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Superior Tribunal de Justiça

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 136.303 - RS (2014/0251882-6)

RELATORA : MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES

SUSCITANTE : JUÍZO FEDERAL DA 3A VARA DE SANTA MARIA - SJ/RS SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA 1A VARA DE SÃO PEDRO DO SUL -

RS

INTERES. : MARIA DE JESUS DE VARGAS

ADVOGADO : LUIZ ANTONIO FREITAS DA SILVA E OUTRO(S) INTERES. : UNIÃO

INTERES. : JOÃO BALBINO DA SILVA

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. MILITAR APOSENTADO. REVISÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. AÇÃO ORDINÁRIA NA QUAL A UNIÃO FIGURA NA CONDIÇÃO DE RÉ. COMPETÊNCIA RATIONAE PERSONAE DA JUSTIÇA FEDERAL. ART. 109, I, DA CF/88. COMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO FEDERAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 105/STJ. PRECEDENTES.

I. Cuida-se de Ação Ordinária, proposta por Maria de Jesus Vargas contra a União e João Balbino da Silva, visando a majoração da pensão, paga pelo segundo réu, para trinta por cento dos proventos percebidos pelo militar aposentado, bem como a condenação de ambos os réus em indenização a título de danos morais, por alegada omissão, negligência, descaso e má-fé com que trataram a demandante.

II. Nos termos do art. 109, I, da Constituição Federal, compete aos juízes federais processar e julgar "as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidente do trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho".

III. O Superior Tribunal de Justiça tem firme jurisprudência no sentido de que "a competência da Justiça Federal, prevista no art. 109, I, da Constituição Federal, é fixada, em regra, em razão da pessoa (competência ratione personae), levando-se em conta não a natureza da lide, mas, sim, a identidade das partes na relação

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121.013/SP, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe de 03/04/2012).

V. A simples presença, no feito, da União, na condição de ré, é suficiente para afastar a competência da Justiça Estadual para processar e julgar a causa, determinando a competência da Justiça Federal, a teor da Súmula 150/STJ, segundo a qual "compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas".

VI. Se as alegações da autora quanto à responsabilidade da União pela revisão dos valores da pensão ou por dano moral são procedentes, ou não, trata-se de assunto a ser dirimido quando da apreciação da causa, pelo Juízo competente.

VII. Conflito conhecido, para declarar competente o Juízo Federal da 3ª Vara de Santa Maria/RS, o suscitante.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA Seção do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer do conflito e declarar competente o Juízo Federal da 3ª Vara de Santa Maria/RS, o suscitante, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.

Os Srs. Ministros Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região), Humberto Martins, Napoleão Nunes Maia Filho, Mauro Campbell Marques e Benedito Gonçalves votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Brasília (DF), 09 de dezembro de 2015 (data do julgamento)

MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES Relatora

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CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 136.303 - RS (2014/0251882-6) RELATÓRIO

MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES: Trata-se de Conflito Negativo de

Competência, instaurado entre o Juízo Federal da 3ª Vara de Santa Maria/RS, ora suscitante, e o Juízo de Direito da 1ª Vara da Comarca de São Pedro do Sul/RS, ora suscitado.

Trata-se, na origem, de Ação Ordinária proposta, na Justiça Federal, por Maria de Jesus Vargas contra a União e João Balbino da Silva, visando a majoração da pensão, paga pelo segundo réu, para 30% (trinta por cento) dos proventos percebidos pelo militar aposentado, bem como a condenação de ambos os réus, solidariamente, em quantia não inferior a R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais), a título de danos morais, em face de omissão, negligência, descaso e má-fé com que trataram a demandante (fls. 2/7e).

