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A análise discursiva do programa Profissão Repórter

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TAMIRES DA ROSA RODRIGUES

A ANÁLISE DISCURSIVA DO PROGRAMA PROFISSÃO REPÓRTER

PALHOÇA

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TAMIRES DA ROSA RODRIGUES

A ANÁLISE DISCURSIVA DO PROGRAMA PROFISSÃO REPÓRTER

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Comunicação Social da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo.

Orientadora: Helena Iracy Cerquiz Santos Neto, prof.ª Msc.

Palhoça

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TAMIRES DA ROSA RODRIGUES

A ANÁLISE DISCURSIVA DO PROGRAMA PROFISSÃO REPÓRTER

Esta monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo e aprovada em sua forma final pelo Curso de Comunicação Social da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 24 de novembro de 2008.

______________________________________________________ Professora e orientadora Helena Iracy Cerquiz Santos Neto, MsC.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Professora Marci Filete Martins, Dr.ª

Universidade Federal de Santa Catarina

______________________________________________________ Professora Giovanna Benedetto Flores, MsC.

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Aos meus pais, meu namorado e aos que não estão mais presentes, mas sempre vivos no meu coração.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, a minha família que sempre me deram forças para que eu nunca desistisse em momento algum. E é claro ao meu namorado, que inúmeras vezes me ajudou em tudo que eu precisei ao longo desses quatro anos.

Também não poderia faltar a minha orientadora, que hoje considero mais do que uma simples professora, uma amiga e parceira. Sempre carinhosa e atenciosa comigo. Obrigado a todos vocês!

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No meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra Carlos Drummond de Andrade

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RESUMO

Com ênfase no meio televisivo e no dispositivo teórico, essa pesquisa analisa as interpretações dos sujeitos e os atravessamentos discursivos do programa Profissão Repórter. Utiliza-se como corpus uma edição do mês de maio deste ano. Sendo que este corpus esta em recortes para que possamos verificar como se da os sujeitos leitores no programa televisivo. Ao longo das analises concluímos que o programa possui vários atravessamentos discursivos, tornando assim o programa superficial, sem matérias cativantes e aprofundadas.

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ABSTRACT

With emphasis on the television and the operative theory, this research analyzes the interpretations of the subject and the discursive crossings program profession reporter. It is used as a corpus edition of may this year. Since this corpus is cropped so we can verify as the subject of readers on the television. Throughout the analysis we concluded that the program has multiple crossings discourse, thus making the program surface, without depth and engaging materials.

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SUMÁRIO

1 introdução ... 09

2 Análise do discurso ... 11

2.1 CONCEITO... .11

2.2 A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO E DO SENTIDO... 13

2.3 HETEROGENEIDADES... 16 2.4 AUTORIA... 18 3 Jornalismo e Mídia ... 21 3.1 CONCEITOS... 21 3.2 GÊNEROS JORNALÍSTICOS... 22 3.2.1 CONCEITO... 22

3.2.2 GÊNEROS JORNALÍSTICOS TELEVISIVOS ... 44

3.3 DISCURSOS JORNALÍSTICOS... .28 4 Análise ... 32 4.1 CORPUS... 32 4.1.1 RECORTE... 33 4.2 CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO... 34 4.3 SEQÜÊNCIAS DISCURSIVAS ... 35 5 Conclusão ... 43 REFERÊNCIAS ... 45 ANEXOS ... 49 ANEXO A – Roteiro ... 49

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1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa científica é focada na linha de estudos de análise discursiva, na corrente francesa de pensamento, baseada em Michel Pêcheux. A escolha de um meio televisivo deve-se ao fato de ser um programa que contém à frente jornalistas recém-formados e ainda por apresentar o que acontece por detrás de uma notícia. O destaque será dado pelas pistas que apresentam as marcas da presença do sujeito leitor a partir do que não é dito, mas tem significado. Para Fernandes (2005, p.20), a “[...] Análise do discurso, não é a língua, nem texto, nem fala, mas que necessita de elementos lingüísticos para ter uma existência material”.

No primeiro capítulo teórico há uma breve pesquisa de estudos bibliográficos sobre a análise do discurso de linha francesa. Assim, para que possamos entender melhor essa linha de estudos, foram aprofundados os conceitos a respeito de sujeito e sentido, pré-construído, heterogeneidade e autoria.

Na seqüência, trazemos à baila no capítulo seguinte os conceitos de jornalismo e mídia, buscando compreender como se dão esses conceitos midiáticos, seus gêneros jornalísticos e televisivos e os discursos jornalístico, televisivo, publicitário e pedagógico.

No capítulo quatro há a metodologia de pesquisa, tratando a respeito do dispositivo analítico, como o recorte do corpus, o pré-construído do programa Profissão Repórter e a análise desse corpus com o objetivo de analisar essa textualidade discursiva em relação ao sujeito leitor e a autoria propriamente dita. Para tal, há as seqüências discursivas com as respectivas análises. O recorte trata do programa Profissão Repórter do dia 26 de maio deste ano, intitulado Vida de Bombeiro.

A fim de estudar a análise discursiva, o objeto escolhido é o programa Profissão Repórter, que possui veiculação na emissora Rede Globo de Televisão, sempre nas terças-feiras por volta das 23 horas. É um programa com variação entre trinta a quarenta e cinco minutos, dividido em dois blocos. A produção do Profissão Repórter é coordenada pelo apresentador do programa, o jornalista Caco Barcellos. O propósito do programa é, a partir da equipe de jornalistas recém-formados, mostrar a dificuldade de ser fazer uma matéria, os bastidores da notícia.

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Mas, como se dá essa textualidade discursiva do programa televisivo Profissão Repórter, da Rede Globo? Quais as condições de produção para a construção da textualidade discursiva do programa? Como se dá a autoria num programa televisivo produzido pelo jornalista Caco Barcellos, famoso por seus livros investigativos, para a Rede Globo de Televisão? Como se dá a construção da autoria e do sujeito leitor num programa produzido por recém-formados?

Especificamente, busca-se analisar discursivamente as condições de produção, os atravessamentos discursivos existentes, a construção do sujeito leitor no programa e como se dá a autoria nessa materialidade discursiva.

Este estudo só será possível porque na análise do discurso se reconhece a impossibilidade de um acesso direto ao sentido e que tem como características considerar a interpretação como objeto de reflexão. De acordo com Orlandi.

[...] a escrita da Análise de Discurso enfrenta o árduo embate com a interpretação. A análise [...] não interpreta os textos que analisa mas sim os resultados da análise de que esses textos constituem o corpus. [...] o analista tem, pois, como objetivo de observação o texto e como objetivo da análise a sua compreensão enquanto discurso. Ele vai então, com sua escrita, tornar possível essa compreensão. (2001, p.32).

Após a análise do corpus do programa Profissão Repórter, tem-se a Conclusão desta pesquisa, seguida pelas Referências e os Anexos com as transcrições do recorte analisado.

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2 ANÁLISE DO DISCURSO

2.1 CONCEITO

O discurso é a maneira no qual podemos fazer uma análise discursiva (AD) sobre algum texto, alguma reportagem, enfim sobre certo assunto. Mas para isso é necessário ter ao menos uma pequena bagagem teórica sobre o assunto que desejamos analisar. Porém, a análise de discurso não gera apenas reflexões só sobre o discurso em si, mas também, sobre a linguagem empregada nela como o sujeito envolvido, a ideologia e a sua história. Isto se deve, sobretudo, porque nesta monografia trabalha-se a análise discursiva de origem francesa, baseada em Michel Pêcheux. Quem trouxe a AD francesa para o Brasil foi à pesquisadora Eni Orlandi. Segundo ela:

[...] a palavra discurso, etimologicamente, tem em si a idéia de curso, de percurso, de correr por, de movimento. O discurso é assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando (ORLANDI e RODRIGUES 2006, p.13).

