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Pesquisa Veterinária Brasileira

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Pesquisa Veterinária Brasileira

Este é um artig publicadg em acessg abertg sgb uma licença Creatie Cgmmgns.

Fgnte:

htp://www.scielg.br/scielg.php?script=sci_arteet&pid=S0100-736X2016001000925&lni=en&nrm=isg. Acessg em: 12 mar. 2018.

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htp://de.dgi.gri/10.1590/s0100-736e2016001000001.

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RESUMO.- No período de janeiro de 2011 a dezembro

de 2014 foram diagnosticados 9 surtos (A, B, C, D, E, F, G, H e I) de Oestrus ovis em pequenos ruminantes no esta-do da Bahia. No surto A obteve-se 0,5% (1/200); B 2,2% (2/90); C 0,8% (1/120); D 2% (2/100); E 1% (1/100); F 3% (1/33); G 0,6% (1/150); H 2,5% (5/200); I com 11,4% (8/70) em ovinos e 5% (2/40) em caprinos. Os sinais clí-nicos associados ao parasitismo pelas larvas nos surtos fo-ram respiração ruidosa, espirro seguido de secreção nasal catarral, inquietação, movimentação excessiva da cabeça e andar em círculo. Macroscopicamente havia nos seios e conchas nasais hiperemia, edema da mucosa e presença de larvas. Todas as larvas coletadas dos cornetos e conchas nasais variavam desde o primeiro ao terceiro estágio de desenvolvimento. Algumas larvas L3 coletadas nas necrop-sias foram incubadas e o imago obtido das pupas mediram aproximadamente 10mm de cor acinzentada e abdômen escurecido. Realizada análise descritiva das condições

cli-Oestrose: uma parasitose emergente em pequenos

ruminantes no Nordeste do Brasil

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Ticianna C. Vasconcelos2, Juliana T.S.A. Macêdo3, Ademilton Silva4, Marta M.N. Silva5, Thereza C.C. Bittencourt6, Maria V.B. Santos3, Joselito N. Costa7

e Pedro M.O. Pedroso3*

ABSTRACT.- Vasconcelos T.C., Macêdo J.T.S.A, Silva A., Silva M.M.N., Bittencourt T.C.C, Santos

M.V.B., Costa J.N. & Pedroso P.M.O. 2016. [Nasal bot: an emerging parasitic disease in small

ruminants in the Brazilian Northeast.] Oestrose: uma parasitose emergente em pequenos

ruminantes no Nordeste do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira 36(10):925-929. Setor de Pa-tologia Veterinária, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Rua Rui Barbosa 710, Campus Universitário, Cruz das Almas, BA 44380-000, Brazil. E-mail: pedrosovet@yahoo.com.br

From January 2011 to December 2014 were diagnosed 9 outbreaks of Oestrus ovis in-fection in small ruminants (Outbreaks A-I) in the State of Bahia. The incidence of oestrosis in sheep in outbreak A was 0.5% (1/200), in B 2.2% (2/90), in C 0.8% (1/120), in D 2% (2/100), in E 1% (1/100), in F 3% (1/33), in G 0.6% (1/150), in H 2.5% (5/200), and in I 11.42% (8/70), and 5% (2/40) in goats. Clinical signs associated with parasitism were wheezing, sneezing followed by catarrhal nasal secretion, some restlessness, excessive head movement and walking in circles. The breasts and turbinates were hyperemic, with mucosal edema and presence of O. ovis larvae. All larvae collected from the turbinates ran-ged from the first to the third stage of development. Some L3 larvae collected at necropsy were incubated and the gray colored Imago with dark abdomen obtained from the pupae measured about 10mm. A descriptive analysis of the climatic conditions was carried out; in the year of investigation the incidence of O. ovis infection has grown (p<0.001), and the lowest mean minimum temperature (p<0.001) caused the development the O. ovis fly, so that there was an introduction of an increased number of these flies into the sheep and goat flocks in state of Bahia with the ideal climatic conditions for their perpetuation.

INDEX TERMS: Oestrus ovis, oestrosis, nasal cavity, sheep, goats, small ruminants, Bahia.

