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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Academic year: 2021

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Registro: 2017.0000639434

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos da Apelação nº 1001694-95.2016.8.26.0011, da Comarca de São Paulo, em que é apelante GAFISA S/A e apelado ANTONIO CELSO JUNCIONI.

ACORDAM, em 8ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de

Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GRAVA BRAZIL (Presidente), SALLES ROSSI E PEDRO DE ALCÂNTARA DA SILVA LEME FILHO.

São Paulo, 23 de agosto de 2017

Grava Brazil RELATOR ASSINATURA ELETRÔNICA é c ó p ia d o o ri g in a l, a s s in a d o d ig ita lm e n te p o r PAUL O RO BERTO GR AVA BRAZI L , lib e ra d o n o s a u to s e m 2 5 /0 8 /2 0 1 7 à s 1 4 :4 3 . ri g in a l, a c e s s e o s ite h tt p s :/ /e s a j.t js p .j u s .b r/ p a s ta d ig ita l/s g /a b ri rCon fe re n c ia Doc u m e n to .d o , in fo rm e o p ro c e s s o 1 0 0 1 6 9 4 -9 5 .2 0 1 6 .8 .2 6 .0 0 1 1 e c ó d ig o 6 8 9 C48

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APELAÇÃO Nº: 1001694-95.2016.8.26.0011 APELANTE: GAFISA S/A

APELADO: ANTONIO CELSO JUNCIONI COMARCA: SÃO PAULO

JUIZ PROLATOR: EDUARDO TOBIAS DE AGUIAR MOELLER

Compromisso de compra e venda de imóvel futuro – Ação de rescisão contratual, proposta pelo adquirente – Procedência – Inconformismo – Desacolhimento – Demora na baixa de gravame pela vendedora que inviabilizou a continuidade do pacto – Majoração do saldo devedor no período que tornou insuficiente o crédito obtido pelo apelado – Culpa pela rescisão bem apurada na origem – Devolução de todos os valores pagos que era mesmo de rigor – Cláusulas contratuais que se mostram abusivas, no mais – Precedentes do C. STJ – Sentença mantida – Recurso desprovido.

VOTO Nº 28365

I - Trata-se de sentença que julgou

procedente ação de rescisão contratual c.c. indenizatória,

proposta por comprador de imóvel. Confira-se fls. 160/162.

Inconformada, a ré, a fls. 165/180, aduz

não se opor à rescisão, sendo necessário, contudo, observar à

clausula 5.4 e seguintes do contrato, sob pena de ofensa ao

princípio do pacta sunt servanda e ao art. 421, do CC. Defende,

ainda, a culpa do autor pelo insucesso da avença, haja vista

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que (i) a correção do saldo devedor pelo INCC, além de legal,

também foi pactuada e (ii) o gravame existente na matrícula

não foi a razão pela não obtenção do financiamento, mas, sim,

a impossibilidade de o comprador sacar o FGTS, o que autoriza

a retenção de parte dos valores pagos, à luz da cláusula citada

ou, ao menos, de 30% dos valores pagos, conforme julgados,

além do pagamento das cotas condominiais (clausula 7.3.4).

O preparo foi recolhido (fls. 181), sendo

o recurso contrarrazoado a fls. 184/196.

É o relatório, adotado, quanto ao mais, o

da sentença apelada.

II – O apelado propôs esta demanda, ao

afirmar que não pôde financiar imóvel adquirido junto à

apelante, em razão da hipoteca por ela gravada.

Pontua que a baixa demorou cerca de

três meses, período no qual o saldo devedor continuou

sofrendo acréscimos, tornando insuficiente o valor obtido em

consórcio imobiliário.

Buscou, assim, a rescisão da avença,

por culpa da vendedora, com a devolução integral de valores

pagos e das taxas condominiais, já suportadas.

O Juízo a quo, com acerto, acolheu a

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pretensão, não comportando acolhida o presente recurso.

Aliás, a fundamentação trazida pela r.

sentença não merece reparo, havendo de ser acolhida como

razão de decidir, consoante autoriza o art. 252, do Reg. Interno

desta C. Corte

1

, justificando sua reprodução:

"

O autor, com a aproximação da data do vencimento

do saldo devedor, providenciou a obtenção do financiamento por meio de cotas de consórcio imobiliário. Pelo e-mail de fls. 93 o autor comprovou que em outubro de 2015 já havia obtido cinco (5) cotas de R$ 90.000,00 cada, totalizando R$ 450.000,00, para a quitação do saldo devedor.

Em 11.11.2015 o valor do saldo devedor correspondia a R$ 413.667,21 (fls. 22), valor inferior ao crédito obtido pelo autor acima indicado (fls. 93). Em 1.12.2015, conforme documento de fls. 77, o saldo devedor correspondia a R$ 419.972,00, valor ainda inferior ao crédito obtido pelo autor.

