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Condições fitossanitárias de alguns produtos alimentares de primeira necessidade

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Recebido em 20 de Julho de 1963.

Condições fitossanitárias de alguns pro­

dutos alimentares de primeira necessidade11’

por

Prof. C. M. BAETA NEVES da Cadeira de Entomologia Agrícola

M. I. MOREIRA

Engenheiro Agrónomo do Laboratório de Defesa Fitossanitária dos Produtos Armazenados A. SOARES DE GOUVEIA

Engenheiro Silvicultor da Brigada de Estudos de Defesa Fitossanitária dos Produtos Ultramarinos

INTRODUÇÃO

Ninguém pode negar que um dos problemas mais graves, se não o mais grave, que a Humanidade desde há muito tem tido para re­ solver é o problema da fome, quer para a eliminar onde ela foi apa­ recendo, quer para evitar a sua trágica presença em quaisquer outros locais, à medida que a população humana ia aumentando.

E ainda hoje, por muito estranho que pareça, a fome constitui uma ameaça permanente para a vida de muitos milhões de seres humanos, cuja alimentação ou não chega sequer para garantir a sua sobrevivência ou os mantém dentro de limites que, embora sejam suficientes para não morrerem à míngua, não lhes permitem alcançar a vida sã e feliz pela qual todos lutam e a que têm legítimo direito.

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Encarado o problema à luz das suas realidades actuais, não tendo podido vingar até agora uma política de limitação de nascimentos, preconizada por alguns como melhor solução, ou qualquer outra que em princípio o possa resolver, o caminho a seguir, pelo menos para já, é aquele que conduza a um aumento de produtos alimentares e a uma melhor distribuição dos excedentes, em favor das populações mais carecidas desse reforço para compensar a insuficiência das suas dis­ ponibilidades.

Seguindo esse caminho a FAO tem procurado, da forma mais entusiástica, coordenar os esforços de todos os países no sentido de se atingir o mais ràpidamente possível o desejado equilíbrio entre a produção e consumo, ao qual corresponderá, consequentemente, a so­ lução do problema da fome no Mundo.

O ritmo do acréscimo da população humana, traduzido no au­ mento diário de 140 000 bocas reclamando a quantidade de alimentos necessários para a sua justa e natural sobrevivência, exige um tal esforço da Agricultura que não será fácil nem sequer manter o «stato quo» de insuficiência em que se tem vivido, se esta não for capaz de dar uma resposta pronta a esses apêlos e estímulos, cuja força tem de suplantar tudo quanto de natureza humana influencia a vida de cada um, a vida social e política dos povos e a própria história da Humanidade.

Mas uma coisa é a fome, facto histórico, correspondendo às mais trágicas circunstâncias que os povos foram obrigados a sofrer, e outra é a fome na actualidade, como força viva, actuando aqui e ali, nos muitos locais onde ainda hoje ela encontra condições para aumen­ tar, cada vez mais, o seu tão longo e triste cortejo de vítimas.

A primeira, para o caso concreto a que se refere este trabalho, não nos interessa de momento, mas a última, essa constitui a sua base, intimamente relacionada como está a Defesa Fitossanitária dos Produtos Armazenados, nomeadamente os alimentares de primeira necessidade, com a luta contra esse flagelo.

Desde Malthus que a interdependência entre aumento de popu­ lação e disponibilidade em subsistência foi reconhecida como funda­ mental, e embora ela tivesse sido apresentada de uma forma dema­ siado pèssimista, como veio a ser demonstrado, a verdade é que se lhe deve o ter despertado a Humanidade do turpor fatalista em que vivia em relação a tão abundante fonte de infortúnios e calamidades.

A ameaça da fome, como inevitável consequência da despropor­ ção dos ritmos dos aumentos respectivos, chamou a atenção de muitos,

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os mais esclarecidos, para a importância e acuidade do problema. O que até então só atormentava quem lhe sofria as consequências, passou a ser a preocupação de quantos se dedicaram ao seu estudo, pelo menos até ter sido demonstrado, por teorias e factos, que feliz­ mente não tinha razão de ser o trágico vaticínio de Malthus.

Considerado agora o problema da fome à luz dos conhecimentos actuais, continua a reconhecer-se a sua importância fundamental, e embora não se tivessem verificado as consequências desse prognóstico, também ainda não foi possível encontrar a sua verdadeira solução, apesar de todos os esforços feitos nesse sentido.

A fome continua a causar diàriamente milhares de vítimas, tanto as que morrem em crises agudas, como as que se arrastam com os sofrimentos causados pelas carências alimentares até morrerem.

A diferença está em que se passou da fase de fatalismo e de alarme, para a fase da consciencialização e do estudo, a qual irá preceder, certamente, a da acção, de forma mais efectiva e generali­ zada do que as tentativas até agora feitas para lhe dar início.

Deve-se à FAO quanto de mais importante tem sido realizado nos últimos tempos para lutar contra esse tão grande flagelo da Huma­ nidade, rival da peste e da guerra na trágica trilogia apocalíptica. Deve-se a Josué de Castro, entre outros autores, o estudo mais completo e profundo da natureza e consequências, sociais e humanas, do problema da fome.

Este constitui hoje como que uma especialidade, a que muitos se dedicam na ânsia de dar a sua desinteressada contribuição para ser encontrada, tão ràpidamente quanto possível, a melhor solução, tanto no presente como no futuro, de tão grave problema.

E ainda bem recentemente (1960) nos «Encontros Internacionais de Genebra» a fome foi o tema em relação ao qual alguns dos me­ lhores se debruçaram, procudando dar a sua ajuda na ingente tarefa não só de procurar aquela solução mas também de a fazer adoptar por todos os povos onde a sua presença tem sido assinalada de forma mais cu menos trágica e persistente.

Na base de tão grave problema está a dependência do Homem do complexo biológico de que faz parte e de cujo desequilíbrio, por si provocado, sofre as nefastas consequências.

É certo que a população humana vem aumentando vertiginosa- mente, mas também não é menos verdade que as possibilidades mun­ diais de produção de alimentos ainda estão bem longe de ter alcançado

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o seu limite, tal como ainda não foram executadas, com a eficiência e generalização necessárias, algumas das medidas preconizadas como permitindo tirar um maior partido imediato dos recursos actuais para se lutar eficazmente contra a fome.

Entre essas medidas a luta contra os insectos, ácaros, ratos e fungos, que destroiem anualmente grandes quantidades de produtos alimentares armazenados, é apresentada por muitos autores, e pela própria FAO, como uma das que deverá ser considerada com mais atenção e urgência.

O conhecimento de que essas pragas podem causar grandes pre­ juízos nos cereais já vem de há muitos séculos; o Homem cedo se encontrou frente a frente com o seu maior rival, o insecto, quer so­ frendo directamente os seus ataques, quer assistindo à destruição das suas culturas e dos produtos destas. A história da Humanidade não é mesmo mais do que a história da luta contra os insectos, a cuja audácia e força a peste e muitas vezes a fome, com as suas funestas consequências, lhe estão directa ou indirectamente ligadas.

A bibliografia atesta o passado e as realidades de hoje demons­ tram a actualidade do problema; a peste, embora esteja reduzida a um interesse esporádico e local, apesar de tudo, ainda constitui uma ameaça para a Humanidade; as pragas de gafanhotos continuam repetindo-se tal como nos tempos bíblicos, e se já é possível em algumas casos limitar a sua extensão e atenuar os seus prejuízos, ainda estamos bem longe de as termos eliminado como causa de períodos de fome; e nos celeiros, silos e armazéns várias dessas espécies prejudiciais con­ tinuam a inutilizar o alimento de milhões de seres humanos, que se vêm assim privados da sua já tão parca e insuficiente ração.

O problema está na coincidência das necessidades alimentares entre uns e outros, e nas extraordinárias possibilidades dessas pragas, que lhes permitem ir procurar satisfazer as próprias à custa das re­ servas que o Homem, com tanto trabalho, tenta guardar só para si. Mas seja qual for a razão, em toda a parte onde estejam acumulados cereais esses convivas aparecem, inevitàvelmente, querendo banque­ tear-se, procurando satisfazer a sua gula insaciável, contra a qual é indispensável tomar certas medidas, sem o que poderá perder-se total­ mente para o consumo humano o que a só este se destinava, como base essencial de sobrevivência.

Estão há muito estudadas as várias modalidades de medidas profiláticas e curativas a aplicar de molde a evitar, ou diminuir, não

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só tal perigo como as suas consequências, medidas que, com o tempo, têm necessàriamente evolucionado, e que são cada vez mais práticas, económicas e eficazes.