1 Recebido em 17 de junho de 2015.

Aceito para publicação em 13 de maio de 2016. Parte da Dissertação de Mestrado do primeiro autor.

2 Programa de Pós-Graduação em Ciências Animais nos Trópicos,

Facul-dade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UniversiFacul-dade Federal da Bahia (UFBA), Av. Adhemar de Barros 500, Ondina, Salvador, BA 40170-110, Brasil.

3 Laboratório de Patologia Veterinária, Universidade de Brasília (UnB),

Campus Universitário Darcy Ribeiro, Via L4, Norte, s/n, Brasília, DF 70910-970, Brasil. *Autor para correspondência: pedrosovet@yahoo.com.br

4 Laboratório de Parasitologia Veterinária, UFBA, Av. Adhemar de Barros

500, Ondina, Salvador, BA 40170-110, Brasil.

5 Laboratório de Monitoramento de Doenças pelo Sistema de

Informa-ção Geográfica (Lamdosig), UFBA, Av. Ademar de Barros 500, Ondina, Sal-vador, BA 40170-110, Brasil.

6 Departamento de Medicina Preventiva e Produção, Faculdade de

Me-dicina Veterinária e Zootecnia, UFBA, Av. Adhemar de Barros 500, Ondina, Salvador, BA 40170-110, Brasil.

7 Clínica de Grandes Animais, Hospital Universitário de Medicina

Veteri-nária, UFRB, Rua Rui Barbosa 710, Campus Universitário, Cruz das Almas, BA 44380-000, Brasil.

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máticas, ano e positividade de casos de oestrose, demons-trou que a ocorrência tem tendência de crescimento com os anos (p˂0,001) e que houve casos com menor média de temperatura mínima (p˂0,001), possibilitando o desenvol-vimento da mosca de O. ovis, demonstrando que houve a in-trodução da mosca enTtre o rebanho de ovinos e caprinos do estado da Bahia, e que as condições climáticas são ideais para perpetuação da espécie.

TERMOS DE INDEXAÇÃO: Oestrus ovis, oestrose, cavidade nasal, ovinos, caprinos, pequenos ruminantes, Bahia.

INTRODUÇÃO

Na ovinocultura uma das principais causas de prejuízo na produção é a infestação do rebanho por parasitas (Rissi et al. 2010). Dentre as parasitoses que interferem no sistema produtivo de ovinos, está a oestrose (bicho da cabeça, fal-so torneio e mosca nasal das ovelhas), enfermidade pro-duzida pelas larvas da mosca Oestrus ovis. A fêmea adulta deposita larvas na região das narinas de ovinos e caprinos que migram rapidamente para os cornetos e conchas na-sais (Zumpt 1965), provocando lesões e dificuldade res-piratória nos animais (Taylor et al. 2010). Por ser um pa-rasita cosmopolita, surtos de oestrose podem ocorrer em qualquer região onde exista criação de ovinos e caprinos (Ribeiro 2007). A oestrose é uma doença que causa gran-de prejuízo econômico em vários estados do Sul, Sugran-deste e Centro Oeste do Brasil (Ribeiro et al. 1990, Guimarães & Pa-paverro 1999, Ramos et al. 2006, Ribeiro 2007, Rissi et al. 2010, Cansi et al. 2011), no entanto, ainda não há descrição das características dessa parasitose no Nordeste brasilei-ro. Este trabalho tem como objetivo descrever os aspectos epidemiológicos e clínico-patológicos de surtos de oestrose em pequenos ruminantes no estado da Bahia, Nordeste do Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

No período de janeiro de 2011 a dezembro de 2014 foram diag-nosticados nove surtos (A-I) de oestrose no Estado da Bahia, to-talizando 22 casos em ovinos e dois casos em caprinos. As larvas foram observadas durante a necropsia dos animais com diferen-tes causas de morte. Na necropsia, amostras de tecidos foram co-letadas e fixadas em formol 10%, processadas de forma rotineira para histologia e coradas pela hematoxilina e eosina.

Dados gerais dos animais e histórico do rebanho foram obti-dos com os médicos veterinários responsáveis por cada surto. Os dados mensais referentes a temperatura, umidade relativa do ar e chuvas acumuladas foram obtidos no Instituto Nacional de Mete-orologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Inmet-MAPA).

