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A produção de histórias em quadrinhos na Escola Municipal de Ensino Fundamental Euflaudízia Rodrigues em Boqueirão - PB

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FORMAÇÃO DE PROFESSORES MESTRADO PROFISSIONAL. MARÍLIA GERLANE GUIMARÃES DA SILVA. A PRODUÇÃO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL EUFLAUDÍZIA RODRIGUES EM BOQUEIRÃO - PB. CAMPINA GRANDE - PB 2018.

(2) 2. MARÍLIA GERLANE GUIMARÃES DA SILVA. A PRODUÇÃO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL EUFLAUDÍZIA RODRIGUES EM BOQUEIRÃO - PB. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Formação de Professores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), como parte das exigências para a obtenção do grau de Mestre em Formação de Professores. Linha de Pesquisa: Ciências, Tecnologias e Formação Docente.. Orientador: Prof. Dr. Antonio Roberto Faustino da Costa. CAMPINA GRANDE - PB 2018.

(3) É expressamente proibido a comercialização deste documento, tanto na forma impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano do trabalho.. S586p. Silva, Marília Gerlane Guimarães da. A produção de histórias em quadrinhos na Escola Municipal de Ensino Fundamental Euflaudízia Rodrigues em Boqueirão-PB [manuscrito] / Marília Gerlane Guimarães da Silva. - 2018. 135 p. : il. colorido. Digitado. Dissertação (Mestrado em Profissional em Formação de Professores) - Universidade Estadual da Paraíba, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa , 2019. "Orientação : Prof. Dr. Antonio Roberto Faustino da Costa , Departamento de Comunicação Social - CCSA." 1. Ensino fundamental. 2. Gêneros textuais. 3. Histórias em quadrinhos. 4. Softwares educativos. I. Título 21. ed. CDD 371.33. Elaborada por Valéria S. e Silva - CRB - 3/980. BCIA2/UEPB.

(4) 3.

(5) 4. Dedico esta, bem como as minhas demais conquistas, primeiramente a Deus, fonte de toda sabedoria e poder, e, sobretudo, aos meus pais Geraldo Guimarães da Silva e Maria José Guimarães que sempre me incentivaram e investiram na minha formação..

(6) 5. AGRADECIMENTOS. Agradeço primeiramente a Deus por ser sempre minha força maior, alento e certeza que tudo sairia conforme a sua vontade. Aos meus pais, Geraldo Guimarães da Silva e Maria José Guimarães, que diante de todas as dificuldades nunca mediram esforços para investir e incentivar na minha formação profissional e humana. Eles que abriram mão de muitos dos seus sonhos para que eu pudesse realizar os meus, neste momento as palavras não são suficientes para expressar toda a minha gratidão. Ao meu esposo Patrick Depallier Idalino, pela sua compreensão, paciência e disponibilidade a me ajudar durante toda a trajetória desse trabalho e na vida como um todo. Ao Grupo de Pesquisa Práxis de Orientação Educativo-Coletiva, pelo apoio e valiosas orientações que contribuíram para o enriquecimento da pesquisa. A coordenação do curso e a todos os professores e todas as professoras que foram de grande importância nessa etapa da minha vida acadêmica e profissional. A direção e aos alunos e as alunas da Escola Municipal de Ensino Fundamental Euflaudízia Rodrigues. Ao meu orientador Antônio Roberto Faustino da Costa, pela paciência e auxílio presentes na orientação, tornando possível a conclusão desta dissertação. A banca, professora Simone Dália de Gusmão Aranha e professor Sebastião Faustino Pereira Filho, pelas ricas contribuições para a pesquisa. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da construção deste estudo, o meu muito obrigado..

(7) 6. RESUMO A sociedade contemporânea, cada vez mais, pressupõe cidadãos capazes não apenas de ler, mas compreender e produzir textos. Neste sentido, os gêneros textuais tornam-se imprescindíveis à vida em sociedade, podendo ser considerados a materialização das várias práticas discursivas que permeiam a sociabilidade. Uma das mais ricas modalidades de gêneros são as Histórias em Quadrinhos (HQ) que constituem, ao mesmo tempo, um instrumento bastante atrativo de leitura e um recurso didático-pedagógico com múltiplas possibilidades de aprendizagem e produção textual. Considerando experiências enriquecedoras desenvolvidas através do uso de tecnologias digitais na educação e o estudo do gênero Histórias em Quadrinhos, parte o estudo dos seguintes problemas: como viabilizar o estudo do gênero HQ em benefício da produção textual no Ensino Fundamental? Há diferenças significativas entre a produção manual e digital de Histórias em Quadrinhos ou o uso em sala de aula de ambas as modalidades deve ser complementar? Diante disso, o objetivo geral do presente estudo foi promover o uso das HQ na produção textual na Escola Municipal de Ensino Fundamental Euflaudízia Rodrigues, localizada no município de Boqueirão-PB. Como objetivos específicos pretendeu-se desenvolver uma ação pedagógica envolvendo o gênero HQ e avaliar a sua importância para o desenvolvimento da produção textual, a partir de uma análise comparativa entre o HQ manual e o software educativo HagáQuê. Do ponto de vista teórico-conceitual, adotou-se a contribuição de autores como Assmann (2005), Bakhtin (1997), Cagnin (1975), Cirne (1970), Franco (2004, 2013, 2016), Kenski (2007), Marcuschi (2008), Mayer (2001), Moya (1977), Valente (1999), Vergueiro (2016) e Weiler (2006). Do ponto de vista metodológico, tomou-se como base a pesquisa de natureza qualitativa; como procedimentos de coleta de dados, a revisão de literatura, pesquisa de campo e pesquisa-ação, aplicada a 23 alunos da turma do 5° ano A (turno manhã) do Ensino Fundamental I; e, como instrumento de descrição e discussão dos resultados, a Análise de Conteúdo (BARDIN, 2002). Como resultado de pesquisa foram produzidos pelos estudantes sete HQ abordando os temas “Amizade” e “Folclore”, sendo três manuais e quatro utilizando o HagáQuê, demonstrando a relevância de ambas e as características específicas de cada modalidade. A principal conclusão do estudo é que as Histórias em Quadrinhos podem se tornar importante experiência de produção textual tanto manual quanto digital, notadamente, quando se adota a aprendizagem significativa e colaborativa, baseada na realidade e no protagonismo dos próprios educandos. Palavras-chave: Ensino Fundamental. Gêneros textuais. Histórias em Quadrinhos. Softwares educativos..

(8) 7. ABSTRACT Contemporary society, more and more, presupposes citizens capable not only of reading but of understanding and producing texts. In this sense, textual genres become essential to life in society, and can be considered the materialization of the various discursive practices that permeate sociability. One of the richest modalities of genres is comic, which are at the same time a very attractive instrument of reading and a didactic-pedagogical resource with multiple possibilities of learning and textual production. Considering enriching experiences developed through the use of digital technologies in education and the study of the genre Comics, part of the study of the following problems: how to make feasible the study of the genus HQ for the benefit of textual production in Elementary School? Are there significant differences between the manual and digital production of Comics or the use in the classroom of both modalities should be complementary? The general objective of this study was to promote the use of HQ in textual production at the Municipal School of Elementary Education Euflaudízia Rodrigues, located in the city of Boqueirão-PB. Specific objectives were to develop a pedagogical action involving the HQ genus and evaluate its importance for the development of textual production, based on a comparative analysis between the manual HQ and the HagáQuê educational software. From the theoretical-conceptual point of view, the contributions of authors such as Assmann (2005), Bakhtin (1997), Cagnin (1975), Cirne (1970), Franco (2004, 2013, 2016), Kenski (2007), Marcuschi (2008), Mayer (2001), Moya (1977), Valente (1999), Vergueiro (2016) and Weiler (2006). From the methodological point of view, qualitative research was taken as a basis; such as data collection procedures, literature review, field research and action research, applied to 23 students of the 5th grade class A (morning shift) of Elementary School I; and, as an instrument for describing and discussing the results, the Content Analysis (BARDIN, 2002). As a result of the research, the students produced seven HQ dealing with the themes "Friendship" and "Folklore", being three manuals and four using HagáQuê, demonstrating the relevance of both and the specific characteristics of each modality. The main conclusion of the study is that comic can become important experience of textual production both manual and digital, especially when adopting meaningful and collaborative learning, based on the reality and the protagonism of the students themselves. Keywords: Elementary School. Textual genres. Comics. Educational software..

