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Apae Garopaba: um novo espaço para a escola especial renascer

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Academic year: 2021

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Apae Garopaba :

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Universiversidade Federal de Santa Catarina

Departamento de Arquitetura e Urbanismo

Trabalho de Conclusão de Curso

Acadêmica: Malú Rocha

Orientadora: Adriana M. Rossetto

2019.2

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Agradeço

Aos meus pais por possibilitarem que a conclusão desta graduação acontecesse, sendo a minha base de apoio para qualquer

necessidade. Amo vocês!

À Prissila Brasil pela parceria e amizade firmadas desde o primeiro semestre de graduação. Obrigada por todos os momentos vividos dentro e fora do prédio branco e por permanecer até o fim!

Ao Vinicius Stähelin por todo suporte técnico e emocional dos últimos anos. Obrigada por me ajudar com todos os bugs dos softwares e da minha cabeça!

À tia Martha Brasil por ter sido minha segunda mãe nesses anos de arquitetura. Pelos inúmeros fornecimentos de teto e comida, obrigada!

À minha orientadora Adriana Marques Rossetto por ter sido a melhor orientadora que eu poderia ter escolhido! Obrigada por orientar com delicadeza, sabedoria e respeito!

Ao curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC por todo conhecimento adquirido. Obrigada por me mostrar que a

Arquitetura e o Urbanismo são mais do que só técnicas exatas, são técnicas humanas e direito de todos.

À Universidade Federal de Santa Catarina por ter me formado como pessoa. Por ser lugar de encontro, troca e pluralidade!

Obrigada por proporcionar o aprendizado através do debate e da pesquisa. Obrigada por ser lugar de produção de conhecimento, pública, gratuita e para todos!

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_ Estudos Preliminares

70 72 86 88 92 92

Estudos Preliminares ...

Referências de projeto | Estudos de Caso ... Diretrizes de projeto ... Programa de necessidades ... Nova Demanda ... Estudos do entorno ...

O Projeto ...

Estudos no terreno ... Conceituação e partido ... Composição Volumétrica ... Propostas Urbanas ... Planta de implantação e coberturas ... Planta - baixa humanizada primeiro pav. : porção leste ... Planta - baixa humanizada primeiro pav. : porção oeste ... Planta - baixa humanizada segundo pav. : porção leste ... Multissensorialidade ... Flexibilidade ... Sustentabilidade e Conforto ... Controlabilidade dos espaços ... Técnica Construtiva ... Planta - baixa cotada primeiro pav. : porção leste ... Planta - baixa cotada primeiro pav. : porção oeste ... Planta - baixa cotada segundo pav. : porção leste ... Considerações Finais ...

Elementos P ós - textuais ...

Referências bibliográficas ... Anexos ... Apêndices ... Listagens ... 102 104 106 108 110 118 122 128 134 136 186 188 190 192 194 196 198 200 08 11 13 15 16 18 20 24 26 28 32 40 42

Introdução ...

Resumo ... Justificativa ... Objetivos gerais e específicos ...

Fundamentação Teórica ...

Glossário ... A deficiência e o processo de inclusão escolar no Brasil ... As deficiências intelectuais e os transtornos mentais ... As deficiências intelectuais e múltiplas ... O transtorno do espectro autista ... A influência da arquitetura no desenvolvimento da

autonomia das pessoas com deficiências intelectuais e

múltiplas e Autistas ... A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais ... A Escola Especial Renascer ...

Sumário

202 204 208 212 218

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1. Introdução

Resumo Justificativa

Objetivos gerais e específicos

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Resumo

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - Apae Brasil é uma organização social sem fins lucrativos. É reconhecida como de utilidade pública federal e certificada como beneficente de assistência social, de caráter cultural, assistencial e educacional. Desde 1954, o movimento Apaeano vem desempenhando no país um papel importantíssimo na busca pelos direitos, inclusão social e promoção de autonomia das pessoas com deficiências intelectuais e múltiplas.

O presente trabalho busca propor um novo espaço para a Escola Especial Renascer - Apae de Garopaba/SC. O objetivo principal desta proposta é promover: integração da escola com a cidade; e uma efetiva inclusão social das pessoas com deficiências intelectuais e múltiplas e autistas. Para chegar a uma proposta arquitetônica que responda da melhor maneira possível as demandas da escola, este trabalho pretende estudar a temática – desde a relação histórica da sociedade com as

deficiências intelectuais e múltiplas, passando pelo entendimento do funcionamento da instituição e pela análise da influência do ambiente construído na vida dessas pessoas.

Palavras-Chave: Apae. Inclusão social. Pessoas com deficiências intelectuais e múltiplas. Transtorno do espectro autista.

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Justificativa

A escolha do tema gira em torno da minha relação com Garopaba. Sou nascida e criada na cidade e, ao iniciar o processo de TCC, a procura por um tema dentro do município foi automática. O link com a Apae provém de uma amiga que, no momento dessa escolha, fazia um trabalho voluntário em outra Apae e me sugeriu o tema. Considero essa temática de relevante importância para a

sociedade. O trabalho pioneiro que a associação desempenha no Brasil é, até hoje, determinante para a conquista da autonomia e dos direitos das pessoas com deficiências intelectuais e múltiplas, e em Garopaba não é diferente. A instituição é a única na cidade destinada às pessoas com deficiências e também aos autistas. Por isso aceitei a sugestão do tema e busquei conhecer um

pouco mais desse mundo e (re)conhecer minha cidade através do desenvolvimento desse projeto.

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Objetivo Geral

Propor novo espaço para Apae de Garopaba que promova a integração da escola com a cidade e uma efetiva inclusão social das pessoas com deficiências intelectuais e múltiplas e autistas.

Objetivos Específicos

Aumentar a capacidade de atendimento da escola;

Enriquecer o programa atual com novas atividades e espaços; Expandir os atendimentos da escola para a comunidade, bem como o contato físico e visual entre eles;

Gerar espaços de lazer integrados à comunidade;

Minimizar a ambiência institucional da escola, buscando por mais conforto e aconchego;

Criar possibilidades de contato com o ambiente externo em diversos níveis de privacidade;

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2. Fundamentação Teórica

Glossário;

A deficiência e o processo de inclusão escolar no Brasil; As deficiências intelectuais e os transtornos mentais; As deficiências intelectuais e múltiplas;

O transtorno do espectro autista;

A influência da arquitetura no desenvolvimento da autonomia das pessoas com deficiências intelectuais e múltiplas e Autistas;

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais; A Escola Especial Renascer;

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G lossário

2 . 1

Excepcionais: Qualidade de algo ou alguém que é fora do comum, diferente, especial ou ainda que apresenta uma qualidade acima do padrão. O termo tem variações de significados, mas está em desuso como forma de tratamento para pessoas com deficiência e não será utilizado para tal neste trabalho. Ainda assim, entra nesse glossário por ser o termo ainda utilizado pela APAE para nomear seus atendidos, como o próprio nome da associação (estabelecido em 1954) sugere.

Pessoa com Deficiência (PCD): Aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua partici-pação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (Estatuto da Pessoa com Deficiência, de 2015)

Pessoa com Deficiência Intelectual (PCDI): O decreto federal nº 5.296, de 2004, define deficiência intelectual como o “funcionamen-to intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: Comunicação; Cuidado pessoal; Habilidades sociais; Utilização dos recursos da comunidade; Saúde e segurança; Habilidades acadêmicas; Lazer; e Trabalho.”

A APAE Brasil adota a definição dada pela Associação Americana de Deficiências Intelectual e do Desenvolvimento (AAIDD, na sigla em inglês), que diz que “A deficiência intelectual é caracterizada pela limitação significativa no funcionamento intelectual e no comporta-mento adaptativo expresso nas habilidades conceituais, sociais e práticas. Origina-se antes dos 18 anos de idade” (AAIDD, 2010 citada por OLIVEIRA, 2017).

