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A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO ENSINO DE ARTES VISUAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Resumo

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A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO ENSINO DE ARTES VISUAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Camila Lacerda Ortigosa Pedagogia/UFU mila.lacerda.g@gmail.com Eixo Temático: Educação Infantil

Relato de Experiência

Resumo

O presente texto se configura em um relato de experiência de uma professora de Artes Visuais e estudante de Pedagogia, que atua na educação infantil da rede particular em Uberlândia-MG. Aborda a relação das novas tecnologias presentes no cotidiano social e o processo criativo das crianças nas aulas de artes. Com o intuito de apresentar esta discussão como contribuições às práticas educativas desenvolvendo um olhar crítico quanto à importância e à necessidade de uma reflexão mais significativa frente à utilização de ferramentas tecnológicas no processo de percepção e entendimento do mundo construído pelas crianças e as diferentes possibilidades de criação que estas apresentam. É relatada uma proposta de interação com diferentes ferramentas tecnológicas digitais e/ou eletrônicas, como câmeras fotográficas, retroprojetor e projetor digital com crianças de quatro anos. Lidando com os medos e anseios, tanto dos professores quanto dos alunos, a proposta visou ir além de uma utilização funcional usual dos instrumentos, explorando suas características específicas para uma construção sensível da percepção estética e artística das crianças. Considerando a importância da presença das artes no ambiente escolar e no processo de ensino/aprendizagem, principalmente quando presentes desde a infância, o relato de experiência busca refletir sobre a interação das crianças com as propostas artísticas, lindando com diferentes aspectos que surgiram durante a vivência como emoções, limites e experiências prévias. Dessa forma, faz-se necessário pensarmos as Artes Visuais na Educação Infantil como uma forma significativa e contextualizada de expressão e comunicação humana junto ao cotidiano escolar, conectado com práticas pedagógicas e o contato com materiais diversos que buscam aliar criações artísticas às vivências cotidianas. Sendo assim, é esperado que a experiência relatada venha contribuir com as práticas pedagógicas de profissionais que atuam na educação infantil e instigue reflexões e debates sobre o tema, em prol de propostas que envolvam as Artes Visuais no cotidiano escolar dessa etapa de ensino.

Palavras-chave: Educação Infantil, Artes Visuais, Novas Tecnologias, Linguagens Artísticas.

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Introdução

Qualquer ferramenta que sirva para algum propósito com a interferência do ser humano pode ser considerada tecnologia, é preciso a vontade do indivíduo para produzir e utilizar estas ferramentas. Na escola, é essencial no ensino de artes colocar os alunos em contato com diferentes ferramentas e, consequentemente, diferentes maneiras de expressar suas ideias, ampliando suas capacidades comunicativas e descobrindo suas próprias formas de utilizar os recursos existentes.

Materiais variados e oportunidades de relações, explorações e descobertas são como instrumentos para a construção de uma reflexão significativa, são o início de um desenvolvimento artístico que resulta na criação de uma linguagem expressiva. Tudo isto se dá a partir da troca, entre a criança e os recursos, a criança e o ambiente, a criança e as inúmeras possibilidades de modificação, exploração e descoberta que os materiais proporcionam.

“Quando as crianças usam suas mentes e mãos para agir sobre um material usando gestos e instrumentos e começam a adquirir habilidades, experiências, estratégias e regras surgem estruturas dentro da criança. ” (GANDINI, 2012, p. 28). São estas estruturas mencionadas por Gandini que compõem a construção da linguagem expressiva da criança, é necessário que a criança interaja com um material para descobrir possibilidades e desenvolver estratégias de criação. É neste momento que as possibilidades de modificação, transformação e estruturação do material se apresentam, assim, o material transformado se torna um meio para a expressão da linguagem da criança.

É preciso utilizar diferentes recursos tecnológicos durante as aulas de artes, principalmente os que estão presentes no nosso cotidiano fora da escola, que são as mídias digitais e/ou eletrônicas para ampliar e explorar as possibilidades que estas tecnologias modernas nos proporcionam também em sala de aula, dialogando de forma consciente com as propostas educacionais da escola.