O estudo da análise de discurso tem origem na corrente francesa de Michel Pêcheux. Assim o mesmo propôs que se fizessem uma análise considerando os aspectos da psicanálise, da história e a da lingüística. Foi a partir daí que nos meados dos anos sessenta do século passado que Pêcheux começou aos poucos a construir a AD a partir de artigos e revistas especializadas, livros e seminários em conjunto com Michel Plon, Denise Maldidier, Jacqueline Authier-Revuz e Jean-Jacques Courtine, dentre outros. Com isso, Orlandi (2006, p. 13) explica melhor o que ler quer dizer.

[...] em todos eles a preocupação com a leitura desemboca no reconhecimento de que a leitura deve se sustentar em um dispositivo teórico. Isto é, temos uma dês-naturalização. E isto [...] reflete sobre o que podemos pensar do texto.

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Em se tratando da leitura, a análise de discurso é vista como forma de leitura interpretativa que busca ir captando o que não está explícito no texto. Através da técnica, apropria o sentido oculto de cada discurso, e não somente a análise do que consta em seu conteúdo abordado. Para Fernandes (2005, p.20), a ”[...] Análise do discurso, não é a língua, nem texto, nem fala, mas que necessita de elementos lingüísticos para ter uma existência material”.

Para a análise do discurso, o que menos interessa é o que o texto quer dizer; o que interessa é o que o texto significa. Para Pêcheux (apud ORLANDI 1999, p.30), o discurso é efeito de sentidos entre os locutores, e Orlandi relata melhor essa afirmação:

[...] Os dizeres não são, como dissemos, apenas mensagens a serem decodificadas. São efeitos de sentidos que são produzidos em condições determinadas e que estão de alguma forma presentes no modo como se diz, deixando vestígios que o analista de discurso tem de apreender.

Portanto, analisar o discurso requer interpretar a produção de sentidos. Assim sendo, produção de sentidos quer dizer que no discurso os sentidos das palavras não são fixas. Pois uma mesma palavra pode ter diversos sentidos como afirma Pêcheux (apud FERNANDES 2005, p.23 – 24):

[...] O sentido de uma palavra, de uma expressão, de uma preposição, etc., não existe “em si mesmo” [...] mas, ao contrário, é determinado pelas posições ideológicas colocadas em jogo no processo sócio-histórico no qual as palavras, expressões e proposições são produzidas.

A AD não acredita que a linguagem tenha apenas um só sentido, o dito, apenas a palavra. Brandão (2004, p. 50) afirma que:

”[...] Cabe à AD trabalhar seu objeto (o discurso) inscrevendo-o na relação da língua com a história, buscando na materialidade lingüística as marcas das contradições ideológicas”.

Para que possamos entender melhor os sentidos das palavras pelo sujeito é preciso compreender melhor como se dá a construção do sujeito e sentido. Este conceito será abordado no subtítulo seguinte.

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2.2 A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO E SENTIDO

O sujeito discursivo é formado por diversas vozes, constituindo-se de um entrecruzamento de diferentes discursos. Discursos esses em oposição, que se negam e também se contradizem. Um sujeito discursivo que aborda um mesmo tema acaba encontrando diferentes vozes, com diferentes discursos. Assim, o discurso se inscreve de diferentes formações discursivas e ideológicas, e acaba refletindo uma polifonia. Fernandes (2005, p.36) afirma que:

[...] na Análise do Discurso, denomina-se polifonia (pela composição dessa palavra, temos: poli = muitos; fonia = vozes). Face à não uniformidade do sujeito, à polifonia constitutiva do sujeito discursivo.

As formações ideológicas consistem em fazer com que cada indivíduo seja levado a ocupar seu lugar em uma das classes ou grupos com determinada formação social. Assim sendo, Haroche (apud BRANDÃO 2004, p.47) define que:

[...] cada formação ideológica constitui assim um conjunto complexo de atitudes e de representações que não são nem “individuais” nem “universais” mas se relacionam mais ou menos diretamente a posições de classe em conflito umas em relação às outras.

Brandão (2004, p.47) relata que as formações ideológicas têm necessariamente como um de seus componentes uma ou várias formações discursivas interligadas. Isso significa que os discursos são governados por formações ideológicas. Para Pêcheux (apud LAGAZZI 1988, p.54), “[...] mostra que as formações ideológicas não têm uma correspondência direta com as formações sociais. As fronteiras desses conceitos não se estabelecem rigidamente, movendo-se umas em direção às outras”. Pêcheux (apud GREGOLIN 2004, p.63) argumenta que:

[...] É a ideologia que fornece as evidências pelas quais ‘todo mundo sabe’ o que é um soldado, um operário, um patrão, uma fábrica, uma greve, etc., evidências que fazem com que uma palavra ou um enunciado ‘queiram dizer o que realmente dizem’ e que mascaram, assim, sob a ‘transparência da linguagem’, aquilo que chamaremos o caráter material do sentido das palavras e dos enunciados

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As palavras só têm sentido com as formações ideológicas em que os sujeitos se inscrevem, pois a noção dos sentidos é dependente das inscrições ideológica do lugar histórico-social de onde se enuncia. Sendo assim, Fernandes (2005, p.27) explica: [...] O sentido é um efeito de sentido da enunciação entre A e B, é o efeito da enunciação do enunciado. Isto, considerando que A e B representam diferentes sujeitos em interlocuções, inscritos em espaços socioideológicos específicos.

Sendo assim, as condições de produção compreendem

fundamentalmente os sujeitos e a situação social. As palavras têm sentido em conformidade com as formações ideológicas em que os sujeitos (interlocutores) se inscrevem.

Já para Foucault (apud BRANDÃO 2004, p.99) “[...] a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por um certo número de procedimentos que têm por papel conjurar dele os poderes e os perigos, de dirigir o acontecimento aleatório, de afastar dele a pesada, a irredutível materialidade”.

Por sua vez, as formações discursivas (FD) para Brandão (2004, p.49) é a referência à interpelação/assujeitamento do indivíduo em sujeito de seu discurso. E ela que permite dar conta do fato de que sujeitos falantes possam concordar ou não sobre o sentido a dar às palavras. Assim sendo, numa FD temos “várias linguagem em uma única” Suzy Lagazzi (1988, p.54) afirma que da mesma forma que ocorre com a formação ideológica, os limites de uma formação discursiva não são fixos, separando seu interior de seu exterior. Corurtine (apud LAGAZZI 1988, p.54) afirma que [...] a FD deve ser pensada como uma reconfiguração incessante, em que seus limites deslocam em função das posições ideológicas que essa F.D. representa no interior de uma conjuntura determinada. Por sua vez Foucault (apud GREGOLIN 2004, p.90) demonstra o conceito de uma formação discursiva:

[...] Sempre que se puder descrever, entre um certo número de enunciados, semelhante sistema de dispersão e se puder definir uma regularidade (uma ordem, correlação, posições, funcionamentos, transformações) entre os objetos, os tipos de enunciação, os conceitos, as escolhas temáticas, teremos uma formação discursiva.

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A formação discursiva refere-se ao que se pode dizer somente em determinada época e espaço social, ao que tem lugar e realização a partir de condições de produção específicas, historicamente definidas. Fernandes, (2005 p.53). Portanto, toda formação discursiva tem uma memória discursiva, um pré-construído, que é um elemento produzido em outros discursos anteriores ao discurso em estudo. Para Henry (apud BRANDÃO 2004, p.48) [...] o termo designa aquilo que remete a uma construção anterior e exterior, independente, por oposição ao que é “construído” pelo enunciado. Courtine (apud BRANDÃO 2004, p.49) relata que:

[...] O pré-construído remete assim às evidências através das quais o sujeito dá a conhecer os objetos de seu discurso: “o que cada um sabe” e simultaneamente “o que cada um pode ver” em uma situação dada. Isso equivale a dizer que se constitui, no seio de uma FD, um Sujeito Universal que garante “o que cada um conhece, pode ver ou compreender”.

