Observatório da Energia: Análise da Geopolítica dos
Recursos Energéticos na América Latina
Renan Silvestro Alencar Silva 1
Lucas Kerr de Oliveira 2
RESUMO
O observatório da Energia e da geopolítica dos recursos energéticos na América Latina é um projeto de extensão vinculado ao Núcleo de Estudos Estratégicos, Geopolítica e Integração Regional (NEEGI) e tem como objetivo disseminar o debate e fomentar pesquisas científicas sobre os recursos energéticos na América latina, como as temáticas subjacentes como infraestrutura, inovação tecnológica, segurança e integração energéticas, difundindo informação de forma acessível, por meio de uma plataforma digital gratuita, com alcance não só ao público acadêmico mas também procura alcançar a comunidade externa.
Palavras-chave: Energia, Integração, Geopolítica, América Latina.
1. INTRODUÇÃO
O observatório da Energia e da Geopolítica dos Recursos Energéticos tem como finalidade a pesquisa científica e difusão de informações sobre o setor energético, analisando as estruturas e as dinâmicas assim como os desafios que a América Latina enfrenta quanto à questão dos recursos energéticos, salientando o papel da região no cenário internacional e na disputa geopolítica energética. O Observatório conforma um banco de dados abrangendo notícias, entrevistas e artigos científicos e organizando eventos acadêmicos com fins de levar o debate e a pesquisa científica acadêmica para fora da universidade, assim construindo uma plataforma de referência não só para pesquisadores acadêmicos mas também para o público geral.
2. METODOLOGIA
1 Estudante do curso de bacharelado em Geografia (ILATIT-UNILA). Bolsista PROEX-UNILA.
E-mail: char-aznable@outlook.com.
Para atingir os objetivos propostos pelo Observatório é feito um trabalho de coleta, tratamento e divulgação de notícias e artigos sobre a temática e disponibilizada na plataforma digital: <observatoriodaenergia.wordpress.com>. Uma segunda frente de trabalho consiste na pesquisa e elaboração de artigos científicos. Outras atividades envolvem a organização de eventos como minicursos, seminários e encontros semanais para debater os diferentes aspectos da geopolítica dos recursos energéticos em nossa região, sendo essas atividades levadas a cabo nas instalações da UNILA dentro do Parque Tecnológico de Itaipu (PTI).
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Energia como variável geopolítica é determinante para a capacidade de acumulação de poder dos Estados e central para o entendimento da distribuição do poder no Sistema Internacional, o que levanta a seguinte questão: qual seria a capacidade de um Estado em transformar os recursos energéticos em riqueza e poder? Sendo que tal capacidade só pode ser obtida uma vez que um Estado esteja constituído como um Centro de Decisão Energética, e que compreendemos o conceito de Energia de forma ampliada, abarcando o conjunto de processos básicos de extração, captação e transformação de recursos energéticos naturais, assim como sistemas de consumo e uso final das diferentes formas de energia que ocorrem nas principais atividades produtivas (KERR OLIVEIRA, 2012, p. 19).
Sendo a Energia fundamental para o Estado, o Observatório da Energia e da Geopolítica dos Recursos Energéticos busca estabelecer qual o papel dessa variável para o desenvolvimento e a segurança da América Latina, ou seja, como a busca pela Segurança Energética é essencial para uma região e/ou um Estado ou grupo de Estados que busquem agir ativamente na disputa de poder do Sistema Internacional. Colocamos o conceito de Centro de Decisão Energética como fundamental para o desenvolvimento da integração regional, isto é, como o planejamento da Estratégia Energética conforma os processos de acumulação de poder e enfrentamento a grandes potências.
4. RESULTADOS
Como resultado foi criado um Site público, gratuito e permanente onde são compilados uma série de notícias, artigos e entrevistas sobre a temática e a produção pelos próprios colaboradores do Observatório de matérias analíticas e artigos científicos.
