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Desenvolvimento farmacotécinico e estudo de estabilidade de emulsões à base de óleo de semente de maracujá para prevenção de feridas

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE FARMÁCIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS PARA SAÚDE

LARA BISSONHO DE ALMEIDA CORDEIRO

DESENVOLVIMENTO FARMACOTÉCINICO E ESTUDO DE ESTABILIDADE DE EMULSÕES À BASE DE ÓLEO DE SEMENTE DE MARACUJÁ PARA

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LARA BISSONHO DE ALMEIDA CORDEIRO

DESENVOLVIMENTO FARMACOTÉCINICO E ESTUDO DE ESTABILIDADE DE EMULSÕES À BASE DE ÓLEO DE SEMENTE DE MARACUJÁ PARA

PREVENÇÃO DE FERIDAS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Ciências.

Orientadora: Profa Dra. DÉBORA OMENA FUTURO

Niterói 2012

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LARA BISSONHO DE ALMEIDA CORDEIRO

DESENVOLVIMENTO FARMACOTÉCINICO E ESTUDO DE ESTABILIDADE DE EMULSÕES À BASE DE ÓLEO DE SEMENTE DE MARACUJÁ PARA

PREVENÇÃO DE FERIDAS

BANCA EXAMINADORA

Profª. Drª Débora Omena Futuro (Orientadora)

Profª. Drª. Deborah Quintanilha Falcão (UFF)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, por me dar a oportunidade de concluir este mestrado tão desejado e ter estado sempre presente nos momentos importantes, iluminando meus caminhos.

À minha orientadora Débora Omena Futuro, pela oportunidade de fazer parte de seu grupo de pesquisa, pelo incentivo, carinho, amizade e ensinamentos transmitidos com sua inteligência durante a trajetória científica.

Aos meus colegas de laboratório, Daniele Miura, Daniele Ventura, Taiane Oliveira, Fabiana Lindenberg pelo companheirismo, amizade, disposição e auxílio durante o desenvolvimento do trabalho.

À Universidade Federal Fluminense e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde pela oportunidade de realização do curso.

Àos professoras Deborah Falcão, Samanta Mourão, Déo Anselmo, Kátia Lima, Josiane Domingues, Silvana Vianna Rodrigues, Raphael Cruz pelo auxílio, apoio, disposição e orientações concedidos a mim durante o curso de mestrado. Ao Instituto Nacional de Tecnologia (INT), em especial a Drª Valéria Gonçalves Costa, pela realização das análises de Reologia.

Ao Prof. Dr. Joel Maurício Rosa, que colaborou com inúmeras análises estatísticas.

À bolsista de iniciação cientifica Hingred Bosch pelo auxílio durante a realização de todas as etapas essenciais do trabalho, pelo carinho, paciência, amizade e pelos momentos de descontração no laboratório.

Aos meus pais, Merilane e Edson, e a minha irmã Melina pela educação, amor e apoio, além da confiança depositada em meus estudos.

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Aos amigos, Thaís Gonçalves, Thaísa Amorim, Lidiane Gomes, Simone Oliveira, Simone Pontes, Mariana Filomena, Thaís Braga, Paula Borges, Luana Melo, que dividiram comigo as aflições e a satisfação de desenvolver cada experimento (que me fizeram crescer), compreenderam o cansaço, apoiaram minhas decisões, lutaram comigo por este objetivo e nunca me deixaram desistir.

A todos que colaboraram direta ou indiretamente na realização deste trabalho.

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RESUMO

Óleos vegetais são ricos em ácidos graxos essenciais, sendo estes ácidos necessários para manter a integridade da pele e a barreira de água, prevenindo assim a formação de feridas. Ferida pode ser definida como toda alteração da integridade anatômica da pele, resultante de qualquer tipo de trauma. O tratamento de feridas envolve aspectos sistêmicos e locais. O ácido oléico é o ácido graxo mais freqüentemente encontrado na composição dos óleos fixos, sendo acompanhado pelos ácidos linoléico e linolênico. Os objetivos deste trabalho foram desenvolver e avaliar a estabilidade física de emulsões O/A contendo óleo de semente de maracujá. Emulsões O/A contendo 10,0% (p/p) de óleo de semente de maracujá foram preparadas utilizando as ceras Lanette®, Polawax®, e monoestearato de glicerila e o emulsionante polimérico Pemulen® como base das formulações, variando-se as concentrações dos adjuvantes farmacotécnicos: miristato de isopropila, propilenoglicol e glicerina. O tipo de emulsão foi verificado pelo método das medidas de condutividade elétrica e o aspecto, homogeneidade e características organolépticas avaliadas através de análises macroscópicas. Para avaliar a estabilidade acelerada, as amostras foram submetidas a diferentes condições de estresse e analisadas a partir do valor de pH, análises macroscópicas, centrifugação, espalhabilidade, viscosidade aparente e comportamento reológico. As emulsões preparadas com óleo de maracujá, 0,3% (p/p) Pemulen®, apresentaram-se estáveis com propriedades pseudoplásticas e tixotrópicas. As características macroscópicas e valores obtidos de pH, viscosidade aparente e espalhabilidade durante a estocagem indicaram estabilidade da formulação.

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ABSTRACT

Vegetable oils are rich in essential fatty acids, these acids being necessary to maintain the integrity of the skin barrier and the water, thus preventing the formation of wounds. Wound can be defined as any change in the anatomical integrity of the skin, resulting from any kind of trauma. Treatment of wounds involves local and systemic aspects. Oleic acid is the fatty acid most frequently found in the composition of fixed oils, accompanied by linoleic and linolenic acids. Our objectives were to develop and evaluate the physical stability of O/W emulsions containing passion fruit seed oil. Emulsions containing 10.0% (w / w) of passion fruit seed oil were prepared using waxes Lanette ®, Polawax ®, glyceryl monostearate and the polymeric emulsifier Pemulen ® based formulations, varying concentrations of pharmaceutical adjuvants: isopropyl myristate, propylene glycol and glycerin. The emulsion type was verified by the method of the electrical conductivity measurements and the appearance, consistency and organoleptic properties were evaluated by macroscopic analysis. To evaluate the accelerated stability, samples were subjected to different stress conditions and the pH value, macroscopic analysis, centrifugation, viscosity, spreadability and rheological behavior were evaluated. The emulsions prepared with passionflower oil, 0.3% (w/w) Pemulen® were stable and presented thixotropic and pseudoplastic properties. The macroscopic characteristics and values of pH, viscosity and spreadability during storage showed stability of the formulation.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1: Estágios das úlceras de pressão com suas características (Fonte: PIANUCCI, 2004. SMELTZER; BARE, 2005. SILVA; FIGUEREDO; MEIRELES, 2007)

Figura 1: Estrutura química dos ácidos graxos oléico, linoléico e linolênico. (ZIBOH & MILLER, 1990)

Figura 2: Estrutura química dos tocoferóis. (ZIBOH & MILLER, 1990)

Figura 3: Cromatograma do OSM01 determinado por CG - MS utilizando coluna DB5MS (20 m x 0,18 µm)

Figura 4: Cromatograma do OSM02 determinado por CG - MS utilizando coluna DB5MS (20 m x 0,18 µm)

Figura 5: Espectros de massas dos componentes de OSM01.

Figura 6: Espectros de massas dos componentes de OSM02.

Figura 7: Índice de Peróxidos do Óleo de Semente de Maracujá durante o estudo de estabilidade. Gráfico 1 - Índice de Peróxidos do OSM com BHT em Estufa; Gráfico 2 - Índice de Peróxidos do OSM sem BHT em Estufa; Gráfico 3 - Índice de Peróxidos do OSM com BHT em Geladeira; Gráfico 4 - Índice de Peróxidos do OSM sem BHT em Geladeira.

Figura 8: Foto das emulsões que sofreram separação de fases durante o estudo de estabilidade.

Figura 9: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Lanette® (La1, 2, 4 e 5) obtidos numa mesma velocidade de rotação com a formulação mediana (La3) que possui as mesmas concentrações de propilenoglicol e glicerina.

