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ESTIMATIVAS DO SETOR EXTERNO NO SUPOSTO DE SUPERÁVIT COMERCIAL CRESCENTE

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RESCENTE

Estimativas das Contas Externas – Cenário de Saldo Comercial Crescente e

Financiamento Externo Relativamente “Apertado”... 2

O Balanço do Ativo/Passivo Externo e o Balanço do Comércio e Serviços ... 4

As Contas de Ativo/Passivo Externo nas Crises de 1999 e 2002 ... 5

Como Neutralizar as Crises do Balanço do Ativo/Passivo Externo ... 11

Observações Finais ... 14

Corrente de Comércio ... 14

A Relação Custos e Amortização do Passivo Externo/Exportações... 15

A Dependência dos Recursos do FMI ... 16

O Superávit Externo Primário... 17

A Trajetória do Passivo Externo ... 17

Comparação Internacional ... 19

(2)

A dependência externa brasileira está ainda presente e só poderá ser reduzida de forma paulatina após um certo período de tempo. Ela reside em um volumoso passivo externo (a soma da dívida externa e do estoque de investimentos diretos estrangeiros) acumulado entre 1994/98 que atualmente soma US$ 380 bilhões. Os valores do custo e amortização desse passivo são elevados (US$ 52,7 bilhões em 2002) e deverão se repetir nos próximos anos. É isso o que nos leva a sublinhar que a dependência externa estará intacta se não forem

executadas as políticas de prosseguimento do ajuste externo.

As crises externas que afetaram tão fortemente a economia brasileira nos últimos anos ocorreram quando a contração dos fluxos de capitais deixaram a descoberto o financiamento desses elevados valores, o que significa dizer que a raiz dos constrangimentos externos da economia está, dado o elevado serviço do passivo externo, nos fluxos instáveis de capital estrangeiro

O maior saldo comercial alcançado em 2002 amorteceu o impacto do custo do passivo externo, sem contudo neutralizar a crise causada por uma nova e profunda contração dos fluxos de capitais.

A comparação internacional mostra que o que faz a diferença entre o Brasil e outros países emergentes - Chile, Coréia, Índia, México e Rússia - é o custo do passivo externo. Os dados revelam que as despesas com rendas (juros e lucros e dividendos) são muito maiores no caso brasileiro do que em qualquer dos demais países analisados. O que os dados mostram também é que se o Brasil apresentasse um nível de custo do passivo externo semelhante ao desses pasíses, seu ajuste externo poderia ser considerado como concluído, bastando a consolidação do ajuste promovido em 2002. O balanço do comércio e serviços brasileiro já é comparável ao de outros países.

As estimativas do IEDI indicam que o país necessitará ampliar ainda mais o saldo do comércio, o que tem como condições o aumento da competitividade empresarial e uma mudança radical na forma como os governos encararam o setor externo brasileiro e as exportações nos últimos 15 anos.

Essa mudança implica na execução de políticas regulares e explícitas de apoio à exportação, envolvendo a preservação da rentabilidade a longo prazo da exportação (câmbio), estímulo e crédito para o financiamento dos investimentos voltados à exportação e substituição de importações, ampliação do crédito para o capital de giro e vendas no mercado externo, desoneração tributária (incluindo o ICMS) etc.

(3)

Estimativas das Contas Externas – Cenário de Saldo Comercial Crescente e Financiamento Externo Relativamente “Apertado”

Os números abaixo não são projeções do IEDI para as contas externas brasileiras, mas, sim, estimativas de resultados do setor externo para o período 2002/2005, tomando-se como suposto que o país seja capaz de consolidar e ampliar o ajuste das contas externas de 2002. Isso pressupõe a geração de saldos comerciais crescentes a médio e longo prazo, o que tem como condições o aumento da competitividade empresarial e uma mudança radical na forma como os governos encararam o setor externo brasileiro e as exportações nos últimos 15 anos.

O que se requer é a execução de políticas regulares e explícitas de promoção da competitividade e apoio à exportação, no primeiro caso, através de políticas industriais; no segundo, mediante a preservação da rentabilidade a longo prazo da exportação (câmbio), ações para ampliação do acesso dos produtos brasileiros a mercados externos, estímulo e crédito para investimentos voltados à exportação, substituição de importações e internacionalização da empresa brasileira, ampliação do crédito para o capital de giro e vendas no mercado externo, desoneração tributária (incluindo o ICMS) etc.

Essas políticas podem viabilizar um crescimento médio das exportações de 8% ao ano e, mesmo diante de um crescimento das importações de 5% ao ano, aumentar o superávit comercial de US$ 12,5 bilhões em 2002 para US$ 20 bilhões em 2005.

É suposto que as condições do financiamento externo permaneçam relativamente “apertadas”, embora em menor escala com relação ao segundo semestre de 2002. Isto se reflete em valores para investimento direto estrangeiro e de desembolsos de médio e longo prazos (novos financiamentos de médio e longo prazo) relativamente baixos. A taxa de rolagem suposta para 2002 é de 65% (98,5% em 2001) e de 70% para 2003/2005, refletindo esse relativo aperto do financiamento externo.

Dadas essas condições e preenchidos os requisitos assinalados, duas conclusões importantes sobressaem das estimativas apresentadas no quadro a seguir:

 O Brasil dará seguimento ao ajuste externo. A relação déficit em transações correntes/PIB, que foi reduzida pela metade em 2002, terá continuidade e alcançará níveis baixos no final do período.

