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Crime de genocídio: uma análise a partir do tribunal penal internacional

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Academic year: 2021

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LAURA MARCONDES MODESTI

CRIME DE GENOCÍDIO: UMA ANÁLISE A PARTIR DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

Ijuí (RS) 2016

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LAURA MARCONDES MODESTI

CRIME DE GENOCÍDIO: UMA ANÁLISE A PARTIR DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

Monografia final do curso de Graduação em Direito visando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. DCJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais

Orientador: MSc. Marcelo Loeblein dos Santos

Ijuí (RS) 2016

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Dedico este trabalho aos meus amados pais, exemplos de força e coragem! A vocês minha gratidão eterna.

A minha sobrinha Júlia, que me inspira e dá forças.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, acima de tudo, pela vida e saúde.

Ao meu esposo, Eliandro, que me apoiou incondicionalmente desde o início desta jornada acadêmica. Gratidão infinita. Amor infinito.

Aos meus pais, Idelso e Valdete, pelo apoio sempre presente, amor, atenção e principalmente pela paciência nestes longos anos de estudo. Amor eterno.

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“A essência dos direitos humanos é o direito de ter direitos” (Hannah Arendt).

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RESUMO

O presente trabalho de pesquisa monográfica empreende uma análise de conceito do crime de genocídio, observando o seu surgimento e sua evolução histórica. Assim, pretende-se examinar as principais concepções e convicções dos pensadores mais ilustres da atualidade, além de interpretar e refletir sobre os fatos cruciais que ocorreram ao longo dos anos e que envolveram as barbáries do genocídio. Discute, mesmo que sucintamente, alguns períodos históricos, fatos e conceitos que vinculam a humanidade ás tragédias dos crimes de genocídio. Para tanto, será interpretada uma análise com base no Tribunal Penal Internacional – TPI. E, neste contexto, explorar e revelar o avanço histórico das relações entre Estado e humanidade, na busca incessante por justiça e pela dignidade dos povos, tribos e de todo e qualquer grupo étnico que total ou parcialmente tenha sido atingido por tais circunstâncias de violência e brutalidade.

Palavras-chave: Crime de genocídio. Dignidade. Direitos humanos. Grupo étnico. Tribunal Penal Internacional.

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ABSTRACT

The current final degree research aims undertakes a analysis of the concepts about genocide crimes, given theirs ocurrence and historical timespan. Thereby, we intend to develop a evaluation of the main conceptions belongs to the some most important researchers on the topic nowadays, count to a interpretation around the crucial events that occurred past the years involving the barbarity from genocide. Just briefly, we aims to discuss some historical aspects that maked the link between genocide crimes and humanity. Therefore, will be interpreted an analysis based in the International Criminal Court – ICC; and, in this sense, try to explore the present topic showing the historical development of the relationships among the state and humanity, in order to find the way of fairness and dignity to ever single ethnic group that have been target by the circumstances of the genocide crimes, as violence and brutality.

Keywords: Genocide. Dignity. Human rights. Ethnic group. International Criminal Court.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...9

1 CRIME DE GENOCÍDIO: UMA ANÁLISE A PARTIR DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL...11

1.1 A origem do termo genocídio...11

1.2 Aspectos gerais e influências do Direito Penal Internacional no genocídio...15

1.3 Genocídio: O crime...18

2 O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL...23

2.1 O surgimento do Tribunal Penal Internacional...25

2.2 Competência do Tribunal Penal Internacional...27

CONCLUSÃO...37

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa monográfica analisa o desenvolvimento histórico e a identificação do crime de genocídio. O termo genocídio é a denominação interposta ao extermínio de um grupo de pessoas ou comunidades por motivos variáveis, sendo eles religiosos, raciais, políticos, étnicos, entre outros, mas sempre configurando um crime contra a humanidade.

Para o desenvolvimento do presente estudo foram realizadas pesquisas bibliográficas afins à temática em meios físicos e eletrônicos, além da análise e estudo das normas e leis vigentes em relação ao assunto a fim de enriquecer e ampliar as informações do tema em questão.

Inicialmente, o primeiro capítulo aborda as definições sociológicas, jurídicas e os conceitos derivados do genocídio, enfatizando que desde os tempos mais remotos há indícios e relatos de assassinatos deliberados de pessoas pertencentes a grupos, tribos e comunidades variadas. Além de elencar alguns fatos que contribuíram para a constituição do genocídio, objetivando conceituar o crime de genocídio consolidado ao longo do processo histórico/evolutivo da sociedade.

O segundo capítulo, propõe um estudo sobre a inserção das instâncias julgadoras do crime de genocídio. Entre as jurisdições criadas neste âmbito está o Tribunal Penal Internacional – TPI –, que constitui uma instituição de caráter permanente, com competência para julgar os crimes mais graves que envolvem a comunidade internacional, independentemente do local em que ocorreu tal delito.

Destaca-se, que a necessidade de um órgão competente e capaz para tal tarefa só foi compreendida como de extrema importância após inúmeros países serem palco de grandes barbáries e atrocidades. O estudo introduzido no segundo capítulo remete a importância da criação do Tribunal Penal Internacional, constituindo-se como um instrumento de justiça e caracterizado como instituição

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com jurisdição sobre os responsáveis por crimes graves e de relevância internacional, possuindo o propósito de instaurar o fim da impunidade.

A partir desse estudo, se verifica que as percepções a respeito do tema se baseiam na evolução histórica e cultural da humanidade e diante disso, pretende-se estudar o tema: crime de genocídio: uma análise a partir do Tribunal Penal Internacional.

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1 CRIME DE GENOCÍDIO: UMA ANÁLISE A PARTIR DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

No presente capítulo será abordado a origem e o conceito do termo de genocídio, além das influências do Direito Penal Internacional na definição do crime de genocídio.

Foram muitas as razões para a criação de um tribunal internacional permanente no âmbito penal, mas a possibilidade de processar e punir os indivíduos que praticam crimes internacionais e que ferem a dignidade da pessoa humana influenciaram ainda mais esta inserção.

O Tribunal Penal Internacional também conhecido por TPI, surgiu para impedir e condenar os crimes de maior gravidade que compõem uma ameaça à paz e à segurança da nação, além de amenizar os anseios dos povos e garantir a efetivação da justiça internacional.

Neste contexto, o crime de genocídio também está elencado no rol dos crimes internacionais previstos no Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, sendo definido como qualquer ato praticado com a intenção de destruir no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso,

O TPI que é constituído por caráter permanente com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade e com alcance internacional, possui competência para julgar o crime de genocídio, objetivando a manutenção da paz e a segurança da comunidade internacional.

1.1 A origem do termo genocídio

No século passado o mundo foi palco da Segunda Guerra Mundial, exemplo de conflito, concorrência e brutalidade entre os povos. Seres humanos foram separados por valores étnicos, religiosos e políticos totalmente diferentes. E o anseio deliberado pela destruição de um determinado grupo ficou registrado na História por

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meio de fatos, estudos e memórias por quem de um modo ou outro foi atingido pelas barbáries que caracterizaram o genocídio.