Ademais, entre os dias 19 e 23 de junho de 2018 o Observatório da Energia colaborou para a realização do I Seminário Internacional de Estudos Estratégicos, Geopolítica e Integração Regional (SIEEGI) na UNILA, no campus PTI (Parque tecnológico de Itaipu), e no dia 13 de setembro de 2018 foi realizado o minicurso “Revoluções Coloridas e Guerra Híbrida na América Latina” em associação ao Observatório dos BRICS, também parte do NEEGI.
5. CONCLUSÃO
Podemos concluir que Observatório de Energia teve êxito em concluir sua principal meta que era a criação da plataforma digital para divulgação e sua manutenção e alimentação do banco de dados, indo além de suas metas e realizando o I SIEEGI, que significou um evento de grande porte e foi realizado em parceria com diversas instituições e colaboradores externos. Atualmente, a equipe do Observatório trabalha para a ampliação da plataforma digital assim como colabora com a organização de futuros eventos.
6. PRINCIPAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA MELLO, L. Itaussu (1994). A Geopolítica do Poder Terrestre
Revisitada. Revista Lua Nova, nº 34, p. 56-69.
BRZEZINSKI, Zbigniew (1998). El Gran Tablero Mundial La Supremacía
Estadounidense y Sus Imperativos Geostratégicos. Ed. Paidós: Barcelona,
Espanh.
BRUCKMANN, Monica. (2011). Recursos naturais e a geopolítica da
integração sul-americana. p. 197-246. In: REGO VIANA, André; SILVA
BARROS, Pedro; BOJIKIAN CALIXTRE, André (2011) [Org.].Governança
BAUTISTA VIDAL, José Walter & VASCONCELLOS, Gilberto (1999). O Poder
dos trópicos: Meditação sobre a alienação energética na cultura brasileira. Ed. Casa Amarela: São Paulo, SP.
CAMARGO, Guilherme (2006). O fogo dos deuses: uma história da Energia
Nuclear. Ed. Contraponto: Rio de Janeiro, RJ.
CEPIK, Marco (2010) [org]. Segurança internacional: práticas, tendências e
conceitos. Ed. Hucitec: São Paulo, SP.
CONANT, Melvin A. & GOLD, Fern Racine (1981). A geopolítica energética. BibliEx:. Rio de Janeiro: RJ.
FIORI, José Luís (2011). Brasil e América do Sul: o desafio da inserção
internacional soberana. Textos para Discussão CEPAL-IPEA, 42. CEPAL.
Escritório no Brasil/IPEA. Brasília, DF.
FUSER, Igor (2013). Energia e Relações Internacionais. Editora Saraiva: São Paulo, SP.
FUSER, Igor (2007) O petróleo do Golfo Pérsico, ponto-chave da estratégia
global dos Estados Unidos. p. 87-102. In: FRATI, Mila. (2007) [org.]. Curso de formação em política internacional. Ed. Fundação Perseu Abramo: São
Paulo, SP.
LINS, Hoyedo N.(2006). Energia e geopolítica. Atualidade Econômica, v. 18, n.49, p. 10-19. Florianópolis, SC.
LUZ COSTA, Darc A. (2011) [org.]. América do Sul: integração e
infraestrutura, Um estudo sobre temas e projetos essenciais para a integração regional, como energia e transportes. CapaxDei: Rio de Janeiro,
RJ.
KERR OLIVEIRA, L. (2012). Energia como recurso de poder na política
internacional : geopolítica, estratégia e o papel do Centro de Decisão Energética. PPGCP. UFRGS: Porto Alegre, RS.
KERR OLIVEIRA, L.; PERES OLIVEIRA, S. M. ; RODRIGUEZ YACOVENCO, B. G. ; MAGNO, B. ; FREITAS, P. (2016). Análise de estruturas geopolíticas
e de tendências de aumento da competição interestatal internacional: contribuições para a prospecção de cenários de ameaças à soberania brasileira sobre o Pré-Sal. Revista Brasileira de Estudos de Defesa, RBED, v.