Pessoa com Mobilidade Reduzida (PMR): Aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou tem-porária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso. (Estatuto da Pessoa com Deficiência, de 2015)

Tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à parti¬cipação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando a sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (Estatuto da Pessoa com Deficiência, de 2015)

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A deficiência e o processo de inclusão no Brasil

2 . 2

21

20

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“A história registra diferentes formas de ver a pessoa com defici-ência, passando pelo misticismo, abandono, extermínio, caridade, se-gregação, exclusão, integração e, atualmente, o processo de inclusão” (PESSOTTI, 1984 apud GARGHETTI; MEDEIROS e NUERNBERG, 2013). Até o século XIX, a deficiência intelectual (DI) era tratada exclusiva-mente pela medicina e tida como uma doença mental. As justificativas foram muitas, de tratamento médico à processo educacional, mas o fato é que as PCD eram afastadas de suas famílias e da sociedade e permaneciam isoladas, constituindo o primeiro paradigma formal adotado na caracterização da relação sociedade-deficiência: o Paradigma da Institucionalização. Apenas em 1960 surge um novo, chamado “paradigma de serviços”, fundamentado na ideologia da normalização, que preconizava a integração das PCD à sociedade. Nas escolas, é implantada a proposta de educação inclusiva, onde, através de uma reformulação das concepções teóricas e das práticas educacionais, foram criadas classes especiais que precederiam a inserção dessas pessoas nas classes regulares. Inicialmente, o afas-tamento do paradigma da institucionalização realmente suscitou um novo olhar sobre as PCD, criando o conceito da integração e as tirando do isolamento das instituições. Porém, integrar, neste contexto, não significava reorganizar a comunidade para melhor receber as PCD, e sim buscar por serviços e recursos que pudessem modificar essas pessoas, na tentativa de fazê-las “normais”. O paradigma de serviços foi bastante criticado e, em 1980, surge um novo, chamado “Paradigma de suporte”. Esse caracteriza-se pelo objetivo de que as PCD e as PMR tenham o direito de acessar todo e qualquer recurso da co-munidade. No paradigma de suporte, a ideia de inclusão consiste na previsão de “intervenções tanto no processo de desenvolvimento do sujeito quanto no processo de reajuste da realidade social, através de suportes físicos, psicológicos, sociais e instrumentais, para que a pessoa com deficiência possa imediatamente adquirir condições de acesso ao espaço comum da vida na sociedade” (GARGHETTI; MEDEIROS e NUERNBERG, 2013). A partir disso e da Lei 9.394/96, a educação inclusiva passa a defender a inserção direta das PCD nas classes regulares das escolas, independente do seu grau ou tipo de deficiência.

Até hoje, a maior crítica a todo o processo de inclusão escolar é o despreparo das redes de ensino para atender determinados tipos de

deficiências, além da generalização que o poder público faz ao tomar como possível a inclusão escolar de toda e qualquer criança, descon-siderando suas reais limitações e atribuindo o seu isolamento, ainda existente, à falta de simpatia da sociedade como um todo para com a causa.

O que se observa é que “a questão da inclusão escolar, assim com a inclusão social não é processo que diga respeito somente à pessoa com deficiência, mas sim a todos os cidadãos. Não haverá inclusão da pessoa com deficiência, enquanto a sociedade não for inclusiva, onde todos possam igualmente se manifestar nas diferentes ins-tâncias de debate e de tomada de decisões da coletividade, tendo disponível o suporte que for necessário para viabilizar essa partici-pação. As pessoas com deficiência precisam frequentar os serviços de apoio para seu melhor tratamento e desenvolvimento, mas a sociedade também precisa se reorganizar de forma a garantir o acesso da pessoa através das adaptações que se mostrem necessá-rias” (GARGHETTI; MEDEIROS e NUERNBERG, 2013)

De acordo com o Censo do IBGE, em 2010, o Brasil tinha 45.606.048 (milhões) de pessoas com deficiência. Isto equivalia a 23,9 % da população do país, das quais 18,60% foram declaradas pessoas com deficiência visual, 7% com deficiência motora, 5,10% com deficiência auditiva e 1,40% com deficiência intelectual. Falar sobre inclusão social, dependendo do contexto em que se encontra quem lê este trabalho, pode ser uma discussão totalmente nova ou repetida. Encontramo--nos em um momento da história em que, ao mesmo passo em que causas muito importantes e polêmicas ganham visibilidade, direitos já conquistados nos são retirados na surdina. Como vimos, reconhecer a existência das deficiências e criar leis de inclusão não são medidas su-ficientes. É preciso fiscalização e comprometimento com a causa por parte de toda a sociedade para que a inclusão realmente aconteça.

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Contudo, por manifestar-se em diferentes graus, em alguns casos, pode até nunca ser detectada.

Segundo o Instituto Indianópolis (instituição voltada para a educação especial) citado por Bevervanço, a Associação Brasileira de Psiquiatria assinala que os transtorno mentais, por sua vez, englobam “um amplo espectro de condições que afetam a mente (nosso mapa genético, química cerebral, aspectos de nosso estilo de vida, aconte-cimentos passados).” Diferentemente das deficiências, os transtornos são desenvolvidos ao longo e em qualquer momento da vida por uma disposição pessoal junto de alguma ação de um agente ocasional, como um trauma, por exemplo. Em síntese, a pessoa que desenvolve um transtorno mental muitas vezes se sente em sofrimento, deses-perançada e incapaz de levar sua vida em plenitude. Caracteriza-se, portanto, como uma variação do estado considerado normal capaz de produzir prejuízo no desempenho global da pessoa nos âmbitos social, ocupacional, familiar e pessoal.

Os transtornos mentais são classificados em dois grupos: psicoses e neuroses. As psicoses são fenômenos psíquicos anormais como delírios, perseguição e confusão mental. Já as neuroses são caracte-rísticas encontradas em qualquer pessoa, como ansiedade e medo, manifestadas em grandes proporções. São exemplos de transtornos mentais: depressão, TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), trans-torno bipolar, esquizofrenia e TEA (transtrans-torno do espectro autista).

As deficiências intelectuais e os transtornos mentais

2 . 3

Conforme citado anteriormente, deficiência intelectual e trans-tornos mentais não são a mesma coisa. Essa confusão se dá por uma série de fatores, visto que todas afetam o desempenho da pessoa em sociedade e, logo, sua inserção na mesma. A escassez de infor-mações, a pouca visibilidade da causa das PCD na imprensa e a falta de suporte dado pelo poder público só faz aumentar o desconheci-mento da população quanto a temática.

Apesar dos recursos para se diagnosticar estarem cada vez mais avançados, as causas da DI são complexas e englobam fatores genéticos, hereditários e ambientais. É possível percebê-la desde o primeiro ano de vida, visto que envolve dificuldades para realizar ati-vidades do dia-a-dia e interagir com o meio em que a pessoa vive.

Imagem 03

25

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As deficiências intelectuais e múltiplas

2 . 4

A definição de deficiência múltipla não é única. Segundo Godói (2006), para além da junção de duas ou mais defici-ências de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social, a deficiência múltipla se caracteriza pelo nível de desenvolvimento, pelas possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem. Entre-tanto, para fins práticos, considerarei a definição adotada pela APAE Brasil constante no Decreto Federal n.º 5.296, de 2004, que descreve a deficiência múltipla como a “associa-ção de duas ou mais deficiências.” É importante destacar que o trabalho realizado pela Rede APAE abrange a deficiência múltipla quando esta é a associação da deficiência intelec-tual com uma ou mais deficiências de outra natureza (física, sensorial ou psicossocial, por exemplo).

Imagem 04

27

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O Transtorno do Espectro Autista

2 . 5

Na falta de uma instituição especializada para os autistas, a Apae de Garopaba assume, também, esse papel. É importante observar que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não está, necessariamen-te, relacionado à DI. Quando essa associação acontece, é considera-da como uma comorbiconsidera-dade, tal qual a associação do TEA com outras

02 de abril _

Dia mundial da

conscientização do autismo

Figura 01

condições singulares, como: o Transtorno de Déficit de Atenção e Hi-peratividade (TDAH), altas habilidades, surdez e outras.