De acordo com Antonio Lopes Monteiro (1997), durante a Segunda Guerra Mundial, o polonês Raphael Lemkin, definiu o genocídio por meio de dois termos principais, derivados respectivamente do grego e do latim: Genos (raça, povo, tribo) e Cide (matar).

Esta exposição revelou-se para descrever os crimes cometidos pelos nazistas, especificamente contra o povo judeu e os ciganos. Considerada como uma das maiores tragédias da história da humanidade, o holocausto foi designado como crime de genocídio.

Segundo Antonio Gasparetto Junior (2016), Raphael Lemkin foi o criador do termo genocídio. Descendente de uma família polonesa judia, nasceu em 1900 e suas memórias revelam que desde sempre mostrava o conhecimento e o interesse pelos fatos da época, o ataque dos turcos contra os armênios (considerado por muitos doutrinadores como crime de genocídio), os ataques antissemitas e tantas outras histórias de violência contra outros grupos. Estes eventos foram fundamentais para o desenvolvimento de sua crença de que era necessário dar proteção legal a todas as comunidades perseguidas.

E nas palavras de Pedro Wilson Bugarib (2009, p. 88):

A origem da palavra genocídio provocou certa divergência entre os doutrinadores, tendo sido o próprio nomens juris do delito objeto de discussão acadêmica.

O genocídio configura-se como um delito contra a humanidade, independentemente de estar conexo tão somente ao extermínio ou então vinculado à desintegração total ou parcial de uma determinada comunidade/grupo, isto, com o emprego deliberado de força e agressão.

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Do exposto até o momento, constata-se que o termo genocídio passou por algumas variações em relação a sua interpretação e a sua vinculação aos casos concretos, como se verifica na lição de Nelson Hungria (1950, p. 21):

[...] etimologia remonta exclusivamente do latim genus (raça, povo, nação) e excidium (destruição, ruína, aniquilamento) [...].

A preocupação dos citados autores com o termo não reside tão somente na derivação do vocábulo, mas também na aplicação da nomenclatura ao fato concreto, no caso, o crime contra determinado grupo, violando os direitos humanos e fundamentais e rompendo com o vínculo entre as nações.

Segundo Cervantes Rios (apud Monteiro, 1997), a destruição de Cartago pelos romanos é considerada um dos antecedentes históricos de maior claridade de conduta genocida, traduzida na famosa frase de Catão: Ceterum Ceseo Carthaginem esse delendam (Portanto, Eu concluo que Cartago tem que ser destruída), frase usada por Catão no final de suas intervenções no Senado romano.

Sob este entendimento, compreende-se que o sacrifício dos cristãos decretado pelos imperadores pagãos, a guerra santa do islamismo e até as próprias cruzadas, tudo se insere no contexto de interpretação genocida.

As fontes históricas auxiliam no entendimento dos fatos passados, porém devido à movimentação e à evolução da sociedade como um todo, é praticamente impossível definir com exatidão a data do primeiro caso de genocídio. Sabe-se que o termo foi designado e utilizado na década de 40 do século 20, mas os primeiros fatos podem ter ocorrido há milhares de anos, principalmente em decorrência da convivência das antigas civilizações em grupos ou bandos.

Conforme Geraldo Miniuci (2010), Lemkin, define o genocídio como o conjunto de ações destinadas à destruição das bases essenciais para a sobrevivência de um determinado grupo, conduzidas por um plano de aniquilamento, além da exposição do desmantelamento refletido em um determinado grupo

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nacional e étnico, apesar de que muitas outras populações pertencentes a diferentes grupos foram vítimas das desgraças que os crimes de genocídio produziram.

A definição mais ampla e abrangente definindo o genocídio como todo o ato cometido com a intenção de destruir um grupo nacional, étnico ou religioso, está caracterizada na Convenção para Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, firmada pelo Decreto nº. 30.822, de 6 de maio de 1952.

A seguir destaca-se o descrito nos artigos I e II:

Artigo I: As partes contratantes confirmam que o genocídio, quer cometido em tempo de paz ou em tempo de guerra, é um crime contra o Direito Internacional, que elas se comprometem a prevenir e a punir.

Artigo II: Na presente Convenção entende-se por genocídio qualquer dos seguintes atos, cometidos com a intenção de destruir no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:

a) matar membros do grupo;

b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;

c) submeter intencionalmente o grupo à condição de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio de grupo;

e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.

Diante do exposto, fica claramente visível que o objetivo do referido decreto é vincular determinados atos ao crime de genocídio. Há ainda, todavia, a objeção de comprometer os Estados na luta pela prevenção e punição do crime de genocídio, idealizando a paz entre as nações e entre os organismos internacionais.

Nesta perspectiva, Cretella Neto (2008, p. 331), expõe seu entendimento:

O genocídio é evidentemente um crime contra a Humanidade, em que repugna profundamente a consciência jurídica da sociedade internacional. Crimes contra a Humanidade, no entanto, é expressão técnica, pois designa conduta específica, definida em vários tratados internacionais e também resolução da ONU que inseriram os tribunais ad hoc para a ex-Iugoslávia e Ruanda. Assim diferencia-se do genocídio que está vinculado

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a um grupo específico de pessoas ligadas geralmente por etnia ou crença religiosa, diferentemente isso ocorre nos crimes contra a Humanidade, nos quais ações criminosas podem ser variadas e contra qualquer segmento da população.

Diante deste conceito, o autor ressalta a conexão do genocídio à humanidade, pois sendo as ações criminosas variadas, podem atingir e vitimar qualquer fragmento da nação.

A definição do genocídio também está prevista no Decreto 4.388, de 25 de setembro de 2002, denominado Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, o qual define como genocídio o disposto no artigo 6º:

Artigo 6o: Crime de Genocídio

Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "genocídio", qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal:

a) Homicídio de membros do grupo;

b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo;

c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial;

d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo;

e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.

O artigo acima, previsto no Estatuto de Roma, elenca três características que evidencia o crime de genocídio, o grupo, a conduta e a intencionalidade, contudo, estas generalidades e a competência para julgar tal delito será alvo de estudo nos próximos itens.

Considerando estas afirmações, destaca-se que o próximo item constitui como objetivo a analise dos aspectos do Direito Penal Internacional conexos com o genocídio.

1.2 Aspectos gerais e influências do Direito Penal Internacional no genocídio

Na expressão mundo da vida, introduzida por Habermas (apud José Bolzan, 2005), há uma soma entre diferentes experiências vivenciadas num determinado

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período de tempo, entre os quais estão conexos os principais componentes deste experimento: a cultura, o grupo social e a pessoa. Neste contexto, considera-se a propositura da expressão grupo social como um elemento essencial para o desenvolvimento desta pesquisa.