Figura 10: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Lanette® (La16 ,7 ,9 e 10) numa mesma viscosidade de rotação com a formulação mediana (La8) que possui as mesmas concentrações de concentrações de propilenoglicol e glicerina.

Figura 11: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Lanette® (La11, 12, 14 e 15) obtidos numa mesma velocidade de rotação com a

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formulação mediana (La13) que possui as mesmas concentrações propilenoglicol e glicerina.

Figura 12: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Lanette® (La16, 17, 19 e 20) obtidos numa mesma velocidade de rotação com a formulação mediana (La18) que possui as mesmas concentrações de propilenoglicol e glicerina.

Figura 13: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Pemulen® (ME1, 2, 4 e 5) obtidos numa mesma velocidade de rotação com a formulação mediana (ME3) que possui as mesmas concentrações de propilenoglicol e glicerina.

Figura 14: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Pemulen® (ME6, 7, 9 e 10) obtidos numa mesma velocidade de rotação com a formulação mediana (ME8) que possui as mesmas concentrações de propilenoglicol e glicerina.

Figura 15: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Pemulen® (ME11, 14 e 15) obtidos numa mesma velocidade de rotaçaõ com a formulação mediana (ME13) que possui as mesmas concentrações de propilenoglicol e glicerina.

Figura 16: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Pemulen® (ME16, 17, e 19) obtidos numa mesma velocidade de rotação com a formulação mediana (ME18) que possui as mesmas concentrações de propilenoglicol e glicerina.

Figura 17: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Polawax® (Pa1, 2, 4 e 5) obtidos numa mesma velocidade de rotação com a formulação mediana (Pa3) que possui as mesmas concentrações de propilenoglicol e glicerina Figura 18: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Polawax® (Pa6, 7, 9 e 10) obtidos numa mesma velocidade de rotação com a formulação mediana (Pa8) que possui as mesmas concentrações de propilenoglicol e glicerina

Figura 19: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Polawax® (Pa11, 12, 14 e 15) obtidos numa mesma velocidade de rotação com a formulação mediana (Pa13) que possui as mesmas concentrações de propilenoglicol e glicerina..

Figura 20: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Polawax® (Pa16, 17, 19 e 20) obtidos numa mesma velocidade de rotação com a formulação mediana (Pa18) que possui as mesmas concentrações de propilenoglicol e

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Figura 21: Gráfico BoxPlot dos efeitos principais da interação entre os componentes da formulação e a viscosidade das loções contendo Lanette® como agente auto-emulsionante.

Figura 22: Gráfico BoxPlot dos efeitos principais da interação entre os componentes da formulação e a viscosidade das loções contendo Pemulen® como agente auto-emulsionante

Figura 23: Gráfico BoxPlot dos efeitos principais da interação entre os componentes da formulação e a viscosidade das loções contendo Polawax® como agente auto-emulsionante

Figura 24: Gráfico BoxPlot da Interação de segunda ordem entre os componentes das formulações x viscosidade em loções contendo Lanette®.

Figura 25: Gráfico BoxPlot da Interação de segunda ordem entre os componentes das formulações x viscosidade em loções contendo Pemulen®.

Figura 26: Gráfico BoxPlot da Interação de segunda ordem entre os componentes das formulações x viscosidade em loções contendo Polawax®.

Figura 27: Gráfico BoxPlot dos efeitos principais da interação entre os componentes da formulação e a espalhabilidade das loções contendo Lanette® como agente auto-emulsionante..

Figura 28,: Gráfico BoxPlot dos efeitos principais da interação entre os componentes da formulação e a viscosidade das loções contendo Pemulen® como agente auto-emulsionante.

Figura 29: Gráfico BoxPlot da Interação de segunda ordem entre os componentes das formulações x espalhabilidadede em loções contendo Lanette®.

Figura 30: Gráfico BoxPlot da Interação de segunda ordem entre os componentes das formulações x espalhabilidadede em loções contendo Pemulen®.

Figura 31: Gráfico BoxPlot dos efeitos principais da interação entre os componentes da formulação e a viscosidade das loções contendo Polawax® como agente auto-emulsionante..

Figura 32: Gráfico BoxPlot da Interação de segunda ordem entre os componentes das formulações x espalhabilidadede em loções contendo Polawax®.

Figura 33: Efeito da interação entre o tempo e os componentes da série de emulsões contendo Lanette® como agente auto-emulsionante.

Figura 34: Efeito da interação entre o tempo e os componentes da série de emulsões contendo Polawax® como agente auto-emulsionante.

Figura 35: Efeito da interação entre o tempo e os componentes da série de emulsões contendo Pemulen® como agente auto-emulsionante.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Composição de ácidos graxos no óleo de semente de maracujá.

Tabela 2: Adjuvantes farmacotécnicos selecionados e suas concentrações em %.

Tabela 3: Critérios de avaliação de parâmetros organolépticos da emulsão.

Tabela 4: Composição de ácidos graxos nos óleos de semente de maracujá estudados.

Tabela 5: Descrição dos sinais nos cromatogramas e nos espectros de massas dos óleos de semente de maracujá.

Tabela 6: Índice de Peróxidos do Óleo de Semente de Maracujá durante o estudo de estabilidade.

Tabela 7:Variação do índice de peróxidos durante o estudo de estabilidade.

Tabela 8: Composição das formulações de loções a base de OSM contendo Lanette® como agente auto-emulsionante.

Tabela 9: Composição das formulações de loções a base de OSM contendo Polawax® como agente auto-emulsionante.

Tabela 10: Composição das formulações de loções a base de OSM contendo Pemulen® como agente auto-emulsionante.

Tabela 11:: Valores da Histerese dos gráficos de comportamento reológico das loções das séries de formulações.

Tabela 12: Variação dos valores de pH das emulsões Lanette® durante o estudo de estabilidade.

Tabela 13: Variação dos valores de pH das emulsões Polawax® durante o estudo de estabilidade.

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Tabela 15: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Lanette® como agente auto-emulsionante obtidos numa mesma velocidade de rotação com a formulação mediana que possui as mesmas concentrações propilenoglicol e glicerina.

Tabela 16: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Polawax® como agente auto-emulsionante obtidos numa mesma velocidade de rotação com a formulação mediana que possui as mesmas concentrações de propilenoglicol e glicerina.

Tabela 17: Comparação entre os valores de viscosidade das emulsões contendo Pemulen® como agente auto-emulsionante obtidos numa mesma velocidade de rotação com a formulação mediana que possui as mesmas concentrações de propilenoglicol e glicerina.

Tabela 18: Efeitos principais da interação entre os componentes da formulação e a viscosidade das loções contendo Lanette® como agente auto-emulsionante.

Tabela 19: Efeitos principais da interação entre os componentes da formulação e a viscosidade das loções contendo Pemulen® como agente auto-emulsionante.

Tabela 20: Efeitos principais da interação entre os componentes da formulação e a viscosidade das loções contendo Polawax® como agente auto-emulsionante.

Tabela 21: Efeitos principais da interação entre os componentes da formulação e a espalhabilidade das loções contendo Lanette® como agente auto-emulsionante

Tabela 22: Efeitos principais da interação entre os componentes da formulação e a espalhabilidade das loções contendo Pemulen® como agente auto-emulsionante

Tabela 23: Efeitos principais da interação entre os componentes da formulação e a espalhabilidade das loções contendo Polawax® como agente auto-emulsionante

Tabela 24: Valores de tempo de sobrevivência das amostras das loções das séries de formulações no estudo de estabilidade.