Dentro de cada textualidade discursiva temos a formação discursiva dominante que é aquela que reconhecemos facilmente nos textos tanto jornalísticos quanto publicitários. Mas isso não impede que a tenhamos também nos discursos políticos e nas divulgações científicas.

Portanto, o sujeito discursivo deve ser considerado como um ser social. Pois o sujeito não é apenas um ser humano, mas é aquele que habita um lugar no mundo. Assim, o sujeito cria seu próprio conceito e sua ideologia nesse mundo em que ele vive. Para Orlandi (2006, p.18) [...] “A forma-sujeito, de fato, é a forma de existência histórica de qualquer indivíduo, agente das práticas sociais”. Brandão (2002, p.49) explica melhor:

[...] O sujeito é essencialmente histórico. [...] Concepção de um sujeito histórico articula-se outra noção fundamental: a de um sujeito ideológico. Sua fala é um recorte das representações de um tempo histórico e de um espaço social. [...] O sujeito situa o seu discurso em relação aos discursos do outro.[...] Nesse sentido, questiona-se aquela concepção do sujeito enquanto ser único, central, origem e fonte do sentido, formulando inicialmente por Benveniste, porque na sua fala outras vozes também falam.

Para a visão e a reflexão do sujeito discursivo, temos: o dialogismo, que é a relação que se estabelece entre o eu e o outro nos processos discursivos do sujeito, onde o outro compreende o mundo social em que o sujeito se insere; a polifonia, por sua vez, é as diversas vozes em diferentes espaços sociais e em

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diferentes discursos; e por último, a heterogeneidade (vide tópico 1.3), que é constitutiva como condição de existência dos discursos e dos sujeitos estabelecendo com diferentes sujeitos na forma implícita, não mostrada, e a voz do outro de forma explícita, mostrada, no discurso do sujeito. Sendo assim, Authier-Revuz (apud FERNANDES 2005, p.42) atesta que [...] reside nessas reflexões o caráter não somente complexo, mas forçosamente heterogêneo do campo em que se jogam o dizer e o sentido.

A partir do momento aonde o sujeito se encontra, aonde ele se constitui, é possível interpretar os sentidos das palavras, das frases e do discurso em si, dando a impressão de que a língua é clara. Contudo, temos a memória discursiva, os esquecimentos, em suma, a heterogeneidade discursiva que comprova o quanto é língua é opaca. Para melhor explicar esses conceitos, segue o tópico Heterogeneidade abaixo.

2.3 HETEROGENEIDADE

O sujeito não pode ser homogêneo por conta de que num sujeito há diferentes visões dentro desse mesmo sujeito, por isso, na Análise do Discurso o sujeito é Heterogêneo. Portanto, é através da ideologia que entendemos que um sujeito é composto por diferentes vozes sociais que se complementam dentro de um mesmo sujeito. É através dessas diferentes vozes que temos a polifonia que são vozes de diferentes espaços socias e diferentes discursos num mesmo sujeito. Fernandes (2005 p.43).

Para Authier-Revuz (apud FERNANDES 2005 p. 38), a heterogeneidade visa à compreensão do sujeito. E assim é dividida e duas formas: a heterogeneidade constitutiva como condições de existência dos discursos e dos sujeitos, em que o discurso se entrelaça de diferentes discursos no meio social. E assim o sujeito constitui-se uma interação social com diferentes discursos. Já a segunda forma é a mostrada, onde a voz do outro se apresenta numa forma explícita no discurso do sujeito e que pode ser identificada na materialidade lingüística. Assim,

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heterogeneidade são as formas de presença num discurso com diferentes vozes do sujeito. Como mostra Ducrot (apud INDURSKY & CAMPOS 2000, p.163):

[...] Ducrot retorma [...] o conceito de polifonia, segundo o qual se pressupõe que toda fala está atravessada pela fala do outro. Vale dizer: há, para este autor, um entrecruzamento de vozes em um mesmo texto. Porém [...] Ducrot o desloca do nível do texto para o nível do enunciado, afirmando que em um enunciado várias vozes se entrecruzam.

Para que um sujeito possa ser heterogêneo ele tem que ser afetado através dos esquecimentos, para que o mesmo não possa ser o centro do discurso. Dentro dos esquecimentos a duas posições como, o esquecimento número 1 e o esquecimento número 2.

Orlandi (1999, p. 43) declara que “[...] as palavras não têm um sentido nela mesmas, [...] toda palavra é sempre parte de um discurso. E todo discurso se delineia na relação com outros: dizeres presentes e dizeres que se alojam na memória”. Mas Fernandes (2005, p. 41) ressalta outro aspecto importante para a Análise do Discurso, que é de que o sujeito não é o centro de seu dizer, quando discorre dois esquecimentos do sujeito.

[...] o esquecimento número 2 refere-se à ilusão que o sujeito tem de controlar o que diz, de ser a fonte, a origem do seu dizer; Já pelo esquecimento número 1, o sujeito tem a ilusão de controlar os sentidos de seus dizeres.

Brandão, relata que é através do esquecimento número 1 que o sujeito acaba rejeitando, apagando, inconscientemente, qualquer elemento que remeta ao exterior da sua formação discursiva. É nesse processo de apagamento, que o sujeito tem a ilusão de que ele é o criador absoluto de seu discurso. Já o esquecimento número 2 dá ao sujeito a ilusão de que o discurso reflete o conhecimento que tem da realidade. Segundo Foucault (apud BRANDÃO 2004, p. 82),

[...] A concepção de um sujeito marcado pela idéia de unidade, do centro, fonte ou origem do sentido constitui para a AD uma “ilusão necessária”, construtora de sujeito. Ela, no entanto, não só se posiciona criticamente em relação a essa ilusão, recusando-se a reproduzi-la como retomada a noção de dispersão do sujeito.

E é assim que há uma heterogeneidade constitutiva do próprio discurso que é produzida pela dispersão do sujeito. E nessa heterogeneidade que o locutor

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faz que o texto adquira, na forma de um concerto polifônico, uma unidade, uma coerência, quer harmonizando as diferentes vozes, quer “apagando” as vozes discordantes. (BRANDÃO 2004, p.83)

Courtine (apud INDURSKY & CAMPOS 2000, p. 93) diz: “[…] o princípio segundo o qual, na ordem do discurso, o estatuto da memória e do esquecimento situa-se na ordem do enunciável (grifo do autor), definida naquela ‘que constitui o sujeito falante em sujeito de seu discurso’”. Brandão (2004, p.99) afirma que,

[...] A noção de memória discursiva, portanto, separa e elege dentre os elementos constituídos numa determinada contingência histórica, aquilo que, numa outra conjuntura dada, pode emergir e ser atualizado, rejeitando o que não deve ser trazido à tona. Exercendo, dessa forma, uma função ambígua na medida em que recupera o passado e, ao mesmo tempo, o elimina com os apagamentos que opera, a memória irrompe na atualidade do acontecimento produzindo determinados efeitos.

Para Mariani (apud INDURSKY & CAMPOS 2000, p. 94 - 95) o conceito de memória “[...] é um processo histórico resultante de uma disputa de interpretações para os acontecimentos presentes ou já ocorridos [...] muitas vezes os sentidos ‘esquecidos’ funcionam como resíduos dentro do próprio sentido hegemônico”. Já Pêcheux (apud INDURSKY & CAMPOS 2000, p. 100), a memória deve ser compreendida ”nos sentidos entrecruzados da memória mítica, da memória social, inscrita no campo das práticas e no da memória construída pelo historiador”.

Para que seja possível entender melhor como se dá uma autoria em análise do Discurso, será abordado o tema no subtítulo seguinte.

2.4 Autoria

Para Orlandi (2001, p. 86), “[...] as palavras não significam em si. Elas significam porque têm textualidade, ou seja, porque sua interpretação deriva de um discurso que as sustentam, que as provê de realidade significativa”. Foucault (apud LAGAZZI–RODRIGUES 2006, p.91), também afirma que:

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[...] “os modos de circulação, de valorização, de atribuição, de apropriação dos discursos variam com cada cultura e modificam-se no interior de cada uma; a maneira como se articulam sobre relações sociais decifra-se de forma mais direta, parece-me, no jogo da função autor e nas suas modificações”.