 Ainda assim, em 2003, o país necessitará dos recursos já negociados com o FMI (US$ 24 bilhões) e provavelmente precisará renegociar em 2004 os vencimentos desse e de empréstimos anteriores do Fundo, em valor estimado de US$ 11 bilhões (ver a linha “fontes adicionais” do quadro abaixo).

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Usos -56,6 -58,4 -40,3 -37,7 -41,4 -34,5

Transações correntes -24,7 -23,2 -10,3 -9,7 -7,0 -3,9

Balança comercial -0,7 2,6 12,5 14,5 17,0 20,5

Serviços e rendas -25,5 -27,5 -25,0 -25,9 -25,7 -26,1

Transferências unilaterais correntes 1,5 1,6 2,2 1,7 1,7 1,7

Amortizações de médio e longo prazos -32,0 -35,2 -30,0 -28,0 -34,4 -30,6

Fontes 56,6 58,4 40,3 37,7 41,4 34,5

Investimentos estrangeiros diretos 32,8 22,5 15,0 15,0 18,0 20,0

Investimento em carteira 2,8 2,2 1,0 1,0 1,0 1,0

Desembolsos de médio e longo prazos 37,3 34,6 19,5 19,6 24,1 21,5

Ativos bras. no ext. e demais contas -8,4 -4,3 -9,0 -3,0 0,0 0,0

Empréstimos ao Banco Central -10,4 6,6 11,4 12,5 -10,7 -2,1

Fontes Adic. - Reneg., Novos Rec. FMI, Ag. Internac. 0,0 0,0 0,0 0,0 11,0 0,0

Ativos de Reserva 2,3 -3,3 2,4 -7,4 -1,9 -5,8

Memo:

Transações correntes/PIB (%) (4,2) (4,6) (2,1) (1,9) (1,3) (0,7) Transações correntes/Exportações (%) (44,8) (39,9) (17,0) (14,9) (10,1) (5,2) Rolagem - Desemb./ Amort. (%) 116,7 98,5 65,0 70,0 70,0 70,0

Fonte: Banco Central.

Notas:1 Projeção. 2

Projeções com base em saldos comerciais crescentes.

2000 2001 2003 2

Usos e Fontes de Recursos - US$ Bilhões (Principais Contas)

2004 2 2005 2 2002 1

O que é importante enfatizar é a necessidade de consolidação e ampliação do ajuste externo de 2002. Esse ajuste foi obtido “a ferro e fogo” – apoiado em uma super-depreciação da moeda, na estagnação da economia e em grave retração de algus setores muito demendantes de importações (indústria eletrônica e equipamentos de telecomunicações são exemplos) - e não pode ser considerado senão como um ajuste provisório.

De fato, apenas 7 segmentos de bens intermediários e bens de capital (autopeças, equipamentos eletrônicos, material elétrico, bens intermediários para a fabricação e manutenção de máquinas e equipamentos e produtos metalúrgicos não-ferrosos) e bens de consumo (automóveis) respondem por quase 70% da queda de importações no período janeiro/setembro de 2002, este o destacado fator que explica o ajuste externo ocorrido nesse ano. Nesses segmentos, não há evidência de que venha ocorrendo ou que está prestes a ocorrer uma generalizada substituição de importações, como um recente trabalho do IEDI mostrou (Ver As Importações no Período 1995/2002, disponível no site IEDI, www,iedi.org.br). Estimular essa substituição e promover a exportação, são, por isso, fundamentais.

A outra consideração relevante é que nem mesmo um grande esforço de continuidade do ajuste assegurará nos próximos dois anos uma situação folgada para o setor externo se persistir o relativo “aperto” suposto para o financiamento externo .

A razão disso é que a dependência externa brasileira está ainda intacta e só poderá ser reduzida de forma paulatina após um certo período de tempo. Ela reside em um volumoso passivo externo (formado pela dívida externa e pelo estoque de investimentos estrangeiros no país) acumulado entre 1994/98 e que soma atualmente US$ 380 bilhões. Esse passivo é causa de elevados desembolsos de juros, lucros e amortizações de financiamentos, os quais são pouco sensíveis às variações cambiais.

As crises externas que afetaram tão fortemente a economia brasileira nos últimos anos foram determinadas pelo encolhimento dos fluxos de capitais necessários para financiar esses elevados encargos.

(5)

O Balanço do Ativo/Passivo Externo e o Balanço do Comércio e Serviços

Vamos organizar as contas correntes externas brasileiras de uma certa maneira para evidenciar os desembolsos de juros, lucros e amortizações e os fluxos de capitais relativos ao passivo externo. Devemos considerar que os brasileiros têm ativos (investimentos, empréstimos, aplicações e ativos de reservas) no exterior com a correspondente contrapartida de rendimentos de juros e lucros e fluxo positivo de amortizações. Adotaremos os seguintes conceitos:

 “Custo e amortização líquido do ativo/passivo externo”. É o resultado das despesas com rendas (juros e lucros) e amortização dos passivos externos e das receitas de rendas (juros e lucros) e amortização dos ativos externos.

 “Fluxo de capitais”. É o resultado das entradas de empréstimos, financiamentos e investimentos de curto e de médio e longo prazo (“fluxo de capitais estrangeiros”) e saídas (“fluxos de capitais brasileiros”).

 “Balanço do ativo/passivo externo”. Resulta do confronto das duas contas acima; mede o quanto do custo e amortização líquido do ativo/passivo externo é financiado pelos fluxos de capitais para o Brasil.

