VINTE ANOS DE FLICTS
Vânia Maria RESENDE*
Durante o ano de 1989, muitos educadores, crianças e jovens entraram na magia das cores através do c o n t a t o com a obra de alguns p i n t o r e s , t e x t o s literários e músicas que tematizavam c o r e s . Nesse convívio, f o i muito s i g n i f i c a t i v o penetrarem nos tons f o r t e s da criação de FLICTS, de Z i r a l d o , e r e f l e t i r e m sobre a importância de se c r i a r do branco seu próprio u n i v e r s o .
Foram muitas as experiências e válidas, na medida em que a percepção s e n s o r i a l aguçou sobretudo p e l o o l h a r e p e l a audição - a s e n s i b i l i d a d e e a imaginação de cada um, na m i s t u r a de cores que se f e z sobre o branco, nascendo a forma de u n i v e r s o s próprios.
Cada experiência, nas condições específicas de seu acontecer, v a l e u p e l o que n e l a e x i s t i u de pessoal, considerando-se o s e n t i d o de revitalização e redimensionamento do v a l o r da a r t e no espaço da e s c o l a . Para os educadores, aprofundar na linguagem das cores deve t e r válido como oportunidade de reavaliação de procedimentos e de o b j e t i v o s , voltando-se ao processo educacional e à complexidade das funções da a r t e , na busca do equilíbrio e da harmonia para a natureza humana. Indo da percepção às emoções das cores, os educadores que perseguiram o novo, com l u c i d e z e v i t a l i d a d e , puderam e s t a r e n t r e seus alunos e com e l e s , de i g u a l para i g u a l , vivendo o que a f a n t a s i a da a r t e e a f a n t a s i a de seu i n t e r i o r p r o p i c i a r a m .
Apenas alguns r e s u l t a d o s do processo maior, que s i g n i f i c o u a proposta c r i a r do branco seu próprio u n i v e r s o , são evidenciados na Mostra C r i a r do Branco seu Próprio Universo.
As manifestações de c r i a t i v i d a d e de crianças e jovens, de gue essa Mostra se compõe, têm por o b j e t i v o demonstrar que o s e r humano tem disposição c r i a d o r a n a t a ; crianças e jovens, motivados no seu p o t e n c i a l , respondem à a l t u r a dos estímulos e dos condicionamentos que l h e s favoreçam a c r i a t i v i d a d e . Aliando-se à a r t e , como f o n t e e s t i m u l a d o r a da expressão c r i a t i v a , a educação c u i d a da natureza humana, na p e r s p e c t i v a da sua formação estética.
É aconselhável que a v i s i t a aos 76 t r a b a l h o s c r i a t i v o s de crianças e jovens v a l h a como reconhecimento da capacidade c r i a d o r a de todo s e r humano: v a l o r i z a r a expressão do o u t r o em momentos e s p e c i a i s de c r i a t i v i d a d e , com a f i n a l i d a d e de e n c o r a j a r a manifestação própria a cada indivíduo. Assim, a exposição não pretende r e v e l a r t a l e n t o s ; também, os t r a b a l h o s expostos, na variedade de soluções c r i a t i v a s , não se prestam a ser modelo para o u t r a s crianças que os virem.
Para os educadores, a Mostra a t e s t a que a a r t e na educação pode t e r e f e i t o s importantíssimos sobre a natureza humana, alimentando a criação l i v r e , v i t a l , íntegra e harmoniosa dos seres mais jovens, sem o compromisso p r i m e i r o de formá-los ou d e s c o b r i - l o s a r t i s t a s , durante o tempo de vivência na escola de 1= grau.
Para as crianças e jovens, que v i s i t a r a m a produção c r i a t i v a i n f a n t i l e j u v e n i l , o c o n j u n t o dos t r a b a l h o s fará a c r e d i t a r na expressão do p o t e n c i a l p e c u l i a r , de que cada ser dispõe e r e v e l a a seu modo, demarcando tendências, p o s s i b i l i d a d e s e l i m i t e s .
Quanto aos organizadores que promovem a Exposição, a base geradora do p r o j e t o , que i n c e n t i v o u a l i v r e expressão no espaço e s c o l a r , e a afirmação de novos u n i v e r s o s c o l o r i d o s sobre o
branco, está na seguinte colocação de Fayga Ostrower:
"Inata ou mesmo inerente à constituição do homem, a s e n s i b i l i d a d e não é p e c u l i a r somente a a r t i s t a s ou a alguns poucos p r i v i l e g i a d o s . Em s i , e l a é patrimônio de todos os s e r e s humanos. Ainda que em d i f e r e n t e s graus ou t a l v e z em áreas sensíveis d i f e r e n t e s , todo s e r humano que nasce, nasce com potencial de s e n s i b i l i d a d e " .