A formalização do financiamento pelo consórcio, porém, foi obstaculizada pela alienação fiduciária que a ré havia averbado na matrícula bem como pela averbação, na matrícula, de informação da Cetesb de que o solo estava contaminado.

...

É inegável que, para a conclusão do processo de financiamento, há necessidade de todas as partes

1 "Nos recursos em geral, o relator poderá limitar-se a ratificar os fundamentos da decisão recorrida, quando,

suficientemente, houver de mantê-la." có

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contribuírem com ações conjuntas. Porém, não se pode ignorar o fato de que a empresa requerida Gafisa, ao averbar gravames na matrícula imobiliária, contribuiu para que a obtenção de financiamento bancário pelo autor fosse mais dificultosa.

O retardamento para a baixa do gravame... contribuiu para a majoração do valor do saldo devedor, com a consequente dificuldade de obtenção de crédito suficiente para a quitação de todos os valores.

Veja-se que às fls. 91 a empresa requerida passou a indicar o valor de R$ 448.668,75 como condição para a baixa do gravame da matrícula, valor que praticamente usaria todo o crédito do autor e nem mesmo considerava a correção monetária prevista nas cláusulas E.2.2.2. e F acima mencionadas.

As provas documentais acima demonstram, portanto, que o autor possui razão ao se insurgir contra a majoração do saldo devedor por culpa da requerida, a qual manteve a matrícula do imóvel com gravames e deu causa ao retardamento para a baixa do gravame. É verossímil a versão do autor, assim, que por ocasião da baixa do gravame (fls. 70/71) em janeiro de 2016 o valor do saldo devedor já ultrapassava o crédito que havia obtido em outubro de 2015.

Reconheço, pois, que a ré deu causa à dificuldade para o autor obter o financiamento, tendo o autor direito à rescisão contratual sem qualquer ônus.

"

Sob essa senda, bem concluída a culpa

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da apelante pelo insucesso do negócio, deve ser mantida sua

condenação à devolução total dos valores pagos relativos ao

preço e daqueles despendidos a título de cotas condominiais,

seja à vista da não transferência da posse, seja por não ser

razoável que o consumidor suporte prejuízo nesse cenário.

Aliás, sobre os temas, oportuno ressaltar

ainda que, em atenção a entendimentos consolidados na

jurisprudência, ambas as cláusulas invocadas neste apelo se

mostram abusivas e, logo, nulas de pleno direito, com fulcro no

art. 51, IV, e § 1º, III, do CDC. Nesse sentido:

...CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. RESOLUÇÃO. RETENÇÃO. PERCENTUAL DE 10%. RAZOABILIDADE. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte de Justiça, nas hipóteses de rescisão de contrato de promessa de compra e venda por inadimplemento do comprador, tem admitido a flutuação do percentual de retenção pelo vendedor entre 10% a 25% do total da quantia paga... 4. Agravo regimental não provido

.” (AgRg no AREsp n. 600.887/PE,

STJ, 4ª Turma, Relator Min. Raul Araújo,

j. em 19.05.2015)

"

...COMPROMISSO DE VENDA E COMPRA.

RESPONSABILIDADE. COTAS CONDOMINIAIS. REGISTRO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. IMISSÃO NA POSSE. CIÊNCIA INEQUÍVOCA.... o que define a responsabilidade pelo pagamento das obrigações

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condominiais não é o registro do compromisso de venda e compra, mas a relação jurídica material com o imóvel, representada pela imissão na posse e pela ciência do credor acerca da transação

" (REsp n.

1.297.239/RJ, STJ, 3ª Turma, Relatora.

Min. Nancy Andrighi, j. em 08.04.2014).

Em conclusão, mantém-se a r. sentença

recorrida, inclusive, por seus próprios fundamentos, com

exceção da verba honorária, que, diante do previsto no art. 85,

§ 11º, do CPC/2015, fica majorada para 12% do valor da

condenação.

III - Eventuais embargos declaratórios

serão julgados em sessão virtual, salvo se manifestada

oposição na própria petição de interposição dos embargos, nos

termos dos artigos 1º e 2º, da Resolução n.º 549/2011, do C.

Órgão Especial, deste E. Tribunal de Justiça, entendendo-se o

silêncio como concordância.

IV - Ante o exposto, nega-se provimento

ao recurso. É o voto.

DES. GRAVA BRAZIL - Relator

é c ó p ia d o o ri g in a l, a s s in a d o d ig ita lm e n te p o r PAUL O RO BERTO GR AVA BRAZI L , lib e ra d o n o s a u to s e m 2 5 /0 8 /2 0 1 7 à s 1 4 :4 3 . ri g in a l, a c e s s e o s ite h tt p s :/ /e s a j.t js p .j u s .b r/ p a s ta d ig ita l/s g /a b ri rCon fe re n c ia Doc u m e n to .d o , in fo rm e o p ro c e s s o 1 0 0 1 6 9 4 -9 5 .2 0 1 6 .8 .2 6 .0 0 1 1 e c ó d ig o 6 8 9 C48

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