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Os aspectos sociais do saneamento ambiental na sociedade contemporânea

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Academic year: 2021

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UNIJUI – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

Departamento de Estudos Jurídicos e Sociais

CURSO DE SOCIOLOGIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO

Os Aspectos Sociais do Saneamento Ambiental na Sociedade Contemporânea

JAILSON MACHADO DE LIMA

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JAILSON MACHADO DE LIMA

Os Aspectos Sociais do Saneamento Ambiental na Sociedade Contemporânea

Monografia apresentada ao Curso de Sociologia da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul como requisito parcial para obtenção do título de Sociólogo.

Orientadora: Professora MS. Maria Aparecida Zasso.

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JAILSON MACHADO DE LIMA

Os Aspectos Sociais do Saneamento Ambiental na Sociedade Contemporânea

Monografia submetida ao corpo docente do curso de Sociologia da Universidade do Noroeste do Rio Grande do Sul, como parte dos requisitos necessários para obtenção do

Título de Sociólogo.

Aprovado por:

_____________________ _________________________

Prof. Prof.

__________________________ Prof. MS. Maria aparecida Zasso

(Orientadora)

IJUI, RS - BRASIL Agosto de 2012

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DEDICATÓRIA

À minha esposa Elisane, pelo seu amor, companheirismo, perseverança e dedicação nesta nova etapa de minha vida. Também dedico aos meus filhos Miguel (7) e Isabel (2), que com um sorriso sincero me dão muita energia para o dia a dia, e que aceitam pacientemente a minha ausência durante a execução dos fóruns, bem como as constantes viagens para as provas de conclusão dos bimestres.

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RESUMO

Este trabalho monográfico apresenta, através da pesquisa bibliográfica, um breve histórico do saneamento no Rio Grande do Sul, analisando, pela ótica sociológica, os principais aspectos relativos ao saneamento ambiental e à sociedade atual. Aqui apresentaremos o uso, os conflitos, a valoração da água e os problemas que a falta da universalização do saneamento produz na sociedade. A preocupação com a possível crise da água, em nível global, faz com que os órgãos responsáveis pelo saneamento básico na sociedade busquem novas formas de gerenciamento, observando as variáveis econômicas, sociais e ambientais. Por isso, este trabalho também traz uma pesquisa técnica de um sistema de reaproveitamento de água realizada na Estação de Tratamento de Água (ETA) Santa Bárbara, da cidade de Pelotas, mostrando que é possível aumentar a quantidade de água disponível, reduzindo os custos e a poluição nos mananciais. Essa concepção de reuso, minimizaria as perdas físicas de água nas estações de tratamento. Com a implantação de reaproveitamento, ter-se-ia um aumento de vazão da água na chegada da estação – com aumento da população atendida e, principalmente, melhoria ambiental no corpo receptor do efluente da lavagem de filtros.

A presente pesquisa tem como eixo norteador a Sociologia, campo teórico que estuda a sociedade, analisando, inclusive, as formas como a sociedade contemporânea se adapta ao atual contexto, marcado pelo forte desenvolvimento industrial, em que a busca crescente pelo lucro relegam a um segundo plano, a solidariedade e a justiça social.

Palavras chaves:

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ABSTRACT

This work presents a brief historic of sanitation in Rio Grande do Sul through a bibliographic research, analyzes the main aspects related to the environmental sanitation and to the current society from a sociological perspective. Here we are going to present the usage, the conflicts, the water appreciation as well as the problems the lack of global sanitation produces in the society. The concern with the possible water crisis, on a global level, makes the agencies responsible for the sanitation in the society look for new ways of management, observing the economic, social and environmental variables. Therefore, this work also brings a technical research of a reusing water system which took place at the Santa Barbara Water Treatment Station (ETA), of the city of Pelotas, showing that it is possible to increase the quantity of available water by decreasing the costs and the pollution in the sources. This conception of reusing would minimalize the physical losses of water at the treatment stations. With the implantation of reusing, there would be an increase in the water flow at the arrival of the station – with an increase in the served population and, chiefly, environmental improvement in the receptor body of the filter washing effluent.

The present research has Sociology as the guideline, theoretical field which studies the society, even analyzing the ways the contemporary society adjusts itself to the current context, characterized by the strong industrial development, in which the increasing search for profit relegates the solidarity and the social justice to a second plan.

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SUMÁRIO

Introdução --- 8

1 Desenvolvimento ---10

1.1. O histórico dos serviços de saneamento no Rio Grande do Sul ---10

1.2. O uso, os conflitos e a concepção de valoração da água ---11

1.3. A água como bem comum da sociedade ---15

1.4. O saneamento ambiental e a saúde pública. ---17

1.5. Ecologia industrial, uma nova concepção para a sociedade contemporânea-- 21

1.6. Conscientização Ambiental---23

1.7. Reaproveitamento de água de Estações de Tratamento de Água (ETAs)---25

2 – Metodologia ---27

2.1. Um caso exemplar: Reaproveitamento da água da lavagem de filtros da ETA (Estação de Tratamento de Água) Santa Bárbara, Pelotas ---28

2.2. Projeto para reuso de água da ETA Santa Bárbara --- 32

2.3. Fluxograma do sistema de reuso de água --- 37

3 - Considerações Finais --- 38

4 – Referências Bibliográficas--- 39

5 – Anexos --- 41

Anexo A: O saneamento e o SUS--- 41

Anexo B: Imagem Google hearth da ETA Santa Bárbara de Pelotas 1. ---42

Anexo C: Imagem Google hearth da ETA Santa Bárbara de Pelotas 2. ---42

Anexo D: Canal Adutor de Rio Grande--- 43

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INTRODUÇÃO

O constante incremento populacional das cidades com a ampliação de bairros e vilas sem as devidas condições de infraestrutura (água, esgoto, rede pluvial ) fazem com que a falta de saneamento ambiental seja um dos principais problemas sociais da atualidade. A falta de investimento em saneamento ambiental, a falta de políticas públicas que determinem verbas fixas para essa área, contribuem para o aumento dos problemas de saúde pública e, por consequência, o desequilíbrio social das cidades. O tratamento de esgoto praticamente não existe no Brasil e a água, quando tratada, é de baixa qualidade, pois os mananciais estão poluídos pela ação antrópica. Essas variáveis precisam de ações contínuas do governo numa perspectiva de mudança de paradigmas que atinjam as reais necessidades da sociedade não separando homem e meio natural, pois precisamos deste sistema saudável para manter a sustentabilidade das gerações futuras.

A Revolução Industrial acelerou a produção de bens e o consumo, pilares do sistema capitalista. A necessidade de mão de obra para as fábricas fez com que um grande contingente de pessoas migrasse das áreas rurais para as urbanas em busca de emprego. A partir do desenvolvimento da sociedade “fordista1”, o lucro se dá pelo ganho em produtividade (produção em série) e pela incorporação da classe trabalhadora às classes consumidoras. Esse fato provocou crescimento acelerado das cidades sem o necessário planejamento, trazendo problemas de todas as ordens. Entre eles o individualismo2.

A explosão demográfica, a concentração populacional em pequenos espaços geográficos, trouxe, como consequência imediata, a derrubada de florestas para a construção de residências e para a expansão das fábricas. Outras consequências também foram observadas, entre elas a poluição dos mananciais hídricos, o aumento da produção de resíduos sólidos urbanos e a redução da qualidade de vida e bem estar,

1 Sistema de produção e consumo em massa, idealizado pelo empresário estadunidense Henry

Ford (1863-1947)

2

Thomas Hobbes na obra “O Leviatã”, de 1651 afirma que a compaixão e a piedade são atos dissimulados de egoísmo. Adam Smith na obra “A Riqueza das Nações” de 1776 inaugura o liberalismo clássico. Nestas obras estão explícitas ideias de egoísmo e autopreservação em todas as ações humanas, bases do Individualismo.