Ele ainda relata que “[...] a função autor é, assim, característica do modo de existência, de circulação, de funcionamento de alguns discursos no interior de uma sociedade”. Foucault apud Lagazzi–RODRIGUES 2006, p.91). O autor acaba selecionando, ordenando e organizando seus textos. Assim, Lagazzi–Rodrigues (2006, p.93) afirma que “[...] O autor (se) produz (n) o texto, dá ao texto seus limites e se reconhece no texto. O sentido da autoria depende do efeito de unidade e coesão do texto”. A partir daí o autor é responsável pelo que escreve. Já Orlandi (2006, 55, 56,77) “[...] O autor está na base da coerência do discurso. O sujeito se constitui como autor ao construir o texto. O autor é o lugar em que se constrói a unidade do sujeito. É onde se realiza o seu projeto totalizante”. Orlandi (2001, p.59) afirma ainda que:

“[...] Quando trabalhamos com análise de discurso, impõe-se de pronto a questão da relação dos processos de ensino e aprendizagem com o que chamamos memória discursiva, traz para a reflexão a consideração do inconsciente e da ideologia [...] O interdiscurso é o conjunto de dizeres já ditos e esquecidos que determinam o que dizemos, sustentando a possibilidade mesma do dizer”.

Aliás, Gallo (apud Lagazzi–RODRIGUES 2006, p.94) declara que:

[...] O que está envolvido é a questão do “acreditar-se autor, “sentir” que produziu, realmente, um livro etc., o que, do ponto de vista da Análise do Discurso, é percebido pela forma de representação do sujeito que neste caso “coloca-se no lugar de autor”, “representa-se como tal”, ocupa uma “posição”. Essa forma de constituição do sujeito é que permite reconhecer a assunção da autoria, realmente. [...] Portanto, como se trata de uma “passagem”, o que procuremos mostrar é a “autoria” sendo constituída enquanto efeito de sentido, para em seguida mostrar o sujeito se constituindo enquanto sujeito-autor.

Foucault (apud GREGOLIN 2004, p. 99) não entende o autor como o indivíduo que escreve ou pronuncia o texto, mas como princípio de agrupamento do discurso como afirma abaixo:

[...] O autor é aquele que dá à inquietante linguagem da ficção suas unidades, seus nós de coerência, sua inserção no real. (...) mas isto não impede que ele tenha existido, esse autor real, esse homem que irrompe

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em meio a todas as palavras usadas, trazendo nelas seu gênio ou sua desordem.

Assim sendo, o autor, o sujeito tem que estabelecer uma relação com a cultura na conjuntura histórico social, como afirma Orlandi (1999, p.76) o autor [...] “tendo o domínio de certos mecanismos discursivos, representa, pela linguagem, esse papel na ordem em que se constitui, assumindo a responsabilidade pelo que diz, como diz etc”. Para Chartier (apud GREGOLIN 2004, p. 102):

[...] O conceito de autoria pode, assim, ser analisado do ponto de vista sócio-histórico, acompanhando a constituição do “autor” como um personagem criado na passagem do século XVIII ao século XVIII, momento forte de individualização na história das idéias, dos conhecimentos, das ciências.

Então que a função-autor para Gregolin (2004, p. 103), caracteriza o modo de existência, de circulação e de funcionamento dos discursos no interior de uma sociedade, por isso, se constitui em um dispositivo de controle dos sentidos que regula a ordem do discurso.

Para Gallo (2001), a função autor tem relação com a dimensão enunciativa do sujeito do discurso, ou seja, tem a ver com a heterogeneidade a uma formação discursiva dominante, que ganha aí seu movimento e sua unidade sem perder, com isso, sua dominância. Já o efeito-autor é totalmente ao contrário, pois é o efeito de confronto de formações discursivas, cuja resultante é uma nova formação dominante.

É através dos estudos feitos da teoria da Análise do Discurso será feita análise de alguns dos conceitos do jornalismo.

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3. JORNALISMO E MÍDIA

3.1 CONCEITOS

Traquina (2005, p.21) afirma que o jornalismo é um conjunto de ‘estórias’, ‘estórias’ da vida, ‘estórias’ das estrelas, ‘estórias’ de triunfo e tragédia. Sendo assim os jornalistas são os modernos contadores de ‘estórias’ da sociedade contemporânea, parte de uma tradição mais longa de contar ‘estórias’.

É através do jornalismo que temos todas as informações diariamente sobre o que acontece no mundo inteiro e é através dele que a informação circula transposta para uma língua comum e simplificada, menos precisa, mas com potencial, para permitir julgamentos e indicar caminhos de investigação para quem estiver interessado. A notícia no jornalismo é o relato de uma série de fatos a partir dos fatos mais importantes ou interessantes, sendo que o jornalista não deve narrar os acontecimentos, mas sim, expô-los a todos que queiram saber. (LAGE, 2003). Assim para Bordenave:

[...] a comunicação não existe por si mesma como algo separado da vida da sociedade. Sociedade e comunicação são uma coisa só. Não poderia existir comunicação sem sociedade, nem sociedade sem comunicação. [...] Cada sociedade tem a comunicação que merece.

Para que a informação seja exatamente correta, o jornalista deve respeitar todos os dados, ouvindo todos os lados para que o leitor ou telespectador tenha um bom entendimento da notícia. Juarez Bahia (apud FRANCO 1999, p. 39) afirma que o jornalismo quer dizer: “a transmissão de informações, fatos ou notícias, com exatidão, clareza e rapidez [...] é uma arte, uma técnica e uma ciência”. Amaral (2006, p. 134) explica melhor estes conceitos de jornalismo:

“[...] cabe ao jornalismo popular trabalhar com dispositivos de reconhecimento e dar conta de algumas características culturais de seus leitores, sem perder seus propósitos de vista. Um bom jornal destinado ao público popular deve considerar que seu leitor é também sujeito de um

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discurso sobre o que ocorre na sociedade, e porta características sociais e culturais específicas. Por isso o jornal deve falar de um lugar diferente, sem abrir mão dos princípios éticos do bom jornalismo”.

Bordenave relata que “A comunicação foi o canal pelo qual os padrões de vida de sua cultura foram-lhe transmitidos, pelo qual aprendeu a ser “membro” de sua sociedade”. Assim, para que possamos entender melhor o jornalismo será abordado no subtítulo seguinte os gêneros jornalísticos.

3.2 GÊNEROS JORNALÍSTICOS

3.2.1 – CONCEITO

De acordo com Franco (1999, p.51 e 52), não há estudos que apresentem uma classificação precisa dos gêneros da comunicação jornalística. Par isto a uma classificação que define três gêneros da comunicação jornalísticos, que são a notícia, a crítica e a opinião. Sendo que para o mesmo “a notícia é tudo aquilo que o meio de comunicação pública com isenção de valores enquanto a crítica e a opinião são a mesma notícia, agregada de um juízo de valor ou opinião”.

Para Martin – Barbero (apud BARBOSA FILHO, 2003, p.54) gênero é: “[...] o elo de ligação dos diferentes momentos da cadeia que une espaços da produção, anseios dos produtores culturais e desejos do público receptor[...] “. Portanto Mauro Wolf (apud BARBOSA FILHO, 2003, p.54) já afirma que:

[...] os gêneros são sistemas de regras aos quais se faz referência – de modo explícito e/ou implícito – para realizar o processo comunicativo: tal referencia se justifica seja do ponto de vista da produção do texto (de qualquer natureza possa ser), seja do ponto de vista de sua própria fruição.

Jeová Santos (apud FRANCO, 1999, p. 52) em sua obra define que a notícia como “em levar conhecimento ao público um fato, um acontecimento ou

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qualquer dado da realidade [...] sendo que um dos caracteres da notícia é a veracidade, ou seja, a verdadeira consonância dos fatos com que é divulgado”.