(9) 8. LISTA DE FIGURAS. FIGURA 1 -. Página do software HagáQuê................................................ FIGURA 2 -. Ambiente subdividido entre Biblioteca, Sala de Professores. 35. e Laboratório de Informática.................................................. 38. FIGURA 3 -. Caixa surpresa com imagens de HQ..................................... 46. FIGURA 4 -. Tirinha utilizada para avaliar conhecimento dos alunos sobre HQ.............................................................................. FIGURA 5 -. Cartazes. com. elementos. do. HQ. encontrados. 46. em. gibis........................................................................................ 48. FIGURA 6 -. HQ utilizada em sala de aula como modelo temático............ 49. FIGURA 7 -. Computadores e notebooks usados na produção das HQ.... 50. FIGURA 8 -. Alunos produzindo suas histórias no software HagáQuê...... 51. FIGURA 9 -. Alunos em produção e aprendizagem colaborativa............... 52. FIGURA 10 -. Exposição do gibi “Folcloriando no HagáQuê”...................... 52. FIGURA 11 -. Apresentação das histórias produzidas no HagáQuê............ 53. FIGURA 12 -. Resposta de aluno ao subtema colaboratividade do questionário........................................................................... 67. FIGURA 13 -. Resposta de aluno ao subtema tecnologia do questionário.. 68. FIGURA 14 -. Resposta de aluno ao subtema software HagáQuê do questionário........................................................................... FIGURA 15 -. Resposta de aluno ao subtema produção no HagáQuê do questionário........................................................................... FIGURA 16 – FIGURA 17 -. 69. Resposta. de. aluno. ao. subtema. gênero. HQ. 69. do. questionário........................................................................... 70. Análise Comparativa entre as Modalidades de HQ............... 71.

(10) 9. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS. BNCC. Base Nacional Comum Curricular. EUA. Estados Unidos da América. HQ. Histórias em Quadrinhos. LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. PB. Paraíba. PCN. Parâmetros Curriculares Nacionais. PNBE. Programa Nacional Biblioteca na Escola. PPGFP Programa de Pós-Graduação em Formação de Professores TIC. Tecnologias de informação e comunicação. UEPB. Universidade Estadual da Paraíba. UFRN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

(11) 10. SUMÁRIO. INTRODUÇÃO................................................................................... 11. 1. GÊNEROS TEXTUAIS....................................................................... 16. 1.1. O Gênero textual Histórias em Quadrinhos: do impresso ao digital.................................................................................................. 20. 1.2. O uso de Histórias em Quadrinhos na educação............................... 25. 1.3. O HagáQuê como Software Educativo............................................... 29. 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................... 37. 3. ANÁLISE DA PRODUÇÃO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................... 45. 3.1. As HQ Manuais e Digitais Produzidas pelos Alunos.......................... 54. 3.2. Análise Comparativa entre as Modalidades de HQ............................ 65. 3.3. Avaliação da Turma sobre o Uso das HQ.......................................... 66. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................... 72. REFERÊNCIAS.................................................................................. 75. APÊNDICES....................................................................................... 79. ANEXOS............................................................................................. 130.

(12) 11. INTRODUÇÃO No contexto da sociedade contemporânea, cada vez mais, faz-se necessário leitores assíduos e que estejam aptos não apenas a ler, mas a compreender e sobretudo produzir textos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) mostram o caminho pelos quais os docentes podem enfatizar isso, incluindo o uso dos gêneros discursivos/textuais que podem ser considerados a materialização das várias práticas sociais que permeiam a sociedade, articulados de tal forma que se tornam imprescindíveis à vida em sociedade. Dentre as várias modalidades de gêneros, as Histórias em Quadrinhos (HQ) apresentam-se como uma das mais ricas, por suas múltiplas possibilidades de aprendizagem, além de ser um recurso bastante atrativo às crianças. As Histórias em Quadrinhos são incorporadas às escolas através de gibitecas, dos personagens que viram filmes e do próprio livro didático que tem se utilizado de tirinhas e pequenas estórias para tratar de temas em diferentes áreas do conhecimento, com o intuito de ajudar no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. Além de ser constituídas por imagens e textos, as HQ satisfazem a necessidade de leitura dos alunos que ainda não sabem ler convencionalmente. As HQ apresentam como característica a transmissão de uma mensagem de forma rápida e eficiente. Por serem atraentes, tornam prazerosas as atividades escolares, podendo ser trabalhadas nas mais diversas disciplinas, desde Língua Portuguesa, Artes e História à Matemática. O que torna, sem dúvida, de extrema importância utilizar esse gênero em prol de uma aprendizagem significativa e colaborativa, particularmente, no que diz respeito à leitura e produção textual. Importante frisar que, por mais que ocorressem experiências envolvendo o uso das Histórias em Quadrinhos, estas só começaram a ser adotadas em sala de aula de forma sistemática a partir dos anos 1990, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e os PCN (VERGUEIRO; RAMOS, 2015). Em 2006, as HQ foram incluídas na lista do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE). Somou-se a isso a emergência das tecnologias de informação e comunicação (TIC), entre as quais os softwares educativos e seus impactos sobre a aprendizagem da leitura e produção textual..

(13) 12. Kenski (2007) enfatiza essa nova cultura e realidade informacional como consequência da importância da tecnologia e linguagem digital, baseado no acesso a computadores e todos os seus periféricos (internet, jogos eletrônicos etc.) que influencia, cada vez mais, a constituição de novos conhecimentos, valores e atitudes da sociedade. Diante desta realidade, torna-se praticamente impossível manter as novas tecnologias distantes do ambiente escolar. Elas poderão oferecer para toda a escola um espaço muito mais enriquecedor, com variados recursos didático-pedagógicos que poderão estar colaborando para uma melhor e mais ampla apreensão dos conteúdos e possibilitando aos alunos uma aprendizagem significativa. Notadamente porque tais instrumentos já fazem parte da sociedade em que o aluno está inserido, fazendo-se presente no seu dia a dia. A inserção de softwares educativos, entre outras contribuições, enriquece ainda mais o uso de computadores e enfatiza a autonomia do aluno por meio da aprendizagem colaborativa. O que implica mediar, de modo significativo, a inserção dos discentes na sociedade do conhecimento, a fim de que os mesmos possam lidar com as constantes mudanças do mundo a sua volta, bem como melhorar a abordagem de conteúdos em sala de aula, a leitura e a escrita, além de ser uma maneira de interagir e motivar todos os sujeitos do processo educacional. A aprendizagem colaborativa destaca-se neste cenário, uma vez que estará colaborando com a eficácia da cooperação, interatividade e autonomia dos alunos. Nessas condições, as tecnologias educacionais podem amplificar e potencializar as situações nas quais professores e alunos pesquisam, discutam, relacionam-se e constroem suas trajetórias coletivas com o conhecimento. No entanto, é importante frisar que a escolha e a utilização das tecnologias em educação, a exemplo dos softwares educativos, devem ser cuidadosamente planejadas para que tais ferramentas possam promover a aprendizagem do aluno e para que esta prática se torne realmente significativa. Nessa perspectiva é que o software multimídia HagáQuê é adotado na presente pesquisa, considerando não apenas o fato de que as crianças têm grande interesse por Histórias em Quadrinhos, constituindo a sua leitura um passatempo bastante comum e por serem sugeridos pelos PCN, mas também reconhecendo o potencial de seu uso como recurso tecnológico que deve ser inserido na educação, uma vez que condiz com as demandas e exigências da sociedade atual..

