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A agricultura em Giruá: a evolução do trabalho

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

DHE- DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE HISTÓRIA

Rosangela Godoy Rith

A agricultura em Giruá: a evolução do trabalho

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Rosangela Godoy Rith

A agricultura em Giruá: a evolução do trabalho

Monografia apresentada ao Curso de História, Departamento Humanidades e Educação (DHE) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), requisito parcial para a obtenção do Grau de Licenciatura em História.

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Sumário

1 - A história do município de Giruá: processos de ocupação e emancipação.

1.1- Localização do município de Giruá...pg.8

1.2 - Processos de ocupação...pg.10

1.3 - A constituição de um município: Giruá...pg.14

1.4 - A população...pg.17

1.5 - A atividade econômica...pg.20

2 - A modernização da agricultura e seus reflexos em Giruá

2.1 - A modernização da agricultura...pg.24

2.2 - Instituições envolvidas em qualificar a atividade no campo...pg.26

23 – Emater...pg.27

2.4 - Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente...pg.28

2.5 - Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Giruá...pg.30

2.6 - Sindicato Rural...pg.31

3 - A evolução do trabalho agrícola

3.1 - As técnicas utilizadas no período da colonização...pg.33

3.2 - O trabalho Agrícola Hoje...pg.37

3.3 - Produção em Giruá atualmente...pg.42

3.4 - Tabelas comparativas...pg.44

3.5 - Impactos da Modernização na Fauna e a Flora...pg.47

- Conclusão...pg.51 - Referencias bibliográfica...pg.52

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Introdução

O referido documento trata-se de um Trabalho de Conclusão de Curso. Este trabalho teve como objetivo analisar a agricultura na cidade de Giruá, dando ênfase na evolução do trabalho agrícola. A referida cidade fica localizada na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul.

Giruá se emancipou em 1955, desde essa data, passaram-se 57 anos e a cidade evoluiu muito, sua economia vem se destacando cada vez mais no mercado da região, dando um destaque especial para o setor agrícola.

O trabalho aborda os aspectos da ocupação da cidade, desde seus tempos primórdios, quando suas terras eram habitadas por índios da etnia Guarani, que viviam pelos campos e matas dessa região, se alimentando da caça e da pesca. Além desses habitantes, Giruá começou receber imigrantes, esses, eram de várias etnias, como alemães, polacos e italianos. Estes vinham em busca de terras para cultivar e viver com suas famílias.

Giruá, é uma cidade agrícola, não foi em vão que recebeu o título de capital da produtividade, devido à grande produção de grãos, em suas terras. Sendo sua economia movida pelo setor agrícola, o trabalho também aborda a questão da modernização da agricultura. No início, com a chegada dos imigrantes prevaleceu à agricultura de subsistência, na qual o colono plantava de tudo, e que essa produção era destinada ao consumo da família e o restante trocado por outras mercadorias, de que a família necessitava, em uma espécie de troca-troca.

Com a introdução de máquinas na lavoura, a produção aumentou e modificou o setor agrícola. Mas juntamente com esse aumento da produção surgiram alguns problemas ambientais que afetaram a fauna e a flora da cidade.Era grande a quantidade de agrotóxicos aplicada nas lavouras, com isso muitos animais acabaram que desaparecendo, deixando a biodiversidade da cidade reduzida.

O trabalho consistiu no levantamento de informações de diversas fontes de pesquisas históricas, livros que abordam a cidade em questão, estes, são de autoria de moradores da própria localidade, ou até mesmo foram editados sob a responsabilidade da prefeitura municipal. Além desses livros, foram estudados livros de outros autores, sobre temas gerais, como no caso da agricultura e sua modernização. Além desses

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documentos foram analisadas edições do jornal local da cidade, que estão arquivadas na Biblioteca Pública. E, ainda, foram observados alguns materiais fotográficos, referentes á época da construção das primeiras moradias, que foram utilizadas para a produção do trabalho.

O trabalho está organizado em três capítulos. A primeira parte foi dedicada à história da cidade, sua ocupação, a localização geográfica, bem como seu processo de emancipação. Numa segunda parte abordei sobre a modernização da agricultura em Giruá, quais as instituições que se desenvolveram para auxiliar os agricultores nessa nova fase do setor. Da mesma forma, o ultimo capítulo aborda a evolução do trabalho agrícola, como o mesmo era praticado no início da colonização, quais suas técnicas e como é praticado hoje, também traz a questão do meio ambiente, que foi prejudicado com o uso indiscriminado de produtos químicos. São estes assuntos que serão apresentados ao longo do trabalho.

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- A história do município de Giruá: processos de ocupação e

emancipação.

Giruá, muitas vezes passa despercebido no mapa do Rio Grande do Sul, mas é uma cidade com uma grande diversidade de culturas, pois suas terras foram ocupadas por imigrantes de muitas etnias. Possuímos nossas raízes dos Guaranis, pois afinal foram eles que habitavam essas terras há muitos anos atrás. Depois vários grupos sucederam na ocupação e colonização da cidade.

Seu nome Giruá nem sempre foi o mesmo, a cidade já se chamou Passo das Pedras, antes de ser reconhecida pelo nome atual. Desde a colonização e ao longo da história Giruá passou a ter três nomes diferentes. Os primeiros habitantes que aqui viviam, os índios guaranis utilizavam a palavra jerivá para designar os butiazeiros aqui existentes, uma planta que produz frutos amarelos e muito saborosos. Os índios utilizavam seu fruto como alimento, e de suas folhas fabricavam cestos e balaios. Por causa da grande quantidade da planta o local era chamado pelos guaranis de Jerivá.

Mas se realizarmos uma pesquisa em outros materiais bibliográficos se percebe que Jerivá é o nome popular da palmeira conhecida cientificamente de Syagrus romanzoffiana, encontrada no sul da Bahia, Espirito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. A referida planta mede cerca de 7 a 15 metros de altura, com uma estirpe lisa e anelada, diâmetro de 30 a 50 centímetros, com folhas de até 3 metros de comprimento, possuindo frutos globosos e ovoides amarelados, carnosos e adocicados. Já o butiá, planta que segundo os livros locais originou o nome da cidade, é conhecida no meio científico como Butiá eriospatha, palmeira nativa da América do Sul. Sua altura pode variar de 4 a 6 metros de altura, com diâmetro de 20 a 40 centímetros, frutos pequenos, globosos e muito saborosos. Assim pode ter havido uma confusão na denominação da cidade, mas ainda não existe nenhum estudo sobre isso.

Com a chegada dos colonizadores, esses encontraram uma fauna e flora exuberante, com cachoeiras e passos cheios de pedra, passando então o local a se chamar Passo das Pedras. No ano de 1928, o território passa a se chamar novamente Giruá, pois muitos pesquisadores afirmam que o vocábulo Jerivá foi uma das antigas denominações do território e sustentam que o mesmo originou o nome da localidade já

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que os colonos que viviam aqui nessa época, não conseguiam pronunciar a palavra guarani para designar o butiazeiro, e pronunciavam Giruá. O nome passa a ser a terceira e ultima denominação do território. (Flores, Jaeme. Giruá, História e personalidades.).

O Butiá, planta que deu origem ao nome da cidade, segundo os dados bibliográficos locais, ainda são encontrados em grande quantidade pelos campos, beiras de estrada, os viajantes que passam podem notar a presença dessa linda planta com frutos saborosos.

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1.1 - Localização do município de Giruá

A cidade de Giruá está localizada na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul, a 490 km da capital gaúcha Porto Alegre. A cidade se situa as margens do rio Uruguai, fazendo divisa com as cidades de Santa Rosa e Santo Ângelo, ficando localizada a uma altitude de 420m acima do nível do mar, possui um clima subtropical úmido, com temperatura média anual de 19° C graus, possui uma área de 856 Km².

Fonte: IBGE

Giruá é banhado por vários rios, os principais são: Santa Rosa, Comandaí, Santo Cristo e Cascavel, estes fazem parte da Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai.

A cidade pertence às terras missioneiras, desta forma fazendo parte da Rota Missões, que é um roteiro místico-cultural-histórico de caminhadas através dos Sete Povos das Missões.