Para Marques Melo (apud FRANCO, 1999, p. 55) os gêneros jornalísticos são baseados em conceitos teóricos como: Gargurevich, Dovit, Foliet e Vivaldi. Para eles os gêneros jornalísticos são “formas de que busca o jornalista para se expressar”; “formas de expressão do jornalismo”; “gêneros são utilitários e sintonizam a linguagem da vida”. Já para Bahia (apud FRANCO, 1999, p. 56) ”o jornalismo é uma das categorias da literatura – é uma literatura de massa”.

Segundo Barbosa Filho (2003, p. 57) podemos ver os gêneros de duas maneiras. A primeira é da observação empírica e o da - refere-se às “propriedades discursivas” que tornam um texto diferente ou igual a outro. Portanto a análise empírica corresponde ao fazer um jornalismo diário. O segundo é o da análise abstrata - tem a ver com a conceituação dessas propriedades. Franco (1999, p. 52) define melhor a relação do jornalismo:

[...] A notícia [...] é considerada a base do jornalismo, seu objetivo e seu fim, devendo reunir alguns requisitos fundamentais: interesse, atualidade e veracidade. O interesse é demonstrar quando o fato noticiado diz respeito ou afeto um grande numero de pessoas em uma comunidade, e é capaz de ser por ela entendida. A notícia [...] deve ser atual e abrangente, [...] deve atingir vastos círculos de pessoas e instituições, despertando interesse ao público coletivo.

Para Dovifat (apud BARBOSA FILHO 2003, p.57), os gêneros são “as formas de expressão do jornalismo”. Sendo que na hora das produções dos textos jornalísticos, o gênero é um mecanismo de codificação, um código de escritura utilizada pelo sujeito da enunciação para realizar seu trabalho. Orlandi (apud FRANCO 1999, p.56) relata que nesse aspecto lingüísticos “o sentido está sempre no viés. Para se compreender um discurso é importante se perguntar: o que ele está querendo dizer isto? Ou o que ele não está falando, quando falando disso”. Segundo Santaella (apud BARBOSA FILHO 2003, p.61), “De um modo mais geral, pode-se dizer que, onde quer que uma informação seja transmitida de um emissor para um receptor, tem-se aí um ato de comunicação. Não há, portanto, comunicação sem informação”.

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3.2.2 – GENEROS JORNALISTICOS TELEVISIVOS

Franco afirma que “a reportagem é a notícia ampliada, com detalhamento, com questionamento de causa e efeito, na interpretação e no impacto, contendo, em razão disso, uma forma narrativa diferenciada”. Assim Juarez Bahia (apud FRANCO 1999, p. 55) analisa a cobertura jornalística e salienta que:

[...] Enquanto a notícia nos diz no mesmo dia ou no seguinte se o acontecimento entrou para a história, a reportagem nos mostra como é que isso se deu. Tomada como método de registro, a notícia se esgota no anuncio; a reportagem, porem, só se esgota no desdobramento, na pormenorização, no amplo relato dos fatos.

Alberto Dines (apud BARBEIRO & Lima 2002, p. 67) relata que a reportagem é a principal fonte de matérias exclusivas do telejornalismo. E sendo que a busca constante da isenção jornalística é a melhor forma de se passar as informações para que o telespectador possa tirar sua próprias conclusões do fato mostrado.

A entrevista em televisão para Norman Mailer (apud BARBEIRO & Lima 2002, p. 84) tem o poder de transmitir o que o jornalismo impresso nem sempre consegue, como os gestos, os olhares, o tom da voz, o modo de se vestir, a mudança na expressão influenciam o telespectador. Para a mesma autora, boas entrevistas são aquelas que revelam conhecimentos, esclarecem fatos e marcam opiniões. Medina (2002, p. 9) relata melhor essa informação:

[...] A entrevista, nas suas diferentes aplicações, é uma técnica de interação social, de interpenetração informativa, quebrando assim isolamentos grupais, individuais, sociais; pode também servir à pluralização de vozes e à distribuição democrática da informação.

Dentro de todo o conteúdo jornalístico temos o caso das matérias sensacionalista, que faz com que os telespectadores se emocionam ou se desesperam no que se ta mostrando. Ainda dentro do ponto de vista jornalístico, a linguagem sensacionalista não pode ser um texto aprofundado. A linguagem utilizada é a mais coloquial possível e não aquelas que os jornais informativos comuns empregam, mas sim, o coloquial exagerado com empregos de gírias e até

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mesmo palavrões. Siqueira (1999, p. 13) relata melhor a informação produzida pela televisão:

[...] A informação produzida pela televisão sempre foi um assunto polêmico. Desde os seus primórdios, as notícias televisionadas costumam ser apresentadas ao telespectador de maneira superficial ou extremamente espetacularizada. O predomínio de imagens, próprio da linguagem televisiva, é um dos importantes motivos para essa característica.

Os termos usados muitas vezes desrespeitam a individualidade dos entrevistados e acabam também às vezes até emitindo juízo de valor e expõem ao julgamento público. É uma linguagem que faz o leitor se envolver emocionalmente com o texto, uma linguagem clichê. Esse clichê são expressões ou situações que se tornaram vazias de sentido, por terem sido demasiadamente repetidas. O clichê pode até enriquecer um texto ou facilitar a expressão dele, mas, pode também torná-lo um agrupamento de expressões lugares comuns, vazias de sentido, tornando o texto pobre, conforme Rangel (apud PEDROSO 2001, p.50):

[...] Os editores da imprensa sensacionalista e marrom tratam justificar esse jornalismo, explicando que “isso” é o que o povo gosta. Na realidade esse tipo de informação não é oferecido para satisfazer os gostos e as exigências do público, mas sim porque consideram a notícia como mercadoria, essa vende mais e permite maior circulação, mais vendas, maiores receitas.

Segundo Danilo Angrimani (1995) o sensacionalismo é tornar sensacional um fato jornalístico que em outras circunstâncias editoriais não merece este tratamento. O autor afirma ainda que elementos como a proximidade, a subjetividade e a emocionalidade não são apenas estratégias de venda de jornal, mas, para o aporte psicanalítico, respondem a necessidades do leitor. No entanto como o autor fala, o conceito de sensacionalismo tem sido aplicado indistintamente a várias situações que incluem apelos gráficos, lingüísticos, temáticos, deslizes informativos, mentiras e exageros.

Já para Marcondes Filho (1986) as notícias sensacionalistas funcionam como pseudo-alimentos as carências do espírito uma vez que o jornalismo sensacionalismo extrai do fato, da notícia, a sua carga emotiva e apelativa. Fabricando assim uma nova notícia para partir daí a vender por si mesma, Marcondes Filho (apud ANGRIMANI 1995, p. 15) aponta:

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[...] não se presta a informar, muito menos formar. Presta-se básica e fundamentalmente a satisfazer as necessidades instintivas do público, por meios de formas sádica, caluniadora, e ridicularizada das pessoas. Por isso a imprensa sensacionalista, como a televisão, o papo no bar, o jogo de futebol, servem mais para desviar o público de sua realidade imediata o que para voltar-se a ela, mesmo que fosse para fazê-lo adaptar-se a ela.

O jornalismo sensacionalismo também esta contido nos noticiários de fait divers que nada mais é o conteúdo comum da cultura de massa, numa fusão homogeneizada entre sonho e realidade que representa as aspirações comuns que querem ser como os outros são. Siqueira (1999, p.19) relata que:

[...] A relação entre os meios de comunicação de massa e a ciência permite que se levantem questões de cunho cultural, ideológicas e sobre a relação entre o saber e o poder. Assim [...] há que se pensar que a informação divulgada pela televisão atinge a massa e não grupos seletos. Por isso, sua linguagem tem que ser acessível. E para o telejornalismo [...] as mensagens precisam ser atuais, concisas, claras e conter novidade, a fim de interessar o público.