Onde elas não são aplicadas, ou são substituídas por certas prá­ ticas rotineiras, sem qualquer fundamento e interesse técnico, os pre­ juízos causados por essas pragas podem muitas vezes tomar aspectos calamitosos.

O caso mais geral é a sua aplicação incompleta, imperfeita e não suficientemente generalizada, como se verifica em mutos países, si­ tuação de que resultam ainda graves perdas, que podem ser calculadas em cerca de 10 % do volume de cereais armazenados.

Nos países mais desenvolvidos, onde essas técnicas, as mais aper­ feiçoadas, são postas em prática com maior cuidado e estão bastante vulgarizadas, esses prejuízos descem para uma média de 5 %.

Como reflexo dos apêlos feitos não só pelos que directamente estão interessados na armazenagem dos cereais e outros produtos sus- ceptíveis do ataque dos insectos, ácaros, fungos e ratos, mas também pelas entidades que se dedicam ao estudo do problema da fome, têm-se intensificado os estudos da Defesa Fitossanitária dos Produtos Arma­ zenados com o objectivo de tirar desta o maior partido, no que à so­ lução daquele problema diz respeito.

Como também desde há muito, com mais ou menos conhecimento de causa, têm vindo a ser decretadas leis, regulamentos e outros meios de obrigar a cumprir determinadas medidas, no sentido de evitar não só a destruição e mau aproveitamento dos produtos armazenados, mas também defender o consumidor dos riscos de ser prejudicado pelo estado de infestação do produto, ou pelas suas adulterações intencio­ nais e criminosas.

Está assim ligada à Higiene Alimentar, às Indústrias Agrícolas e ao Comércio dos Produtos Agrícolas, uma vasta legislação que define, condiciona e limita as respectivas actividades em relação aos aspectos comuns com a Defesa Fitossanitária dos Produtos Armazenados.

Entre os assuntos que cabem a esta especialidade, e que tem maior interesse, sobressai o estudo dos melhores processos de inspecção dos produtos armazenados no sentido de se poder avaliar, a partir da análise de uma amostra, do seu estado fitossanitário.

Esta inspecção pode ser feita recorrendo apenas aqueles processos que nos permitem concluir da presença exterior da fauna, nomeada­

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mente entomológica, viva ou morta, representada pelos diversos es­ tados da metamorfose das espécies consideradas, que possam ser assim observadas, a que se chama «infestação exterior».

Mas dado que pode haver uma «infestação interior», capaz de passar despercebida na observação com tais processos, importa tam­ bém utilizar os métodos que permitam completar as conclusões an­ teriores com as informações referentes a esta outra modalidade de infestação.

Uns e outros constituem um recurso de maior interesse para a fiscalização que é preciso exercer persistentemente sobre uma qualquer quantidade de cereal armazenado, sem o que é possível surgir um ataque, cujas proporções, além dos prejuízos que acarretem até à intervenção de quaisquer medidas de combate, podem tornar estas mais dispendiosas e menos eficazes.

O caso da infestação interior, quando esta existe, não só prova que o produto não está são, embora possa ainda estar aparentemente intacto, como constituiu um foco de infestação que, a não ser elimi­ nado a tempo, poderá acarretar prejuízos de maior ou menor vulto e mais ou menos generalizados.

O tema escolhido para o presente trabalho foi exactamente o estudo das condições fitossanitárias de alguns produtos alimentares de primeira necessidade, ou seja a aplicação a estes produtos de alguns desses processos e métodos na sua análise.

Escolheram-se o da «crivagem» para a infestação exterior e o «radiográfico» para a infestação interior, e quanto à fauna e flora responsável apenas foram considerados os insectos e os ácaros.

O material estudado foi colhido em diversas partes do País, de ponta a ponta, durante 1961 e 1962, em diversas épocas do ano e em muitas e variadas condições; para uma primeira aproximação jul­ gamos não ser necessário ir mais além.

Numa primeira parte, após a introdução, a título de informação geral, dá-se um balanço à bibliografia sobre a alimentação em Portu­ gal, tendo em vista a selecção dos principais produtos nela utilizados, e aos aspectos fundamentais do problema da Defesa Fitossanitária dos Produtos Armazenados no caso desses produtos, considerando em especial o que se passa na parte continental da Metrópole.

Julgamos indispensável fazê-lo para dar maior realce ao inte­ resse da segunda parte, cujo valor relativo depende da situação geral em que os exemplos considerados se enquadram.

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Dispensamo-nos de apresentar quaisquer considerações a propó­ sito da legislação relacionada com a defesa fitossanitária dos produtos estudados, embora a tivéssemos consultado; não nos pareceu ter interesse incluí-la, dada a orientação que foi seguida na apresentação dos assuntos focados nessa primeira parte e a relação estabelecida entre esta e a segunda.

Pode acrescentar-se que essa legislação, embora exista e seja abundante, é demasiado complexa, dispersa e imperfeita, não sendo só por si, mesmo que fosse sempre respeitada e cumprida, arma suficiente para resolver os problemas que lhe deram origem.

De resto seria difícil ao legislador encontrar todos os elementos necessários para poder fazer as leis com perfeito conhecimento de causa e completo realismo, uma vez que só ultimamente entre nós esses elementos tem estado a ser obtidos, como resultado da actividade do Laboratório da Defesa Fitossanitária dos Produtos Armazenados da Direcção-Geral dos Serviços Agrícolas.

Na segunda parte, depois de um primeiro capítulo sobre material e métodos, passa-se a uma apreciação, produto por produto, dos re­ sultados das análises, tendo especialmente em vista caracterizar o estado fitossanitário em que se encontravam as amostras, conside­ rando tanto a sua infestação externa e interna, como as diferentes espécies identificadas.

E por último é feita ainda uma apreciação de conjunto em relação aos resultados obtidos de maior interesse.

O trabalho que ora se apresenta tem exactamente o mérito de ajudar a esclarecer alguns dos aspectos fundamentais em que a actuali- zação dessa legislação deverá basear-se.

Quanto à importância do problema da fome em Portugal metro­ politano, continental, e às suas relações com a Defesa Fitossanitária dos Produtos Armazenados, nada foi considerado em especial, mas as conclusões são fáceis de tirar a partir dos elementos fornecidos; não nos interessava realçar este aspecto no nosso trabalho, mas ele está naturalmente implícito, evidente como é que em Portugal a fome é um problema bastante grave, embora se apresente apenas sobre a forma de carências alimentares, e que as condições fitossanitárias do armazenamento em geral, e no caso particular dos produtos conside­ rados, são muito deficientes.

Sendo assim, além dos agradecimentos que os autores desejam apresentar à Fundação Calouste Gulbenkian pela oportunidade que

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lhe ofereceu de realizar um trabalho de grande interesse técnico, querem ainda manifestar o seu reconhecimento por essa outra oportu­ nidade de poderem tentar oferecer o seu modesto contributo para a luta contra a fome.

A todos a quem ficamos devendo qualquer espécie de facilidades, ou de colaboração, desde o Er.mo Senhor Director-Geral dos Serviços Agrícolas, Engenheiro-Agrónomo António Botelho da Costa, aos cole­ gas Monteiro Guimarães, Martins Entrudo, e auxiliares de laboratório, em especial Maria Cristina Marques, Maria Olimpia Santos e Maria da Paz Pedrógão, igualmente os nossos melhores agradecimentos.

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I PARTE

CAPITULO I

PRINCIPAIS PRODUTOS ALIMENTARES

Consideram-se como principais produtos alimentares, em relação à população portuguesa metropolitana, continental, os cereais pani- ficáveis, trigo, milho e centeio, e o arroz.

Tal escolha foi feita de acordo com os dados fornecidos pela bibliografia respectiva, a qual, por sua vez, traduz as realidades dos factos, embora no seu conjunto não abarque, com a densidade e pro­ fundidade desejadas, toda a população do território nacional con­ siderado.

Esta fonte de informação peca peia heterogeneidade das datas, dos critérios e das amplitudes dos inquéritos de consumo alimentar realizados, pelo que nos parece justo dar uma nota resumida acerca de cada um, em relação ao caso considerado, aproveitando como base para tal os trabalhos de Mendes Correia (1951) e Santos Reis (1960).

A citação de tão variada bibliografia tem também a intenção de mostrar a diversidade de locais escolhidos para os inquéritos alimen­ tares e da categoria das famílias, ou pessoas, consideradas nesses inquéritos.