O universo dos sons, das cores e do movimento marca sua presença entre as crianças e nós com encantos e inquietações. Ora nos detemos para contemplá-los, ora nos atingem provocativamente. São imagens e sons que se justapõem ininterruptamente, constituindo a dimensão da nossa ambiência natural e cultural (FUSARI e FERRAZ, 2009, p. 67).

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Como afirmam Fusari e Ferraz, é perceptível a presença constante de mídias tecnológicas no cotidiano e no universo infantil, as crianças já estão familiarizadas com as suas influências e funções. Em uma abordagem sobre as tecnologias em uma vivência natural e cultural das crianças, é justificável trazê-las também para a sala de aula, debater e interagir de forma consciente e contextualizada com elas.

Ana Mae Barbosa (2010), ao abordar a mediação cultural com tecnologias contemporâneas nas aulas de artes, fala sobre a ênfase dada ao princípio operacional destas ferramentas tecnológicas, mesmo quando aplicadas no processo de ensino/aprendizagem, fazendo que o indivíduo seja dominado pela dinâmica instrumental. Porém, para a autora, a participação que a máquina apresenta é limitada, mas a interação do indivíduo não se contém apenas à lógica da ferramenta, podendo conceitualizar o seu uso. “Para ampliar os limites da tecnologia e de seu uso, é preciso pensar as relações entre tecnologia e processo de conhecimento; tecnologia e processo criador.” (BARBOSA, 2010, p. 110).

É preciso pensar na utilização das tecnologias para além de um aspecto funcional já consolidado, como passar imagens/fotografias digitalizadas e filmes para observar o seu conteúdo, mas sim para as crianças entrarem na imagem, se envolverem e a manipularem de acordo com o seus olhares e suas intenções. É importante possibilitar que as crianças conheçam e se apropriarem destas tecnologias para pensarem, se expressarem e olharem o mundo através de novas percepções.

O processo de construção de uma linguagem artística pela criança passa por algumas fases. No primeiro momento ocorre a experimentação, a curiosidade e as descobertas. As crianças precisam de um momento para interagir com a ferramenta apresentada e descobrir quais são as possibilidades que elas trazem. Após este primeiro momento é necessário instigar as crianças para uma reflexão mais profunda, contextualizando e entendendo a função de cada recurso para então construírem suas próprias hipóteses. É necessário entender e respeitar os processos das crianças para o desenvolvimento significativo das propostas, como afirma Ferraz:

O desenvolvimento das etapas operacionais do pensamento artístico infantil são fatores importantes para conhecer-se a aquisição do conceito de representação presentes em seus grafismos, jogos e brincadeiras e para compreender mais aprofundadamente a linguagem da arte na vida infantil e juvenil. (FUSARI e FERRAZ, 2009, p. 95). Há uma crescente preocupação e incentivo à presença das novas tecnologias na sala de aula, para o educador é necessário não só aprender a ensiná-las, inserindo-as no

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cotidiano e nas produções do aluno, mas também abordar o entendimento e a construção de valores do trabalho com elas. A produção artística criada em um ambiente tecnológico precisa ser discutida e avaliada. “Como ver, como ouvir, como aprender e ensinar artes aliadas às novas tecnologias é a indagação dos epistemólogos contemporâneos. Como usá-las como instrumento de mediação cultural é tarefa dos arte/educadores de hoje. ” (BARBOSA, 2010, p.112).

Como a presença de alguns recursos tecnológicos pode influenciar no olhar, na percepção estética e na produção/interação artística das crianças? Será que as diferentes maneiras de observar o mundo, seja pela lente de uma câmera ou por uma projeção, modificam a percepção de detalhes permitindo novas descobertas e possibilitando outros desdobramentos na produção artística das crianças?

Estas foram algumas perguntas, sobre a apresentação e interação destas novas tecnologias pelas crianças, que nortearam a elaboração da proposta de trabalho nas aulas de artes visuais na Educação Infantil.