Ao longo do tempo o homem caracterizou-se pela convivência em grupo, porém, ao empregar a força física visando à interesses e instintos de sobrevivência comprometeu a união dos membros da própria comunidade e também de seus concorrentes.

Sob esta perspectiva, Miniuci (2010, p. 2) centraliza suas concepções:

[...] o termo grupo refere-se a um tipo particular de relação fechada ou restrita de uma dada população, um conceito que pressupõe regras, organização e autoridade. Grupos fundam-se no nascimento ou na adesão, inspiram lealdades particularistas, são fontes de identidade e de valores e fomento para movimentos sociais, associações voluntárias, congregações e famílias. Grupos existem não somente na esfera do mundo da vida, como também no plano do sistema político-econômico. Num caso e no outro, há diversos grupos, que podem manter relações de cooperação ou de concorrência entre si [...].

É consenso que desde sempre o homem teve suas origens conexas com uma determinada comunidade. Esta vinculação seja ela por etnia, raça ou religião, estipula normas de convivência aos membros que a ela pertencem. Isto posto, acredita-se que esta imposição de normas dentro de uma sociedade instiga as desavenças entre grupos opostos que não seguem os mesmos princípios, valores e hábitos.

São essas distinções físicas, genéticas e culturais que, via de regra, conduzem ao afastamento de um grupo, uma comunidade, um Estado, do restante da nação. Acrescenta-se, ainda, que tais diferenças podem gerar e deflagrar conflitos e tragédias em âmbito internacional.

Segundo Delgado e Martinez (apud Aline Pinheiro, 2012), a análise de estratégias políticas e de instrumentos jurídicos desenvolvidos ao longo do tempo,

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objetivando tipificar e punir condutas individuais contrárias à paz e à segurança internacional propiciou o surgimento dessa recente disciplina que veio a ser denominada de Direito Internacional Penal, ou então, Direito Penal Internacional. Neste contexto, observa-se que o Direito Internacional Penal compreende o avanço e o desenvolvimento das etapas do Direito Internacional.

A questão em tela sempre foi um motivo relevante para constantes análises e estudos, tanto que em 1933, em Madrid, foi tema da V Conferência Internacional para Unificação do Direito Penal.

Uma década após a V Conferência, a Segunda Guerra Mundial já dominava o solo europeu e vitimava milhares de inocentes em muitos países. Foi então, em 1943, que se realizou a Conferência em Moscou, na qual instaurou-se a Declaração de Moscou. Daí resultou a decisão quanto ao destino dos criminosos de guerra, entre outros tantos princípios gerais.

Conforme destaca Bugarib (2009), posteriormente, mais especificamente dois anos depois (1945), alguns países, como os Estados Unidos, Grã-Bretanha (incluindo Irlanda do Norte e Reino Unido), República Francesa e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ratificaram o Estatuto da Constituição do Tribunal Militar Internacional – Tribunal de Nuremberg –, que teve como sede a cidade de Nuremberg, localizada ao norte da Alemanha.

Esta aprovação foi considerada um grande marco na história e na evolução do Direito Penal Internacional, pois já anunciava a decisão de instalar uma jurisdição penal internacional permanente.

Sobre o sistema de instauração do Tribunal de Nuremberg, Marcos Alexandre Coelho Zilli (2003, p. 142) elenca algumas características principais:

[...] separação entre as funções de acusar e julgar; poder investigatório a cargo da acusação; confronto direto entre os sujeitos parciais; passividade dos julgadores [...].

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Tal situação, no entanto, não foi o suficiente, apesar de ter sido de extrema relevância para a sociedade internacional, pois somente após a criação do Tribunal Penal Internacional que efetivamente veio à tona uma jurisdição de caráter permanente e com competência para julgar violações internacionais.

Diante de tantas atrocidades e principalmente após a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) ocorreu o despertar da sociedade e de autoridades internacionais para instituir uma jurisdição internacional competente para julgar e punir os crimes mais graves em âmbito mundial.

Destaca-se, por fim, que as principais características deste Tribunal, bem como seus procedimentos de julgamento, influenciaram muito as Cortes Penais Internacionais criadas posteriormente.

O próximo item pretende explanar a caracterização do genocídio como crime, enfatizando ainda mais a importância da inserção das instâncias julgadoras, com o intuito de consolidar a paz e a segurança mundial.

1.3 Genocídio: o crime

O termo genocídio remete-nos à ideia e à vinculação com massacres e horrores. Isso fica evidente ao lembrar o ocorrido no século 20 durante a Segunda Guerra Mundial, que quase extinguiu algumas etnias.

O genocídio está diretamente relacionado à destruição da vida de um grupo, tribo ou etnia. Segundo concepções de Monteiro (1997), o crime denominado de genocídio foi criado antes mesmo da sua punição, de forma pioneira, por Raphael Lemkin, o qual conseguiu convencer o Conselho Editorial do Jornal Washington Post a denunciar os atos nazistas que vitimaram mais de dois milhões de judeus.

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[...] o genocídio é um crime praticado em tempo de paz e de guerra perante o Direito Internacional [...].

As atrocidades nazistas iam muito além do conflito de armas, conforme esclarece Galindo e Monte (2016), destacando que em plena guerra, os nazistas inseriram a eutanásia e a tecnologia de extermínio em massa, ou seja, a utilização da câmara de gás. Após estes fatos, expandiram a definição de vida que não vale a pena ser vivida, isto, para incluir determinados grupos, mais especificamente os judeus e os ciganos, deixando visivelmente claro a ápice da eugenia nazista.

Além dos acontecimentos relacionados ao nazismo, contudo, há também outros fatos relevantes e mais antigos que contribuíram para a caracterização destes fatos como crime, isto, nas palavras de Nelson Hungria (apud Thiago Helver Domingues Silva Jordace, 2004), o Massacre de São Bartolomeu, na França, a dizimação dos Astecas e dos Incas, e também a matança dos Peles Vermelhas pelos americanos são fatos que constituíram, sem dúvida alguma, grandes exemplos históricos de crime de genocídio, o que configura a sua existência desde os primórdios da humanidade.

Embora muitos destes atos tenham chocado e atingido povos do mundo todo, o crime de genocídio só recentemente foi previsto como violação a normas internacionais. O crime em si, com a nomenclatura genocídio, foi inserido e amplamente discutido em âmbito internacional somente após as movimentações de Lemkin, que tinha como objetivo caracterizar as condutas nazistas que durante dois anos, no período de 1942 a 1944, vitimaram aproximadamente dois milhões de judeus, conforme destaca Power (2004, p. 70):

[...] é um erro, talvez, chamar essas mortes de atrocidades. Atrocidade é uma brutalidade injustificada. Mas o característico nessas chacinas é que elas foram sistemáticas e deliberadas. As câmaras de gás e os crematórios não foram improvisados, foram instrumentos cientificamente projetados para o extermínio de todo um grupo étnico.