Quanto aos locais, interessava naturalmente, para que a amostra­ gem feita fosse significativa, que eles atingissem um número apre­ ciável e estivessem bem distribuídos por toda a área do País, tendo em consideração, de preferência, as divisões que nestes podem ser consi­ deradas em relação aos diferentes factores que influenciam os hábitos alimentares das populações. Quanto às famílias, interessava também uma certa diversidade, embora fosse conveniente repetir os exemplos nos diferentes casos, para permitir certificar as conclusões em cada um deles.

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Apesar da desligação da escolha feita pelos diferentes autores desses locais e tipos de famílias onde, e em relação às quais foram realizados os diferentes inquéritos, consegue-se, da apreciação dos dados obtidos que nos interessam, não só sentir as diferenças regio­ nais quanto aos produtos mais consumidos, como consequência das características mesológicas e agrícolas locais, mas também as dife­ renças em relação aos níveis sociais dessas famílias.

É certo que os trabalhos citados são muito heterogéneos, sob di­ versos aspectos, e não cobrem todo o continente metropolitano, como se pode concluir nas citações feitas, por isso se procurou obter o máximo de informações de modo a poder avaliar do seu significado mais ou menos restrito, ou mais ou menos lato, e da grandeza das lacunas existentes.

Mas apesar de todas as deficiências que lhe podem ser aponta­ das, parece poder afirmar-se terem satisfeito por completo para o fim em vista, uma vez que, dada a homogeneidade da conclusão prin­ cipal, esta foi muitas vezes verificada e confirmada.

As diferenças de valor científico de alguns elementos divulgados nesses trabalhos, nomeadamente quanto ao valor energético dos vários produtos e dietas, como não tem para o nosso caso qualquer impor­ tância, uma vez que só nos interessava obter a lista dos produtos con­ sumidos em maior escala por todo o País, justifica que não se ti­ vessem feito quaisquer restrições no seu aproveitamento. Pode-se afirmar assim que dispusemos de elementos bastantes para podermos basear neles a escolha feita, e que da evolução sofrida, uma vez que foi por nós acompanhada, não teria escapado qualquer alteração que por acaso tivesse surgido modificando as conclusões em que baseamos essa escolha.

E por último alguns dos elementos de informação apresentados e apreciados neste capítulo permitem ainda avaliar da importância económica dos produtos alimentares considerados, o que é essencial para se poder aquilatar, por outro lado, do interesse nacional do estudo dos problemas da defesa fitossanitária que lhe estão ligados.

Julgamos, portanto, não poderem existir quaisquer dúvidas que os principais alimentos dos portugueses na Metrópole (continente) são a batata, os cereais panificáveis (trigo, milho e centeio) e o arroz, todos eles de origem vegetal e bastante semelhantes na sua natureza e interesse alimentar.

A batata tem contudo características um tanto especiais que a afastam, apesar de tudo, dos restantes produtos, nomeadamente sob

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o ponto de vista fitossanitário, pelo que a excluímos do estudo feito, bem como os produtos de origem animal, já pela sua natureza diferente e especial, já por não atingirem, mesmo os consumidos em maior escala, valores semelhantes aos anteriores.

De acordo com Santos Reis podem-se agrupar esses inquéritos, quanto ao seu valor científico, em quatro períodos. Tal divisão tem para nós um interesse muito relativo, uma vez que se baseou na dife­ rença de valor científico dos diferentes trabalhos, quando para o nosso caso concreto apenas nos interessam as informações acerca da variedade de alimentos e o seu valor relativo quanto às quantidades respectivas, em cada exemplo considerado.

O primeiro desses períodos é precedido de duas tentativas, de Ferreira Lapa (1873) e Silva Picão (1903), que têm pelo menos o interesse da sua originalidade entre nós em tais datas: Ferreira Lapa referindo-se à ração habitual de um jornaleiro agrícola, indica o pão e as batatas como os alimentos consumidos em maior quantidade, dentro de uma lista onde incluiu ainda o azeite, o bacalhau ou sar­ dinha, vinho e legumes.

E considerando os produtos alimentares mais vulgarizados em Portugal, divide-os em onze grupos: cereais panifiçáveis (milho, trigo, centeio), carnes (suína, bovina, ovina, caprina, aves e caça), fecu­ lentos (batatas, arroz, legumes secos), hortaliças (feijão verde ou seus equivalentes), peixe (fresco e seco), ovos e lacticínios (ovos, leite, queijo, manteiga), óleos (azeite), bebidas fermentadas e espiri­ tuosas (vinho, vinagre, álcool a 20°) e «géneros coloniais» (açúcar, café e chá).

As quotas anuais por habitante, em relação a cada um destes grupos, estabelecidas pelo autor, foram as seguintes: cereais 200 quilos, carnes 20 quilos, feculentos 55 quilos, hortaliças 36,5 quilos, frutas frescas 60 quilos, frutas secas 3 quilos, peixe 6,9 quilos, ovos e lacticínios 12,744 quilos, óleos 3,6 quilos, bebidas fermentadas e espirituosas 72,9 quilos e «géneros coloniais» 4,336 quilos.

Silva Picão, referindo-se à alimentação do pessoal de lavoura no Alentejo, indica como avios, para um rapaz ou homem contratado por uma semana, com comedorias, o seguinte: 9 a 10 quilos de pão, 315 gramas ou três quartas de toucinho, 35 centilitros ou um quartilho de azeite, dois litros ou um celamim cogulado e sete queijos.

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e com a categoria do pessoal considerado, sendo sempre de trigo no caso dos carpinteiros.

São estes os primeiros trabalhos portugueses onde é feita refe­ rência à alimentação, fornecendo a seu propósito alguns elementos informativos com mérito científico, embora muito relativo como é evidente.

0 início do primeiro período considerado por Santos Reis é assi­ nalado pelos estudos feitos por Dória Nazareth sobre a alimentação de jornaleiros agrícolas de 119 concelhos do Continente, entre 1906 e 1910.

Nesse intervalo de tempo Arantes Pereira, em 1909, publica um trabalho sobre assunto idêntico, referente agora ao operário por­ tuense, no qual se destaca, como no anterior, o papel do pão como alimento principal, além do caldo, batatas e bacalhau, alimentos se­ guidos do café, vinho, carne e leite, neste outro.

Martel, em 1910, divulga os resultados a que chegou do estudo da alimentação de pequenos empregados (três famílias) de Lisboa e pequenos cultivadores (duas famílias) no concelho de Viseu.

Em relação a estes últimos sobressai, na dieta respectiva, a quan­ tidade de broa (milho) gasta por dia (1200gr) por cada família, a que corresponde uma ração média diária individual de 300 gr (con­ siderando a alimentação das crianças em 50% da dos adultos), de que só as batatas se aproximam (250 gramas) nos dois casos. O feijão, azeite, carne, vinho e peixe completam a ementa.

Silva Araújo (1915) indica como alimentação diária de serra­ dores de aldeias dos arredores do Porto, a seguinte:

Pão de milho ... 1 200 gramas Caldo de unto... 2 200 » Carne gorda de porco ... 150 » Bacalhau (às vezes) ... 50 » Vinho verde ... 1/2 litro

Logo a seguir (1916) aparece o trabalho de Bento Carqueja, onde se faz referência ao inquérito realizado pelo autor a três tipos de famílias, considerando o País dividido em 4 zonas, Zona Norte, Zona Nordeste, Zona Central e Zona Sul.

Os géneros considerados foram os seguintes: pão, batatas, arroz, carne, peixe, legumes frescos, ovos, azeite, açúcar, leite, vinho, man­ teiga, frutas frescas, legumes secos, massas e queijo.

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Entre todos destacam-se sempre o pão, as batatas e o vinho, como géneros a que correspondem maiores quantitativos consumidos por dia e por pessoa, com grande domínio do primeiro.

Terminado este período, segue-se o segundo, que começa em 1934. intercalando-se entre um e outro a referência ao trabalho seguinte (Ferreira, 1927), o qual, indirectamente, tem também interesse infor­ mativo em relação à alimentação do povo português, quanto aos quantitativos em que os diferentes alimentos entram nas várias dietas.

Nesse trabalho sobre pelagra, doença que surge como resultado das carências alimentares, concluiu que no Concelho de Póvoa de Lanhoso a sua presença está intimamente relacionada com o regime alimentar, onde predominam os cereais, designadamente o milho.