 “Balanço do comércio e serviços”. Reúne as contas de comércio (saldo comercial) e serviços (receitas ou gastos líquidos com viagens, transportes, seguros etc).

 “Saldo/déficit de recursos”. É o resultado dos dois “balanços” acima. Desse saldo, deduzidas outras contas como transferências unilaterais e demais contas, resulta o aumento ou redução das reservas ou a necessidade do país recorrer ao socorro financeiro do FMI e outras fontes.

As contas externas brasileiras, bem como as projeções para o período 2003/05, organizadas segundo os critérios acima, são apresentadas a seguir.

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 1 Custo e amortização do passivo externo 24,6 30,4 45,1 52,4 68,1 53,3 58,0 52,7 51,4 56,1 51,7

2 Rec. e amortiz. do ativo externo 3,9 5,5 5,8 5,5 4,4 4,0 4,4 4,2 5,0 5,0 5,0

3=1+2 Custo e amortiz.líq. do ativo/passivo externo 20,7 25,0 39,3 46,9 63,6 49,3 53,6 48,5 46,4 51,1 46,7

4 Fluxos de capitais estrangeiros 43,3 57,8 52,6 65,2 65,2 68,4 61,5 35,5 35,6 45,1 44,5

5 Fluxos de capitais brasileiros -4,9 -10,8 -2,7 -16,7 -7,4 -8,1 -7,6 -10,5 -4,5 -4,5 -4,5

6=4+5 Fluxos de capitais 38,3 47,0 49,9 48,6 57,9 60,2 53,9 25,0 31,1 40,6 40,0

7=4-1 Balanço do passivo externo 18,7 27,4 7,6 12,8 -2,8 15,1 3,5 -17,2 -15,8 -11,1 -7,3

8=5-2 Balanço do ativo externo -1,0 -5,4 3,1 -11,1 -2,9 -4,2 -3,2 -6,3 0,5 0,5 0,5

9=6-3 Balanço do ativo/passivo externo 17,7 22,1 10,7 1,7 -5,7 10,9 0,3 -23,5 -15,3 -10,6 -6,8

10 Saldo comercial -3,5 -5,6 -6,8 -6,6 -1,2 -0,7 2,6 12,5 14,5 17,0 20,5

11 Saldo serviços -7,6 -8,7 -10,6 -10,0 -6,8 -7,1 -7,7 -5,0 -6,0 -7,5 -8,5

12=10+11 Balanço do comércio e serviços -11,1 -14,3 -17,3 -16,6 -8,0 -7,8 -5,0 7,5 8,5 9,5 12,0

13=9+12 Saldo/déficit de recursos 6,5 7,7 -6,7 -14,8 -13,8 3,1 -4,7 -16,0 -6,8 -1,1 5,2

14 Emp. ao BCB - FMI e outros (líq.) -0,2 -0,4 -0,2 8,9 2,8 -10,4 6,6 11,4 12,5 -10,7 -2,1

15=13+14 Saldo/déficit de recursos c/ FMI 6,3 7,3 -6,8 -5,9 -11,0 -7,3 1,9 -4,6 5,7 -11,8 3,1

16 Transferências unilaterais 3,6 2,4 1,8 1,5 1,7 1,5 1,6 2,2 1,7 1,7 1,7

17 Demais contas 3,0 -1,1 -2,9 -3,5 1,5 3,5 -0,3 0,0 0,0 12,0 1,0

18 Ativos de reserva -12,9 -8,7 7,9 8,0 7,8 2,3 -3,3 2,4 -7,4 -1,9 -5,8 Transações correntes -18,4 -23,5 -30,5 -33,4 -25,3 -24,2 -23,2 -10,3 -9,7 -7,0 -3,9 Trans. correntes primário -10,4 -14,7 -21,0 -22,0 -10,5 -9,6 -8,3 4,2 5,2 5,2 7,7 Balança comercial -3,4 -5,6 -6,7 -6,6 -1,3 -0,7 2,6 12,5 14,5 17,0 20,5 Serviços e rendas, exc. Juros -10,6 -11,6 -16,0 -16,9 -10,9 -10,4 -12,6 -10,5 -11,0 -13,5 -14,5 Transferências unilaterais 3,6 2,4 1,8 1,5 1,7 1,5 1,6 2,2 1,7 1,7 1,7 Juros -7,9 -8,8 -9,5 -11,4 -14,9 -14,6 -14,9 -14,5 -14,9 -12,2 -11,6

Fonte: Banco Central (até 2001); estimativas (2002-2005).

(6)

As Contas de Ativo/Passivo Externo nas Crises de 1999 e 2002

Os gráficos a seguir1 mostram para o período dez/95-out/2002 o comportamento dos

principais itens das contas externas, destacando-se:

 O grande aumento do custo e amortização do passivo externo até 1999 e, após um ligeiro recuo, a manutenção de elevados valores para esse item até o presente. Esses elevados valores devem se repetir no futuro. Entre 2003 e 2005, oscilarão entre US$ 51 bilhões e US$ 56 bilhões. É isso o que nos leva a sublinhar que a dependência externa estará presente se não forem executadas as políticas de prosseguimento do ajuste externo.

 As variações dos fluxos de capitais estrangeiros determinaram as variações dos fluxos de capitais. Uma forte contração desses fluxos ocorreu entre julho de 1998 e julho de 1999. Uma outra rodada de retração iniciou-se em junho de 2001 e ainda transcorre até o presente. A primeira, levou à crise brasileira de 1999 e a segunda à crise de 2002.