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1.2 - Processos de ocupação

Índio Guarani

A região sul do Brasil, no século XVII, era praticamente desabitada, pois não havia estâncias, ou moradias de imigrantes, mas os campos e matas eram habitados por índios. A região que corresponde ao território de Giruá, da mesma forma que o restante do estado, também possuía suas terras habitadas pelos índios, mas livros que relatam a história local fazem menção apenas a etnia Guarani, esses viviam livres, utilizando para sua alimentação os animais que habitavam essa região, e esses eram em abundância. Mas não se pode descartar a hipótese de que essas terras foram ocupadas por índios de outros grupos indígenas como os Kaingangs, tema que futuramente será abordado em outro trabalho.

Mas a história começa a se modificar, quando os jesuítas espanhóis chegam à região sul do país, esses, percebem que aqui não existem colônias de povoamento, nem estâncias, ou seja, para os brancos aqui era terra sem lei.

Os jesuítas espanhóis aproveitaram esse local, hoje conhecido como terras missioneiras, para criar as chamadas reduções jesuíticas. Nesses locais os padres, cativavam os índios e lhes ensinavam a cultivar a terra, era uma espécie de vila, na qual foram erguidas casas para os indígenas, colégio para as crianças e como não poderia faltar, a igreja.

Mas os índios não foram deixados em paz. As famosas bandeiras que saíam pelo interior do Brasil, a procura de índios para fazê-los escravos, não perderam a oportunidade de atacar as reduções. Ali eles encontraram os índios reunidos, já “domesticados” pelos padres. Vários foram os ataques dos bandeirantes, que acabaram destruindo as reduções, levando grande número de nativos cativos, alguns conseguiram fugir e se refugiar, para mais tarde retornar as suas antigas moradas e dar início ao segundo período dos Sete Povos das Missões, mas novamente foram dizimados, desta vez pelas mãos dos espanhóis e portugueses, pois o tratado de Madrid (1750) determinava que os Sete Povos que estavam com os espanhóis deveriam ser entregues a Portugal, este daria em troca Colônia de Sacramento. Os índios não queriam abandonar suas casas, e o confronto foi inevitável, gerando a chamada Guerra Guaranítica.

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Africanos

Os africanos foram trazidos como imigrantes forçados para o Brasil, foram os grandes povoadores do nosso país, mesclando seus costumes e palavras ao nosso cotidiano. Trabalharam nas charqueadas gaúchas, nos ervais do Paraná, fazendas de café em São Paulo, engenhos e plantação de cana - de - açúcar no Nordeste, pecuária na Paraíba, extrativismo na região Amazônica e a mineração em Goiás e Minas Gerais. Trabalhavam de sol a sol sem descanso, ganhando o mínimo de comida, e muitas vezes lhes eram aplicados castigos severos.

Os negros nas charqueadas

Os novos povoadores do Rio Grande do Sul podiam trazer seus escravos à nova região sem necessitar pagar impostos. Segundo Lazzarotto,

“O negro se tornou artífice de quase tudo. Na agricultura, desde a abertura de estradas até a derrubada das matas e os serviços mais pesados; nas charqueadas desde a construção dos alicerces dos edifícios até o condicionamento do charque para exportação.” (LAZZAROTTO, Danilo. História do Rio Grande do Sul, 2001, Ijuí, Editora Unijuí, página 138)

O trabalho nas charqueadas era penoso e sofriam os piores castigos, dormiam em senzalas e eram chicoteados pelo feitor. Segundo o professor Mario Osório Magalhães, já na primeira charqueada, trabalhavam negros escravos, quando esta foi montada as margens do Arroio Pelotas, por José Pinto Martins.

A veste dos escravos das charqueadas era simples, consistia apenas em um calção de algodão para os homens, suas mãos e pés sempre tingidos pelo sangue do gado, ficavam acorrentados durante a noite na senzala.

Em uma das mais famosas charqueadas no Rio Grande do Sul, construída em 1808, pertencente a Gonçalves Chaves e chamado de Charqueada São João, era tida como uma das menos severas. A senzala se localizava a uns 200 metros da casa principal. Até hoje nas paredes da charqueada pode ser visto os instrumentos de castigo aos escravos. Muitos tinham as pernas amarradas a uma bola de ferro de 20 kg. Foram os negros que ergueram as charqueadas, sofrendo com as punições mais severas que se pode imaginar.

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Muitos desses escravos fugiam e procuravam refúgio na mata, formando o que chamamos de quilombos, que consistia em um grupo de escravos fugidos que procuravam sobreviver às escondidas. Nesses redutos os escravos realizavam a agricultura de subsistência, plantando o que era preciso para sobreviver, mas muitos desses lugares eram descobertos, seja pela polícia ou pelos próprios fazendeiros, então os negros estavam sujeitos aos mais brutos castigos. Havia um verdadeiro exército de gente especializada em caçar os negros fugidos.

Na localidade de São Paulo das Tunas, um distrito de Giruá, encontramos um exemplo de quilombo. Atualmente formam uma comunidade de cerca de 20 pessoas, a principal atividade econômica no quilombo é a agricultura de subsistência praticada em seis hectares de terras, mas também alguns trabalham como diaristas nas propriedades vizinhas.

O quilombo é composto por seis moradias, cada uma abriga um dos seis irmãos e sua família. Os moradores não possuem água encanada, esta é retirada de uma vertente e chega até as casas através de uma bomba elétrica instalada recentemente.

Uma das moradoras do quilombo a dona Hilda, revela que eles são descendentes de Cruz Alta, vieram de lá e se fixaram no lado esquerdo do rio Santa Rosa, perto de Fazenda Velha, pensavam aí se refugiar. Percebe-se que mesmo depois de abolida a escravidão (1888), muitos negros ainda precisavam fugir, pois continuavam sofrendo nas estâncias e charqueadas gaúchas.

A moradora do quilombo conta que eles trabalhavam nas estâncias e depois na estrada de ferro, que estava sendo construída, era uma jornada de trabalho pesada. Muitas das vezes não recebiam salário, mas sim comida em troca do serviço. A base de sua alimentação era a mandioca, canjica e o feijão. Suas casas eram de barro e de chão batido, enfim levavam uma vida muito dura, mas pelo menos não sofriam agressão física.

Imigrante

Giruá recebeu muitos imigrantes. Esses colonizadores estrangeiros procuravam um pedaço de terra almejando melhores condições de vida, muitas vezes fugindo das

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guerras que assolavam a Europa naquela época. O órgão responsável pela divisão dos lotes de terras aqui era a Comissão de Terras.

No ano de 1890, alguns colonos de origem alemã se estabeleceram no município de Ubiretama, naquele período chamado de Laranjeira. Não tardou para os italianos aqui chegarem, estes fugindo da Revolução Industrial na Itália. Também os poloneses encontraram na região as terras que precisavam para cultivar e sustentar a família. Os suecos e os russos também aqui se estabeleceram, juntamente com holandeses e árabes.

Os imigrantes além de cultivar as terras de Giruá trouxeram em sua bagagem seus costumes e sua culinária. Os alemães, por exemplo, trouxeram suas tradições como a famosa festa da Oktoberfest, que até hoje acontece no interior da cidade. Os italianos introduziram aqui a cultura da uva, a fabricação de vinhos e suas comidas, como a polenta e macarrão com molho. Os poloneses trouxeram a batata inglesa e o centeio, também foram introduzidos na localidade, novos instrumentos agrícolas como arado, grade e picador de palha. Os russos construíram aqui em Giruá uma igreja segundo seus costumes, a igreja Batista, na culinária deixaram a maionese e o estrogonofe. Os suecos apreciavam muito peixe, peito de frango e beterraba.

Giruá possui uma grande mistura de etnias, temos por isso uma cultura rica e diversificada.

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1.3 - A constituição de um município: Giruá

No ano de 1931, o município de Santa Rosa conquista sua emancipação político administrativa. Isso afeta o distrito de Giruá, pois altera a divisão do município de Santo Ângelo, por uma resolução do ato 61, de setembro do mesmo ano, Giruá passa a pertencer a 5° distrito de Santo Ângelo. Agora sua administração passa para as mãos do tenente Francisco Corrêa Taborda.