O extermínio de milhões de judeus pela Alemanha e seu governo nazista, durante a Segunda Guerra Mundial, originou o maior e mais polêmico caso de

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genocídio já visto na História internacional, o Holocausto. Tal terminologia, porém, já havia sido utilizada pelos antigos hebreus para simbolizar o sacrifício pelo fogo.

Os nazistas dominaram alguns países da Europa entre 1939 e 1945, impondo sua convicção de que a raça ariana era superior a toda e qualquer etnia ou grupo que assim não se apresentasse principalmente os judeus.

Conforme Zigmunt Bauman (1998), o holocausto nasceu e foi executado na nossa sociedade moderna e racional, em nosso alto estágio de civilização e no auge do desenvolvimento cultural humano. Assim, entende-se que o assassinato em massa dos judeus e tantos outros grupos, não ocorreu somente pela realização das ordens de Hitler, e sim pela soma do fanatismo da raça ariana e pela má utilização de fatores matérias da modernidade.

As autoridades nazistas também perseguiam outros grupos, por sua suposta inferioridade racial, tais como ciganos, deficientes físicos e mentais e alguns povos eslavos (poloneses e russos, entre outros), além de grupos políticos, ideológicos e comportamentais, entre eles os comunistas, os socialistas, as testemunhas de Jeová e os homossexuais.

O crime de genocídio caracteriza-se como um dos pontos principais no Direito Internacional e conforme expõe Cretella Neto (2008), este delito abrange violações aos direitos humanos, referindo-se então a um crime que ataca o direito fundamental de todo ser humano, ou seja, o direito à vida.

É, portanto, inseguro e incerto o direito de ser e pertencer a um determinado grupo, raça, etnia ou tribo. Esta prática estabelece uma atribuição arbitrária de traços de inferioridade e repúdio, baseados em razões que pouco ou nada se assemelham à realidade do comportamento do ser humano.

O genocídio é um processo destrutivo que engloba a identificação do inimigo e por este aspecto tem semelhanças com a guerra. A esse respeito Miniuci (2010, p. 4) enfatiza:

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A ação genocida é parecida com a ação na guerra; a estrutura do genocídio é parecida com a estrutura de uma guerra; como uma guerra, o genocídio pode ocorrer em larga ou em pequena escala, mas, ao contrário de uma guerra, o inimigo do genocida não é o Estado Estrangeiro, e sim um grupo social civil, seja ele qual for.

Sabe-se que a convivência entre povos distintos tende a ocasionar divergências múltiplas, porém a História e a humanidade revelam tragédias muito além do que possa ser compreendido por um ser racional. A extensão das barbáries vivenciadas nos séculos passados e em alguns casos na atualidade remetem-nos ao que constitui a definição do crime de genocídio.

Mesmo havendo tamanha preocupação internacional, contudo, os mecanismos jurídicos para prevenção e repressão do crime de genocídio só foram instaurados ao final da Segunda Guerra Mundial, deixando como marco um passando sangrento e assustador estampado mundialmente pelos atos de extermínio dos nazistas.

Em concordância com a percepção de Jordace (2004), pode-se entender o genocídio como um delito contra a humanidade, estabelecido pela Organização das Nações Unidas – ONU1 – como o emprego deliberado de forças, visando ao

extermínio ou à desintegração de grupos humanos por motivos sociais, religiosos, políticos, entre outros. Não obstante, o ato genocida é sempre voltado contra um ou mais grupos específicos, objetivando o seu extermínio.

Não restam dúvidas de que o genocídio deixou marcas graves em todo o mundo, principalmente atingindo os povos minoritários. Segundo Cretella Neto (2008), o ocorrido com os Hutus no Burundi e os Armênios na Turquia representa o aniquilamento, a negação em relação à espécie humana e a desigualdade entre as nações. A destruição de determinado grupo é um retrocesso à continuidade da vida e às diversas contribuições que a coletividade poderia oferecer à humanidade. A

1A Organização das Nações Unidas nasceu oficialmente a 24 de outubro de 1945, data em que a sua Carta foi

ratificada pela maioria dos 51 Estados-membros fundadores. O objetivo da ONU é unir todas as nações do mundo em prol da paz e do desenvolvimento, com base nos princípios de justiça, dignidade humana e bem-estar de todos.

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brutalidade escancarada simbolizou a dor de centenas de povos, os quais vivenciaram na pele a ruína de suas famílias, culturas e tradições.

Como já mencionado no item anterior, a competência para o julgamento do crime de genocídio está prevista no Decreto número 4.388, de 25 de setembro de 2002, que promulgou o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, o qual será o tema apresentado no próximo capítulo.

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2 O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

O Tribunal Penal Internacional (TPI) é uma instituição permanente com sede em Haia, na Holanda, e caracterizada com personalidade jurídica internacional, fazendo parte do sistema da ONU, possuindo, no entanto, independência interna. O TPI foi criado em 17 de julho de 1998 por 120 Estados, mas somente entrou em vigor mediante a assinatura do Estatuto de Roma, em 2002.

A necessidade de um órgão competente e capaz para julgar crimes internacionais só foi compreendida como de extrema importância após inúmeros países terem sido cenário de grandes barbáries e atrocidades.

O estudo promovido neste segundo capítulo remete à importância da criação do Tribunal Penal Internacional, constituindo-se este como um instrumento de justiça e caracterizado como instituição permanente com jurisdição sobre os responsáveis por crimes graves e de relevância internacional, possuindo o propósito de instaurar o fim da impunidade.

No entendimento de Thais Constante Carvalho (2016, p. 1):

Pode-se afirmar que a grande contribuição trazida pelo Tribunal foi a especificação em duas vertentes da definição do crime de

genocídio, sendo elas:

1- Um ato criminal que tenha sido realizado com o intuito de destruição de um grupo nacional, racial, étnico ou religioso, embora possa ter sido cometido até mesmo contra apenas um indivíduo.

2- Uma lesão de natureza grave à integridade mental e/ou física de qualquer membro de um determinado grupo, e também a violência sexual cometida contra as mulheres, sempre realizadas com a mesma intenção.

O avanço do Direito Penal Internacional e o desenvolvimento da sociedade global teve como marco principal o período pós-guerra, quando ocorreu o despertar de uma nova ótica para questões humanitárias universais.

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Segundo Carvalho (2015) desde a Segunda Guerra Mundial as Nações Unidas planejaram inúmeras vezes a criação de Tribunal Penal Internacional. Na década de 90 do século 20, mais especificamente em 1993 e 1994, houve a instituição de dois tribunais especiais para penalizar as violações do Direito Internacional ocorrido na ex-Iugoslávia e em Ruanda, na África.

