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ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊRCIA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

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1 ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO SERVIÇO DE URGÊNCIA E

EMERGÊRCIA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Márcia Terezinha Liberatti Barros1 Rosa Maria Soares Domingos2

INTRODUÇÃO

Em funcionamento desde 1989 o Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) é uma instituição de caráter público de saúde, credenciado ao Sistema Único de Saúde (SUS). O HUM presta assistência, em nível ambulatorial e hospitalar, à população usuária do SUS de Maringá e de 29 municípios da 15ª. Regional de Saúde, oferecendo também as condições de realização do ensino na área de saúde, consolidando-se um espaço de formação que articula a assistência, o ensino e a pesquisa. Na estrutura de atendimento do HUM destaca-se o Pronto Atendimento (PA), o qual é referência para os serviços de urgência e emergência, atendendo 24 horas com profissionais de diversas áreas de saúde, quais sejam: Serviço Social, Enfermagem, Clínica Médica, Cirúrgica, Pediatria, Ginecologia/Obstetrícia, e Ortopedia, com retaguarda das especialidades de Neurologia, Neurocirurgia, Cirurgia Toráxica, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Vascular, Urologia, Oftalmologia. O Pronto Atendimento do HUM dispõe de 32 leitos, além de uma Unidade de Cuidados Intermediários com 04 leitos. Os serviços oferecidos à população usuária do HUM constam de: Ambulatório de Especialidades (49 especialidades), Hemoterapia 24 horas, Cirurgias Eletivas e de Urgência Emergência, Centro de Controle de Intoxicações, Serviço de Informações sobre Medicamentos, Banco de Leite Humano, Comissão de Farmácia e Terapêutica, e, Equipe de nutrição parenteral e enteral. São 123 leitos para internamento nas seguintes especialidades: Clínica Médica, Cirúrgica, Pediatria, Ginecologia/Obstetrícia, e Ortopedia, sendo ainda 08 leitos de Uti adulto, 06 leitos de Uti neonatal crianças até 28 dias, e outros 06 para Uti Pediátrica. Exames especializados também são realizados no HUM: Patologia

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Assistente Social do PA/HUM com especialização em Gestão Pública pela INSEP.

2 Assistente Social do PA/HUM com mestrado em Serviço Social e Política Social pela UEL.

Hospital Universitário Regional de Maringá – Av. Mandacaru, 12590 – Maringá – PR Telefone: (44) 2101-9169 – rosamaria@pop.com.br

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2 Clínica, Radiodiagnóstico, Endoscopia, Ultrassom, Biometria, Anátomo Patológico, Colonoscopia, Tomografia Computadorizada, Hemodinâmica (Terceirizado). A atuação do Assistente Social no contexto do Pronto atendimento do Hospital Universitário Regional de Maringá consolida-se considerando os parâmetros para atuação do Assistente Social na Saúde – documento elaborado pelo Conselho Federal de Serviço Social em março de 2009, o qual compreende que cabe ao Serviço Social – numa ação que necessita ser articulada com outros segmentos que defendem o aprofundamento do SUS – formular estratégias que criem alternativas nos serviços de saúde que efetivem o direito à saúde, que tenha como norte o projeto ético político, embasado na perspectiva teórico crítica com ações pautadas pelo Código de Ética Profissional do Assistente Social, e na Lei que Regulamenta a Profissão do Assistente Social.

OBJETIVO

O objetivo desse trabalho é apresentar a atuação do Assistente Social, no serviço de urgência e emergência do Hospital Universitário Regional de Maringá, atuação que se consolida no atendimento direto junto a pacientes e familiares do Pronto Atendimento – serviço de urgência e emergência, no biênio 2007 e 2008.