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SUMÁRIO 1. Introdução, f. 2 2. Objetivos, f. 4 3. Revisão Bibliográfica, f. 5 3.1. Pele, f. 5 3.1.1. Pele Normal, f. 8 3.1.2. Pele Seca, f. 9 3.2. Feridas, f. 9 3.3. Ácidos Graxos, f. 12 3.4. Óleos Vegetais, f. 16 3.4.1. Tocoferóis, f. 17

3.5. Óleo de Semente de Maracujá, f. 18 3.6. Emulsões, f. 20

3.6.1. Componentes de uma emulsão, f. 21

3.6.2. Agentes emulsificantes lipofílicos e hidrofílicos, f. 22 3.6.3. Estabilidade das emulsões, f. 24

3.6.3.1. Caracteristícas organolépticas, f. 26 3.6.3.2. Viscosidade e espalhabilidade, f. 26 3.6.3.3. Comportamento reológico, f. 27 4. Materiais e Métodos, f. 28 4.1. Materiais, f. 28 4.1.1. Matérias primas, f. 28 4.1.2. Solventes, f. 29 4.1.3. Padrão de análise, f. 29 4.1.4. Equipamentos, f. 29 4.2. Métodos, f. 30

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4.2.2. Desenvolvimento farmacotécnico de loções à base de óleo de semente de maracujá, f. 31

4.2.2.1. Escolha dos sistemas emulsionantes, f. 31 4.2.2.2. Eleição dos adjuvantes de formulação, f. 32

4.2.2.3. Preparação dos lotes pilotos para a seleção das formulações de estudo, f. 33

4.2.3. Estudo de estabilidade das loções a base de óleo de semente de maracujá, f. 33

4.2.3.1. Preparo das emulsões, f. 33

4.2.3.2. Programa geral de amostragem, f. 34 4.2.3.3. Tipo de estabilidade avaliado, f. 34 4.2.3.4. Aspecto desejado, f. 34

4.2.3.5. Teste de espalhabilidade, f. 35 4.2.3.6. Determinação do pH, f. 36

4.2.3.7. Avaliação da viscosidade aparente, f. 36 4.2.3.8. Determinação do tipo de emulsão, f. 36 4.2.3.9. Teste de centrifugação, f. 36

4.2.4. Estudo do comportamento reológico, f. 36 4.2.5. Estudos estatísticos, f. 37

5. Resultados e Discussão, f. 38

5.1. Caracterização do óleo de semente de maracujá, f. 38

5.1.1. Cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas, f. 38

5.1.2. Índice de peróxidos, f. 43

5.2. Desenvolvimento farmacotécnico de loções à base de óleo de semente de maracujá, f. 45

5.3. Comportamento reológico das loções estudadas, f. 50

5.4. Estudo de estabilidade das loções a base de óleo de semente de maracujá, f. 53

5.4.1. Aspecto desejado, f. 53

5.4.2. Determinação do tipo de emulsão, f. 55 5.4.3. Teste de centrifugação, f. 55

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5.4.5. Avaliação da viscosidade aparente, f. 62 5.4.6. Teste de espalhabilidade, f. 75

5.4.7. Influência do tempo na estabilidade das emulsões, f. 84

6. Conclusão, f. 88

7. Referencias Bibliográficas, f. 91

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1. INTRODUÇÃO

Ferida pode ser definida como toda alteração da integridade anatômica da pele, resultante de qualquer tipo de trauma. O tratamento de feridas envolve aspectos sistêmicos e locais. (PEREIRA & BACHION,2005)

Alguns trabalhos demonstram que o impacto psíquico, social e econômico da cronificação de lesões, em especial as úlceras crônicas dos pés e pernas, representa a segunda causa de afastamento do trabalho no Brasil. (ERENO, 2003) É indispensável que sejam desenvolvidos trabalhos de prevenção do surgimento e reincidências de úlceras em pacientes que oferecem o risco de desenvolvê-las. Os gastos financeiros com úlceras por pressão é objeto de estudos por diversas instituições no âmbito internacional. No Brasil, poucos estudos versaram sobre os custos financeiros com o tratamento destas feridas, o que leva a inexistência de parâmetros financeiros mais definidos. Nosso país, há forte carência de programas específicos de prevenção destas feridas, bem como de legislações ou qualquer outra medida de cunho político neste sentido. (FIRMINO & CARNEIRO, 2005)

A prevenção da formação de úlceras tem como principal pressuposto a retirada da pressão do local onde existe risco de seu aparecimento. Outra estratégia que começa a ser empregada nesta área é a utilização de produtos que atuem como protetores da integridade da pele, onde se destaca a utilização dos derivados dos ácidos graxos essenciais (AGE). (FIRMINO & CARNEIRO, 2005)

Os ácidos graxos essenciais são necessários para a manutenção da integridade da pele. Estas substâncias não são sintetizadas pelo organismo, sendo sua ação na pele essencial, já que agem promovendo a quimiotaxia e a angiogênese, mantendo o meio úmido, além de acelerar o processo de granulação tecidual. Na sua aplicação tópica, em

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pele íntegra, observa-se que essas substâncias são facilmente absorvidas, formando uma película protetora que previne escoriações e proporciona nutrição celular local. (FIRMINO & CARNEIRO, 2005) A forma mais confortável para aplicação destas substâncias em pacientes é através de emulsões que as contenham.

O desenvolvimento de emulsões na forma de cremes ou loções cremosas envolve a eleição dos agentes emulsionantes adequados para a emulsificação dos óleos e substâncias gordurosas que se pretende inserir no produto. A interação dos agentes emulsionantes e os demais componentes da formulação determinam o aspecto do produto, suas ações e sua estabilidade.

A eficiência de uma preparação farmacêutica ou cosmética é dependente da manutenção de suas características químicas e físico-químicas ao longo do tempo. A estabilidade de um produto requer a avaliação de sua estabilidade através da avaliação das características do produto e as especificações que devem ser mantidas através de testes tradicionais de controle de qualidade. Existem três tipos de estabilidade importantes na análise de uma formulação farmacêutica (ANSEL, POPOVICH, ALLEN, 2000): química – cada ingrediente ativo deve reter a sua integridade química e potência, indicadas na embalagem, dentro de certos limites especificados; física – é a propriedade que os produtos apresentam de reter de forma inalterada as características físicas que apresentam após a sua fabricação; microbiológica – a esterilidade ou resistência ao crescimento microbiano é mantida, de acordo com os requisitos especificados. (ZANIN, 2001)

Mesmo com o grande número de estudos sobre os problemas sociais vividos pelos portadores de feridas crônicas, a estratégia de tratamento das feridas e dos diversos produtos disponíveis no mercado farmacêutico, poucos estudos sobre a prevenção deste mal foram desenvolvidos.

Este estudo compõe o projeto de estudos de feridas, desenvolvido em parceria entre a Faculdade de Farmácia e a Faculdade de Enfermagem da UFF; visando desenvolver e estudar novas alternativas para aliviar o sofrimento dos pacientes e curar as feridas desta população.

No presente trabalho propõe-se o desenvolvimento e a realização do estudo preliminar de estabilidade de uma emulsão rica em ácidos graxos essenciais e

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O presente trabalho tem como objetivo desenvolver e avaliar a estabilidade de emulsões à base de ácidos graxos essenciais, para a prevenção da formação de úlceras por pressão.

2.2 Objetivos específicos

 Pesquisar no mercado brasileiro óleos vegetais originários de plantas nacionais, que possuam em sua composição ácidos graxos essências, e que possam beneficiá-la na prevenção da formação de úlceras.

 Desenvolvimento e obtenção de uma emulsão tendo como princípio ativo o óleo de sementes de maracujá.