Na história da ex-Iugoslávia os conflitos eram incessantes e típicos de limpeza étnica. E a violência e as deportações revelaram-se meios para eliminar todo e qualquer traço de outro povo que antes coabitava com os sérvios.

Cretella Neto (2008, p. 185) explica a proposta para o Tribunal Penal internacional da ex-Iugoslávia – TPI-ex-I:

Em maio de 1993 o Secretário Geral apresentou o relatório solicitado, compreendendo a proposta para o Estatuto do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, cuja minuta foi aprovada por unanimidade pelo Conselho de Segurança, em 25.5.1993, criando-se, então, formalmente, por meio da resolução 827, o International Tribunal for the Prosecution of Persons Responsible for Seriours Violations of International Humanitarian Law Committed in the Territory of the Former Yugoslavia since 1991 (Tribunal Internacional para a Persecução de Pessoas Responsáveis por Sérias Violações ao Direito Internacional Humanitário Cometidas no Território da Antiga Iugoslávia desde 1991), abreviadamente denominado International Criminal Tribunal For The Former Yugoslavia – ICTY – (Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia – TPI – ex – I), com sede na cidade de Haia, Holanda.

Posterior ao Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, o Conselho de Segurança aplicou, pela segunda vez, o mesmo procedimento criando o Tribunal Penal Internacional para Ruanda – TPIR –, este com sede localizada em Arusha, na Tanzânia. Seu principal objetivo foi a contribuição no processo de reconciliação nacional em Ruanda e a manutenção da paz em toda aquela região.

A homologação do TPI, no entanto, só foi estabelecida em 2002, por meio do Estatuto de Roma, conforme se explicará no próximo item.

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2.1 O surgimento do Tribunal Penal Internacional

As nações sempre foram alvo de violações de direitos humanos, entretanto considerando as inúmeras atrocidades vitimando milhares de pessoas, compreendeu-se de fato que havia necessidade extrema de instaurar uma organização internacional com capacidade e competência para combater as barbáries que alguns países ou determinados grupos estavam impondo ao restante da nação.

No entendimento de Sílvio Cesar Arouk Gemaque (2011, p. 26):

O surgimento da responsabilidade penal internacional do indivíduo está relacionado com a evolução dos direitos humanos, a partir das mazelas testemunhadas na Alemanha nazista, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, passando pela criação dos Tribunais de Nuremberg e Tóquio e com o advento dos tribunais penais ad hoc e, finalmente, com o Tribunal Penal Internacional.

Em 1994 a Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas desenvolveu o projeto de criação de uma instância penal permanente, revestida de estabilidade, credibilidade e legitimidade, objetivando garantir a igualdade e a imparcialidade dos direitos dos diferentes países.

Com base no estudo de Francisco Carlos de Oliveira Santos Junior (2016), constata-se que foi criado um comitê ad hoc para a preparação de uma conferência diplomática que perdurou por dois anos (1996 a 1998), a qual contou com a presença de representantes de 150 Estados, reunidos em Roma, quando debateu-se a criação do TPI. Até o ano de 2013 haviam ratificado o Estatuto de Roma 122 Estados.

Igualmente, neste contexto, Hans Kelsen (apud Santos Junior, 2016, p. 11) comenta sobre a criação de um TPI:

[...] na medida em que o Direito Internacional penetra em áreas que no passado eram do exclusivo domínio de ordens jurídicas nacionais, sua tendência de impor aos indivíduos obrigações diretamente aumenta. Na mesma proporção, a

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responsabilidade é baseada no alcance de sua infração. Esse desenvolvimento é paralelo ao estabelecimento de órgãos centrais para a criação e execução de normas legais, um desenvolvimento que a partir de hoje é observável apenas em comunidades internacionais particulares. Essa centralização se aplica, primeiramente, à jurisdição; seu objetivo se volta à formação de Cortes internacionais [...].

Foram os massacres ocorridos ao longo dos séculos que alertaram a sociedade internacional para a importância da instituição de instâncias judiciais com condições suficientes para responsabilizar os crimes que afrontam a dignidade e a paz da humanidade.

O intuito da criação desta instância, que se refere a uma jurisdição permanente, é combater os crimes internacionais de natureza hedionda, visando à punição dos autores e coautores, que até então estavam protegidos pelo despreparo do Estado, incluindo neste âmbito a punição pelo crime de genocídio.

Cretella Neto (2008, p. 212) enfatiza a importância da criação de um TPI de caráter permanente:

A primeira razão para se criar um Tribunal Internacional permanente em matéria penal, bem como mecanismos que permitam processar indivíduos acusados da prática de crimes internacionais, é a exigência inafastável de que não se deve esquecer as mais graves atrocidades cometidas contra integrantes do gênero humano, as quais representam violações que chegam a negar a própria essência da dignidade humana. Considerando essas características é fundamental explicitar que o propósito do Direito Penal Internacional é a proteção dos direitos compartilhados pela sociedade mundial e o seu dever maior é a manutenção da civilidade diante das vítimas dos massacres e suas gerações futuras.

Outro ponto essencial para a instalação de um TPI era alcançar o fim dos conflitos e vinganças, pois este seria competente para arbitrar crimes que atingem e comprometem a segurança e a integridade de uma nação.

É sabido que quando vivenciados fatos de impunidade e injustiça, a sociedade busca amenizar seus anseios utilizando suas características de força para

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punir com as próprias mãos aquele que tanto a prejudicou. Nessa ótica, no próximo item serão analisadas a competência e abrangência do Tribunal Penal Internacional em relação aos autores das violações e ao local dos fatos.

2.2 Competência do Tribunal Penal Internacional

O TPI é uma instância com jurisdição sobre os indivíduos responsáveis pelos crimes de maior gravidade e com alcance internacional, além de ser complementar às jurisdições penais nacionais.

Conforme Fernanda Lau Mota Garcia (2016), os crimes de competência do Tribunal Penal Internacional, que também são denominados de core crimes no vigente Direito Penal Internacional, são aquelas violações que atingem a comunidade internacional em seu conjunto.

A competência e o funcionamento do TPI estão fixados no Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, conforme estabelece o seu preâmbulo:

Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional Preâmbulo

Os Estados-Partes no presente Estatuto.