PROJETO "CRIAR DO BRANCO SEU PRÓPRIO UNIVERSO" COMEMORANDO 20 ANOS DE FLICTS DE ZIRALDO/I989
PROMOÇÃO: L i v r a r i a e s p e c i a l i z a d a "Menino Maluquinho" (Uberaba/MG)
Fundação Nacional do L i v r o I n f a n t i l e J u v e n i l (Rio de Janeiro/RJ)
E d i t o r a Melhoramentos (São Paulo/SP)
S e c r e t a r i a M u n i c i p a l de Educação e C u l t u r a (Uberaba/MG)
IDEALIZAÇÃO E COORDENAÇÃO: L i v r a r i a E s p e c i a l i z a d a
"Menino Maluquinho"
APRESENTAÇÃO
' . . . c r i a r do Branco o seu Próprio Universo" é p a r t e de uma colocação de Z i r a l d o , expressa por ocasião do lançamento, em 1969, do seu l i v r o FLICTS. Cora esse fragmento os órgãos promotores do p r o j e t o pretenderam lançar estímulos à c r i a t i v i d a d e de crianças e jovens uberabenses
( f a i x a de pré a 8a série), a p a r t i r da l e i t u r a do
l i v r o das cores, gue completou 20 anos, no ano em que o p r o j e t o f o i c r i a d o e d i v u l g a d o .
PASSOS MOTIVADORES DA PROPOSTA
1) L o c a l i z a r a obra FLICTS e o seu a u t o r , em termos da importância que representam para a L i t e r a t u r a I n f a n t i l e J u v e n i l b r a s i l e i r a . 2) L e i t u r a da obra, explorando os seus aspectos
poéticos e cromáticos em e s p e c i a l .
3) Discussão da f r a s e "... C r i a r do branco seu próprio u n i v e r s o " , de Z i r a l d o , r e l a c i o n a d a a sua obra das cores.
4) Conversa sobre o s i g n i f i c a d o das cores na relação s u b j e t i v a e o r i g i n a l de cada s e r com o mundo, bem como na recriação da r e a l i d a d e . 5) C o n c r e t i z a r uma proposta de c r i a t i v i d a d e a
p a r t i r do l i v r o , pautando-se por f i n s r e c r e a t i v o s e c r i a t i v o s , sem ênfase c o m p e t i t i v a : na s a l a de a u l a , ou na b i b l i o t e c a , o r i e n t a d o por p r o f e s s o r de língua, l i t e r a t u r a , redação, educação artística ou bibliotecário, o estudante criará em cores o seu u n i v e r s o sobre o branco de uma c a r t o l i n a ou de t e c i d o na mesma medida. O t r a b a l h o de criação é l i v r e , i n d i v i d u a l , e deverá c o n t e r título.
6) Entregar na l i v r a r i a os t r a b a l h o s daqueles que quiserem p a r t i c i p a r da proposta. Cada estudante pode p a r t i c i p a r com um único t r a b a l h o . Recomenda-se uma exposição de todo o m a t e r i a l c r i a t i v o na e s o l a , antes da entrega na l i v r a r i a .
7) O t r a b a l h o que f o r e s c o l h i d o por Z i r a l d o como o mais s i g n i f i c a t i v o com relação a sua f r a s e receberá uma coleção das obras literárias do a u t o r de FLICTS. A escola que t i v e r a maior participação também receberá o c o n j u n t o de suas obras.
8) Será f e i t a uma exposição i t i n e r a n t e com os t r a b a l h o s selecionados por uma equipe de e s p e c i a l i s t a s .
ROTEIRO DA MOSTRA
1» MOSTRA: Rio de J a n e i r o , RJ - Congresso Nacional de L i t e r a t u r a I n f a n t i l e J u v e n i l da
Fundação Nacional do L i v r o I n f a n t i l e J u v e n i l - 1989
2â MOSTRA: Uberaba, MG - Comemoração dos 20 Anos
de FLICTS, de Z i r a l d o - Fundação C u l t u r a l de Uberaba - 1989
3a MOSTRA: Belo h o r i z o n t e , MG - B i b l i o t e c a Pública
de Minas Gerais - 1989
4a MOSTRA: MG IX F e i r a de A r t e / Participação
-B i b l i o t e c a Pública M u n i c i p a l 1990
5a MOSTRA: Araraguara, SP - IV Colóquio
Linguagem-Libertação do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Faculdade de Ciências e L e t r a s da UNESP - 1991.