 Definir as concentrações do óleo vegetal/ácidos graxos essenciais (AGE) e dos demais componentes da formulação.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Pele

A pele do homem é o manto de revestimento do organismo, indispensável à vida e que isola os componentes orgânicos do meio externo, correspondendo a 15% de seu peso corporal. Apresenta alterações constantes, sendo dotada de grande capacidade renovadora, de reparação e de certo grau de impermeabilidade. (AZULAY, 2008)

A pele associa-se com as mucosas digestiva, do revestimento urogenital e do trato respiratório, para proteger as estruturas internas do corpo do ambiente externo hostil, incluindo as várias formas de poluição, temperatura, umidade e radiação. A pele preserva os órgãos internos, limita a passagem de produtos químicos dentro e fora do corpo, estabiliza a pressão sanguínea e a temperatura, e media as sensações de calor, frio, toque e dor. Pode ser facilmente danificada mecânica, química, biologicamente e por radiação. (AULTON, 2005) As maiores funções da pele são: proteger o corpo contra injurias químicas e físicas e prevenir a perda de água e outras substâncias pelo corpo. (AZULAY, 2008)

A pele é um tecido complexo, composto por multi-camadas que pode ser dividido em três camadas principais, a epiderme, a derme e a hipoderme. A epiderme é

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constituída por: sistema queeratinocítico, composto por células epiteliais denominadas queratinócitos, responsável pelo corpo da epiderme e de seus anexos (pêlos, unhas e glândulas); sistema melânico, formado pelos melanócitos; células de Langerhans, com função imunológica; células de Merkel, integradas ao sistema nervoso, e células dendríticas indeterminadas. (AZULAY, 2008; PEYREFITTE, MARTINI, CHIVOT, 1998; MORAIS, 2006)

O sistema ceratinocítico é responsável por, pelo menos, 80% das células epidérmicas, caracteriza-se pela disposição lado a lado de suas células e por sua renovação constante. O alto índice de multiplicação celular dos queratinócitos da sua camada mais profunda (camada basal) fornece as células que, a seguir, vão gradativamente se modificando e migrando para a superfície, formando a camada espinhosa. Essas células, após passarem por um rápido estágio em que se apresentam com citoplasma mais basófilo e granuloso (camada granulosa), transformam-se subitamente em células anucleadas (corneócitos), sendo então eliminadas para o meio ambiente na camada mais externa da epiderme, a camada córnea. (AZULAY, 2008; PEYREFITTE, MARTINI, CHIVOT, 1998; MORAIS, 2006)

A camada córnea surge rapidamente pela ocorrência simultânea e súbita de vários eventos na célula da camada granulosa, dos quais se destacam: extrusão do conteúdo dos grânulos lamelares, especialmente colesterol, ceramida e ácido graxo livre. Estes se depositarão em forma de bainha dupla em torno de cada célula, originando a grande barreira lipídica à passagem de água e substâncias polares da epiderme, e, quando chegarem à superfície, irão compor, com o sebo, o manto lipídico da pele, a barreira lipídica extracelular hidrofóbica. (AZULAY, 2008)

O estrato córneo é composto por corneócitos ricos em proteínas e áreas intercelulares ricas em lipídios. O estrato córneo é recomposto continuamente e é bem equipado com mecanismos para reparos do desgaste natural do corpo. No entanto, fatores ambientais e individuais podem interagir de formas complexas induzindo anormalidades na pele. (LODÉN, 2003)

A camada córnea, sendo a camada mais externa da epiderme, constitui o verdadeiro limite entre o indivíduo e o meio ambiente. As células são acidófilas e extremamente planas, sendo as células mais largas do organismo, o que permitirá a sua descamação e a mobilidade da região sem provocar dano à integridade do tecido. Além da proteção mecânica, a camada córnea previne o trânsito de água e substâncias solúveis através das duplas lamelas lipídicas intercelulares presentes nas suas porções média e

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baixa, mantendo a homeostasia do indivíduo frente ao ambiente. (AZULAY, 2008; PEYREFITTE, MARTINI, CHIVOT, 1998; MORAIS, 2006)

Os lipídeos intercelulares do estrato córneo, que são predominantemente colesterol, ácidos graxos e ceramidas, estão dispostos em camadas chamadas lamelas intercelulares e são fundamentais para a função barreira. (MORAIS, 2006; PEYREFITTE, MARTINI, CHIVOT, 1998) Sua importância deve-se à disposição estratificada, ao alto conteúdo de lipídeos e queratina e ao baixo teor de hidratação, atuando assim na barreira epidérmica. (MORAIS, 2006) Embora seja uma membrana muito fina, comporta-se como eficiente barreira química e física, protegendo o corpo humano contra a perda de água através da pele (desidratação), bem como impede a entrada de agentes infecciosos e tóxicos para a derme. (MORAIS, 2006)

Segundo Beny (2000), o estrato córneo representa uma região importante no controle da absorção cutânea de substâncias ativas, pois a permeabilidade seletiva desta estrutura apresenta-se como tema central em muitos aspectos efetivos de substâncias ativas de uso tópico. Essa barreira, pouco permeável à água, retém água e eletrólitos. A retenção de água conserva a superfície da pele saudável e macia, devido aos lipídeos de sua superfície, derivados principalmente do sebo. Em outras palavras, esses lipídeos aumentam a capacidade de retenção de água do estrato córneo, diminuindo, assim, sua evaporação. (MORAIS, 2006)

A derme, também denominada de tecido de sustentação, é uma camada de tecido conjuntivo composta por um sistema integrado de estruturas fibrosas, filamentosas e amorfas, na qual são acomodados vasos, nervos e anexos epidérmicos. Tem como funções nutrição e sustentação da epiderme. Considerada como verdadeiro “reservatório” de água é suscetível de armazenar, trocar e fornecer massas variadas de água em função das necessidades do organismo. (AZULAY, 2008; MORAIS, 2006; PEYREFITTE, MARTINI, CHIVOT, 1998)

A derme pode ser dividida em três partes distintas: Superficial ou Papilar, com grande celularidade e onde predominam finos feixes fibrilares de colágeno dispostos mais verticalmente; Profunda ou Reticular, constituída por feixes mais grossos de colágeno, ondulados e dispostos horizontalmente; Adventicial disposta em torno dos anexos e vasos e constituída de feixes finos de colágeno, como na derme papilar.

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das proteínas do tecido conectivo e de vários fatores solúveis que funcionam como mensageiros para epiderme, vasos e outras células. As células migratórias participam da defesa do organismo, histiócitos/macrófagos têm capacidade de fagocitar, apresentar antígeno, microbicida, tumoricida, secretar moléculas imunomoduladoras, citocinas e fatores de crescimento, além de propriedades hematopoiéticas, e os dendrócitos dérmicos são macrófagos apresentadores de antígeno, localizados em maior número nas porções superiores da derme, principalmente ao redor dos vasos. (AZULAY, 2008; MORAIS, 2006)

A matriz extracelular é composta por fibras de colágeno e elastina, que se banham na substância fundamental constituída por água, sais minerais e macromoléculas, as quais são representadas pelos glicosaminoglicanos e glicoproteínas de estrutura. Dentre elas, destaca-s o colágeno, uma proteína distribuída amplamente pelos tecidos conjuntivos, que corresponde a aproximadamente 75% do peso seco da derme e que provê resistência e elasticidade ao tecido. As fibras elásticas formam uma rede que se estende da junção dermoepidérmica ao tecido conectivo da hipoderme, estando elas também presentes na parede dos vasos e em torno do folículo piloso. (AZULAY, 2008; MORAIS, 2006; PEYREFITTE, MARTINI, CHIVOT, 1998)

A hipoderme é a camada mais profunda da pele, constituída de lóbulos de lipócitos delimitados por septos de colágeno com vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. A hipoderme, além de ser um depósito de calorias, protege o organismo de traumas e do calor, modela o corpo e permite a mobilidade da pele em relação às estruturas subjacentes. (AZULAY, 2008; PEYREFITTE, MARTINI, CHIVOT, 1998; MORAIS, 2006)

3.1.1. Pele Normal

Este é um tipo de pele difícil de ser encontrada em indivíduos na idade adulta, pois o estresse e o meio ambiente a que estão sujeitos provocarão modificações na pele. Os bebês e, por vezes, as crianças jovens ainda podem possuir este tipo de pele, mas dependerá das características genéticas da raça a que pertencem. Na pele normal, tanto a secreção sudoral quanto a sebácea devem originar um manto hidrolipídico normal que proteja a pele das agressões externas e lhe dê um aspecto aveludado. Ela caracteriza-se pela existência de um equilíbrio ideal entre o teor em lipídios e as substâncias hidrossolúveis. (CUNHA, 2004)

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Histologicamente, a pele normal apresenta na hipoderme tecido conjuntivo adiposo com um número apropriado de adipócitos separados por células de tecido conjuntivo. Na derme, os fibroblastos asseguram a produção regular da matriz intercelular, que é responsável pela boa elasticidade e hidratação da pele. Na epiderme o processo de queratinização conduz a uma camada córnea homogênea, fina e protetora. A pele normal estará, sempre, bem hidratada, tanto no nível da epiderme como da derme, pela presença de um teor normal de água. (CUNHA, 2004)