Para as análises estatísticas foi criada a variável “casos” com resposta binária (0 = ausência de casos no mês; 1 = presença de casos no mês). Adicionalmente foram realizadas as medições de temperatura (máxima e mínima), umidade relativa do ar e de chu-vas acumuladas durante o período de 2011 a 2014, para serem correlacionadas com a presença ou não de casos de parasitismo no mês, além da realização do teste não paramétrico de Mann--Whitney.

As larvas coletadas foram fixadas em formol 10% e identifica-das como Oestrus ovis segundo a chave de Guimarães & Papavero (1999). Algumas larvas L3 foram incubadas e acompanhadas até

puparem, em embalagem plástica com gaze umedecida, por 15-25 dias em temperatura ambiente para obtenção da mosca.

RESULTADOS

Os casos ocorreram em propriedades rurais de três mu-nicípios do estado da Bahia, São Gonçalo dos Campos (S 12°26’00”/W 38°58’00”), Serrinha (S 11°39’51”/W 39°00’27”) e Cruz das Almas (S 12°40’12”/W 39°06’07”) (Fig.1). No município de São Gonçalo dos Campos ocorre-ram sete surtos (A-H), com um total de 13 casos. O surto F ocorreu no município de Serrinha, acometendo um animal e o surto I no município de Cruz das Almas, com 10 casos. Observaram-se a seguintes frequências nos surtos: A 0,5% (1/200), B 2,2% (2/90), C 0,8% (1/120), D 2% (2/100), E 1% (1/100), F 3% (1/33), G 0,6% (1/150), H 2,5% (5/200) e I 11,4% (8/70) em ovinos, e 5% (2/40) em caprinos. A distribuição anual da frequência de ovinos acometidos com oestrose revelou uma tendência de crescimento (p˂0,001), em 2011 com 9% (2/22), 2012 com 22,72% (5/22), 2013 com 13,63% (3/22) e 2014 com 68,18% (15/22). Na espé-cie ovina, 15/22 eram fêmeas e 7/22 eram machos, sendo 9 da raça Santa Inês, sete da raça Dorper, cinco sem raça definida e um da raça Morada Nova. A média da idade dos animais acometidos foi 1,5 anos, variando desde três meses até seis anos. Na espécie caprina, foram acometidas duas cabras, Anglo Nubiana e Pardo Alpina.

Os surtos A-C foram registrados tanto no período seco como no chuvoso. No surto A havia o histórico de compra de ovinos da região Sudeste do Brasil, sendo um dos do-entes uma ovelha adquirida do estado de São Paulo. No surto B não havia histórico de compra de animal de outra região, todos os animais foram nascidos e criados no mu-nicípio com manejo extensivo, porém foram introduzidos

Fig.1. Mapa do Estado da Bahia identificando os municípios onde ocorreram os surtos de oestrose.

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animais vindos de uma propriedade vizinha. O surto I ocor-reu em uma propriedade de regime semiextensivo. O surto F ocorreu um caso em uma ovelha de um rebanho em se-miconfinamento com finalidade voltada para corte. O surto ocorreu no período seco e o animal foi encontrado morto, porém já apresentava sintomatologia respiratória com se-creção nasal e perda de peso.

A média mensal da temperatura mínima, umidade re-lativa do ar e chuvas acumuladas nos municípios durante os quatro anos estão representadas nas Figs 2A-C. A mé-dia mensal das chuvas acumuladas, no período do estudo, no município de Cruz das Almas foi de 89,58mm, em São Gonçalo dos Campos e Serrinha essa média apresentou uma variação chegando a 48,56mm e 49,23mm, respecti-vamente. Apenas houve diferença estatística significante (p˂0,001) entre ocorrência de casos de oestrose e a tem-peratura mínima, demonstrado que quando houve casos, as temperaturas foram mais baixas do que os meses em que não ocorreram casos. Já a temperatura máxima não apresentou diferença estatística significativa, porém se manteve dentro da média de 29,7°C quando houve casos de oestrose e 30,9°C quando não houvera. Os sinais clíni-cos associados ao parasitismo pelas larvas nos surtos fo-ram: respiração ruidosa, espirro seguido de secreção nasal catarral, alguns apresentavam inquietação, movimentação excessiva da cabeça e andar em círculo. Nos achados de necropsia referentes à cavidade nasal, havia nos seios e conchas nasais hiperemia, edema da mucosa, além da pre-sença de larvas morfologicamente compatíveis com O. ovis (Fig.3). Todas as larvas coletadas dos cornetos e conchas