(14) 13. O uso do HagáQuê pode trazer significativa contribuição para o ensino, proporcionando uma aprendizagem focada no aprender com diversão, bem como estimular o exercício da linguagem escrita e oral. Além de dispor de vários recursos midiáticos, também é um instrumento que pode ser aplicado pelas escolas no decorrer de todo o ano letivo, na perspectiva dos projetos de incentivo à leitura e produção de textos. Sendo, também, uma forma de incentivar o professor do Ensino Fundamental I a fazer uso dos recursos tecnológicos em suas aulas, principalmente, incorporando o gênero Histórias em Quadrinhos. Motivada pela condição de educadora da Rede Pública Municipal de Ensino (inicialmente em Boqueirão-PB e, atualmente, em Campina Grande-PB) e envolvida, portanto, com experiências enriquecedoras através do uso de tecnologias digitais na educação e o estudo do gênero Histórias em Quadrinhos, a pesquisadora começou a se colocar a seguinte questão: como viabilizar o estudo do gênero HQ em prol da leitura e produção textual? E quais as vantagens e desvantagens da junção das modalidades manual e digital na produção de Histórias em Quadrinhos? Dessa maneira, o estudo das Histórias em Quadrinhos como gênero eficaz ao exercício da leitura e escrita na Rede Municipal de Ensino Fundamental I de Boqueirão-PB tornou-se objeto da presente pesquisa, desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Formação de Professores (PPGFP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). A pesquisa teve como principal objetivo geral, promover o uso das Histórias em Quadrinhos na produção textual na Escola Municipal de Ensino Fundamental Euflaudízia Rodrigues, na perspectiva de uma aprendizagem tanto significativa quanto colaborativa. Como objetivos específicos pretendeu-se, por um lado, desenvolver uma ação pedagógica envolvendo o gênero HQ e, por outro, avaliar a sua importância para o desenvolvimento da produção textual em sala de aula, a partir de uma análise comparativa entre a utilização do HQ em sua forma tradicional (manual ou impressa) e o emprego de uma de suas versões tecnológicas ou digitais, o software HagáQuê. Do ponto de vista metodológico, adotou-se uma pesquisa qualitativa, cujos resultados foram coletados através dos procedimentos de revisão da literatura, pesquisa de campo e pesquisa-ação, de acordo com a sua pertinência e importância em relação aos objetivos pretendidos..

(15) 14. A bibliografia consultada foi fundamental para problematizar as seguintes questões: a) em que medida tem sido utilizado o gênero Histórias em Quadrinhos em sala de aula; c) a intensidade de seus impactos na produção textual e no processo de ensino-aprendizagem; e c) como tem se dado o fenômeno da inclusão digital na ambiência educacional. Quanto a organização da dissertação, esta ficou subdividida em 3 capítulos, são elas: O capítulo 1 discute, a questão dos gêneros textuais como de extrema importância às relações sociais no dia a dia e a especificidade do gênero Histórias em Quadrinhos, sobretudo, dando ênfase à transição entre o HQ impresso e o HQ digital. Para tanto, toma-se como base autores como Anselmo (1975), Bakhtin (1997), Cagnin (1975), Cirne (1970), Descardesi (2002), Dionísio (2006, 2011), Dionisio, Machado e Bezerra (2008), Feijó (1997), Franco (2004, 2013, 2016), Marcuschi (2008), Mayer (2001) e Moya (1977). Além disso, aborda-se a questão do uso de Histórias em Quadrinhos na educação e contextualiza-se o processo de inserção e utilização dos HQ em sala de aula, enfatizando as tendências e desafios dos softwares educativos e, de modo especial, o HagáQuê, adotado pela presente pesquisa. Almeida e Moran (2005), Assmann (2005), Kenski (2007), Valente (1999), Vergueiro (2016) e Weiler (2006) são alguns dos autores que contribuem para a realização dessa revisão e atualização temática. No capítulo 2, dedicado aos procedimentos metodológicos, descreve-se de forma detalhada e ilustrada esse contexto. Desde as condições estruturais da Escola Euflaudízia Rodrigues até os procedimentos mediante os quais foram coletados dados acerca das potencialidade e limites do uso das Histórias em Quadrinhos em sala de aula. Além da professora colaboradora, os sujeitos participantes da pesquisa foram constituídos por 23 alunos do 5° ano do Ensino Fundamental I, junto aos quais foram aplicadas as duas últimas etapas do estudo ora apresentado: a pesquisa-ação e o questionário de avaliação do uso do HQ manual e digital (Apêndice C). A pesquisa-ação e o questionário foram aplicados, por sua vez, objetivando esclarecer três importantes dimensões: a) o grau de eficiência e eficácia das Histórias em Quadrinhos do ponto de vista da produção textual dos educandos; b) a evolução dos níveis de aprendizagem individual e coletiva dos estudantes; e c) a intensificação da aprendizagem colaborativa. Pretendeu-se, em suma, evidenciar as possibilidades e dificuldades de ordem pedagógica, didática, afetiva e pessoal que.

(16) 15. incidiam sobre o desempenho com a escrita e os consequentes índices de aprendizagem. O capítulo 3 apresenta, detalhadamente, as respostas para tais dimensões, demonstrando resultados tanto do ponto de vista das potencialidades quanto dos limites das Histórias em Quadrinhos em sala de aula. Num primeiro momento, descrevem-se os procedimentos realizados em torno da produção das HQ, desde o planejamento da ação pedagógica com a professora colaboradora aos primeiros contatos, treinamento e engajamento do alunado nas atividades. Num segundo momento, relatam-se com detalhes os recursos de criação e conteúdos adotados pelos discentes em cada um dos três HQ manuais e quatro HQ digitais por eles produzidos. Num terceiro momento, discutem-se os resultados alcançados à luz de uma análise comparativa entre as duas modalidades de quadrinhos (o manual e o software HagáQuê). Por último, com base no questionário aplicado, apresenta-se um quadro de como os alunos avaliam a experiência de uso do HQ no processo de aprendizagem significativa e colaborativa, bem como de inclusão digital. Além das Histórias em Quadrinhos produzidas pelos próprios alunos e compartilhadas com a comunidade da Escola Euflaudízia Rodrigues, em destaque o Gibi “A turma do 5º ano A em: ‘Folcloriando’ no HagáQuê”, a pesquisa-ação desenvolvida gerou um outro produto (Apêndice B). Um Guia Metodológico (Apêndice A), compreendendo um tutorial e uma sequência didática, destinado aos professores da Rede Pública de Ensino Fundamental I, abordando a importância das HQ para a leitura e escrita de textos, seja em sua forma manual seja mediante software educativo. O objetivo do Guia, mais precisamente, reside em elencar o passo a passo dos procedimentos a serem adotados na produção textual com apoio do gênero HQ..