O TEA é classificado, segundo o Manual Diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM 5, como um dos transtornos do neu-rodesenvolvimento. Os mesmos se caracterizam por manifestarem--se cedo no desenvolvimento, logo nos primeiros anos de vida. Uma pessoa com autismo tem grandes dificuldades com o universo das ideias abstratas e mais intimidade com o universo concreto, o que explica, por exemplo, a facilidade que a maioria dessas pessoas tem em memorizar sequências de objetos em contraponto à dificuldade em memorizar ideias em sequência. Isto se dá no ponto de partida do transtorno, a chamada tríade de dificuldades: comunicação, interação social e uso da imaginação.

De maneira geral, o transtorno do espectro autista caracteriza--se por déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos, incluindo na capacidade de respostas sociais, nos comportamentos não verbais de comunicação e em habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos. Além disso, o diagnóstico do TEA requer a presença de padrões restritos e repeti-tivos de comportamento, interesses ou atividades, como cita Nasci-mento, em 2014.

O uso do termo espectro se justifica justamente pela grande variação das manifestações características do transtorno, do nível de desenvolvimento e da idade cronológica. Por isso, o diagnóstico não é padrão e os sintomas e intensidades variam de um indivíduo para o outro. Atualmente, o TEA abrange transtornos antes chamados de autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desen-volvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de Asperger.

As causas do desenvolvimento do TEA ainda são incertas, apesar das crescentes pesquisas na área. Dentre as principais possíveis causas estão: Deficiência e anormalidade cognitiva de causa genética e hereditária; Fatores ambientais, como o ambiente familiar, com-plicações durante a gravidez ou parto; Alterações bioquímicas do organismo caracterizadas pelo excesso de serotonina no sangue; ou ainda anormalidade cromossômica evidenciada pelo desaparecimen-to ou duplicação do cromossomo 16.

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TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children, em português: Tratamen-to e educação de crianças autistas e com problemas de comunica-ção correlatos, é um método educacional e clínico com uma prática predominantemente psicopedagógica. Criado a partir de um projeto de pesquisa que observou detalhadamente os comportamentos das crianças autistas em diversas situações frente a diferentes estímulos, este é, atualmente, o método utilizado na Apae de Garopaba com os alunos autistas.

“O TEACCH se baseia na adaptação do ambiente para facilitar a compreensão da criança em relação a seu local de trabalho e ao que se espera dela. Por meio da organização do ambiente e das tarefas de cada aluno, o TEACCH visa o desenvolvimento da independência do aluno de forma que ele precise do professor para o aprendizado de atividades novas, mas possibilitando-lhe ocupar grande parte de seu tempo de forma independente” (MONTE e SANTOS, 2004). O que podemos notar é que o referido método usa como ponto inicial os potenciais das pessoas com TEA nas habilidades visuais, no reconhe-cimento de detalhes e memória. Assim, busca-se utilizar esses pontos a favor do indivíduo.

Desenvolvido na década de sessenta no Departamento de Psiquia-tria da Faculdade de Medicina na Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, o método utiliza uma avaliação denominada PEP-R (Perfil Psicoeducacional Revisado). O PEP-R dá como resultado a idade cronológica correspondente ao nível de desenvolvimento apresentado pelo aluno em 7 áreas: imitação, performance cognitiva, cognitiva verbal, coordenação olho-mão, coordenação motora grossa, coordenação motora fina e percepção. A avaliação também fornece o coeficiente de desenvolvimento geral e uma visão macro dos problemas comportamentais, buscando determinar os pontos fortes, os de maior interesse e as dificuldades de cada aluno. A partir dessa avaliação, monta-se um programa individualizado para cada pessoa. Espacialmente, para a aplicação do método, a sala deve ser

obrigato-O método educacional e clínico

riamente organizada de forma a atender três abordagens: o trabalho individual, o trabalho independente e o descanso. O trabalho individu-al, também chamado aprendizado, é desenvolvido pelo aluno junta-mente ao professor. Geraljunta-mente, ambos sentam em uma mesa para duas pessoas, um em frente ao outro, para que o professor transmita ao aluno as instruções da atividade a ser realizada e o supervisio-ne. Após o trabalho individual ocorre o trabalho independente, que como o nome sugere, acontece de forma autônoma pelo aluno. A sala deve estar organizada de modo que os alunos consigam dire-cionar-se sozinhos às suas mesas e que o professor consiga visuali-zar todos os alunos em suas respectivas. Essas devem estar localiza-das preferencialmente em frente a uma parede, de modo que o aluno sente-se olhando na direção da mesma, por dois motivos: primeira-mente visando a concentração total do aluno na atividade e, também, porque na parede deve estar fixado um painel identificando as ativi-dades que serão executadas. Por fim, o espaço de descanso corres-ponde ao lugar onde os alunos se dirigirão no intervalo das atividades e deve ser facilmente identificável por eles.

Segundo Laureano e Zapatel (2018), “as sensações e percep-ções do ser humano estão diretamente relacionadas ao ambiente que o envolve. [...] Se analisarmos o indivíduo com autismo, podemos destacar duas características em seu comportamento: limitação nas relações sociais e possível indiferença ou excesso de atenção aos estímulos ao seu redor.“ Os autistas são frequentemente aprendizes visuais, de modo que um ambiente estruturado e de fácil leitura cria uma forte base para o aprendizado dos mesmos. Podemos perceber, portanto, que a arquitetura está diretamente ligada ao desenvolvi-mento saudável de todas as pessoas e mais ainda dos autistas, sendo o próprio método TEACCH indissociável da mesma.

Figura 02

(17)

A influência da arquitetura no desenvolvimento

da autonomia das pessoas com deficiências

intelectuais e múltiplas e autistas

2 . 6

Imagem 05

33

(18)

quitetos estabeleceu sete princípios que o caracterizam. São eles: Uso equitativo: Espaços, objetos e produtos que podem ser utiliza-dos por pessoas com capacidades diversas, propiciando o mesmo sig-nificado de uso para todos. O acesso a um edifício através de rampas com corrimãos e guarda-corpo é um exemplo arquitetônico de uso equitativo.

Figura 03

Uso flexível: Espaços, objetos e produtos que possibilitam a adaptação às necessidades do usuário, admitindo adequações e transformações. Um exemplo disto é a previsão em projeto da pos-sibilidade de deslocamento de paredes ou divisórias, modificando o layout original.

Figura 04

Quando pensamos em deficiências e em arquitetura, subitamen-te vem às nossas cabeças subitamen-termos como acessibilidade, desenho universal e humanização dos espaços. A aplicação destes conceitos para o projeto em questão é essencial. Contudo, vale ressaltar que o emprego dos mesmos nos resultará em ambientes agradáveis e propícios ao desenvolvimento de qualquer pessoa, tenha ela DI ou TEA ou não.

A NBR 9050 – “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”, de 2015, “visa proporcionar a utilização de maneira autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mo-bilidade ou percepção” através do estabelecimento de critérios e pa-râmetros técnicos mínimos. Nas leis brasileiras, a aplicação da NBR 9050 é critério essencial para um projeto ser considerado acessível. Considerando válidos os objetivos e a existência da mesma, este trabalho propõe criar espaços que vão além das especificações mínimas previstas em códigos e leis. Pretende-se pensá-los em suas totalidades prezando, sobretudo, pela inclusão e conforto de todos os usuários.

Conceber projetos acessíveis para todas as pessoas, independen-temente de suas características pessoais, idade, ou habilidades, é a própria definição do conceito de Desenho Universal (DU). A expressão foi usada pela primeira vez em 1985 pelo arquiteto Ron Mace e instigou a mudança no desenvolvimento de projetos urbanos, de arquitetura e design, inclusive de produtos. O conceito de DU surgiu nos EUA por consequência das reinvindicações de dois grupos sociais: Primeira-mente por parte das pessoas com deficiências, que não sentiam suas necessidades sendo atendidas pelos espaços e produtos projetados e, posteriormente, pelos responsáveis pelos projetos: arquitetos, en-genheiros, urbanistas e designers. O Desenho Universal, portanto, vê os seres humanos como seres “diversos”. Sendo assim, a normalidade é que os usuários sejam muito diferentes e que deem usos distintos daqueles previstos em projetos aos ambientes e produtos. Desta forma, evita-se a necessidade de projetos para grupos específicos de pessoas, respeitando a diversidade humana desde as crianças, adultos altos, baixos, anões, idosos, gestantes, obesos, PCD, PMR etc.