Conscientes de que todos os povos estão unidos por laços comuns e de que suas culturas foram construídas sobre uma herança que partilham, e preocupados com o fato deste delicado mosaico poder vir a quebrar-se a qualquer instante; Tendo presente que, no decurso deste século, milhões de crianças, homens e mulheres têm sido vítimas de atrocidades inimagináveis que chocam profundamente a consciência da humanidade;

Reconhecendo que crimes de uma tal gravidade constituem uma ameaça à paz, à segurança e ao bem-estar da humanidade;

Afirmando que os crimes de maior gravidade, que afetam a comunidade internacional no seu conjunto, não devem ficar impunes e que a sua repressão deve ser efetivamente assegurada através da adoção de medidas em nível nacional e do reforço da cooperação internacional;

Decididos a por fim à impunidade dos autores desses crimes e a contribuir assim para a prevenção de tais crimes;

Relembrando que é dever de cada Estado exercer a respectiva jurisdição penal sobre os responsáveis por crimes internacionais;

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Reafirmando os Objetivos e Princípios consignados na Carta das Nações Unidas e, em particular, que todos os Estados se devem abster de recorrer à ameaça ou ao uso da força, contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer Estado, ou de atuar por qualquer outra forma incompatível com os Objetivos das Nações Unidas;

Salientando, a este propósito, que nada no presente Estatuto deverá ser entendido como autorizando qualquer Estado Parte a intervir em um conflito armado ou nos assuntos internos de qualquer Estado;

Determinados em perseguir este objetivo e no interesse das gerações presentes e vindouras, a criar um Tribunal Penal Internacional com caráter permanente e independente, no âmbito do sistema das Nações Unidas, e com jurisdição sobre os crimes de maior gravidade que afetem a comunidade internacional no seu conjunto;

Sublinhando que o Tribunal Penal Internacional, criado pelo presente Estatuto, será complementar às jurisdições penais nacionais;

Decididos a garantir o respeito duradouro pela efetivação da justiça internacional;

Convieram no seguinte: [...]

Conforme exposto no preâmbulo do referido Estatuto, milhões de crianças, homens e mulheres foram vítimas de atrocidades inimagináveis que chocaram e ainda sensibilizam a humanidade. Os crimes de tal gravidade ameaçam a paz, a segurança e o bem-estar das nações, portanto a criação do TPI é, sem dúvida alguma, uma grande conquista.

Apesar de as mudanças, contudo, terem se iniciado por volta de 1899, durante a Primeira Conferência da Paz de Haia, que deu origem à Corte Permanente de Arbitragem – CPA –, isso evidencia que desde sempre houve a luta no campo internacional pela pacificação dos países e seus conflitos, objetivando estabelecer a paz mundial.

Neste sentido, Cretella Neto (2008, p. 220) ressalta:

O TPI idealizado para se pronunciar sobre os crimes mais graves que preocupam a comunidade internacional em seu conjunto (preâmbulo do Estatuto). Para os autores desses atos, o Estatuto prevê a responsabilidade penal internacional, inclusive para pessoas que representam o Estado, na medida em que estes indivíduos são aqueles que dispõem de poderes e de meios necessários para praticar atos de tal gravidade, como genocídio, crimes contra a Humanidade e crimes de guerra, consagrando a tradicional norma do Direito

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Internacional Penal de que é irrelevante o cargo oficial ocupado para a exoneração da responsabilidade.

O Tribunal Penal Internacional deverá ser acionado somente quando um Estado não tiver condições, ou ainda, quando este não desejar julgar os autores dos crimes que estejam sob sua jurisdição. Para isso, no entanto, os Estados precisam estar munidos de uma legislação competente e eficaz que permita tal julgamento e posterior condenação.

Visto isso, observa-se que tal compreensão reflete no princípio da complementaridade, previsto no artigo 17 do Estatuto de Roma:

Questões Relativas à Admissibilidade

1. Tendo em consideração o décimo parágrafo do preâmbulo e o artigo 1o, o Tribunal decidirá sobre a não admissibilidade de um caso se:

a) O caso for objeto de inquérito ou de procedimento criminal por parte de um Estado que tenha jurisdição sobre o mesmo, salvo se este não tiver vontade de levar a cabo o inquérito ou o procedimento ou não tenha capacidade para o fazer;

b) O caso tiver sido objeto de inquérito por um Estado com jurisdição sobre ele e tal Estado tenha decidido não dar seguimento ao procedimento criminal contra a pessoa em causa, a menos que esta decisão resulte do fato de esse Estado não ter vontade de proceder criminalmente ou da sua incapacidade real para o fazer;

c) A pessoa em causa já tiver sido julgada pela conduta a que se refere a denúncia, e não puder ser julgada pelo Tribunal em virtude do disposto no parágrafo 3o do artigo 20;

d) O caso não for suficientemente grave para justificar a ulterior intervenção do Tribunal.

2. A fim de determinar se há ou não vontade de agir num determinado caso, o Tribunal, tendo em consideração as garantias de um processo eqüitativo reconhecidas pelo Direito Internacional, verificará a existência de uma ou mais das seguintes circunstâncias:

a) O processo ter sido instaurado ou estar pendente ou a decisão ter sido proferida no Estado com o propósito de subtrair a pessoa em causa à sua responsabilidade criminal por crimes da competência do Tribunal, nos termos do disposto no artigo 5o;

b) Ter havido demora injustificada no processamento, a qual, dadas as circunstâncias, se mostra incompatível com a intenção de fazer responder a pessoa em causa perante a justiça;

c) O processo não ter sido ou não estar sendo conduzido de maneira independente ou imparcial, e ter estado ou estar sendo conduzido de uma maneira que, dadas as

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circunstâncias, seja incompatível com a intenção de levar a pessoa em causa perante a justiça;

3. A fim de determinar se há incapacidade de agir num determinado caso, o Tribunal verificará se o Estado, por colapso total ou substancial da respectiva administração da justiça ou por indisponibilidade desta, não estará em condições de fazer comparecer o acusado, de reunir os meios de prova e depoimentos necessários ou não estará, por outros motivos, em condições de concluir o processo.

Assim, a Corte Internacional é uma justiça complementar que atua diante de conflitos para os quais os Estados não apresentam competência para exercer tal punição e que sejam declarados como crimes contra a humanidade.

É por meio deste importante princípio que a jurisdição internacional permanente é chamada para atuar quando as instâncias internas não possuírem capacidade e garantia de sua eficiência.

Zilli (2003, p. 56), nessa perspectiva, esclarece que:

Com tal mecanismo buscou-se estimular os Estados nacionais a cumprirem, por conta própria com os compromissos e obrigações assumidos perante a comunidade internacional, na defesa e proteção de valores humanos e humanitários. Dessa forma, somente na hipótese de inércia dos sistemas nacionais, motivada por desídia política ou por impossibilidade prática que a jurisdição internacional seria exercida.

É evidente que o princípio em questão ressalta ainda mais o dever de comprometimento dos Estados perante a sociedade nacional e internacional, amparando os direitos, à paz e à dignidade de todos, sem distinções.

Em relação ao aspecto permanente é um requisito essencial a um Tribunal Internacional, e, segundo Cretella Netto (2008), faz-se necessário que seja pré-constituído relativamente aos crimes que irá julgar. Desse modo, a melhor alternativa é criar tribunais ad hoc especiais, ou seja, cada qual com suas próprias normas e competências.

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O TPI poderá atuar por meio de um Procurador ou de um Estado-Parte. O Estado que não fizer parte no Estatuto, poderá, entretanto, fazer uma declaração aceitando a jurisdição do Tribunal.