(17) 16. 1. GÊNEROS TEXTUAIS O estudo dos gêneros textuais envolve, principalmente, a análise de texto e do discurso, além da descrição da língua e uma visão da sociedade, compreendendo os diversos aspectos e funcionalidade em sua atuação significativa da atividade humana. Conforme Bakhtin (1997, p. 279), “os gêneros estão vinculados às diferentes atividades da esfera humana, constituindo-se como mediadores de diversos discursos étnicos, culturais e sociais”. Sua riqueza e variedade são infinitas, pois a multiplicidade virtual da atividade humana é inesgotável. Os gêneros vão sofrendo modificações em consequência do momento histórico ao qual estão inseridos, ou seja, cada situação social origina um gênero, com suas próprias características. Ao pensar-se na infinidade de situações comunicativas e que cada uma delas só é possível graças à utilização da língua, pode-se perceber que infinitos também serão os gêneros, existindo em número ilimitado. Bakhtin (2003) vincula a formação de novos gêneros ao aparecimento de novas esferas de atividade humana, com finalidades discursivas específicas. Esta imensa heterogeneidade levou o autor a realizar uma “classificação”, dividindo-os em primários e secundários. Os primários aludem a situações comunicativas cotidianas, espontâneas, não elaboradas, informais, que sugerem uma comunicação imediata. São exemplos de gêneros primários a carta, o bilhete, o diálogo cotidiano. Os gêneros secundários, normalmente mediados pela escrita, aparecem em situações comunicativas mais complexas e elaboradas, como no teatro, romance, tese científica, palestra, etc. É importante frisar que a essência dos gêneros é a mesma, ou seja, ambos são compostos por fenômenos de mesma natureza, os enunciados verbais. O que os diferencia, entretanto, é o nível de complexidade em que se apresentam. A diferença entre os tipos de gêneros primários e secundários é extremamente grande para Bakhtin (2003). Segundo o autor, existe a necessidade de que se faça uma análise do enunciado para que se possa definir sua natureza. Bakhtin (2003) considera que os gêneros secundários são formados a partir de reelaborações dos primários. Assim, um diálogo cotidiano relatado em um romance perde seu caráter imediato e passa a incorporar em sua forma as características do universo narrativo e complexo que lhe deu origem, ou seja, nesta.

(18) 17. situação, o diálogo transforma-se em um acontecimento literário e deixa de ser cotidiano. No que se refere a classificação de um gênero discursivo, faz-se necessário que sejam considerados alguns aspectos definidos por Bakhtin (2003), a saber: conteúdo temático (assunto), plano composicional (estrutura formal) e estilo (leva em conta a forma individual de escrever; vocabulário, composição frasal e gramatical). Estas características estão totalmente relacionadas entre si e são determinadas em função das especificidades de cada esfera de comunicação, principalmente devido a sua construção composicional. O autor discrimina o “estilo” como algo absolutamente ligado aos gêneros do discurso, ressalta que por ele a individualidade do falante/escritor pode ser refletida, no entanto, coloca que nem sempre é possível ao sujeito representar sua individualidade estilística, pois alguns gêneros requerem uma forma padronizada de linguagem, como em documentos oficiais, por exemplo. Observa também, que o estilo é um “epifenômeno” do enunciado, ou seja, não se planeja escrever com determinado estilo, o estilo acaba sendo o produto – consequência do escrito/fala. Apesar de o estilo estar indissoluvelmente atrelado ao enunciado, não significa, segundo o autor, que não possa ser estudado separadamente. A “estilística da língua”, então, é uma disciplina independente e autônoma. E, mais uma vez, Bakhtin refere que o estudo da estilística só seria relevante se fosse baseado na natureza dos gêneros do discurso. Aliás, o autor é perseverante ao afirmar que, em qualquer estudo que se faça a respeito da língua, faz-se imprescindível abarcar o aprofundamento das modalidades dos gêneros, pois eles representam a língua viva, a linguagem em uso. O autor coloca que, até os dias atuais, os estudos têm desconsiderado as modalidades de gêneros do discurso, por isso, tais estudos são “pobres” e não diferenciados, inexistindo uma classificação de estilos de linguagem reconhecida de modo pleno. Há que se considerar que a habilidade no uso dos gêneros está diretamente relacionada ao domínio que temos em relação a eles, ou seja, quanto maior for esse domínio, mais facilidade teremos em empregá-los de forma usual e adequada nas situações comunicativas em que estivermos inseridos. Bakhtin afirma que, grande número de pessoas que apresentam um amplo conhecimento em relação a uma determinada língua, sentem-se pouco potentes em algumas situações por não dominarem os gêneros de dadas esferas. Para o autor, é a própria vivência em.

(19) 18. situações comunicativas e o contato com os diferentes gêneros do discurso que exercitam a competência linguística do produtor de enunciados. É esta competência dos interlocutores que auxilia no que é ou não aceitável em determinada prática social, sugerindo que quanto mais experiente for o sujeito, mais hábil será na diferenciação dos gêneros e no reconhecimento do sentido e da estrutura que o compõe. Marcuschi (2008) refere-se aos gêneros textuais como uso da língua cotidiana, mostrando o funcionamento da sociedade, sendo que cada gênero adquire sua função, forma, conteúdo e estilo em meio a uma comunidade discursiva. Torna-se impossível existir comunicação sem a relação entre gênero e texto, uma vez que o gênero textual se refere aos textos materializados em situações comunicativas recorrentes. Os gêneros textuais são os textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões comunicativos característicos, definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas. Partindo desse pressuposto, percebe-se que os gêneros são formas textuais flexíveis e dinâmicas que apresentam características sociodiscursivas, de inserção na comunicação humana, relacionando-se com o uso da língua, através dos textos que se manifestam em diversos gêneros textuais existentes em sociedade. No tocante ao ensino e aprendizagem, observa-se a importância de utilizar em sala de aula os mais diversos gêneros textuais, tanto os orais como os escritos, conhecendo suas características, sabendo que eles se inserem nas atividades humanas dentro de um contexto e situação da vida diária. Dessa forma, o ensino de Língua Portuguesa deve privilegiar o texto, a partir dos gêneros os mais diversos possíveis. Oferecendo estratégias de interpretação ao aluno para que o mesmo adquira referências mediante a leitura guiada por fatores socioculturais, regida pela sua vivência, ao construir os vários significados que um texto oferece. A existência dos gêneros textuais justifica-se pela sua consonância sociocomunicativa, visto que os mesmos surgem na medida em que a necessidade dos indivíduos aumenta, através da interação entre os povos: [...] surgem emparelhados à necessidades e atividades socioculturais, bem como na relação com inovações tecnológicas, o que é facilmente perceptível ao se considerar a quantidade de gêneros textuais hoje.

(20) 19. existentes em relação à sociedades anteriores à comunicação escrita (MARCUSCHI, 2008, p. 19).. Desde meados do século XIX é perceptível a irrupção de novos gêneros textuais na forma oral, escrita e visual, motivada pelo desenvolvimento dos meios de comunicação, cuja presença marcante e grande centralidade nas atividades comunicativas da realidade social vão propiciando e abrigando novos gêneros bastante característicos. Assim, surgem novas formas discursivas, tais como, editoriais, artigos de fundo, notícias, telefonemas, telegramas, telemensagens, teleconferências, videoconferências, reportagens ao vivo, correios eletrônicos (emails) e bate-papos virtuais (chats). Por isso mesmo, os gêneros que surgem não são exatamente novos, mas são criados com base em outros gêneros já existentes, ora ampliando os gêneros tradicionais ora ganhando características, identidades, funções e objetivos próprios. “Esses gêneros também permitem observar a maior integração entre os vários tipos de semiose: signos verbais, sons, imagens e formas em movimento” (DIONÍSIO; MACHADO; BEZERRA, 2002, p. 21). São diversos fatores que determinam a identificação/caracterização de um determinado gênero, a partir de seus aspectos sociocomunicativos e funcionais. Um desses fatores é a multimodalidade dos textos. Multimodalidade é o sentido produzido, recebido, interpretado e (re)construído pela linguagem oral ou escrita, mas por várias formas de representações comunicativas que constituem recursos usados para produzir sentidos, tais como, imagem, gesto, olhar, música, efeitos sonoros, movimento e fala. Deste modo, os gêneros textuais são as representações humanas dotadas de sentidos, sendo que cada atitude, gesto ou palavra transmite múltiplas linguagens, bem como a competência de produzir mensagens dos mais diferentes tipos de representações e nas variadas fontes de linguagem. Os textos multimodais se referem ao uso de mais de um modo de representação de um determinado gênero discursivo, dando-lhe sentido. Usando a linguagem, executam-se manifestações individuais e sociais que são consolidadas através dos diversos gêneros textuais. Assim, se as ações sociais são fenômenos multimodais, consequentemente os gêneros textuais falados e escritos são também multimodais porque, quando se fala ou escreve um texto, usam-se no mínimo dois.