 Os fluxos de capitais brasileiros para o exterior elevaram-se substancialmente em meados de 1998, sugerindo a ocorrência de “fuga de capital”. Isso agravou os efeitos da retração do fluxo de capitais estrangeiros. No período mais recente, as variações dos fluxos de capitais brasileiros foram muito menos intensas, acentuando-se a partir de meados de 2002.

Custo, Receita e Amortização do Passivo/Ativo Externo - US$ Bilhões Valores Acumulados em 12 meses

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 de z/9 5 ma r/9 6 jun/9 6 set/ 9 6 de z/9 6 ma r/9 7 jun/9 7 set/ 9 7 de z/9 7 ma r/9 8 jun/9 8 set/ 9 8 de z/9 8 ma r/9 9 jun/9 9 set/ 9 9 de z/9 9 ma r/0 0 jun/0 0 set/ 0 0 de z/0 0 ma r/0 1 jun/0 1 set/ 0 1 de z/0 1 ma r/0 2 jun/0 2 set/ 0 2

Custo e amortização do passivo externo Rec. e amortiz. do ativo externo Custo e amortiz.líq. do ativo/passivo externo

1

(7)

Fluxos de Capitais - US$ Bilhões - Valores Acumulados em 12 meses - 20 - 10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 de z /9 5 ma r/ 9 6 jun/ 9 6 set /96 de z /9 6 ma r/ 9 7 jun/ 9 7 set /97 de z /9 7 ma r/ 9 8 jun/ 9 8 set /98 de z /9 8 ma r/ 9 9 jun/ 9 9 set /99 de z /9 9 ma r/ 0 0 jun/ 0 0 set /00 de z /0 0 ma r/ 0 1 jun/ 0 1 set /01 de z /0 1 ma r/ 0 2 jun/ 0 2 set /02

Fluxos de capitais estrangeiros Fluxos de capitais brasileiros Fluxos de capitais

A análise dos novos desembolsos de empréstimos e financiamentos externos (que, juntamente com os investimentos diretos, são os principais itens dos fluxos de capitais estrangeiros) revela diferenças marcantes entre os períodos 1998/99 e 2001/2002.

Em 1998/99, modalidades de financiamento como empréstimos e crédito de fornecedores de médio e longo prazo declinaram, mas foram “notes e commercial papers” e crédito de fornecedores e empréstimos de curto prazo os itens que mais influenciaram na contração dos fluxos de capitais estrangeiros. Note-se que as entradas de recursos pela colocação de bônus não sofreu variação significativa na crise de 1999.

A grande influência do crédito de curto prazo na retração geral dos capitais estrangeiros para o Brasil em 1998/99 deu a (falsa) impressão de que a dependência externa brasileira derivava do volume excessivo do crédito de curto prazo e que seria solucionada pela menor dependência desses recursos de financiamento externo da economia. Não se discute que é melhor não depender ou depender menos de financiamentos de curto prazo. O que cabe observar, no entanto, é que essa dependência diminuiu nos anos seguintes sem que isso evitasse a ocorrência de nova crise externa em 2002.

Na crise atual, modalidades de financiamento como crédito de fornecedores/empréstimos de curto prazo e crédito de fornecedores de médio e longo prazo acusaram retração, mas não tanto como bônus, “notes e commercial papers” e empréstimos diretos, que sofreram um verdadeiro colapso.

(8)

Desembolsos de Empréstimos e Financiamentos - US$ Bilhões Valores Acumulados em 12 meses

-20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 de z/9 5 ma r/9 6 jun/9 6 set/ 9 6 de z/9 6 ma r/9 7 jun/9 7 set/ 9 7 de z/9 7 ma r/9 8 jun/9 8 set/ 9 8 de z/9 8 ma r/9 9 jun/9 9 set/ 9 9 de z/9 9 ma r/0 0 jun/0 0 set/ 0 0 de z/0 0 ma r/0 1 jun/0 1 set/ 0 1 de z/0 1 ma r/0 2 jun/0 2 set/ 0 2

Bônus Notes e com. papers Crédito de fornecedores Empréstimos Créd. fornec. e emp. - curto prazo (líq.)

Desagregação dos Desembolsos de Empréstimos - US$ Bilhões Valores Acumulados em 12 meses

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 de z/9 5 ma r/9 6 jun/9 6 set/ 9 6 de z/9 6 ma r/9 7 jun/9 7 set/ 9 7 de z/9 7 ma r/9 8 jun/9 8 set/ 9 8 de z/9 8 ma r/9 9 jun/9 9 set/ 9 9 de z/9 9 ma r/0 0 jun/0 0 set/ 0 0 de z/0 0 ma r/0 1 jun/0 1 set/ 0 1 de z/0 1 ma r/0 2 jun/0 2 set/ 0 2

(9)

Essas características da contração dos fluxos de capitais estrangeiros no período mais recente sugerem que na crise atual a situação financeira das empresas brasileiras endividadas em moeda estrangeira é mais difícil do que na crise de 1999, já que além do aumento da taxa de juros e do encarecimento em reais do serviço da dívida devido à desvalorização da moeda (fatores que se apresentaram em 2002, como em 1999), parece maior a dificuldade de renovação dos vencimentos motivada pelo virtual fechamento dos mercados de financiamento empresarial externo.

Na crise de 1999 e na de 2002, o colapso da entrada de recursos na forma de empréstimos somente não foi maior em razão da regularidade apresentada pelos empréstimos de agências governamentais e organismos internacionais. Em momentos de crise, essas fontes, juntamente com o FMI, constituem de fato linhas de última instância de recursos que amortecem o impacto das variações dos fluxos de capitais provenientes de outras fontes.