3, p. 139-176.
KERR OLIVEIRA, L.; CEPIK, Marco A. C.; PEREIRA BRITE, P. V. (2014). O
pré-sal e a segurança do Atlântico Sul: a defesa em camadas e o papel da integração Sul-Americana. Revista da Escola de Guerra Naval, v. 20, p.
139-164.
KERR OLIVEIRA, L.; PEREIRA BRITE, P. V.; COELHO JAEGER, B. C. (2013).
O Leilão de Libra, a geopolítica do Pré-Sal e as perspectivas para a inserção internacional do Brasil. Revista Mundorama : Divulgação Científica
KLARE, Michael. (2012). The race for what's left: The global scramble for
the world's last resources. Picador: Nova Iorque, EUA.
KLARE, Michael T. (2006). Sangue por petróleo: a estratégia energética de
Bush e Cheney. p. 201-223. In: LEYS, C. & PANITCH, L. (2006) [orgs.]. O novo desafio Imperial. CLACSO, 2006.
MANSILLA, Diego (2011). Integración Energética y Recursos Naturales en
América Latina. La revista del CCC, Enero/Abril 2011, n° 11.
MESSIAS COSTA, Wanderley (2009). O Brasil e a América do Sul: cenários
geopolíticos e os desafios da integração. Confins, n. 7, 31 Outubro 2009.
MEDEIROS, Carlos. (2013). Recursos naturais, nacionalismo e estratégias
de desenvolvimento. Oikos, v. 12, n. 2, p.143-167. Rio de Janeiro, RJ.
LIMA, Haroldo (2008). Petróleo no Brasil: A Situação, o Modelo e a Política
Atual. Synergia Editora: Rio de Janeiro, RJ.
OLIVEIRA, Odete Maria (1998). A integração bilateral Brasil-Argentina:
tecnologia nuclear e Mercosul. Revista Brasileira de Política Internacional,
vol. 41, nº 1, p. 5-23. <http://www.scielo.br/pdf/rbpi/v41n1/v41n1a01.pdf>
OXILIA DAVALOS, V. & FAGÁ, M. W. (2006). As motivações para a
integração energética na América do Sul com base no gás natural. Petro &
Química, n° 289, Ano XXX, p. 70-74.
OXILIA DAVALOS, Victorio E. (2009). Raízes socioeconomicas da
integração energética na América do Sul: análise dos projetos Itaipu, Gasbol e Gasandes. Tese de Doutorado, PPG-E, USP: São Paulo, SP.
SHAH, Sonia (2007). A História do Petróleo. L&PM Editores: Porto Alegre, RS. TORRES FILHO, Ermani T. (2004). O papel do Petróleo na Geopolítica
Americana. p. 309-346. In: FIORI, José Luís (2004) [org.]. O Poder Americano. Ed. Vozes: Petrópolis, RJ.
TOLMASQUIM, M. T. & GUERREIRO, A. (2011). O Brasil como potência
energética. p. 29-32. In: IPEA (2011) [org.]. Traçando Novos Rumos: o Brasil em um Mundo Multipolar. Foresight, IPEA.
VARGAS, E. V. (1997). Átomos na integração: a aproximação
Brasil-Argentina no campo nuclear e a construção do Mercosul. Revista
Brasileira de Política Internacional, vol. 40, nº 1, p. 41-74.
VISENTINI, Paulo G. F. (2012). A Primavera Árabe: entre a Democracia e a
Geopolítica do Petróleo. Editora Leitura XXI: Porto Alegre, RS.
YERGIN, Daniel. (2014). A busca: Energia, segurança e a reconstrução do
mundo moderno. Intrínseca: Rio de Janeiro, RJ.
YERGIN, Daniel (1993). O Petróleo: uma história de ganância, dinheiro e