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A CIRURGIA BARIÁTRICA COMO ALTERNATIVA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

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A CIRURGIA BARIÁTRICA COMO ALTERNATIVA

NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

2013

Nara Saade de Andrade Psicóloga graduada pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais

Charlisson Mendes Gonçalves Mestrando em Psicologia pela PUC-Minas. Psicólogo graduado pelo

Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Brasil) Stela Maris Bretas Psicóloga, Mestre em Processos Psicossociais e Docente no Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Brasil)

E-mail de contato:

nara_saade@hotmail.com

RESUMO

O presente artigo aborda o status de doença que a obesidade adquire na atualidade. Durante o texto os autores apontam as definições do que se entende por obesidade e o aumento do excesso de peso e da obesidade no Brasil. Neste ínterim, cresce o interesse e a procura pela cirurgia bariátrica como possibilidade, apesar da maioria dos autores defenderem que ela só deva ser realizada como última alternativa de emagrecimento. O objetivo desta pesquisa é ampliar o acesso a material teórico acerca do tema, possibilitando discussões e estratégias.

Palavras-chave: Obesidade, excesso de peso, cirurgia bariátrica.

OBESIDADE

De acordo com Rocha, Vilhena e Novaes (2009) no mundo atual a gordura adquire status de doença, através da preocupação excessiva com a beleza, a saúde, e ainda, a importância em permanecer jovem e ter boa forma.

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O Portal da Saúde - SUS (2013) afirma que a obesidade tem forte relação com altos níveis de gordura e açúcar no sangue, excesso de colesterol e casos de pré-diabetes, sendo considerado um fator de risco para a saúde. Para Junior (2006) a obesidade é definida como um excesso de tecido adiposo no organismo.

Para avaliar o grau de obesidade existe um padrão internacional, conhecido como Índice de Massa Corporal (IMC), basta dividir seu peso pela altura². O índice de massa corpórea (IMC) menor que 18,5 kg/m² equivale a pessoa abaixo do peso. Peso normal é definido como IMC entre 18,5 a 24,9kg/m². Já o sobrepeso esta com IMC entre 25 e 29,9kg/m², a obesidade tem IMC maior que 30 kg/m², sendo que IMC maior ou igual a 40kg/m² já é classificado como obesidade mórbida (SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA, s/d).

O obeso mórbido pode beliscar o dia todo e fazer as refeições comendo muito em família, embora com alguma moderação, mas, há momentos em que devora muita comida e em pouco tempo, como em um momento de crise, quando dificilmente consegue parar antes de a comida acabar ou de se sentir desconfortavelmente cheio (ROCHA, VILHENA e NOVAES, 2009).

Muitas vezes nem importa qual é a comida, o obeso mórbido come qualquer coisa. Como não é por causa do prazer que come desse modo, muitos nem levam em conta se a comida está gostosa ou não, se está guardada na geladeira, se comem no meio da madrugada ou à tarde, sozinho, escondido da família (que lhe cobra a dieta); o que importa é comer. De acordo com Vilhena, Novaes e Rocha (2008 apud ROCHA, VILHENA e NOVAES, 2009) esses momentos merecem atenção especial, pois os obesos podem tornar–se comedores compulsivos, aumentando assim o grau de obesidade.

Levantamentos mostram que o excesso de peso e a obesidade têm crescido no Brasil. A pesquisa realizada em 2011 pelo Ministério da Saúde, denominada Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), confirmou que a proporção de pessoas acima do peso no Brasil avançou de 42,7%, em 2006, para 48,5%, em 2011. No mesmo período, o percentual de obesos subiu de 11,4% para 15,8% (PORTAL DA SAÚDE - SUS, 2013).

Para Tavares, Nunes e Santos (2010) a obesidade é um problema que afeta diretamente a saúde dos indivíduos e é fator de risco para muitas doenças. Alguns problemas mais comuns são:

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hipotireoidismo, infertilidade e outros), distúrbios respiratórios (apneia obstrutiva do sono, síndrome da hipoventilação, doença pulmonar restritiva).