O gráfico abaixo, que registra os valores de desembolsos menos amortizações, ilustra a grave contração do financiamento externo líquido nas duas crises. A rolagem dos vencimentos das dívidas tem sido negativa ao longo de 2002 (o foram também em 1999), com exceção de bônus devido à emissão de títulos da República do Brasil no primeiro semestre do ano.

Desembolsos Menos Amortização de Empréstimos de Médio e Longo Prazo US$ Bilhões - Valores Acumulados em 12 meses

-12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 de z/9 5 ma r/9 6 jun/9 6 set/ 9 6 de z/9 6 ma r/9 7 jun/9 7 set/ 9 7 de z/9 7 ma r/9 8 jun/9 8 set/ 9 8 de z/9 8 ma r/9 9 jun/9 9 set/ 9 9 de z/9 9 ma r/0 0 jun/0 0 set/ 0 0 de z/0 0 ma r/0 1 jun/0 1 set/ 0 1 de z/0 1 ma r/0 2 jun/0 2 set/ 0 2

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Excluindo os bônus da República, os desembolsos líquidos das amortizações foram negativos em US$ 5,8 bilhões no período jan-out/2002 contra um valor negativo de US$ 1,3 bilhões no mesmo período de 2001 (ver o gráfico abalixo).

A rolagem de empréstimos de instituições financeiras e serviços como telecomunicações e energia elétrica foi particularmente afetada na crise de 2002. A retração líquida das novas colocações de bônus de empresas do setor industrial (US$ 733 milhões) acompanhou de forma mais acentuada uma queda que iniciada em 2001 (US$ 567 milhões).

Do lado dos investimentos, em 2001/02 vem ocorrendo uma retração dos investimentos diretos e em carteira, porém, nesse último caso, a redução foi muito mais sensível na crise de 1999. No caso do IDE, o recuo no período mais recente (desde junho de 2001) tem sido mais prolongado e intenso do que fora na crise anterior (em parte, a explicação está no fim das privatizações). Não se discute a qualidade superior do financiamento externo pela via do investimento direto comparativamente ao financiamento por meio de novas dívidas, mas aqui também cabe o registro de que as variações do IDE podem ser sensíveis em determinadas conjunturas e concorrer para agravar uma crise de financiamento.

Colocações Menos Amortizações de Títulos Brasileiros de Médio e Longo Prazos Exclui Bônus da República - (Valores Superiores a US$ 1 Milhão)

-567 -761 126 -5.821 -733 -5.070 -3.388 -993 -395 633 -1.168 -1.256 -7.000 -6.000 -5.000 -4.000 -3.000 -2.000 -1.000 0 1.000

Total Indústria Serviços Intermediação financeira Correio e telecomunicações Eletricidade, gás e água quente jan-out/2001 jan-out/2002

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Investimentos Estrangeiros - US$ Bilhões - Valores Acumulados em 12 meses -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 de z/9 5 ma r/9 6 jun/9 6 set/ 9 6 de z/9 6 ma r/9 7 jun/9 7 set/ 9 7 de z/9 7 ma r/9 8 jun/9 8 set/ 9 8 de z/9 8 ma r/9 9 jun/9 9 set/ 9 9 de z/9 9 ma r/0 0 jun/0 0 set/ 0 0 de z/0 0 ma r/0 1 jun/0 1 set/ 0 1 de z/0 1 ma r/0 2 jun/0 2 set/ 0 2

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Como Neutralizar as Crises do Balanço do Ativo/Passivo Externo

Como mostra o gráfico a seguir, foi a contração dos fluxos de capitais em 1998/99 e em 2001/2002, a causa das crises de 1999 e 2002. Essas crises ocorreram quando a retração desses fluxos deixaram a descoberto o financiamento do elevado serviço do passivo externo líquido, gerando valores negativos para o balanço do ativo/passivo externo.

Um outra observação a ser destacada é que a contração dos fluxos de capitais que levou às crises foram “anunciadas” com um ano de antecedência – a redução do fluxo líquido de capitais em 1998 e em 2001.

O gráfico seguinte mostra que as oscilações do saldo/déficit de recursos externos vem sendo inteiramente determinados pelo balanço do ativo/passivo externo. Isso significa dizer que a raiz dos constrangimentos externos da economia está, dado o elevado serviço do ativo/passivo externo, nos fluxos instáveis de capital estrangeiro

Balanço do Ativo/Passivo Externo - US$ Bilhões Valores Acumulados em 12 meses

-40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 de z/9 5 ma r/9 6 jun/9 6 set/ 9 6 de z/9 6 ma r/9 7 jun/9 7 set/ 9 7 de z/9 7 ma r/9 8 jun/9 8 set/ 9 8 de z/9 8 ma r/9 9 jun/9 9 set/ 9 9 de z/9 9 ma r/0 0 jun/0 0 set/ 0 0 de z/0 0 ma r/0 1 jun/0 1 set/ 0 1 de z/0 1 ma r/0 2 jun/0 2 set/ 0 2

Custo e Amortiz. Líq. do Ativo/Passivo Externo Fluxos de Capitais Balanço do Ativo/Passivo Externo

Quanto ao balanço de comércio e serviços, sua análise de desdobra em três momentos. Entre 1995 e 1998, quando os valores negativos (déficit) da conta eram crescentes, ela concorria para ampliar o déficit global de recursos e potencializava os efeitos da instabilidade dos fluxos de capitais. Seus menores valores negativos após a mudança da política cambial em 1999 reduziram esses efeitos, sem, contudo, neutralizá-los. Desde julho de 2002, quando (pela primeira vez desde 1995) a conta passa a registrar valores positivos (acumulados em doze meses), o saldo em comércio e serviços contribuiu para reduzir o desequilíbrio na conta do balanço do ativo/passivo externo.