Giruá passou por muitas mudanças, pertenceu á várias cidades, entre elas Cruz Alta. Recebeu o traçado da linha férrea, e com ele a população do pequeno povoado começou a aumentar. Os anos foram passando o povoado cada vez crescendo, e com ele o ideal emancipacionista de alguns moradores, estes começaram o movimento e depois de alguns anos finalmente Giruá é emancipada, no ano de 1955.

Aos poucos o ideal de emancipação foi tomando conta de alguns moradores do povoado, entre eles Aládio Ferreira, Haroldo Kegler, Jacinto Edemar Renz, Ervino Schineider e Miguel Szostwiewski, que no ano de 1953, começavam a campanha para a emancipação do distrito de Giruá. Dois anos se passaram desde o começo do movimento, mas finalmente em 28 de janeiro de 1955, Giruá é emancipado. Mas foi somente em 31 de dezembro que Athaídes Pacheco Martins tomou posse como primeiro prefeito, oficializando a emancipação da agora cidade de Giruá.

Conforme a ata, transcrita no livro Guia Geral do município, publicado em 1988, sob a responsabilidade da prefeitura municipal encontramos um pouco da história da emancipação da cidade:

“Aos trinta e um dias do mês de Dezembro do ano de mil novecentos e cinquenta e cinco, nesta cidade de Giruá, município do mesmo nome 45ª Zona de Circunscrição Eleitoral do Rio Grande do Sul na sala de projeção do cinema local, às 14h30min horas, presentes o Exmo. Sr. Paulo Brasil Musa, juiz eleitoral, comigo escrivão Ad-hoc, adiante nomeado, depois de relatados os trabalhos, o Dr. Juiz Presidente convidou as autoridades presentes para fazerem parte da mesa. Logo a seguir, procedeu a entrega dos diplomas aos Srs. Athaydes Pacheco Martins e Haroldo Kegler, prefeito e vice-prefeito, respectivamente eleitos em três de outubro ultimo e os Srs. Vereadores – Miguel Szostkiewicz, Telmo Motta, Henrique Martin, Aládio Ferreira, Alcides Pilau, Daniel Miranda da Luz e Edmundo Wagner. Diplomados os

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eleitos, passou o Dr. Juiz Eleitoral a ler aos vereadores eleitos, o seguinte compromisso: “Em nome da lei, concito-vos a cumprirem as Constituições da República e deste Estado a agirem com honradez e lealdade no desempenho dos mandatos que lhes foram confiados e a observarem a Lei Orgânica deste Município”. Chamados novamente os vereadores acima mencionados responderam: “Assim prometo”. De imediato anunciou o Senhor Juiz Eleitoral que iria proceder à eleição da Mesa, que após serem consultados os Srs. Vereadores ficará a Mesa composta de um presidente, um vice-presidente e um secretário, eleição essa que seria por escrutínio secreto. Procedida a eleição pela forma prevista e logo a seguir feita a respectiva apuração, constatou-se o seguinte resultado: Para presidente Miguel Szostkiewics, vice-presidente Alcides Pilau e secretário Edmundo Wagner. Logo a seguir o Sr. Juiz Eleitoral declarou instalado o município de Giruá e deu posse a mesa eleita, passando a direção dos trabalhos ao Sr. Miguel Szostkiewcs, recém eleito presidente da Primeira Câmara Municipal deste município e determinou se comunicasse ao Egrégio Tribunal Regional e Assembléia Legislativa, a instalação deste município. Prosseguindo o Senhor Presidente convida para passarem até a mesa os Srs. Athaídes Pacheco Martins e Haroldo Kegler para prestarem o Compromisso Legal. Com toda a assistência postada de pé os eleitos repetirem o seguinte juramento que lhe foi lido pelo Senhor Presidente: “Prometo cumprir e fazer cumprir a Lei Orgânica, as Leis da União, do Estado e do Município e exercer o meu cargo sob as inspirações do patriotismo, da lealdade e da honra”. Declaro-os empossados nos cargos de Prefeito e Vice Prefeito. Como nada mais havendo a tratar o Senhor Presidente deu por encerrado os trabalhos, determinando que se lavrasse a presente ata que, depois de lida e achada conforme devidamente assinada. Eu, Pérsio Bueno Escrivão Ad-hoc, a escrevi. “Seguem-se as assinaturas dos presentes.” (Página 12 e 13 Giruá livro guia geral do município, 1988.)

Território atual do município

O território de Giruá, atualmente é composto por sete distritos, de acordo com a divisão territorial do ano de 2001, mas quando foi emancipado em 1955 só possuía três, os quais eram a sede Giruá, Salgado Filho e Ubiretama. Os distritos atuais são:

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2° distrito: Mato Grande;

3° distrito: Cândido Freire;

4° distrito: Quinze de Novembro;

5° distrito: São Paulo das Tunas;

6° distrito: Rincão dos Mellos;

7° distrito: Rincão Maciel.

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1.4 - A população

Em 1935, o tenente Aládio Ferreira exercia o cargo de subprefeito e subdelegado do distrito de Giruá, este ainda pertencente a Santo Ângelo. Nesse ano a comissão Central dos Festejos do Centenário Farroupilha realizou o censo demográfico do distrito:

Dados da sede (Giruá), em 1935:

N° de habitantes homens 822 N° de habitantes mulheres 1.102 N° de habitantes solteiros 1.206 N° de habitantes casados 704 N° de habitantes viúvos 14 N° de eleitores 640 N° de habitações 1.624

Fonte: Folha Giruaense.

Dados das nove seções que faziam parte do distrito em 1935

Distrito N° de habitantes

1ª seção Sede 1.924

2ª seção Boca da Picada 825

3ª seção Rincão das Tunas 1.233

4ª seção Santo Cristo 590

5ª seção Giruazinho 926

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7ª seção Comandaí 1.328

8ª seção Cascavel 666

9ª seção Rincão dos Donato 830

TOTAL 8.894

Fonte: Folha Giruaense.

Atualmente Giruá conta com uma população de 18.499 habitantes, em uma área total de 824,4Km². Sua densidade demográfica é de 22,36 habitantes/Km²

Crescimento da população urbana e rural do município de Giruá:

Ano População urbana População rural

1960 3.565 habitantes 20.672 habitantes 1970 5.040 habitantes 20.453 habitantes 1980 11.197 habitantes 17.412 habitantes 1990 13.381 habitantes 13.445 habitantes 2000 13.599 habitantes 5.553 habitantes Fonte: IBGE

Tabela de crescimento populacional do município:

Ano Número de habitantes

1950 22.059

1960 24.237

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1980 28.609

1990 26.286

2000 19.152

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1.5 - A atividade econômica

No início da formação de Giruá, a base da economia era a extração de madeira. Os moradores praticavam a agricultura, na qual uma parte da produção era destinada ao consumo da família e o excedente do que era produzido era trocado pelo que eles não possuíam como, por exemplo, querosene, para manter a iluminação do lampião.

A madeira retirada das matas aqui localizadas era destinada para a venda em outras localidades, também era destinada na construção da estrada de ferro, para a fabricação de dormentes, os quais eram assentados os trilhos do trem.

No ano de 1915 um pastor norte americano chamado Alberto Leenbauer trouxe para essa região a primeira semente de soja, passando então a ser plantada aqui na localidade. (Soja, 80 anos de produção: 1924-2004, editora Cultura & Marketing).

Nos anos de 1936 a 1951, pode-se dizer que a economia era baseada na venda de madeira e de cereais, estes agora produzidos em quantidade maior. Aos poucos os grãos produzidos pelos colonos passaram a ser vendidos nos armazéns que iam se formando no povoado. Também é provável que os colonos engordassem suínos para o frigorífico de Santa Rosa.