METODOLOGIA

O artigo 196 da Constituição Federal do Brasil de 1988 enuncia que: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. É a Lei Maior que indica a saúde como direito básico da cidadania. Todavia, no contexto capitalista de nossa sociedade, a saúde encontra-se como uma das expressões da questão social, que tem legitimado legalmente uma estrutura que a considera como direito, mas sua efetivação está muito aquém do legalmente instituído! A questão social expressa as velhas mazelas do sistema capitalista, revestindo-se na contemporaneidade de novas roupagens, agudizando-se e complexificando-se, em função do desenvolvimento das

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3 forças produtivas e da intensificação da exploração, próprios do sistema de acumulação capitalista. As expressões da questão social, portanto, devem ser compreendidas, segundo Iamamoto (2002), como o conjunto das desigualdades da sociedade capitalista, que se expressam através das determinações econômicas, políticas e culturais que impactam as classes sociais.

“Assim, todas as seqüelas oriundas das más condições de vida decorrentes da falta ou da precariedade de trabalho, renda, moradia, alimentação, educação, informação, água, saneamento básico, entre outros, criam grandes contingentes de pessoas miseráveis, famintas, empobrecidas, desinformadas e doentes, que buscam os serviços de saúde trazendo consigo todas as necessidades advindas de um sistema que explora, espolia e abandona cotidianamente seus trabalhadores. Essas e outras questões geram demandas que, muitas vezes, extrapolam as ações presumíveis no setor saúde. Isto significa dizer, que uma população cada vez mais pauperizada acorre aos serviços públicos de saúde juntamente com camadas médias da população, impossibilitadas de ter acesso à medicina privada em função da defasagem sofrida em seus rendimentos nos últimos anos.” (BEZERRA e ARAÚJO, 2007)

O Serviço Social por sua vez tem, na questão social a base de sua fundamentação enquanto especialização do trabalho. A atuação profissional nesse entendimento deve estar firmada em uma proposta que vise o enfrentamento das expressões da questão social que na área da saúde, que, particularmente, deve ser compreendida desde a atenção básica até os serviços que se organizam em de ações de média e alta complexidade. Na rede de serviços de saúde no Brasil, o Assistente Social atende diretamente ao usuário, concretizando sua atuação em postos e centros de saúde, policlínicas, institutos, maternidades e hospitais gerais, de emergência e especializados, incluindo os hospitais universitários. Como um serviço de urgência e emergência, o Pronto Atendimento do Hospital Universitário de Maringá funciona 24 horas, e nesse contexto, duas Assistentes Sociais que atuam no PA com atendimento presencial durante o dia, de segunda a sexta-feira (7 às 19h), e em plantão a distância, a noite, e aos finais de semana. Efetivamente, a atuação do Assistente Social no PA é feita junto a pacientes e familiares no desenvolvimento de atividades que possibilitem aos usuários do Pronto Atendimento do HUM, o direito a informação com relação aos diversos momentos do tratamento prestado, por meio de orientações sobre as normas, rotinas operacionais do PA, e ao mesmo tempo promovendo um espaço de escuta e acolhimento aos usuários, realizando-se uma média de 600 atendimentos por mês.

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4 Entendemos que a população que geralmente recorre aos serviços públicos de saúde, por vezes está exposta a um conjunto amplo de problemas sociais, sendo cada vez mais tênues os limites entre exclusão social e doença. Nesse raciocínio é que a atuação do Serviço Social no PA do HUM, no biênio 2007-2008, tem se concretizado na relação multiprofissional do Assistente Social com outras profissões; no partilhar de responsabilidades; na ética no trato das informações; no acolher, dialogar, promover um importante espaço de escuta, compreender a história de vida do paciente procurando atender suas necessidades sociais através do direito a informação e efetuando encaminhamentos para recursos comunitários fortalecendo o processo de inclusão. RESULTADOS