Os Estados, no entanto, deveriam ratificar o Estatuto do TPI, eis que a ratificação universal é fundamental para assegurar a eficácia do Tribunal Penal Internacional, de acordo com o disposto no artigo 12 do Estatuto de Roma (Decreto 4.388, de 25 de setembro de 2002):

Artigo 12

Condições Prévias ao Exercício da Jurisdição

1. O Estado que se torne Parte no presente Estatuto, aceitará a jurisdição do Tribunal relativamente aos crimes a que se refere o artigo 5o.

2. Nos casos referidos nos parágrafos a) ou c) do artigo 13, o Tribunal poderá exercer a sua jurisdição se um ou mais Estados a seguir identificados forem Partes no presente Estatuto ou aceitarem a competência do Tribunal de acordo com o disposto no parágrafo 3o:

a) Estado em cujo território tenha tido lugar a conduta em causa, ou, se o crime tiver sido cometido a bordo de um navio ou de uma aeronave, o Estado de matrícula do navio ou aeronave;

b) Estado de que seja nacional a pessoa a quem é imputado um crime.

3. Se a aceitação da competência do Tribunal por um Estado que não seja Parte no presente Estatuto for necessária nos termos do parágrafo 2o, pode o referido Estado, mediante declaração depositada junto do Secretário, consentir em que o Tribunal exerça a sua competência em relação ao crime em questão. O Estado que tiver aceito a competência do Tribunal colaborará com este, sem qualquer demora ou exceção, de acordo com o disposto no Capítulo IX.

Neste ótica, observa-se a competência prevista no Estatuto de Roma:

Artigo 5o: Crimes da Competência do Tribunal

1. A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a comunidade internacional no seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal terá competência para julgar os seguintes crimes:

a) O crime de genocídio;

b) Crimes contra a humanidade; c) Crimes de guerra;

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Do mesmo modo, entende-se que o sistema do TPI é distinto, adotando um regime de jurisdição mais limitado. Tanto é verdade que o Estatuto estipula sua competência somente nos casos em que o Estado (local onde foi cometido o crime ou de nacionalidade do criminoso) não tenha capacidade e eficiência para tal punição,

Cretella Neto (2008, p. 221) complementa a informação afirmando que

[...] o papel de um juiz criminal internacional é o de evitar que responsáveis por crimes iure gentium possam viver na impunidade porque em seus países não existem condições necessárias para que sejam submetidas a Justiça nacional. Os limites impostos ao TPI, entretanto, impedem a solução definitiva desse problema. Quando os casos forem submetidos ao Tribunal, mas não pelo Conselho de Segurança, perceber-se-á claramente que os juízes desempenharão importante papel, pois se trata de situações nas quais os sistemas judiciários de determinados Estados se mostrarem incapazes de julgar responsáveis por crimes internacionais.

O Tribunal Penal Internacional é composto por 18 juízes, entretanto, existe a possibilidade de ampliar este rol quando houver necessidade, mas o número mínimo de membros não pode ser reduzido.

Neste aspecto, o artigo 36 do Estatuto de Roma, define:

Artigo 36

Qualificações, Candidatura e Eleição dos Juízes

1. Sob reserva do disposto no parágrafo 2o, o Tribunal será composto por 18 juízes.

2. a) A Presidência, agindo em nome do Tribunal, poderá propor o aumento do número de juízes referido no parágrafo 1o fundamentando as razões pelas quais considera necessária e apropriada tal medida. O Secretário comunicará imediatamente a proposta a todos os Estados Partes;

b) A proposta será seguidamente apreciada em sessão da Assembléia dos Estados Partes convocada nos termos do artigo 112 e deverá ser considerada adotada se for aprovada na sessão por maioria de dois terços dos membros da Assembléia dos Estados Partes; a proposta entrará em vigor na data fixada pela Assembléia dos Estados Partes;

c) i) Logo que seja aprovada a proposta de aumento do número de juízes, de acordo com o disposto na alínea b), a eleição dos juízes adicionais terá lugar no período seguinte de sessões da

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Assembléia dos Estados Partes, nos termos dos parágrafos 3o a 8o do presente artigo e do parágrafo 2o do artigo 37;

ii) Após a aprovação e a entrada em vigor de uma proposta de aumento do número de juízes, de acordo com o disposto nas alíneas b) e c) i), a Presidência poderá, a qualquer momento, se o volume de trabalho do Tribunal assim o justificar, propor que o número de juízes seja reduzido, mas nunca para um número inferior ao fixado no parágrafo 1o. A proposta será apreciada de acordo com o procedimento definido nas alíneas a) e b). Caso a proposta seja aprovada, o número de juízes será progressivamente reduzido, à medida que expirem os mandatos e até que se alcance o número previsto

O Tribunal Penal Internacional atua primordialmente na investigação e punição dos acusados de crimes contra a humanidade. Um exemplo desta competência e eficiência é o caso de Lubanga, um ex-líder do movimento rebelde da República Democrática do Congo que foi condenado pelo TPI.

Esta situação foi a primeira decisão proferida pelo TPI desde sua criação, em 2002. Aline Pinheiro (2012) destaca relatos deste julgamento informando que foram seis anos de investigação e de audiências, 220 depoimentos colhidos, mais de 150 testemunhas ouvidas e o resultado detalhado desta investigação originou 53 mil páginas de processo.

O congolês Thomas Lubanga Dyilo foi declarado culpado no dia 14 de março de 2012 por recrutar crianças para lutar em conflitos étnicos. Sobre este fato, Pinheiro (2012, p. 1) ressalta e acrescenta que:

A decisão foi anunciada na sede do tribunal, na cidade holandesa de Haia. Em mais de 600 páginas, os três juízes explicaram por que Lubanga deveria ser punido por alistar crianças para lutar no grupo armado do qual era presidente, o Union des Patriotes Congolais. De acordo com a decisão, de setembro de 2002 a agosto de 2003, meninos e meninas, alguns com 11 anos de idade, serviram como soldados da milícia em conflitos étnicos no Congo.

Tal processo foi encaminhado ao TPI pelo próprio governo da República Democrática do Congo, em abril de 2004, observando que Lubanga chegou a ser dispensado pela Justiça, contudo a acusação interpôs novo recurso, que teve

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procedência, Lubanga voltou a ser preso, sendo o primeiro réu a ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional, em 2012.

A condenação já era esperada desde 2010, mas devido a conflitos entre juízes e a promotoria houve o adiamento da conclusão e sobre este fato, Dinarco Pimentel (2013, p. 10) enfatiza que:

Tratando-se de um crime de especial gravidade, sobretudo por ter sido consumado contra crianças com idades inferiores a 15 anos, consideramos que seja prudente, em futuros casos, o recurso ao acórdão emanado pelo ICC (International Criminal Court – ICC)2 como forma de melhorar a atuação no processo de investigação de tais crimes, de modo a garantir uma maior efetividade na condenação destes crimes, passando a constituir um instrumento didático e pedagógico por forma a consciencializar futuros Promotores da necessidade de procederem a uma investigação rigorosa, precisa e efetiva de todas as suspeitas de crimes que possam ter ocorrido e que devem ser levados a julgamento.