Aos poucos começaram a ser instalados moinhos, marcenarias, fábrica de doces, ferrarias e sapatarias na localidade, pois esta estava progredindo. Podem-se destacar alguns estabelecimentos comerciais da época, nos anos de 1936 a 1951:

- Farmácia União;

- Hotel Comércio;

- Loja Netz - Loja de Secos e Molhados;

- Fábrica de refrigerantes e cerveja Serramalte;

- Fábrica de Caramelos e balas finas de Ludwig Willemborg;

- Indústria de doces Rauber.

Giruá estava crescendo, principalmente na área da agricultura, até recebeu o título de Capital da Produtividade,isso influenciou muitas pessoas das regiões vizinhas

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á migrarem para cá em busca de emprego. Com o tempo algumas indústrias se instalaram por aqui, como:

- Refinasul SA (produção industrial de óleo), no ano de 1963;

- Cooperativa Tritícola e Agropastoril Giruá Ltda. (comercialização de grãos), no ano de 1968;

- Frigorífico Rizzo SA (abatedouro de animais), ano de 1968.

A Refinasul e a Cotap (cooperativa tritícola e agropastoril Giruá Ltda.), juntas empregavam cerca de 700 pessoas, já o frigorífico abatia suínos dos criadores da cidade e também de outras regiões vizinhas, incentivando assim os criadores giruaenses. Com tudo isso a agricultura começa a se destacar cada vez mais, surgem empresas ligadas ao setor de implementos agrícolas e de insumos.

Para incentivar o comércio, no ano de 1977 foi inaugurada na cidade a Associação Comercial e Industrial de Giruá – ACIGI, esta participava ativamente da vida comercial do município. Continua ativa até os dias atuais.

Dentre as indústrias citadas acima, as que estão ativas são a Cotap, e Refinasul, mas esta última com outra denominação, agora se chamando Camera. O frigorífico RIZZO, já não existe mais, apenas sobrou sua estrutura, agora em ruínas.

Economia atual

Atualmente a economia giruaense baseia-se na agricultura, com grandes extensões de terras, ocupadas principalmente por trigo e soja. Por esse motivo Giruá possui muitas empresas e cooperativas ligadas a esse setor, também gerando capital a cidade, algumas dessas empresas são:

- Cotap (cooperativa tritícola e agropastoril Giruá Ltda.);

- Coopermil (cooperativa Mista São Luiz Ltda.);

- Cotrirosa (cooperativa tritícola Santa Rosa);

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- Semengir (comércio de sementes);

- Pipi máquinas agrícolas;

- Trevosul (fertilizantes e defensivos agrícolas);

- Casa do Compadre (venda de implementos agrícolas, sementes, defensivos e fertilizantes);

Além da agricultura o comércio também movimenta a economia, com vários estabelecimentos ligados ao setor de confecções, calçados, também padarias, supermercados, lojas de eletrodomésticos, agropecuárias, veterinária, farmácias, restaurantes e hotéis: - Supermercados CEGIL; - Lojas Becker; - Lojas Três Passos; - Farmácia Nativa; - Padaria Ehlert; - Restaurante do Santo; - Hotel Colinas - Veterinária HASSE; - Agropecuária do KIKO; - Shang Calçados.

A cidade também conta com marcenarias que produzem janelas e esquadrias. Também podemos contar em Giruá com a fábrica de carrocerias Industrial Madeireira Otto Ltda., a qual fabrica carrocerias para toda região.

Todos esses estabelecimentos geram emprego e renda para Giruá, contribuindo para enriquecer sua economia.

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- A modernização da agricultura e seus reflexos em Giruá

Depois de alguns anos em que os imigrantes estavam instalados em terras que hoje pertencem ao território de Giruá, começou a acontecer algumas mudanças no sistema agrícola. Ocorreu à chamada Revolução Verde, nesse momento as lavouras começaram a ser mecanizadas para obter um melhor rendimento.

Muitos agricultores aqui da cidade aderiram a esse novo sistema, comprando maquinários pensando aumentar sua produção e fazendo o uso indiscriminado de produtos químicos.

Nesse novo contexto social surgem algumas instituições para auxiliar os agricultores nessa nova fase da agricultura. Esses perceberam que precisavam se unir se quisessem reivindicar seus direitos, dessa forma criaram os sindicatos. Onde eram e ainda são oferecidos cursos, palestras e muitas vezes atendimento médico a seus associados.

Nesse novo cenário, Giruá começa a se modificar, com o aumento da produção no interior a cidade começa a crescer, recebendo algumas indústrias e aumentando o comércio local, ou seja, a cidade de Giruá começa a progredir.

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2.1 - A modernização da agricultura

A chamada agricultura tradicional, aquela praticada pelas famílias dos pequenos agricultores em sua propriedade, começou a apresentar seu declínio no século XX, mas se agravou mesmo, nas décadas de 50 e 60, do século acima mencionado.

Entre as causas desse declínio é possível citar a exploração da terra, pela não reposição de seus nutrientes vegetais; também é possível incluir nessa lista, a diferença de preço entre o que o agricultor gastava para produzir determinado produto e o valor que ele recebia pelo mesmo produto na hora da venda. Nesse novo quadro do setor agrícola, entra em cena, a modernização da agricultura.

Essa nova fase agrícola ocorreu depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Já no período da guerra corria-se o risco de faltar alimento para a população, depois do conflito essa situação se agravou. Ocorreram muitas mudanças na economia em decorrência dos avanços tecnológicos, surgiram novas indústrias, instalaram-se filiais das grandes fábricas em países subdesenvolvidos, esses países, passaram a serem fornecedores de matéria prima para os países de primeiro mundo, a importação de produtos industrializados também aumentou principalmente mercadorias norte-americanas.

Esse conjunto de mudanças logo atinge o campo e seus habitantes. Grande parte dos pequenos agricultores começou a migrar para o centro urbano onde a oferta de emprego nas fábricas e indústrias era grande, deixando assim seus lotes de terra e consequentemente deixando de produzir alimento.

Com o grande contingente de pessoas na cidade, a demanda por bens alimentícios aumenta, mas se aqueles que produziam não estão mais no campo para produzir o que fazer? Corria-se o risco de faltar alimento para essa população que trabalhava na zona urbana.

É nesse momento que ocorre a chamada Revolução Verde, momento no qual a produção agrícola cresceu. Os donos das fábricas começaram a investir na produção de máquinas movidas a motor, essas eram capazes de substituir o arado, e outros instrumentos utilizados até então na agricultura. Surgem tratores, máquinas plantadeiras, colhedeiras, máquinas de passar veneno. O setor químico desenvolveu produtos capazes de controlar pragas, doenças e ervas-daninha que atacavam as

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lavouras e destruíam a produção. Foram criados fungicidas, herbicidas, adubos e fertilizantes.

Todas essas mudanças mudaram o setor agrícola que necessitava agora de menos mão de obra na lavoura, pois as novas máquinas substituíam muitos trabalhadores, nesse contexto, a agricultura era um negócio, como a indústria ou o comércio. (Brum).

Nessa nova fase:

O objetivo principal da produção agrícola ou agropecuária, então, passa a ser o lucro.” (Brum, 1988, p. 60).

Também com a modernização da agricultura a produção agora é toda destinada ao mercado para ser comercializada, antes o que era produzido era consumido pela família do agricultor, ou vendido em feiras e mercados.

A agricultura passou a se especializar em um ou dois produtos, aqui em Giruá, prevaleceu o binômio da soja e do trigo, sendo produzido em grande escala. Os colonos deixaram de plantar legumes, verduras ou frutas e muitos abandonaram o campo, pois não podiam competir com os grandes donos de terras que aos poucos acabavam agregando os lotes dos pequenos agricultores, contribuindo para o êxodo rural.

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2.2 - Instituições envolvidas em qualificar a atividade no campo

Com o tempo, o pequeno distrito de Giruá vai progredindo, conseguiu sua emancipação e tornou-se uma cidade, chegando a ganhar o título de capital da produtividade. Seus moradores na grande maioria colonos imigrantes ou descendentes desses, no início plantavam a lavoura de subsistência, mas aos poucos foram introduzindo em suas terras o trigo e a soja, que era vendida aos armazéns e cooperativas da cidade.