No biênio 2007-2008 quantitativamente foram efetuados, aproximadamente cerca de 16.000 atendimentos pelo Serviço Social do Pronto Atendimento do Hospital Universitário Regional de Maringá. As atividades desenvolvidas estão voltadas ao atendimento social aos pacientes quais sejam: Atendimento a vítimas de agressão física (crianças/adolescentes/mulheres e idosos) com devida orientação e notificação ao Conselho Tutelar, Delegacia da Mulher, Conselho do Idoso; Acompanhamento do protocolo de atendimento a vítimas de violência sexual; Orientação sobre direitos sociais e rotinas hospitalares ao usuário do PA; Orientação previdenciária (auxílio-doença, auxílio-maternidade, pensão, aposentadoria e benefício assistencial); Atendimento a familiares de pacientes em óbito; Orientação e registro de abandono de tratamento e, de evasão de paciente; Agilização dos encaminhamentos de procedimentos de alta complexidade junto às Secretarias de Saúde; Contato com familiares para: solicitar acompanhante, comunicar permanência, ou, alta hospitalar; Orientação e encaminhamento social pós-alta hospitalar a recursos comunitários da rede de assistência social e de saúde; Atendimento a pacientes em situação de vulnerabilidade social. Além disso, o Serviço Social tem participação junto à Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos para Transplante do HUM, tanto na abordagem a familiares para doação de órgãos, como ministrando cursos de capacitação aos funcionários do HUM; participação no Grupo de Trabalho de Humanização do HUM, atuação na Comissão de Acolhimento com Classificação de Risco do PA, e, participação no Núcleo Municipal Sobre Violência e Cultura da Paz de Maringá. Nesse

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5 sentido, observa-se que o Assistente Social no PA tem atuado tanto em ações assistenciais nas quais a inserção dos assistentes sociais nos serviços de saúde é mediada pelo reconhecimento social da profissão e por um conjunto de necessidades que se definem e redefinem a partir das condições históricas sob as quais a saúde pública se desenvolveu no Brasil, e também por ações da equipe multiprofissional que atua no Pronto Atendimento. As orientações acerca da rotina de funcionamento do PA são feitas com o objetivo de democratizar as informações, e não na perspectiva de subalternização e controle dos usuários do PA, ou seja, a orientação é no entendimento de que a saúde é um direito e busca-se a reflexão do desvelar da situação vivenciada pelos usuários na efetivação desse direito. O Assistente Social no PA do HUM também tem se apresentado como um interlocutor entre os usuários e a equipe de saúde com relação a questões sociais e culturais, visto que a própria formação do profissional de Serviço Social prima pelo respeito pela diversidade, o que geralmente é mais difícil para outros profissionais de saúde. Isso é evidenciado na prática profissional do Assistente Social, a partir de ângulos diferenciados de observação, na interpretação das condições de saúde e uma competência também distinta para o encaminhamento das ações.

ATENDIMENTOS REALIZADOS PELO SETOR DE SERVIÇO SOCIAL NO PRONTO ATENDIMENTO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

REGIONAL DE MARINGÁ NO BIÊNIO 2007/2008

PROCEDIMENTO

ATENDIMENTOS

Notificações para Conselho de Direitos e

Delegacia da Mulher

447

Convocação de familiar

3 047

Atendimentos a óbitos

308

Atendimentos a vítimas de violência

497

Agilização exames de alto custo

384

Orientações rotinas Pronto Atendimento/HUM

2 286

Orientação abandono Tratamento /evasão

1 446

Agilização transporte paciente

1 713

Atendimentos diversos

5 461

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6 GRÁFICO DE ATENDIMENTOS DO SERVIÇO SOCIAL-PRONTO ATENDIMENTO

HOSPITAL UNIVERSITARIO DE MARINGÁ-BIENIO-2007/2008

3% 18% 2% 3% 2% 0% 18% 9% 10% 35% Notificações(CT,DEAM,PI) Convocação de familiares Atendimento à Óbitos