(21) 20. modos de representação: palavras e gestos, palavras e entonações, palavras e imagens, palavras e sorrisos, palavras e animações etc. (DIONÍSIO, 2011). O sentido de um texto pode ser contemplado por diversas formas e códigos que estabelecem o ato comunicativo entre os sujeitos, podendo os mesmos se configurarem através de gestos, expressões, imagens, entre outros, presentes em textos verbais ou imagéticos. Conforme Descardesi (2002, p. 20), o próprio texto escrito, qualquer que seja o mesmo, [...] ele é multimodal, isto é, composto por mais de um modo de representação. Em uma página, além do código escrito, outras formas de representação como a diagramação da página (layout), a cor e a qualidade do papel, o formato e a cor (ou cores) das letras, a formatação do parágrafo, etc. interferem na mensagem a ser comunicada. Decorre desse postulado teórico que nenhum sinal ou código pode ser entendido ou estudado com sucesso em isolamento, uma vez que se complementam na composição da mensagem.. Razão pela qual, salienta Dionísio (2006, p. 188), “[...] a força visual do texto escrito permite que se reconheça o seu gênero mesmo que não tenhamos o domínio da língua em que está escrito”. O processo de ensino e aprendizagem pode, então, valer-se da multimodalidade com relação, principalmente, ao ensino de gêneros textuais, uma vez que “[...] os alunos aprendem melhor através de palavras e imagens que de palavras apenas” (MAYER, 2001, p. 184). Urge, portanto, possibilitar ao aluno desenvolver a capacidade de interpretar e criar diferentes textos multimodais, colocando criticidade no momento de reconhecer os múltiplos sentidos de um texto. Para tanto, faz-se importante que o professor incentive o aluno a explorar a competência multimodal presente nos textos, desenvolvendo a leitura e a produção de textos multimodais. Privilegiando não só o texto escrito, como também a linguagem imagética presente no mesmo.. 1.1 O Gênero textual Histórias em Quadrinhos: do impresso ao digital As Histórias em Quadrinhos (HQ) representam um gênero composto de dois tipos de linguagem, expostos em quadros. Conforme Araújo, Costa e Costa (2008, p. 30), por meio da linguagem verbal, podem expressar elementos como fala e pensamento dos personagens, voz do narrador e outros sons envolvidos na cena, enquanto por meio da linguagem visual exprimem as imagens contidas nas narrativas. Do ponto de vista dos gêneros textuais, por sua vez,.

(22) 21. [...] Ramos (2010, p. 20), considera as histórias em quadrinhos um hipergênero, ou seja, um grande “guarda-chuva” que engloba outros gêneros, cada um com suas peculiaridades, como as charges, os cartuns, as tirinhas etc. Com base em seus estudos e na observação do corpus de análise, é possível identificar algumas caraterísticas das histórias em quadrinhos em geral: • As histórias em quadrinhos possuem linguagem autônoma e utilizam mecanismos próprios para representar os elementos narrativos; • nos gêneros em quadrinhos predomina o modo de organização narrativo, mas os outros modos também podem ser encontrados, tanto no texto verbal quanto no visual; • a fala e o pensamento das personagens geralmente aparecem em balões, que simulam o discurso direto e a língua oral; • as histórias normalmente giram em torno de um personagem, que pode ser fixo ou não, e que conduz a ação; • as histórias são recheadas de “metáforas visuais”.. Como meio de comunicação, as HQ constituem diferentes narrativas que se expressam essencialmente por meio de imagens. A imagem é, nesse tipo de texto, o elemento principal da narrativa, pois sugere movimento e sucessão de fatos. Isto implica dizer que muitas HQ não apresentam texto verbal. Assim, para entender uma história, não basta que os leitores saibam ler o que está escrito. Precisam, também, ler o que as imagens representam, como o lugar onde acontece a história, as personagens (quem são, como são, quais as expressões do rosto, o que estão fazendo) e as indicações de sequência temporal. Em todo caso, as HQ se constituíram ao longo do tempo tipicamente como instrumentos da narrativa: Os quadrinhos se fixaram na narrativa. Ao se mencionar HQ, o próprio nome diz que se trata de história; é o conceito que todo mundo faz. Certamente, podê haver outras séries icônicas reunidas em mensagens, destin adas à comunicação, mas só aquelas destinadas a narrar formaram uma literatura apreciável e de grande influência como veículo de comunicação de massa (CAGNIN, 1975, p. 179).. Conforme Araújo (2009), as Histórias em Quadrinhos têm sua origem na préhistória, quando o homem das cavernas gravou imagens em pedras, deixando as primeiras expressões da natureza humana. Através das pinturas rupestres, o homem deixou um testemunho de sua época, na forma de histórias que contavam acerca dos alimentos e animais caçados, objetos e pessoas com quem convivia, todas desenhadas em pedras ou artefatos que serviam de suporte às primeiras representações. Segundo Cagnin (1975, p. 21), havia também a necessidade de comunicar.

(23) 22. alguma mensagem a outros grupos e gerações: O homem tem marcada tendência para contar, ouvir, ver ou ler histórias. É uma constante universal no tempo e no espaço: em todas as épocas temos narrativas, em todos os lugares habitados há histórias. Além disto, tudo serve para contar história: a língua escrita ou falada, o teatro, a coreografia, o cinema, os monumentos, a música, o bailado, a mímica... e as histórias em quadrinhos. As diversas artes estão aí, há séculos, narrando fatos e feitos. Como no cinema, os outros sistemas de imagens em ´srie ou em sequência se fixaram também na narrativa. Embora com potencialidade para ser aplicada em numerosos setores, as imagens e especialmente os desenhos se puseram a narrar. Assim, esta sua manifestação principal foi a que lhe deu o nome e quase lhe define a essência: história em quadrinhos é uma história em imagens.. O grande impulso das HQ ocorre, entretanto, após o século XIX, devido à emergência do capitalismo e desenvolvimento da indústria tipográfica: “A Revolução Industrial estabelece um limite, pelo menos inicial, na gênese das historietas, pois é no mapa desse período que o marco do ano zero da história das histórias em quadrinhos foi estabelecido.” (MOYA, 1977, p. 104) Ao longo do século XX, de acordo com Cirne (1970, p. 28-29), as Histórias em Quadrinhos passam a fazer parte da nova sociedade capitalista e da indústria cultural, marcadas fortemente pela tendência ao consumo de massa: Os quadrinhos nasceram “dentro” do jornal – que abalava (e abala) a mentalidade linear dos literatos – frutos da revolução industrial [...] e da literatura. Seu relacionamento com a televisão seria posterior – o esquema literário que os alimentavam culturalmente seria modificado, mas não destituído. Em contradição dialética, os quadrinhos (e o cinema) apressariam o fim do romance, criando uma nova arte – ou um novo tipo de literatura – tendo o consumo como fator determinante de sua permanência temporal.. Conforme ainda Araújo (2009, p. 25), as décadas de 1930 e 1940 compreendem uma das fases mais importantes aos quadrinhos: “[...] Percebia-se neste momento, um verdadeiro ‘boom’ dos quadrinhos, que mais tarde, impulsionaria também os mercados editoriais europeus e brasileiros que lançavam impressos dessa linguagem em jornais e revistas.” Esse período de crescimento foi sucedido, no entanto, pela grande crise resultante da Segunda Guerra Mundial, quando a produção de HQ foi reduzida, devido à escassez financeira e de materiais usados na sua confecção. Na segunda metade do século XX, segundo Vergueiro (2005, p. 7), os quadrinhos se renovaram, transformando-se novamente em produto de massa, com.

