO Roberto A.; VERAS Renato P.; Mini-Exame do Estado Mental: características psicométricas em idosos ambulatoriais, Revista Saúde Pública, 2006; 40(4), disponível em <www.scielo.br/pdf/rsp/v40n4/23.pdf>, acesso em 21/05/2016, às 10h23min.

WITTER, Geraldina P. (Org.); Envelhecimento: Referenciais Teóricos e Pesquisas, Editoras Alínea, 2006, Coleção Velhice e Sociedade, Campinas, SP.

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