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provocados pelo aumento da poluição de diversas ordens e, à longo prazo, uma crise ambiental, marcada pela escassez dos recursos naturais necessários para manter essa produção e esse consumo.

A partir de uma pesquisa bibliográfica, pretendemos desenvolver este trabalho relacionando planejamento urbano, acesso ao saneamento básico, preservação dos mananciais hídricos e organização social, pois a Sociologia, ciência que estuda a sociedade, também se preocupa com as questões ambientais. Os Sociólogos podem definir caminhos, que vão desde a conscientização da sociedade sobre a necessidade de um melhor gerenciamento e uso dos recursos naturais, até novos programas de sustentabilidade dos sistemas ambientais e sociais.

Também será apresentado aqui um estudo de caso realizado pelo pesquisador na ETA(estação de tratamento de água) Santa Bárbara da cidade de Pelotas. Este trabalho técnico baseou-se no desenvolvimento de um sistema de reuso de água que vem a corroborar com os demais aspectos sociais do saneamento ambiental citados neste trabalho, mostrando a estreita ligação entre o saneamento ambiental e a Sociologia, pois a falta de saneamento não permite atingir a coesão social, pressuposto citado por Èmile Dürkheim neste trabalho. Nesta mesma linha, a falta de planejamento para reutilizar as água residuárias das estações de tratamento de água (ETAs) dizem respeito ao pressuposto de racionalidade citada por Weber, tendo como questão norteadora a dicotomia homem/natureza.

O saneamento ambiental é sinônimo de qualidade de vida para a sociedade. A disponibilidade de água tratada em quantidade e qualidade e o tratamento dos resíduos gerados nas instalações domiciliares são fatores presentes no índice de desenvolvimento humano de uma sociedade (IDH)3. Tendo em vista que a sociedade depende do ambiente natural em que vive, não podemos separar as questões sociais dos elementos naturais, uma vez que o homem não pode viver separado da natureza.

3

O índice de desenvolvimento humano foi proposto pelo economista Amartya Sem. O IDH de uma sociedade é medido por três parâmetros principais: expectativa de vida ao nascer (Condições de saúde, saneamento básico...), alfabetização e renda per capita.

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1- DESENVOLVIMENTO

1.1 HISTÓRICO DO SANEAMENTO NO RIO GRANDE DO SUL

Os primeiros sistemas de tratamento de água e esgoto do Rio Grande do Sul foram implantados com a participação da Secretaria de Obras Públicas instalados na cidade de Porto Alegre, a partir de 1917 e, com esses serviços, foram beneficiadas cidades como Rio Grande, Bagé, Dom Pedrito, Uruguaiana, Santa Maria, Alegrete, Itaqui, Jaguarão e Cachoeira do Sul.

A partir de 1936, foram assinados os primeiros convênios da operação dos serviços pelo Estado. O primeiro Plano Estadual de Saneamento, elaborado em 1945, previa a captação de recursos externos para custear as obras necessárias. O Rio Grande do Sul contava com 21 municípios abastecidos com água e 15 com sistemas de esgotos. O desenvolvimento do Estado e o crescimento das cidades, com o consequente aumento da demanda por saneamento, levaram o governo do Estado a optar pela criação de uma empresa estatal para essa área. Já eram então 232 municípios, dos quais 103 tinham serviços de saneamento. Foi então, criada a Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN) em 21 de dezembro de 1965 e instalada oficialmente em 28 de março de 1966. Esta empresa tinha o desafio de proporcionar ao Estado e a sua população uma melhor qualidade de vida, melhorando o abastecimento precário que perdurava desde o início do século.

Em 1968, foram assinados vários contratos de financiamento com o Banco Nacional de Habitação (BNH), para a realização de obras em 53 cidades do Estado. Em 1971, o governo lançou o projeto Grande Rio Grande, que tinha como meta atingir 80% da população das localidades abastecidas pelo Estado.

Os serviços de saneamento foram concedidos para a CORSAN, através de contratos celebrados com as prefeituras, devendo abranger obras de tratamento de água e de tratamento de esgotos, renovados a cada período de 10, 15 ou 20 anos, dependendo das cláusulas de contrato. Além da CORSAN, alguns municípios controlam essa atividade de saneamento básico como é o caso de Porto Alegre, Pelotas, Bagé, Caxias do Sul, Santana do Livramento, São Leopoldo entre outros municípios.

A universalização dos serviços de saneamento é uma das metas de todo o governo do Estado, pois atinge diferentes esferas da sociedade e proporciona qualidade de vida às populações.

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1.2 O USO, OS CONFLITOS E A CONCEPÇÃO DE VALORAÇÃO DA ÁGUA

É sabido que 75% da superfície da Terra é composta de água; no entanto, a maior parte não está disponível para consumo humano, pois 97% é água salgada, encontrada nos oceanos e mares, e 2% formam geleiras inacessíveis. Assim sendo, apenas 1% de toda a água do planeta é doce e pode ser utilizada para consumo humano e animal e, deste total, 97% estão armazenadas em fontes subterrâneas.

As águas doces superficiais- lagos, rios e barragens- utilizadas como água bruta nos sistemas de tratamento sofrem os efeitos da degradação ambiental que atinge cada vez mais os recursos hídricos em todo o mundo. A poluição destes mananciais torna cada dia mais difícil e caro o tratamento de água. Na figura 1, podemos observar a distribuição dos usos da água na Terra.

Fonte: Corsan

Figura 1

Os primeiros usos da água eram principalmente para a agricultura, a criação de animais e o uso doméstico, mas, com o passar do tempo, a água passou a ser utilizada pela indústria e para a irrigação de grandes áreas acarretando conflitos entre os usuários, por se tratar de um recurso cada vez mais escasso. Esses conflitos podem ser quanto à destinação de uso, à disponibilidade qualitativa e à disponibilidade quantitativa. Segundo Rocha (2001), os conflitos de destinação de uso acontecem quando a água é utilizada para outros fins, que não as estabelecidas por decisões políticas,

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fundamentadas ou não em anseios sociais, que não a reservaria para o atendimento das demandas sociais, ambientais e econômicas. Um exemplo disso é a irrigação de grandes áreas para a agricultura, ocasionando a falta de água para consumo humano. Os conflitos de disponibilidade qualitativa da água acontecem devido à crescente poluição nos rios que abastecem as ETAs. Estes geram problemas de ordem econômica para as empresas de saneamento, pois aumentam a necessidade de produtos químicos para tratar a água; criam problemas de ordem social para as comunidades que vivem nas proximidades destes mananciais devido ao aspecto de degradação ambiental, mau cheiro, falta de condições de balneabilidade e mortandade de peixes. Os conflitos de disponibilidade quantitativa ocorrem, por sua vez, quando o uso intensivo provoca o esgotamento da disponibilidade em quantidade.

Um exemplo desse conflito quantitativo são os atritos entre os arrozeiros da cidade de Rio Grande e a CORSAN no período do plantio e desenvolvimento do arroz. Os arrozeiros mantêm um contrato com a referida empresa para o uso da água e, como não existe macromedição instalado nos pontos de sucção, fica difícil delimitar a quantidade de água retirada pelos arrozeiros ao longo do canal adutor de Rio Grande. Em períodos de estiagem, a quantidade de água que chega à ETA é insuficiente para o consumo, se fazendo necessária uma fiscalização de cada tubulação de água que sai de um canal adutor4 em direção aos canais de arroz. Observa-se que esse canal adutor é a única fonte de água para abastecer a cidade de Rio Grande.