(24) 23. a publicação de imensas quantidades de jornais e revistas, a ponto de influenciarem a cultura de diversas gerações: “[...] Ziraldo e Maurício de Souza são os dois quadrinhistas brasileiros de maior evidência entre o público infantil, com destaque no mercado nacional e internacional, recebendo prêmios importantes e revelando HQ verdadeiramente brasileiras” (SANTOS; GANZAROLLI, 2011, p. 66). Com a turma da Mônica de Maurício de Sousa, iniciada nos anos 1960 e que prossegue até os dias atuais, “[...] a disseminação e produção de quadrinhos no Brasil cresceram de forma espetacular” (ARAÚJO, 2009, p. 34). A década de 1960, também, teria representado um marco divisor na história dos quadrinhos: Não representa qualquer novidade realçar no ano de 1968 uma diferença no mundo dos quadrinhos. Dan Mazur e Alexander Danner em Comics: a global history, 1968 to the present, de 2014, não por acaso, começam sua cronologia por 1968. Apesar do significante global, presente no título, com modéstia, os autores, já no prefácio, advertem que esse global significa a somatória de recortes nacionais, no caso EUA, França, Bélgica, Japão, Itália e Inglaterra, cabendo comentários adicionais sobre Argentina, Canadá, Espanha, Holanda, Suíça, Coreia do Sul, entre poucos outros. O primeiro capítulo do livro já evidencia o porquê da escolha por 1968. Trata-se do ano de lançamento da Zap Comix e, por consequência – ou simultaneidade para os historiadores mais rigorosos –, a explosão dos quadrinhos underground. 1968 também foi o ano em que Yoshiharu Tsuge, na Garo, publicava Nejishiki (screw style). Contudo, o mais significativo na ênfase dada ao ano de 1968 está na instituição de um corte. Seria a partir deste que a modernidade dos quadrinhos começaria. Evidentemente, a escolha é simbólica, mas ao que parece 1968 é um ano incontornável como semblante do moderno. Em Un art en expansion: dix chefsd'oeuvre de la bande dessinée moderne, de Thierry Groensteen, 2015, a obra mais antiga analisada é Una ballata del mare salato, de Hugo Pratt, publicada entre 1967 e 69 na Sgt. Kirk (VARGAS, 2018, p. 85).. Os anos 1990 marcam a maior aceitação dos quadrinhos no mercado, ganhando as livrarias, melhor acabamento e alcançando com maior intensidade o público adulto. Deu-se aí, também, a explosão dos mangás em todo o mundo: “[...] prestes a completar seu centenário, as HQ americanas, que em boa parte desse tempo tiveram hegemonia quase que absoluta, começaram a sofrer a concorrência maciça dos quadrinhos japoneses” (XAVIER, 2018, p. 6). De acordo com Vergueiro (2016, p. 7), com a transição do século XX para o XXI os quadrinhos experimentaram uma grande penetração popular como meio de comunicação: “Nos quatro cantos do planeta, as publicações do gênero circulam com uma enorme variedade de títulos e tiragens de milhares ou, às vezes, até mesmo milhões de exemplares, avidamente adquiridos e consumidos por um público fiel”..

(25) 24. Sem dúvida, os avanços tecnológicos contribuíram nesse período para o processo de expansão das Histórias em Quadrinhos. Segundo Nunes (2015), com a emergência dos computadores foram produzidas as primeiras HQ digitais, todavia representando uma simples projeção do que já se tinha nas revistas impressas, sem maiores apropriações ao novo suporte de mídia. Somente mais tarde é que, com o aperfeiçoamento dos computadores, expansão da internet e de novos dispositivos, os quadrinhos sofreram maior avanço tecnológico, transformando-se naquilo que Franco (2004) denomina de HQtrônicas. Um gênero que vai se sofisticando cada vez mais, incluindo recursos e efeitos de narrativa multilinear, som, diagramação dinâmica, animação, tridimensionalidade e interatividade:. Para batizar essa nova linguagem intermídia propus o neologismo “HQtrônicas” – formado pela contração da abreviação “HQ” (Histórias em Quadrinhos), usada comumente para referir-se aos quadrinhos no Brasil, com o termo “eletrônicas” referindo-se ao novo suporte, e homenageando também o termo “Arteônica” criado pelo pioneiro da arte tecnologia brasileira Waldemar Cordeiro para batizar suas obras desenvolvidas com o auxílio de um computador ainda na década de 1970. Devo salientar que a definição do que nomeei HQtrônicas inclui efetivamente todos os trabalhos que unem um (ou mais) dos códigos da linguagem tradicional das HQs no suporte papel, com uma (ou mais) das novas possibilidades abertas pela hipermídia. A definição exclui, portanto, HQs que são simplesmente digitalizadas e transportadas para a tela do computador, sem usar nenhum dos recursos hipermídia destacados (FRANCO, 2013, p.15-16).. Segundo Krening, Silva e Silva (2015) a incorporação de uma série de inovações tecnológicas, incluindo os softwares de desenho, acabou tornando a produção digital padrão da indústria de HQ, automatizando os processos de criação e aumentando a produtividade dos artistas e editoras. Além da produção, o avanço tecnológico também impactou a distribuição dos quadrinhos. O que era exclusivo das editoras comerciais tornou-se possível a pequenas editoras, às redes sociais e ao próprio autor, permitindo uma profusão não apenas de HQ digitais em suportes e formatos os mais diversos, como também de artistas que podem publicar suas produções na internet gratuitamente O terceiro impacto observado pela tecnologia digital sobre as HQ, conforme Fensterseifer et al. (2016, p. 24), afetou as práticas ou rotinas de leitura: A adição de recursos hipermídia traz algumas mudanças estruturais ao conceito tradicional das HQs. Talvez a principal mudança seja a noção de passagem de tempo que vídeos, animações e sons causam no leitor,.