Giruá passa ter como base da economia a agricultura, antes se podia dizer que a base econômica era a extração de madeira, mas agora a lavoura garante giro de capital e renda a cidade. É bem verdade que o ciclo da exploração da madeira nativa, dura pouco tempo, pois se nutre da degradação das matas e tende a beneficiar a poucas pessoas. Objetivamente o que acontece é uma catástrofe ambiental.

Com o passar do tempo a agricultura começa a se modernizar, as técnicas de plantio são diferentes, os equipamentos agrícolas também. Diante disso, os agricultores necessitam de auxílio para lhes dar orientação e assistência nessa nova fase no campo, pois muitos são inutilizados em suas práticas, surgem assim às instituições ligadas ao setor agrícola da cidade, que deram apoio para os agricultores. São elas:

- Emater;

- Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente;

- Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Giruá;

- Sindicato Rural de Giruá.

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2.3 - Emater

No ano de 1955, no dia 2 de junho, foi fundada a Ascar (Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural), uma associação ligada ao setor da agricultura, para dar apoio nesse contexto aos agricultores do estado do Rio Grande do Sul. Foi uma iniciativa de diversos representantes de variadas organizações da sociedade civil. A Ascar recebeu o apoio as Secretaria da Agronomia, Escritório Técnico de Agricultura do Brasil e dos Estados Unidos.

As atividades desenvolvidas pela instituição foram denominadas de Extensão Rural. Os extensionistas atuavam junto à família rural, atendendo os mesmos com projetos, cursos para mulheres e filhos dos agricultores.

No ano de 1977, além da Ascar foi criada em nível de município, a EMATER (Associação Rio-Grandense de Empreendimento de Assistência Técnica e Extensão Rural), uma associação civil de direito privado, e seguia os estatutos da Ascar.

Aqui em Giruá o Escritório da Emater, funciona no prédio da prefeitura municipal, contando com agrônomos e extensionistas, estes trabalham junto às comunidades rurais, ministrando cursos de artesanato, culinária, fabricação de produtos de higiene caseiros, etc.

Também existem alguns projetos realizados pela Emater, junto aos pequenos agricultores:

- Crédito Rural: facilitando a obtenção de crédito para auxiliar o agricultor;

- Crédito Fundiário: obtenção de crédito com juros e formas de pagamentos diferenciados;

- Gado Leiteiro: incentivando e ajudando os agricultores na melhoria do rebanho leiteiro;

- Piscicultura: incentivando e auxiliando a família rural na criação e comercialização de peixes, com compras de alevinos com preço diferenciado;

- Ação Social: auxiliando a família do pequeno agricultor a viver em harmonia com o campo.

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2.4 - Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente

A secretaria possui suas dependências no prédio da prefeitura municipal da cidade. Com essa instituição Giruá conta com um Departamento de Meio Ambiente o qual tem a capacidade de licenciar as atividades de impacto local. É de responsabilidade da secretaria a legislação sobre a arborização urbana, na qual ficam decididas sobre podas e retiradas de árvores da cidade.

A secretaria também trabalha apoiando o agricultor local, para isso possui alguns projetos:

- Incentivo a suinocultura:

A secretaria possui uma parceria com a SADIA S/A, que resultou em projetos para a instalação de 15 pocilgas para terminação, cada uma com capacidade de 500 animais. Também trabalha com a instalação de biodigestores nessas localidades, evitando a poluição ambiental;

- Produção leiteira:

A secretaria destina mensalmente R$ 600,00 para a Associação dos Produtores de Leite, também oferece a abertura de silos com custo da hora/máquina diferenciado aos produtores e adquiriu 10 ensiladeiras para auxiliar a associação;

- Crédito fundiário:

O crédito contribui para o acesso a terra e ampliação da agricultura familiar. O programa busca melhorar a renda das famílias rurais da cidade e garantir a permanência no campo;

- Plantação de mudas nativas e frutíferas:

São adquiridas mudas frutíferas com melhor preço aos agricultores que solicitam já as mudas de nativas o agricultor não tem custo algum, elas são doadas e destinadas à proteção de rios, vertentes, nascente, açudes e para o aumento da mata nativa;

- Sementes de milho:

A secretaria realiza a encomenda de sementes de milho no sistema troca-troca, com mais variedade e com preço e prazo acessível em relação às empresas particulares;

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- Frango Caipira:

Formou-se um grupo de 26 produtores, os quais produzem 40.000 aves/ano, isso foi possível com a doação dos equipamentos a associação;

- Encomenda de alevinos:

A secretaria encomenda os alevinos os quais são repassados aos produtores com preço diferenciado.

A secretaria é um diferencial e tem como finalidade auxiliar os agricultores da cidade, trabalhando com projetos que os beneficiem para isso conta com uma equipe formada por engenheiro agrônomo, técnico agrícola, operadores de máquinas, assistente administrativo e secretária.

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2.5 - Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Giruá

O sindicato foi fundado em 1965, sua atividade social no início foi modesta e limitada. No ano de 1970, suas atividades começaram a crescer, era oferecido curso de corte e costura as esposas e filhas dos associados e bolsas de estudos que beneficiaram cerca de 100 filhos de agricultores. Também era prestada assistência médica e odontológica. Em 1972, o sindicato apresenta o processo de aposentadoria do homem rural e também é nesse ano que foi adquirida a atual sede do sindicato.

Em 1980 o sindicato participou de uma mobilização contra a taxa de confisco de 13% sobre o preço da soja. Seis anos depois iniciou a luta em favor da mulher trabalhadora rural, lutando pelos seus direitos e também orientando os produtores da importância do bloco de produtor.

Até hoje o sindicato trabalha auxiliando os agricultores associados, e continua oferecendo assistência a esses, como também cursos profissionalizantes, além disso, o sindicato defende: - Previdência Social; - Pronaf; - Crédito fundiário; - Meio Ambiente.

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2.6 - Sindicato Rural

Corria o ano de 1971 e o Senhor Darci Leopoldo Uhry juntamente com um grupo de líderes rurais se reunia em assembléia geral no prédio da Cotap, para realizar a criação de um sindicato da categoria dos empregadores.

Infelizmente não se deu de imediato a criação do sindicato, passaram-se 10 anos desde o início do movimento. No ano de 1981, o grupo contou com o apoio de Telmo Hegele, então advogado que auxiliou na obtenção da documentação legal e burocrática.

O grupo teve 60 dias para ir até Porto Alegre, consultar o Ministério do Trabalho, a Farsul e o INCRA. Depois desse prazo foi expedido pelo correio local e destinado ao Ministério do Trabalho, um documento pesando 3,700Kg, pedindo pela instalação do sindicato. No dia 28 de julho de 1981 foi expedida a Carta Sindical concretizando a criação do mesmo.

O sindicato desde então presta assistência médica e odontológica aos seus associados, este está engajado na política agrícola para auxiliar os agricultores.

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- A evolução do trabalho agrícola

O trabalho agrícola evoluiu muito, aconteceram muitas mudanças no campo e isso afetou a vida de quem morava nesse ambiente e também nas cidades. Com as novas técnicas de cultivo da terra em que são empregadas menos mão de obra com mais rentabilidade, muitos pequenos agricultores se viram obrigados a migrar do campo para a cidade, crescendo o numero populacional da zona urbana e ocasionando muitas vezes uma desigualdade social.

Além da mudança do modo de produção e da vida das pessoas, o comércio passou a prosperar, pois com mais produtos sendo produzido na lavoura, mais capital o agricultor ganharia e investiria no comércio. As vendas de máquinas agrícolas, insumos e fertilizantes aumentou com a evolução da agricultura.

A modernização das lavouras também trouxe impactos no meio ambiental. Aqui em Giruá afetou a flora e a fauna da cidade, muitos animais acabaram quase que desaparecendo em decorrência do uso indiscriminado de agrotóxicos e, derrubada de matas para dar lugar a lavouras.

No contexto atual, muitos agricultores optaram por cultivar verduras, frutas e legumes ao invés de investir na lavoura de trigo ou soja, já que esse seria um investimento para os grandes produtores.

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3.1 - As técnicas utilizadas no período da colonização.