O uso na agricultura é o maior responsável pelo esgotamento das reservas hídricas. Além disso, a agricultura também contribui para a destruição do leito dos rios através da eliminação das matas ciliares, trazendo como consequências o assoreamento dos rios. Rios assoreados são responsáveis pela redução das atividades econômicas de navegação, pela diminuição de reservas de barragens para geração de energia elétrica e captação de água bruta pelas ETAs.

Além desses conflitos, o crescimento populacional ocasionou o aumento de consumo de água tratada, agravando, assim, os problemas das empresas de saneamento que necessitam incrementar a produção para atender a crescente demanda dos centros

4

O canal adutor possui 24 km de extensão, sendo parte dele em terra e parte em concreto e foi construído em 1983 tendo como fator condicionante o abastecimento de água potável da cidade de Rio Grande e praia do Cassino.

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urbanos. Para conseguir isto, estas empresas necessitam melhorar muito as suas perdas nos processos de produção, tratamento e distribuição de água.

A responsabilidade de cuidar e preservar os leitos de água é de todos os atores sociais, pois a água é um recurso natural que atravessa uma grande crise quanto ao seu uso e somente com mobilização e ações de defesa o homem poderá garantir que este bem esteja disponível em quantidade e qualidade para as futuras gerações. A falta de um maior gerenciamento do uso dos recursos hídricos tanto na indústria, quanto na agricultura e no consumo doméstico é o fator preponderante para que a água potável se torne cara e rara no mundo todo. Portanto a valoração deste bem natural, na ótica dos neoclássicos5, corresponde a tratá-lo como um bem econômico, associando-o a uma forma de capital manufaturado, vindo sua escassez a refletir no seu valor comercial no mercado. Segundo a abordagem neoclássica do meio ambiente, somente se pode enfrentar os problemas relativos à escassez e à degradação ambiental criando-se mecanismos que instrumentalizam o mercado para atuar nas relações entre economia e natureza, colocando valor monetário nos recursos ambientais que são regulados pelo Estado.

A partir dessa análise, podemos nos questionar: como colocar valor em um recurso que não pode ser produzido pela mão do homem? Quais são os métodos de gestão e controle? Além disso, um sistema de valoração de um bem natural, em uma sociedade capitalista, não poderia dificultar ainda mais o acesso ao saneamento básico? Uma maior dificuldade de ter a água em quantidade e qualidade para as necessidades diárias do cidadão, não aumentaria a exclusão social?

Segundo National Geografhic (2002), em Dubai, cidade árida dos Emirados Árabes, 10 milhões de litros de água marinha, tratadas por um processo caro de dessalinização, correm pelas piscinas do parque aquático Wild Wadi. Isto só é possível porque os governos do Golfo Pérsico possuem domínio sobre o petróleo, consequentemente, “nadam em doláres”, podendo se dar ao luxo de dessalinizar a água do mar, situação bem diferente de grande parte dos países do planeta Terra. No anexo A, ao final do texto, uma figura de humor, mostra o que está reservado para o futuro da sociedade, se a água não for tratada como um direito humano fundamental.

5

O pensamento neoclássico determina preço, produção e distribuição de acordo com a oferta e demanda do mercado consumidor. Consideram como elementos de análise a renda dos consumidores e o custo de produção do referido bem e sua função utilidade.

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Segundo Valêncio (2004), existem muitas críticas à abordagem da economia ambiental neoclássica, que focaliza tanto a mercantilização do trabalho quanto a do meio ambiente como se fossem fatos naturais. Existem complexas interações entre processos sociais e ecológicos que afetem a evolução e a sucessão dos ecossistemas nas suas condições de estabilidade, resistência e produtividade. A mesma autora (op.cit.), citando Weber (1964), aponta que o que é tido como racional para uma dada formação social, pode ser absolutamente irracional para outra, pois a racionalidade de um processo social só pode ser compreendida a partir dos elos significativos, compostos tanto de motivações materiais quanto simbólicas. Por isso, ao contrário do que supõem os neoclássicos, a significação cultural pode ser o fator determinante sobre o resultado social de uma dada ação, sobrepondo-se inclusive a aspectos econômicos que poderiam lhe dar sentido distinto.

Assim, sendo a água um bem natural, é necessário verificar soluções econômicas associadas aos sistemas políticos, culturais e institucionais de cada região, uma vez que elas que condicionam os processos de regulação e controle dos recursos hídricos.

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1.3 A ÁGUA COMO BEM COMUM DA SOCIEDADE

No mundo todo, existe uma tendência de redução das atividades do Estado, passando a atuar como um Estado Mínimo, entregando para empresas privadas atividades que são de competência do poder público. O grande problema acontece quando os serviços de saneamento não atingem a totalidade da comunidade nem em quantidade, nem em qualidade. O saneamento precisa ser universalizado, de caráter público, ou seja, primeiro beneficiar a comunidade para depois gerar lucro.

A água, antes vista como um bem comum, hoje é considerada o “ouro azul” gerando muito lucro quando for privatizada. Segundo especialistas que defendem o direito à água, os riscos da falta de água e ou da péssima qualidade para o consumo, podem atingir dois terços da população mundial até 2025. O risco de faltar água não se refere somente ao acesso, mas, principalmente, ao fato de quem será o gerenciador do saneamento. Se a água é um direito fundamental do ser humano, quem além do poder público, poderá oferecê-la? Atualmente, a água é, pela ótica de organismos financeiros internacionais e empresários, um bem econômico. No entanto, deve-se considerá-la um direito humano e social fundamental.

Um estudo realizado pela comissão de pesquisas da Internacional de Serviços Públicos (ISP6), publicado em junho de 2001 sobre os problemas gerados pela administração do saneamento por empresas privadas, apontou, como principais elementos, o declínio na expansão do atendimento às populações e a corrupção. Esta pesquisa também mostrou

que grande parte dos países desenvolvidos possui os serviços de saneamento sob a

administração pública, conforme gráfico abaixo:

Fonte:ISP figura 2

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A ISP é a federação sindical internacional, sindicato global, para os/as trabalhadores/as de serviços públicos. A ISP agrupa 635 sindicatos filiados em 156 países. Juntos, estes sindicatos representam mais de 20 milhões de trabalhadores/as de serviços públicos, que prestam serviço na administração pública, nos serviços sanitários e sociais, nos serviços municipais e das empresas de serviços públicos, como água, saneamento, energia elétrica, limpeza urbana, dentre outros.

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No Brasil, conforme pesquisas do IBGE, os serviços de tratamento e distribuição de água se dividem conforme o gráfico abaixo.

Fonte : (IBGE, 2000) Figura 3

Sendo a água um bem comum da humanidade, precisa estar sob a proteção do Estado. O município como poder concedente, poderá fiscalizar para que a água não seja privatizada, negociando sempre a renovação de concessão com o Estado, ou, fazendo ele próprio o controle do saneamento do município. Pela importância da água e pelo que ela representa para a sociedade, as empresas que possuem as concessões, podem fazer muito mais e melhor para produzir e distribuir este bem natural. O risco da água vir a ser propriedade privada, não pode ser descartado, visto que o capitalismo consumista, através do Banco Mundial, das empresas privadas e das chamadas parceria público privada (PPPs) desconsideram o fato de a água ser um bem comum da sociedade e um direito da população. As companhias de saneamento devem ter clareza da importância da água, do bem essencial com que trabalham, propondo melhorias em seus processos, tanto na questão econômica como na questão ambiental. O reuso, o tratamento dos efluentes e finalmente o tratamento do esgoto, melhoram a qualidade dos mananciais que servem de afluentes das estações de tratamento.

A água já no século XX tornou-se um recurso crítico. Agora, no século XXI, teve essa situação agravada devido à disputa por ela, pois serve tanto para o consumo humano e animal, como para a geração de energia elétrica, irrigação de lavouras e indústria.