Buscou-se, desse modo, na observação dessa experiência um olhar qualitativo, com vários objetivos, dentre eles, estimular o desenvolvimento da capacidade criadora e do imaginário das crianças, contribuindo para os processos de desenvolvimento cognitivo de formulação de símbolos e entendimento de mundo, ampliando o conhecimento sobre as artes e possibilitando a exploração da linguagem visual nas formas de produzir, entender e ler imagens.

Também se buscou apresentar recursos tecnológicos presentes no cotidiano das crianças, contextualizando suas funções, mas possibilitando uma experimentação e interação mais significativa que se sobrepõe à utilização usual da tecnologia, incentivando novas descobertas e ampliando as possibilidades de criação artística visual dos alunos.

Finalmente, procurou-se um embasamento teórico-crítico que justifique a relevância do trabalho com as Artes Visuais da educação infantil, favorecendo a sensibilidade e interesse estético na criança e estimulando a curiosidade e contato com materiais que permitam a aquisição de habilidades artísticas.

Contextualização da Experiência

As propostas com a utilização de tecnologias pelas crianças na criação artística ocorreram durante o segundo semestre de 2014 em uma escola particular de educação

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infantil situada em Uberlândia – MG durante as aulas de Artes Visuais. Para contextualizar a experiência é preciso entender as propostas de trabalho que são utilizadas pela escola. Todas as turmas definem suas atividades a partir de projetos, que Barbosa (1998) aponta como:

A pedagogia de Projetos é um dos modos de organizar o ato educativo que indica uma ação concreta, voluntária e consciente que é decidida tendo-se em vista a obtenção de alvo formativo determinado e preciso. É saber parar, na prática escolar, de uma situação-problema global dos fenômenos, da realidade fatual e não da interpretação técnica já sistematizada nas disciplinas. (BARBOSA, 1998, p.2). Nesta perspectiva, o envolvimento dos alunos nas atividades, investigações e descobertas são baseados em temas estipulados por eles. Demonstrando interesse e curiosidade, as crianças tem um envolvimento ativo no desenvolvimento das propostas. Visando esta metodologia em andamento na escola, as aulas de artes não são desconexas às propostas dos projetos em andamento, elas são desenvolvidas a partir destes temas estipulados e se enriquecem com as curiosidades e perguntas das crianças.

O tema norteador do projeto que estava sendo desenvolvido pela a turma de 1º período que foi pesquisada era: a natureza. No segundo semestre de 2014, as crianças estavam estudando, especificamente, sobre a água, a chuva, os rios e os mares.

Metodologia e Processos

É possível dividir as propostas de trabalho em três momentos. O primeiro momento foi a apresentação dos recursos tecnológicos – ferramentas – que foram utilizados. Foi necessária uma contextualização introdutória sobre a função dos recursos, neste momento foram levantadas as hipóteses das crianças permitindo uma noção do conhecimento prévio de todos. Foram feitos questionamentos como:

- “Vocês conhecem este objeto? O que é isso? ” (Mostrando o projetor) – Professora. “É uma máquina de luz” – M., 4 anos. “É um robô” – A., 4 anos. “Dá para a gente ver coisas na parede” – H., 4 anos.

Após a conversa contextualizando e atribuição de significados e funções aos recursos tecnológicos, as crianças se envolvem em experimentações, tentativas e descobertas com muito entusiasmo.

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É necessário ressaltar a importância tanto do cuidado, com as crianças e os objetos, quanto com a segurança de todos. Prover um espaço seguro, acolhedor e estimulante com a mediação do professor é muito importante para um desenvolvimento eficiente e significativo da proposta.

Neste momento as crianças exploraram suas curiosidades de maneira tátil e visual, assim eles descobriram todos os recursos permitidos pelos objetos, estabelecendo relações e utilizando destes novos conhecimentos para iniciar uma construção de suas linguagens artísticas.

[...] um aspecto essencial do aprendizado é o fato de ele criar a zona de desenvolvimento proximal; ou seja, o aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em cooperação como seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança. (VYGOTSKY, 1991, P.101).