A partir do momento que um jornal atinge um objetivo que é que formar um público leitor ou telespectador fiel, veiculando notícias espetaculares e sensacionalistas, os diretores das mesmas concluem que esse é o tipo de informações que se deve trabalhar em seus jornais para continuarem no mercado. E é assim que a notícia deixa de exercer seu principal fundamento que é informar sem espetacularizar a imagem das pessoas.

Na citação a seguir Angrimani (1995, p.53) esclarece o que leva as pessoas a optarem por jornais sensacionalistas.

[...] Pode-se seguir um raciocínio que leva à exclusão: os leitores de jornais sensacionalistas têm uma formação cultural precária, portanto, estão mais próximos dos intelectual superior, teriam os instintos e suas manifestações; ao contrário, as pessoas cultas, de formação intelectual superior, teriam os instintos mais “sob controle”, logo, sua opção só poderia mesmo recair sobre veículos mais moderados, mais racionais. Esse ponto de vista é atraente por sua simplicidade, mas não se assustem, porque a morte “como espetáculo”, interessa a todos, igualitariamente, independente do nível cultural ou econômico de cada pessoa.

Para Marcondes Filho (1986, p.66) o que diferencia um jornal dito sensacionalista de outro dito mais sério é a intensidade que o jornal emprega as informações para os leitores. O autor afirma que o sensacionalismo é o “grau mais radical de mercantilização da informação: tudo o que se vende é aparência e, na

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verdade, vende-se aquilo que a informação interna não irá desenvolver melhor do que a manchete”.

A narrativa sensacionalista transporta ao leitor como se ele estivesse lá, junto com o acontecimento, sentindo as mesmas emoções, fazendo com que ele acabe revivendo o acontecimento como se fosse o próprio autor.

No livro “Teoria e Técnica do Texto Jornalístico” (Lage 2005, p.142), uma

passagem em especial chama a atenção: ”A cobertura de uma série de eventos, relacionadas por contigüidade ou seqüência, no intervalo entre as edições de um jornal diário, fica na fronteira entre notícias e reportagem”. A concordância com tais idéias acaba por tornar possível buscar, identificar e justificar a confusão de estilos que muitas vezes se observa quando da publicação de determinados acontecimentos.

No Manual de Redação de 2001 da Folha de São Paulo mostra que notícia é a informação que se reveste de interesse jornalístico; puro registro dos fatos sem comentários nem interpretações. Siqueira (1999, p. 52) mostra que:

[...] No processo de universalização da lógica cientifica, os meios de comunicação assumem papel relevante. Trabalhando com discursos textuais e imagéticos, a televisão veicula uma programação com forte aspecto espetacularizado. Essa estratégia, que visa a aglutinar os múltiplos segmentos da audiência, atingiu os diversos tipos de programa, inclusive os telejornalísticos, no mais claro estilo “o meio é a mensagem” de Marshall McLuhan.

Ao analisar uma matéria de um jornal específico, seja pela forma, pelo conteúdo ou mesmo pela combinação dos dois elementos, estamos na verdade reconhecendo que ele não é um objeto transparente e que nos impõe questões, seja elas metodológicas, éticas ou técnicas.

No prefácio do livro “Guia Para Edição Jornalística” (Pereira Junior, 2006), Sidnei Basile lembra que muitas vezes os jornalistas – e conseqüentemente os jornais – ficam “perigosamente próximos” de não dar aos leitores o essencial, seja por adversidades remotas ou recentes, seja por equívocos de edição e construção de textos, e que esse é o teor da crise da indústria da comunicação. Por serem essenciais à atividade jornalística, escrever e editar são atividades que merecem e precisam ser observadas de perto e discutidas com freqüência.

Para Lage (2000, p. 42 e 43), nos telejornais a empatia é de natureza diversa que predominam os elementos visuais. Assim o veículo é transparente,

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porque revela muita coisa em gestos e atitudes, e mobiliza por inteiro a atenção de quem assiste ao noticiário, com isso não se pode ver televisão e escrever ou cozinhar ao mesmo tempo. E ainda a televisão tem o poder de realizar, mais do que qualquer outro meio, o projeto teórico de uma sociedade de massa, em que um sistema transmissor dirige-se à multidão dispersa de cidadãos inertes e passivos. Já

Marcondes Filho (1989, p. 13)relata que:

“[...] Notícia é a informação transformada em mercadoria com todos seus apelos estéticos, emocionais e sensacionais; para isso a informação sofre um tratamento que adapta às normas mercadológicas de generalização, padronização, simplificação e negação do subjetivismo. Além do mais, ela é o meio de manipulação ideológica de grupos de poder social e uma forma de poder político. Ela pertence, portanto, ao jogo de forças da sociedade e só é compreensível por meio de sua lógica”.

A visão da televisão para Baudrillard (1997) (apud SIQUEIRA 1999, p. 14) é que a mesma perde o rumo daquilo que faz, da mesma maneira que não consegue desenhar bem os motivos do real, ou seja, ela se presta a um papel servil

e conformista – o meio engole a mensagem. Mas Mattos (2002 p. 9)afirma que “[...]

a indústria da televisão brasileira transformou-se ao longo de sua história, passando da situação de total independência para a de auto-suficiência em produção e vem aumentando a exportação de programas para um numero cada vez maior de países”. No tópico seguinte explicarei melhor dos discursos jornalísticos.

3.3 DISCURSOS JORNALÍSTICOS

Para Santos Neto (2008, p. 41) o discurso jornalístico se apresenta de forma autoritária, cabendo a ele a função de transmitir dizeres, assim esse discurso visto como autoritário pode ser considerado de poder e sem a presença da neutralidade. Mariani ainda afirma que:

[...] A um paralelo com a noção de assujeitamento do sujeito a um já-dito, consideramos que houve um processo histórico de assujeitamento da instituição jornalística a um já-dito juridicamente. São as existências do

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poder religioso, político e jurídico, no intuito de preservar o status quo de uma elite dominante, que estão inscritas nos mecanismos de funcionamento da instituição, e não uma vontade de neutralidade.

MARIANI 2003 apud Santos Neto (2008, 37) “[...] Nos raros momentos em que se tematizava o Brasil, tratava-se mais de um discurso sobre o Brasil e não de um discurso jornalístico brasileiro propriamente dito. Por ser assim, esse discurso jornalístico se insere no fluxo de um imaginário europeu que vem se organizando desde a descoberta do Novo Mundo”.

Os meios de comunicação foram essenciais para o desenvolvimento da sociedade capitalista tal e qual como a conhecemos hoje. As pessoas recebem informações constantemente, minuto a minuto. A imprensa preocupa se mais em vender do que informar, já que se tornou empresa. A audiência e a venda se tornaram a principal meta do jornalismo. “A imprensa fez do ato de coletar informação mais do que apenas uma função especializada – estabeleceu-se enquanto negócio” (STEPHENS, 1993). O leitor acaba sendo atingido por esta realidade construída a partir de filtros. Com isso jornais, revistas e televisões tratam as notícias de acordo com o perfil de seus consumidores. Marcondes Filho (apud ANGRIMANI 1995, p.15) aponta: “[...] não se presta a informar, muito menos formar. Presta-se básica e fundamentalmente a satisfazer as necessidades instintivas do público, por meios de formas sádicas, caluniadora e ridicularizada das pessoas”.

A imprensa tornou-se uma indústria. Ela escolhe as notícias de acordo com seus interesses, portanto não existe a imparcialidade da informação que é tão divulgada por manuais e livros de preparação de jornalistas. Instaurou-se em nossa sociedade atual uma cultura de massas, como o próprio nome indica, é uma cultura que pela sua simplicidade é acessível a toda a população. É a partir disso que a comunicação tornou-se vendável.