3.1.2. Pele Seca

A pele seca aparece devido à fraca atividade das glândulas sebáceas, decorrente não somente à predisposição genética, mas também do excesso de exposição a fatores agressivos do meio ambiente. Assim, a desidratação está, na maior parte dos casos, ligada à falta de lipídios. Este tipo de pele se caracteriza por um decréscimo da fase lipídica, na película hidrolipídica, em virtude de haver uma hipersecreção sebácea, e por uma diminuição na quantidade de água na camada córnea, devido à alteração da película hidrolipídica. (CUNHA, 2004)

Há três grandes tipos de pele seca: Pele seca alipídica: quando a pele é seca por insuficiência de secreção sebácea; Pele seca “verdadeira”: quando a pele apresenta o conteúdo em água reduzido na camada córnea; Pele seca “dermatológica”: decorrente de certas dermatoses (ictioses, queratose pilar), onde há uma secura cutânea associada a problemas de queratinização. (PEYREFITTE, MARTINI, CHIVOT,1998)

3.2. Feridas

Ferida pode ser definida como toda alteração da integridade anatômica da pele, resultante de qualquer tipo de trauma. Alguns trabalhos demonstram que o impacto psíquico, social e econômico da cronificação de lesões, em especial as úlceras crônicas dos pés e pernas, representa a segunda causa de afastamento do trabalho no Brasil. (ERENO, 2003)

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adequado, sem complicações. As feridas crônicas são aquelas que não são reparadas no tempo esperado e apresentam complicações. Os fatores de risco associados às feridas crônicas incluem: pressão sanguínea elevada, diabetes mellitus, má circulação, imunodeficiência e infecção. Entre as feridas crônicas mais comuns têm-se as úlceras venosas, úlceras arteriais, úlceras neuropáticas e úlceras por pressão. (PEREIRA & BACHION,2005)

As úlceras por pressão são definidas como lesões cutâneas ou de parte moles originadas basicamente de isquemia tecidual prolongada, secundária a um aumento de pressão externa, localizando-se, normalmente sobre uma proeminência óssea. (MONTEIRO, 2008) Qualquer posição mantida por um paciente durante um longo período de tempo pode provocar lesão tecidual, principalmente em tecidos a que sobrepõe uma proeminência óssea, devido à presença de pouco tecido subcutâneo nessas regiões. A compressão dessas áreas diminui o fluxo sanguíneo local facilitando o surgimento de lesão por isquemia tecidual e necrose. (IRION, 2005; SMELTZER; BARE, 2005) Estas áreas incluem as regiões sacrais, coccígenas, tuberosidades isquiáticas, trocânter maior, calcâneo, maléolos, côndilo medial da tíbia, cabeça da fíbula, escápula, cotovelo, processos acromiais e cristas ilíacas (DELISA; GANS, 2002; IRION, 2005; SMELTZER; BARE, 2005). Elas ocorrem primariamente em pacientes com a mobilidade comprometida e idosos, e estão relacionadas ao aumento do custo da assistência hospitalar e com várias complicações infecciosas, infecção local, celulite de tecidos vizinhos, osteomielite contígua e bactermia/sepse. (BRAGA, 2007)

As úlceras por pressão são as únicas feridas que são estagiadas. Os estágios são divididos em I, II, III, IV. As características dos estágios são apresentadas no Quadro 1.

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Quadro 1: Estágios das úlceras de pressão com suas características (Fonte: PIANUCCI, 2004. SMELTZER; BARE, 2005. SILVA; FIGUEREDO; MEIRELES, 2007)

Estágios Descrição Características

Estágio I A lesão envolve somente as camadas superficiais da pele, como a epiderme e a derme.

• temperatura cutânea elevada devido

à vasodilatação aumentada,

• eritema que permanece por quinze

minutos ou mais após o alívio da pressão no local,

• dor e discreto edema,

• evolui para o aspecto mosqueado,

cianótico, azul-acinzentado que é o resultado da oclusão dos capilares cutâneos e o enfraquecimento subcutâneo,

• esses sinais de inflamação podem

ser revertidos com a remoção da pressão no local

Estágio II A lesão envolve o tecido subcutâneo exibindo uma ruptura na pele através da epiderme e derme

• abrasão, bolha ou cratera

superficial,

• necrose juntamente com o

represamento venoso e trombose, edema visível,

• dor, extravasamento de pouco

exsudato e pele adjacente vermelha ou escurecida.

Estágio III Derme e epiderme estão destruídas e a hipoderme é atingida

• presença de drenagem de exsudato

amarelado ou esverdeado com odor fétido,

• vesícula ou cratera não muito

profunda,

• pontos de tecidos desvitalizados,

ficando o paciente susceptível as infecções

Estágio IV Destruição profunda dos tecidos, podendo atingir fáscia, envolver músculos, tendões e possivelmente osso e articulação

• Presença de tecido necrótico ou

esfacelos,

• tunelização na ferida e drenagem de

secreção com odor fétido,

• O risco de complicação nos

portadores de úlcera por pressão como osteomielite, piartrose (formação de secreção purulenta dentro da cavidade articular) e sepsemia é muito alto neste estágio.

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curativo, e constitui-se do procedimento de limpeza e cobertura de uma lesão, com o objetivo de auxiliar o restabelecimento da integridade do tecido ou prevenir a colonização dos locais de inserção de dispositivos invasivos, diagnósticos ou terapêuticos (por exemplo: cateteres e drenos). (PEREIRA & BACHION,2005)

A prevenção da úlcera por pressão é mais importante que as propostas de tratamento, visto que o a prevenção exige um investimento econômico menor do que a cura.

A maneira de prevenção destas úlceras baseia-se num único pressuposto: a retirada da pressão. Por isso cada vez mais se observa a criação de produtos ditos “aliviadores de pressão”, como placas acolchoadas, coxins de silicone e colchões de ar. Uma estratégia complementar que pode ser adotada em associação com as indicada acima é o aumento da resistência da pele. Ela pode ser protegida pela aplicação de produtos que protejam sua integridade e aumentem sua hidratação. O mercado oferece cremes à base de ácidos graxos essenciais, como ácido linoléico, ácido caprílico, ácido cáprico, vitamina A, vitamina E e a lecitina de soja. Como dito anteriormente, os ácidos graxos essenciais são necessários para manter a integridade da pele, devido a sua capacidade de funcionarem como barreira de água. Estes ácidos agem promovendo quimiotaxia e angiogênese, mantendo o meio úmido e, assim, aceleram o processo de granulação tecidual. Além da prevenção e tratamento das úlceras de pressão, eles também podem prevenir e tratar dermatites, úlceras venosa e neutrófica, úlceras abertas com ou sem infecção. (FIRMINO & CARNEIRO, 2005)

3.3. Ácidos Graxos

Quimicamente, um ácido graxo consiste em uma série de átomos de carbono, unidos uns aos outros por ligações simples (saturado) ou ligações duplas (insaturado), com um grupo carboxil e uma cauda formada por cadeia de hidrocarbonetos. Os ácidos graxos apresentam diferentes tamanhos de cadeia, de 3 a 24 átomos de carbono. São classificados de acordo com o número de carbonos na cadeia, o número de ligações duplas e a posição da primeira ligação dupla. Os ácidos graxos de cadeia curta possuem de 4 a 6 carbonos, os de cadeia média de 6 a 12 e os de cadeia longa de 16 a 22 carbonos. Quando a cadeia de átomos de carbonos possui somente ligações saturadas, o ácido graxo é classificado como saturado. Quando os ácidos graxos possuem apenas uma ligação dupla de carbono são denominados monoinsaturados (AGMI); com duas ou

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mais ligações duplas, são chamados de poliinsaturados (AGPI). (MANHEZI, BACHION, PEREIRA, 2008)