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Essa contribuição é ainda modesta, tanto que o impacto do grande aumento do resultado negativo do balanço do ativo/passivo externo em 2002, não foi neutralizado pelo resultado positivo do comércio e serviços, de modo que uma nova crise apresentou-se. Mas a mudança que vem ocorrendo é digna de registro e, dependendo da execução das políticas, poderá ter prosseguimento nos próximos anos. O objetivo deve ser ampliar o saldo do comércio e serviços de forma que este, mais do que amortecer, possa neutralizar os desequilíbrios potenciais do balanço do ativo/passivo externo.

Balanço do Ativo/Passivo Externo, do Comércio e Serviços e

Saldo/Déficit de Recursos - US$ Bilhões - Valores Acumulados em 12 meses

-60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 de z/9 5 ma r/9 6 jun/9 6 set/ 9 6 de z/9 6 ma r/9 7 jun/9 7 set/ 9 7 de z/9 7 ma r/9 8 jun/9 8 set/ 9 8 de z/9 8 ma r/9 9 jun/9 9 set/ 9 9 de z/9 9 ma r/0 0 jun/0 0 set/ 0 0 de z/0 0 ma r/0 1 jun/0 1 set/ 0 1 de z/0 1 ma r/0 2 jun/0 2 set/ 0 2

Balanço do Ativo/Passivo Externo Balanço do Comércio e Serviços Saldo/Déficit de Recursos

Convém observar que esses desequilíbrios do balanço do ativo/passivo externo poderão ocorrer durante um prolongado período de tempo, já que dos seus dois componentes, um, o custo e amortização em termos líquidos do passivo externo, como foi observado, permanecerá elevado e relativamente fixo (passou a ser um “custo fixo” para a economia), enquanto o outro, o fluxo de capitais, provavelmente manterá, como nos últimos anos, a característica da instabilidade.

A situação não é diferente de qualquer empresa que se depara com inevitáveis custos fixos elevados e com fontes instáveis de financiamento e que, por isso, procura aumentar a produção visando diluir os custos fixos e reduzir a dependência de financiamento pela maior geração de saldos operacionais. No caso do país, aumentar a produção significa elevar suas exportações; gerar maiores saldos operacionais significa ampliar o resultado de comércio e serviços.

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Como somente o prosseguimento do ajuste externo mediante o aumento do saldo do comércio e serviços levará à neutralização do impacto das oscilações do balanço do ativo/passivo externo que vêm sendo a causa das crises na economia brasileira, foi elaborado o cenário de superávits comerciais crescentes. Como já foi observado, o suposto é que políticas adequadas tornem possível obter no próximo triênio um crescimento médio em torno a 8% para as exportações. Um crescimento como esse para as exportações parece difícil de ser alcançado no contexto atual da economia e do comércio mundial, mas de forma alguma constitui uma meta inatingível. Dado um crescimento das importações próximo a 5%, o avanço das exportações permitirá a geração de saldos comerciais de US$ 14,5 bilhões, US$ 17 bilhões e US$ 20,5 bilhões em 2003/2005

Isso elevará o saldo de comércio e serviços para US$ 8,5 bilhões, US$ 9,5 bilhões e US$ 12 bilhões nesses mesmos anos (- US$ 5 bilhões em 2001 e US$ 7,5 bilhões projetados para 2002), enquanto o resultado projetado para o balanço do ativo/passivo externo é de - US$ 15,3 bilhões, - US$ 10,6 bilhões e - US$ 6,8 bilhões, respectivamente em 2003, 2004 e 2005 (- US$ 23,5 bilhões projetados para 2002).

O gráfico abaixo ilustra o resultado dessas projeções, as quais, como convém lembrar pressupõem ainda um relativo “aperto” do financiamento externo.

Balanço do Ativo/Passivo Externo, do Comércio e Serviços e Saldo/Déficit de Recursos - US$ Bilhões

-25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Balanço do Ativo/Passivo Externo Balanço do Comércio e Serviços Saldo/Déficit de Recursos

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Observações Finais

A seguir, algumas observações sobre as estimativas feitas para o período 2003/2005.

Corrente de Comércio

A evolução do comércio exterior nas bases supostas não apenas ensejará melhores resultados comerciais como promoverá o crescimento da corrente de comércio (a soma das exportações e importações). Esta vem declinando desde 1997, particularmente devido à redução das importações que atualmente são 20% inferiores aos valores desse ano. O gráfico a seguir detalha a evolução ocorrida e projetada da corrente de comércio brasileira.

Balança Comercial - US$ Bilhões

-10 10 30 50 70 90 110 130 Exportações 46,5 47,7 53,0 51,1 48,0 55,1 58,2 60,5 65,0 70,0 75,5 Importações 49,9 53,3 59,7 57,7 49,3 55,8 55,6 48,0 50,5 53,0 55,0 Saldo comercial -3,4 -5,6 -6,7 -6,6 -1,3 -0,7 2,6 12,5 14,5 17,0 20,5 Corrente de com. (Exp+Imp) 96,4 101,0 112,7 108,8 97,3 110,9 113,8 108,5 115,5 123,0 130,5

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A Relação Custos e Amortização do Passivo Externo/Exportações

O crescimento das exportações nas bases supostas (aproximadamente 8% ao ano) permitirá diluir os montantes estimados dos custos e amortização do passivo externo.