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1.4 O SANEAMENTO AMBIENTAL E A SAÚDE PÚBLICA

Saneamento básico e saúde pública andam sempre juntos e por isso justificam projetos que visem investimentos nestas duas importantes áreas da sociedade. Segundo os sanitaristas, estas afirmações são óbvias e a maioria das pessoas percebe isso, independente de seu nível cultural. A falta de acesso aos serviços de saneamento causa um grande reflexo na saúde e, segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Indicadores de desenvolvimento sustentável, em 2010, 92,8% dos domicílios urbanos brasileiros recebem oferta regular de água, no entanto este dado refere-se somente aos domicílios urbanos ligados a rede geral e não levam em consideração a qualidade da água de distribuição por conta da legislação brasileira que diz que toda água distribuída por rede geral de abastecimento necessita apresentar boa qualidade. No sistema de coleta de esgoto a situação é mais complicada, pois, conforme o IBGE, Indicadores de desenvolvimento sustentável, 2010, menos de 58% da população urbana do país é beneficiada com um sistema público de coleta de esgoto. No meio rural, 95,4% não possuem coleta de esgoto e 69% não têm acesso aos sistemas públicos de água. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) a estimativa é de que para cada dólar investido em saneamento básico, economizam-se outros quatro na saúde.

As tabelas e gráficos abaixo retratam os problemas de saúde pública relacionadas à falta de saneamento básico no Brasil.

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Fonte (IBGE, 2010)

figura 5

A falta de saneamento causa muitos impactos negativos à sociedade e, segundo pesquisa do Trata Brasil/FGV (2010), a qual estudou os Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro, alguns dos males causados são os seguintes:

 Por ano, 217 mil trabalhadores precisam se afastar de suas atividades devido a problemas gastrointestinais ligados a falta de saneamento. A cada afastamento perdem-se 17 horas de trabalho.

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 Cada internação custa, em média R$ 350,00 (Trezentos e cinquenta reais). Com o acesso universal ao saneamento, haveria uma redução de 25% no número de internações e de 65% na mortalidade, ou seja, 1.277 vidas seriam salvas.

Outra pesquisa do Trata Brasil/FGV (2008), que estudou a relação entre Saneamento, Educação, Trabalho e Turismo, apresentou os seguinte dados:

 A diferença de aproveitamento escolar entre crianças que têm e não têm acesso ao saneamento básico é de 18%;

 Cada 1 milhão investido em obras de esgoto sanitário, gera 30 empregos diretos e 20 indiretos, além dos empregos permanentes quando o sistema entra em operação. Com o investimento de R$ 11 bilhões por ano reivindicado pelo setor de saneamento, calcula-se que sejam gerados 550 mil novos empregos no mesmo período;

 Se os investimentos em saneamento continuarem no mesmo ritmo, apenas em 2122 todos os brasileiros terão acesso a esse serviço básico.

 As 81 maiores cidades do país, com mais de 300 mil habitantes, despejam diariamente, 5,9 bilhões de litros de esgoto sem tratamento algum, contaminando solos, rios, mananciais e praias do país, com impactos diretos a saúde da população.

Segundo Síntese dos Indicadores de 2009 – IBGE, 2010, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, temos que:

 Investe-se muito pouco em saneamento, o que torna a universalização muito distante. Deveriam ser investidos 0,63% do PIB, mas efetivamente são investidos apenas 0,22%.

 Menos de 30% das obras do PAC Saneamento foram concluídas até 2010 (Ministério das Cidades).

 Estudo do Trata Brasil “De Olho no PAC”, que acompanha a execução de 101 grandes obras de saneamento em municípios acima de 500 mil habitantes, mostra que somente 4% das obras foram finalizadas. E cerca de 60% destas obras estão paralisadas, atrasadas ou, ainda, não iniciadas.

O saneamento básico não pode ser excludente, devendo ser planejado para que tanto as áreas “ricas”, quanto as áreas “pobres”, recebam igual tratamento, visto que, sem esse serviço, todos ficam prejudicados. Segundo pesquisas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), as deficiências sanitárias afetam a todos. Mesmo que as camadas

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superiores da sociedade não se preocupem com o bem estar das camadas populares, elas também correm riscos. Os problemas de saúde atingem a todos que pertencem a um mesmo espaço geográfico, o que justifica a afirmação de que o saneamento básico seja universalizado e acessível a todos.

A coleta e o tratamento eficientes de esgotos estão relacionados a um bom planejamento. Desde sempre foi priorizado o sistema de tratamento de água, deixando em segundo plano a coleta e o tratamento de esgoto.

Émile Dürkheim (1858-1917) concebe as sociedades modernas e complexas como um grande organismo vivo, onde os órgãos são diferentes entre si, mas todos dependem um do outro para o bom funcionamento deste ser vivo. Para ter uma coesão social, precisamos de uma regra de conduta com códigos e regras baseadas nos direitos e deveres do cidadão. Para ele, somente assim teremos a justiça social. Durkheim tinha como uma de suas principais preocupações a coesão social e para atingir este equilíbrio, é necessário trabalhar as condições básicas que reduzam problemas sociais, como a falta de saneamento e as questões dela decorrentes, a miséria e a violência.

O acesso aos serviços de saneamento básico (água tratada, recolhimento de lixo, tratamento do esgoto) é um elemento diferencial das camadas sociais. Nos bairros mais populares das cidades, os serviços de saneamento são menos eficientes do que aqueles destinados aos bairros onde vivem os mais abastados. E isso se verifica em pequenas cidades do interior e também em grandes metrópoles. O que nos leva a afirmar que resolver esse problema é fundamental para garantir a coesão social da qual nos falava Èmile Dürkheim.

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1.5 ECOLOGIA INDUSTRIAL: UMA NOVA CONCEPÇÃO PARA A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Das preocupações com as questões ambientais surge a ecologia industrial e Kiperstok e Marinho (2001,p.272) descrevem que “A ecologia industrial visa a prevenção da poluição ou a Produção Mais Limpa, reduzindo a demanda por matérias-primas, água e energia e a devolução de resíduos à natureza. Porém, enfatiza a sua produção mais limpa através da obtenção de sistemas integrados de processos ou indústrias, de forma que resíduos ou subprodutos de um processo possam servir de matéria prima de outro. Difere, nesse ponto, da Produção Mais Limpa, que prioriza os esforços dentro de cada processo, isoladamente, colocando a reciclagem externa entre as últimas opções a considerar.

Por mais que se aperfeiçoem os processos de limpeza da produção, sempre haverá necessidade de alguma matéria-prima e poderá ocorrer a geração de algum resíduo ou subproduto em processos isolados, para os quais não haja uma alternativa economicamente viável de Produção Mais Limpa, ou interesse da empresa em desenvolver outro processo que o aproveite. A integração adequada de diferentes empresas, de forma que os resíduos e subprodutos gerados por uma, que acabariam se transformando em lixo a depositar, possam servir de matérias primas para outras, reduziriam a devolução de resíduo à natureza. Da mesma forma, a sua utilização como matéria-prima reduziria a demanda por novos recursos naturais. A pretensão é desenvolver ciclos de produção, distribuição, consumo e devolução de resíduos o mais fechado possível. Além da redução da demanda e da restituição ao mínimo inevitável, os resíduos que não pudessem ser suprimidos no fim de todo o ciclo, seriam tornados o mais compatível e possível com o processamento natural, antes da devolução ao ambiente.”

O sentido geral é de que por meio de um sistema industrial, através dos reaproveitamentos e transformações possíveis, aproveitar ao máximo os recursos naturais inevitavelmente necessários, reduzindo a um mínimo a pressão sobre a natureza, tanto do lado da demanda quanto do da restituição.