Os ácidos graxos são considerados essenciais quando não podem ser sintetizados pelo organismo, mas são extremamente necessários ao seu perfeito funcionamento e devem ser adquiridos na dieta. (NABAS et al, 2009) Três grandes famílias de ácidos graxos insaturados são importantes para os mamíferos: ômega-9, ômega-6 e ômega-3. Os AGPI ômega-9, ômega-6 e ômega-3 são definidos pela posição da ligação dupla mais próxima do grupo metil terminal da molécula, como é visto na figura 1. Por exemplo, na família do ômega-6, a primeira dupla ligação ocorre entre o sexto e o sétimo átomos de carbono próximos ao grupo metil terminal; na família do ômega-3, a primeira ligação dupla ocorre entre o terceiro e o quarto átomos de carbono. Os AGPI ácido linoleico (ômega-6) e ácido linolênico (ômega-3) são sintetizados em nosso planeta por muitas plantas e então obtidos pelo organismo humano pela dieta através do consumo de óleos vegetais. Os ácidos graxos de cadeia longa de cada família presentes no organismo dos mamíferos são biossintetizados a partir dos precursores (ácidos graxos de cadeias curtas) obtidos pela ingestão de vegetais que os produzam ou são obtidos diretamente pela ingestão de alimentos de origem animal. Por exemplo, os ácidos graxos de cadeia longa da família ômega-3, o ácido ecosapentanóico (EPA), o ácido docosaexanóico (DHA) são encontrados em peixes e óleos de peixes marinhos, podendo ser ingeridos diretamente dessas fontes. O acido araquidônico (AA), um importante ácido graxo da família ômega-6, é encontrado em fígado, cérebro e músculos de diversos animais, ricas fontes dietéticas. (ZIBOH & MILLER, 1990)

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Figura 1 – Estrutura química dos ácidos graxos oléico, linoléico e linolênico. (ZIBOH & MILLER, 1990)

Os ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa como os ácidos araquidônico (AA), eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA) desempenham importantes funções celulares como a manutenção da integridade e fluidez das membranas, atividades das enzimas de membrana e síntese de eicosanóides, como as prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos. Estes, por sua vez, possuem capacidade de modificar reações inflamatórias e imunológicas, alterando funções leucocitárias e acelerando o processo de granulação tecidual. (MANHEZI, BACHION, PEREIRA, 2008. SINCLAIR et al., 2002)

Em animais, os sintomas da carência de ácidos graxos essenciais são muitos. Os mais importantes referem-se a problemas de crescimento e perda de peso, modificações celulares da pele e mucosa, perda de funções reprodutivas, problemas renais, entre outros. No homem adulto, a carência é rara, mas se manifesta mais freqüentemente por problemas cutâneos como dermatoses eczematiformes, retardo na cicatrização e problemas no equilíbrio lipídico do soro, na coagulação e na função plaquetária. (MANHEZI, BACHION, PEREIRA, 2008)

Um estudo pioneiro realizado por BURR & BURR em 1930 observou que, além da descamação visível de sua pele, os animais com deficiência de ácidos graxos essenciais (AGE) também apresentaram um aumento no consumo de água, sem aumento do débito urinário, o que levou à especulação de aumento da perda de água

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através da pele. Assim, nesses primeiros estudos, os autores reconheceram os dois grandes problemas associados com a deficiência de AGE na biologia cutânea, a saber: (I) hiperproliferação epidérmica e (II) aumento da permeabilidade da pele à água.

Os AGPI mais abundantes na pele humana são o ácido linoleico (LIN) e o ácido araquidônico (AA). Existem evidências substanciais de que pelo menos uma das funções essenciais do LIN na pele é a de manter a integridade da barreira epidérmica de água. As observações de BURR (1942 apud ZIBOH & MILLER, 1990), do consumo de água pelos animais deficientes em AGE sem aumento do débito urinário, apenas indicou um aumento na perda de água dos animais, sem atribuir esse sintoma especificamente à desordem de pele. BASNAYAKE & SINCLAIR (1956, apud ZIBOH & MILLER, 1990) foram os primeiros a demonstrar um defeito na capacidade da pele para atuar como uma barreira eficiente da água em animais deficientes em AGE. O advento de equipamentos especificamente concebidos para medir perda de água das áreas selecionadas da pele permitiu aos pesquisadores registrar a perda de água trans-epidérmica (PTEA) na pele humana, sob uma variedade de condições dermatológicas. Em uma série de estudos, PROTTEY e colaboradores (1976 apud ZIBOH & MILLER, 1990) utilizaram tal dispositivo para estabelecer firmemente a PTEA aumentada em animais com deficiência de AGE. Informações obtidas a partir dessas experiências apoiaram o papel especial do LIN para corrigir a perda de água trans-epidérmica que tinha sido induzida por deficiência de AGE. (ZIBOH & MILLER, 1990)

Uma série de AGPI têm sido utilizada para reverter a escamosidade e a hiperproliferação causada por deficiência de AGE. No início dos experimentos de Burr (1942), a cadeia de 18 carbonos do acido linoleico (LIN) e a cadeia de carbono-20 do acido araquidônico (AA) apresentaram eficiência na reversão na escamosidade e no crescimento anormal característico decorrente da deficiência de AGE, enquanto que ácidos graxos saturados e o ácido oléico (um ácido graxo mono insaturado) não conseguiram reverter os sintomas. Mais recentemente, novos estudos demonstraram que o LIN é mais eficaz do que o AA. Nestes estudos, os sintomas da deficiência de AGE foram revertidos através da suplementação da dieta dos animais deficientes em AGE com um dos dois óleos vegetais contendo predominantemente LIN: óleo de cártamo (78% de LIN) ou óleo de prímula (73% de LIN). Em contraste, a suplementação dos

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Ao contrário do papel do AGPI ômega-6, o papel fisiológico do AGPI ômega-3 na biologia da pele não é clara. (ZIBOH & MILLER, 1990)

O trabalho realizado por NABAS e colaboradores, (2009) verificou o efeito antiedematogênico tópico de óleos de girassol, de uva, de prímula e de peixe marinho, os quais apresentam em sua composição os ácidos graxos insaturados das famílias

ômega-6 e ômega-3. Os ensaios farmacológicos, conduzidos nas orelhas dos

camundongos, foram realizados após a aplicação prévia de um agente edematogênico, o óleo de cróton, e posterior tratamento com os óleos vegetais e de peixe utilizando o controle positivo (aplicação de dexametasona) e o controle negativo (aplicação de solução acetona/água 70:30). Os resultados revelaram valores de redução do edema em 31,5%, 29,2%, 20,4% e 7,3% para os óleos de girassol, uva, prímula e peixe, respectivamente, quando comparado ao grupo-controle negativo. Os óleos de girassol, uva e prímula, quando associados ao veículo cáprico-caprílico, mostraram melhora significativa no efeito antiedematogênico, com valores de redução do edema em 38,2% 40,6% e 30,2%, respectivamente. O Dersani®, um produto comercial amplamente utilizado como agente cicatrizante de feridas cutâneas, também foi empregado no presente ensaio como protótipo de comparação com as amostras. Os principais ácidos graxos da composição deste produto são o caprílico (35,6%) e o linoleico (25,6%), em seguida os ácidos cáprico (18,2%) e o oleico (14,0%). O produto comercial Dersani®, aplicado topicamente na orelha direita dos camundongos reduziu o edema em 44,0%. Nos óleos de sementes de girassol (OG) e uva (OU) os ácidos predominantes foram o linoleico (52,7% e 69,3%, respectivamente) e o oleico (34,1 e 19,2%, respectivamente). O óleo de prímula (OP) também apresenta predominância do ácido linoleico e consideráveis quantidades do ácido gama-linolênico. Portanto, foi evidenciado que o ácido linoleico, o principal ácido graxo da família ômega-6 presente nas amostras, associado com os ácidos caprílico e cáprico possui potente ação antiedematogênica tópica. Este efeito não foi observado para os ácidos graxos de cadeia longa da família

ômega-3 presentes no óleo marinho.