Em 1934 e 1936, sob a orientação do Professor Lima Basto, foi realizado um inquérito económico-agrícola, no qual tomaram parte os Engenheiros-Agrónomos Henrique Barros, Victória Pires, Paiva Caldeira e Vilhena, do qual podemos extrair alguns informes de grande interesse para o fim em vista.

Quanto à alimentação dos criados de lavoura (pessoal permanen­ te), Lima Basto dá os seguintes exemplos:

Santo Tirso (Minho) —3 refeições, nas quais entrava o caldo-

-verde, sardinhas, bacalhau, batatas, arroz, feijão, azeitonas, vinho e broa.

Celorico de Basto (Minho) — 5 refeições, no Verão e 6 na altura

dos trabalhos de semeadura, cuja ementa era composta à base de: pão. arroz, feijão, sardinhas, bacalhau, salada, fruta, caldo, azeite e vinho.

Vila Nova de Fozcoa (Beira Baixa) — 3 refeições diárias com

migas de pão (centeio ou trigo), batatas, bacalhau, fumeiro, caldo verde e azeite.

Penamacor (Beira Baixa) — 4 refeições diárias à base de pão,

migas (açorda), miga fria ou gaspacho (água fria, azeite e vinagre com pão de centeio migado), pão de centeio, batata, feijão frade cozido, toucinho, queijo, azeitonas, salada de alface e azeite.

Quando no serviço da debulha, a limentação era melhorada, pas­ sando a englobar pratos cozinhados mais variados, entrando além de pão de trigo, carne (guisada ou cozida), enchidos (chouriço e morcela) e vinho.

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de Vasconcelos, citado pelo mesmo autor, num dia de ceifa, as refei­ ções eram 5, cuja ementa englobava além do pão e papas de milho, batatas (guisadas com bacalhau, ou com molho de pimento), feijão (em sopa e guisado com carne), caldo verde, queijo, azeitonas e vinho.

E por último, em Santo Ildefonso (Alentejo), com três refeições e uma merenda no Verão e uma aguada no Inverno, a alimentação era composta de pão, açorda, batatas (de várias maneiras), carne, tou­ cinho, enchidos, azeite e vinho.

Da apreciação destes e outros dados conclui-se que a alimentação assentava essencialmente nos hidro-carbonatos, fornecidos pelo pão de trigo e milho.

É o que Lima Basto (1935) afirmou noutro trabalho da sua autoria dizendo: «Em Portugal, a maior parte dos rendimentos é absorvida pela alimentação, e esta é constituída por um número redu­ zido de produtos, e baseada essencialmente nos cereais.»

E apreciando, mais adiante a natureza da alimentação, apon­ tando-lhe os defeitos que possuía, ressalva: às vezes, apesar desses defeitos, superabunda em calorias, devidas principalmente aos hidro-carbonatos, porque se apoia essencialmente no pão».

Almeida Garrett, no seu trabalho publicado em 1936, divulga as conclusões a que chegou do estudo realizado sobre 4 tipos de ali­ mentação nos seguintes grupos sociais: l.°, trabalhador agrícola: 2.", trabalhador na cidade; 3.°, classe média (família remediada) e 4.°, gente rica.

No primeiro caso o pão de milho constitui a maior parte das substâncias nutritivas.

No segundo a alimentação é mais variada, aparecendo além do pão de trigo o arroz.

No terceiro e quarto casos esses produtos diminuem em quanti­ dade a favor de outros mais variados e ricos.

O inquérito feito em Cabanões (Viseu), por Mendes Correia (1936), permitiu concluir que os rendeiros-trabalhadores rurais tinham ali uma ementa na qual o pão de milho estava em primeiro lugar, acompanhado de perto pelas batatas, e de longe pelo feijão, carne, sardinha, vinho, cebola, azeite, pingue e banha, e fruta.

Teixeira Marcelino, numa informação prestada em 1936 ao Ins­ tituto de Antropologia da Universidade do Porto, referindo-se à alimentação da população rural de Rebolhos (Castro Daire) diz que

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do milho e batata se fazia um consumo excessivo, por serem a base da alimentação.

Terminando assim o segundo período a que se refere Santos Reis. inicia-se com o trabalho seguinte o terceiro, a que correspondem informações já com maior valor científico, embora com o mesmo in­ teresse em relação ao aspecto considerado.

De novo Almeida Garrett, em 1940, volta à apreciação dos casos considerados no seu trabalho anterior, dando agora para cada tipo a ração média correspondente.

1. ° tipo — Trabalhador agrícola

Pão 1000 gr; peixe salgado 100 gr; carne 10 gr; feijão 40 gr; batatas 400 gr; hortaliça 600 gr; vinho 150 cc.; fruta 100 gr; unto 30 gr.

2. ° tipo — Trabalhador da cidade

Pão 600 gr; leite 100 cc.; carne 50 gr; bacalhau 60 gr; feijão 40 gr; arroz 90 gr; batatas 250 gr; hortaliça 350 gr; fruta 60 gr; vinho 600 cc.; café 15 gr; açúcar 20 gr; banha ou toucinho 15 gr. 3. " tipo — Classe média (pequenos comerciantes, industriais, funcio­

nários, etc.).

Pão 300 gr; leite 500 cc.; carne 250 gr; peixe 75 gr; batatas 300 gr; arroz 900 gr; massa 50 gr; farinha 30 gr; hortaliça 200 gr: ovos 1; fruta 150 gr; açúcar 40 gr; café 25 gr; vinho 500 cc.; azeite 40 gr; banha 15 gr; manteiga 10 gr.

4. ° tipo — Gente rica

Pão 250 gr; leite 200 cc.; ovos 2; carne 280 gr; peixe 330 gr; batatas 350 gr; massa 35 gr; arroz 90 gr; farinha 35 gr; hortaliças 200 gr; queijo 40 gr; fruta 300 gr; vinho 500 cc.; café 30 gr; açúcar 50 gr; azeite 45 gr; banha ou toucinho 25 gr; manteiga 35 gr.

O trabalho de Bernardes Pereira (1941), em relação ao Douro, oferece-nos os elementos desejados em relação ao pessoal do campo.

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o qual se pode subdividir em pessoal de ocupação fixa na quinta (em todo o ano) e pessoal jornaleiro.

Ao primeiro era fornecido por semana, conforme se tratasse do caseiro, feitor ou criado, os seguintes alimentos e quantidades corres­ pondentes :

... - ...

Géneros Caseiro Feitor Criado

Azeite ... ; um litro 0V34 1 0,34 1 Feijão ... três litros um litro um litro Arroz ... 1,5 quilo 1,166 quilo um quilo Bacalhau ... 1,5 quilo 0,875 quilo

Sardinhas ... 50 unidades 28 unidades 14 unidades

Os jornaleiros recebiam por dia:

Alimentos I Doses

Arroz do caldo ...| 66 gr Arroz da tijela ...j 166 gr Feijão do arroz ...I 56 gr Feijão da sopa ... 80 gr Sardinhas ...j 2 Azeite total ... 0.02 litros

O pão, tanto num caso como no outro, era por conta dos próprios. Saltando agora para o Alentejo, Gemes Barbosa, fornece-nos em relação à Amareleja (Moura) e a trabalhadores temporários, jorna­ leiros, trabalhadores concertados, e trabalhadores rurais, alguns ele­ mentos, dos quais tiramos a seguinte lista de alimentos normalmente consumidos: açúcar, azeite, azeitonas, batatas, bacalhau, chouriço, carne, farinha, feijão, grão, queijo, sardinha, toucinho e pão.

Hill e Cambournac, em 1941, divulgam os resultados a que che­ garam do estudo feito sobre a alimentação de cinco famílias na Her­ dade do Pinheiro (Setúbal), famílias de um arrozeiro, um chaveiro, um pedreiro, um carpinteiro e um boieiro.