No início do século XIX, as terras do Rio Grande do Sul, começaram a receber imigrantes, pois as vastas regiões de matas inexploradas desse estado como também dos territórios de Santa Catarina e Espírito Santo se tornariam produtivas com a chegada dos colonos estrangeiros. (SOJA, 80 anos de Produção, Ed. 1924/2004, editora Cultura & Marketing)

Vieram para essa região do Brasil, imigrantes de diversas etnias, se localizaram aqui no estado, nas regiões onde se encontram as cidades de Porto Alegre, Nova Petrópolis, Caxias, entre outras, nessas localidades fundaram várias colônias.

Esse período que se estende de 1824 até 1890 é chamado pelos historiadores como o primeiro período da colonização do estado gaúcho, onde foram fundadas as Colônias Velhas (Nova Petrópolis, Caxias, Porto Alegre). Com o passar dos anos, a chegada de imigrantes aumentava, para o governo isso era proveitoso, pois as terras do sul ainda não estavam totalmente povoadas. Na região noroeste do estado ainda haviam terras para serem colonizadas. Restavam as colônias de Erechim, de Ijuí e de Santa Rosa. É bom lembrar que essas terras pertenciam de fato aos indígenas, os que não foram mortos, acabaram recebendo algumas terras para morar, as chamadas reservas indígenas, situadas ao longo do território do estado.

A grande pressão demográfica que ocorreu nas Colônias Velhas, fez com que a partir de 1890 até o ano de 1920, muitos imigrantes que chegavam ao estado, migrassem para a região noroeste onde ainda havia muitas terras para serem ocupadas e era possível ainda comprar um lote. Foi nesse período que a localidade onde está situado Giruá começou a ser povoada.

Foram criadas as Colônias Novas, como Ijuí (1890); Guarani (1891); também foi criado o ramal ferroviário, intensificando a colonização em 1894. Depois de 1920 o governo proibiu a imigração para o sul. Diante da proibição e da não concessão de lotes, os imigrantes começaram a comprar terras particulares nessa região do noroeste do estado.

Os imigrantes compravam lotes de cerca de 10 a 20 hectares de terras, o pagamento muitas vezes, (na grande maioria) era realizado em parcelas anuais. A maior parte dessas terras era coberta de mato nativo onde se podiam encontrar árvores como

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guajuvira, canela, angico, loro, cedro, cabriúva, açoita-cavalo, ipê, aroeira, guabiroba, etc.

O colono que chegava a essa região precisava derrubar a mata, isso era um trabalho demorado, podia-se levar dias, semanas até mesmo meses. Os imigrantes não possuíam dinheiro para contratar empregados, então o trabalho era realizado em mutirão, onde participava a família e os poucos vizinhos.

As ferramentas utilizadas nesse trabalho eram poucas, não havia ferramentas com motores, como a motosserra, ou máquinas como tratores, o trabalho era realizado com o machado que servia para cortar as árvores. Depois das árvores serem cortadas era a hora de realizar a limpeza da área, onde seria construída a casa da família e deixada uma área destinada a lavoura. No local a ser plantado os colonos ateavam fogo, para limpar o terreno, uma prática conhecida como “coivara”. Mas esse processo deixava o solo pobre, pois terminava com os nutrientes vegetais.

Depois de realizada a limpeza, era hora de preparar o solo para iniciar o plantio das sementes. Esse trabalho consistia em revolver o solo, retirar os restos de madeira que haviam ficado com a derrubada da mata. Para essa tarefa o colono utilizava o arado, o qual era puxado por tração animal, ou seja, o colono necessitava ter, ou pedir emprestado a algum vizinho, uma junta de bois, ou cavalos, os quais eram atrelados á canga e engatados no arado. O colono precisava guiar os animais na lavoura. Também com essa mesma ferramenta o imigrante construía as vergas na terra, onde seriam depositadas as sementes.

O plantio das sementes podia ser realizado com a ajuda de uma enxada, onde o colono abria um sulco, depositava a semente e a cobria com terra. Também quem possuía, podia utilizar a semeadeira manual, conhecida como “tico-tico”. Em um compartimento da máquina eram depositadas as sementes, depois no mesmo instante em que a máquina abria o sulco no solo, ela depositava a semente e a cobria com terra. Outros usavam o saraquá. Também conhecido como pau de cultivo, o qual era fabricado de madeira dura. Uma de suas extremidades era afiada, para facilitar a penetração no solo e posteriormente o plantio da semente. Essa ferramenta foi uma invenção milenar da sociedade agrária do mundo, e é o precursor da enxada.

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Depois de realizado o plantio, o trabalho não parava, era preciso conter as erva daninhas que invadiam a lavoura. Naquele tempo, não existiam produtos destinados ao combate das ervas invasoras estes, começaram a surgir e se generalizar depois da guerra do Vietnã. O serviço era realizado manualmente, com a ajuda da enxada para capinar, e contando com o auxílio de toda família.

Depois era chegada a hora de colher o que havia sido plantado. O imigrante cultivava arroz, milho, feijão, mandioca, amendoim, batata doce, batata inglesa, abóbora, legumes, alguns plantavam centeio e trigo. Para colher esses produtos o agricultor utilizava as foicinhas, passando o dia todo cortando arroz na lavoura. Para a colheita do milho, era colhido espiga por espiga, o feijão e o amendoim também eram colhidos manualmente, da mesma forma que os outros produtos plantados na lavoura.

Depois da colheita os produtos eram levados até a casa. O milho colhido maduro era debulhado para alimentar os animais como galinhas e porcos. Já o milho colhido verde, servia para o preparo de bolos, polentas, principalmente nas famílias italianas. Para separar o arroz da casca, os colonos se utilizavam do pilão. O feijão podia ser batido com o manguá, uma espécie de relho, o qual era batido o feijão depois de seco. Parte desses produtos era destinada ao consumo da família e o excedente era trocado por outros bens de que o colono e a família necessitavam. O trabalho não parava, pois trabalhavam o ano todo, a lavoura era bem diversificada.

Na localidade além do cultivo da terra, o imigrante mantinha uma pequena criação de animais, como porcos, que forneciam a banha, a qual era levada ao fogo e posteriormente guardada em latas, também do suíno se utilizava a carne. O colono criava ainda algumas galinhas, patos, gansos, que forneciam ovos e carne. Ainda alguns possuíam alguma vaca de leite. A família também fabricava queijos, salame e morcilha.

Nem tudo o que a família necessitava era possível produzir na sua pequena propriedade, como o sal, o açúcar, velas, roupas, panelas e utensílios domésticos. Esses produtos eram encontrados nas vendas, ou bolichos como eram chamados aqui na cidade de Giruá. O colono levava até esse estabelecimento, por exemplo, certa quantidade feijão, ou milho, e trocava esses produtos por aqueles de que ele e a família necessitavam. O transporte da época era realizado em carroças de bois ou cavalos. O sistema de comércio na época da colonização se baseava no escambo, que consiste em trocar uma mercadoria por outra, ou seja, a moeda é a mercadoria. Os donos dos

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bolichos repassavam o que o imigrante deixava lá como pagamento para os moradores da cidade, movimentando o comércio local.

Abaixo exemplo de foices utilizadas no corte de arroz e trigo:

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3.2 - O trabalho Agrícola Hoje.

Estamos em pleno século XXI, dois séculos depois do período da colonização europeia das terras do território do Rio Grande do Sul. Muita coisa mudou nesse período, os conceitos do homem em relação à família, religião, política, educação, etc. O mundo passou por duas grandes guerras, mas a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe como conseqüência morte e destruição. Mas no setor agrícola podemos dizer que a guerra também trouxe mudanças, pois ela ameaçava desarticular a produção de alimentos (Brum, Argemiro Jacob. Modernização da Agricultura, Trigo e Soja, 1988). Era necessário pensar novas fontes de produção para suprir a falta de alimento que ameaçava a população mundial e a agricultura precisava repensar seus conceitos.

Foi nesse contexto que surge a Revolução Verde, onde ocorre uma verdadeira revolução na agricultura em todo mundo, com a mecanização das lavouras.

