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RISCOS ASSOCIADOS À PROLIFERAÇÃO DA LEGIONELA
EM EQUIPAMENTOS DE ARREFECIMENTO EVAPORATIVO POR CONTACTO
1. Introdução
A presente informação limita-se a examinar os riscos relacionados com a propagação da
legionela nos ambientes, pelos aparelhos de transferencia de massa de água para a
circulação de ar que funcionam por contacto.
Esta informação foi baseada nas seguintes normas e documentação:
Norma UNE 100.030 (1994; recentemente revista e submetida a averiguação pública):
Climatização. Guia para a prevenção da legionela nas instalações.
Guia ASHRAE 12-2000: Minimizar o risco de legionela associada a sistemas de circulação
de água em edifícios.
Ordem 1187/1998, de 11 de Junho, da Concelhia de Saúde e Serviços Sociais da
Comunidade de Madrid, pelas quais se regulam os critérios higiénico-sanitarios que
devem reunir os aparelhos de transferencia de massa de água em circulação de ar e
aparelhos de humidificação para a prevenção da legionela.
Guia para a prevenção da legionela em instalações de risco.
Guia Europeu para Controlo e Prevenção da Propagação da Doença do Legionário,
editado por EWGLI (European Working group for legionella infections) e suportado pela
D.G. Protecção ao Consumo e Saúde da Comissão Europeia.
Guias e/ou Regras sobre a legionela das Comunidades Valenciana (terminada), Catalã e
Andaluza (em fase de acabamento)
Projecto de Real Decreto, pelo qual se estabelecem os critérios higiénico-sanitarios para
a prevenção e controlo da legionela.
2. Os elsabones da cadeia que conduzem à infecção
A legionela é uma bactéria que encontra um habitat adequado em sistemas de água criados
pelo homem, sendo capaz de sobreviver em variadas condições físico-químicas da água
(temperatura, PH, conductividade etc.).
Uma característica que a diferencia de outras bactérias é a sua capacidade de crescer no
interior de outros microorganismos presentes na água, sendo este um dos mecanismos que
a protege frente a agentes nocivos externos, como tratamentos com bióxidos e tratamentos
térmicos.
Os processos que devem ter lugar para que o ser humano seja infectado são, em ordem
cronológico, os seguintes:
2
1. Penetração da bactéria no sistema
A penetração da bactéria no circuito de água no solo pode acontecer devido à água
natural contaminada, normalmente desde a rede pública.
2. Multiplicação da bactéria
A bactéria tem que se multiplicar na água até atingir uma concentração mínima
perigosa para o ser humano.
A figura descreve graficamente as temperaturas críticas para a bactéria.
Alem disso, a bactéria multiplica-se com mais facilidade se dispuser no circuito, de um
substrato alimentício, geralmente formado por materiais orgânicos, óxidos metálicos, lodo
e qualquer tipo de sujidade.
3. Dispersão da bactéria no ar
O microorganismo deve dispersar-se no ar em forma de aerosol a partir do sistema de
água.
Um aerosol é uma dispersão de um líquido num gás; neste caso particular, trata-se de
uma dispersão de gotas de água no ar (não confundir com vapor).
A permanência do aerosol no ar depende das condições atmosféricas, em particular da
temperatura seca, da humidade relativa da velocidade do vento, assim como do tamanho
das gotas.
A dispersão de gotas permanece no ar tanto mais tempo quanto mais pequeno seja o
tamanho das mesmas (porque diminui a velocidade terminal de sedimentação), mais
baixa a temperatura seca do ar, mais elevada a sua humidade relativa e mais baixa a
velocidade do vento.
As gotas de tamanho inferior a 5 µm representam um risco importante porque podem
penetrar profundamente no aparelho respiratório.
40 30 20 10 50 60 70 80 90 100
CAMPO DE MÁXIMO DESENVOLVIMENTO
começa a desenvolver-se
Inicia a morte
Morre
adormecimento
803
É importante ter presente que a bactéria pode ser patogénica apenas quando se dispersa
no ar em forma de aerosol e penetra nos pulmões.