nasais variavam desde o primeiro ao terceiro estágio de desenvolvimento. Em dois ovinos presenciaram-se larvas (estágio L1) na traqueia e em um caso nos brônquios (es-tágio L2). Um ovino apresentou larvas no esôfago e no rú-men (estágio L2).

Dentre as causas de morte em ovinos destacam-se a hemoncose 72,72% (16/22), desnutrição 9% (2/22), peri-tonite 4,54% (1/22), pneumonia e enterite 4,54% (1/22), inanição 4,54% (1/22); um animal estava autolisado 4,54% (1/22). Em caprinos, um apresentava abscesso de hipófise e um com hemoncose.O imago obtido das pupas mediram aproximadamente 10mm de cor acinzentada e abdômen escurecido.

DISCUSSÃO

O diagnóstico de parasitismo por Oestrus ovis em ovinos e caprinos baseou-se nos sinais clínicos, alterações pato-lógicas e pela identificação das larvas na cavidade nasal dos animais necropsiados. Não houve distinção de raça, sexo e idade dentro dos rebanhos avaliados. No Nordeste, até o momento, não havia relatos de oestrose em ovinos e caprinos. No Brasil, a oestrose é comumente descrita nas regiões Sul e Sudeste, e ultimamente no Distrito Federal e Estado de Mato Grosso (Ribeiro 2007, Cansi et al. 2011, Schenkel et al. 2012). Os surtos de oestrose neste trabalho ocorreram em todas as estações do ano, em períodos secos e chuvosos, no entanto, no Sul do Brasil, ocorre com maior expressão na primavera e verão (Ribeiro et al. 1990, Ramos et al. 2006). No estado do Mato Grosso, que possui clima quente constante, as larvas são ativas o ano todo, possibi-litando a ocorrência de duas ou três gerações (Schenkel et al. 2012).

A mortalidade da oestrose geralmente é baixa e os ani-mais parasitados morrem devido às infecções secundárias e hemoncose (Ribeiro 2007, Schenkel et al. 2012). No pre-sente trabalho 70,83% (17/24) das mortes foram decor-rentes da hemoncose.

O ciclo de parasitismo das larvas (média de 30-60 dias) pode promover manifestações clínicas nos hospedeiros,

Fig.2. (A) Média mensal da temperatura mínima, (B) média men-sal da umidade do ar e (C) média menmen-sal das chuvas acumula-das, nos anos de 2011-2014, nos municípios onde ocorreram os surtos de oestrose.

Fig.3. Conchas nasais com hiperemia e presença de larvas de

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como rinites, sinusites e lesões pulmonares, que induz a grandes prejuízos econômicos, incluindo até morte dos animais (Dorchies et al. 2006), como descritos nos ani-mais avaliados. A frequência de infestação dos caprinos foi baixa 8,33% (2/24). Este achado pode estar relaciona-do a habilidade de defesa relaciona-dos caprinos em evitar o contato com a mosca, uma menor umidade na cavidade nasal em relação aos ovinos e um sistema imune com maior adapta-ção a infestaadapta-ção, sugerindo que os caprinos co-evoluíram com o O. ovis (Dorchies et al. 1998, Angulo-Valadez et al. 2010).

A temperatura tem uma relação direta com a atividade da mosca, já que existe uma predileção de horários mais quentes para larviposição (Cepeda-Palacios & Scholl 2000). Para a atividade das larvas, ambientes com temperaturas mais amenas e alta umidade do ar favorecem ao ciclo bio-lógico na formação da pupa e posterior liberação do imago (Schenkel et al. 2012). Portanto, as condições climáticas dos municípios avaliados foram ideais para o desenvolvi-mento do ciclo da mosca, principalmente em São Gonçalo dos Campos onde ocorreram casos em praticamente todos os meses do ano, corroborando com o que já está descrito na literatura com temperatura entre 20 a 30°C e umidade relativa do ar em torno de 70%. Nestas condições Silva et al. (2012), constataram uma alta taxa de recuperação de larvas, enquanto nenhuma larva foi recuperada quando a média da temperatura mínima foi abaixo de 14 ºC.

