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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0104518-03.2007.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é apelante FABIO DE CAMPOS LILLA sendo apelado CONDOMINIO EDIFICIO ITABORAI.

ACORDAM, em 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores LUIZ ANTONIO DE GODOY (Presidente) e ELLIOT AKEL.

São Paulo, 23 de agosto de 2011

De Santi Ribeiro RELATOR Assinatura Eletrônica

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VOTO Nº 24.865 (rel. CASR, 1ª Câm. Dir. Priv.)

APELAÇÃO CÍVEL Nº 0104518-03.2007.8.26.0000 (antigo nº 506.024.4/3-00) de São Paulo

APTE. : Fabio de Campos Lilla

APDO. : Condomínio Edifício Itaboraí JUIZ: Luis Fernando Cirillo

NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA - Demolição da guarita e uma parede de proteção, com vidros à prova de balas, construídas na entrada e saída da garagem do edifício - Obra que não altera a fachada externa nem a destinação do edifício e tampouco consiste na construção de outro pavimento, ou, no solo comum, de outro edifício, destinado a conter novas unidades imobiliárias - Obra útil, em parte comum - Art. 1.342 do CC - Aprovação de 2/3 dos condôminos que é suficiente Obra, no curso da ação, aprovada pelo quorum exigido e que não resultará prejuízo para o condomínio, especialmente no aspecto segurança - Encargos da sucumbência - Réu que deu causa ao ajuizamento da ação, tendo em vista que a obra, àquela época, não tinha a aprovação do número necessário de condôminos - Aprovação superveniente pelo quorum necessário Autor que manteve sua insurgência contra a obra Razoável a aplicação do contido no art. 21, caput, do CPC Recurso provido em parte.

1. Cuida-se de “ação de nunciação de obra nova” julgada improcedente pela r. sentença de fls. 194/196,

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15% do valor atualizado da causa.

Embargos de declaração rejeitados a fls. 204. Inconformado, apela o autor (fls. 206/224). Sustenta que o juiz a quo se equivocou ao entender que a obra em questão não alteraria a destinação da área comum do edifício, comparando-a a uma simples troca de portão. Alega que a alteração pretendida pelo réu depende do consentimento da unanimidade dos condôminos, nos termos do art. 29 da Convenção de Condomínio e do art. 1.343 do Código Civil. Acrescenta que um estudo realizado por uma empresa de segurança foi omitido dos condôminos. Alternativamente, aduz que, em que pese a admissão do réu a respeito da irregularidade da obra quando do ajuizamento da ação, contraditoriamente foi condenado a arcar com os encargos da sucumbência

Recurso preparado (fls. 225/227) e contrariado (fls. 234/245).

É o relatório.

2. Insurge-se o autor contra a demolição da guarita e uma parede de proteção, com vidros à prova de balas, construídas na entrada e saída da garagem do edifício.

Alega o autor que por se tratar de área comum e porque também a construção que ora pretende o condomínio autor demolir foi aprovada, à época, por todos os moradores, a demolição

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depende do consentimento unânime dos condôminos.

No entanto, a obra em questão não altera a fachada externa nem a destinação do edifício (art. 29 da Convenção e art. 1.351, segunda parte do CC) e tampouco consiste na construção de outro pavimento, ou, no solo comum, de outro edifício, destinado a conter novas unidades imobiliárias (art. 1.343 do CC).

Ao que consta, originariamente, a área onde construída a guarita consistia em vaga de garagem, pretendendo o condomínio réu o retorno da utilização originária.

Trata-se, pois, de obra útil, em parte comum, em acréscimo às vagas já existentes, a fim de aumentar sua utilização e que não prejudica a utilização, por qualquer dos condôminos, das partes próprias, ou comuns, a teor do art. 1.342 do Código Civil.

Desta feita, a realização da obra depende da aprovação de dois terços (2/3) dos votos dos condôminos.

É bem verdade que, inicialmente, a demolição foi aprovada em Assembleia Geral Extraordinária realizada em 21/3/2006, por maioria simples, conforme ata reproduzida a fls. 20.

No entanto, em 28/8/2006, em Assembleia Geral Ordinária, nos termos da ata copiada a fls. 137/138, houve a aprovação por unanimidade dos presentes (dez votos de um total de quatorze, conforme se depreende da convenção fls. 24), o que

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Ao que consta, na referida assembleia, decidiu-se que a parede com janelas e vidros à prova de bala decidiu-seria derrubada e reconstruída no vão anterior, onde existe um gradil, de modo que a proteção oferecida pela situação anterior não seria alterada, “mantendo as premissas originalmente projetadas”, conforme estudo elaborado pelo Grupo Haganá (fls. 127/129) que foi levado ao conhecimento dos condôminos presentes na assembleia, de acordo com o que constou na ata copiada a fls. 137/138, pelo que não se há falar em omissão do estudo.

Nessas circunstâncias, respeitado o quorum para a aprovação da obra que não resultará prejuízo para o condomínio, especialmente no aspecto segurança, a improcedência é medida bem imposta.

A respeito da atribuição dos encargos da sucumbência, entretanto, a sentença comporta reparo.

Assinale-se que, em razão do princípio da causalidade, que é o norteador da matéria, aquele que dá causa à instauração da lide deve arcar com os respectivos ônus, ainda que a solução, nesse particular, destoe da sucumbência na lide.

Nesse sentido:

“Sem embargo do princípio da sucumbência, adotado pelo Código de Processo Civil vigente, é de atentar-se para outro princípio, o da causalidade, segundo o qual aquele que

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deu causa à instauração do processo, ou ao incidente processual, deve arcar com os encargos daí decorrentes” (STJ-4ª T., REsp

264.930, rel. Min. Sálvio de Figueiredo, j. 13/9/00, deram provimento, v.u., DJU 16.10.00, p. 319).

“O princípio da sucumbência cede lugar quando, embora vencedora, a parte deu causa à instauração da lide” (STJ-3ª T., AI 615.423-AgRg, rel. Min. Nancy Andrighi, j.

17/3/05, negaram provimento, v.u., DJU 11/4/05, p. 293).

“Os ônus sucumbenciais subordinam-se ao princípio da causalidade: devem ser suportados por quem deu causa à instauração do processo” (STJ-1ª T., REsp 664.475, rel.

Min. Teori Zavascki, j. 3/5/05, deram provimento, v.u., DJU 16/5/05, p. 253).

Na hipótese, é bem verdade que o réu deu causa ao ajuizamento da ação, tendo em vista que a obra, àquela época, não tinha a aprovação do número necessário de condôminos, tanto que na defesa houve o reconhecimento da irregularidade da obra.

No entanto, supervenientemente, houve a aprovação pelo quorum necessário, o que não pode ser desprezado, uma vez que o julgamento deve refletir o estado de fato da lide no momento da entrega da prestação jurisdicional.

Ainda assim, o autor manteve sua insurgência contra a obra, pois, a seu ver, a aprovação deveria se dar por

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Desta feita, no caso concreto, razoável que cada parte arque com as suas próprias custas, despesas processuais e honorários dos patronos, na forma do art. 21, caput, do CPC.

3. Isto posto, dá-se provimento em parte ao recurso.

CARLOS AUGUSTO DE SANTI RIBEIRO Relator

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