O trabalho agrícola hoje necessita de cada vez menos tempo e mão de obra. Hoje o solo não precisa ser revolvido como acontecia no período da colonização. A agricultura em nossa época se utiliza do plantio direto, nesse sistema no solo permanecem depositados os restos vegetais da cultura anterior, como caules, folhas, palhas. Isso faz com que a matéria orgânica fique acumulada, protegendo a terra e nutrindo.

Para o plantio das sementes, são utilizadas máquinas de motores, na maioria com sistemas de computadores instalados e ar-condicionado. Nessas máquinas, as sementes são depositadas em um compartimento, juntamente com os adubos e fertilizantes necessários para seu desenvolvimento, depois é só o maquinista conduzi-la e em questão de horas, uma determinada área é plantada.

Hoje, as ervas daninhas, e plantas invasoras são combatidas com produtos químicos, como muitos herbicidas, que agem somente na planta invasora, não causando nenhum prejuízo a planta cultivada. Também esse trabalho é mecanizado, com a utilização de pulverizadores, que conseguem cobrir uma extensa área, muitos desses equipamentos possuem até sistemas de GPS, sabendo assim onde e que quantidade de produto deve ser aplicada na lavoura. Se a extensão de terras é muito grande o agricultor se utiliza de aviões aplicadores de veneno. As pragas como ferrugem, lagarta ou outras

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doenças que atacam as lavouras, também são combatidas com produtos da indústria química como fungicidas.

A colheita também é toda mecanizada, as máquinas colheitadeiras possuem a capacidade de na hora da colheita separar o produto das impurezas, ou seja, separa o grão da palha. O grão é depositado diretamente nos caminhões e a palha volta para o solo. O transporte do produto também é todo mecanizado, se utilizando de caminhões e carretas, que levam a produção até a cidade. Aqui em Giruá os agricultores entregam seus produtos nas cooperativas da cidade, como:

- Cotap (Cooperativa Tritícola e Agropastoril Giruá LTDA.);

- Coopermil (Cooperativo Misto São Luiz LTDA.);

- Cotrirosa (Cooperativa Tritícola Santa Rosa LTDA.).

Além de a colheita ser transportada de caminhão ou carretas até os armazéns, ela depois é transportada também pela via férrea, pois ainda as linhas do trem da cidade estão ativas para o transporte de cargas, como o de grãos, isso faz com que a produção escoe mais depressa.

Esse novo sistema adotado na agricultura na atualidade, o plantio direto, traz mais economia ao agricultor, este reduz o volume de combustível gasto na produção, pois necessita de menos maquinários, também reduz a mão-de-obra, já que poucos funcionários são capazes de realizar o trabalho, além de necessitar de menos quantidade de aplicações de produtos químicos. Além disso, quando os nutrientes do solo não são retirados, o produtor consegue uma melhor produção, pois a terra absorve melhor a água, permanecendo úmida por um período mais longo, ou quando chove os adubos químicos não são levados com a água, pois o solo está coberto com os restos vegetais. Outra vantagem do plantio direto, é que o solo nessas condições retém grandes quantidades de dióxido de carbono, contribuindo assim para a diminuição do gás causador do efeito estufa.

Além do plantio direto, a agricultura hoje, utiliza o sistema de rotação e sucessão de culturas, o que consiste que em uma mesma lavoura são plantadas várias culturas. Esse sistema de rotação fez com que as lavouras gaúchas produzissem na planta do

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milho, por exemplo, mais de 10 toneladas/hectare (Engenheiro agrônomo José Claudio Lourega Reis, Emater, Folha Giruaense).

Também são utilizadas nas lavouras as sementes transgênicas, essas são modificadas em laboratório, com técnicas de engenharia genética. Essas sementes recebem genes de vírus, de outras sementes para se tornarem menos vulneráveis aos ataques de pragas e fungos, que atacam as lavouras. Isso faz com que o agricultor economize na aplicação de fungicidas e inseticidas. Outra vantagem é que essas variedades não exigem aplicações de diferentes tipos de agrotóxicos para o controle das ervas - daninhas. As lavouras transgênicas se tornam uma melhor opção ao agricultor, oferecendo sementes mais resistentes aumentando a produção.

Aqui no Rio Grande do Sul, alguns produtores contrabandearam sementes de soja transgênica da Argentina e depois de cultivadas, obrigaram o governo a liberar a safra de 2002/2003. O presidente Lula em 2003 tornou obrigatória pelo Decreto 4.680, a rotulagem dos alimentos que contenha algum componente transgênico em composição superior a 1%.

A agricultura brasileira conta ainda com o método de hibridização de sementes, um processo em que são cruzadas diferentes variedades de um mesmo produto, buscando uma melhor qualidade do mesmo. Hoje já se encontram no mercado diferentes variedades de verduras e legumes híbridos, como a abóbora, abobrinha, brócolis, couve-chinesa, cenoura, espinafre, pepino, pimenta e pimentão, rabanete, repolho, tomate. Também é possível encontrar frutas híbridas, como mamão, melancia e melão, e busca produzir cada vez mais variedades, com melhoramento genéticos.

A produção de grãos no Brasil vem aumentando cada vez mais, entre os anos de 1991 e 2001, a produção saltou de 57,8 milhões de toneladas, para 100,03 milhões de toneladas. A área plantada foi praticamente à mesma, em 1991 eram 37,8 milhões de hectares e em 2001 eram 37,9 milhões de hectares Muitos acreditam que estamos em uma Segunda Revolução Verde, se compararmos a produção desde o início da Modernização da agricultura em meados de 1960 até 2000, a produção de grãos triplicou, passando de 670 milhões/toneladas, para 2 bilhões/toneladas, e ainda acredita-se que acredita-seja preciso dobrar a produção até 2025, mas isso depende da biotecnologia, segundo o cientista norte-americano Norman Ernest Boulaug. (Brum & Trennenpohl,

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2004, p.) Hoje além da rotulagem dos alimentos transgênicos, é necessário os produtos serem identificados como:

- Produtos orgânicos (sem o uso de agrotóxico na sua produção);

- Produtos convencionais (quando é feito o uso de produtos químicos durante sua produção);

- Produtos transgênicos (sementes modificadas)

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, aprovou em 2004 o cultivo de sementes transgênicas, e incentivou sua difusão pelos países pobres.

Aqui no Brasil, a Embrapa, vem realizando pesquisas na área de biotecnologia, visando o melhoramento genético de plantas, ajudando no aumento da produção, sem aumentar a área plantada.

Hoje os agricultores podem ser considerados ou classificados em dois grupos sociais: em empresários capitalistas e camponeses Os empresários são os granjeiros, que a partir dos anos 50, do século XX, conseguiram aumentar consideravelmente suas terras, graças aos incentivos estatais e á produção de trigo, e depois nas décadas seguintes aumentaram com a produção de soja.

“Operam geralmente áreas superiores a 100 hectares, sendo em muitos casos as granjas atingem mais de 1000 hectares.” (Brum, ano, p 147).

Nesses locais se utilizam máquinas modernas, adubos químicos e defensivos. A mão de obra é assalariada, a produção é destinada ao mercado e o objetivo é o lucro.

Os camponeses são os colonos, esses ocupam áreas pequenas, bem abaixo de 100 hectares, o sistema de trabalho geralmente é o familiar, ocupam poucos produtos químicos, mas como os empresários a produção também é destinada ao mercado. Trabalham com máquinas menos potentes, muitos acabam se endividando com os bancos em decorrência dos empréstimos.(Brum)

Aqui na cidade de Giruá, podemos encontrar essas duas classes. Os granjeiros trabalham com a mecanização da lavoura, gerando renda as empresas que vendem máquinas agrícolas, usam adubos, defensivos, também gerando capitais as empresas que

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trabalham com produtos químicos. As lavouras não são nada diversificadas, o que prevalece mesmo é o trigo, a soja, e o milho.

Encontramos também aqui os pequenos agricultores, alguns possuem seus próprios lotes de terras, outros vivem em propriedades arrendadas. Nessas localidades alguns cultivam soja, milho, trigo, aveia, azevém. Outros procuram trabalhar com hortifrutigranjeiros, cultivando verduras, legumes, frutas e pequenos animais, muitos desses produtos são vendidos na feira da cidade, que ocorre duas vezes por semana.