O mencionado autor ressalta a importância de garantir a efetividade nas condenações futuras, mesmo que seja necessária a criação de novos instrumentos que possibilitem e proporcionem a conscientização dos promotores para toda e qualquer suspeita de crime, e em caso de confirmação, que sejam julgados e condenados.

Este evento histórico contou com a participação da brasileira Sylvia Steiner, que integrou a instrução do processo como juíza do Tribunal Penal Internacional. Ela fez parte de uma das câmaras de pré-julgamento que condenou Lubanga, em 2012, a 14 anos de prisão por recrutar menores de 15 para guerrilhar em conflitos étnicos na região da República Democrática do Congo entre os anos de 2002 e 2003.

Posterior a condenação de Lubanga, outros fatos foram julgados pelo TPI. O caso de Slobodan Milosevic, em especial, contempla ainda mais este estudo. Um sérvio nascido em Pozarevac na década de 40 do século 20, descendente de família

2 O Tribunal Penal Internacional (ICC), também conhecido como Corte Penal Internacional (CPI), é o primeiro Tribunal Penal Internacional permanente. Foi estabelecido em 2002 em Haia, cidade onde fica a sua sede, conforme estabelece o artigo 3º do Estatuto de Roma.

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rica, graduado em Direito e diretor do maior banco iugoslavo, o Banco de Belgrado, Milosevic foi acusado por vários crimes, entre eles, o genocídio.

Conforme Rogério Dourado Furtado (2016), em 1989, Milosevic estava no ápice do seu poder sendo eleito presidente da República da Iugoslávia, a partir daí por meio de barbáries tentou impor o domínio sérvio sobre o resto dos povos da Iugoslávia.

Uma das principais consequências do seu governo estabeleceu, ainda mais, as diferenças étnicas, principalmente dos sérvios em relação a muçulmanos e kosovares. Essas distinções eram acompanhadas pelas aspirações de uma política nacionalista que vitimou milhares de inocentes.

Em 1999 Milosevic foi acusado por cometer e ordenar crimes contra a humanidade no Kosovo e na Croácia entre 1991 e 1992, além do genocídio ocorrido na Bósnia entre 1992 e 1995 que vitimou milhares de muçulmanos e bósnios croatas, tornando-se o primeiro chefe de Estado em atividade acusado por um tribunal.

Acusado por crimes de guerra contra a humanidade, Milosevic foi preso e transferido para Haia, na Holanda, em junho de 2001. No ano seguinte teve início o julgamento. As acusações contra o ex-presidente sérvio incluíam perseguição por motivos de raça e religião, expulsão de aproximadamente 740 mil pessoas da província de Kosovo e massacres cometidos pelas tropas sérvias na guerra da Bósnia, que vitimou mais de 200 mil pessoas.

O julgamento começou em fevereiro de 2002, mas, no entanto, o caso de Slobodan Milosevic ficou sem condenação definitiva, pois o mesmo veio a falecer na prisão antes da penalidade ser estabelecida.

Seus crimes ficaram marcados na História e na consciência de quem de um modo ou outro foi vitima das atrocidades ocorridas. Assim, o julgamento pelo Tribunal Penal ad hoc para a antiga Iugoslávia foi um marco no âmbito jurídico internacional, pois nunca um ex-presidente de um país havia sido julgado e

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condenado por crime contra a humanidade. Apesar da morte ter ocorrida antes da punição, ficou o legado do julgamento e do fim da impunidade para tal violador das leis e da paz mundial.

Analisando o contexto do estudo, como um todo, compreende-se que a agressividade gera cada vez mais crueldade, principalmente quando se refere a duelos étnicos, mas havendo um órgão judiciário de modo imparcial no qual os autores de crimes como o genocídio ou crimes de guerra possam ser julgados, aumenta-se, portanto, as possibilidades de encerrar o conflito e consolidar a paz mundial.

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CONCLUSÃO

O crime de genocídio destaca-se como um dos pontos principais no Direito Internacional Penal, pois abrange violações aos direitos humanos, sendo caracterizado como uma violação ao direito fundamental do ser humano, a vida.

O despertar para tamanha barbárie só foi possível após milhões de pessoas serem assassinadas pelo fato ou motivo de pertencerem a um determinado grupo ou classe que não fosse compatível com os princípios e costumes praticados pelos criminosos.

Com isso objetivou-se entender e descrever alguns fatos históricos, visando à superação de tantas marcas que as barbáries do genocídio deixaram em vários países. O estudo do genocídio, portanto, não pode ser desvinculado das questões que dizem respeito às relações internacionais e principalmente da sua evolução conceitual.

Conforme estudo realizado, o Tribunal Penal Internacional foi criado para amenizar os anseios da comunidade internacional, visando a julgar e condenar os autores e coautores de fatos criminosos de natureza hedionda, além de assessorar as jurisdições nacionais, que em muitas ocasiões não possuem caráter competente e eficiência para tais demandas, o que acarretava a impunidade de muitos criminosos na esfera internacional.

A inserção e vigência de um TPI competente para crimes internacionais gerou confiança na sociedade quanto à punição dos criminosos violadores de leis e da dignidade humana.

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Isto posto, engloba-se também a punição ao crime de genocídio, pois as considerações em relação a este delito hediondo se intensificaram ao longo dos tempos. As questões a respeito deste tema ainda são constantes na atualidade, envolvendo paradigmas de todos os gêneros, incluindo aspectos científicos e ideológicos, pois desde os primórdios dos tempos a execução de determinados povos é comum na sociedade internacional.

Além do entendimento de que o genocídio é algo muito mais complexo, sendo caracterizado como um processo criminoso constatou-se que este crime compreende desde as ofensas à integridade dos membros de um determinado grupo até a idealização pelo extermínio do mesmo, seja este qual for, total ou parcialmente.

Após o término da Segunda Guerra Mundial, no entanto, houve uma maior reflexão quanto à necessidade de criação de uma jurisdição internacional permanente para combater a impunidade, pois os criminosos passavam sem punição alguma, pela falta de competência das instâncias nacionais.

Posterior à inserção do Tribunal de Nuremberg, acelerou-se o processo para o estabelecimento de um Tribunal Penal Internacional Permanente com competência para julgar crimes internacionais contra a humanidade.

O TPI reconhece que crimes desta natureza constituem uma ameaça à paz, à segurança e ao bem-estar da nação e que os responsáveis por tais crimes devem ser punidos, determinando-se o fim à impunidade e a consolidação do respeito e da justiça internacional.

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Referências

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