Acompanhando o tema definido em sala de aula a partir da discussão do professor regente com os alunos, a atividade relacionada ao fundo do mar foi iniciada. Durante a proposta, foram projetadas imagens do fundo do mar pelas paredes da sala de aula. As crianças entraram e encontraram o ambiente preparado, curiosas e entusiasmadas, elas interagiram com as imagens, com a luz e cores projetadas e aos poucos foram percebendo as sombras produzidas por seus corpos.

“Se eu fico aqui, olha que grandão que eu fico” L., 4 anos. Notando a diferença do tamanho de sua sombra dependendo da sua distância da projeção.

Então, quando já se esgotaram as possibilidades de interação e descobertas para o momento, foi incentivado que as crianças refletissem sobre a interação ocorrida, contextualizando com a proposta do projeto. “O que vocês fariam se fosse um mar só desta turma? Como ele seria? O que teria nele? Quais seriam os animais? ” – Professora. Neste momento as crianças se tornaram ativas em suas criações, utilizaram dos seus imaginários infantis e se colocaram como sujeitos criadores. Com o retroprojetor, papel celofane colorido, canetinhas e objetos variados a turma criou o ‘fundo do mar’ e seus animais sobrepondo desenhos e objetos e interagindo com as imagens projetadas.

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As crianças demonstraram grande interesse por observar seus desenhos – e o processo do ato de desenhar – sendo projetados na parede, acompanhando os movimentos das mãos e os traços, foi uma nova maneira de visualizar o desenho e esta ação tão familiar a eles.

Imagem – Interação das crianças com o projetor e a projeção do desenho. Conclusões

Esta experiência permitiu algumas descobertas e observações mais atentas sobre o processo de reconhecimento, experimentação, adaptação e criação das crianças por uma linguagem visual com o uso de recursos tecnológicos. Ao permitir estas interações foi perceptível a valorização da autonomia e uma participação ativa das crianças na construção de conhecimento, estratégias e linguagens artísticas.

Muitas vezes a insegurança do professor de se trabalhar próximo às tecnologias com crianças pequenas, de maneira tátil e visual, limita as oportunidades de descobertas e desdobramentos de um tema ou uma investigação, mas a análise desta experiência mostrou a capacidade de se desenvolver propostas, quando bem planejadas e mediadas pelos adultos e por eles mesmos, que se realizam de maneira eficiente no processo de ensino/aprendizagem e no processo criativo infantil.

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Por se tratar de um processo dinâmico, ele se modifica a cada vez que desenvolvido, dependendo dos sujeitos envolvidos, seus anseios e curiosidades a atividade se altera e se desdobra de maneiras únicas, portanto, não há um resultado estático, numérico e finalizado, sendo possível, exclusivamente, a reflexão da prática. Esta constante reflexão justifica a importância de se debater práticas educativas e trazer a discussão da utilização da tecnologia nas aulas de artes visuais da educação infantil com o enfoque na interação da criança com estes recursos e o seu processo criativo sendo relevante também à prática profissional do arte/educador que atua nestas áreas do desenvolvimento infantil.

Referências

BARBOSA, Ana Mae (org.). Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2010.

BARBOSA, Maria Carmen S. Trabalhando com Projetos na Educação Infantil. In XAVIER, Maria Luísa M. e DALLA ZEN, Maria Isabel (org.). Planejamento em Destaque: análises menos convencionais. Porto Alegre: Mediação, 2000.

DUARTE Jr. João Francisco. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. Criar Edições, 2001.

FUSARI, Maria F. R.; FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. Metodologia do ensino de arte: fundamentos e proposições. São Paulo: Cortez, 2009.

GANDINI, Lella. O papel do ateliê na educação infantil: a inspiração de Reggio Emilia. Porto Alegre: Penso, 2012.

VIEIRA DA CUNHA, Susana. Como vai a arte na educação infantil? Disponível em http://www.culturainfancia.com.br Acesso em 20 jan. 2015.

VYGOTSKY, Lev. S. A Formação social da mente: desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Tradução José Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Referências

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