Embasando o conceito de DU, na década de 90 um grupo de

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Uso simples e intuitivo: Propiciar o entendimento dos espaços, objetos e produtos, independente da experiência do usuário, do seu grau de linguagem e conhecimento ou do nível de concentração.

Percurso confuso:

Figura 05

Percurso simples e intuitivo:

Figura 06

Informação de fácil percepção: Utilizar-se de todos os meios de co-municação possíveis para a transmissão de uma ideia, como símbolos, informações sonoras, táteis etc. De modo que a legibilidade da infor-mação seja maximizada, sendo percebida por pessoas com diferen-tes habilidades (cegos, surdos, analfabetos, entre outros). Exemplos simples disto são os pictogramas para sanitários com informações em relevo e Braille.

Figura 07

Tolerância ao erro: Pensar em medidas que minimizem os riscos de acidentes. Para tal, devem-se isolar ou eliminar os elementos que apresentam risco, empregar avisos e fornecer opções que minimizem as falhas. Exemplos são os pisos antiderrapantes, corrimãos duplos e elevadores com sensores em alturas variadas, diminuindo as chances de a porta ser fechada no meio do procedimento.

Figura 08

Esforço físico mínimo: Dimensionar elementos e equipamentos para que sejam utilizados da forma mais eficiente, segura, confortá-vel e com o mínimo de fadiga. O objetivo é possibilitar que os usuários mantenham o corpo em posição neutra, usando força de operação razoável, minimizar ações repetidas e, também, a sustentação do esforço físico. Torneiras com sensores ou com acionamento do tipo

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alavanca, que minimizam o esforço e torção das mãos para acio-ná-las, bem como maçanetas do tipo alavanca, são bons exemplos desse princípio.

Dimensionamento do espaço para acesso e uso abrangente: Prever, em projeto, espaços com dimensões apropriadas para o acesso, o alcance, a manipulação e o uso, independentemente do tamanho, da postura ou da mobilidade do usuário. Para tal, deve-se inserir sina-lizações em elementos importantes e tornar confortavelmente al-cançáveis todos os componentes para usuários sentados ou em pé, acomodar variações de mãos e empunhadura e, por último, projetar espaços adequados para uso de tecnologias assistivas. São exemplos as poltronas para obesos, banheiros e mobiliários com dimensões adequadas para pessoas em cadeiras de rodas, entre outros.

Portanto, o DU nos direciona para um olhar um pouco mais sensível para a temática, nos dando diretrizes mais abrangentes, além das regras mínimas estabelecidas na NBR 9050:2015. Desta forma, nos obrigamos a pensar, por nós mesmos, nas melhores soluções para cada projeto e não nos limitamos a aplicar apenas o mínimo.

Como dito anteriormente, almejo um projeto que seja inclusivo e não apenas acessível. Para tal, julgo necessário nos aproximarmos mais dos usuários e buscarmos por uma maior humanização dos espaços. A maneira como o espaço físico se configura tem o poder de influenciar de maneira positiva ou negativa na saúde física e mental dos usuários. O ambiente quando confortável e acolhedor pode provocar, para qualquer pessoa, a maximização de suas potenciali-dades e favorecer o seu desenvolvimento. Contrariamente, em casos de desconforto, pode gerar frustração, raiva, perda de identidade e tristeza. Para pessoas com DI e TEA essas provocações são ainda mais fortes. Na mesma situação, essas podem manifestar extrema paranoia, ansiedade severa, pânico, baixo controle dos impulsos,

Figura 09

choro, baixa concentração, falta de autodisciplina, falta de tolerância com os colegas e agressividade

Pessoas com DI e TEA geralmente apresentam dificuldades para compreender o ambiente ao seu redor. Suas formas de construir o conhecimento são diferentes daquelas que se consideram “padrão” e, assim, questões de orientação espacial e propriedades físicas dos objetos e ambientes, como forma, cor, textura e tamanho, podem não ser assimiladas facilmente.

“Para termos êxito em nos orientarmos - mesmo em ambientes familiares - precisamos estar aptos para imaginar o que não é ime-diatamente apresentado, colocando a percepção real da concepção do ambiente. Esta habilidade não é facilmente compreendida pelo autista, como por exemplo, ao se deparar com uma porta, muitas vezes eles não conseguem simplesmente imaginar o espaço no qual aquela porta dá entrada” (CRUZ, 2015).

É necessária, então, a estimulação da atividade cognitiva, exerci-tando a abstração através da projeção de ações práticas em pen-samentos. Ou seja, para compreender um conceito, essas pessoas precisam obrigatoriamente do meio material como referência, o que nos leva a necessidade de pensar os ambientes em suas minúcias, visto que tudo pode ser um estímulo ou uma barreira para elas.

As pessoas com TEA são as mais sensíveis aos ambientes. Elas têm os sentidos mais ativos e, por isso, sentem tudo com mais inten-sidade. Em mais de uma leitura, percebi a importância de setorizar os espaços conforme suas características, criando zonas de baixo e alto estímulo e zonas de transição entre elas. Essa é uma estratégia que ajuda os alunos a terem mais clareza de quais comportamentos são esperados deles e de que tipo de atividade se realizará no espaço em questão. As áreas de transição configuram-se como um verdadeiro respiro, ajudando o aluno a recarregar suas energias sensoriais, seja quando esse muda de um determinado nível de estímulo para outro ou servindo também como áreas de escape, onde o aluno possa se isolar em um momento de estresse, por exemplo. Com base nisso e nas diversas outras leituras realizadas, entendo que esta setorização pode se aplicar à projetos escolares em geral, visto que organiza e pensa os espaços de um modo compreensível e adequado também para outras pessoas, portadoras ou não de alguma deficiência e/ou transtorno.

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em 1954, majoritariamente por famílias que se uniram na busca por soluções alternativas para a inclusão das pessoas com deficiências, em especial as intelectuais ou múltiplas, na sociedade de forma legal. Conjuntamente a amigos e profissionais, a associação se expandiu para o resto do país, formando um movimento social que hoje chamamos “Movimento Apaeano”. Atualmente, a rede é composta pela FENAPAES - Federação Nacional das Apaes, além de outras 24 Federações Estaduais e 2.201 Apaes independentes distribuídas por todo o país.

A FENAPAES, no seu “Manual de Fundação das Apaes”, cita que “Segundo definição do art. 53 do Código Civil Brasileiro, de 10 de janeiro de 2002: ‘constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos’. A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE é uma associação civil, de assistência social, de caráter filantrópico, com atuação nas áreas da prevenção, educação, saúde, trabalho/profissionalização, garantia de direitos, esporte, cultura/lazer, de estudo e pesquisa e outros, sem fins lucrativos e de fins não econômicos, com duração indetermina-da, tendo sede e foro no município em que estiver situada. A APAE tem por MISSÃO promover e articular ações de defesa de direitos, prevenção, orientação, prestação de serviços, apoio à família, dire-cionadas à melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência e à construção de uma sociedade justa e solidária. A APAE possui autonomia administrativa e jurídica perante a administração pública e as entidades privadas, sendo vedada qualquer forma de vincula-ção que comprometa a filosofia e os objetivos do Movimento. A APAE integra-se, por filiação, à Federação Nacional das APAES, da qual recebe orientação, apoio e permissão para uso do nome, símbolo e sigla APAE, a cujo Estatuto adere e a cuja supervisão se submete.”