(26) 25. quando tradicionalmente a maneira de se controlar essa variável recaía somente a recursos narrativos. Em HQs impressas, a leitura se dá, normalmente, de forma linear. O uso de hipermídia permite que o leitor tenha o poder de navegar de diferentes maneiras pela história, trilhando caminhos diversos ou descobrindo informações extra que complementem a narrativa principal.. Tanto a produção quanto a distribuição e a leitura das Histórias em Quadrinhos foram, portanto, impactadas pela tecnologia digital que alterou significativamente o perfil das HQ. O mercado brasileiro todavia, ressalta Costa (2018), ainda vai levar tempo para incorporar tais mudanças, incluindo a Panini, principal editora de quadrinhos no país: Enquanto o cenário não muda, o segmento digital investe em plataformas como o Social Comics e o ComiXology. O primeiro aplicativo funciona como uma espécie de "Netflix dos quadrinhos", possibilitando que o leitor pague uma taxa de R$ 19,90 por mês e tenha acesso a mais de três mil títulos nacionais e internacionais. Já o ComiXology, ligado a Amazon, traz HQs simultâneas às publicações impressas, que chegam a custar por volta de R$ 10. O formato da história em quadrinho digital foi, inclusive, adaptado para celular, computador, tablet e até o Kindle, da Amazon: diferente de um simples PDF, é possível dar um zoom específico em determinados quadros para facilitar a leitura.. Segundo Franco (2016, p. 458), “[...] a partir de 2006, teremos o surgimento de uma terceira geração de HQtrônicas que se destacam pelo refinamento e maturidade de utilização da linguagem e também de conteúdo”. O autor, não obstante, observa que, além da constatação de alguns quadrinistas migrarem diretamente para a produção de animação em 2D e 3D, a HQ digital não extingue a HQ impressa, reduto de outros tantos artistas e editoras. Considerando essa tendência é que, no próximo capítulo, aborda-se a importância do uso das Histórias em Quadrinhos nas escolas, incluindo os softwares educativos, com ênfase sobre o HagaQuê.. 1.2 O uso de Histórias em Quadrinhos na educação A presença do gênero Histórias em Quadrinhos no ambiente escolar passou a ser incentivada no Brasil, mais precisamente, na década de 1980, em livros didáticos, mas só teve de fato maior incentivo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, na qual o texto já apontava para a necessidade de inserção de outras linguagens e manifestações artísticas nos ensinos fundamental e.

(27) 26. médio. No inciso II do art. 3º, a LDB estabelece que a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber “é uma das bases do ensino”; e, no inciso II do § 1º do art. 36 registra, de forma mais explícita, que, entre as diretrizes para o currículo do Ensino Médio, está o conhecimento de “formas contemporâneas de linguagem”. Sem dúvida, isso abria as portas das escolas para as Histórias em Quadrinhos, como também para outros gêneros, linguagens e manifestações artístico-culturais. Em 1997, com a instituição dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), os quadrinhos foram oficializados como prática em sala de aula e, posteriormente, passaram a fazer parte do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), responsável pela compra de obras de diferentes editoras e a sua distribuição às escolas de Ensino Fundamental e Médio: “Em 2006, pela primeira vez foram selecionadas obras em quadrinhos, embora em número bem abaixo do total de livros comprados naquele ano. Dos 225 títulos selecionados pelo governo, dez eram quadrinhos, cerca de 4,5% do total” (VERGUEIRO; RAMOS, 2015, p. 12). Além de ser uma opção de entretenimento, os quadrinhos têm feito parte do universo dos meios de comunicação que, cada vez mais, influenciam na formação da criança. Diante disso, as HQ têm adentrado o espaço escolar através de gibitecas, das personagens que viram filmes e do próprio livro didático que vem se utilizando de tirinhas e pequenas histórias para tratar de temas em diferentes áreas do conhecimento, no intuito de auxiliar o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos, já que são constituídas por imagens e textos. Antes dessa aceitação, porém, os quadrinhos sofreram bastante preconceito, oriundo inclusive em países desenvolvidos, como os Estados Unidos: Para muitos psicólogos americanos, era, junto com o tal de rock and roll, a causa da juventude transviada. Para os professores mais conservadores, uma preguiça mental, um meio de desestimular a leitura e empobrecer a cultura dos estudantes. Para os filósofos, uma forma de propaganda política ou de reforço de certos valores ideológicos. Para os leitores, porém sempre foi apenas uma maneira superlegal de se divertir e também de se informar (FEIJÓ, 1997, p. 7).. Dentro da diversidade de textos existentes, as HQ passaram a ser sugeridas como um gênero adequado para o trabalho de desenvolvimento da leitura e escrita no primeiro e segundo ciclo do ensino fundamental. A criação de uma história em quadrinhos ajuda crianças em todos os estágios de desenvolvimento da linguagem.

(28) 27. escrita. No início, é possível que a criança construa uma história apenas com desenhos, mas, depois, em um estágio mais avançado, acrescente o elemento verbal. Além disso, os quadrinhos satisfazem a necessidade dos alunos que ainda não sabem ler convencionalmente, apresentando como característica a transmissão de uma mensagem de forma rápida e eficiente e, por serem atraentes, tornam prazerosas as atividades de leitura: As HQ apresentam uma grande facilidade para que as crianças, em fase de alfabetização e início de escolarização, se interessem pela leitura e com ela se estimulem. Para a formação de leitores, é importante que se tenha contato com diferentes objetos de leitura e que estes tenham conteúdos de qualidade, capacitando gradativamente o pequeno leitor para exercer leituras mais complexas (SANTOS; GANZAROLLI, 2011, p. 67).. Conforme Vergueiro e Ramos (2015), a utilização dos quadrinhos em sala de aula tem gerado novos desafios aos professores e trazido à tona uma adiada necessidade de se compreender melhor a linguagem, seus recursos e obras. Além disso, os docentes devem trabalhar as características dos quadrinhos e incentivar a produção textual por meio deste. Afinal as Histórias em Quadrinhos possibilitam a expansão da criatividade não só do ponto de vista da linguagem verbal, como também da linguagem não verbal, a exemplo dos desenhos, elemento chave do gênero: No caso dos quadrinhos, pode-se dizer que o único limite para seu bom aproveitamento em qualquer sala de aula é a criatividade do professor e sua capacidade de bem utilizá-los para atingir seus objetivos de ensino. Eles tanto podem ser utilizados para introduzir um tema que será depois desenvolvido por outros meios, para aprofundar um conceito já apresentado, para gerar uma discussão a respeito de um assunto, para ilustrar uma ideia, como uma forma lúdica para tratamento de um tema árido ou como contraposição ao enfoque dado por outro meio de comunicação. Em cada um desses casos, caberá ao professor, quando do planejamento e desenvolvimento de atividades na escola, em qualquer disciplina, estabelecer a estratégia mais adequada às suas necessidades e às características de faixa etária, nível de conhecimento e capacidade de compreensão de seus alunos (VERGUEIRO, 2016, p. 26).. Isso implica dizer que a aplicação desse gênero deve se adaptar ao plano de ensino do professor, sendo utilizado na sequência normal das atividades e sem se sobressair às demais linguagens ou alternativas didáticas. Mas, sim, somar-se a essas e não ser utilizado apenas como mero recurso de leitura, em prol do relaxamento dos alunos e do descanso do professor, sem nenhum objetivo.

(29) 28. educativo, como se não fosse tão importante tanto quanto outros recursos pedagógicos. Segundo salientam Vergueiro e Ramos (2015): · Os Parâmetros da área de artes para 5ª a 8ª séries mencionam, especificamente, a necessidade de o aluno ser competente na leitura de Histórias em Quadrinhos e outras formas visuais, como publicidade, desenhos animados, fotografias e vídeos; · No PCN de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental, existe referência específica à charge e à leitura crítica que esse gênero demanda. Menciona, igualmente, as tiras como um dos gêneros a serem usados em sala de aula; · Os PCN do Ensino Médio, no volume dedicado à Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, fazem três referências às HQ como manifestação artística a ser trabalhada em sala de aula, bem como a necessidade de fazer uma leitura aprofundada dos quadrinhos, de modo a perceber de forma detalhada os recursos visuais presentes no texto; · Os PCN do Ensino Médio destacam, ainda, a importância dos diversos gêneros dos quadrinhos como fontes históricas e de pesquisa sociológica. As charges, cartuns e tiras são “dispositivos visuais gráficos” que tratam da realidade social, de forma crítica e à base de muito humor. Os quadrinhos, também, não podem ser utilizados pelos docentes como se fossem resolver todos os problemas envolvendo a leitura e a produção textual: Da mesma forma, uma valorização excessiva das histórias em quadrinhos pelo professor, principalmente no momento de sua utilização – como se elas dessem a resposta desejada para todas as dúvidas e necessidades do processo de ensino -, também acaba sendo pouco produtiva, pois coloca o meio em uma posição desconfortável frente às outras formas de comunicação. Os quadrinhos não podem ser vistos pela escola como uma espécie de panaceia que atende a todo e qualquer objetivo educacional, como se eles possuíssem alguma característica mágica capaz de transformar pedra em ouro. Pelo contrário, deve-se buscar a integração dos quadrinhos a outras produções das indústrias editorial, televisiva, radiofônica, cinematográfica, etc., tratando todos como formas complementares e não como inimigas ou adversárias na atenção dos estudantes (VERGUEIRO, 2016, p. 26).. Outra preocupação importante diz respeito à seleção das HQ de acordo com.