Os benefícios do plantio direto

O plantio direto de grãos surgiu a mais de 40 anos, mudou muito o aspecto físico do solo, e trouxe muitos benefícios também aos agricultores segundo os dados publicado em uma reportagem do jornal Folha Giruaense, no ano de 2012:

Fator Benefícios

Solo A palha e outros materiais vegetais não colhidos reduzem a erosão por vento e água.

A matéria orgânica se acumula para proporcionar estrutura e nutrientes.

Água A boa estrutura permite uma melhor retenção e a drenagem do excesso.

Biodiversidade Habitats para flora, fauna e microorganismos sobre o solo e dentro dele.

Lavoura Bom ambiente para o crescimento de raiz e suprimento de nutriente.

Melhor tolerância á seca.

Menos suscetível a alagamentos. Energia Uso reduzido de combustível.

Clima Redução das emissões de gás carbônico devido ao menor número de operações agrícolas.

Retenção de carbono na matéria orgânica.

Economia agrícola Custos menores com combustível e maquinário, maior rentabilidade.

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3.3- Produção em Giruá atualmente

Com uma extensão territorial de 835,04 km², Giruá configura-se como um dos maiores municípios gaúchos em extensão de área. Segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), a cidade possui 2.875 imóveis rurais e uma área total de 82.406,1 hectares.

Entre outros setores econômicos, a agropecuária predomina na economia da cidade, ocupando 67 hectares agricultáveis, através das culturas de soja, trigo, linhaça, milho, canola e girassol. A diversidade e eficiência produtiva, aspectos sempre buscados pelos produtores giruaenses, levaram Giruá a galgar o título de Capital da Produtividade, o qual vem sendo retomado e ressignificado a cada safra.

A seguir contam algumas atividades de Giruá, que foram destacados pelo IBGE.

Soja:

Bastante adaptada as condições de clima do Estado e da região, a soja é a cultura mais produzida atualmente na cidade, com cerca de 60 mil hectares. Coloca Giruá, em 8º lugar no Rio Grande do Sul em área plantada. Em condições de safra normal, a produtividade média fica entre 35 e 40 sacas por hectare.

Trigo:

Giruá é o 4º maior produtor de trigo do Brasil, com uma produção, em 2008, de 66 mil toneladas e uma área plantada de 26 mil hectares, ficando atrás apenas de Tibagi (PR), Campos Novos (SC) e Londrina (PR) com produções de 128 mil toneladas, 72,6 mil toneladas e 70,4 mil toneladas, respectivamente.

Milho:

A área plantada de milho em Giruá é de 5 mil hectares, sendo que esta cultura tem atingido, em condições de safra normal, uma produtividade média em torno de 3,6 mil kg por hectare.

Girassol:

Giruá possui uma área plantada de 1,5 mil hectares de girassol, atingindo em condições de safra normal uma produtividade média em torno de 1,5 mil kg por hectare.

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Linhaça:

Giruá é um grande produtor de linhaça. Conta atualmente com uma área de 2 mil hectares para esta cultura. A cultura vem alcançando, em média, uma produtividade de 720 kg por hectare.

Canola:

No Rio Grande do Sul, a canola tem um potencial produtivo médio entre 1,2 mil a 1,5 mil kg por hectare. Na cidade se produz 500 hectares da cultura, com uma produtividade estimada em 720 kg por hectare. A tendência é que a produção se amplie significativamente em Giruá, devido à abertura de novos mercados voltados à derivação da canola, sobretudo do farelo e do óleo, através de novas empresas de transformação na cidade.

No topo do Ranking:

- 8º maior produtor de soja do RS

- 4º maior produtor de trigo do Brasil

- Maior produtor de linhaça do RS

- 3º maior produtor de girassol do RS

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3.4 - Tabelas comparativas

Tabela 1

Tabela de comparação das técnicas agrícolas utilizadas no período da colonização e as técnicas atuais:

Período da colonização em Giruá

O trabalho agrícola hoje em Giruá

- Utilização intensiva dos

recursos naturais;

- Esgotamento do solo; - Mão -de -obra familiar; - Produção destinada á família; - Pequena propriedade;

- Instrumentos utilizados:

 Foice, serrote e machado (limpeza do terreno);

 Enxada (controle das ervas - daninhas);

Arado (preparo do solo);

 Foices e foicinhas (colheita);

 Maquina manual de plantar (plantio);

 Carroça (transporte dos grãos).

- Plantio direto, sem esgotamento do solo;

- Utilização de adubos químicos e venenos - Mão-de-obra assalariada; - Produção destinada ao mercado; - Grandes propriedades; - Instrumentos utilizados:  Máquinas mecanizadas para o plantio, colheita e controle das ervas – daninhas e pragas da lavoura;

 Caminhões (transporte dos grãos).

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Tabela 2

Cadastro de propriedades rurais do município em 1967:

Tamanho da propriedade Número de propriedades Até 10 hectares 979 Mais de 10 até 50 hectares 2.340 Mais de 50 até 100 hectares 500 Mais de 100 até 500 hectares 65 Mais de 500 até 1.000

hectares

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Mais de 1.000 hectares 5

Total 3.924

Fonte: Prefeitura Municipal de Giruá

Tabela 3

Tabela comparativa de produção no município de Giruá

Principais produtos produzidos no município, quantidade em toneladas:

Culturas Ano 1990 2000 2010 Arroz 736 1040 180 Feijão 340 47 88 Girassol --- --- 2250 Milho 27000 7249 27000 Soja 135780 56500 13920 0 Sorgo 1200 60 125 Trigo 30800 25200 52440 Fonte: Prefeitura Municipal de Giruá

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Tabela 4

Área colhida, em hectares:

Culturas Ano 1990 2000 2010 Arroz 360 350 50 Feijão 500 120 120 Girassol --- --- 1500 Milho 9000 3500 5000 Soja 73000 56500 58000 Sorgo 500 20 50 Trigo 28000 14000 23000 Fonte: Prefeitura Municipal de Giruá

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3.5 - Impactos da Modernização na Fauna e a Flora.

Nos anos que se seguiram a revolução da agricultura, com inovações relacionadas ao setor agrícola, o meio ambiente pagou um alto preço por essa modernização no sistema de cultivo, principalmente em decorrência do uso exagerado de produtos químicos.

Nos anos de 1964 foram consumidas 16.000 toneladas de agrotóxicos, no Brasil, em 1974, esse número saltou para 101.000 toneladas, representando um crescimento médio de 7,1% /ano. Nos anos de 1974 até 1983, parece que esse consumo decaiu para 52.000 toneladas. Esse decréscimo aconteceu em decorrência da alta nos preços dos agrotóxicos, que encarecia seu uso em grande quantidade nas lavouras, como também, o processo de financiamento disponibilizado pelos Estados aos agricultores. O manejo adequado de pragas, o plantio direto e o melhoramento genético das sementes, contribuíram para aumento da produtividade, mas em relação aos produtos químicos as dúvidas permanecem. (Brum).

Os impactos ambientais foram de grande s proporções. Nas décadas de 1970, eram encontrados poucos exemplares de pássaros, borboletas, abelhas e peixes. Esse impacto pode ser sentido aqui em Giruá, a fauna do município foi atingida, um bom exemplo são as abelhas sem ferrão, desconhecidas da maioria das pessoas.

Essas abelhas possuem seu ferrão atrofiado, sendo incapazes de ferroar, pertencem à mesma família da abelha africanizada ou européia, conhecida como abelha de ferrão, segue a taxonomia das abelhas sem ferrão:

 Família apidae

 Subfamília meliponinae

 Dois gêneros: meliponini e trigonini - Meliponini apenas um grupo: melípona

-Trigonini se divide em vários grupos: tetragonisca, oxitrigona, nannotrigona, partamona, etc.

Aqui no território onde Giruá está localizado, são oriundas as seguintes espécies:

 Mandaçaia (Melípona quadrifasciata);

Referências

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