Segundo publicação da FENAPAES (2016), a “Federação Nacional das APAES é uma organização social sem fins lucrativos, reconheci-da como de utilireconheci-dade pública federal e certificareconheci-da como beneficente de assistência social, de caráter cultural, assistencial e educacional.” A mesma publicação define a missão da Federação como “promover e articular ações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência e representar o Movimento Apaeano perante os organismos nacionais e internacionais para a melhoria da qualidade dos serviços prestados pelas APAES, na perspectiva da inclusão social de seus usuários.”.

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

2 . 7

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) nasce ainda antes do que conhecemos anteriormente como Paradigma de serviços, ou seja, em um contexto de total abstenção do poder público de toda e qualquer responsabilidade pela inclusão social e garantia de direitos das PCD. A Apae foi fundada no Rio de Janeiro,

Figura 10

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Imagem 06

A Escola Especial Renascer

2 .8

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A Escola Especial Renascer é uma entidade de caráter privado e filantrópico que “des-tina-se a prestar serviços à Educação Especial a crianças, jovens e adultos com Defici-ência Intelectuais e Múltiplas, bem como, prestar apoio e es-clarecimento às famílias dos alunos e à comunidade escolar visando o envolvimento, a par-ticipação e o comprometimen-to de comprometimen-todos. “

(Projeto Político Pedagócico - PPP da Escola Especial Renascer, 2012)

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Sendo uma das 2.201 Apaes da rede nacional, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Garopaba foi fundada em 17 de dezembro de 1985, mas somente em 21 de abril de 1990 fundou-se a Escola Especial Renascer, pela Apae, que a mantém com a colabo-ração da comunidade local e da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho.

Garopaba é uma cidade litorânea localizada ao sul de Santa Catarina, a cerca de 79 km da capital do estado, Florianópolis. É atu-almente um município considerado de pequeno porte com aproxima-damente 18.138 habitantes, segundo o Censo IBGE/2010. Sua coloni-zação se deu através de imigrantes açorianos no ano de 1666 e sua fundação, enquanto município, data de 1961.

A principal atividade econômica da cidade é o turismo, recebendo, consoante dados da prefeitura municipal, por volta de 140 mil turistas entre os meses de dezembro e fevereiro. O turismo relaciona-se basi-camente com as belezas naturais da cidade, que tem 9 praias em sua extensão territorial de 114,773 km² (IBGE/2018). Nas demais épocas do ano, a cidade vive de várias outras atividades menos notórias, como a construção civil, a pesca artesanal e algumas indústrias.

Imagem 06

Inauguração Escola Especial Renascer, 1990.

Localização

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Mapa 02 Mapa 01 BR 101 SC 434 Rua Pref. João Orestes de Araújo Mapa 03

Sem Escala APAE de Garopaba

Santa Catarina

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Atualmente a Escola Especial Renascer está localizada na região central de Garopaba, mais especificamente na Rodovia dos Açores, 607, bairro Ambrósio, a cerca de 1,4 km da Rua Prefeito João Orestes de Araujo. A rua em questão é considerada, pelo plano diretor, como uma das vias estruturantes da cidade. Nela, ou próximos a ela, encon-tra-se a maior parte dos comércios e serviços da cidade, bem como eventos e manifestações populares.

A Apae de Garopaba é vinculada à Fundação Catarinense de Educação Especial, “instituição de caráter beneficente, instrutivo e científico, dotada de personalidade jurídica de direito público, sem fins lucrativos, vinculada à Secretaria de Estado da Educação e Inovação” (Projeto Político Pedagócico - PPP da Escola Especial Renascer, 2012) e filiada a FENAPAES, recebendo orientação, apoio e permissão para uso de seu nome, símbolo e sigla, seguindo o estatuto e estando submetida a supervisão da mesma.

Em visita à Escola Especial Renascer, conversei com a então diretora, Sra. Mirela de Bem Zuliam, sobre todo o funcionamento da Apae. O terreno onde a escola está localizada é próprio e segundo ela, o bairro é ótimo por ser vizinho ao centro e, pela tranquilidade, visto que é majoritariamente residencial. No bairro está localizada,

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BR 101 SC 434 Rua Pref. João Orestes de Araújo

Mapa 03

Sem Escala

APAE de Garopaba

Mapa 04

Sem Escala

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também, a empresa Hidrolight do Brasil (indústria especializada em produtos ortopédicos em Neoprene e esportivos), a 550 metros da escola. Questionei Mirela se a mesma gera algum tipo de incômodo para a escola e, de acordo com ela, o maior impacto é o aumento do movimento de automóveis em alguns horários específicos. Na visita, um dos pontos que observei foi a falta de espaços públicos próximos a escola. Mediante isso, levantei os espaços de lazer da área, ampliando a análise para toda a região central, conforme mapa ao lado. Perce-be-se, então, que esse é um déficit da cidade como um todo: além de raros, os espaços públicos de lazer resumem-se a poucas praças e às praias, sendo todos espaços abertos.

Sem Escala

Rua Prefeito João Orestes de Araújo

Imagem 06

Imagem 06

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Segundo a Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), em setembro de 2019, a Apae de Garopaba atendia 89 alunos (entre crianças, jovens e adultos) com deficiências intelectuais e múltiplas e autistas (Anexo 01 - Usuários Ativos SC - SERIENE - Setembro 2019). Com a política de inclusão, a alfabetização das crianças acontece nas escolas regulares com a assessoria dos professores da Apae. Na própria escola acontecem, então, modalidades educacionais especí-ficas pensadas para as várias necessidades dos alunos. Cada mo-dalidade tem público e faixa etária definidas e suas próprias meto-dologias de funcionamento, que envolvem ambientes e atendimentos diversos, no âmbito social, educacional e clínico.

As atividades da escola acontecem em dois turnos: matutino (8h – 12 h) e vespertino (13h15min – 17h15min). Em cada turno os alunos também fazem uma refeição, cujo cardápio é montado com acompa-nhamento nutricional. Após o lanche, são realizadas atividades des-contraídas como leitura de histórias, música etc.

A maior parte dos alunos frequenta a escola por meio de transpor-te fornecido pela mesma, que conta com uma van e um micro-ônibus. Os alunos não contemplados pelo transporte da escola podem utilizar o transporte público, uma vez que a Rodovia dos Açores é abasteci-da por uma rota de ônibus circular, a linha “Ambrosio”, que tem como ponto de partida e chegada a praça Governador Ivo Silveira (Mapa 06). Já os alunos que moram próximo a escola chegam a pé, fazendo um percurso difícil, visto que não existem calçadas ao longo da maior parte das vias do bairro.

Rota da linha de ônibus Ambrósio

R. Pref. João Orestes de Araújo Maiores concentrações populacionais Percurso van

Percurso micro-ônibus

Escolas públicas da rede regular de ensino APAE

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Mapa 06 Sem Escala Mapa 07 Sem Escala

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A estrutura física atual é precária, a escola foi crescendo e sendo adaptada com o tempo de modo que não existem espaços suficientes para todas as atividades já existentes e, tampouco, para o desenvolvimento de novas. O espaço construí-do extrapola os limites construtivos impostos pelo plano diretor construí-do município de modo que se torna inviável construir ou reformar, le-galmente, mantendo a estrutura existente. Em termos de aces-sibilidade, a escola se adaptou conforme possível, contudo, os alunos não conseguem ter plena autonomia motora no espaço. O organograma ao lado demonstra brevemente a organização geral da Apae de Garopaba. Como dito anteriormente, a mesma filia-se a FENAPAES, seguindo o seu estatuto e, consequentemente, a orga-nização administrativa nele constante.