(30) 29. o nível de ensino e os conteúdos abordados no cronograma escolar. Neste sentido, Vergueiro (2016) ressaltam: Considerando o número e variedade de publicações de histórias em quadrinhos existentes no mercado, essa seleção deve levar em conta os objetivos educacionais que se deseja alcançar. Nesse sentindo, talvez o ponto fundamental dessa seleção esteja ligado à identificação de materiais adequados – tanto em termos de temática como de linguagem utilizada -, à idade e ao desenvolvimento intelectual dos alunos com os quais se deseja trabalhar, atentando-se a que a primeira não é necessariamente um condicionante da segunda.. Portanto, ao utilizar as HQ no ambiente escolar, é importante que o professor tenha familiaridade com esse gênero, o que inclui desde os principais elementos da sua linguagem e os recursos que ela dispõe para representação do imaginário dos leitores até conhecer, ainda que razoavelmente, a sua trajetória: “[...] seus principais representantes e características como meio de comunicação de massa, esteja a par das especificidades do processo de produção e distribuição de quadrinhos e conheça os diversos produtos em que eles estão disponíveis” (VERGUEIRO, 2016, p. 29). Uma vez dominando adequadamente esses elementos, os professores saberão incorporar os quadrinhos da melhor forma possível, motivando os alunos e dinamizando suas aulas em prol da aprendizagem significativa, seja na aquisição da leitura eficiente ou na produção textual. Nesse sentido, também pode ser utilizado para a criação dos quadrinhos e para leitura destes o computador, visto que apresenta diversas vantagens, como a facilidade de edição das histórias, além de possibilitar o uso de diversas imagens, com cores e sons, atraindo, portanto, a atenção e interação do aprendiz, como será mais explicitado no capítulo a seguir.. 1.3 O HagáQuê como Software Educativo A educação é um elemento essencial na construção da sociedade, estando baseada na produção do conhecimento e no aprendizado do mesmo. Diante de um grande acervo de avanços no campo da comunicação e da informação, a educação passa também a ser um elemento chave na construção de uma sociedade fundamentada na informação e na comunicação. Com isto, é de extrema importância a escola estar aberta e apta a introduzir as novas tecnologias no processo educativo.

(31) 30. (ALMEIDA; MORAN, 2005; VALENTE, 1999). Dessa forma, a escola prepara-se para assumir novos papeis na sociedade de hoje e na sociedade que ainda está por vir. Segundo Kenski (2007, p. 33): O poder da linguagem digital, baseado no acesso a computadores e todos os seus periféricos, a internet, aos jogos eletrônicos, etc., com todas as possibilidades dessas mídias influenciarem cada vez mais a constituição de conhecimentos, valores e atitudes cria uma nova cultura e uma outra realidade informacional.. Graças a estes e outros aspectos, a escola deve estar atenta e aberta para as mudanças que a sociedade atravessa, em estado de permanente aprendizagem, introduzindo os recursos tecnológicos na educação e mediando, de modo significativo, a inserção dos alunos na sociedade do conhecimento, a fim de que possam lidar com as constantes transformações que as novas tecnologias proporcionam ao mundo (ALMEIDA; MORAN, 2005; VALENTE, 1999). Cada vez mais, torna-se visível a importância de todos os que fazem parte da educação escolar buscarem a qualificação e se manterem atualizados com as novas tecnologias, pois estas já estão presentes no dia-a-dia do alunado, seja em casa, na rua, no trabalho, enfim, de forma pública ou privada: Os avanços tecnológicos estão presentes em toda a parte. Não há como ficar indiferente a isto. Pois está presente no dia-a-dia de todos os indivíduos, trazendo novas informações como uma nova forma de comunicação. Com isso, destaca-se a importância de introduzir tais avanços no cotidiano educacional que a criança pertence (WEILER, 2006, p. 3).. Com efeito, urgem políticas públicas para que todos sejam beneficiados com as vantagens do progresso tecnológico, assegurando a igualdade de acesso à sociedade da informação e comunicação. Torna-se essencial que o acesso a instituições com recursos tecnológicos se efetive a partir da garantia de acesso e permanência do aluno na escola, onde seja dada a oportunidade de construção do conhecimento para todos, ou seja, que todos possam ser tratados como cidadãos: Para que sejam aproveitadas todas as vantagens econômicas e sociais do progresso tecnológico e melhorada a qualidade de vida dos cidadãos, a sociedade da informação deve assentar nos princípios da igualdade de oportunidades, participação e integração de todos, o que só será possível se todos tiverem acesso a uma parte mínima dos novos serviços e aplicações oferecidos pela sociedade da informação (ASSMANN, 2005, p. 17)..

(32) 31. A informática é um dos meios que pode, mais significativamente, contribuir com a construção e a vivência da cidadania no ambiente escolar. Os diferentes recursos tecnológicos, dentre eles a internet, permitem realizar pesquisas e produzir conhecimentos de modo colaborativo. Segundo ressalta Assmann (2005, p. 19), “[...] o que há de novo e inédito com as tecnologias da informação e da comunicação é a parceria cognitiva que elas estão começando a exercer na relação que o aprendente estabelece com elas”. Apesar disso, os ganhos de qualidade no processo de ensino e aprendizagem parecem continuar sendo concretizados nas práticas escolares do mesmo modo que há pouco mais de uma década atrás: A maioria das escolas está subutilizando a informática no processo pedagógico, como máquina de instrução programada, brinquedo divertido para troca de mensagens ou, em casos piores, meio e fonte de informações em pesquisas que se restringem a copiar e colar artigos. Desta forma, muito se perde do potencial tecnológico, podendo haver até mesmo desqualificação do trabalho pedagógico (LOPES, 2005, p. 35).. Alerta-se, assim, para o cuidado de que a utilização dos recursos computacionais não seja, exclusivamente, só para manusear o computador ou outros dispositivos e, sim, conter finalidade educacional. Utilizando-se a tecnologia digital para promover o aprendizado no ambiente escolar, há vantagem de utilização dos recursos computacionais como ferramentas em favor da produção e socialização do conhecimento. Apesar dos avanços tecnológicos, encontra-se ainda resistência de muitos professores para introduzirem as novas tecnologias em sala de aula, receando que serão superados, no plano cognitivo, pelos recursos instrumentais da informática. Urge conscientizar os professores de que a função dos mesmos não está ameaçada, mas aumenta em importância, pois seu papel já não será o da transmissão de saberes supostamente prontos, mas o de mentores e instigadores ativos de uma nova dinâmica de ensino e aprendizagem. O papel do professor está condicionado à forma como as tecnologias digitais são apresentadas no processo de ensino: como máquinas de instrução, ferramentas auxiliares. do. processo. educativo. ou. parceiras. evolutivas,. co-autoras.. O. desenvolvimento de atividades com o uso de tecnologias, caso se faça adequado, poderá valorizar a atenção do aprendiz, sua capacidade de concentração, a.

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