3.4. Óleos Vegetais

Os óleos vegetais, também conhecidos como óleos fixos, podem ser obtidos de várias partes das plantas, porém as sementes contêm quantidades maiores, sendo a fonte mais comum. Estes óleos são constituídos principalmente por triglicerídeos, ésteres

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triplos de ácidos graxos e glicerol. O ácido graxo que participa da formação destes é em sua maioria o ácido oléico, porém determinados óleos contêm ácidos graxos mais insaturados, tais como o ácido linoléico e o ácido linolênico. (PEYREFITTE et al., 1998. MORAIS, 2006) Muito importante nos óleos gordos é o teor de substâncias insaponificável pelos fitosteróis e tocoferóis, dada a capacidade de estas substâncias regenerarem o tecido cutâneo. (PEYREFITTE et al.,1998)

Os óleos vegetais são empregados na área farmacêutica na forma natural ou na composição de emulsões, por suas propriedades emolientes, podendo também servir de veículo para outros medicamentos. (MORAIS, 2006) Destacam-se como constituintes da fase oleosa de emulsões cosméticas, devido às suas propriedades tais como baixas viscosidade e massa molecular, o que os tornam menos oclusivos que os óleos minerais, com boa penetração na pele, permitindo-lhes fornecer nutrientes como os ácidos graxos essenciais. (MORAIS, 2006)

Existem vários óleos vegetais disponíveis no mercado farmacêutico. Dentre eles destacam-se os óleos de Açaí (Euterpe oleracea), de sementes de Abóbora (Curcubita

sp.), de Amêndoas (Prunus dulcis) , de Andiroba (Carapa guianensis,; de Buriti

(Mauritia flexuosa), de Canola (Brasica sp.), de Cártamo (Carthamus tinctorius), de Castanha do Pará (Bertholletia excelsa), de Framboesa (Rubus Idaeu), de Gergelim (Sesanum indicum), de Girassol (Helianthus annus), de Groselha negra (Ribes nigrum), de Linhaça (Linum usitatíssimum), de sementes de Maracujá (Passiflora edulis), de Prímula (Oenothera biennis), de Rosa mosqueta (Rosa aff. Rubiginosa) e de sementes de Uva (Vitis vinifera).

Os óleos vegetais de uso farmacêutico apresentam diferentes atividades farmacológicas, tanto locais quanto sistêmicas. Os óleos de açaí, semente de abóbora, canola, cártamo, framboesa, groselha negra e prímula destacam-se, pois atuam reduzindo os níveis de colesterol, produzindo um efeito vasodilatador, auxiliando, assim, no controle da pressão arterial, e, consequentemente, prevenindo doenças cardiovasculares. Já os óleos de amêndoas, buriti, castanha do Pará, gergelim, girassol, maracujá, oliva, rosa mosqueta e uva são utilizados em emulsões para uso externo, pois possuem principalmente propriedades nutritivas da pele, emolientes, amaciantes e

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3.4.1 Tocoferóis

Os tocoferóis e tocotrienóis são conhecidos pelo poder de inibição dos processos de oxidação de lipídios em alimentos e sistemas biológicos. (PEREIRA, 2008)

Os tocoferóis (figura2) estão presentes em óleos vegetais e nas partes verdes das plantas. A vitamina E ou tocoferol atua de modo especial por se intercalar entre os lipídios de camada mais externa da epiderme formando uma barreira protetora. Ela age de forma sinérgica com a vitamina C durante a formação de fibras colágenas. (LIMA, GONÇALVES, 1997). O termo vitamina E é o nome genérico aceito pela IUPAC (1982) para designar estas duas famílias de substâncias biologicamente ativas (os tocoferóis e os tocotrienóis). (LINS, 2006; SAMICO,2010)

Figura 2: Estrutura química dos tocoferóis. (ZIBOH & MILLER, 1990)

Os tocoferóis embora desempenhem funções biológicas importantes nos animais e nos seres humanos, são sintetizados apenas pelos organismos fotossintéticos, plantas verdes e algumas cianobactérias . Apesar de muitas especulações sobre a função celular da vitamina E, as evidências sugerem que sua atividade biológica seja conseqüência de suas propriedades antioxidantes, tanto na proteção das plantas quanto dos animais contra a foto-oxidação. No sistema animal, a vitamina E (α–tocoferol) representa o maior antioxidante lipossolúvel presente em todas as membranas celulares, atuando na proteção contra a lipoperoxidação, ou seja, evitando a formação de radicais peróxidos a partir de ácidos graxos poliinsaturados nas membranas fosfolipídicas, convertendo-os em produtos mais estáveis. Pode, ainda, reagir diretamente com uma variedade de

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oxiradicais, como o superóxido, a hidroxila, e também com o oxigênio singleto, evitando desta forma, possíveis danos celulares. (LINS, 2006).

3.5. Óleo de Semente de Maracujá

O Maracujazeiro é uma planta trepadeira da família Passiflorácea, originária da América tropical, muito cultivada no Brasil. As espécies mais comuns são Passiflora

edulis e Passiflora incarnata. Os frutos são os elementos de maior importância

econômica desta planta. O Maracujá recebe um destaque especial devido às características sensoriais do suco que produz, tradicionalmente consumido ao natural ou industrializado, sendo fonte de minerais e vitaminas, como cálcio, fósforo e vitamina C.

Os principais subprodutos da extração do suco de maracujá são as cascas e as sementes, resultantes do processamento do fruto, que correspondem de 65 a 70% do peso do seu peso (OLIVEIRA et al., 2002) e que, na maioria das vezes, não são aproveitados, tornando-se um grande problema ambiental. Esses resíduos são utilizados por produtores rurais na suplementação da alimentação animal, como ração para bovinos e aves, ainda sem muita informação técnica adequada (FERRARI, 2004).

As sementes do maracujá representam de 6 a 12% do peso total do fruto, sendo uma boa fonte de óleo. (FERRARI; COLUSSI; AYUB, 2004) O óleo das sementes de maracujá possui coloração amarela, odor suave, sabor agradável, sendo rico em ácido linoleico, oleico e palmítico. (KOBORI; JORGE, 2005) Para obtenção do óleo, as sementes, contendo aproximadamente 3% de óleo, são prensadas a frio e contém aproximadamente 3% de óleo. O óleo de semente de maracujá possui ácido ascórbico, beta caroteno, flavonóides, cálcio, fósforo e potássio. (BERACA, 2011) O óleo também possui em sua composição a passiflorina, uma substância relaxante, com aroma que reduz a ansiedade, melhora o sono e diminui o estresse em geral.

O óleo de semente de maracujá apresenta alta concentração de ácidos graxos insaturados, com predominância do ácido linoléico, estando presentes os ácidos oléico, palmítico e esteárico (Tabela 1). Sendo assim, é um bom hidratante, uma vez que repõe as frações de ácido linoléico, presentes na superfície da pele, e que são facilmente removíveis por sabões, sendo, desta forma, importante a restauração dos mesmos na

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ÁCIDO GRAXO (%) PONTES, 1989 FERRARI, 2004 NYANZY, 2005 C16:0 Palmítico 7,1% 12,04% 11,0% C18:1 Oléico 19,9% 18,06% 16,9% C18:2 Linoléico 62,3% 68,79% 74,3%

O desenvolvimento de emulsões utilizando óleos vegetais é de grande interesse industrial, devido às atividades benéficas que a complexa composição de ácidos graxos presentes nestes óleos pode exercer na pele, além da crescente tendência de utilização de produtos vegetais pela indústria cosmética. (CAMARGO, 2008)

Óleos vegetais são amplamente empregados como componente básico ou composto ativo de formulações cosméticas, baseado no conceito de que apresentam baixa toxicidade e biocompatibilidade com a pele. (CAMARGO, 2008)

3.6. Emulsões

A palavra emulsão deriva do verbo latino emulgeo, que significa mungir, aplicando-se, de modo geral, a todas as preparações de aspecto leitoso com características de um sistema disperso em duas fases líquidas. (PRISTA, ALVES, MORGADO, 1995)

Emulsões são preparações farmacêuticas - cosméticas geralmente descritas como um sistema heterogêneo constituído, pelo menos, por um líquido imiscível intimamente disperso num outro líquido sob a forma de gotículas. A fase que se apresenta divida constitui a fase interna, dispersa ou descontínua, e o líquido que rodeia a fase dispersa é chamada de fase externa, dispersante ou contínua. Além disso, em quase todas as emulsões figura um terceiro componente, o agente emulsivo. Este se interpõe entre as fases dispersa e dispersante retardando a sua separação, constituindo a interfase. (PRISTA, ALVES, MORGADO, 1995; ZANIN et al., 2001) Em geral, se apresentam estáveis durante a armazenagem e “se quebram” em contato com a pele, possibilitando a liberação da fase descontínua. (MORAIS, 2006)