Dado o baixo valor das exportações brasileiras, o serviço do passivo externo tem sido excessivamente alto como percentual das vendas externas do país. Representava 102% das exportações em 1998 e, mesmo após a mudança da política cambial, alcançou 99,6% em 2001 (87,1% em 2002). Com o crescimento projetado para as exportações entre 2003 e 2005, a relação alcançará no fim do período 68%, um nível que ainda pode ser considerado excessivo. Lembrando que os custos e amortização do passivo externo são relativamente incomprimíveis em valores absolutos, essa é uma outra forma de dizer que se faz necessário promover as exportações brasileiras.

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 1 Custo e amortização do passivo externo 52,9 63,7 85,0 102,5 141,8 96,8 99,6 87,1 79,0 80,2 68,5

2 Rec. e amortiz. do ativo externo 8,4 11,4 10,9 10,9 9,2 7,2 7,6 6,9 7,7 7,1 6,6

3=1+2 Custo e amortiz.líq. do ativo/passivo externo 44,5 52,3 74,1 91,7 132,5 89,6 92,0 80,2 71,3 73,1 61,9

4 Fluxos de capitais estrangeiros 93,1 121,2 99,3 127,7 135,9 124,1 105,6 58,7 54,8 64,4 58,9

5 Fluxos de capitais brasileiros -10,6 -22,6 -5,1 -32,6 -15,4 -14,8 -13,0 -17,4 -6,9 -6,4 -6,0

6=4+5 Fluxos de capitais 82,5 98,6 94,2 95,1 120,6 109,3 92,6 41,3 47,8 58,0 52,9

7=4-1 Balanço do passivo externo 40,2 57,5 14,3 25,1 -5,8 27,3 6,0 -28,4 -24,2 -15,8 -9,6

8=5-2 Balanço do ativo externo -2,2 -11,2 5,8 -21,7 -6,1 -7,6 -5,4 -10,4 0,8 0,7 0,7

9=6-3 Balanço do ativo/passivo externo 38,0 46,3 20,1 3,4 -11,9 19,8 0,5 -38,8 -23,5 -15,1 -9,0

10 Saldo comercial -7,5 -11,7 -12,7 -12,9 -2,5 -1,3 4,5 20,7 22,3 24,3 27,2

11 Saldo serviços -16,4 -18,3 -20,0 -19,6 -14,2 -12,9 -13,1 -8,3 -9,2 -10,7 -11,3

12=10+11 Balanço do comércio e serviços -23,9 -30,1 -32,7 -32,5 -16,7 -14,1 -8,6 12,4 13,1 13,6 15,9

13=9+12 Saldo/déficit de recursos 14,1 16,2 -12,6 -29,0 -28,7 5,7 -8,1 -26,4 -10,4 -1,5 6,9

14 Emp. ao BCB - FMI e outros (líq.) -0,5 -0,8 -0,3 17,5 5,8 -18,9 11,4 18,9 19,2 -15,3 -2,8

15=13+14 Saldo/déficit de recursos c/ FMI 13,6 15,4 -12,9 -11,5 -22,8 -13,3 3,3 -7,5 8,8 -16,8 4,1

16 Transferências unilaterais 7,8 5,1 3,4 2,9 3,5 2,8 2,8 3,6 2,6 2,4 2,3

17 Demais contas 6,4 -2,4 -5,4 -6,9 3,0 6,4 -0,5 0,0 0,0 17,1 1,3

18 Ativos de reserva -27,8 -18,2 14,9 15,6 16,3 4,1 -5,7 3,9 -11,5 -2,8 -7,6 Transações correntes -39,5 -49,3 -57,5 -65,4 -52,8 -44,0 -39,9 -17,0 -14,9 -10,1 -5,2 Trans. correntes primário -22,4 -30,9 -39,6 -43,0 -21,8 -17,4 -14,3 6,9 8,0 7,4 10,2 Balança comercial -7,2 -11,7 -12,7 -12,9 -2,6 -1,3 4,5 20,7 22,3 24,3 27,2 Serviços e rendas, exc. Juros -22,8 -24,3 -30,3 -33,0 -22,8 -18,9 -21,7 -17,4 -16,9 -19,3 -19,2 Transferências unilaterais 7,8 5,1 3,4 2,9 3,5 2,8 2,8 3,6 2,6 2,4 2,3 Juros -17,1 -18,4 -17,9 -22,4 -31,0 -26,6 -25,6 -24,0 -22,9 -17,5 -15,3

Fonte: Banco Central (até 2001); estimativas (2002-2005).

(17)

A Dependência dos Recursos do FMI

Um sintoma da precariedade da situação externa brasileira causada pelo enorme passivo externo foi a quase permanente necessidade do socorro do FMI nos últimos anos. Os recursos do Fundo foram decisivos para reduzir os déficits nos anos de “sinal amarelo” de crise externa (1998 e 2001) e nos anos de crise (1999 e 2002). Mesmo em um cenário em que tenha prosseguimento o ajuste externo de 2002, seguramente esses recursos serão imprescindíveis em 2003 e, possivelmente, em 2004.