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CONDIÇÕES FITOSSANITÁRIAS DE ALGUNS PRODUTOS ALIMENTARES 17

Os alimentos consumidos durante uma semana foram os que constam do quadro seguinte:

Alimentos consumidos pelas cinco famílias durante uma semana:

Alimentos

Quantidade em

Fam. 1 Fam. 2 Fam. 3 Fam. 4 Fam. 5

Pão ... 11 300 18 900 21 000 18 625 24 650 Feijão ... 2 265 3 450 1 370 3 070 1950 Toucinho ... 885 750 1 820 245 1 495 Massas ... 170 500 2 150 750 500 Batata ... 4 000 13 500 16 200 2 100 9 100 Açúcar... 570 2 100 1250 1 490 2 120 Peixe ... 3 080 4 400 5 700 850 3 290 Bacalhau ... 200 850 600 435 100 Vinho (litro) ... 3,800 10,00 13,300 6,000 7,200 Azeite ... 618 1227 1 029 814 967 Banha ... 345 60 125 125 Tomate ... 555 150 1 875 1 380 300 Cebolas ... 451 1 850 1 260 570 640 Coelho ... 700 2 000 1 000 1 420 1 100 Arroz ... __ 2 560 1 000 1000 1 600 Manteiga... 50 150 80 Couve ... 870 1 COO 1875 1 125 800 Grão ... 940 Pimentão ... 300 30 Conserva ... —• 100 Batata doce ... 14 450 Abóbora ... 800 Vinagre ... 100

Da sua apreciação conclui-se mais uma vez que o pão é o alimento consumido em maior quantidade, seguido das batatas e do vinho, à parte o peixe que, neste caso, dada a proximidade do mar, aparece em quantidades excepcionais.

Data de 1942 o trabalho de Maia Loureiro onde é feita uma estimativa das disponibilidades alimentares do Continente português no triénio 1938-1939-1940, no qual faz referência aos produtos consi­ derados de maior interesse; são eles os seguintes: arroz, batata, cen­ teio, feijão, grão, milho, trigo, azeite, outros óleos, banha, manteiga, toucinho, aves, bacalhau, carne, chouriço, coelho, leite, ovos, peixe fresco, queijo, açúcar e vinho.

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Do mesmo ano o trabalho de Noronha, sobre a alimentação dos trabalhadores rurais do Douro, refere que a broa é a base da ração da quase totalidade desses trabalhadores. E além desta «umas 3 ou 4 sardinhas salgadas, mais ou menos batatas, duas tijelas de pão com legumes secos e hortaliças. No Verão, mais umas azeito­ nas ou fruta, e umas massas ou farinhas de milho, quando há falta de hortaliça» (Mendes Correia).

Rocha Faria, em igual ano, divulga os resultados dos vários inquéritos (71 famílias) realizados pela Junta de Colonização Interna, distribuídos por 15 povoações, situadas no centro e sul do País (Dis­ tritos de Aveiro, Viseu, Guarda, Leiria, Eivas, Setúbal, Évora, Beja e Faro).

Uma das conclusões de maior interesse é que as três refeições de Inverno e quatro de Verão, normais, em tempos de crise se resu­ mem a 2, ou apenas a pão e azeitonas, pão este que, com as batatas, têm o predomínio da alimentação do rural.

No ano seguinte, Coutinho, Moura Martinho e Janz, ainda a pro­ pósito da pelagra, estudando a alimentação de rurais de várias fre­ guesias do concelho de Celorico de Basto, concluíram que uma das características principais das dietas estudadas era a «monotonia», uniformidade e constituição quase exclusivamente vegetal, em que o milho ocupa um lugar preponderante, colocando assim este em lugar cimeiro na alimentação respectiva.

Mais uma vez Cambournac, agora em colaboração com Pitta Simões, aparece em 1944 como autor de um trabalho sobre a alimen­ tação de ranchos migratórios, na região de Águas de Moura.

Os trabalhadores considerados foram divididos em três grupos: o primeiro constituído pelos oriundos de Santa Comba Dão; o segundo da Figueira da Foz, Montemor-o-Velho e Arazede, e o terceiro de

outras partes do País.

Os do primeiro grupo tinham 3 refeições diárias, nas quais entra­ vam exclusivamente os seguintes produtos: pão de milho, fariha de milho, feijão encarnado seco, azeite, couves e algumas batatas.

A alimentação dos indivíduos do segundo grupo era principalmente constituída por: pão e farinha de milho e centeio, feijão seco, azeite, sardinha, toucinho, couves, arroz e alguns ovos.

E os do terceiro grupo consumiam alimentos um pouco mais va­ riados, onde eram incluídos: pão de trigo, batatas, azeite, peixe, massa, toucinho, tomates, arroz, feijão seco, couves, abóboras, frutas, etc..

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CONDIÇÕES EITOSSAN1TÁR1AS DE ALGUNS PRODUTOS ALIMENTARES ly

alimentação, separa os rurais do citadino e considera no primeiro caso trabalhadores rurais e proprietários rurais, e no segundo

operário de cerâmica adulto, funcionário subalterno e profissão liberal.

Os regimes rurais «tém por base, durante a maior parte do ano, 3 a 4 alimentos fundamentais: pão, batata, hortaliça e por vezes feijão seco. Os alimentos animais, representados pela carne de porco e peixe (sardinha, carapau) são utilizados em quantidades muito pequenas, pelo que representam, em relação aos anteriores, papel de segunda ordem» (Mendes Correia).

No caso dos regimes citadinos estes «são caracterizados pela maior variedade de alimentos. Nos regimes pobres, o pão continua a ser um alimento preponderante, menos rico em vitamina B! e B- do que nos regimes rurais. Ao contrário, nos regimes abastados o pão é quan­ titativamente um alimento secundário e os produtos animais adquirem importância» (Mendes Correia).

No caso dos regimes rurais os alimentos citados nas listas res- pectivas são: pão de mistura, pão de trigo (um caso), batata, feijão seco, arroz (um caso), macarrão (um caso), couve galega (um caso), cebola (um caso), carne de porco, galinha (um caso), salsichas (um caso), banha (um caso), sardinha, ovos (dois casos), leite (um caso), azeite, hortaliça (dois casos), açúcar (um caso), castanha (um caso), vinho.

Em relação aos regimes citadinos os alimentos considerados foram os seguintes: pão de 2.11 qualidade, pão de l.a qualidade (um caso), pão de milho (dois casos), batata, massa (um caso), feijão verde (um caso), feijão seco (dois casos), arroz (dois casos), macar­ rão (um caso), hortaliça (dois casos), nabo (um caso), cebola (um caso), carne de porco (dois casos), carne de vaca (dois casos), baca­ lhau, chouriço (um caso), peixe (um caso), sardinha (dois casos), cara­ pau (um caso), leite, ovos (um caso), azeite, manteiga (dois casos), açúcar (dois casos), fruta (um caso), café (dois casos) e vinho (dois casos).

Em relação ao Aguçadouro a Junta de Colonização Interna divul­ gou em 1944 alguns elementos, os quais têm para a apreciação a fazer sobre a importância relativa dos alimentos bastante interesse, como informações complementares das anteriores.

Transcrevendo de Mendes Correia: «A composição da ementa é muito variada consoante a época do ano e as possibilidades econó­ micas da família.

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A ordem das refeições mais generalizada é a seguinte:

De manhã — 8 ou 9 horas solares — serve-se o almoço, consti­ tuído por caldo com broa de milho e toucinho, ou café, broa de milhe e raramente vinho.

As famílias mais abastadas substituem o caldo por café e sar­ dinha ou bacalhau.

Segue-se o jantar, ao meio dia, composto por batatas cozidas, etc., e vinho. Ao prato de hortaliça e batatas, com peixe cozido, chamam

batelada.

Ãs 16 ou 17 horas, come-se uma merenda constituída simples­ mente por broa de milho, acompanhada, às vezes, por um copo de vinho.

Finalmente, depois do sol posto e uma vez em casa, é servida a ceia, constituída pelo excedente das refeições anteriores e frequen­ temente reduzida a um caldo ou migas de broa de milho com toucinho ou azeite.»

De novo volta a ser o Alentejo (Viana do Alentejo) o local de inquérito, realizado agora por um aluno tirocinante de Agronomia, Pinho Leónidas, como preparação do seu Relatório Final, apresen­ tado em 1944.

O autor elaborou 13 monografias, dizendo respeito a 4 classes rurais: Classe A — trabalhadores assalariados temporários; Classe B — trabalhadores assalariados permanentes; Classe C — trabalhado­ res concertados ao ano, e Classe D — pequenos proprietários incom­ pletos, que às receitas provenientes da exploração de conta própria, juntam às provenientes de salários próprios ou de membros da família, ou as de aluguer de geiras, ou ainda as de exploração de terras de renda ou de parceria.

As conclusões a que chegou confirmam mais uma vez ser o pão ainda a principal base de alimentação destes rurais, seguido pela batata, feijão, grão, couves, azeitonas, azeite, toucinho, peixe, carne de porco, leite e fruta.