A obesidade tem ainda consequências a nível psicológico e social. A grande preocupação com o corpo e o incômodo com a imagem corporal muitas vezes causam no sujeito obeso pensamentos e sentimentos negativos em relação à aparência física. Desta forma é possível verificar sinais de sofrimento psicológico, expressos por meio de alterações emocionais e comportamentais, além de um baixo autoconceito (CARVALHO, 2005 apud MARTINS, NUNES e NORONHA, 2009).

Os transtornos psiquiátricos com maior incidência na população obesa são ansiedade e depressão. No caso da ansiedade, o ato de comer é justificado pelos obesos como um modo de diminuir essa ansiedade, levando a um ganho de peso proporcional à freqüência de episódios de ansiedade (CAPITÃO e TELLO, 2004 apud ALMEIDA, ZANATTA e REZENDE, 2012).

Já a depressão é definida como transtornos do humor, também chamada de episódio depressivo maior que envolve perda de interesse ou prazer em realizar a maioria das atividades cotidianas de acordo com o DSM-IV (ALMEIDA, ZANATTA e REZENDE, 2012, p.2).

De acordo com a pesquisa de Black et al. (1992 apud SEGAL; CARDEAL e CORDÁS, 2002) obesos mórbidos, com IMC 40,0 grau III, que buscam tratamento apresentam mais sintomas de Transtorno de Personalidade Borderline, maior frequência de Transtorno da Compulsão Periódica e quadros depressivos mais graves. Quando comparado a pessoas de peso normal, este grupo apresenta maior prevalência de história de abuso sexual, mais sintomas obsessivo-compulsivos e maior número de episódios depressivos.

Campos (1993 apud CATANEO, CARVALHO e GALINDO, 2005) identificou também entre os indivíduos obesos, as seguintes características psicológicas: temor de não ser aceito ou amado, indicadores de dificuldades de adaptação social, bloqueio da agressividade, dificuldade para absorver frustração, desamparo, insegurança, intolerância e culpa.

Neste contexto, procurou-se explorar no próximo tópico a cirurgia bariátrica no tratamento da obesidade.

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CIRURGIA BARIÁTRICA

Com o sobrepeso da população cresce também a procura pela cirurgia bariátrica. Mais popularmente conhecida como cirurgia de redução do estômago, desenvolvida no Brasil pelo Professor Doutor Arthur Belarmino Garrido, na década de 1970.

Conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica - SBCBM (s/d), no Brasil são aprovadas quatro modalidades diferentes de cirurgia bariátrica e metabólica, além do balão intragástrico, que não é considerado cirúrgico. São elas:

Bypass gástrico (gastroplastia com desvio intestinal em “Y de Roux”). Nesse procedimento é feito o grampeamento de parte do estômago, que reduz o espaço para o alimento, e um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome; Banda gástrica ajustável que consiste na instalação de um anel de silicone inflável ajustável ao redor do estômago, que aperta o órgão conforme vontade do profissional, tornando possível controlar o esvaziamento do estômago; Gastrectomia vertical no qual o estômago é transformado em um tubo, com capacidade de 80 a 100 mililitros (ml); Duodenal Switch: nessa cirurgia, 85% do estômago são retirados, porém a anatomia básica do órgão e sua fisiologia de esvaziamento são mantidas; Terapia auxiliar - Balão intragástrico: apesar deste procedimento não ser cirúrgico, ele visa diminuir a capacidade gástrica e provocar saciedade. O balão é preenchido com 500 ml do líquido azul de metileno, em caso de vazamento ou rompimento, será expelido na cor azul pela urina.

No ano de 2005, por ser a cirurgia bariátrica - independente de qual procedimento cirúrgico - a mais realizada no mundo de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM, s/d), o Conselho Federal de Medicina publicou uma resolução determinando a presença de uma equipe multiprofissional nos períodos pré e pós-operatórios. Tal equipe deveria ser composta por clínico, nutrólogo e/ou nutricionista, psiquiatra e/ou psicólogo, fisioterapeuta, anestesiologista, enfermeiros e auxiliares de enfermagem habilitados para os cuidados desses pacientes.