A Ação Ordinária foi registrada como Ação de Alimentos 5000554-41.2014.404.7102/RS, no Juízo Federal da 3ª Vara de Santa Maria/RS, que declinou da competência para o Juízo Estadual da Comarca de São Pedro do Sul/RS, "dada a inexistência de pretensão em face da ré UNIÃO - FAZENDA NACIONAL, indicada pela autora para compor o polo passivo da demanda" (fl. 30e), deixando, porém, de determinar a remessa dos autos ao Juízo apontado como competente, por se tratar de processo eletrônico e por evidente inviabilidade técnica, esclarecendo que deveria a autora proceder, no Juízo Estadual, ao ajuizamento da demanda.

Em seguida, consta dos autos decisão do Juízo Federal da 3ª Vara de Santa Maria/RS, nos autos da mencionada Ação Ordinária 5000554-41.2014.404.7102/RS (autos eletrônicos), suscitando o presente Conflito, com fundamento na Súmula 150/STJ, ante o encaminhamento dos autos físicos à Justiça Federal, pelo Juízo Estadual (Processo nº 129/1.14.000124-0, distribuídos por dependência aos autos eletrônicos), na Justiça Federal.

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A fls. 77/78e, o Ministério Público Federal, em nova manifestação, opinou pelo conhecimento do Conflito, para declarar competente o Juízo Federal da 3ª Vara de Santa Maria/RS.

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CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 136.303 - RS (2014/0251882-6) VOTO

MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES (Relatora): Trata-se de Conflito

Negativo de Competência, suscitado pelo Juízo Federal da 3ª Vara de Santa Maria/RS, em face do Juízo de Direito da 1ª Vara da Comarca de São Pedro do Sul/RS.

Conheço do Conflito, porquanto se trata de controvérsia instaurada entre Juízes vinculados a Tribunais distintos, a teor do que preceitua o art. 105, I, d, da Constituição da República.

Nos termos do art. 109, I, da Constituição Federal, compete aos juízes federais processar e julgar "as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho'.

O Superior Tribunal de Justiça tem firme jurisprudência no sentido de que "a competência da Justiça Federal, prevista no art. 109, I, da Constituição Federal, é fixada, em regra, em razão da pessoa (competência ratione personae), levando-se em conta não a natureza da lide, mas, sim, a identidade das partes na relação processual" (STJ, CC 105.196/RJ, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe de 22/02/2010).

Além disso, "a definição da competência para a causa se estabelece levando em consideração os termos da demanda (e não a sua procedência ou improcedência, ou a legitimidade ou não das partes, ou qualquer outro juízo a respeito da própria demanda). O juízo sobre competência é, portanto, lógica e necessariamente, anterior a qualquer outro juízo sobre a causa. Sobre ela quem vai decidir é o juiz considerado competente (e não o Tribunal que aprecia o conflito). Não fosse assim, haveria uma indevida inversão na ordem natural das coisas: primeiro se julgaria (ou pré-julgaria) a causa e depois, dependendo desse julgamento, definir-se-ia o juiz competente (que, portanto, receberia uma causa já julgada, ou,

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dano moral, argumenta que:

"Excelência, a parte Autora vem sofrendo há muitos anos com o descaso dos Réus, primeiramente por parte do Réu Sr. Balbino que sempre ao ser procurado negava veementemente qualquer possibilidade de um maior pensionamento e caso intentasse pelas vias judiciais cancelaria o pagamento.

Situação pior ocorreu pela omissão por parte do ÓRGÃO PAGADOR FAZENDA NACIONAL, que como se comprova em anexo desde 2001 se omite sobre a real patente do segundo Réu, e ainda, tendo ciência das promoções do mesmo nunca atualizou os valores da pensão a Autora, lesando a mesma economicamente.

Excelência, a parte Autora vive em condições precárias de moradia conforme fotos anexo (Documento 07), não é crível que desde o acordo firmado para o recebimento da pensão no ano de 1983 até o presente momento nunca houve reajuste, na época em que começou a receber os proventos tais valores foram equiparados a soldado/cabo, sendo omitido por parte da OPIP a real situação do Réu no decorrer de todos esses anos.