Termina aqui o 3.° período considerado por Santos Reis, mas antes de considerarmos os trabalhos que fazem parte do último, de que o de Brites Femandes (1947) é o primeiro citado, há que fazer referência ao de Quartin Graça (1945), onde mais uma vez os cereais, e o pão deles obtido, é apontado como a base da alimentação das populações rurais; ao de Azevedo Gomes, Barros e Castro Caídas, onde são indicados como produtos alimentares mais «representativos»

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CONDIÇÕES FITOSSANITÁRIAS l)E ALCUNS PRODUTOS ALIMENTARES 21

«da alimentação comum da nossa gente»: cereais panificáveis, arroz, feijão, grão, batata e açúcar; e ainda ao de Ferreira de Mira (1946), onde se referem os casos que se seguem:

CONCELHOS ALENTEJANOS

Eivas

Consumo de produtos alimentares feitos por pessoal agrícola, um indivíduo, por semana.

Informação do Grémio da Lavoura:

Toucinho ... 250 gramas Azeite ... 0,375 litros Queijos... 5

Azeitonas ... à vontade Grão ou feijão ... 1,750 a 2 litros

ou um pouco menos quando misturado com hortaliça ou batatas. Pão... 1,200 quilos por dia Informação da Câmara Municipal:

Consumo por indivíduo, por semana: Toucinho ... Azeite ... Carne cheia ... Queijos... Grão... 150 gramas 0,4 litros 90 gramas 2 2 litros misturado com hortaliça, batata ou arroz, quando haja.

Pão... 9 quilos Azeitonas ... à vontade Monforte Pão .. Azeite 7 quilos 0,4 litros

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Toucinho e enchidos ... 0,4 quilos Grão ou feijão ... 1 litro que podem ser substituídos por 3 ou 4 couves.

Batatas ... 1 a 1,5 quilos Queijos ... 7 ou S

Azeitonas ... 1 litro CONCELHOS DO NORTE DO PAÍS

Amar ante Almoço: Couves ... 150 gramas Azeite ... 20 » Feijão ... 25 » Pão de milho... 500 » Merenda:

Pão de milho... 500 gramas Vinho ... 0,5 litros e mais:

Arroz... 200 gramas Feijão... 100 » ou:

1) Igual quantidade de verduras ou bacalhau 2) Macarrão ... 200 gramas Feijão ou bacalhau ... 100 » 3) Batatas... 500 » Sardinhas ... 6 4) Batatas... 500 gramas Bacalhau ... 100 » 5) Feijão ... 250 » Hortaliça ou bacalhau ... 100 »

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CONDIÇÕES FITOSSANITÁRIAS DE ALGUNS PRODUTOS ALIMENTARES 23

Ceia:

Como o almoço e mais 0,25 litros de vinho.

Vila do Conde

Consumo individual, diário: Pão... Bacalhau Arroz ... Carne ... Feijão... Batatas .. Azeitonas Massa... Sardinhas

Brites Fernandes, também como aluno tirocinante de Agronomia, cclheu, na freguesia da Igrejinha, no Alentejo, dados sobre alimen­ tação, os quais foram incluídos no Relatório final do curso, apresen­ tado em 1947 no Instituto Superior de Agronomia, dados que permitem concluir repetir-se no caso considerado a supremacia dos cereais como base do regime alimentar das famílias estudadas, produto a que se­ guiam os legumes, as batatas e produtos hortícolas.

Os casos estudados por Janz e Carrega, em 1941, de três famílias da «classe média», divulgados em 1947, têm para o nosso caso menor interesse, dada a sua natureza muito restrita e particular.

Tratando-se de quatro famílias, duas em veraneio, uma no campo e outra na praia, e duas em Lisboa, a sua alimentação é necessaria­ mente muito diferente do caso mais geral que especialmente nos interessa; no entanto o pão não deixa de aparecer, assim como as farinhas, massas e bolachas, tal como as batatas, mas em posição muito mais modesta da grande maioria dos casos anteriormente citados, predominantemente rurais.

De novo Ferreira de Mira surge em 1948, divulgando os resul­ tados do inquérito feito sobre a alimentação de seis famílias de em­ pregados rurais da Fundação da Casa de Bragança em Vendas Novas. E de novo a conclusão principal está no exagero do consumo de pão, que mais uma vez aparece como base da dieta, seguido pelas batatas e couves neste caso, conforme se pode apreciar no quadro seguinte, transcrito do referido trabalho.

500 gramas 200 » 100 » 200 » 100 » 250 » 200 » 100 » 4

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Semanas

Géneros alimentícios 1.» 2.» 3.» 1." 2." e 3." 16 a 22 15 a 21 22 a 28 16 a 22 1 a 14 de Março de Junho de Junho de Março de Junho

Família n.° 1 Família n.° 3 Açúcar ... 1 250 g 850 g 900 g __ 1 500 g Arroz ... 500 g 250 g 200 g 450 g Azeite ... 0,8 1 0,75 1 0,9 1 1,51 1 3 1 Azeitonas ... — — 1 1 1 1 Bacalhau ... 350 g 350 g 450 g 1 000 g Bananas ... n.° 6 n." 8 Banha ... 500 g 300 g 150 g 250 g Batatas ... 1 COO g 3 050 g Carne: de carneiro... 250 g 750 g 750 g 200 g — de galinha ... 550 g — — de conserva ... 500 g 225 g 250 g 500 g 1 000 g Cebolas ... 350 g 350 g 400 g 250 g 500 g Cerejas ... 1 000 g 1 500 g Couves ... 1 300 g 350 g 400 g 10 000 g 5 000 g Farinha ... —- — 500 g Feijão ... 1,3 1 0,6 1 0,75 1 4 1 5,5 1 Feijão verde ... 1100 1 500 g Grão ... 0,25 1 0,55 1 0,7 1 0.5 1 Laranjas ... n.° 7 Leite ... 3,5 1 3,5 1 7 1 Manteiga... 125 g 100 g Massa ... 400 g 250 g 350 g 1 000 g 1 000 g Nabos (grelos) ... 600 g 400 g 200 g Ovos ... n.° 9 n.° 19 n.° 19 n.° 6 n.° 14 Pão ... 9100 g 8 850 g 9 000 g 30 000 g 63 700 g Queijo ... 100 g 150 g 200 g 300 g Sardinhas ... 700 g 750 g 250 g Toucinho ... 400 g 200 g 250 g 1 000 g 2 000 g Vinho ... 1,5 1 1,5 1 2 1 Família n.° 2 Família n.° 5 Açúcar ... 450 g 500 g 1 000 g 600 g 1 500 g Arroz ... 750 g 2 000 g Azeite ... 1 1 0,95 1 0,85 1 1,5 1 2 1 Bacalhau ... 500 g 4 000 1 Banha ... 125 g 250 g 250 g Batatas ... 10 000 g 10 000 g 18 000 g Carne de conserva... 250 g 125 g 125 g 500 g 1 500 g

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CONDIÇÕES FITOSSANITÁRIAS DE ALGUNS PRODUTOS ALIMENTARES 25 Géneros alimentícios Semanas 1.» 16 a 22 de Março 2.a 15 a 21 de Junho 3.a 22 a 28 de Junho 1.* 16 a 22 de Março 2.» e 3.* 1 a 14 de Junho Família n.° 2 Família n.n 5 Cebolas ... 450 g 250 g 250 g 500 g

_

Couves ... 300 g 1 000 g 6 500 g 18 500 g Feijão ... 0,9 1 — 0,5 1 11 1 Feijão verde ... 4 000 g 3 000 g Leite ... 3,5 1 —* — ■ Massa ... —. 200 g 1 050 g Ovos ... —• —• n." 18 n." 13 Pão ... 13 000 g 20 000 g 20 000 g 44 500 g 89 000 g Queijo ... 650 g Sardinhas ... n.° 62 Toucinho ... 500 g 1 000 g 1 000 g 2 000 g 3 600 g Família n." 4 Família n.° 6 Açúcar ... 2 000 g 500 g 1 500 g 1 500 g 3 000 g Arroz ... 1 200 g 500 g 1 000 g Azeite ... 2 1 2 1 1,5 1 2 1 3,5 1 Azeitonas ... 2 1 __ 3 1 3 1 Bacalhau ... 1 500 g 1 250 g 500 g 1 500 g Banha ... 350 g 400 g 250 g Batatas ... 3 500 g 10 000 g íonoo g 9 000 g 19 200 g Carapaus ... n.° 36 Carne: de carneiro... 200 g de conserva ... 500 g 500 g 600 g Cebolas ... 250 g 500 g 500 g Couves ... 10 000 g 8 000 g 6 750 g 12 000 g 5 500 g Farinha ... 250 g Feijão ... 1,6 1 3 1 1,5 1 4,7 1 8 1 Feijão verde ... 10 000 g 7 000 g 6 000 g Grão ... 1,6 1 Manteiga... 200 g Massa ... 1 000 g 1 000 g 1 000 g Ovos ... —■ n.° 12 n.° 11 n." 19 Pão ... 43 000 g 30 600 g 30 500 g 48 000 g 83 000 g Queijo ... 150 g 150 g -- 700 g Sardinhas ... 1 500 g n." 50 Toucinho ... 2 500 g 2 000 g 2 000 g 1 000 g 2 500 g Vinho ... 2 1

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Oliveira e Silva, também como aluno tirocinante de Agronomia, fez um estudo da alimentação de 176 famílias de trabalhadores rurais, distribuídas por diversos distritos do País (Zona Norte, Zona Central e Zona Sul) e agrupadas em três classes:

Classe A — Jornaleiros que vivem exclusivamente ou quase, de salários próprios e dos membros da família.