Imagem 07

Localização

Fachada norte

Estrutura Política da Escola

Figura 11

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Mapa 08

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Salas de atendimentos educacionais Salas de atendimentos médicos

Serviços

Áreas coletivas e de circulações cobertas Área verde

Figura 12

Sem Escala

P lanta - baixa atual aproximada

08 09

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Imagem 08 - Garagem e área verde

Imagem 09 - Refeitório menor

Imagem 10 - Refeitório maior

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A prática didático-pedagógica adotada pela Apae de Garopaba é a metodologia de projetos, onde toda a ação pedagógica acontece em torno de projetos estabelecidos pela escola, que tem enfoques distintos, partindo de situações do dia-a-dia dos alunos, tendo-os como centro do processo educativo. “A função dos projetos é favorecer a criação de estratégias de organização das abordagens em relação ao tratamento das informações, às elaborações de hipóteses; às (re) construções de conceitos; ao desenvolvimento de habilidades; às per-cepções e entendimentos, compreensões e interpretações.“ (Projeto Político Pedagógico da Escola Renascer, 2012)

O projeto Frutificar é um dos projetos mantidos pela APAE de Garopaba. Com o tema norteador “Mãe Terra”, trabalha a conscienti-zação ambiental no município de Garopaba ao mesmo passo em que faz uma ponte entre os alunos da Apae e a comunidade. O mesmo consiste na produção de mudas de árvores nativas e frutíferas na escola e do plantio dessas em vias públicas próximas e em outras áreas verdes, também públicas.

Projeto Frutificar

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Modalidades educacionais

O Programa de Estimulação Essencial I e II é um programa educa-cional especializado e preventivo destinado a crianças na faixa etária de 0 a 3 anos e 9 meses com dificuldades evolutivas decorrentes de fatores genéticos, orgânicos e/ou ambientais, com ou sem diagnós-tico fechado. Na operacionalização do mesmo, apenas um professor realiza os trabalhos com a criança conjuntamente a família. São elegíveis para o ingresso no Programa as crianças: Consideradas de risco*; Com deficiência intelectual ou outras associadas a essa; Com atraso no desenvolvimento psicomotor.

Atual sala de Estimulação Essencial da Escola Especial Renascer

“*criança de risco: as que têm o desenvolvimento ameaçado por condições de vulnerabilidade decorrentes de fatores de natureza semântica, como determinadas doenças adquiridas durante a gestação, alimentação inadequada tanto na gestante quanto da criança, ou nascimento prematuro.” (Política Nacional de Educação Especial – MEC, 1994 citada pelo Projeto Político Pedagógico da Escola Renascer,2012)

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O Serviço de Atendimento Educacional Especializado (SAEDE) tem

caráter pedagógico e é voltado ao atendimento dos alunos com DI matriculados na rede regular de ensino, portanto entre 4 e 16 anos. O programa busca, através de procedimentos educacionais diferencia-dos, ser um reforço, em contra turno, ao ensino regular.

O Serviço Pedagógico Específico – Transtorno do Espectro Autista (SPE – TEA) é um programa que visa o atendimento de alunos com

diagnóstico de TEA a partir dos 4 anos até a idade adulta. A escola faz uso do Método TEACCH e conta com uma equipe formada por pedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional.

Atual sala de SPE - TEA da Escola Especial Renascer Imagem 16 Imagem 17

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O Serviço Pedagógico Específico I (SPE I) é um programa que

desti-na-se às crianças e pré-adolescentes na faixa etária de 06 a 14 anos com deficiência intelectual severa, associada ou não a outras defici-ências, que não frequentam a escola regular. São alunos que necessi-tam de auxílio para a realização das atividades mais básicas do dia-a-dia, como comer e andar, além de não terem controle dos esfíncteres. As atividades realizadas com esses alunos se dão através do desen-volvimento dos estímulos visual, auditivo, tátil, gustativo e olfativo.

“No Programa Pedagógico Específico são oferecidos os exercícios fonoaudiológicos, terapia ocupacional, psicológicos e fisioterápicos promovendo o desenvolvimento de grandes e pequenos músculos e membros envolvidos na respiração (evitando assim, o atrofiamento). Além dos exercícios terapêuticos também é oferecido o atendimen-to pedagógico com duas pedagogas, aulas de artes e de educação física com os devidos profissionais. É essencial que a família participe para darem continuidade ao trabalho em casa. São elegíveis para o ingresso no Serviço Pedagógico Específico: Egressos da Educação Infantil da escola, da comunidade e de outras instituições; Encami-nhamentos do sistema regular de ensino indicado pelo processo ava-liativo para este atendimento.” (Projeto Político Pedagógico da Escola Renascer, 2012).

O Serviço Pedagógico Especializado Ocupacional (SPEO) é um

programa que objetiva proporcionar uma melhor qualidade de vida aos alunos, direcionado àqueles entre 7 e 16 anos, despertando talentos e potencializando suas habilidades. Nesses, são realizadas atividades como tapeçaria, reciclagem, plantio de mudas etc. São elegíveis ao Programa: Egressos do programa de Serviço Pedagógi-co EspecífiPedagógi-co; Transferidos de outras unidades da Apae e/ou Pedagógi- congê-neres; Encaminhamentos oriundos das escolas do sistema regular de ensino; Oriundos da comunidade, sem escolarização anterior.

A Oficina Protegida Terapêutica (OPT) destina-se aos alunos

maiores de 16 anos. A mesma busca o desenvolvimento da autonomia e o exercício pleno da cidadania para uma efetiva inclusão social. Dessa forma, oferece a maior variedade possível de atividades práticas e complementares para que, através de vivências, possam desenvol-ver suas potencialidades. São elegíveis para o ingresso ao programa:

Egressos do programa de Serviços Pedagógicos Específicos; Transfe-ridos de outras unidades da Apae ou congêneres; Encaminhamentos oriundos das escolas do sistema regular de ensino; Oriundos da co-munidade, sem escolarização anterior.

Atuais salas de SAEDE e OPT, respectivamente, da Escola Especial Renascer

Imagem 18

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Como parte de sua busca pela inclusão das PCD e dos Autistas, a Apae procura posicionar-se de forma ativa na cidade. Par-ticipar dos eventos municipais é um modo encontrado pela escola de mostrar seu trabalho e, até mesmo, de arrecadar fundos. As imagens a seguir demonstram a atuação da Apae na cidade.

A Apae e a cidade

Imagem 20 Participação da APAE no desfile da idepedência, em 7 de setembro de 2014. Imagem 21 Imagem 22 Imagem 23

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Caminhada da prevenção às deficiências promovida pela APAE, em 2014. Feira realizada pela APAE em um estacionamento no centro da cidade. O evento aconteceu na semana do meio ambiente com a venda de mudas de árvores nativas e artesanatos confeccionados pelos alunos, em 2013. Imagem 24 Imagem 25 Estande da escola na 21ª Quermesse comunitária de Garopaba, importante festa da cidade, em 2019. Imagem 28 Imagem 27 Imagem 26

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Para além das atividades co-tidianas, a escola também utiliza seu espaço físico para pequenos eventos, como: festa junina, festa da família, apresentações variadas etc. O espaço da garagem e do re-feitório maior são amplamente uti-lizados para tais eventos, assim como para realização de oficinas que demandam de mais espaço.

Atividades na escola

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Festa Junina realizada na garagem da escola fechando o primeiro semestre do ano de 2015.

Imagem 31 Imagem 30

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Evento realizado em 2013, para alunos e responsáveis, em comemoração ao

dia das crianças. Foram realizadas brincadeiras, oficinas e encenação de teatro utilizando os espaços da garagem e do refeitório maior. Imagem 33 Imagem 34 Imagem 32 Oficina de guirlandas de natal, utilizando o espaço da garagem, em 2014.

4ª Encontro Regional dos Auto Defensores que contou com a Presença das APAEs de Imbituba, Imaruí, Capivari de Baixo, Jaguaruna, Sangão, Treze de Maio e Laguna, no espaço do refeitório maior. Imagem 35 Imagem 36 Imagem 37

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3. Estudos Preliminares

Referências de projeto | Estudos de Caso Diretrizes de projeto

Programa de necessidades Nova Demanda

Estudos do entorno

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Referências de projeto | Estudos de caso

3 . 1

Imagem 38

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A Apae Florianópolis

Para além das leituras, achei válido visitar uma outra Apae, conhecer uma outra estrutura, entender suas dificuldades e buscar inspiração em seus pontos positivos. Escolhi a Apae Florianópolis, não apenas pela proximidade física, mas também por ser uma escola muito maior, com mais alunos e atividades. A Apae Florianópolis, fundada em 1964, encontra-se localizada na Rodovia Admar Gonzaga, nº 2937 no bairro Itacorubi – Florianópolis / SC. Hoje, a mesma atende, em média, 600 alunos com deficiências intelectuais e múltiplas e autistas desde bebês até idosos. A Apae funciona nos períodos matutino e vesper-tino, porém não existem atendimentos em período integral. As mo-dalidades educacionais são praticamente as mesmas existentes na Escola Especial Renascer: Estimulação precoce; Atendimento educa-cional especializado – AEE; Serviço pedagógico Específico (SPE) – TEA; Serviço Pedagógico Específico (SPE) – Juvenil; Serviço de atendimen-to educacional (SAE) sensorial; Serviço de atendimenatendimen-to educacional (SAE) ocupacional; Centro de convivência e Educação profissional.