Hoje, como no passado, a reflexão se impõe exatamente nos momentos de crise, quando setores da sociedade se colocam a tarefa de repensar seus fundamentos, seus valores, seu modo de ser. O movimento ecológico está bem no centro destas complexas questões. Não é por acaso que, modernamente, a problemática ecológica transita entre a

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Ciência, a Filosofia e a Política, recolocando inclusive em novas bases a relação entre esses três planos. Na visão da ecologia industrial, quanto mais próximo forem as indústrias de uma região, mais é possível um subproduto ser utilizado como matéria prima ou insumo para outra, criando assim uma produção sustentável, e de reduzida utilização dos “recursos naturais”.

Uma situação que podemos considerar como exemplo ocorre na cidade de Piratini-RS, onde foi implantado uma usina termelétrica que utiliza o cavaco de madeira, subproduto - resíduo - da indústria madeireira, também chamado de biomassa7, para produzir energia elétrica. Este cavaco é utilizado na queima do ciclo a vapor nas usinas termelétricas conforme figura 6. O resíduo, quando exposto ao tempo, produz CO2 durante a sua degradação, aumentando o efeito estufa no planeta, sendo assim um problema ambiental para as madeireiras. Para esta usina térmica a matéria prima é barata e de fácil obtenção, quando comparada com a extração do carvão mineral. Portanto, nesta usina térmica, movida à biomassa unem-se variáveis ambientais, como a não emissão de CO2 pelo cavaco da madeira exposto ao tempo; as variáveis econômicas como a matéria prima de fácil obtenção e a disponibilidade de energia para o sistema elétrico brasileiro, e as variáveis sociais, como a geração de emprego direto e indireto decorrentes deste processo produtivo. Em anexo, imagem dessa Usina Térmica.

Fonte: CEEE

Figura 6

7

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1.6 CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL

A conscientização ambiental configura-se necessária para que a ação seja adequada e eficaz, podendo ser obtida através de um melhor entendimento das complexas inter-relações entre os principais problemas ambientais contemporâneos. Os problemas ambientais globais têm suas origens em condições locais, tornando-se, portanto, imprescindível a conscientização individual e coletiva de que uma ação em nível local é, geralmente, o primeiro passo para uma solução global.

O planeta Terra tem aproximadamente 4,5 bilhões de anos, a vida nele existe há mais de 3,5 bilhões de anos e o ser humano está sobre a terra há cerca de 2 a 3 milhões de anos, vivendo em equilíbrio com outras formas de vida. Apenas nos últimos 200 anos as pessoas começaram a afetar o ambiente global de forma significativa, e nos últimos 40 anos esse impacto se tornou, de fato, grave ao planeta.

O ser humano depende profundamente da natureza, mas pela primeira vez ele tem a capacidade de alterar o mundo natural, de maneira rápida e em escala global. Observa-se que, até há pouco tempo, os recursos do ambiente eram maiores em relação às demandas; todavia, agora, com o crescimento populacional, aumentaram também as necessidades humanas. Dessa forma, pode-se afirmar que o aumento significativo da população e o crescimento do consumo, causaram impactos ambientais como nunca visto na história da humanidade.

Segundo Corson (1993), foi a partir da década de 1990 que os cidadãos e lideres de muitos países começaram a entender melhor as conseqüências do impacto humano sobre o ambiente e sua forte ameaça à segurança, à produtividade econômica, à saúde e à qualidade de vida, tanto atual como das gerações futuras. Gradualmente, percebemos a importância de maiores mudanças nas estruturas da sociedade e dos governos, em níveis multilaterais de envolvimento e comprometimento, em padrões e gerenciamento de atividades econômicas, no estilo de vida e nos direitos e responsabilidades dos indivíduos.

Toda vida depende da terra, água e ar do planeta, e a qualidade do ambiente influi diretamente em todos os aspectos da vida humana – saúde e bem estar, emprego e recreação, cidades e vilas, indústria e agricultura. O meio ambiente afeta também todos os grupos da sociedade – produtores e consumidores, ricos e pobres, homens e mulheres, jovens e idosos.

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Os problemas dos recursos ecológicos e sociais da terra são interdependentes. Corson (1993) considera que as principais causas dos atuais problemas ambientais são o crescimento populacional insustentável, o acentuado aumento da pobreza e desigualdade social, os métodos de produção de alimentos insustentável, o uso de energia insustentável e a produção industrial insustentável.

Por tal conjuntura, todos os projetos que visam a melhorar as variáveis ambientais e econômicas de um processo produtivo passam primeiramente por uma mudança de visão do ambiente, ou seja, por uma educação ambiental e a natureza que a princípio é vista como “recurso natural”, deverá ter outra conotação, pois deixará de ter essa concepção desumanizada e passará a ser vista como parceira da humanidade e portanto, deverá ter meios jurídicos que promovam esta nova forma de preservação do meio natural.

É importante ressaltar que os problemas entre o homem e a natureza, ou seja, o domínio do homem sobre a natureza e as restrições éticas postas a tal comportamento já estão presentes desde o século XVIII, e ainda hoje permanecem no cerne da questão ecológica.

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1.7 REAPROVEITAMENTO DE ÁGUA DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA

Toda alteração executada na planta de um processo produtivo, visando à melhoria de uma determinada variável, terá como conseqüência outros fatores que fazem parte do sistema produtivo e que estão interligados, como é o caso das variáveis ambientais, econômicas e as sociais. Em muitas empresas, a variável econômica é a que está em primeiro lugar, pois, às vezes, é mais vantagem pagar uma multa do que construir onerosos sistemas de tratamento de efluentes e resíduos sólidos, ainda que afetem, nesse caso, o ambiente e, por conseqüência, a sociedade.

No caso do reaproveitamento de água residuárias de ETAs - assunto será mais detalhado no estudo de caso deste trabalho - que, normalmente são destinadas aos rios e córregos mais próximos, ter-se-á uma melhoria ambiental no corpo receptor dos efluentes e uma redução da água retirada do manancial que abastece estas estações de tratamento, refletindo positivamente na sociedade, através de um rio (corpo receptor) mais limpo e de um manancial (barragem) preservado do desperdício, mantendo a capacidade poupada para enfrentar os períodos de seca. Com essa recuperação, é utilizada menor quantidade de matéria-prima, atendendo a um maior número de consumidores, o que traz um benefício social. Com relação à variável econômica, o reaproveitamento tem um custo inicial elevado, mas, com o passar dos meses, ele acaba retornando através de redução das horas de operação da ETA e da redução de produtos químicos de energia elétrica.

Outra análise importante de caráter econômico diz respeito ao uso do sulfato de alumínio, que é utilizado para a coagulação, pois a água de retorno dos filtros ainda possui um sulfato de alumínio residual do processo de tratamento, e, com o tempo, poderá ser analisada a possibilidade da redução do produto no início do ciclo de tratamento. Essa alteração no processo de tratamento de água reduzirá o uso de matéria-prima e de insumos, continuando com a mesma qualidade do seu produto final.

As empresas de saneamento fazem seus programas sociais de redução de desperdício de água na comunidade, mas, no seu sistema de tratamento e distribuição, há um percentual de perda bem superior àquele, que, por vezes, é atribuído à população. É necessária uma ação urgente para minimizar essas perdas, pois elas correspondem a uma parcela considerável do total das perdas de água em sistemas de abastecimento. Essas perdas, conforme Silva (1998) são agrupadas em físicas (não consumidas) e não físicas (consumidas, porém não faturadas). A perda física refere-se a toda a água que é

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subtraída do sistema e que não é consumida pelo cliente final. Esse tipo de perda ocorre por vazamentos em tubulações, equipamentos e estruturas, por extravazamento de reservatórios, por água utilizada em processos operacionais de lavagem de filtros e por limpeza de decantadores e de descargas em redes de adução e distribuição. Já as perdas não físicas referem-se a ligações clandestinas e/ou irregulares, ausência de micromedição, deficiências da micromedição e gerenciamento ineficiente de consumidores.