Os parâmetros de escalação das notícias também correspondem a necessidade de manter os laços com os leitores, ao desejo de demanda e, sobretudo ao jornalista que possui seus julgamentos pessoais, sua cultura profissional, sua formação histórica, política e social, todos, qusitos que influenciam em suas escolhas. O autor Mauro Wolf (2003)explica que:

“A noticiabilidade é constituída pelo complexo de requisitos que se exigem para os eventos – do ponto de vista da estrutura do trabalho nos aparatos

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informativos e do ponto de vista do profissionalismo dos jornalista – para adquirir a existência pública de notícia”.

O tempo não para. E a cada segundo acontece as mais diversas situações em todos os cantos do planeta. No século XXI, a internet criou a possibilidade da obtenção instantânea de fatos que ocorreram nos quatro cantos do planeta. Com o grande fluxo de informações existentes é necessário que se analise o que é de interesse da população, já que nem toda informação poderá virar notícia, porém toda notícia contará com alguma informação. É por isso que os jornalistas utilizam os critérios de noticiabilidade, na tentativa de uma boa seleção de

informações. Galtung e Ruge apud (SOUSA, 2005, p.32) foram os primeiros autores a

chamarem a atenção para a existência de critérios de noticiabilidade que são: “a oportunidade, a proximidade, a atualidade, o provável interesse do público, a importância, o impacto, as conseqüências e repercussões, o interesse, o conflito ou a controvérsia, a negatividade, a freqüência, a dramatização, a crise, o desvio, o sensacionalismo, a emoção, a proeminência das pessoas envolvidas, a novidade, a excentricidade e a singularidade”.

Segundo Mariani (1999, p. 52) “no caso da imprensa, sua “vocação” para a informação é tão “natural” que consta de muitos manuais de jornalismo bem como é tema reiterado nas campanhas publicitárias”. Segundo Mussoi (2005, p. 12) temos ainda o discurso publicitário que está relacionado junto ao discurso jornalístico, pois se relacionarmos os dois parece ser um lugar produtivo para discussões sobre as relações que se estabelecem entre Formações Discursivas (FD), relações estas que podem ser de contradição, de dominação, de confronto de aliança e/ou complementação. Mariani ( apud Mussoi 2005, p. 64):

[...] O discurso publicitário pode ser caracterizado como um discurso enunciativamente heterogêneo, que se constitui marcando o “outro” (sujeito/discurso). Podemos propor também que o discurso publicitário é um tipo de discurso sobre se entendermos que funciona construindo uma mediação entre produto e consumidor; ou seja, “ao falar sobre um discurso de (‘discurso de origem’), situa-se entre este e o interlocutor”.

Santos Neto (2008, p. 40) afirma que “[...] O discurso jornalístico se apresenta como uma forma autoritária, cabendo a ele a função de transmitir dizeres, assim esse discurso visto como autoritário pode ser considerado de poder e sem a presença da neutralidade”. Assim Mariani (2003) (apud Santos Neto 2008, p. 40) relata que:

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[...] A construção do discurso jornalístico foi, durante séculos, cultivando essa imagem de um discurso que se supõe isento de pré – julgamento, um discurso – suporte para fatos que falam por si. Não podia ser de outra maneira. Os mecanismos de controle da Igreja e o Estado forçam o apagamento do sujeito que está narrando, relatando , escrevendo a notícia. Noticiar só pode ser informar de modo neutro a utilização de uma “linguagem – invólucro”, cujo conteúdo são os fatos. Não é permitido opinar nem interpretar.

Essa forma autoritária que se da o discurso jornalístico não se diferencia muito do discurso pedagógico (DP), pois segundo Orlandi (2003, p.28) esse discurso pedagógico é “definido como um discurso circular, isto é, um dizer institucionalizado, sobre as coisas, que se garante, garantindo a instituição em que se origina e para a qual tende a escola. O fato de estar vinculado à escola, a uma instituição, portanto, faz do DP aquilo que ele é, e o mostra (revela) em sua função”.

Assim para Mussoi no discurso jornalístico, dissimula-se a mediação com o apagamento da interpretação em nome de fatos que falam por si. Já no pedagógico o professor detém o saber e pó isso é capaz de informar – ensinar ciência, no jornalístico imprime-se uma imagem enunciativa em que o jornalista apenas fala sobre.

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4. ANÁLISE

4.1 CORPUS

De acordo com Orlandi (2001, p.32),

[...] a escrita da Análise de Discurso enfrenta o árduo embate com a interpretação. A análise [...] não interpreta os textos que analisa mas sim os resultados da análise de que esses textos constituem o corpus. [...] o analista tem, pois, como objetivo de observação o texto e como objetivo da análise a sua compreensão enquanto discurso. Ele vai então, com sua escrita, tornar possível essa compreensão.

Com relação às matérias escolhidas, será analisada uma edição do mês de Maio de 2009, para que possamos entender claramente como se dá a linha discursiva do programa. Conforme Orlandi (2001, p.37 e 39),

[...] O analista situa a teoria na relação com as outras ciências em geral, com as teorias da linguagem, em particular, e com a própria análise de discurso em seu estado de então, ou seja, daquele em que o especialista realiza seu trabalho analítico. [...] para o analista de discurso, não basta trabalhar apenas o real da língua mas é necessário, e definidor de seu campo, trabalhar com o real da história.

Assim, analisaremos a construção do sujeito do Programa Profissão Repórter que é transmitido para todo o Brasil, como o programa aprendiz para recém – formados na área de jornalismo.

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4.1.1 RECORTE

Em relação ao objeto de estudo do Programa Profissão Repórter buscamos saber:

1. Mas, como se dá essa textualidade discursiva do programa televisivo Profissão Repórter, da Rede Globo?.

2. Quais as condições de produção para a construção da textualidade discursiva do programa?

3. Como se dá a autoria num programa televisivo produzido pelo jornalista Caco Barcellos, famoso por seus livros investigativos, para a Rede Globo de Televisão?

4. Como se dá a construção da autoria e do sujeito leitor num programa produzido por recém-formados?

Sendo assim, Orlandi (2001, p.52), explica melhor, [...] A escrita, enquanto formulação do analista deve textualizar a relação entre descrição e interpretação que a afeta e que se constitui em seu método de trabalho.

[...] Assim sendo, a análise do discurso procura “colocar o dito em relação ao não dito”, analisando o que é dito e o que não é dito, procurando não o sentido “verdadeiro”, “mas o real sentido em sua materialidade lingüística e histórica”. Segundo Foucauld, não objetiva descobrir o inconsciente e sim o secreto.

O foco do programa televisivo Profissão Repórter, está do modo como os recém jornalistas trabalham o conceito do programa como investigativo. É a partir do foco do programa que buscaremos compreender como produzem os sentidos e os gestos de interpretação. Portanto cabe ao analista estar bem atento na hora de analisaras condições de produção do programa Profissão Repórter.

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4.2 CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO

Foi a partir do ano de 2006 que o primeiro programa aconteceu, indo ao ar aos domingos, dentro do programa jornalístico o Fantástico da Rede Globo. No dia 03 de Junho de 2008 o programa ganhou um espaço nas terças-feiras, a partir daí começou a ser exibido semanalmente por volta das 23:00 horas. O programa tem uma duração de cerca de trinta a quarenta e cinco minutos. Sendo que é divido em dois blocos. Primeiro bloco tem a abertura do programa com chamada da notícia que vai ser abordada no programa do dia, em seguida temos a vinheta do programa e a notícia. Já no segundo Bloco é uma continuação das matérias anteriores.

Hoje o programa tem reprise aos Sábados às 21:05 horas e aos Domingos às 09:05 horas pela Globonews. O programa Profissão Repórter tem como objetivo mostrar os bastidores de uma notícia e os momentos mais difíceis de ser fazer uma reportagem. O jornalista Caco Barcellos que se dá a frente do programa como o “professor”, pois sua equipe são recém-formados em jornalismo.