Figura 13

A Estimulação precoce destina-se a crianças de 0 – 5 anos, o AEE direciona-se a alunos de 6 – 16 anos em idade escolar e matriculados na rede regular de ensino. O SPE – TEA, por sua vez, atende alunos maiores de 17 anos com transtorno do espectro autista. O SPE – Juvenil visa o atendimento dos alunos com severos comprometimen-tos cognitivos, com idade entre 04 – 17 anos, impossibilitados de fre-quentar o ensino regular. Já o SAE sensorial se diferencia por atender somente alunos com nível de comprometimento grave e maiores de 17 anos. O SAE ocupacional é, também, oferecido para alunos maiores de 17 anos, porém com DI e/ou TEA leve ou moderado. O centro de convivência é um programa destinado a pessoas acima de 35 anos que visa o envelhecimento saudável. Por fim, o programa de educação profissional objetiva capacitar e incluir os alunos com DI e TEA com comprometimentos leves e moderados ao mercado de trabalho.

A Apae Florianópolis também oferece atendimentos de fonoau-diologia, fisioterapia, terapia ocupacional, educação física, neurologia, psiquiatria, além de atendimentos psicossociais para os alunos e as famílias.

Por se tratar de uma Apae muito maior, em tamanho e número de alunos, em relação a Apae de Garopaba, os alunos da Apae Floria-nópolis chegam até a escola de formas mais variadas. A Escola tem alguns veículos para tal fim, mas os mesmos não são suficientes para contemplar todos. Interessante notar que em frente à escola existem pontos de transporte público em ambos os lados da via e que são amplamente utilizados, inclusive pelos funcionários da instituição.

A estrutura física, tal qual a Apae Garopaba, é bastante “remendada”. Facilmente se percebe que a questão da acessibilidade é, também ali, um problema. Os espaços, em geral, têm dimensões generosas e isso é um ponto bastante positivo, mas a inexistência de um projeto é evidente. Os percursos não são claros, de modo que, sem a orientação de alguém que conheça a escola é quase impos-sível se localizar. Becos inutilizados e espaços ociosos também são frequentes por toda a extensão da instituição. Algumas atividades e espaços da Apae Florianópolis me chamaram a atenção. A quadra poliesportiva, a sala de dança, a casa funcional e as oficinas de mar-cenaria e panificação são atividades que não acontecem atualmente na Apae Garopaba, mas poderiam ser propostas, visto os grandes benefícios que trazem aos alunos.

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Espaço aberto destinado à Estimulação Essencial

Parquinho no pátio interno

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Biblioteca

Sala de SPE - TEA

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Quadra poliesportica coberta Pátio interno de uso coletivo Imagem 43 Imagem 44 Sala de dança Cozinha da oficina de panificação Imagem 46 Imagem 45

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Creche

HN

A Creche HN, projetada no ano de 2017 e localizada no Japão, é de autoria dos escritórios Hibinosekkei e Youji no Shiro. A mesma surge em meu trabalho como um referencial

arqui-tetônico. Dela retiro inspirações para a forma, conceito e materiais. O objetivo da creche é fazer com que os alunos tenham contato com a natureza durante

todo o dia, das mais variadas formas, acreditando que a exploração

espon-tânea do espaço pode ser uma ótima forma de desenvolver

a autonomia da criança e de criar

conheci-mentos.

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Biblioteca Parque

A Biblioteca Parque Estadual do Rio de Janeiro, localizada na Av. Presidente Vargas, no centro da cidade do Rio de Janeiro, faz parte da rede Bibliotecas Parque. Tal qual as demais, objetiva a consolida-ção da relaconsolida-ção entre educaconsolida-ção e cultura, criando espaços comunitá-rios de convívio, identidade e memória. Como o próprio nome sugere, seu programa oferece uma série de atividades e ambientes como: teatro, cinema, aulas de dança, salas multimídias e outros, além da convencional biblioteca, que conta com um acervo de mais de 200 mil livros. A ideia é promover o conhecimento partindo de múltiplas formas, usando da tecnologia e do lazer como meios de ampliação do repertório cultural.

A Biblioteca Parque aparece nesse caderno como um exemplo do conceito desejado para a biblioteca proposta em meu projeto, onde o objetivo é um espaço que propicie o aprendizado através do próprio meio, dos sentidos e da leitura, usando de diferentes mídias. Contudo, para além da própria biblioteca, o projeto em questão me incentiva ainda mais na proposta de uma integração efetiva com a comunida-de, através da disponibilização de parte da estrutura ao público em geral em horários alternativos aos da Apae.

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Diretriz es de Projeto

3 . 2

Para o desenvolvimento do projeto, tendo em vista todas as es-pecificidades já citadas de seus usuários e, consequentemente, dos espaços necessitados, adotaram-se alguns critérios para o lança-mento da proposta, conforme descrito abaixo:

Multissensorialidade:

- Setorização das atividades por níveis de estimulação, com zonas de baixo e alto estímulo e zonas de transição;

- Extensão dessas zonas para os pátios internos, explorando as sensações também através do contato com a natureza;

- Prever espaços de retiro, cobertos e ao ar livre, possibilitando um respiro para os alunos em momentos de estresse.

Flexibilidade:

- Layout: Possibilidade de integração dos ambientes internos e

externos, conforme a necessidade, bem como a possibilidade de

re-organização dos mobiliários para criação de novos ambientes;

- Mobiliários: Devem se adaptar aos mais distintos usuários, sem re-presentar uma barreira para os mesmos;

- Iluminação: Alguns ambientes podem requerer mais ou menos luz, dependendo das atividades que comportam e das condições climáti-cas do dia; por isso, as aberturas e a iluminação artificial devem pos-sibilitar os ajustes necessários às condições presentes.

Simplicidade, clareza e segurança:

- Previsibilidade espacial: tentar sempre prever áreas de transição entre espaços de níveis de estímulos diferentes, privados e públicos, internos e externos;

- Buscar por formas arquitetônicas simples e não monumentais, usando uma escala mais próxima à residencial, incitando a sensação de sentir-se em casa;

- Pensar as circulações de modo claro, evitando percursos labirínticos; - Buscar sempre utilizar mais de um tipo de sinalização, baseando-se no princípio dos dois sentidos;

- Atentar-se aos possíveis pontos de evasão dos alunos, buscando sempre por alternativas de fechamentos de eventuais passagens/ caminhos de saída.

Sustentabilidade e Conforto Ambiental: : - Reaproveitamento de água das chuvas; - Geração de energia com placas solares;

- Uso de materiais e técnicas construtivas renováveis;

- Máximo aproveitamento de iluminação e ventilação natural; - Uso de dimmers e controladores de intensidade;

- Uso de janelas altas ou zenitais para ambientes de introspecção; - Uso de materiais com bom desempenho térmico e acústico;

Não Institucionalização:

- Bloco casa: através do formato clássico das residências tradicionais, reforçar a sensação de sentir-se em casa;

- Usar vegetação dentro e fora do edifício;

- Usar abundantemente cores e texturas, dentro do que os aspectos sensoriais requisitarem.