A redução das perdas físicas permite diminuir os custos de produção - mediante redução do consumo de energia, de produtos químicos e outros - e utilizar as instalações existentes para aumentar a oferta, sem expansão do sistema produtor.

Visando ilustrar a distribuição de perdas em um sistema público de abastecimento, o quadro a seguir apresenta os resultados dos estudos conduzidos pela SABESP para a Região Metropolitana de São Paulo.

Distribuição das perdas na RMSP (SABESP, 1993)

Tipo de perda

Hipótese de

trabalho Perdas [%]

[m³/s]

Físicas Não-Físicas Totais

Vazamentos 8,9 47,6 - 47,6 Macromedição 1 - 5,3 5,3 Micromedição 3,8 - 20,3 20,3 Gestão comercial 3,2 - 17,1 17,1 Total 18,7 51 49 100

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2 - METODOLOGIA

Este trabalho baseia-se em uma pesquisa bibliográfica e em uma pesquisa de campo efetuada em 2005, com o intuito de entender, à luz da Sociologia, os problemas sócio-ambientais relacionados à falta de saneamento básico no Brasil.

O consumismo estimulado pelo capitalismo no mundo contemporâneo, as dificuldades decorrentes da falta de infra-estrutura das empresas prestadoras de serviços de saneamento para acompanhar o incremento do consumo e os impactos sociais e ambientais que a falta de saneamento básico traz para a sociedade são os elementos que norteiam este trabalho. Desta forma, pretendemos mostrar que o saneamento básico tem uma estreita relação com as questões sociais e ambientais, e a sociologia tem muito a contribuir para melhor entendermos que a falta de saneamento é um grande indicador de exclusão social.

O primeiro passo é a realização de uma pesquisa bibliográfica envolvendo a área de saneamento ambiental que possibilite entender a falta de políticas de saneamento. A partir desse referencial teórico, introduzir juntamente com a fundamentação teórica o pensamento sociológico, principalmente no tocante à saúde e à qualidade de vida. Desta forma, tornar possível a observação dos impactos do saneamento ambiental na sociedade atual.

Após a elaboração do referencial teórico será analisada um estudo de caso, realizado em 2005, sobre perdas de água tratada dentro de estações de tratamento. Essas perdas traduzem bem a dicotomia da separação do homem e natureza, pois ainda não há preocupação com o reuso de água, o que levaria à economia de produtos químicos e de energia elétrica, preservação do manancial abastecedor e aumento da vazão em função da reciclagem.

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2.1 UM CASO EXEMPLAR: O Reaproveitamento da Água da Lavagem de Filtros da Estação de Tratamento da Água (ETA) Santa Bárbara em Pelotas – RS

A Estação de Tratamento da Água (ETA) Santa Bárbara localiza-se no município de Pelotas, no Estado do Rio Grande do Sul, e tem como manancial uma barragem construída para este fim. A barragem está em uma cota mais elevada que a ETA, abastecendo esta por gravidade a maior parte do ano. Somente em períodos de grande estiagem é que a ETA recebe água recalcada da barragem através de uma bomba submersível.

A ETA é constituída por dois módulos de tratamento, mas que recebem água do mesmo sistema adutor da barragem. Cada módulo é composto por três flocodecantadores com capacidade de 2000 m3 e 5 filtros descendentes com ação rápida e o meio filtrante de areia.

A vazão média do tratamento diário é de 450 l/s somados os dois módulos. A coagulação é feita através de Sulfato de Alumínio [Al2(SO4)3] e o Tanfloc (Tanato Quaternário de Amônio, um composto orgânico vegetal), usado como polímero de auxílio. Ainda no salto hidráulico é aplicado o carvão. O cloro gás e o flúor são aplicados na tubulação da água tratada que vai para o reservatório enterrado, destinado à distribuição.

A distribuição da água é feita através de quatro grupos motorbomba com motores de 250cv e bombas bipartidas tipo 8LN18. O transporte para a distribuição e feito por três adutoras de 400mm. O controle de vazão, por sua vez, é feito através de três macromedidores eletrônicos e quatro manômetros com escala de 0 a 10 kgf/cm3.A ETA possui um reservatório elevado de 250m3, que é utilizado para abastecimento geral de água potável para a estação, sendo utilizado principalmente para o processo de retrolavagem dos filtros da ETA, que utiliza 126m3 a cada lavagem. A cada três horas é lavado um filtro.

Segundo Vianna (1996), a taxa declinante variável é um sistema de operação composto por diversos filtros funcionando em paralelo (grandes ETAS) e o sistema funciona distribuindo mais água para os filtros mais limpos, e menos água para os filtros mais sujos. A comporta de acesso de água decantada a cada filtro está afogada, por isso todos os filtros operam em um sistema de vasos comunicantes. O leito filtrante sempre

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permanece imerso, mesmo que a ETA venha a parar de funcionar, e a carga desses filtros variam à medida que o filtro vai se colmatando8.

A lavagem dos filtros no sistema de taxa declinante variável é feita através de rodízio e sempre através do filtro que esta há mais tempo sem lavar. Nesse sistema, o filtro mais limpo assume uma maior taxa de filtração enquanto o mais sujo está fora de operação para ser lavado, mantendo assim a mesma vazão no processo. Devido a esse equilíbrio, aliado à facilidade operacional proporcionada por essa concepção de filtração, este sistema vem sendo implantado na maioria das ETAS brasileiras.

Segundo Ferreira Filho & Laje Filho (1999), no processo de lavagem dos filtros, uma ETA gasta, em média, de 3% a 5% do volume total de água produzida e, embora sendo esta a maior perda de volume de água ocorrida nas estações, não ocorre o reaproveitamento.

A perda de água na lavagem dos filtros de uma ETA situa-se no grupo das perdas físicas e representa um grande problema para as empresas de saneamento, pois, além da perda de água do sistema, os líquidos gerados são lançados em cursos d’água mais próximos ou na rede de esgoto, o que, devido às características dos despejos, favorece o agravamento do grau de poluição dos corpos receptores, contribuindo para a crescente degradação do meio ambiente e a perda da qualidade de vida das populações existentes a jusante desses lançamentos, pois apresentam um grande potencial poluidor, devido à presença, em sua constituição, de impurezas removidas da água bruta, durante o processo de tratamento, e de compostos químicos resultantes da adição de coagulantes.

A recirculação da água de lavagem pode ser aplicada a estações de filtração direta – em escoamento ascendente ou descendente – ou tratamento convencional. Em relação às primeiras, a principal limitação consiste na possibilidade de potencialização microbiológica do afluente, pois a totalidade das partículas suspensas presentes na água bruta, e os microrganismos às mesmas associados, retornam ao início do tratamento. Um eventual erro de operação pode acarretar queda de qualidade do afluente ao tanque de contato, pois o tempo de detenção no interior da unidade de tratamento é significativamente inferior comparado às estações convencionais. A existência da unidade de decantação, na qual parcela significativa das partículas suspensas serão removidas, minimiza esta limitação. (Libâneo, 2001)

8

(30)

Segundo Tomaz (1998), a construção de sistemas de reaproveitamento tem um custo inicial para sua implantação, no entanto sempre deve ser considerado o benefício do reaproveitamento de um determinado volume de água, pois ela representa alterações em variáveis econômicas para empresa, e variáveis ambientais e sociais para comunidade local. Na ETA Santa Bárbara, em estudo neste trabalho, entende-se ser possível recuperar cerca de 550.000 m3 de água ao ano. Sendo assim, se for adotado um valor estimado de R$ 0,25 m³, tem-se uma receita adicional de R$ 150.000,00 ao ano o que é um valor considerável neste caso, pois o custo será somente o de construção de um reservatório enterrado de 150m³, da aquisição de bombas submersíveis, de tubulações e de sistema de automação. Isso significa que o custo das obras componentes do sistema de reaproveitamento do efluente líquido gerado na ETA Santa Bárbara pode ser recuperado em poucos meses.