Segundo o jornalista Caco Barcellos a diferença entre o Profissão Repórter para os telejornais tradicionais é que no telejornais a quatro grupos, o da escuta (que fica antenado 24 horas por dia na captação de informações), o segundo a produção (que aprofunda os temas que foram escolhidos pela escuta), o terceiro é o grupo da reportagem (que pega todas as pautas já produzidas pela produção e vai gravar) e por último o quarto grupo é o da edição (que dá a seqüência e o acabamento para a matéria). Já no Profissão Repórter é eliminado esses quatro grupos. Pois cada repórter da equipe faz os quatro grupos, e ele faz isso permanentemente, pois cada um leva sua proposta de pauta de reportagem que deve ser feita, e assim é discutido com todos da equipe sendo escolhida a melhor proposta. A partir disso cada dupla vai correr atrás do que propôs, apurando toda notícia, gravando e também participando das edições.

Em todas as edições do programa é abordado apenas um tema. Dentro desse tema são feitas várias pequenas matérias do mesmo tempo, aprofundando bem o tema abordado. E assim o programa tem como objetivo geral a linha investigativa de aprofundar bem certo tema de diferentes maneiras.

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4.3 SEQUÊNCIAS DISCURSIVAS

É através das características de produções da análise do discurso que trabalharemos o funcionamento da linguagem. E isto só é possível através do embasamento teórico que foi apresentado anteriormente. E por esta pesquisa analisaremos o roteiro televisivo do Profissão Repórter. Assim foram segmentadas algumas seqüências do programa que será mostrado como se dá o modo de condições de produção, seus atravessamentos e a construção autoral.

Seqüência 1

Vídeo Áudio

VINHETA DE ABERTURA / Trilha produzida

Imagens do movimento no trânsito mostrando o pessoal do corpo de bombeiro fazendo um resgate de um atropelamento.

Cenas o carro de resgate; de uma explosão numa favela; bombeiros apagando fogos.

OFF: Cenas de bombeiros treinando na praia,

mergulhando no mar. A repórter correndo; helicóptero resgatando uma pessoa no mar; Duas pessoas numa sala vendo fotos e medalha; Imagens de um garoto; salva-vidas reanimando uma pessoa; Repórter emocionada ao ver o garoto se reanimando. Salva–vidas voluntário se arrumando e correndo para a ambulância; cenas de sirene e uma senhora com um copo na mão e atendendo o celular.Imagens de uma repórter correndo num trânsito com acidentes; Bombeiros saindo de moto pelo trânsito. Uma repórter na praia e imagens de um carro de bombeiros.

Vivo Caco Barcellos:

Imagens dos bombeiros fazendo resgate em uma mulher num trânsito bem movimentado/

Caco Barcellos vivo: Uma mulher caída num

asfalto, atropelada na hora do rush de São Paulo recebe atendimento da equipe de resgate. No profissão repórter de hoje, o trabalho dos bombeiros.

Trilha produzida.

OFF Caco Barcellos: Guarda-vidas; treinamento; socorro no mar e um reencontro. O menino resgatado que emocionou os bombeiros e uma jovem repórter. Volonmevade, a cidade dos voluntários. A dona de casa comanda a central do atendimento. A seleção do nosso novo repórter chega ao fim, o programa de hoje é a prova final. São três candidatos na disputa por uma vaga. Bastidores da notícia, desafios da reportagem. Agora no profissão repórter.

Na sequência número 1 o discurso jornalístico com todas as técnicas de imagens e sonorização feita pelo técnico do programa, como todo jornalismo cada

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um tem sua função. E com essa seqüência lógica temos o então chamado Caco Barcellos o dito ”professor” dos recém-formados jornalistas, apresentando a entrada do programa com as manchetes, com isso relatamos um pré-construído da comunicação/mídias. E nessa seqüência acima a um sujeito apresentando um discurso pedagógico. Esse sujeito possui um pré-construído de raciocínio lógico, pois suas falas já possuem uma história.

Seqüência 2

Vídeo Áudio

Imagem de um carro de bombeiros; um garoto entrando na sala do profissão repórter e sendo abraçado por todos da equipe do profissão repórter. Depois imagens de uma garota animada andando por dentro da sala do profissão repórter. Em seguida mostra um garoto dando um beijo no rosto de uma repórter também do profissão repórter. Cenas de Caco Barcellos rindo e falando com uma garota; imagens de toda sala do profissão repórter. Em seguida vem imagens com pessoas em uma reunião.

Olá pessoal... E aí galera... Bem vindo... Tudo bem?

Off Caco Barcellos: Bruno tem 23 anos e mora

em Cascadura, zona norte do Rio . Esse aqui é o Héliton... Tudo bom Héliton prazer.

Off Caco Barcellos: Caroline, 22 anos, veio de

Santa Maria interior do Rio Grande do Sul. Uélen é Paranaense e mora em Maringá, tem 22 anos. Aonde?...uuhm... Mikael.

Off Caco Barcellos: Nossa redação recebe três

finalistas do concurso que vai definir pelo novo integrante da equipe. Bom, eu vou falar um pouquinho do programa. O desafio deles é fazer uma reportagem para este programa.

Cenas de um botão stop e rec; bombeiro chegando à direção a um senhor para pegar água, nisso uma repórter pergunta se pode acompanhar o trabalho dos bombeiros em uma operação. Em seguida mostra imagens do bombeiro saindo em direção a um incêndio e outros bombeiros estão trabalhando para tentar apagar o fogo.

Repórter: Oi eu posso acompanhar o trabalho

de vocês? Bombeiro: Fica aqui ta?! Repórter: Não pode não? Bombeiro: Não, não Repórter: Só para pegar vocês trabalhando? Bombeiro:Ta perigoso! Fiquem aí, fiquem aí! Ta perigoso lá.

Já nessa seqüência nos deixa bem claro que há explícito o sujeito discursivo com as falas do jornalista Caco Barcellos, do repórter e por ultimo do bombeiro, sendo que essas diferentes vozes sociais estão dentro de um mesmo sujeito e na Análise do Discurso o sujeito se dá através de uma heterogeneidade. E com essas diferentes vozes temos a polifonia que segundo Ducrot (apud INDURSKY

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& CAMPOS 2000, p.163) “o conceito de polifonia, segundo o qual se pressupõe que toda fala está atravessada pela fala do outro”.

Seqüência 3

Vídeo Áudio

Imagem de bombeiros correndo, dando jato de água para tentar apagar o fogo, cena geral do local mostrando os carros e o pessoal do corpo de bombeiro no local do resgate.

Off Caco Barcellos: O recurso que a gente usa

pra levar para os telespectadores, para dar uma informação com mais qualidade....

Imagens do jornalista Caco Barcellos explicando. Caco Barcellos: É como se chegasse pro cara e falasse: Invés do senhor me falar, me mostra como é sua vida.

O jornalista nesta seqüência traz novamente a heterogeneidade que visa à compreensão do sujeito e também deixa bem claro na locução e nas imagens a heterogeneidade mostrada, onde se apresentada de uma forma explicita com a voz do outro e que é identificada como materialidade lingüística.

Seqüência 4

Vídeo Áudio

Em seguida cenas de um cinegrafista filmando e uma repórter preocupada andando e olhando para os lados.

Cenas do jornalismo dentro da redação explicando para o repórter.

Off Jornalista Caco Barcellos:Falando assim

parece simples.

Repórter: Não.

Jornalista Caco Barcellos: Mas da trabalho,

pra dana.

Imagens de um incêndio e os bombeiros jogando água para apagar. Imagens de casas e carros queimados.

Cenas do local do incêndio; Em seguida imagens da redação com a imagem do jornalista Caco Barcellos explicando a um repórter o que se deve fazer.

Imagem de uma explosão. Em seguida mostra

Off repórter: O incêndio no depósito de

produtos químicos se alastrou pelo bairro. Queimou casas e carros em Diadema na Grande São Paulo.

Off Caco Barcellos: Bom, aqui é um programa

de reportagem e muito rigoroso em relação a qualidade da nossa apuração.

Referências

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