4. Exposição das pessoas
É necessário que o microorganismo seja de uma espécie virulenta para o ser humano e que
este seja susceptível a exposição a um aerosol com um conteúdo suficiente de bactérias
viáveis. A maior incidência dá-se em homens com mais de quarenta anos e o risco aumenta
em fumadores e pessoas com as defesas fragilizadas (doentes, transplantados e sistemas
imunitários enfraquecidos).
O risco de contrair a doença aumenta com o aumentar do número de bactérias no aerosol e
a duração da exposição.
Para a prevenção e controlo da legionela durante as fases de projecto e exploração das
instalações, o técnico pode actuar apenas sobre os eslabones segundo e terceiro, é decidir:
evitar a multiplicação e a dispersão no ar.
O conceito fundamental que deve presidir as actuações no âmbito das técnicas das
instalações dos edifícios é, por tanto, o de impedir a proliferação da bactéria para, logo e no
caso, destrui-la na mesma água que a hospeda, antes que seja transportada por via aérea e,
daqui, inalada pelos seres humanos.
3. Os aparelhos de transferencia de massa de água na circulação de ar
Estes aparelhos podem-se dividir em três grandes categorias, segundo o seu uso:
Aparelhos destinados à humidificação do ar. Podem ser do tipo de contacto através de
um material de recheio do tipo de pulverização mecânica ou por ultra-sons. Apenas os de
pulverização produzem um aerosol.
Aparelhos destinados ao arrefecimento adiabático (ou evaporativo) do ar. Podem ser do
mesmo tipo que os anteriores; sem retenção, o que se usa na climatização dos
ambientes são de contacto e, portanto, não produzem aerosol.
Torres de refrigeração e condensadores evaporativos. Produzem uma pulverização
mecânica da água e, portanto, um aerosol.
O acompanhamento directo entre ar e água dá lugar as sete situações indicadas nas tabelas
e no gráfico que se segue.
1 T
w> T
s> T
h> T
r2 T
w= T
s> T
h> T
r3 T
s> T
w> T
h> T
r4 T
s> T
w= T
h> T
rágua recirculada
5 T
s> T
h> T
w> T
r6 T
s> T
h> T
w= T
r7 T
s> T
h> T
r> T
w4
1 Q
sen> 0 Q
lat> 0 Q
tot> 0 Água que arrefece Ar que aquece
2 Q
sen= 0 Q
lat> 0 Q
tot> 0 Água que arrefece
3 Q
sen< 0 Q
lat> 0 Q
tot> 0 Água que arrefece Ar que arrefece
4 Q
sen< 0 Q
lat> 0 Q
tot= 0
Ar que arrefece
5 Q
sen< 0 Q
lat> 0 Q
tot< 0 Água que aquece
Ar que arrefece
6 Q
sen< 0 Q
lat= 0 Q
tot< 0 Água que aquece
Ar que arrefece
7 Q
sen< 0 Q
lat< 0 Q
tot< 0 Água que aquece
Ar que arrefece
Os processos empregam-se para os seguintes fins:
1 Arrefecimento da água em torres de refrigeração
2 Arrefecimento de água em torres de refrigeração
3 Arrefecimento de água em torres de refrigeração
4 Arrefecimento do ar com recirculação de água
5 Arrefecimento do ar sem recirculação de água
6 Arrefecimento do ar sem recirculação de água
7 Arrefecimento do ar sem recirculação de água
O processo que nos interessa é o marcado com o número 4.
Ts
W
1 2 3 4 5 6 75
O funcionamento dos aparelhos para o arrefecimento adiabático do ar por contacto, deve
referir-se no seguinte:
A temperatura de funcionamento da água dos aparelhos com recirculação é igual á
temperatura do bolbo húmido do ar. O valor máximo desta em Espanha ronda por volta
dos 25°C, é ligeiramente um pouco acima da temperatura em que começa o
desenvolvimento.
O aparelho funciona como um instrumento de limpeza do ar e, em consequência, suja a
água que recircula, todavia existe um filtro. Sem retenção, o aparelho não produz
Aerosol e, por tanto, não pode transmitir a bactéria ao ser humano.
4. Conclusões
Os aparelhos de arrefecimento adiabático por contacto não representam um risco para a
transmissão da legionela.
Com efeito, em todo o mundo não se conhecem casos de legionela provocadas por estes
tipos de aparelhos.
Esta informação foi efectuada a pedido da Seeley International Ibérica, S.L.
Alberto Viti