Classe B — Jornaleiros cujas receitas são provenientes de salários próprios, dos membros da família e da exploração agro-pecuária de conta própria, renda ou parceria. Classe C — Trabalhadores permanentes, isto é, que têm salário

certo durante o mês e ao ano.

Tal estudo veio a ser apresentado, em 1948, como Relatório final do curso de Engenheiro-Agrónomo.

Entre as afirmações que faz, destacamos, pelo interesse para o nosso caso, as seguintes: «O trabalhador rural alimenta-se à base de pão, batatas, hortaliças e legumes»; e mais adiante afirma: «Ao pão, batata, hortaliça e legumes, devemos acrescentar o vinho». E é tal a importância do pão que, como diz o autor: «O nosso camponês não consome certos alimentos de que é produtor, tais como carne, leite e seus derivados, ovos, etc., não por não gostar deles, mas sim porque com a sua venda obtém dinheiro indispensável para satisfazer uma despesa permanente: a compra do pão».

Em relação ao caso concreto estudado conclui da deficiência da alimentação dessas famílias, atestado pelo excesso de pão, e da sua melhoria em função da proporção de rendimentos disponíveis para a aquisição de géneros alimentícios.

Rccha Faria, no seu livro publicado em 1950, analisando no conjunto o problema da alimentação do português, logo no início do capítulo dedicado às «Principais substâncias alimentícios consumi­ das», a propósito do trigo, diz: «Sendo a base da alimentação do povo português constituída pelo pão, que é preparado, essencialmente, com farinha de trigo... »

Faz depois uma apreciação do consumo relativo, nos decénios 1927-36 e 1937-46, das diferentes qualidades de pão, de trigo, de milho e de centeio, concluindo que as percentagens respectivas variaram entre esses dois períodos, mantendo-se contudo a supremacia do pão de milho (47,35 % e 47,75 %) seguida pelo de trigo (45,31 % e 45,83 °/<) e pelo de centeio (7,34 % e 6,42 %).

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CONDIÇÕES FITOSSANITÁRIAS DE ALGUNS PRODUTOS AUMENTARES 27

Também tem certo interesse anotar que a capitação diária em relação ao pão entre os dois decénios diminuiu, passou de 428 grs para 384, e ainda que, em 1940, 50 °/r da população comia pão de trigo, 37 % de milho e 13 % de centeio.

Todos estes valores demonstram que entre os prazos considerados se deu uma certa evolução nos hábitos alimentares, revelada ainda com maior nitidez pelos referentes a 1940.

Tem ainda interesse a divisão do País, feita pelo autor, segundo o tipo predominante do pão consumido em relação ao censo de 1940:

Pão de trigo

Distritos: Santarém, Lisboa, Setúbal, Portalegre, Évora e Beja, Faro 1/2.

Pão de milho

Distritos: Viana do Castelo Braga, Porto, Aveiro, Viseu, Coimbra e Leiria.

Pão de centeio

Distritos: Bragança, Vila Real, Guarda, Castelo Branco e Faro 1/2. Tratando do milho em especial o autor diz: «Há quem não inclua o milho entre os «cereais panificáveis», mas lhe atribua a categoria de «cereal secundário».

Atendendo a que a principal aplicação do milho entre nós, é no fabrico de pão (broa), que constitui a base da alimentação de uma zona bastante extensa do País, entendemos dever colocá-lo ao lado do trigo e do centeio».

Refere-se seguidamente o autor, em especial, ao centeio, massas, mandioca, arroz, batata, açúcar, produtos hortícolas, fava, feijão, grão de bico, chícharo, azeitonas, azeite, óleo de amendoim, cacau, chocolate, vinho, pescada fresca, bacalhau seco e salgado, carne, miudezas, banha, margarina, leite, manteiga, queijo, animais de capoeira, caça, ovos e mel, produtos que, segundo ele, constituem, com os primeiros, a lista

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daqueles que são mais utilizados na alimentação em Portugal metro­ politano, continental.

Em continuação de outros, Bernardino Pinto e Cruz de Campos, fizeram em 1952 um inquérito alimentar entre famílias rurais, no caso em apreciação, a 57 famílias de 5 concelhos (Paços de Ferreira, Maia, Amarante, Baião e Valongo) do Douro Litoral.

Os hábitos alimentares eram os seguintes: «A primeira refeição (almoço) consta quase sempre de pão, acompanhado de fruta, café simples, ou café com leite, e nalguns casos um pouco de aguardente.

A segunda refeição (jantar) das 11 às 13 horas, é das mais abun­ dantes e consta de caldo de hortaliças (batata, feijão, abóbora, couve, etc.) e um prato de arroz, massa, batatas, com peixe (sardinhas geral­ mente) ou um pouco de carne ou de toucinho e pão.

à merenda (16 ou 18 horas) e à ceia (20 às 22 horas) come-se em regra o que resta do jantar, ou simplesmente pão e fruta, nomea­ damente azeitonas.

O pão corrente é o de mistura, feito com farinha de milho, a que se adiciona 25 a 40 % de farinha de centeio.

Só raras vezes se come pão de trigo. Faz-se bastante uso de frutas e saladas e por vezes de queijo e manteiga. É raro o consumo de ovos e de carne. Esta é quase sempre a de porco.».

Mas além dos produtos indicados, naturalmente aqueles que eram consumidos mais vulgarmente e em maior quantidade, o autor dá ainda a sua lista completa, a qual consta de 51 alimentos diferentes, a maior parte com uma importância relativamente secundária. Num quadro em que o autor compara os «tipos de refeições consumidas na região do inquérito», em Paços de Ferreira, Maia, Amarante, Baião e Valongo, nota-se bem nitidamente o predomínio do pão e a impor­ tância das batatas, feijão e arroz entre os alimentos de origem vegetal de consumo mais comum.

Pereira Reis, que já anteriormente tinha aparecido entre os auto­ res dedicados aos assuntos ligados à alimentação, publica em 1956 o trabalho apresentado num Colóquio realizado na Estação Agronómica Nacional, onde divulga uma estimativa das necessidades efectivas em produtos alimentares para satisfazer as necessidades nacionais (Metró­ pole-Continente) em 1964 e, assim, das «necessidades de fomento», tanto em relação à população humana como pecuária.

Os produtos considerados foram agrupados em: Culturas arven­ ses, Pastagens, Produtos hortícolas, Frutas, Oleaginosas, Pecuária. Pesca, Produtos industriais e Diversos.

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CONDIÇÕES moSSANITÁRIAS DE ALGUNS PRODUTOS ALIMENTARES 2')

A apreciação dos dados fornecidos permite não só fazer uma ideia da variedade de produtos, mas também dos aumentos de pro­ dução requeridos para que em 1964 possam ser satisfeitos, pela pro­ dução nacional, as necessidades alimentares do País em «fornecedores de hidratos de carbono», «fornecedores de proteínas» e «fornecedores de gorduras», como o autor, noutro quadro, os agrupa.

As perspectivas em alguns casos não eram muito animadoras, pela necessidade de aumentar substancialmente, por vezes duplicar, a pro­ dução de alguns desses produtos.

O trabalho tem interesse para demonstrar a importância relativa, presente e futura, dos diversos alimentos, entre os quais se destacam os cereais, seguidos pela batata, produtos hortícolas e frutas frescas.