Saldo/Déficit de Recursos - US$ Bilhões

6,5 7,7 -6,7 -14,8 -13,8 3,1 -4,7 -16,0 -6,8 -1,1 5,2 6,3 7,3 -6,8 -5,9 1,9 -4,6 5,7 -11,8 3,1 -11,0 -7,3 -0,2 8,9 2,8 6,6 11,4 12,5 -10,4 -2,1 -0,2 -0,4 -10,7 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Saldo/Déficit de Recursos Saldo/Déficit de Recursos c/ FMI Emp. ao BCB - FMI e Outros (Líq.)

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O Superávit Externo Primário

Um fato novo está ocorrendo no presente ano de 2002: pela primeira vez desde a estabilização o setor externo da economia foi capaz de gerar “saldo primário”, ou seja, um resultado positivo nas transações correntes excluindo-se os juros da dívida externa. Estamos estimando que o crescente saldo comercial do período 2003/2005 produza saldos primários também crescentes.

Resultado em Transações Correntes - US$ Bilhões

-36 -32 -28 -24 -20 -16 -12 -8 -4 0 4 8

Trans. Correntes Primário -10,4 -14,7 -21,0 -22,0 -10,5 -9,6 -8,3 4,2 5,2 5,2 7,7 Juros -7,9 -8,8 -9,5 -11,4 -14,9 -14,6 -14,9 -14,5 -14,9 -12,2 -11,6 Transações Correntes -18,4 -23,5 -30,5 -33,4 -25,3 -24,2 -23,2 -10,3 -9,7 -7,0 -3,9 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

A Trajetória do Passivo Externo

Como mostram os gráficos a seguir, a trajetória possível deste que é a matriz dos problemas e constrangimentos externos brasileiros - o passivo externo - pode ser assim resumida: em valor, ele dificilmente declinará; o esforço de continuidade do ajuste externo poderá reduzí-lo gradativamente como proporção do PIB; e, em sendo executada uma vigorosa política de exportação, poderemos obter uma significativa redução em relação às exportações.

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Passivo Externo - US$ Bilhões 100 150 200 250 300 350 400 450 Passivo Externo 218,5 290,3 326,4 368,0 369,4 384,2 369,3 381,6 390,2 386,7 397,1 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 (Proj)2002 (Proj)2003 (Proj)2004 (Proj)2005

Passivo Externo - % das Exportações

300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800

Passivo Externo / Export. (%) 469,8 608,7 615,8 720,2 769,5 697,3 634,3 630,7 600,4 552,4 525,9 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 (Proj) 2003 (Proj) 2004 (Proj) 2005 (Proj)

(20)

Passivo Externo - % do PIB 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Passivo Externo / PIB (%) 31,0 37,4 40,4 46,7 69,6 64,7 70,0 77,3 77,6 72,5 70,1 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 (Proj)2002 (Proj)2003 (Proj)2004 (Proj)2005

Comparação Internacional

Os gráficos finais (cuja fonte é o FMI) mostram que o que faz a diferença entre o Brasil e outros países emergentes - Chile, Coréia, Índia, México e Rússia - é o custo do passivo externo. Os dados, que são apresentados em relação às exportações de cada país, mostram que as despesas com rendas (juros e lucros e dividendos) são muito maiores no caso brasileiro do que em qualquer dos demais países analisados. O que os dados mostram também é que se o Brasil apresentasse um nível de custo do passivo externo semelhante ao desses pasíses, seu ajuste externo poderia ser considerado como concluído, bastando a consolidação do ajuste de 2002. Os dados mostram ainda que o balanço do comércio e serviços brasileiro já é comparável ao de outros países emergentes.

(21)

Es timati va s do Setor Ex terno no Supos to de Superáv it Comerc ial Cres cente 20 Cu st o d o P assiv o Exter n o - % d as Exp o rt açõ es A c u m u lado em 12 mes e s 0 10 20 30 40 50 60 1995Q1 1995Q2 1995Q3 1995Q4 1996Q1 1996Q2 1996Q3 1996Q4 1997Q1 1997Q2 1997Q3 1997Q4 1998Q1 1998Q2 1998Q3 1998Q4 1999Q1 1999Q2 1999Q3 1999Q4 2000Q1 2000Q2 2000Q3 2000Q4 2001Q1 2001Q2 2001Q3 2001Q4 2002Q1 2002Q2 2002Q3 Bra s il Ch ile Ín d ia C o ia d o S u l x ic o R ú ssi a Ba lanço do C o m é rcio e Serviços % das E x po rt ações A c um ulad o 12 meses -6 0 -40 -20 0 20 40 60 1995Q1 1995Q2 1995Q3 1995Q4 1996Q1 1996Q2 1996Q3 1996Q4 1997Q1 1997Q2 1997Q3 1997Q4 1998Q1 1998Q2 1998Q3 1998Q4 1999Q1 1999Q2 1999Q3 1999Q4 2000Q1 2000Q2 2000Q3 2000Q4 2001Q1 2001Q2 2001Q3 2001Q4 2002Q1 2002Q2 2002Q3 Bra s il C h ile Índia Co ia do S u l x ic o R ú ssi a

(22)

Transações Correntes - % das Exportações -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1995Q 1 1995Q 2 1995Q 3 1995Q 4 1996Q 1 1996Q 2 1996Q 3 1996Q 4 1997Q 1 1997Q 2 1997Q 3 1997Q 4 1998Q 1 1998Q 2 1998Q 3 1998Q 4 1999Q 1 1999Q 2 1999Q 3 1999Q 4 2000Q 1 2000Q 2 2000Q 3 2000Q 4 2001Q 1 2001Q 2 2001Q 3 2001Q 4 2002Q 1 2002Q 2 2002Q 3

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