Os sinais clínicos observados nos animais de todos os surtos corroboram com o que já está descrito na literatura e são decorrentes da atividade da mosca durante depósito das larvas nas narinas e da presença da larva na mucosa na-sal, o que incita um processo inflamatório (Ribeiro 2007). As alterações patológicas foram semelhantes às descritas por Schenkel et al. (2012), relacionadas ao movimento lar-vário, ao trauma mecânico causado pelas larvas e princi-palmente pela reação de hipersensibilidade imediata pelas moléculas secretadas/excretadas pela larva (Taylor et al. 2010, Angulo-Valadez et al. 2011, Schenkel et al. 2012).

A obtenção da mosca de O. ovis foi realizada em tem-peratura ambiental laboratorial permitindo o desenvolvi-mento de estágios de vida livre da mosca, diferente do des-crito por Cansi et al. (2011), que obteve a pupa e o imago em condições controladas de temperatura e umidade, em 20-23 dias. Hall & Wall (1995) relataram que o desenvol-vimento de L3 para pupa, dependerá apenas de condições climáticas e da estação do ano, confirmando a adaptabilida-de e o adaptabilida-desenvolvimento em condições ambientais específi-cas. Desta forma, a capacidade de se adaptar a diferentes ambientes e a persistência natural da infestação promovem as dificuldades para o seu controle (Alcaide et al. 2003). O aumento do número de casos e a adaptação da espécie no Recôncavo e Sertão baiano tem relação direta com a evolu-ção da pecuária e do melhoramento genético de pequenos ruminantes na região Nordeste, principalmente na Bahia com a introdução de ovinos vindos de outras regiões do Brasil. Além disso, é importante ressaltar que o estado da Bahia é o maior produtor de caprinos e segundo de ovinos do Brasil, e que a partir desta situação há também uma maior comercialização de animais para outros estados do

Nordeste como também para outras regiões do Brasil, des-sa maneira podendo ocorrer a disseminação da oestrose e de outras doenças.

Durante avaliação dos animais para compra e introdu-ção em novos rebanhos é importante levar em considera-ção as doenças de cavidade nasal de pequenos ruminantes que cursam com as mesmas sintomatologias e lesões nos seios nasais como conodiobolomicose, pitiose rinofacial, aspergilose, prototecose, criptococose, rinite atópica, ri-nosporidiose, neoplasias e carcinomas (Portela et al. 2010). Os resultados mostraram que as condições climáticas favoreceram a perpetuação do ciclo biológico da mosca e a sua disseminação nos municípios avaliados, já que existe uma regularidade de condições climáticas com clima quen-te e úmido com quen-temperatura ideal de 19-33°C.

A introdução da oestrose no rebanho pode comprome-ter a produtividade através da perda de ganho de peso e morte de animais. A confirmação da parasitose no estado da Bahia alerta a possível disseminação da mosca e da do-ença na região, o que torna de grande relevância um maior estudo da epidemiologia da oestrose e aplicação de técni-cas de profilaxia e controle, evitando desta forma futuras perdas econômicas com a doença.

CONCLUSÕES

Conclui-se que a oestrose é uma miíase emergente no Nordeste do Brasil com registro de acometimento em ovi-nos e capriovi-nos.

A introdução de animais de outras regiões, principal-mente do Sul e Sudeste, propiciou a entrada de moscas de

O. ovis que encontraram nessa região condições climáticas

ideais permitindo a adaptação da mosca e perpetuação do ciclo biológico no território baiano.

Agradecimentos.- Ao Instituto Nacional de Metereologia da Bahia

(In-met) pelo fornecimento dos dados climáticos. Ao Laboratório de Monito-ramento de Doenças pelo Sistema de Informação Geográfica e ao Lamdo-sig/UFBA pelo apoio nas avaliações epidemiológicas.

REFERÊNCIAS

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