Um exemplo de reaproveitamento é o da ETA do Rio Descoberto, no Distrito Federal, a qual trata atualmente uma vazão média de 3,4 m3/s, recuperando-se uma vazão média de 170 l/s, ou seja, exatamente 5%, o que é suficiente para o abastecimento de uma cidade de aproximadamente 73.000 habitantes com um valor per capita de 200 litros/habitante/dia.

No caso da ETA Santa Bárbara (imagem 1), o sistema foi calculado para ter um reservatório de tamanho mínimo possível capaz de armazenar água de lavagem de um filtro e recalcar toda essa água para o salto hidráulico em período de três horas, estando, assim, apto a receber a água de lavagem de outro filtro. Esse sistema deve ser dotado com inversores de frequência para poder reduzir a vazão do bombeamento do efluente do filtro, se for necessário.

A perda de água na lavagem dos filtros de uma ETA (Imagem 2) situa-se no grupo das perdas físicas e representa um grande problema para as empresas de saneamento, pois os líquidos gerados são lançados em cursos d’água mais próximos ou na rede de esgoto, o que, devido às características dos despejos, favorece o agravamento do grau de poluição dos corpos receptores, contribuindo para a crescente degradação do meio ambiente e a perda da qualidade de vida das populações existentes a jusante desses lançamentos. Os despejos além de apresentar um potencial poluidor, devido à presença, em sua constituição, de impurezas removidas da água bruta, durante o processo de tratamento, e de compostos químicos resultantes da adição de coagulantes, representam também um valor elevado na perda de água tratada de um sistema de abastecimento,chegando próximo dos 5% do total. Na ETA Santa Bárbara, o sistema de

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filtragem9 é constituído por dez filtros, sendo cinco em cada fase. São lavados três filtros a cada turno de seis horas, com vazão média de 126m³ por filtro, o que resulta num total de 1512m³ diários, quantidade suficiente para atender 8400 pessoas por dia, considerando-se um valor per capita 200 litros/habitantes/dia.

Segundo Lima (2005), além de ser um problema ambiental, devido ao desperdício da água, essa perda é também um problema operacional para a ETA, pois a água é retirada do processo, prejudicando assim a reserva de água tratada. No verão, o problema ainda é maior, pois o consumo se eleva - e a questão de economia ambiental não é concebida como uma realidade da vida cotidiana sendo o desperdício de água prática habitual de todos os setores da sociedade - e o manancial que abastece a ETA baixa rapidamente o nível devido a problemas de pouca contribuição dos rios a montante e assoreamento10, reduzindo a vazão de água bruta11 na ETA.

Tendo em vista esses aspectos, o projeto viabilizou o reaproveitamento da água de lavagem de filtros, através de um reservatório de acumulação, com capacidade mínima de 150m³ e uma bomba capaz de recalcar toda a água de lavagem de um filtro no período de três horas (tempo entre um e outro filtro). Essa água será recalcada para o salto hidráulico (chegada da água bruta) em um valor correspondente a 10% da água bruta de chegada no salto.

Uma recomendação usual é que o retorno da água de lavagem não ultrapasse a 10% da vazão da água bruta afluente à ETA de modo a permitir que não haja nenhum prejuízo no processo de coagulação- floculação, dosagem de coagulante e sobrecarga hidráulica nas unidades de tratamento Kawamura(1991 apud Ferreira Filho & Laje Filho,1999, pág. 15).

Com essa proposta, pretende-se reduzir as perdas da ETA, melhorar o fator ambiental no corpo receptor e, principalmente, garantir uma maior disponibilidade de água tratada nos reservatórios.

9

Filtração: Após a decantação, a água segue para os filtros, que são unidades de areia de granulometria variada e que retêm as impurezas restantes e mais uma parte das bactérias. O filtro tem dispositivos capazes de promover a lavagem de areia, quando fica muito suja. Diz-se, nessa ocasião, que houve colmatação de leito filtrante.

10

IBGE (2002 p. 34), Obstrução de qualquer corpo de água, pelo acúmulo de substâncias minerais ( areia, argila etc.) ou orgânicas, como lodo, provocando a redução de sua profundidade.

11 O termo bruta designa apenas que ela não foi trabalhada pelo homem, não significando que ela

não se preste para o consumo. É claro que, na maioria dos casos, ela é imprópria para esse fim, por haver estado exposta aos elementos e, portanto, à poluição.

(32)

2.2 PROJETO DE REUSO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DA

ÁGUA (ETA) Santa Bárbara de Pelotas

Tendo em vista que o objetivo é reaproveitar a água perdida no processo de lavagem dos filtros da ETA Santa Bárbara, primeiramente verificamos como funciona o sistema de filtragem na ETA, ou seja, tipo de filtro, materiais que fazem parte da composição (areia, seixo), taxa de filtração, número de lavagens executadas por unidade de filtro (lavagens/dia), volume e vazão de água utilizados em cada retrolavagem.

Após foram executados testes de laboratório como cor, turbidez e teor de sólidos do efluente do filtro para comparar-se com os valores da água bruta, verificando-se, com isso, a possibilidade de destinar a água de lavagem dos filtros para o salto hidráulico. Essas análises foram executadas em duas unidades de filtro para dar maior confiabilidade aos dados obtidos.

Tendo-se confirmado a possibilidade de reaproveitar a água de lavagem e sabendo-se que o processo de tratamento não ia ser alterado quando a água do efluente fosse misturada com a água bruta numa proporção de 10:1, passou-se, então, a analisar o tipo de reservatório ideal a ser construído, ou seja, tamanho máximo para armazenar a água de lavagem de um filtro. Para esse tanque, também seriam encaminhadas as águas de pequenos vazamentos existentes nos equipamentos do processo de tratamento (registros, válvulas e adufas de fundo de decantador), quantidade inexpressiva quando comparada às águas de lavagens de filtro.

Em paralelo com o cálculo do reservatório, também foi verificado um tipo de bomba submersível a ser instalado no interior do tanque, sendo levadas em consideração as perdas de carga contínua e localizada até a água recalcada chegar no salto hidráulico. O sistema em questão será automatizado via sensor de nível indutivo, ou seja, no momento em que a água de lavagem atingir um determinado nível no tanque de reservação este sensor manda um sinal ao quadro de comando da bomba que a liga automaticamente, sem a necessidade do técnico de tratamento intervir no processo. O mesmo acontece quando o nível de água no tanque atingir valores baixos.

Teremos, então, nível superior e inferior de comando da bomba submersível. Essa bomba foi dimensionada, conforme FLYGT (2002) e BLACK (1979), visando atender o valor máximo a ser recalcado, sem alterar o tratamento normal da água bruta,

(33)

e esvaziar o reservatório num período máximo de três horas, que é o tempo de lavagem entre um filtro e outro.

Foi utilizada a fórmula de Hazen-Williams para calcular as perdas de carga contínua e localizada, conforme BAPTISTA (2002).