Atendimento Vitima de Violencia

Agilização exames alto custo

Orientações rotinas PA

Abandono de tratamento/Evasão

Agilização transporte paciente

Orientações Diversas

CONCLUSÕES

BELFIORE e SAWAYA (1995) afirmam que o processo de adoecer tem determinações sociais. Como já apontamos a população que geralmente recorre aos serviços públicos de saúde, por vezes está exposta a um conjunto amplo de problemas sociais, sendo cada vez mais tênues os limites entre exclusão social e doença. É daí que o desvelamento das condições de vida dos sujeitos que são atendidos nos serviços de saúde tem sido o desafio diário do Assistente Social no Pronto Atendimento do Hospital Universitário Regional de Maringá. O valor humano, a qualidade de vida e a dignidade da morte devem ser alicerces fundantes e objetivos comuns que se buscam tornar comuns a toda equipe que atuam num ambiente hospitalar de urgência e emergência. É fundamental ao Assistente Social nesse contexto buscar estabelecer em suas interações um espaço de fortalecimento do projeto ético-político profissional no cotidiano de seu trabalho, contrapondo-se à difusão dos valores liberais que geram desesperança, conformismo e encobrem a apreensão da dimensão coletiva das situações sociais presentes na vida dos pacientes e familiares. Outro aspecto não menos importante que observamos na atuação

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7 do Assistente Social no PA do HUM é a definição de protocolos que definem fluxo de encaminhamentos na lógica institucional, pois o conjunto de demandas emergenciais, por vezes, impossibilita o Assistente Social definir um foco direcionado exclusivamente às suas ações profissionais. Percebe-se ainda, nesse entendimento que as atribuições de cada profissional por não estarem muito claras, aliada as condições de trabalho e a falta de conhecimento das competências do Assistente Social, por vezes possibilitam que os profissionais de Serviço Social sejam requisitados para outras funções e atividades que não estão circunscritas nas competências pertinentes a profissão.Todavia, mesmo sabendo que não existem fórmulas prontas que garantam a efetivação plena de um projeto de atuação profissional, não se pode ficar imobilizado frente aos obstáculos que se apresentam na realidade e nem desconsiderar que há uma diversidade de pequenas, mas não menos importantes, atividades, que são efetivadas pelos profissionais de Serviço Social no Pronto Atendimento do Hospital Universitário de Maringá. Somos obviamente desafiados a encarar nosso cotidiano na articulação com outros sujeitos que partilhem dos princípios do Código de Ética do Assistente Social, fazendo frente aos princípios do projeto neoliberal, o qual macula direitos legalmente conquistados pelos cidadãos usuários das políticas públicas, em particular em nossa discussão, da área da saúde.

REFERÊNCIAS

MARTINELLI. Maria Lúcia. Serviço Social em Hospital Escola: um espaço diferenciado de ação profissional. In: Revista Periódica Serviço Social & Saúde. V.1-202, Campinas, São Paulo, 2002.

BELFIORE-WANDERLEY. Mariângela. Et al(Org.) Desigualdade e a questão social. São Paulo: Educ, 1997. e, SAWAYA, Bader B. Dimensão ético-afetiva do adoecer da classe trabalhadora. In: MANSUR, Sílvia; SAWAYA, Bader B. (Org.) Novas Veredas da Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 1995.

BEZERRA, Suely de Oliveira; et ARAÚJO, Maria Arlete Duarte. A Inserção do Assistente Social no Complexo Hospitalar e de Atenção à Saúde da UFRN no Contexto de Agudização da Questão Social. In: Serviço Social em revista jan/jul, UEL, Londrina, 2007.

IAMAMOTO, Marilda Vilela. Projeto Profissional, Espaços ocupacionais e Trabalho do assistente Social na Atualidade. Atribuições Privativas do (a) Assistente Social em Questão. Brasília: CFESS, 2002.

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8 CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL Parâmetros Para Atuação de Assistentes Sociais na Saúde (versão preliminar). Brasília, março de 2009.

Referências

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