Tendo em vista a negligência, omissão e má-fé ao pagamento dos devidos proventos configurado está o dano moral pleiteado pela parte. O nosso Código Civil, em seu artigo 186 assim normatiza, vejamos:

'Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito'.

O artigo 927 do mesmo Código assim estabelece:

Aquele que, por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Não há como escusar o OPIP pela não correção do pensionamento devido a parte Autora, como também é necessário relatar a Vossa Excelência que nas tentativas de entrar em contato com o Réu Balbino, a OPIP nunca informou o endereço atual do Réu dificultando ao máximo a obtenção do direito da parte Autora" (fl. 6e).

Com essas considerações, a autora requer a condenação dos réus, União e João Balbino da Silva, na majoração da pensão para 30% (trinta por cento) dos proventos do segundo réu, bem como no pagamento de valores, a título de dano moral e de custas e honorários advocatícios, bem como pede a inversão do ônus da prova, para que a União traga aos autos o histórico de promoções do segundo réu, desde o ano de 1983, para efeito de cálculo das diferenças devidas (fls. 4e e 7e).

Na Justiça Federal, o Juízo suscitante declinou da competência para a Justiça Estadual, tão somente pela "inexistência de pretensão em face da ré UNIÃO" (fl. 30e), enquanto o Juízo suscitado observou que há "postulação em face da União" e que "o pedido é veiculado contra a União", que foi "incluída no polo passivo da

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demanda" (fl. 64e).

Ora, a simples presença da União, no feito, na condição de ré, é suficiente para afastar a competência da Justiça Estadual para processar e julgar a causa, determinando a competência da Justiça Federal, a teor da Súmula 150/STJ, segundo a qual "compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas".

Se as alegações da autora quanto a responsabilidade da União pela revisão dos valores da pensão ou por dano moral são procedentes, ou não, trata-se de assunto a ser dirimido quando da apreciação da causa, pelo Juízo competente. Assim, é o caso de ser declarada a competência do Juízo Federal ora suscitante para o processo e o julgamento da demanda.

O Ministério Público Federal, em seu parecer de fls. 77/78e, nessa mesma linha, concluiu que:

"A análise dos autos revela que a União, além de compor o polo passivo, é instada para juntada de documentos com a contestação e atualização/majoramento de valores da pensão; e, também, é requestada sua condenação solidária em danos morais (vide fl. 6 da peça vestibular).

Portanto, inconteste seu interesse no feito a atrair a competência da Justiça Federal, nos moldes do art. 109, inciso I, da CF/88, pois deverá, caso vencida, suportar os efeitos da condenação" (fl. 78e).

Ante o exposto, conheço do presente Conflito, para declarar a competência do Juízo Federal da 3ª Vara de Santa Maria/RS, ora suscitante.

Comunique-se ao Juízo Estadual suscitado, encaminhando-lhe cópia do presente acórdão.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2014/0251882-6 PROCESSO ELETRÔNICO CC 136.303 / RS

Números Origem: 12911400001240 50005544120144047102

PAUTA: 09/12/2015 JULGADO: 09/12/2015

Relatora

Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAES FILHO Secretária

Bela. Carolina Véras

AUTUAÇÃO

SUSCITANTE : JUÍZO FEDERAL DA 3A VARA DE SANTA MARIA - SJ/RS

SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA 1A VARA DE SÃO PEDRO DO SUL - RS

INTERES. : MARIA DE JESUS DE VARGAS

ADVOGADO : LUIZ ANTONIO FREITAS DA SILVA E OUTRO(S)

INTERES. : UNIÃO

INTERES. : JOÃO BALBINO DA SILVA

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Militar - Pensão

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Seção, por unanimidade, conheceu do conflito e declarou competente o Juízo Federal da 3ª Vara de Santa Maria/RS, o suscitante, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora."

Os Srs. Ministros Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região), Humberto Martins, Napoleão Nunes Maia Filho, Mauro Campbell Marques e Benedito Gonçalves votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Referências

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