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Programa de Necessidades

3 . 3

Considerando e assumindo o funcionamento atual da Escola Especial Renascer, proponho uma série de adições ao programa de necessidades da escola. O objetivo deste trabalho não é questionar os métodos utilizados pela instituição, e sim propor novas ideias junto de uma nova estrutura física que satisfaça a demanda, agregando à organização político-pedagógica já estabelecida.

Hoje a Apae tem um cronograma de atividades bastante fechado em si. O espaço físico é completamente isolado da rua e todas as atividades realizadas na escola se voltam para dentro. Desta forma, proponho novas atividades e espaços que possibilitem uma maior interação dos alunos com o meio ambiente, com a comunidade e também com o seu próprio corpo.

Conforme já citado, no item/capítulo 2.6, pretendo setorizar as ati-vidades da escola conforme seu nível de estímulo sensorial. A setori-zação, para os autistas, se mostra como uma estratégia muito eficaz para o entendimento do espaço construído. Através dela, o aluno tem mais facilidade de identificar quais atividades acontecerão em cada espaço e que tipo de comportamento é esperado dele. A estratégia nos permite, também, distanciar as atividades que geram maior ruído daquelas que exigem mais silêncio e requerem maior concentração dos alunos. Com isso, teremos três tipos de zonas: baixo estímulo, alto estímulo e transição.

As zonas de transição, como o próprio nome sugere, fazem a passagem entre as zonas de estímulos sensoriais diferentes, buscando preparar o aluno para uma mudança e servir como espaços de estar e convivência, estando, nesse projeto, sempre associadas à natureza, podendo ser áreas abertas ou fechadas.

A zona de baixo estímulo sensorial é destinada às atividades que exigem trabalho intelectual e uma maior concentração do aluno. É a região do projeto onde se busca mais silêncio e introspecção. Portanto, arquitetonicamente, serão espaços mais privativos e com o mínimo de distrações possíveis. Por fim, a zona de alto estímulo sensorial é aquela onde se trabalhará mais o corpo e a interação social com atividades que, naturalmente, geram mais ruído e podem ter maior contato visual e físico com o exterior.

As modalidades educacionais Serviço Pedagógico Especializa-do Ocupacional (SPEO) e Oficina Protegida Terapêutica (OPT) têm objetivos gerais muito similares: ambas buscam uma efetiva inclusão

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social dos alunos através do desenvolvimento da sua autonomia, dife-renciando-se pela faixa etária dos atendidos. Para tal, atualmente as modalidades têm desenvolvido atividades manuais, como confecção de artesanatos e reciclagens, por exemplo, que poderiam ser classi-ficadas na zona de baixo estímulo, visto que no desenvolvimento das tarefas manuais o restante do corpo permanece parado. Não descar-tando eficiência dessas, e com base nos estudos de caso, proponho a inclusão de novas atividades nessas duas modalidades, propiciando experiências que extrapolem os limites de uma sala padrão. São elas: dança, música, hortas, casa modelo, oficina de marcenaria, cozinha ex-perimental, quadra poliesportiva e cinema. Entretanto, com a adição dessas novas práticas, essa mesma modalidade passa a ter ativida-des tanto na zona de baixo estímulo quanto na de alto.

Com o objetivo de aproximar mais a Escola Especial Renascer da comunidade, proponho também que as práticas possam se expandir para o bairro. Hoje, os atendimentos e atividades são restritos às PCD e autistas, de modo que apenas quem é atendido ou trabalha na ins-tituição conhece o espaço físico interno da escola. Tal situação cria um certo mistério em torno da Apae, visto que grande parte da comuni-dade não entende que tipo de trabalho acontece lá dentro. Na nova sede busco um maior diálogo entre a escola e o bairro, sugerindo que algumas das novas atividades, anteriormente citadas, possam ser oferecidas também à comunidade, em horários alternativos aos da Apae. Além disso, outros serviços serão de uso compartilhado, como é o caso da biblioteca, do café e dos atendimentos médicos e psicos-sociais - fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia, neurologia e assistência social.

Por fim, optei ainda por mudar a localização do brechó da Apae, tendo sido essa uma decisão difícil, visto que atualmente o mesmo encontra-se no centro da cidade. Contudo, acredito que com as novas atividades propostas a instituição se tornará mais visada por toda a cidade, sendo o brechó mais um ponto de atração de pessoas. De modo geral, a nova sede da Apae de Garopaba pretende mostrar a escola à cidade, afim de desmistificar seu trabalho e agregar à vida social da mesma, oferecendo serviços e espaços de lazer e estar para todos.

Baixo Estímulo

Alto Estímulo

01 Sala - Fisioterapia

01 Sala - Terapia Ocupacional 01 Sala - PediaSuit

01 Sala - Ginástica Laboral 03 Salas -

Estimulação Essencial 01 Sala - SPE I

01 Sala de Dança

01 Quadra poliesportiva 01 Casa modelo e Cozinha 01 Sala - Música Cozinha Experimental Parquinho Hortas Oficina de marcenaria 02 Salas - SAEDE 03 Salas - SPE - TEA 01 Sala - SPEO 01 Sala - OPT 01 Sala - Cinema 02 Salas - Psicologia 01 Sala - Fonoaudiologia 01 Sala - Neurologia

01 Sala - Assistência social 01 Sala - Nutrição 01 Sala - Psiquiatria

Transição

Pátios Recepção Refeitório Biblioteca

Serviços e apoio

01 Sala - Direção pedagógica 01 Sala de professores Loja Café Cozinha Lavanderia Enfermaria Depósito Lixo Dispensa Garagem Banheiros

90

91

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Nova Demanda

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Com base nos dados do IBGE, constato que atualmente apenas 13,62% das PCDI habitantes em Garopaba são atendidas pela Apae. Referente às pessoas com TEA, não existem levantamentos nem mesmo em âmbito nacional, tampouco para as cidades. Segundo informações enviadas pela FCEE (Anexo 01 - Usuários Ativos SC - SERIENE - Setembro 2019), em setembro de 2019, a escola atendia 26 autistas. Cruzando dados obtidos de diversas fontes, coloco como objetivo um aumento de 70% em cima da atual demanda atendida pela Apae Garopaba, o que nos levaria a um total de 151 alunos, sendo 88 com deficiências intelectuais e/ou múltiplas, 44 com TEA e 18 ainda sem diagnóstico (0-3 anos) (conforme Apêndices 01 e 02 – Levantamento de dados e Projeção de demanda para a nova Apae - Garopaba/SC), calculando-se um aumento proporcional aos números atuais.

Com essa estimativa, fez-se uma pré-distribuição desses alunos dentro das atividades propostas (novas e antigas), para obtenção de um norte na quantificação e dimensionamento das salas (vide Apêndices 03 e 04 – Pré-quantificação e Pré-distribuição das turmas/ atividades para a nova demanda). Essa pré-distribuição também permitiu visualizar eventuais momentos ociosos das salas, possibili-tando o acréscimo de algumas turmas em salas que ficariam livres, ampliando também a quantidade de vagas para determinadas defi-ciências/idades, conforme consta nas tabelas já citadas, aumentan-do assim, isoladamente, 05 vagas para SAEDE (geral), 03 vagas para SPE I (pessoas com deficiência intelectual severa) e ainda 12 para SPE – TEA (sendo 06 para autistas entre 4 e 6 anos e 06 entre 7 e 16), to-talizando 20 novas vagas, além da demanda objetivada.

Assim sendo, consegue-se abranger uma nova demanda total de 171 alunos, tendo um aumento total final de 92% sobre o número de alunos atualmente atendidos pela Escola Renascer (conforme Apêndice 05 – Demanda Final Estimada para Nova Apae Garopaba/ SC). Logicamente, todos esses números são estimativas e deveriam ser revistos pela estrutura pedagógica da escola a partir da sua maior experiência e entendimento na organização dos alunos e das turmas. O foco aqui é entender e obter uma base de demanda espacial para o pré-lançamento do projeto e a escolha de uma nova localidade para a escola, tendo consciência que o objetivo é trazer benefícios quali-tativos e também quantiquali-tativos para as pessoas com deficiência da cidade de Garopaba.

Referências

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