Ainda segundo a referência acima, no Brasil existem 3 milhões e 73 mil obesos mórbidos. Isto explica o fato em que a cirurgia bariátrica, nos hospitais vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), aumentou em 542%, comparado com 2001 quando somente 497 cirurgias foram

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Familiar (POF) de 2009, verificou-se que na faixa de 10 a 19 anos 21,7% dos brasileiros apresenta excesso de peso. Sendo que em 1970, este índice estava em 3,7%. Após esses estudos em 2013, o Ministério da Saúde assinou uma nova portaria que reduz a idade mínima de 18 para 16 anos para realizar a cirurgia bariátrica, em casos em que há risco ao paciente.

Ainda segundo a mesma fonte citada anteriormente, outra mudança foi a da idade máxima, que até então era de 65 anos. Com a portaria, o que determinará para o indivíduo se submeter à cirurgia não será a idade, e sim a avaliação clínica (risco - benefício), portanto não há mais idade máxima para realização do procedimento cirúrgico.

Tal informação ajuda a confirmar a afirmativa de Marchesini (2010) que enfatiza ter havido mudança no panorama inicial da cirurgia bariátrica, pois os pacientes estão menos receosos em relação à operação, estão possuindo IMC menor, são mais esclarecidos e possuem mais temor em relação às consequências da obesidade. O autor afirma ainda que a cirurgia bariátrica é um caminho pela busca da juventude, pois o discurso do candidato ao procedimento bariátrico é a saúde, mas é na aceitação social e na dinâmica psicológica que está o centro dessa busca da troca de corpo (MARCHESINI, 2010).

Vale ressaltar que a maioria dos autores pesquisados concorda que a cirurgia bariátrica deve ser o último método para emagrecimento que uma pessoa deve recorrer.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Sebastião; ZANATTA, Daniela e REZENDE, Fabiana. Imagem corporal, ansiedade e depressão em pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-294X2012000100019&script=sci_arttext>. Acesso em 11 set. 2013.

CATANEO, Caroline; CARVALHO, Ana Maria e GALINDO, Elizângela. Obesidade e Aspectos Psicológicos: maturidade emocional, auto-conceito, lócus de controle e ansiedade.

Disponível em:

<http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:Z4wf6JGwmDIJ:scholar.google.com/+p roblemas+psicologicos+causados+pela+obesidade&hl=pt-BR&as_sdt=0,5>. Acesso em 10 ago. 2013.

JUNIOR, Antonio Herbert Lancha. Obesidade uma Abordagem Multidisciplinar. Editora Guanabara, 2006.

MARCHESINI, Simone. Acompanhamento Psicológico Tardio em Pacientes Submetidos à Cirurgia Bariátrica, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abcd/v23n2/10.pdf>. Acesso em 17 abr. 2013.

MARTINS, Denise; NUNES, Maiana; NORONHA, Ana Paula. Satisfação com a imagem corporal e autoconceito em adolescentes. Psicol. teor.prat., São Paulo, v. 10, n. 2, dez. 2008 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872008000200008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 11 set. 2013.

ROCHA, Lívia Janine; VILHENA, Junia; VILHENA NOVAES, Joana. Obesidade Mórbida: quando comer vai muito além do alimento. Psicol. rev., Belo Horizonte, v. 15, n.

2, ago. 2009 . Disponível em

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-11682009000200006&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 13 abr. 2013.

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PORTAL DA SAÚDE – SUS. Prevenção e Tratamento: doenças ligadas à obesidade custam R$ 488 milhões. Disponível em:

<http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/9905/162/doencas-associadas-a-obesidade-custam-meio-bilhao-de-reais.html>. Acesso em 29 abr. 2013.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA. Coesas: história. (s/d). Disponível em: <http://www.sbcb.org.br/coesa.asp?menu=1>. Acesso em 11 mar. 2013.

SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA– Abeso. Disponível em: http://www.abeso.org.br/calcule-seu-imc.shtml. Acesso em 11 mar. 2013.

TAVARES, Telma; NUNES, Simone; SANTOS, Mariana. Obesidade e qualidade de vida: revisão da literatura. Rev. Med. Minas Gerais. 2010. 20(3): 359-66. Disponível em: <http://rmmg.medicina.ufmg.br/index.php/rmmg/article/viewFile/276/260>. Acesso em: 16 mar. 2013.

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