E terminaria aqui o 4.° período considerado por Santos Reis, se não existissem mais trabalhos para além de 1957, data do último apreciado por este autor, mas perante a, presença e predomínio das condições tomadas como características deste último período, deverá ele considerar-se prolongado até à actualidade, pelo que englobamos nele todos os trabalhos posteriores a 1957 de que temos conhecimento.

Em 1959 são publicados os resultados de um novo inquérito ali­ mentar entre famílias rurais, feito por Bernardino de Pinho e Cruz de Campos, realizado no Alto Alentejo, distrito de Évora, nos anos de 1955-56.

Quanto aos hábitos alimentares na região estes traduzem-se na existência de três refeições: almoço, pela manhã; jantar, pelo meio dia; e a ceia, pela noite. «Para o almoço, é frequente a típica açorda alentejana, composta de sopas de pão em água fervente, temperadas de azeite, sal e alho pisado, poejo ou coentros com ou sem ovos.

Em vez de água fervente simples, usa-se muito a água de coze­ dura de peixe, o bacalhau de preferência.

Café, ou café com leite e pão com queijo completam muitas vezes a refeição.

Na Primavera, por ocasião da rouparia — queijaria da exploração agrícola — se estima muito o soro de leite coalhado de ovelha, com algum coalho e fervido, que se conhece por almece ou atabefe.

A segunda refeição ou jantar é constituída com frequência por sopa de feijão, hortaliça e batatas, ou sopa de carne, com toucinho e enchido, geralmente a linguiça ou chouriço.

Na época própria, não falta o guizado de borrego, conhecido por «ensopado».

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São muito apreciadas as migas, que são fatias de pão de trigo fervidas em água, temperadas de sal e azeite, banha ou toucinho, enxutas e batidas.

Favas, feijão verde ou couves estremes de azeite e vinagre que­ bram a monotonia dos cozidos e dos guisados.

Não diferem muito as ementas da última refeição ou ceia

A merenda consta em regra de pão condutado com toucinho, queijo de ovelha ou azeitonas, quando não é uma sopa de pão fria — gaspacho — em que entra o alho, o vinagre, o sal e o azeite.

O pão consumido pelo trabalhador rural alentejano é o de trigo, fabricado com farinha em rama e não espoada. Nas vilas se consome já o pão de trigo corrente.

O milho só se utiliza como penso, para gado».

A lista de alimentos que os autores incluiram no seu trabalho refere 92 espécies diferentes de alimentos, dos quais, no quadro refe­ rente aos «tipos de refeições na região do inquérito», considerando separadamente Évora, Arraiolcs, Paiva — Mora, Reguengos de Mon- saraz e Vila Viçosa, sobressai como mais importante o pão.

E além deste, ainda com bastante importância, batata, feijão, grão, arroz, azeitonas e hortaliças, entre os produtos vegetais de maior consumo.

A propósito do pão dizem os autores ao tratar de glúcidos: «Den­ tre os alimentos fornecedores de glúcidos, o pão de trigo é, de longe, o mais importante»; e acrescentam: «Não se usa a farinha de milho, nem o seu pão na alimentação humana».

E por último, nesta breve resenha dos trabalhos de maior inte­ resse, no sentido de uma mais completa informação sobre os alimentos mais vulgarmente consumidos pelos portugueses no continente metro ­ politano, citaremos o trabalho de Santos Reis publicado em 1960, onde o problema da nutrição foi relacionado com o da Saúde Pública, considerando em especial o mesmo caso.

Nele se faz uma apreciação de conjunto de todos os dados dispo­ níveis, confirmando-se tudo quanto anteriormente foi apontado de essencial em relação a quanto nos interessa realçar e justificar.

Aproveitando ainda a informação posterior prestada por Seabra- -Diniz e Moreira da Silva, a propósito da região de Oleiros, podemos acrescentar, no caso desta última, que também ali a alimentação «é feita à base de pão de milho cu centeio, e de hortaliças, em que sobres­ saem os nabos e mais ainda as couves altas galegas...»

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CONDIÇÕES F1TOSSAN1TÁR1AS DE ALGUNS PRODUTOS AUMENTARES :u

«Disto se nutrem fundamentalmente os habitantes da região, de­ vendo, contudo, acrescentar-se que também consomem embora com mais raridade alguma batata, alguma carne sobretudo de carne de porco, e às vezes até sardinhas, quando elas chegam».

Referem ainda, a propósito de produtos vegetais, que «consomem pouca ou nenhuma fruta. A que há, sobretudo, cereja, ameixa e me- dronho, utilizam-se apenas na medida em que pode transformar-se em aguardente».

E o restante que diz respeito à alimentação trata de produtos de origem animal, que não vêm a propósito do nosso caso.

Tudo quanto se indicou nas páginas interiores deste capítulo teve como intenção especial dar uma ideia bem fundamentada da razão da escolha dcs produtos alimentares (trigo, milho, centeio e arroz) que irão ser tratados em relação às condições fitossanitárias com que se apresentam entre nós.

Mas porque uma informação antiga podia já não corresponder à realidade, houve que procurar actualizá-la até aos últimos dados disponíveis.

Como se pode verificar pelo quadro seguinte, e gráfico corres­ pondente, apensar das alterações sofridas pelo consumo dos principais produtos alimentares considerados durante o último decénio, as posi­ ções relativas mantêm-se sensivelmente idênticas. A batata subiu de nível quanto ao quantitativo respectivo nesse período em relação aos anos anteriores, passando agora para primeiro lugar, embora os cereais em conjunto ainda a suplantem. Consequentemente deu-se uma pequena modificação no regime alimentar da população, no qual a batata, tal como o arroz, vêm a ocupar lugares cada vez de maior importância, ao mesmo tempo que vai diminuindo a do centeio, como a variação das capitações respectivas o certifica.

E ainda a confirmar a posição dominante dos cereais panificá- veis, são bastante elucidativos os números seguintes que nos dão ideia do volume da produção da indústria moageira durante o ano de 1961. a qual está natural e directamente relacionada com essa posição e portanto com a natureza do regime alimentar mais comum:

Farinha para panificação e outros usos ... 344 840 325 quilos Farinha e sêmola para massas alimentícias ... 47 380 635 » Farinha para bolachas ... 3 091650 » Sêmolas para usos culinários ... 46 950 »

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CONDIÇÕES FITOSSANITÁRIAS DE ALGUNS PRODUTOS ALIMENTARES 33

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(34)

para o fabrico das quais foram utilizadas as seguintes qualidades de cereais: Trigo ... Centeio ... Milho... Trincas de arroz 472 949 24õ quilos 16 310 » 17 055 050 » 4 522 270 » 949 542 875 » Parece portanto não poder haver qualquer dúvida sobre a escolha feita, satisfeita a condição primeira de se tratar, entre todos os ali­ mentos, não só dos mais importantes mas também dos mais sujeitos às contingências dos ataques dos insectos que, com o Homem, os disputam, para satisfação das suas necessidades alimentares comuns.

CONSUMO APARENTE DE ALGUNS PRODUTOS DESTINADOS

PRINCIPALMEN TE A ALIMENTAÇÃO HUMANA íDecénio 1952- 1961)

milhares

de toneladas

(35)

CAPITULO n

ARMAZENAMENTO DOS CEREAIS

O consumo avultado de cereais implica o seu armazenamento mais ou menos prolongado, uma vez que o produto é colhido num prazo relativamente curto e será gasto ao longo de um período que, normal­ mente, corresponde a um ano.

Ê certo que à produção local se podem juntar as quantidades im­ portadas, e como estas são produzidas em épocas diferentes poderão não obrigar a tão prolongado armazenamento, embora este não deixe sempre de ser necessário, por muito pequena que seja a demora desde a sua colheita à sua exportação, e desde esta última até ao seu con­ sumo no país importador.

As construções destinadas a esse fim têm evolucionado ao longo dos tempos e são ainda hoje um tanto variáveis conforme os países ou regiões que se considerem, ainda que haja tendência para uma certa uniformidade, dadas as condições comuns a que devem obedecer, à medida que vão sendo conhecidas as vantagens e inconvenientes de cada modelo e vão surgindo problemas ligados à necessidade de arma­ zenar, em boas condições, grandes quantidades de cereais.

Essa tendência tem conduzido à construção de grandes silos, nomeadamente junto de portos marítimos, grandes cidades, ou da indústria que utiliza os cereais como matéria-prima, silos estes com­ postos em geral de células cilíndricas, em número e de altura variá­ veis, encostadas umas às outras, formando um todo bastante caracte- rístico.

Referências

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