As emulsões são constituídas por três componentes principais: a fase aquosa, a fase oleosa e um sistema adequado de emulsificantes para manter as fases dispersas. A classificação das emulsões é feita de acordo com a natureza da fase externa, de acordo com a hidrofilia ou lipofilia da fase dispersante, estes sistemas podem ser classificados como óleo em água (O/A) quando o óleo se encontra disperso sob a forma de pequenas

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partículas na fase aquosa, ou como água em óleo (A/O) quando a água está dispersa na fase oleosa da emulsão. (PRISTA, ALVES, MORGADO, 1995; MORAIS, 2006)

Devido à alta instabilidade das emulsões, a manutenção da fase dispersa na contínua depende da presença de adjuvantes, substâncias tensoativas com propriedades emulgentes que formam uma película interfacial aumentando a estabilidade física das fases internam e externa. (PRISTA, ALVES, MORGADO, 1995; MORAIS, 2006)

Os agentes emulsionantes são moléculas constituídas por uma parte polar (hidrofílica) e uma parte apolar (lipofílica) razoavelmente equilibradas, que atuam reduzindo a tensão interfacial. (MORAIS, 2006)

Os cremes são definidos como emulsões líquidas viscosas ou semi-sólidas do tipo óleo em água ou água em óleo. Em geral são empregados como emoliente ou no tratamento da pele. As loções cremosas são preparações com valores médios de viscosidade, sua fluidez permite aplicação rápida e uniforme sobre uma ampla área superficial. (ANSEL, POPOVICH, ALLEN, 2000)

A concepção de cremes-géis foi desenvolvida no Japão. A ideia baseia-se em modificar a formulação de um creme clássico onde a porcentagem de ceras é diminuída sensivelmente e a viscosidade é compensada com pequena quantidade de agentes gelificantes, pois esses são agentes doadores de viscosidade muito mais eficazes do que as ceras podendo ser dez vezes mais potentes. Vale lembrar que um creme clássico pode necessitar de 10% de ceras emulsionantes e um gel vai utilizar apenas 1% de gelificante para obter sua consistência. O gel-creme proporciona uma sensação mais agradável ao consumidor, possui percepção sensorial sedosa o que aumenta a adesão do paciente ao tratamento. (GONSALVES, OLIVEIRA, 2012)

3.6.1. Componentes de uma emulsão

As formulações hidratantes são complexas, compostas por vários excipientes farmacotécnicos, cada um com uma função específica. Os excipientes têm sido descritos mais recentemente como uma substância mais ou menos inerte adicionada a uma prescrição para conferir uma consistência adequada ou uma forma ao medicamento. Do ponto de vista galênico, os excipientes cumprem as funções de

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A função adjuvante do excipiente consiste em auxiliar o ingrediente ativo a promover a sua atividade. Nestas circunstâncias, os excipientes não podem ser considerados um mero suporte para o ativo, mas sim componentes funcionais da formulação farmacêutica. (FERREIRA,2008)

Os principais requisitos para um excipiente são a qualidade e a segurança; o excipiente deve apresentar funcionalidade. De acordo com as diferentes funções exercidas nas formulações emulsões, os excipientes podem ser classificados como:

• Agentes doadores de consistência - usados para aumentar a consistência de uma

fórmula, em geral formulações semi-sólidas como cremes.

• Umectantes - usados para prevenir o ressecamento das preparações. • Conservantes - usados para prevenir o crescimento de micro-organismos.

• Agentes antioxidantes - utilizados para prevenir a degradação de preparações por

processos oxidativos. (FERREIRA, 2008)

3.6.2. Agentes emulsificantes lipofílicos e hidrofílicos

As ceras auto-emulsificantes são compostas por dois excipientes combinados: tensoativo e material graxo, geralmente na proporção 1:10 respectivamente. Ambos componentes são substâncias anfifílicas, porém o material graxo (emulsificante auxiliar, secundário ou co-emulsificante) é fracamente hidrofílico, sendo incapaz de formar emulsões sem auxílio do emulsificante principal ou primário. As cera auto-emulsionantes pode ser aniônicas, catiônica e não-iônicas. (AUTON, 2005)

Polawax® é uma cera auto-emulsificante não-iônica de alta densidade, formada pela combinação otimizada de emulsificantes e estabilizantes de origem vegetal. Trata-se de uma cera sólida preparada a partir do álcool cetoestearílico. Contém um derivado polioxietilênico de um éster de ácido graxo de sorbitano. É uma cera emulsificante branca ou quase branca que, quando fundida, forma um líquido transparente ou quase incolor. É empregada como agente emulsificante e de consistência na produção de emulsões óleo-água. Produz emulsões espessas a sólidas sem a adição de outras ceras enrijecedoras em concentrações tão baixas quanto 5%, embora uma concentração de 10% possa proporcionar estabilidade superior. A concentrações mais baixas de 2 ou 3% formam emulsões fluídas e pode ser suplementado por outros agentes emulsionantes para proporcionar maior estabilidade à emulsão. A cera Polawax® não e afetada por concentrações moderadas de eletrólitos e são estáveis ao longo de uma faixa de pH.

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Cera emulsificante não iônica é especialmente recomendada para usar com sais de metais polivalentes e medicamentos com base em compostos nitrogenados. Cera emulsificante não iônica é incompatível com tanino, fenol e materiais fenólicos, resorcinol, e benzocaína. (FERREIRA, 2008; ROWE, SHESKEY, OWEN, 2006)

A cera auto emulsificante aniônica (Lanette®) é constituída por uma mistura de 9 partes de álcool cetoestearílico e 1 parte de laurilsulfato de sódio ou de uma mistura de sulfatos sódicos de álcoois graxos. Apresenta-se como uma massa sólida cerosa ou escamas de cor branca, quase branca ou amarelada. Pode ser usado de 2 a 30% para formar emulsões cremosas ou fluidas.(FERREIRA, 2008Concentrações de aproximadamente 2% formam emulsões fluidas. Já a faixa de 2 a 10% forma emulsões de consistência cremosa, e na faixa de 10 a 30% formam pomadas. Também pode ser misturada com parafinas moles para prepar bases de unguento anidras; uma preparação de 80% de cera aniônica em parafina branca tem sido utilizada como sabão substituto no tratamento de eczemas; utilizada também na preparação de supositórios. A cera aniônica é incompatível com compostos catônicos( quaternário de amônio, acriflavina, cloridrato de efedrina, anti-histamínicos e outros compostos contendo nitrogênio); sais metálicos polivalentes e tioglicóis; é compatível com a amioria dos ácidos com pH acima de 2,5, com álcalis e água dura. (FERREIRA, 2008; ROWE, SHESKEY, OWEN, 2006)

Monoestearato de glicerila (MEG) é uma agente emulsionate não iônico, que pode funcionar como uma agente emulsionate primário ou secundário, dependendo do tipo de formulação. Apresenta-se como uma substância de cor branca ou creme sólida. O MEG é obtido da reação química da glicerina com o ácido esteárico. É o mais simples dos compostos não iônicos utilizados como emulsionates auxiliares e o mais largamente empregado tanto em emulsões óleo-em-água como em água-em-óleo. O monoestearato de glicerila é incompatível com substâncias ácidas. . (FERREIRA, 2008; ROWE, SHESKEY, OWEN, 2006)

Carbômeros são polímeros sintéticos do ácido acrílico combinados, através de ligações cruzadas, com alilsacarose ou alil-éteres de pentaeritrol. O Pemulen® é um polímero ácido poliacrílico de alto peso molecular que apresenta propriedades emulsificantes óleo-água e gelificantes, excelente estabilidade e compatibilidade com a pele, com baixa irritabilidade. Existem dois tipos de Pemulen, o TR-1 e o TR-2, a

Referências

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