Resultado dos coletados para dimensionar o reservatório:

Vazão de água distribuída = 450 l/s (Vazão da ETA, composta por 2 fases) Vazão de retro lavagem = 126m³ / 8min / filtro

Vazamentos gerais na ETA= 3 l/s

Vazão máxima para recalcar para cada fase = 25 l/s Vazão da bomba (dados iniciais) = 50 l/s = 180m³/h Vazamentos = 259,2 m³/dia

Água de lavagem = 1512 m³/dia (3 filtros por turno de 6 horas) Horas de trabalho da bomba = 10h.

Reservatório enterrado =150 m³/h (Calculado) Altura do reservatório = 4m diâmetro = 7m

Perdas totais na ETA = 1512m³/dia + 259,2m³/dia = 1771,2m³/dia > 20,5l/s

Então

20,5 l/s / 450 l/s = 4,5%

Considerando-se os dados coletados, o percentual de perdas devido à lavagem de filtros é de 3,9% da produção de água distribuída diariamente, o que comprova a necessidade de um melhor uso deste efluente.

O sistema todo foi dimensionado visando o mínimo de gasto com obras civis, elétricas e hidráulicas, podendo ser utilizado equipamentos e materiais existentes na própria estrutura da ETA. O projeto foi encaminhado ao departamento de águas do SANEP (Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas).

(34)

CROQUI DO RESERVATÓRIO E BOMBA PARA RECALQUE

Fonte: Manual técnico flygt, 2000 Figura 7

O SISTEMA DE COMANDO

Automação via sensor indutivo com inversor de frequência conforme figura abaixo

Fonte: Vianna (1996); Black (1979) Figura 8

ÁGUA DE LAVAGEM DOS FILTROS

(35)

O sistema de comando com sensor é mais prático e gera menos manutenção. O sistema é acionado a partir de um inversor de frequência, conseguindo-se com isso uma redução ou ampliação de vazão dependendo da necessidade.

Imagem 1

ETA Santa Bárbara (Pelotas/RS)

Imagem 2

(36)

EQUIPAMENTOS GERAIS PARA A IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁGUA

 Reservatório enterrado de 150m³ para reservar água de lavagem de um filtro e pequenos vazamentos da 1ª e 2ª fase.

 1 bomba flygt C3140 13,5kW (exemplo pesquisado, dados em anexo)

 150m de cano de PVC DN 200 (distância do reservatório até o salto hidráulico).

 Curvas de 90 e 45 graus para instalação da bomba (saída do reservatório e chegada ao salto hidráulico).

 Inversor de freqüência para 15kW (CF 08 , 09 da WEG) ou partida estrela - triângulo.

 1 sensor indutivo para controle de nível.

 Painel de comando para montagem dos equipamentos.

Durante o desenvolver do pré-projeto, foi fundamental o auxílio do pessoal do laboratório e da operação e captação.

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2.3 FLUXOGRAMA DO SISTEMA DE REUSO

Água bruta

Coagulação

Floculação

Água de lavagem Decantação

decantadores

Água de lavagem Filtração

de filtros Desinfecção e correção PH Água tratada Água bruta Sistema de reuso Coagulação Floculação

Decantação Água de lavagem

decantadores

Água de lavagem Filtração

de filtros

Desinfecção e correção PH

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3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A falta de saneamento básico atinge principalmente as populações mais pobres, as quais já enfrentam problemas de moradia, saúde, educação e ainda a falta de acesso a um serviço de direito básico do cidadão, qual seja, a água em quantidade e qualidade. Nesta pesquisa, verificou-se que a falta de saneamento é mais um reflexo da política capitalista que cria uma grande exclusão social. Além disso, a falta de saneamento traz prejuízos econômicos pelo afastamento de trabalhadores, devido a doenças adquiridas por veiculação hídrica, e também pelo custo de tratamento de saúde de crianças e adultos acometidos por esse tipo de doença.

Com essa pesquisa, avaliou-se que o Brasil necessita aumentar os investimentos em saneamento em todo o país, criando mecanismos para estimular obras de distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto através das companhias de saneamento (tanto estadual quanto municipal). O investimento em ETAS eficientes com perdas reduzidas, a eficiência na distribuição da água, o tratamento de esgoto e a recuperação de mananciais já degradados pela ação do homem são itens imprescindíveis quando se pensa na questão da evolução da sociedade em um nível de sustentabilidade ambiental para as futuras gerações. Assim, o controle do desperdício de água, tanto da empresa prestadora como do consumidor, a constante necessidade de incremento de consumo em função do aumento de população urbana e o reduzido tratamento de esgoto necessitam de políticas públicas de melhorias e ampliação da infra-estrutura nos centros urbanos, a fim de reduzir o desequilíbrio sócio-ambiental consequente do capitalismo atual.

(39)

4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAPTISTA, Márcio Benedito. Fundamentos de engenharia hidráulica. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.

BLACK, Perry O. Bombas. Tradução de José Aristides Salge. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1979.

CORSON, W. H. Manual Global de ecologia – o que você pode fazer a respeito da crise do meio ambiente. São Paulo, August, 1993. 413p.

DURKHEIM, disponível em http://educacao.uol.com.br/sociologia/durkheim1.jhtm

FERREIRA FILHO, Sidney Seckler ; FREDERIDO DA ALMEIDA, Laje Filho.

Plano Nacional de Combate ao Desperdício de água - DT4: Redução de Perdas e

tratamento de lodo em ETA. Brasília: 1999.

FLYGT, manual técnico. Bombas, misturadores e geradores de turbina hidráulica. Porto Alegre: Itt Flygt, 2000.

LIBANIO, Marcelo.http://www.sanepar.com.br/sanepar/ sanare/v16/OPNIAO1.htm, acessado em 10 dez 2003.

LIMA, Jailson Machado. Proposta de Reaproveitamento de água de lavagem de filtros de ETA. Correlações com o meio ambiente e economia de energia. 2005. 47f. Monografia (Especialização em Fontes Alternativas de Energia)- Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG , 2005.

Pesquisa Saneamento, Educação, Trabalho e Turismo – Trata Brasil/FGV, 2008. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br/detalhe.php?secao=20

(40)

Pesquisa Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro – Trata Brasil/FGV, 2010. Disponível em http://www.tratabrasil.org.br/detalhe.php?secao=20

Pesquisa Saneamento, Educação, Trabalho e Turismo – Trata Brasil/FGV, 2008. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br/detalhe.php?secao=20

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Síntese dos Indicadores de 2009 – IBGE, 2010. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br/detalhe.php?secao=20

REVISTA National Geografhic Brasil.Editora Abril,São Paulo,ano 3, nº29, setembro. 2002.

ROCHA, José Sales Mariano da. Educação Ambiental, ensino fundamental e

médio, superior - Brasília: ABEAS, 2001 .

SILVA, Ricardo Toledo. Indicadores de perdas nos sistemas de abastecimento de água. Ministério do Planejamento e Orçamento. Secretaria de Política Urbana. Brasília, 1998.

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abastecimento de água. São Paulo. Associação Brasileira de engenharia sanitária e

ambiental, 2001.

TOMAZ, Plínio. Conservação da água. Rio de Janeiro: ABES, 1998

VALÊNCIO, Norma Felicidade Lopes da Silva et al. Uso e gestão de recursos Hídricos no Brasil 2º edição. São Carlos : Rima, 2004.

VIANNA, Marcos Rocha - Introdução ao tratamento de água. Belo Horizonte: Editec,1996.

Vocabulário básico de recursos naturais e meio ambiente/IBGE, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. - Rio de Janeiro : IBGE, 2002.

(41)

5 ANEXOS

Anexo A

(42)

ANEXO B

ETA SANTA BÁRBARA Google Hearth 1 ANEXO C

ETA SANTA BÁRBARA Google Hearth 2

Canal Santa Bárbara

(43)

ANEXO D

(44)

ANEXO E

Referências

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